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1 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC Parto: expulsão do feto através da via vaginal ou por retirada via abdominal (cesariana e laparotomia em casos de gravidez ectópica abdominal). Os fatores e fenômenos que atuam na participam do nascimento no parto por via vaginal são: • Trajeto: canal do parto (bacia óssea, revestimento musculoaponeurótico e vagina). • Objeto: feto em relação a bacia e útero. • Motor: força que impulsiona o feto através do canal do parto através da contração da musculatura lisa uterina. O estudo do parto também é dividido em mecanismos do parto (conjunto de movimentos passiveis que o feto executa ao nascer) e assistência clínica ao parto (período de dilatação, expulsão do feto e saída da placenta). CONCEITOS E TERMOS Parto a termo → Em condições normais, o parto deve acontecer apenas quando o feto estiver maduro: entre 37 semanas completas e 42 incompletas Parto pré-termo ou prematuro → Feto que nasce antes da maturidade (antes de 37 semanas, porém depois de 20-22 semanas) Abortamento → término da gestação antes de completar 20 semanas ou antes do feto atingir 500g. Pós-datismo → gestação que ultrapassa 40 semanas. Pós Termo, prolongada, protraída ou serotina → Gestação acima de 42 semanas. Pós maturidade (dismaturidade) → recém-nato com características clínicas de gravidez prolongada (descamação da pele, impregnação por mecônio, unhas longas, pouco ou nenhum vérnix, muito cabelo e pouca gordura subcutânea). Parto espontâneo → sem interferência do obstetra. Parto Induzido → obstetra estimula o surgimento de metrossístoles através da ocitocina, misoprostol ou outras técnicas de indução, pois a gestante não entrou espontaneamente em trabalho de parto. Parto dirigido → obstetra participa ativamente, fazendo amniotomia com administração de analgésicos e medicações que aumentem ou regularizem as contrações uterinas (ex: ocitócitos). Manter boa dinâmica uterina. Parto operatório → uso de operações para concluir o parto (incluindo fórcipe) Parto normal ou eutócico → ocorre de forma fisiológica. Se houver condições anômalas ou patológicas → Distócico. Prímipara → gestante que irá parir pela primeira vez. Multípara → já pariu mais vezes. Primigesta ou Primigávida → primeira concepção da mulher. Multigesta → já teve mais gestações. Nulípara → jamais pariu. Nuligesta → jamais esteve grávida. OBS: para definição de paridade, não se leva em consideração o número de fetos nascidos em cada parto nem quantos sobrevivem, assim, a paridade não é maior se o parto for gemelar, nem é menor se o feto já nasce morto. TRAJETO DO PARTO A pelve feminina divide-se anatomicamente em: órgãos genitais externos (vulva + períneo) e órgãos genitais internos (vagina + útero + trompas e ovários). A avaliação do estudo da pelve óssea é de extrema importância, devendo-se analisar os diâmetros da bacia para calcular a proporcionalidade entre o trajeto do feto e a conduta durante a assistência ao parto. O trajeto do canal o parto, que vai do útero até a fenda vulvar, possui 3 estreitamentos anulares: • Orifício Cervical • Diafragma Pélvico (urogenital) • Óstio Vaginal (fenda vulvovaginal) As partes moles do canal do parto são sustentadas pela bacia óssea (trajeto duro). O canal do parto tem a forma de um “J”, sendo de extrema importância para o mecanismo do parto. TRAJETO MOLE Constituído por: segmento inferior do útero, colo do útero, vagina e região vulvoperineal. • Segmento Inferior do útero → corresponde à parte inferior do corpo uterino, que vai até o orifício interior do colo uterino. Durante o trabalho de parto, o colo uterino se dilata progressivamente e gradativamente será incorporado ao segmento uterino inferior, ocorrendo distensão dele. • Colo Uterino → canal que contém 2 orifícios: um interno e outro externo. Em fases pré-parto, ocorre diminuição progressiva da espessura desse colo (de 3 cm para 0,5 cm) e dilatação de 0 à 10cm. • Vagina → estrutura cilíndrica, achatada e musculomembranosa que se estende do colo do útero à vulta. Durante a gravidez, suas paredes ficam mais elásticas. O suprimento da vagina é feito pela a. vaginal e os ramos da a. uterina, retal média e pudenda interna. A inervação da vagina ocorre pelo nervo pudendo em sua porção inferior e o restante pelo plexo uterovaginal. • Região Vulvoperineal → vulva + períneo. Ou seja, é composta pelos músculos e aponeuroses que promovem contenção das vísceras pélvicas e abdominais. Durante o parto há distensão dessas estruturas. Vulva: inclui todas as estruturas visíveis externamente: monte pubiano, grandes e pequenos lábios, clitóris etc. Períneo: inclui o conjunto de tecidos musculares e aponeuróticos. Corpo perineal: tendão perineal central que reforça a rafe mediana do músculo elevados do ânus, localizada entre anus e vagina. Anomalias no trajeto mole podem dificultar o parto gerando Distócias do trajeto mole. Essas anomalias podem ocorrem em qualquer segmento do trajeto mole e também devido a tumores extrauterinos. TRAJETO DURO Bacia ou pelve = canal do parto. Formado por 2 ossos ilíacos, sacro, coccige (cóccix) e pube, com suas articulações (sínfise púbica, sacroilíacas, sacrococcígea). Promotório → vértice da articulação entre a quinta vértebra lombar e o sacro. Pelve é dividida em: grande e pequena bacia (ou escavação). Pequena bacia é a mais importante no parto → forma o canal ósseo por onde o feto passa no mecanismo de parto. Seus diâmetros devem ser compatíveis com a biometria fetal para a ocorrência do parto vaginal. Dividida em 3 estreitos que apresentam diferentes características. Estreitos → regiões mais angustiantes da pelve e podem impedir ou dificultar a progressão do feto. ESTREITO SUPERIOR Delimitado na região anterior pelo pube, na lateral pela linha termimal (inominada) e, posteriormente, pela saliência do promotório e pela asa do sacro. Tutorial 9 2 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC O estreito apresenta 3 diâmetros: • Diâmetro Anteroposterior: menor distância entre o promotório e a sínfise púbica – mede 10,5cm. 1. Conjugata Anatômica ou Vera Anatômica: formada pela linha que liga a borda superior da sínfise púbica e o promotório. Distância de 11cm. 2. Conjugata Obstétrica ou Vera Obstétrica: distância entre o promotório e a face interna da sínfise púbica – espaço verdadeiro do trajeto da cabeça fetal. Mede 10,5cm. 3. Conjugata Diagonal ou Diagonalis: define-se pela linha que une o promotório e a borda inferior do osso púbico, mede 12cm. Através do toque vaginal, é essa medida usada para estimar o diâmetro da vera obstétrica na pelvimetria clínica. Conjugada obstétrica é 1,5cm < que a conjugada diagonal. • Diâmetros oblíquos: iniciam nas eminências iliopectíneas e finalizam na articulação sacroilíaca – medem 12,5cm. 1. Primeiro Oblíquo: diâmetro que sai da iminência iliopectínea esquerda direcionada à sinostose sacroilíaca direita. 2. Segundo Oblíquo: diâmetro que sai da iminência iliopectínea direita em direção à sinostose sacroilíaca esquerda. 3. O primeiro oblíquo é maior que o segundo oblíquo → justifica a maior ocorrência de menções fetais neste diâmetro. • Diâmetro Transverso: vai da linha inominada (terminal) de um lado até o outro lado da pelve e faz ângulo reto com o diâmetro anteroposterior. Representa a maior distância entre a linha terminal de cada lado. Marca uma distância de 13cm. ESTREITO MÉDIO Delimitado pela borda inferior do osso púbico e pelas espinhas ciáticas (isquiáticas). o Diâmetro Anteroposterior: 12 cm no nível da espinha ciática. o Diâmetro Transverso ou Biespinha Ciática: menor diâmetro da pelve e mede 10cm. Importante para condução do parto vaginal pois possui o plano da menor dimensão pélvica (diâmetro transverso). Das espinhasciáticas saem os nervos pudendos que são anestesiados no parto vaginal. Além disso, elas são importantes pontos de referência. ESTREITO INFERIOR Seus pontos de referência são as partes moles. É limitado pelos músculos que unem o osso sacro às espinhas isquiáticas (músculos sacrociáticos) e pelos músculos que unem o ísquio ao coccige (músculo isquiococcígeo). Delimita-se anteriormente pela borda inferior do osso púbico, lateralmente pelos músculos sacroilíacos e na parte posterior pelo músculo isquiococcígeo. o Diâmetro Anteroposterior: liga a borda inferior do osso púbico ao coccige e mede 9,5cm. Pode chegar a 11cm, em função do movimento da cabeça fetal, no período do despreendimento devido a retropulsão do coccige. Esse diâmetro define a Conjugata Exitus. o Diâmetro Transverso ou Bi-Isquiático ou Intertuberoso: marcado pelas tuberosidades isquiáticas e mede 11cm. MORFOLOGIA DA PELVE Bacia Ginecoide: pelve feminina típica. Representa 59% das bacias femininas. Estreito superior tem forma arredondada e a porção posterior é espaçosa; paredes pélvicas não paralelas e as espinhas ciáticas não são proeminentes. A chinfradura ciática e a escavação são amplas e o diâmetros bi-isquiático é grande. Bacia com melhor prognóstico para parto vaginal. Bacia Androide: caracterísca da bacia masculina normal. Representa 20% das bacias femininas. Possui o estreito superior triangular, com diâmetro transverso máximo deslocado para a região posterior. As paredes pélvicas são convergentes, as espinhas ciáticas salientes, o ângulo suprapúbico é estreito e o estreito superior reduzido. Parto vaginal não tem bom prognóstico. Bacia Antropoide: assemelha-se a bacia dos gorilas. Representa 25% das bacias femininas. Possu o estreito superior elíptico e alongado no sentido anteroposterior e o diâmetro transverso diminuído – anteroposterior > transverso. As chanfraduras sacrociáticas são amplas, as paredes laterais convergem, as vezes convergem, e as espinhas ciáticas não são proeminentes. Bacia Platipeloide: tipo + raro e está presente em 5% das mulheres. Sua forma é achatada, estreito superior ovalado, pequeno diâmetro anteroposterior e amplo diâmetro transverso. A chanfradura sacrociática é angustiada, o sacro é côncavo e largo, o ângulo suprapúbico amplo, paredes da escavação divergentes e o estreito inferior semelhante ao da bacia ginecoide. Bacia achatada no diâmento anteroposterior → diâmentro transverso > anteroposterior. PLANOS DA BACIA Planos de Delee: forma para definir a altura da apresentação. Diâmetro biespinha isquiática ou 3º plano de Hodge é o plano de referência “0”. Usando esse plano, a apresentação é estimada em centímetros positivos (caso a apresentação fetal tenha ultrapassado ele), e em centímetros negativos (se a apresentação não tiver chegado a ele). Plano mais usado para acompanhar o trabalho de parto. Plano de Hodge: planos paralelos que não são muito aceitos. São os seguintes: • Primeiro Plano: delimitado pela borda superior do pube e promotório. Representa o estreito superior da bacia. • Segundo Plano: vai da borda inferior do pube ao meio da segunda vértebra sacra. • Terceiro Plano: é delimitado nas espinhas ciáticas e corresponde ao estreito médio. • Quarto Plano: traçado pela ponta do coccige. PELVIMETRIA A pelvimetria interna é a que o obstetra deve fazer e de forma ordenada e sequencial. Avaliação do Estreito Superior • Diâmetro anteroposterior é avaliado pela clínica da conjugata diagonal. A conjugata obstétrica só pode ser estimada pela radiografia. • Toque vaginal bidigital → distância entre o promotório e a borda inferior da sínfise púbica. Ao chegar no promotório, mede-se a distância entre a extremidade dos dedos do examinador e o ponto da mão que esteve em contato com a sínfise púbica → conjugata diagonalis. • A conjugata obstétrica é menos 1,5cm da medida da diagonalis. • Conjugata diagonalis > 11,5cm (obstétrica >10cm) ou promotório inatingível → tamanho da pelve adequado para a passagem de um feto com tamanho normal. Avaliação do Estreito Médio • Não é possível avaliação direta. É necessário a avaliação de parâmetros. o Espinhas Ciáticas e Paredes Pélvicas: espinhas ciáticas proeminentes e paredes pélvicas convergentes – estreitamento na região → pior prognóstico ao parto transpélvico. 3 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC o Diâmetro Interespinhoso: possível estreitamento do estreito médio caso esse diâmetro seja < 10cm. Impossibilidade de parto vaginal se esse diâmetro for < 8cm. Avaliação do Estreito Inferior • É feita por uma avaliação clínica do diâmetro entre as tuberosidades ciáticas. Valores normais são iguais ou maiores do que 8 cm. • A avaliação é feita pela colocação do punho cerrado do obstetra contra o períneo, entre as tuberosidades ciáticas após sua medida. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES Ângulo Supra Púbico (Arcada Púbica) o Em bacias ginecoides corresponde a um ângulo de 90˚ ou mais. Nas bacias androides é um ângulo agudo. o ↑ ângulo → melhor prognóstico do parto, com menor uso de contração do períneo e melhor adaptação cefálica. Curvatura Sacra • Concavidade anterior exagerada do sacro ↓ a capacidade do estreito superior e do estreito inferior, e aumenta o estreito médio. • Sacro reto ↓ a capacidade do estreito médio. Retropulsão Coccígea • Coccige tem mobilidade aumentada com a embebição gravídica. • Deslocar-se posteriormente é importante nas apresentações cefálicas posteriores, assinclitismos enteriores e ângulo suprapúbico estreitado. Insinuação (Encaixamento) • Determina o deslocamento do maior diâmetro transverso da apresentação fetal pelo estreito superior. Feto • Feto com tamanho aumentado de forma desproporcional pode ser uma dificuldade para o parto transpélvico. • A alteração de tamanho pode ser devido a comorbidades maternas – diabetes gestacional – ou por alterações na estrutura do concepto – hidrocefalia e hidropsia. • Para um parto vaginal é importante a proporcionalidade entre os pontos da pelve feminina e entre ela e o feto. EXAMES COMPLEMENTARES QUE PODEM AUXILIAR NA AVALIAÇÃO PÉLVICA Radiografia: uso abandonado pois na radiopelvimetria os raios-X não são paralelos e não mostram bem as dimensões pélvicas. TC e RNM: usadas somente em circunstâncias excepcionais, com cortes simples – radiografia digitalizado da pelve. As medidas do diâmetro da pelve são precisas. USG: uso restrito. Pode informar as medidas da conjugata obstétrica e do diâmetro biespinha ciática, além do diâmetro biparietal do feto (DBP), mas é pouco adequado para a avaliação óssea. Estudo Motor A contratilidade uterina é muito importante para o trabalho de parto para promover a dilatação do colo e expulsar o feto. Últimas horas da gravidez se caracterizam por contrações uterinas fortes que levam a dilatação do colo e forçam a passagem do feto pelo canal do parto. Nesse processo o gasto de energia é elevado. CONTRATILIDADE UTERINA 1. TOCOMETRIA É a medida das contrações uterinas e o seu registro grpafico é denominado tocografia – importante para diagnóstico e tratamento de distúrbios que possam surgir no período do parto. Métodos para Avaliação das Contrações Uterinas: • Registro da Pressão Intramiometrial: insere-se transdutores de pressão, por via abdominal, no miométrio e eles registram a contratilidade uterina nos segmentos uterinos. Seu uso é apenas para investigação científica. • Registro da Pressão Amniótica: transdutor de pressão é inserido no espaço estraocular – entre a bolsa amniótica e o útero – por via abdominal ou transcervical. É o procedimento invasivo ainda usado. • Registro da Pressão Placentária: é colocado no cordão umbilical, no secundamento, um cateter associado a um manômetro. • Registro da Pressçao do Útero Vazio: usado para estudo dacontratilidade no puerpério. • Tocometria Externa: transdutor abdominal de pressão ligado ao aparelho de cardiotocografia. É um método menos preciso, porém é o escolhido para monitoração da contratilidade uterina no trabalho de parto, já que não tem risco e seu uso é fácil. 2. CARACTERÍSTICAS DAS METROSSÍSTOLOLES Duração: tempo entre o início e o final da contração uterina, medido em segundos. 3. EVOLUÇÃO DA CONTRATILIDADE UTERINA NA GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO Na gravidez: contrações uterinas incoordenadas, frequentes, focais, de baixa intensidade e sem tríplice gradiente descendente – contrações de Braxton- Hicks. Próximo ao parto: contrações mais coordenadas e frequentes. Entre 28 – 32 semanas: frequência de 2 contrações/hora; entre 33 – 36 semanas: até 3 contrações/hora. Trabalho de parto inicia com: contrações em frequência de 2 a 3 em 10min, com intensidade de 30 a 40mmHg (80 – 120 UM) e duração de 30 a 40s. Período de dilatação: contrações com intensidade de 30mmHg e frequência de 2 a 3 em 10min, tendo, no final desse período, frequência de 4 contrações em 10min, com intensidade de 40mmHg e duração de 50s (160 UM). Período expulsivo: 5 a 6 contrações em 10min, com intensidade de 50 a 60mmHg e duração de 60 a 80s (250 UM). Associado as contrações expulsivas temos as contrações voluntárias da gestante, realizando “puxos” – contração da musculatura abdominal com a glote fechada – que causam aumento de 50mmHg na pressão intrauterina. A posição da paciente interfere na contratilidade. O decúbito dorsal realiza compressão da veia cava inferior e ↓ DC → hipotensão arterial e distúrbios de contratilidade uterina – ↑ da frequência e ↓ da intensidade das metrossístoles. Período de secundamento: útero permanece contraindo intensa e ritmicamente após o nascimento, com contrações que não causam dor – Período de Repouso Fisiológico. 2 ou 3 contrações dessas conseguem descolar a placenta. Puerpério: contrações reduzem de frequência e intensidade. Na amamentação, a liberação de ocitocina causa contração uterina mais intensa, podendo provocar cólicas. 4. FUNÇÕES DE CONTRATILIDADE UTERINA • Manutenção da Gravidez: útero está ativo na gravidez. Ele se contrai em toda gestação devido a distensão constante e essas contrações irregulares e incoordenadas impedem que o trabalho de parto aconteça. Placenta produz progesterona e reduz a sensibilidade da fibra uterina e propagação do estímulo contrátil – Bloqueio Progesterônico Subplacentário, mais significativo na região abaixo da implantação da placenta. • Dilatação e Apagamento do Colo Uterino, Formação do Segmento Uterino Inferior (dilatação do istmo): No pré-parto o corpo uterino é encurtado pela contração e promove tração longitudinal no segmento uterino inferior e no colo do útero. Esse segmento se expande de forma progressiva e o colo reduz a espessura (apagamento) e se dilata → amadurecimento do colo uterino. No trabalho de parto a ação ocorre intensamente e causa dilatação progressiva do colo uterino. Esse progresso da dilatação é dependente da coordenação das contrações e da eficácia do tríplice gradiente descendente. A pressão feita pela apresentação fetal e pela bolsa amniótica causa metrossístoles e contribui para o amadurecimento do colo no trabalho de parto. O trabalho uterino para dilatação do colo é menor em multíparas, nos partos espontâneos, com apresentação cefálica fletida, e após rotura de membranas. 4 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC • Descida e Expulsão Fetal: o região inferior do útero é preso à pelve por seus ligamentos e a tração desses ligamentos – redondo e uterossacro – leva o fundo uterino para frente e direciona seu eixo longitudinal para a pelve materna, auxiliando a descida fetal. As contrações encurtam o corpo uterino, empurram o feto pela pelve e o expulsam para fora. As contações intensas são auxiliadas pelos puxos. O desejo de fazer força ocorre pela compressão do períneo, da ampola retal e de todo assoalho pélvico pelo feto. • Descolamento da Placenta: útero permanece contraindo após a expulsão do bebê, reduz de tamanho e torna-se retraído. A redução do tamanho causa o descolamento da placenta. • Hemostasia Puerperal: após a saída da placenta, a atividade uterina elimina coágulos, comprime os vasos sanguíneos que passam pelo miométrio e ↓ a perda sanguínea → “miotamponagem”. O globo uterino formado é denominado “globo de segurança Pinard”. A contração pós-parto é muito importante para a hemostasia, quando não adequada → hemorragias. 5. REPERCUSSÕES HEMODINÂMICAS DAS CONTRAÇÕES UTERINAS Cada contração impulsiona 300mL de sangue → ↑ retorno venoso, DC e PA. Relaxamento uterino com gestante em decúbito dorsal → compressão da veia cava inferior → hipotensão supina. As alterações hemodinâmicas no feto ocorrem pela ↓ do fluxo sanguíneo placentário, devido a compressão dos vasos sanguíneos intramiometriais. Essa redução pode causar hipóxia transitória no feto no período das contrações. TEORIAS SOBRE O INÍCIO DO TRABALHO DE PARTO Muitos fatores estão envolvidos no desencadeamento do trabalho de parto. Principal fator: relação entre o estrogênio e a progesterona em nível celular no endométrio. ↑ de estrogênio → ↑ de seus receptores no miométrio → ↑ dos receptores de ocitocina e da síntese de PG. As prostaglandinas (PG), em especial PGE2 e a PGF2-alfa, promovem efeito na contratilidade uterina, da mesma forma que a ocitocina. CRH placentário (hormônio liberador de corticotropina) é importante no trabalho de parto por estimular liberação de PGs por meio de vários mecanismos. ↓ dos níveis de progesterona (relaxadora da musculatura lisa) colabora pra retirar o “bloqueio” da musculatura uterina causado por ela. INDUÇÃO DO PARTO Parto induzido ocorre quando se usa meios farmacológicos para iniciá-lo ou meios mecânicos que causam metrossístoles capazes de promover o trabalho de parto. Indução do parto é terapêutica quando é necessária a cessação da gravidez; e é eletiva quando não há indicação de benefício fetal. Uma cesariana anterior não é contraindicação absoluta ao trabalho de parto, porém, deve-se ter cuidados rigorosos devido aos riscos de rotura uterina e discinesia. Sucesso na indução → contratilidade + dilatação progressiva do colo. A contração uterina ideal para a dilatação está associada ao estado inicial do colo e a IG. O colo é imaturo e firme em toda a gravidez e, nos últimos dias que antecedem o parto, ele se torna macio e complacente. É considerado colo maduro e favorável à indução com ocitócitos, quando o Índice de Bishop for ≥ 9; índice entre 5 e 8 é intermediário; e < 5 é colo desfavorável. Quando o colo é desfavorável, é importante fazer o preparo cervical antes da indução ao parto, pois a indução antes do preparo cervical está relacionada a elevadas taxas de falhas de indução e parto por cesárea. Misoprostol, uma PG sintética E1, é o método de escolha para o preparo cervical por via vaginal. Dose de 25mcg é mais segura, mas não muito eficaz e é induzida na indução de parto a termo; doses de 50 a 200 mcg são usadas para indução de abortamento ou controle de hemorragias por atonia uterina; doses maiores são associadas a risco de sofrimento fetal. Outros métodos para preparo: PGE2 (dinoprostone), hialuronidase, ocitocina, balonete da sonda de Foley (método Krause) e algas naturais ou sintéticas. Métodos para indução do parto: • Descolamento Digital das Membranas Amnióticas: causa liberação de PGs. • Infusão de Ocitocina: mais usado. Inicia ou ↑ as contrações rítmicas podendo causar efeitos adversos – taquissistolia, hipertonia uterina e sofrimento fetal agudo. • Utilização de Prostaglandinas (via vaginal/cervical). • Amniotomia: causa ↑ na produção local de PG e seus efeitos adversos são: aumento dos riscos de infecção amnióticae de prolapso de cordão umbilical. Partos induzidos necessitam de monitorização eletrônica devido a maior chance de contrações intensas que podem causar sofrimento fetal agudo. INIBIÇÃO DA CONTRAÇÃO UTERINA Tocólise: método mais usado para evitar parto prematuro. Medicamentos tocolíticos (uterolíticos) mais usados: • Beta-Adrenérgicos – salbutamosl, terbutalina, ritodrina, orciprenalina: não devem ser usados em cardiopatas, diabéticas não controladas e em casos de hipetireoidismo. • Inibidores da Síntese de Prostaglandinas – indometacina: usados somente antes de 32 semanas de gravidez (risco de fechamento precoce intraútero do ducto arterioso). • Sulfato de Magnésio: deve ser evitado em pacientes com Miastenia Gravis, em uso de bloqueadores de canal de cálcio ou com insuficiência renal. • Bloqueadores do Canal de Cálcio – nifedipina. • Antagonistas da Ocitocina – atosiban. CONTRATILIDADE UTERINA ANORMAL: DISCENESIA UTERINA Discenesias são distócias dinâmicas ou funcionais. Contratilidade uterina ineficiente para dilatar o colo e progredir no parto. Em outras situações, a atividade uterina pode ser exacerbada e promovar parto precipitado (parto disfuncional). Principais causas de distúrbios de contratilidade: • Idiopática. • Administração inadequada de Ocitocina. • Sobredistensão uterina. • Descolamento prematuro de placenta. • Obstrução do canal de parto. • Analgesia peridural. • Corioamnionite. • Pré-eclâmpsia. 5 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC As anormalidades podem ser: • Qualitativas – ondas generalizadas com inversão do tríplice gradiente descendente, ou ondas localizadas, assincrônicas e incoordenadas (verdadeiras discinesias uterinas – causam atraso ou impedem a dilatação do colo e a descida do feto). • Quantitativas – onda contrátil generalizada que mantem o tríplice gradiente descendente. Somente seus valores são aumentados ou reduzidos (hiper ou hipoatividade) 1. Discinesias Quantitativas • Hipoatividade o Contrações com frequência e/ou intensidade menores que as necessárias para aquele momento do parto. ▪ Hipossistolia: intensidade < 25mmHg. ▪ Bradissistolia: frequência < 2 contrações em 10min. o Tono uterino é normal. o Trabalho de parto tem progressão lenta ou se interrompe e, em geral, não há malefício à mãe e nem ao feto. o Tratamento: infusão de ocitocina em doses fisiológicas ( 1 a 8 miliunidades/min). o A função da ocitocina é chegar a contrações regulares de 3- 4 a cada 10min e com intensidade suficiente de duração 50 a 70 s. A dose é influenciada pela IG (gestação + prematura = menos receptores de ocitocina). • Hiperatividade o Contrações com frequência e/ou intensidade maiores que as necessárias para aquele momento do parto. o Ocorre devido ao ↑ da força de contração das fibras uterinas, que pode parecer sem causa aparente ou secundário ao uso de ocitocina em altas doses, associado à toxemia ou ao parto obstruído. o Excesso de contrações uterinas → sofrimento fetal agudo ou rotura uterina (mais comum em partos obstruídos). o Decúbito lateral ↓ a frequência das contrações e é o tratamento das taquissistolias. o Medicamentos uterolíticos podem ser usados na hipersistolia. ▪ Hipersistolia: intensidade > 50mmHg. ▪ Taquissistolia: frequência > que 5 contrações em 10min. • Hipotonia o Tono uterino < 8mmHg. o Ocorre raramente e é associado a hipoatividade. • Hipertonia o Distúrbio do tônus mais comum que leva ao aumento do tônus uterino. Divide-se em: ▪ Leve: entre 12 e 20mmHg. ▪ Moderada: entre 20 e 30mmHg. ▪ Grave: tônus > 30mmHg. o Na clínica é fácil distinguir o útero “mole” (tono normal) do “duro” (hipertônico). Quando o tono está aumentado, é difícil diferenciar as contrações uterinas. o As hipertonias podem causar hipoxia fetal pela ↓ do fluxo sanguíneo placentário. Há 4 tipos de hipertonia: ▪ Hipertonia por Taquissistolia: ↑ frequência das contrações > 5 em 10min promove ↑ do tono pois o útero não tem tempo para completar seu relaxamento. ▪ Hipertonia por Incoordenação: as partes diferentes do útero se relaxam em momentos distintos e assim a pressão não desce ao nível normal. Incoordenação causa hipertonias fracas. ▪ Hipertonia por Sobredistensão: ↑ do conteúdo uterino não é seguido pelo crescimento miométrico levando a sobredistensão uterina, com estiramento das fibras e ↑ do tono. Ex: polidrâmnio. ▪ Hipertonia “Autêntica” ou “Essencial”: não há nenhum mecanismo que explique. Está relacionada ao descolamento prematuro da placenta, ao uso abusivo de ocitocina e à incoordenação uterina. • Tratamento das Hipotonias e Hipoatividades o Administração de ocitocina – dose inicial: 1 a 8 mUI/min. o Administração de prostaglandinas – via vaginal ou intracervical. o Descolamento das membranas amnióticas – liberação de prostaglandinas e ocitocina. • Tratamento das Hipertonias e Hiperatividades o Descontinuar o uso de uterotônicos. o Decúbito Lateral Esquerdo – melhora a perfusão uterina pela descompressão da veia cava inferior. o Prescrição de Meperidina – analgesia diminui a produção de catecolaminas. o Uso de Tocolíticos – nos casos de hipertonia por taquissistolia. 2. Discinesias Qualitativas • Inversão do Tríplice Gradiente Descendente o Predomínio da atividade nas partes baixas do útero. o Inversão pode ser total – afeta os 3 componentes (intensidade, duração e propagação) –, ou parcial – afeta 1 ou 2 dos componentes. o As contrações são ineficientes para a dilatação do colo e tendem a fechá-lo, ainda que sejam muito intensas. • Incoordenação Uterina o Partes diferentes do útero contraem independentemente e sem sincronia, fazendo com que todo o útero não alcance a máxima contração simultaneamente. o Podem ser: ▪ Incoordenação de 1º Grau: alteração frequente que ocorre devido a ação alternada dos 2 marca-passos uterinos. As contrações são irregulares – pequenas contrações isoladas alternadas com contrações maiores espalhadas por todo útero – pois os marca- passos funcionam sem sincronia. ▪ Incoordenação do 2º Grau: muitos marca-passos ectópicos trabalham descoordenadamente. Há uma “fibrilação uterina” que pode causar hipertonia uterina. o A origem das incoordenações está relacionada a liberação aumentada de adrenalina e noradrenalina – ocorre quando há ciclo de tensão, medo e dor. • Tratamento das Discinesias Uterinas Qualitativas o Decúbito Lateral Esquerdo o Infusão de ocitocina em doses fisiológicas (1 a 8 mU/min). o Amniotomia. o Analgesia e sedação – meperidina ou peridural. o OBS: caso nenhuma das medidas tenha efeito, o parto pode ser finalizado por uma cesariana ou pelo auxílio do fórcipe, se a dilatação for completa e o feto estiver em posição conhecida. Estudo da Estática Fetal Estática fetal é definida pelas relações do feto com a bacia e com o útero. 6 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC Para cada orientação fetal há um mecanismo de descida e uma conduta médica no período da dilatação e expulsão. Os pontos que descrevem a orientação fetal – situação, apresentação, atitude e posição – podem ser determinados clinicamente pela palpação abdominal, exame vaginal e ausculta do feto. Métodos complementares: USG e radiografia. Em mulheres obesas a avaliação clínica é mais difícil e, muitas vezes, impossível de ser realizada. O FETO A cabeça do feto é representada pelo polo cefálico (crânio e face). A avaliação do polo cefálica fetal necessita da identificação dos ossos do crânio, suturas e fontanelas. Há 3 diâmetros no polo cefálico que são importantes: • Diâmetro Occipitofrontal: definido pela distância entre os ossos occipital e frontal. Mede 11cm. • Diâmetro Occipitomentoniano: vai do occipital ao mento e mede 13,5cm. É o maior diâmetro do pólo cefálico. • Diâmetro Suboccipitobregmático: daparte inferior do occipital até a fontanela bregmática. É o menor diâmetro do polo cefálico e mede 9,5cm. SITUAÇÃO FETAL É a relação entre os eixos longitudinais do feto e do útero. Existem 3 situações: longitudinal, transversa ou oblíqua. Situação longitudinal está presente em mais de 99% das gestações a termo. O feto procura acomodar seu maior eixo ao maior eixo uterino. Situação transversa ocorre em 0,5 a 1% dos casos. Fatores predisponentes: multiparidade, placenta prévia, anomalias uterinas e leiomiomas submucosos. Situação oblíqua é instável, de transição e irá se tornar longitudinal ou transversal. APRESENTAÇÃO FETAL A apresentação fetal define a região do concep-to que se relaciona com o estreito superior da bacia, onde se insinua e possui papel funda-mental nos mecanismos de parto. Na situação longitudinal podem ocorrer apresentação cefálica a a pélvica. Na situação transversa a apresentação será sempre córmica. É o ombro que está em contato com o estreito superior da bacia. Fatores que definem a acomodação fetal podem promover a troca de uma apresentação por outra → versão ou mutação. Até o 6º mês de gestação a cabeça fetal é encontrada no fundo uterino (apresentação pélvica). Após essa IG ocorre, em geral, a movimentação circular do feto sobre seu eixo, chegando à apresentação cefálica. Apresentação cefálica tem maior frequência, possivelmente, devido a forma uterina. O fundo uterino é mais amplo e abriga o pólo pélvico que é mais volumoso. Sobre a frequência da apresentação pélvica, os seguintes fatores estão relacionados: hidrocefalia e outras malformações fetais (anencefalia), gemelaridade, vícios pélvicos, inserção cornual da placenta, brevidade do cordão umbilical, malformações e tumores uterinos (útero bicorno e leiomiomas), multiparidade, prematuridade, anormalidades neurológicas fetais (anomalias do tônus muscular) e a ologodramnia. ATITUDE DO POLO CEFÁLICO NA APRESENTAÇÃO CEFÁLICA 1. Eixo Anteroposterior – Flexão ou Deflexão Cabeça fetal se posiciona, em relação a seu eixo anteroposterior, com o mento próximo à face anterior do tórax, em flexão total (apresentação cefálica fletida ou de vértice ou occipital). Incidência: 95 a 99% das gestações. A cabeça fetal pode se afastar da face anterior do tórax em diferentes graus, formando deflexões. Essas atitudes alteram o diâmetro de insinuação e alteram o prognóstico do parto vaginal. → Deflexões são resultado de uma alteração progressiva da atitude fetal de um contorno convexo (fletido) para um côncavo (estendido) da coluna vertebral. Isso dificulta ou impossibilita o parto vaginal. A cabeça do feto pode ter posição parcialmente estendida. É definida como deflexão de 2º grau ou apresentação em fronte. Deflexão de 3º grau (máxima) → pescoço fetal muito estendido, de forma que o occipital e o dorso entram em contato, e a face fica mais anterior ao canal do parto → apresentação de face. 2. Eixo Lateral – Sinclitismo ou Assinclitismo 2.1 Sinclitismo Encaixamento do pólo cefálico fetal com a sutura sagital com a mesma distância entre a sínfise púbica e o promotório sacral → Sutura sagital EQUIDISTANTE do pube e do sacro, sem inclinação lateral. 2.2 Assinclitismo Encaixamento da cabeça do feto com a sutura fetal desnivelada em relação ao plano do estreito superior → Inclinação lateral da apresentação. Assinclitismo anterior (obliquidade de Nãgele): sutura sagital fetal próxima ao sacro, e o parietal anterior ocupa grande parte dos estreitos da pelve. Assinclitismo posterior (obliquidade de Litzmann): sutura sagital se aproxima do pube, e o parietal posterior ocupa maior parte da bacia. ATITUDE DO POLO PÉLVICO Apresentações pélvicas represental 3 a 4% das gestações a termo. A frequência das apresentações pélvicas é > nas gestações pré-termo que na gestação a termo. Ponto de referência nas apresentações é o sacro e a linha de orientação é o sulco interglúteo. • Pelvipodálica ou Pélvica Completa: pernas e coxas fletidas, com os pés juntos às nádegas. • Pélvica Simples ou Incompleta Modo de Nádegas ou Agripina: coxas fletidas sobre a bacia e as pernas estendidas sobre a superfície anterior do tronco. • Pélvica Incompleta, Variedade de Pés ou de Joelhos ou Pélvica com Procedência de Pés ou de Joelhos: quando essas partes fetais estão no estreito superior da bacia. 7 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC ALTURA DA APRESENTAÇÃO É baseada na comparação do plano fetal mais baixo com os planos da bacia. É um indicador dinâmico da evolução do parto. Planos da Bacia: • Planos De Lee → é uma forma de definir a altura da apresentação. O terceiro plano de Hodge é o plano de circunferência “0”. A partir desse plano, a apresentação é estimada em cm (positivos se ultrapassou e negativo se não alcançou). Atualmente, é o plano mais empregado no acompanhamento do trabalho de parto. • Plano de Hodge → planos paralelos, raramente empregados no acompanhamento do trabalho de parto. São quatro planos, que estão em desuso, pois não permitem a determinação exata da altura de apresentação e dificultam a análise da progressão da aparesentacao pelo canal de parto: o 1º plano: delimitado pela borda superior do pube e promontório. Corresponde ao estreito superior da bacia o 2º plano: vai da borda inferior do pube até meio da segunda vértebra sacra o 3º plano: delimita-se nas espinhas ciáticas e corresponde ao estreito médio o 4º plano: é traçado pela ponta do cóccix. POSIÇÃO FETAL Posições Frequentes: • Esquerda: dorso do feto se apresenta à esquerda do abdome materno. • Direita: dorso do feto se apresenta à direita do abdome materno. Outras Posições: • Anterior: dorso do feto se apresenta voltado para diante do abdome materno. • Posterior: dorso do feto se apresenta voltado para trás do abdome materno. Ao fim da gestação a posição esquerda é a mais comum. Isso ocorre por: • Leve rotação uterina para a direita. • Posicionamento anatômico do reto e sigmoide à esquerda. VARIEDADES DE POSIÇÃO Relação entre o ponto de referência da apresentação e o ponto de referência da pelve feminina. NOMENCLATURA OBSTÉTRICA Apresentações defletidas podem ser achados transitórios durante o parto ou persistentes (associados a maior taxa de insucesso em parto vaginal). Apresentação de bregma é achado transitório e se transforma, em geral, em apresentações cefálicas fletidas, sem causar problemas para a evolução do parto. Apresentação de fronte (deflexão de 2º grau) é rara e, em sua maioria, não permite o parto vaginal. Apresentação de face (deflexão de 3º grau) pode permitir o parto vaginal, mas ele só pode ocorrer se a variedade for mento anterior (MEA, MDA ou MP), pois se o mento estiver para baixo (posterior), a flexão da cabeça fetal é impossível e seu desprendimento também. DIAGNÓSTICO DA APRESENTAÇÃO E DA POSIÇÃO DO FETO Métodos: palpação abdominal, exame vaginal (toque), ausculta, USG, RX TC e RM. Os exames de imagem só em casos de dúvida. Palpação Abdominal – Manobra de Leopold-Zweifel Dividida em 4 tempos: Primeiro Tempo: delimita o fundo uterino com as 2 mãos fazendo sua depressão. Permite identificar o polo que ocupa o fundo uterino. Realiza o diagnóstico da situação facilita o diagnóstico da apresentação. Segundo Tempo: ao deslizar as mãos do fundo uterino para o polo inferior do útero, procura-se sentir o dorso fetal e a região das pequenas partes fetais (braços e pernas), determinando a posição. Terceiro Tempo: tenta-se sentir o polo fetal que se apresenta no estreito superior e sua mobilidade. Segura-se a apresentação entre o polegar e os dedos e realiza-se movimentos laterais. Caso a apresentação não esteja encaixada, um corpo móvel será palpado – em geral, a cabeça. Se estiver encaixado,há pouca mobilidade e afirma a apresentação. Quarto Tempo: examinador fica de frente para os pés da gestante e com as pontas dos dedos faz pressão em direção ao eixo da entrada pélvica. Tenta- se sentir o grau de penetração da apresentação na pelve e o grau de flexão. Fornece informação sobre altura da apresentação que é mais bem avaliada pelo toque. Exame Vaginal (Toque) Antes do trabalho de parto, o toque vaginal não proporciona um diagnóstico conclusivo da apresentação e posição fetal, pois a apresentação é palpada por um colo uterino fechado. 8 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC Durante o trabalho de parto o colo se abre e as informações podem ser colhidas. Na apresentação cefálica fletida a posição e variedade de posição são reconhecidas pela diferenciação das suturas e fontanelas; nas apresentações da face pela diferenciação das partes da face e, nas apresentações pélvicas, pela palpação do sacro e das tuberosidades isquiáticas. Ausculta Quando isolada não oferece informação sobre a apresentação e a posição do feto, mas pode reforçar o que foi percebido pela palpação e pelo toque. Ruídos cardiofetais são transmitidos pela parte convexa do feto que está em maior contato com a parede uterina. São mais bem auscultados na espádua anterior do feto nas atitudes fletidas e sobre o tórax fetal nas apresentações de face. Na apresentação pélvica a ausculta é melhor nas porções mais altas do útero, próximo a cicatriz umbilical; na cefálica, nos quadrantes inferiores do útero Mecanismo do Parto Definição: conjunto de movimentos que o feto é forçado a realizar na passagem pelo canal do parto. Esses movimentos são todos passivos e compulsórios e independem da vida do feto. São resultantes de forças (contração uterina e abdominal) que impulsionam a apresentação de encontro a planos inclinados que constituem os acidentes topográficos da pelve. MECANISMOS GERAIS Os movimentos próprios do mecanismo de parto ocorrem para que haja adaptação aos pontos mais estreitos do canal do parto e às diferentes formas de canal, mediante redução e acomodação dos diâmetros fetais aos pélvicos. Ou seja, o mecanismo do parto são os movimentos passivos corporais fetais, com o objetivo de colocar os menores diâmetros no feto em concordância com os menores diâmetros da pelve. Apesar do mecanismo de parto ter características gerais e constantes, ele pode também variar de acordo com a morfologia da pelve e o tipo de apresentação. O trajeto é bastante irregular, e é representado por canal cilíndrico de concavidade anterior-cotovelo do canal- terminando em curvatura suave quase em linha reta. O feto, no início do trabalho de parto irá se encontrar em moderada flexão- ovoide. Com a progressão do parto ele irá adotar uma forma cilíndrica. Porém, não existe separação entre os diversos momentos, sendo eles uns seguidos dos outros sem transição, em continuidade, de forma que no conjunto fetal se verifica a progressão por um movimento semelhante ao de turbina ou de translação. TEMPOS O mecanismo do parto é dividido em vários tempos. Divide-se em: Insinuação, descida e desprendimento. • Insinuação: passagem do maior diâmetro transverso da apresentação pelos limites do estreito superior da bacia materna. Isso só pode ser confirmado a partir do toque vaginal, usando-se como referência as espinhas ciáticas, quando o vértice da apresentação atinge esse ponto. O movimento seguinte que possibilita a diminuição dos diâmetros de apresentação é a flexão (na apresentação cefálica fletida) ou na deflexão (apresentação cefálica defletida da face). Na apresentação pélvica, a redução dos diâmetros acontece por maior aconchego nos MMII sobre o tronco ou por desdobramento deles, para baixo ou para cima. • Descida: é a continuação da insinuação, ou seja, é a insinuação mais profunda. Isso ocorre, pois, a cabeça penetra e enche a escavação. Além disso, há rotação interna da apresentação fetal e concomitantemente a penetração das espáduas no estreito superior da bacia. • Desprendimento: Feita pela deflexão na apresentação cefálica fletida ou na flexão na apresentação de face. São movimentos contrários ao da insinuação. Em casos de apresentação pélvica, o desprendimento advém do encurvamento lateral do corpo. Em 95-96% dos casos, o parto ocorre com apresentação cefálica fletida, sendo ela menos sujeita a perturbações do mecanismo, sendo considerada eutócica por natureza. MECANISMOS DE PARTO NA APRESENTAÇÃO CEFÁLICA FLETIDA Nessa apresentação, o feto se situa longitudinalmente e o polo cefálico fletido está voltado para o estreito superior da bacia. No início do trabalho de parto a cabeça se encontra em moderada flexão, com a sutura sagital orientada no sentido do diâmetro transverso ou oblíquo da bacia. A insinuação, que é a passagem do maior diâmetro transverso de apresentação fetal pelo estreito superior da bacia materna. Para que isso ocorra o feto executa dois movimentos para diminuição dos demais diâmetros: orientação de diâmetro e flexão. Essa orientação ocorrerá de acordo com o diâmetro da bacia materna. Porém, segundo pesquisas, a posição mais comum para o início do trabalho de parto é a occipitoilíaca esquerda anterior (OEA), seguida da occiptoilíaca direita posterior (ODP). O movimento complementar da insinuação é a flexão, que permite reduzir os diâmetros de apresentação. Esse movimento, por sua vez, ocorre pela impulsão de contrações uterinas, forçando a cabeça a desempenhar um movimento de báscula. Como consequência dessa flexão, o diâmetro occipitofrontal (12 cm) é substituído por outro menor, o suboccipitobregmático (9,5 cm). O diagnóstico de flexão é feito pelo toque vaginal, através do reconhecimento da pequena fontanela (Lambda) próxima ao centro do canal do parto. A grande fontanela é inacessível, e se ela for igualmente acessível à pequena fontanela, conclui-se que a flexão é anormal ou ausente. O diagnóstico de insinuação é realizado pela palpação abdominal ou pelo toque. Pelo toque vaginal, faz-se o diagnóstico quando: o O ponto de maior declive da apresentação atinge o plano das espinhas ciáticas (plano 0 de De Lee). o A distância da apresentação do assoalho perineal é de no máximo 2 dedos transversos (Sinal de Farabeuf). o Não se consegue palpar as porções superiores da face posterior do pube (Sinal de Magalhães). Entre esses sinais, o de maior importância é a da altura da apresentação pelos planos de De Lee. Pode ocorrer movimentos de inclinação lateral da apresentação durante o deslocamento pelo canal do parto → Assinclitismo. O assinclitismo será anterior quando a sutura sagital está mais próxima do sacro que do pube (Obliquidade de Nagele), e posterior quando a sutura sagital está mais perto do pube do que do sacro (Obliquidade de Litzmann). Caso transitório, o assinclitismo é considerado uma acomodação de apresentação. Se definitivo, caracteriza uma distocia. Ausência de flexão lateral, mantendo-se a sutura sagital equidistante do sacro e do pube → Sinclitismo. Após a insinuação, há o processo de descida, caracterizada pela rotação interna. A descida é a continuação da insinuação, com a cabeça entrando e enchendo a escavação pélvica. Quando ele enche a cavidade, ele irá rotacionar internamente. A rotação interna irá levar a sutura sagital à se orientar no sentido anteroposterior da saída do canal. Geralmente a pequena fontanela se coloca em relação à sínfise púbica, e a grande fontanela se dirige ao sacro. Outra forma de explicar a rotação interna: a apresentação vai de encontro ao plano inclinado formado pelo músculo elevador do ânus e ligamentos sacrociáticos. A parte mais baixa da apresentação (nessa altura é o occiptal) tende a rodar para diante (pube). Sendo assim, o occipital do feto será compelidoa sofrer uma rotação capaz de dirigir a sua flexão (pescoço) para a sínfise púbica, com o objetivo de vencer o cotovelo do canal do parto. 9 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC Simultaneamente com a rotação interna da cabeça e sua progressão no canal do parto, ocorre a penetração das espáduas através do estreito superior da bacia. Após a insinuação e a descida, ocorre o desprendimento, que tem como movimento principal a deflexão. Durante todo o tempo da descida, a cabeça permaneceu fletida. O feto então, tomando como apoio (hipomóclio) a sínfise púbica, irá deslizar ao redor dela em forma de arco, realizando o movimento de deflexão que irá, consequentemente, distender o plano musculoaponeurótico perineal. Realizada a retropulsão do coccige, aparecem sucessivamente: bregma, fronte, face e mento. Uma vez fora da genitália, a cabeça irá realizar um movimento de ¼ a 1/8 de circunferência, voltando o occiptal para onde se encontrava no momento da insinuação. Esse movimento é simultâneo e motivado pela rotação interna das espáduas. À isso, dá-se o nome de restituição ou rotação externa da cabeça. Essa restituição pode ocorrer também por movimento turbinal até o completo desprendimento do corpo. Desde a penetração na bacia, as espáduas estão com o diâmetro bicromial no sentido do diâmetro oblíquo ou transverso da bacia. Ao alcançar o assoalho pélvico, rodam até orientar o diâmetro biacromial no sentido anteroposterior da saída do canal. O ombro anterior irá se colocar então sob a arcada púbica e o posterior voltado para o assoalho pélvico, impelindo para trás o coccige materno. O processo de desprendimento das espáduas irá ocorrer com a anterior transpondo a arcada pélvica. Para desprender a posterior, o tronco irá sofrer movimento de flexão lateral. Importante lembrar: o feto precisa acomodar seus maiores diâmetros nos maiores diâmetros da pelve materna MECANISMO DE PARTO NA APRESENTAÇÃO PÉLVICA Dividido em 3 segmentos: Cintura Pélvica, Cintura Escapular e Cabeça Derradeira. • Cintura Pélvica Mesmo em primíparas, o polo pélvico se mantém alto até que o trabalho de parto se encontre bastante avançado, não sendo raro até a dilatação total e a amniorrexe. Nesses casos, a descida é lenta, pois a nádega não pode forçar sua passagem tão firmemente no canal do parto quanto à cabeça. Já na apresentação cefálica, as porções superiores da vagina, colo uterino e tecidos conectivos pélvicos já estão preparados para a acomodação mais profunda do polo cefálico na pelve materna durante as derradeiras semanas de gestação. 1. Insinuação A insinuação é mais difícil nas apresentações pélvicas completas (pelvipodálicas) devido ao maior volume das nádegas em conjunto com os MMII. Em apresentações pélvicas incompletas (simples) a insinuação será mais fácil, porque o volume dessa é menor. A orientação da pelve visa dispor o diâmetro bitrocanteriano (maior diâmetro perpendicular à linha de orientação) em um dos diâmetros oblíquos da bacia materna. A insinuação irá terminar quando o bitrocanteriano transpõe a área do estreito superior da bacia. 2. Descida e Rotação Interna Progredindo, a apresentação irá descer até o estreito inferior. Nesse tempo ocorre rotação interna em um arco de 45 graus, orientando o diâmetro bitrocanteriano em relação ao diâmetro anteroposterior. Tal processo se processa em obediência a flexão, e diferentemente da apresentação cefálica, a flexão do polo pélvico é laterlateral e não anteroposterior. 3. Desprendimento O desprendimento ocorre em variedade de posição transversa. A anca anterior, em sua região acima da crista ilíaca, tona-se o ponto de apoio (hipomóclio) sob o ligamento arqueado (região subpúbica). A posterior percorre o sacro e retropulsa o coccige materno, e transpõe a fenda vulvar. O desprendimento é mais fácil na apresentação pélvica completa do que na pélvica incompleta. Nesta última, os MMII estendidos ao longo do corpo funcionam como “talas”, prejudicando a flexibilidade do tronco e gerando a característica de “bloco rijo”, cuja forma não se adapta bem ao trajeto. • Cintura Escapular 1. Insinuação O diâmetro biacromial, por compressão, reduz sua dimensão e se insinua por um dos diâmetros oblíquos da bacia materna. Os membros atravessam o estreito superior com o biacromial no mesmo diâmetro oblíquo utilizado pelo bitrocanteriano. 2. Descida e Rotação Interna No momento em que os ombros atingem o assoalho perineal, a cabeça está se insinuando. Durante a descida, ocorre a rotação interna das espaduas em 45º para que o biacromial se coloque em relação ao diâmetro anteroposterior do estreito inferior. A rotação das espáduas e da cabeça se influenciam de forma recíproca. 3. Desprendimento A espádua anterior é a primeira a sair pela vulva. Após a retropulsão do coccige, a espadua posterior sai. • Cabeça Derradeira 1. Insinuação - A cabeça fetal irá orientar o seu diâmetro suboccipitofrontal segundo o diâmetro obliquo da bacia oposto ao utilizado pelos segmentos que o precederam. 2. Descida e Rotação Interna - Há progressão da cabeça até aflorar à vulva. A rotação interna é de 45 graus em insinuações oblíquas e de 90 graus em insinuações em transversa. Objetivo é de colocar a região suboccipital sob o pube (hipomóclio). O mento aparece na fúrcula vaginal. 3. Desprendimento - Cabeça fetal se flexiona e progride, expulsando através da fenda vultar o mento, boca, nariz, fonte e por último occiptal. MECANISMOS INCOMUNS (APRESENTAÇÃO PÉLVICA) Ocasionalmente, o mecanismo do parto na apresentação pélvica evolui de forma diferente da acima citada, sendo que isso ocorre devido algumas irregularidades no mecanismo do parto, colocando em risco a higidez do feto. Rotação Posterior do Dorso Fetal → É secundária à assistência inadequada do obstetra, seja por tração precoce do tronco ou por interferência no mecanismo natural. • Caso o dorso não rode para diante e sim para o sacro, o feto irá nascer com o abdômen voltado para o pube materno, e geralmente o feto não conseguirá se desprender sozinho, necessitando de ajuda do obstetra. • Quando o feto consegue se desprender sozinho, ocorre por forçamento das espáduas no diâmetro transverso, com os ombros e braços se desprendendo por trás do pube e mais tardiamente rotação do dorso para anterior. • Se a cabeça não se desprender, pode haver interrupção da expulsão. E nesses casos, geralmente, segue-se deflexão da cabeça, tornando ainda mais difícil a expulsão. Porém, o feto ainda consegue ser expulsos, devido à 3 mecanismos: 1. Cabeça Defletida: o mento prende-se acima do pube, forçando a elevação do feto para desprendimento do occipital. 2. Cabeça Fletida Parcialmente: a raiz do nariz coloca-se sob o pube, com desprendimento do pescoço e occiptal. 10 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC 3. Cabeça Bem Fletida com o mento colado no esterno: pode ocorrer rotação anterior do occiptal tardiamente de forma natural. Braços Rendidos → ocorre pela extensão de um ou ambos os braços. Costuma ser secundária a trações malconduzidas durante o parto. Nessa situação, soma-se ao volume do polo cefálico o volume dos braços, por isso esses partos geralmente não são feitos espontaneamente, necessitando de ajuda do obstetra. Prolapso do Membro Inferior → Em qualquer parto, a tendência natural é de que a parte mais baixa da apresentação apoie-se sob o arco púbico. Assim, caso a perna anterior esteja prolapsada, a pelve fetal escorrega sem maiores desprendimentos. Porém, se houver prolapso da perna posterior, há tendência de rotação do dorso. • O parto pélvico é um parto com altos índices de complicações quando comparados ao cefálico, sendo que atualmente observa-se ampliação de parto cesariana em apresentações pélvicas pela maior segurançado procedimento. A apresentação pélvica NÃO é uma indicação obrigatória de cesariana em primíparas. Manobras para Liberação Fetal (Apresentação Pélvica) Método de Versão Externa → Tentativa de tornar apresentação pélvica em cefálica através de manobras no abdome da gestante. Porém, geralmente esse método tem alto grau de retorno à posição original, com taxa de sucesso menor que 50% dos casos. Além de riscos envolvidos: DPP, rotura uterina, isoimunização, hemorragia feto-materna, parto prematuro, sofrimento e morte fetal. Manobra de Bracht (liberação dos ombros) → elevação do dorso fetal ao encontro do abdômen materno, na espera de desprendimento espontâneo dos braços e retirada deles com auxílio digital e com pressão suprapúbica. Enquanto isso, a paciente é auxiliada a fazer força durante toda manobra. Desprendimento dos braços in situ (liberação de ombros) → o braço posterior é desprendido sobre a face anterior do sacro, e o anterior sobre a sínfise púbica. Geralmente adotado depois da Manobra de Bracht. A condição principal para a execução dessa manobra é que os membros superiores estejam bem flexionados sobre o tórax e sejam facilmente acessíveis. O indicador e o dedo médio do parteiro devem ser aplicados ao longo do úmero fetal, e o polegar em sua axila, fazendo descer o braço pelo plano esternal. Lovset (liberação dos ombros) → Rotação, tração e translação de seu eixo escapular por até 180 graus. Rojas (liberação dos ombros) → Idêntica a Lovset, porém com translação em maior grau. Deventer-Muller → Movimentos pendulares de elevação e descida do tronco fetal. Pajot → Liberação de braços fetais atravpes da introdução da mão do obsttra na vagina com abaixamento do braço fetal. Manobra de Bracht (liberação da cabeça derradeira) → Mais utilizada para esse caso e primeira escolha. Acima descrita. Manobra de Liverpool associada à Manobra de Mc Roberts (liberação de cabeça derradeira) → Feita após insucesso da Manobra de Bracht. Consiste em deixar o corpo do feto pendendo, sem sustentação por uns 20 segundos, para promover a descida do pólo cefálico, após a qual o feto é levantado de tal forma que sua cabeça gire em torno da sínfise materna. Deve ser associado a Manobra de McRoberts (hipeflexão das coxas da gestante sobre o seu ventre) Aplicação de Fórcipe → Pode ser usado imediatamente após a manobra de Bracht ou somente após o insucesso da manobra de Liverpool (varia conforme literatura). O fórcipe de Piper foi feito especialmente para auxiliar no desprendimento da cabeça derradeira. Manobra de Mauriceau (liberação de cabeça derradeira) → Feto apoiado no antebraço do obstetra que introduz o dedo médio e indicador na boca do feto, fletindo o polo cefálico. Wiegand-Martin-Wieckel (liberação de cabeça derradeira) → Semelhante à Mauriceau, só com pressão na cabeça fetal através do abdômen materno. Champetier de Ribes (liberação de cabeça derradeira) → Realizada por 3 pessoas. Uma comprime a cabeça fetal por meio de pressão suprapúbica, a segunda traciona o feto pelos pés e a última flexiona o feto pela cintura escapular. Manobra de Praga (liberação de cabeça derradeira) → elevação do dorso do concepto, tracionando sua nuca para baixo. Manobra de Zavanelli (liberação de cabeça derradeira) → empurrar o veto dentro da vagina e realizar cesariana. Parto Vaginal O parto é divido em períodos ou fases clínicas, sendo que cada uma dessas fases possui características especiais e são diferentes dos tempos de mecanismos de parto. Os mecanismos de parto estudam os fenômenos mecânicos do nascimento, e os períodos clínicos estudam as alterações maternas que ocorrem durante o trabalho de parto e as medidas de dx e conduta em cada fase do parto. Sendo assim, o trabalho de parto é divido em 3 fases, chamadas de “fases clínicas do parto”. Porém, antes de iniciar o trabalho de parto, o útero sofre modificações ao longo de várias semanas, sendo esse período chamado de pré-parto ou premunitório. Porém esse não é classificado como uma fase clínica. As fases são: • Dilatação: Atingem-se contrações uterinas de frequência, intensidade e duração suficientes para produzir o apagamento e a dilatação do colo uterino. Um colo totalmente dilatado-10 cm- permite a passagem da cabeça do feto. • Expulsão: Começa com a dilatação do colo e vai até o desprendimento do feto. • Secundamento/Delivramento/Decedura/Dequitação ou Dequitadura: Começa após o desprendimento do feto e termina com a saída da placenta e membrana fetais. Alguns autores se referem à um quarto período, que se inicia após o descolamento da placenta e se estende até 1h após o parto. Pode haver grandes hemorragias se houver falha na hemostasia pós-parto. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE CADA PERÍODO PERÍODO PRÉ-PARTO Inicia-se entre 30-36 semanas de gravidez, e se estende até o trabalho de parto. À medida que o momento do parto se aproxima, ocorre descida do fundo uterino (2-4cm) com acomodação da apresentação ao canal do parto. Ocorre contrações uterinas irregulares que levam à formação de adelgaçamento do segmento uterino inferior e orientação do colo uterino, que passa a se alinhar ao eixo vaginal. As gestantes geralmente percebem essas contrações através de cólicas descoordenadas e irregulares, mas que podem ser confundidas com contrações reais de trabalho de parto. Com o aumento da data provável do parto, há aumento de secreções cervicais (muco), podendo ser acompanhado de raias de sangue. A saída dessas secreções e a saída do tampão mucoso endocervical denominam-se de “Sinal do parto”, sendo uma consequência do apagamento do colo uterino. Também ocorre o amolecimento, apagamento e centralização progressiva do colo uterino. Esse período culmina a fase de pródomos de trabalho de parto-Fase Latente do Trabalho de Parto. Essa fase é, portanto, a fase do período pré-parto em que as contrações uterinas se tornam mais intensas, na ausência de dilatação Indicações de cesárea nas apresentações pélvicas: • Peso fetal estimado menor que 1500g: falta de capacidade da pelve fetal em dilatar o colo materno suficiente para passar. • Fetos muito grandes, pesando mais de 4000g • Vicio Pélvico • Cesariana anterior • Amniorrexe prematura • Malformação Fetal (compatível com a vida) • Cabeça fetal hiperestendida • Para de Progressão do parto • Ausência de trabalho de parto frente a indicação de interrupção da gravidez • Gestação gemelar quando o primeiro feto estiver com apresentação pélvica • Obstetra inexperiente • Procidência de membros • Mau passado obstétrico 11 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC progressiva e rápida do colo, com velocidade de até 1,2cm/hora. Possui duração aproximada de 14h em multíparas e 20h em nulíparas. A transição para a fase ativa do trabalho de parto (período de dilatação) é gradativa. Geralmente essa fase ativa inicia quando as contrações uterinas passam a ser percebidas regularmente, e estão associadas a dilatação cervical entre 3-5 cm. PERÍODO DE DILATAÇÃO Inicia-se na Fase Latente e termina quando o colo uterino se encontra totalmente dilatado (10cm). A duração do período de dilatação difere entre primíparas e multíparas, sendo em primíparas mais demorado (10-12h) e em multíparas 6-8h. Definir o início do trabalho de parto é difícil, sendo que apenas a definição tradicional (apagamento e dilatação cervical) nem sempre é suficiente. Por isso, adequa-se a ideia de que o trabalho de parto é iniciado no momento em que a paciente entra na fase ativa do parto com dilatação de 3-5cm. Em multíparas, o colo uterino dilata-se e apaga-se durante o trabalho de parto, e já em nulíparas isso ocorre antes do início do trabalho. Nesse processo, há formação de projeção das membranas ovulares através do colo- “Formações de Bolsasdas Águas” - sendo que sua rotura espontânea geralmente ocorre no final do período de dilatação ou no período expulsivo. PERÍODO EXPULSIVO Inicia no final do período de dilatação (10 cm) e termina com a expulsão total do feto. Dura em média 50 min em primíparas e 20 mim em multíparas. É considerado prolongado caso apresente duração superior a 2h em primíparas e 1h em multíparas. O diagnóstico do período expulsivo é feito través do toque vaginal, quando há percepção de que não há mais colo uterino a se interpor entre a apresentação do canal vaginal (dilatação total do canal). Além disso, a inspeção genital permite observar quando o feto já estiver o suficientemente baixo, sendo que a apresentação já está comprimindo o períneo. As contrações uterinas atingem seu máximo com uma frequência de 5-10 minutos, durando 60 a 70 segundos. A gestante apresenta esforços expulsivos (puxos) e desejo de defecar. Geralmente está agitada e com dores intensas. Geralmente a apresentação já se encontra insinuada no início do período expulsivo. SECUNDAMENTO Corresponde ao descolamento e expulsão da placenta e de membrana ovulares. Ocorre cerca de 10-20 minutos após o período expulsivo. É considerado prolongado quando ultrapassa 30 minutos. Geralmente após 2-3 contrações uterinas a placenta já está totalmente descolada. A forma do útero se modifica de “achatada” para “globosa”. A placenta pode se desprender pela face fetal no fundo uterino pela forma de guarda-chuva, com sangramento exteriorizado após a sua saída (Baudelocque-Schultze) OU quando ocorre implantação placentária nas paredes laterais uterinas, sendo que ela se descola pela borda inferior e há sangramento precedendo a saída da placenta (Baudelocque-Duncan). QUARTO PERÍODO DO PARTO Estende-se após 1h após o parto. Deve ser um período de observação cautelosa pelo risco de hemorragias. Representa a hemostasia satisfatória do sítio de inserção placentária. Os mecanismos de hemostasia são: • Miotamponagem: contração da musculatura uterina, que gera uma consequente ligadura dos vasos uteroplacentários (ligaduras vivas de Pinard). • Trombotamponagem: formação de coágulos nos grandes vasos uteroplacentários e hematoma intrauterino que promove tamponamento de arteríolas e veias abertas. • Indiferença Miouterina: útero “apático”, ou seja, apresenta fases de contração e relaxamento. • Contração Uterina “fixa”: útero adquire maior tônus, sendo que a contração sobrepõe o relaxamento. Isso chama-se “Globo de Segurança de Pinard”. ASSISTÊNCIA CLÍNICA AO PARTO PRIMEIRO PERÍODO (DILATAÇÃO) Gestantes instruídas sobre sinais e sintomas do parto devem procurar assistência adequada quando acharem que há desencadeamento do parto, ou na presença de qualquer sintoma desconhecido. Se houver dx de trabalho de parto → internação imediata. Classicamente na rotina obstétrica fazia-se: tricotomia, enteróclise, dieta 0 e hidratação venosa. Porém, hoje se sabe que não há muitas vantagens em relação à tricotomia, com exceção da inconveniência da presença de pelos pubianos. A enteróclise deve ser EVITADA pelo risco de contaminação do campo cirúrgico com fezes pastosas. Porém, a hidratação venosa continua sendo indispensável. A ingestão de alimentos sólidos deve ser evitada. Administra-se em torno de 250 mL de líquidos VO a cada 2 horas. Porém, como a demanda energética é considerável durante o trabalho de parto, deve-se sempre repor calorias através da infusão venosa de fluidos e de glicose, prevenindo assim cetose e desidratação. Permite-se que a gestante deambule pelo quarto, sendo que o decúbito não é preconizado durante todo o período de evolução do trabalho de parto. A paciente deve adotar a posição que achar mais confortável. Porém, o decúbito dorsal deve ser evitado pelo risco da Síndrome da Hipotensão Supina, sendo assim, se deitada a paciente deve ficar em decúbito lateral. Caso seja necessário esvaziamento vesical: cateterismo vesical. O toque vaginal deve ser feito continuamente para avaliar a progressão do apagamento e dilatação do colo uterino, além da orientação e consistência, progressão da descida do feto (altura da apresentação), variedade de posição e sua proporcionalidade, grau de flexão e presença de assinclitismo. Além disso, avalia o estado da bolsa d’agua (se integra ou rota). Porém, o toque deve ser feito sempre diante de assepsia adequada, uso de luvas estéreis e lavagens de mãos. Uma das avaliações mais importantes durante esse período: Bem-estar fetal, sendo ele investigado através da ausculta de batimentos cardíacos antes, durante e após, no mínimo duas contrações uterinas a cada 30 minutos. Eventualmente, pode-se indicar o estudo do bem-estar fetal a partir da oximetria de pulso ou análise do pH do sangue capilar fetal. A avaliação do LA permite observar presença de mecônio, que é alto indicativo de sofrimento fetal agudo. Deve-se avaliar Bem-estar Materno, por meio de avaliação frequente de sinais vitais. Deve-se trazer conforto físico e psicológico às gestantes. Não pedir para a gestante “fazer força”: desnecessário e exaustivo. Cuidados com a bolsa de água: A amniotomia (rotura intencional das membranas) rotineira é questionável e pode aumentar o riso de compressão do cordão umbilical e infecção. Alguns autores indicam quando o parto é deflagrado e a dilatação atingiu de 3-5 cm. Porém, a maioria indica que se deve deixar a bolsa íntegra. Uso de drogas durante o parto: analgésicos (Meperidina), anestesia de condução e ocitocina (corrigir distúrbios de contratilidade uterina). SEGUNDO PERÍODO (EXPULSÃO) Avaliação do Bem-estar fetal é de extrema importância, devido às contrações uterinas mais frequentes e intensas. A ausculta de batimentos cardíacos fetais deve ser feita a cada 5 minutos, antes, durante e após 2 contrações uterinas. As posições maternas mais utilizadas para o trabalho de parto são: • Litotomia: gestante deitada em decúbito dorsal, com flexão parcial das coxas sobre o abdômen e abdução dos joelhos. • Laborie-Duncan: igual a Litotomia, porém com flexão exageradas das coxas sobre o abdômen, provocando ampliação do estreito inferior Todo o procedimento deve ser asséptico. Caso a paciente não esteja com bloqueio peridural → faz-se anestesia de períneo. O bloqueio do nervo pudendo interno é realizado em nível das espinhas ciáticas bilateralmente e uma complementação com infiltração superficial na linha da incisão, se for efetuada episiotomia. Durante a expulsão fetal, deve-se tomar medidas de proteção do períneo e prevenção de traumatismos fetais, sendo que a mais usada é a Episiotomia (incisão no períneo entre vagina e ânus para aumentar canal do parto). 12 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC Porém, só é realizada em casos específicos. Seu uso rotineiro está associado a maior índice de lesão de períneo posterior, suturas e complicações. Indicações para Episiotomia: parto operatório (fórcipe ou vacuoextração), períneos rígidos, exaustão materna, feto grande, período expulsivo prolongado, variedades occipitoposteriores, distócia de espáduas, IC materna, sofrimento fetal agudo e apresentação pélvica. A Episiotomia pode ser mediana (perineotomia) ou médio-lateral. A mediana é mais fisiológica e parece mostrar melhores resultados em relação à dor pós- operatória, porém existe maior risco de lacerações para o ânus. A mais usada é a média lateral direita. A Episiotomia deve ser evitada em pacientes com HIV e coagulopatias. O momento adequado para realização da Episiotomia depende da previsão do nascimento. Deve ser feita antes que a apresentação distenda acentuadamente o períneo. Porém, se feita precocemente, aumenta perdas sanguíneas maternas. Outra maneira adequada para a proteção do períneo é a Manobra de Ritgen Modificada: consiste na compressão doperíneo posterior e controle da deflexão da cabeça fetal com a mão oposta, visando evitar a deflexão rápida da cabeça. NÃO fazer Manobra de Kristeller (compressão do fundo uterino): desconfortável e danosa tanto para a mãe como para o feto. Em casos de dificuldade de desprendimento de ombro fetal (distócias de espáduas): evitar tração sobre o pescoço, que está associado a paralisia do plexo braquial. Há diversas manobras para a liberação dos ombros fetais: • Manobra de McRoberts: Hiperflexão das coxas • Pressão Suprapúbica e Manobra de Rubin I: pressão subrapúbica no sentido vertical, objetivando comprimir o ombro fetal, diminuindo diâmetro biacromial. Pode ser feita direito na região do ombro fetal, para que haja movimento de flexão e rotação dos ombros. • Manobra de Woods (saca-rolha): pressão na face anterior (sobre a clavícula) do ombro posterior fetal com o auxílio de 2 dedos, com intuito de rodá-lo 180 graus no sentido anti-horário para liberar um ombro, e em seguida no sentido horário para liberar outro. • Manobra de Rubin II: introdução de uma das mãos na vagina, atrás do ombro anterior do feto, empurrando o ombro em direção ao tórax do feto. A manobra de Woods provoca abdução no ombro fetal e a de Rubin II, adução. • Manobra de Woods reversa: dedos colocados sobre o ombro posterior, por trás e o objetivo é girar o feto na direção oposta à da manobra convencional de Woods. • Manobra de Jacquemier: retirada do braço fetal posterior, diminuindo o diâmetro impactado. • Manobra de Gaskin: posicionar paciente de joelhos (de quatro) e tentar realizar o desprendimento dos ombros na ordem inversa. • Manobra de Zavanelli: reintrodução da cabeça fetal na vagina, e parto cesárea de emergência. • Fratura Intencional da Clavícula ou Sinfisiotomia. Após a saída do feto, pode-se mante-lo na altura do introito vaginal com a face para baixo ou para o lado (evitar aspiração de LA) ou apoiá-lo sobre o abdômen materno, para em seguida realizar o campleamento do cordão umbilical a aproximadamente 10 cm de sua inserção no recém-nascido. O momento ideal para o clampeamento do cordão em todos os recém- nascidos, independe da IG, e é quando a circulação do cordão umbilical cessou, o cordão estará achatado e sem pulso (aproximadamente 3 min ou mais depois do nascimento). Durante um período após o nascimento, ainda existe circulação entre recém- nascido e a placenta através da v. e a. umbilical, sendo que o clampeamento do cordão terá profundos efeitos sobre o volume de sangue do recém-nascido após o parto. Ou seja, o sangue continua fluindo das artérias por aproximadamente 40-45 segundos, enquanto flui pelas veias por até 3 minutos. E isso justificaria o clampeamento tardio do cordão, sendo que durante esse tempo, são transfundidos cerca de 40 ml/kg de sangue para o bebê, aumentando em 50% o volume total sanguíneo do recém-nascido. Benefícios de clampeamento tardio: níveis de Ht mais altos, maiores níveis de ferro no lactante entre 2-6 meses, menos risco de hipotensão e de hemorragia intraventricular e sepse tardia, maiores níveis de oxigenação cerebral, menos dias e menor necessidade de ventilação mecânica, diminuição da necessidade do uso de surfactante e de transfusões devido hipotensão ou anemia. Durante essa transfusão placentária, deve-se deixar o RN abaixo do nível do útero, para que a gravidade aumente a velocidade de transfusão. Se ele estiver acima do nível do útero da mãe, a transfusão pode ser diminuída devido redução do fluxo pela v. umbilical. Com exceção de casos em que o RN estiver pálido, flácido ou não respirando, sendo que nesses casos mantem o RN acima do nível do períneo para permitir fluxo e oxigenação adequada. Em casos de asfixia grave: clampeamento imediato para que sejam feitas manobras de ressuscitação. TERCEIRO PERÍODO (SECUNDAMENTO) Procurar avaliação de descolamento de placenta, sendo que nenhuma manobra mais intempestiva deve ser feita devido ao risco de inversão uterina aguda. Para diminuir riscos de sangramentos, usa-se ocitocina profilática IM imediatamente após expulsão do feto, seguida de clampeamento tardio, tração controlada do cordão umbilical, massagem uterina (imediatamente e após 15min durante as primeiras 2h após parto). Sinais que podem ser utilizadas para verificar descolamento de placenta: • Sinal de Ahlfeld: Pinçamento do cordão umbilical próximo à vulva, com deslocamento de placenta o local do pinçamento se distancia. • Sinal de Fabre: tração intermitente discreta do cordão umbilical a qual não será transmitida ao fundo uterino quando a placenta estiver deslocada. • Sinal de Strassman: percussão do fundo uterino não se propaga para cordão umbilical. • Sinal de Kustner: elevação do corpo uterino através da palpação abdominal não acompanhada de movimentação do cordão umbilical. • Sinal da Placenta: sensação de peso sobre o reto referida pela paciente. Com o diagnóstico de descolamento de placenta, pode-se auxiliar a descida da placenta pelo canal vaginal com a compressão leve na região do segmento uterino inferior → Manobra de Harvey. Durante a exteriorização, pode-se impor leve tração e torção axial da placenta para auxiliar no seu descolamento → Manobra de Jacob-Dublin. Nesse período as perdas sanguíneas são constantemente avaliadas. Em casos de hemorragia ou retenção placentária, pode ser indicada a extração manual da placenta, preferencialmente sob anestesia. Após a saída da placenta deve-se fazer novamente assepsia da genitália externa materna e revisão do canal do parto para identificar se houve alguma laceração no trajeto do parto e no colo uterino. Nesse momento, se foi realizado a episiotomia, sutura-se a incisão (episiorrafia) por planos anatômicos e com fios absorvíveis. Se houver lesões perineais elas devem ser corrigidas nesse momento. Toque retal para terminar o procedimento. Parto Vaginal - Representação Gráfica da evolução do trabalho de parto, cujo uso é obrigatório em todas as maternidades desde 1994. - A curva de dilatação cervical assume aspecto sigmoide e se divide em 2 fases bem distintas: o Fase Latente o Fase ativa do parto - A fase latente representa o segmento inicial da curva, e é definido como o período compreendido entre o início do trabalho de parto e a fase ativa do trabalho de parto. A fase latente se inicia com o aparecimento das contrações dolorosas e regulares que provocam o amolecimento e apagamento do colo uterino, porém sem velocidade de dilatação ainda. Fase de Aceleração Fase de Inclinação Máxima Fase de Desaceleração 13 Tutorial 9 – Vitor Benincá – MED 202 UNESC A fase ativa inicia-se quando a dilatação atinge pelo menos 3cm em primíparas e 4cm em multíparas. A fase de aceleração corresponde a dilatação inicial, com duração de 1h. A fase de inclinação máxima corresponde a dilatação linear e rápida. A fase de desaceleração corresponde a dilatação com velocidade constante na qual ocorre, normalmente, a descida da apresentação. A fase de desaceleração ocorre de forma tardia na fase ativa da dilatação, tornando-se mais rápida após 8cm de dilatação. Existem vários tipos diferentes de partograma, com algumas variações na forma e disposição gráfica. Porém a mais usada é a que segue em anexo A forma mais comum de montagem do partograma é por papel quadriculado, no qual na abscissa coloca-se o tempo em horas, na ordenada à esquerda a dilatação cervical e na ordenada à direita a descida da apresentação (ambas em cm). Cada divisória horizontal (abscissa) corresponde a uma hora. Na imagem, foram traçadas 2 linhas diagonais: a da esquerda corresponde à “Linhas de Alerta” e a da direita “Linha de Ação”. Nos espaços abaixo é possível observar os tópicos para completar: hora do exame, Frequência cardíaca fetal, contrações uterinas, estado da bolsa das
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