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1 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA ESTUDO DO PARTO E PARTOGRAMA ANATOMIA DA PELVE ➔ O canal do parto vai desde o útero até a fenda vulvar. ➔ É constituído por partes moles (útero e músculos) e duras que são responsáveis por dificultar ou facilitar a saída do feto. A anatomia básica da pelve feminina é constituída pelo sacro, ílio, cocciz, púbis e o isquio, sendo o “básico” para compreender a logística das mudanças no corpo materno e na hora do parto. ➔ Pequena bacia: ▪ Canal ósseo por onde o feto passa. ▪ Importante para o parto. ▪ Dividida em três estreitos: Estreito superior Estreito médio Estreito inferior Estreito superior: 1. Conjugata anatômica: Distância entre promontório e borda superior da sínfise púbica. Mede 11 cm. 2. Conjugata obstétrica: Distância entre promontório de borda interna da sínfise púbica. Mede 10,5 cm (importante) 3. Conjugata diagonal: Distância entre promontório e borda inferior da sínfise púbica. Mede 12 cm (Conjugata obstétrica mede 1,5 cm a menos). Estreito médio: 1. Nível das espinhas isquiáticas – 10,5 cm 2. Plano de menor diâmetro da pelve materna. 3. Limites: Anterior (borda inferior do osso púbico) Lateralmente (espinhas isquiáticas) Posterior (sacro) Esse é o maior obstáculo para a passagem da cabeça do bebê. Estreito inferior: 1. Diâmetro anteroposterior: Cóccix até a borda inferior do púbis (mede 9,5cm) 2. Durante expulsão fetal → retropulsão do cóccix → aumento de 2 a 3 cm (conjugata exitus) TIPOS ANATÔMICOS DA PELVE ➔ Ginecóide: ▪ Diâmetro anteroposterior grande. ▪ Prognóstico excelente para partos. ▪ 50% dos casos. Borda inferior da SP Promontório 2 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA ➔ Androide: ▪ Estreito superior triangular. ▪ Prognóstico um pouco reservado, visto que é um parto mais difícil podendo causar alguma distocia de trabalho de parto. ▪ 20% dos casos. ➔ Antropoide: ▪ Diâmetro AP grande. ▪ Prognóstico depende das insinuações. ▪ 25% dos casos. ➔ Platipeloide: ▪ Diâmetro látero lateral grande. ▪ Prognóstico causa muita distocia de trabalho de parto. ▪ 5% dos casos. ESTÁTICA FETAL A partir de como o feto se posiciona dentro do útero tem- se todas essas variáveis para analisar. ➔ Situação fetal: Corresponde a relação entre os eixos longitudinais do feto e do útero. ➔ Apresentação fetal: Região do feto que se relaciona com o estreito superior da bacia, ou seja, como ele vai se insinuar. É importante saber que a apresentação pélvica possui variações: Verdadeira, falsa e modo pé. ▪ Marcos anatômicos da cabeça fetal: - 2 ossos frontais - 2 ossos parietais - 2 ossos temporais - 1 osso occipital ▪ Diâmetros do polo cefálico que merecem destaque: 1. Diâmetro occipitofrontal: 12 cm (vermelho) 2. Diâmetro occipitomentoniano: 13,5 cm (azul) 3. Diâmetro suboccioitobregmático: 9,5 cm (rosa) Melhores apresentações para o parto via vaginal O bebê na melhor apresentação, estando com o diâmetro suboccioitobregmático ele precisa estar fletido, visto que é a melhor das posições para proceder com um parto normal. A cada deflexão o parto acontece de uma forma mais difícil. ▪ Assinclitismo ou Sinclitismo: Sinclitismo: Sutura sagital equidistante entre promontório da sínfise púbica. É a melhor posição para o parto. Assinclitismo posterior: Sutura sagital se aproxima da sínfise púbica. Assinclitismo anterior: Sutura sagital se aproxima do promontório. 3 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA ➔ Posição fetal: Consiste na relação entre o dorso fetal e o lado do abdome materno. ➔ Atitude fetal: Consiste na relação das diversas partes fetais com ele mesmo, ou seja, como ele se encontra na cavidade uterina, que normalmente é em uma flexão generalizada. ➔ Altura da apresentação: ▪ Planos de DeLee: Quando o bebê ultrapassa do ponto 0 para baixo, há uma tendência que o parto evolua rapidamente e de forma tranquila, no entanto, caso a mãe esteja dilatando e a cabeça do bebê não ultrapasse a linha média pode haver uma desproporção cefalopélvica. ▪ Planos de Hodge: Pouco utilizado na prática. - 1º plano: Estreito superior. - 2º plano: Segunda vértebra sacral até a borda inferior do púbis. - 3º plano: Estreito médio – nível das espinhas isquiáticas, equivale ao plano 0 de DeLee. - 4º plano: Borda do cóccix. ➔ Variedade de posição: ▪ Pontos de referência do feto: Primeira letra: Ponto de referência fetal, ou seja, como ele está se insinuando? No caso da imagem abaixo é “O” de “occipito”. Segunda letra: Lado materno (Direito ou Esquerdo) Terceira letra: Anterior ou Posterior. ATIVIDADE UTERINA Tem-se um gráfico em relação as semanas de gravidez e puerpério e no eixo vertical tem-se a atividade uterina. À medida que se aumenta as semanas, a atividade uterina também aumenta. Por volta da 28ª semana tem-se as contrações de Braxton Hicks que são as contrações de treinamento, ou seja, o útero vai treinando para entrar em trabalho de parto. Elas podem acontecer desde o início, mas são mais perceptíveis a partir da 28ª semana. À medida que o parto vai acontecendo, ou seja, ao chegar na fase prodrômica ou no “pré-parto”, as contrações aumentam em amplitude e em frequência. 4 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA No início do trabalho de parto, ou seja, no início da dilatação ela aumenta a frequência e intensidade, no final da dilatação, ela aumenta mais ainda e no período expulsivo é o pico. Logo, ao longo do parto as contrações aumentam em número (frequência) e amplitude (intensidade). Esse gráfico tem o objetivo de ilustrar a contração ou atividade uterina. No pós parto, ou seja, no secundamento que é a saída da placenta, ainda há contrações, até que vai diminuindo de fato. Logo, a paciente ainda tem contração uterina no 1º e 2º dia pós parto, sendo essa informação de alta relevância para evitar que a paciente curse com hemorragia pós parto. ➔ Apagamento e dilatação do colo: ▪ Tríplice gradiente descendente: Tem-se três pressões, por isso tríplice gradiente, que acontecem dentro do útero, sendo elas: pressão intramuscular, amniótica e abdominal. Mas por quê descendente? Porque esse tríplice começa com uma força no fundo do útero e vai gerando contrações em direção ao colo. A partir desse tríplice gradiente, tem-se o tópico abaixo. ▪ Apagamento e dilatação uterina: O apagamento consiste no “sumiço” do colo ao decorrer das contrações, para promover a dilatação uterina. Obs: A dilatação do colo NÃO se dá pela descida da cabeça do bebê, mas sim por conta do tríplice gradiente descendente. MECANISMO DE PARTO: Tem-se alguns tempos que precisam ser estabelecidos, sendo eles tempo principal e tempo acessório. De modo que cada tempo principal se relaciona com um tempo acessório. 1. Insinuação e flexão: Insinuação: Passagem do diâmetro biparietal pelo estreito superior, ou seja, quando o vértice da apresentação está ao nível das espinhas isquiáticas (plano0) Flexão: Mento fetal próximo ao tórax → diâmetro subocciptobregmático. 2. Descida e rotação interna: Descida: Movimentação complementar à insinuação. (ilustrada na imagem acima) Rotação interna: Ocorre durante a descida, para que a cabeça fetal fique no diâmetro AP. 3. Desprendimento e deflexão: Desprendimento: Expulsão do polo cefálico. Deflexão: Ocorre deflexão da cabeça para saída. 5 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA 4. Restituição (rotação externa) e desprendimento dos ombros: Restituição ou rotação externa: A cabeça fetal roda para o lado que estava no momento da insinuação → Posicionar os ombros no sentido AP. Desprendimento dos ombros: Ombro anterior → Ombro posterior. a) Ombro anterior: b) Ombro posterior: FASES CLÍNICAS DO PARTO ➔ Antes: Período premonitório + fase latente ▪ Primeiro período: Fase ativa - Inicia-se com o início do trabalho de parto e termina com a dilatação total (10cm). - O trabalho de parto tem início com as contrações dolorosas e rítmicas (3 contrações em 10 minutos) e tem uma dilatação cervical > 4cm. - É necessário auscultar o feto a cada 30 minutos, se for uma paciente de baixo risco, e a cada 15 minutos, se for uma paciente de alto risco. - Sua duração é de cerca de 8h nas primíparas e 5h em multíparas, no entanto, essa é uma avaliação relativa e que tem sido deixada de lado. ▪ Segundo período: Período expulsivo - Tem início com a dilatação total do colo (10 cm) e termina com a expulsão do feto. - As contrações uterinas ocorrem a cada 5/10 minutos durando cerca de 60 a 70 segundos. - Pode existir um desejo de evacuar, agitação e puxos (vontade de fazer força) maternos. - Sua duração é de cerca de até 2h nas nulíparas e até 1h nas multíparas. - A ausculta fetal deve ser realizada a cada 5 minutos. ▪ Terceiro período: Secundamento - Há o descolamento e à expulsão da placenta até 30 minutos após o período expulsivo. - Baudelocque-Schultze: Saída da placenta → Hemorragia. Placenta fúndica. - Baudelocque-Duncan: Hemorragia → Saída da placenta. Placenta lateral. ▪ Quarto período: Período de Greenberg - Do final do secundamento até 1 hora após o parto. - Esse é o período de maior risco de hemorragia. - Mecanismos para hemostasia: Contração uterina: Ligaduras vivas de Pinard Coagulação do sangue: Trombotamponagem Indiferença miouterina: Contração e relaxamento uterino Contração uterina fixa: Maior tono uterino Atenção! A maior causa de hemorragia pós parto é a atonia uterina, de forma que o útero fica amolecido, e com isso sangra muito mais. PARTOGRAMA Corresponde à representação gráfica do trabalho de parto e é iniciado quando estiver em fase ativa. 6 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA ➔ Componentes do partograma ▪ Dilatação: A dilatação é convencionada por um triângulo (lado esquerdo do gráfico). A curva de dilatação cervical se processa de forma ascendente, de início com menor velocidade de dilatação. O polo cefálico ou altura do bebê é convencionada por uma bolinha (lado direito do gráfico). Atenção! Conforme a dilatação aumenta a altura diminui. ▪ Linha de alerta: 2h depois Quando a dilatação atinge ou cruza a linha de alerta, isso significa a necessidade de melhor observação clínica. Distância de 4h ▪ Linha de ação: 4 horas depois Somente quando a curva de dilatação cervical atinge a linha de ação é que a intervenção médica se torna necessário, o que não significa adotar uma conduta cirúrgica. Essas linhas são traçadas porque se a paciente tiver uma dilatação de 1,0 a 1,5 cm por hora, que se estabeleceu como algo fisiológico, ela não vai passar da linha de alerta, ou seja, ela nos ajuda a compreender e perceber o que patológico. ▪ Contrações: Cada quadradinho pintado é uma contração. Deve-se avaliar a paciente a cada 10 minutos. ▪ Frequência cardíaca fetal ▪ USG ▪ Bolsa: Rota ou íntegra? ▪ Líquido amniótico: LA Devemos anotar as características do líquido: Claro, meconial, mecônio duas luzes, mecônio espesso? ▪ Ocitocina: A paciente está em uso de ocitocina para estimular o trabalho de parto? ▪ Anestesia Atenção! - Taxa normal de dilatação: 1 a 1,5 cm/h - Ultrapassou a linha de alerta: Melhor observação do trabalho de parto. - Ultrapassou a linha de ação: Necessidade de intervenção. - Cada divisória corresponde a 1h na abscissa (eixo X) e 1cm de dilatação cervical e de descida na apresentação da ordenada (eixo Y). - Os toques vaginais são realizados a cada 2h. A cada toque deve-se anotar a dilatação cervical, a altura da apresentação, a variedade de posição e as condições da bolsa das águas e do líquido amniótico. ** Quando a bolsa estiver rota, por convenção, deve-se registrar a dilatação cervical com um triângulo, e a apresentação e a variedade de posição com uma circunferência. - O padrão das contrações uterinas e dos BCF, a infusão de líquidos, medicamentos e o uso de analgesia devem ser devidamente registrados. - A dilatação cervical inicial é marcada no ponto correspondente do gráfico, traçando-se na hora imediatamente seguinte a linha de alerta e em paralelo, 4h após, sinaliza-se a linha de ação, desde que a parturiente esteja na fase ativa de parto (no min 1cm/h de dilatação). Principais características do parto normal: ▪ Início espontâneo ▪ Apresentação cefálica de vértice, única. ▪ Gravidez a termo (37 a 42 sem) ▪ Nenhuma intervenção artificial ▪ Duração < 12h em primíparas e < 8h em multíparas (não é mais tão fidedigno). ➔ Aspectos negativos demonstrados no partograma ou distocias do trabalho de parto: ▪ Fase ativa prolongada: - Dilatação cervical maior que 1cm/h - Ultrapassa linha de alerta - Geralmente associado a discinesias uterinas (falta de contração). - Nesse caso, o quadro se dá por uma falta de contração, podendo ser corrigida com ocitocina e amniotomia. ▪ Período pélvico prolongado: - Período expulsivo prolongado, - Descida lenta do feto (dilatação completa) - Geralmente associado à discinesias uterinas. - Pode ser corrigida com ocitocina e amniotomia. ▪ Parada secundária da descida: - Dilatação completa. - Dois toques vaginais com mesmo plano. - Causas: DCP (desproporção céfalo pélvica) ou alterações da apresentação. - Pode ser corrigida com fórceps ou cesariana. ▪ Parada secundária de dilatação: - Dilatação cervical mantida em dois toques sucessivos. - Causas: DCP ou alterações da apresentação fetal. - Pode ser corrigida com fórceps ou cesariana. ▪ Parto precipitado ou taquitócito: - Dilatação, descida e expulsão do feto que ocorrem em < 4h. - O diagnóstico é feito quando se tem mais de 5 contrações em 10 minutos. - Esse parto precipitado deixa a mulher mais suscetível à hemorragia pós parto, hemorragia intraventricular. - Causas: Taquisistolia. 7 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA