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teorico (1) Teorias e Técnicas Retrospectivas

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Teorias e Técnicas 
Retrospectivas
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Grace Vasconcellos
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
Introdução aos Conceitos 
de Patrimônio no Brasil
 
 
• Compreender o que é Patrimônio no Brasil e qual é a sua importância;
• Conhecer os tipos de instrumentos de proteção ao Patrimônio existentes no Brasil. 
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• A Memória no Brasil;
• Breve História da Definição de Patrimônio no Brasil;
• Patrimônio Material;
• Patrimônio Imaterial.
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
A Memória no Brasil 
A identidade de uma nação é apoiada e construída na manutenção da memória de 
sua origem, de seus feitos, de seus conhecimentos, de seus saberes.
No Brasil, os portugueses trouxeram sua cultura, o que inicialmente definiu nossa 
nacionalidade. 
Ao longo de nossa história, com a assimilação da cultura dos indígenas e dos mais 
variados povos migrantes que aqui chegaram e fincaram raízes, fomos, pouco a pouco, 
incorporando os valores culturais deles aos nossos valores culturais, em um processo 
único de sincretismo e que, hoje, nos caracteriza como nação.
A noção de quais bens “significam” o patrimônio, seja ele histórico, artístico, paisa-
gístico, tecnológico ou cultural, é particular a cada nação e está ligada à ideia da memó-
ria de todas as épocas de sua história.
É dever e direito de toda nação preservar sua memória. 
Preservar é o mesmo que registrar e guardar, sejam construções, a história de 
um bairro ou cidade, artefatos, gravações de depoimentos, de sons, músicas populares, 
eruditas e folclóricas, imagens e muito mais.
É curioso pensar que só nos damos conta do valor de alguma coisa quando ela deixa 
de existir.
Dessa forma, como sabemos se o que hoje é totalmente normal, sem valor, vulgar, 
amanhã poderá ser marco de um tempo, representante de uma tecnologia, o som de 
uma época?
Na verdade, a preservação dos valores culturais de uma nação acontece todos os dias 
e é feita pelo cidadão comum.
Vamos pensar juntos?
Imagine a foto de uma família, tirada na frente da casa de um deles, todos muito 
felizes, depois de um jogo de final de copa do mundo de futebol, em que o Brasil foi 
campeão. Depois de muitos anos, em outra reunião de família, essa foto é vista por 
alguns deles.
O que essa foto significa? 
Começando pelas pessoas, a imagem de cada uma traz a memória de quem eram, 
o que significavam umas para as outras; observando-se as roupas, como possivelmente 
estivessem usando “camisas da seleção”, a foto é o registro do uniforme-símbolo da época; 
a família à frente da casa mostra partes da construção, fazendo com que se lembrem de 
quem morava ali, quais histórias da família aconteceram lá, como era por dentro e mui-
tas outras coisas; pode ser que apareça na foto parte da rua, e aí vem a memória sobre 
os vizinhos, o bairro e muitos outros detalhes e fatos. 
Mas, afinal, o que essa foto tem a ver com patrimônio?
8
9
Cada uma daquelas pessoas vai comentá-la, mostrá-la, destacar detalhes e acrescentar 
outros tantos fatos que surgirem a partir dela para amigos, filhos, netos. Dessa forma, 
as pessoas que não estavam lá ou não viveram aquela época passam a saber “como foi 
aquele dia”! Essa foto, em particular, evidencia e mantém vivas as memórias, os hábitos, 
as tradições daquela família.
Pode não parecer, mas isso é preservar um patrimônio: o patrimônio da cultura 
daquela família.
Quando falamos para alguém sobre “aquela brincadeira de quando era criança”, 
“aquela música”, “aquele tipo de dança”, “aquele doce”, “aquela festa da cidade”, “aquele 
jeito de tentar encontrar um amor” e muitos outros “aqueles” que guardamos com cari-
nho quando foram bons e lembramos quando não foram, não percebemos, mas todos 
eles formam o que cada um de nós é.
Cada um tem uma história que vai sendo passada para os outros em conversas, en-
contros, em diferentes momentos. Elas se entrelaçam, fortalecendo pontos em comum 
e destacando detalhes distintos. Acabam formando um todo em que, em momentos 
coletivos, por exemplo, em uma festa típica, os valores e significados da data, das co-
midas, das músicas, das danças e dos trajes são compreendidos e vividos pela maioria 
dos participantes da festa e passados aos que não os compreendem, dessa forma, esses 
valores são reforçados e vão se tornando cada vez mais consistentes, mais permanentes: 
isso também é preservar um patrimônio!
Esses exemplos mostram como o patrimônio cultural nacional é perpetuado de modo 
informal, mas fundamental.
Quando se percebe o valor de um bem, mas ele ou sua identidade original já não 
existem, é por meio dos “guardados” de quem esteve lá, de quem o usou ou mesmo 
de quem soube sobre ele, que a memória desse bem pode ser oficialmente resgatada, 
registrada e assim preservada.
As principais fontes de registro e preservação são particulares, como construções, 
mobiliário, álbuns de família, objetos domésticos, brinquedos, roupas e acessórios, 
objetos de trabalho, equipamentos dos mais diversos, obras de expressão artística, livros, 
música e muitos outros tipos.
Breve História da Definição 
de Patrimônio no Brasil
A preocupação governamental com o preservar e salvar nosso patrimônio aparece 
inicialmente em 1923, com o projeto de lei do deputado Luiz Cedro sugerindo a criação 
de uma Inspetoria dos Monumentos Históricos dos Estados Unidos do Brasil, a fim de 
conservar os imóveis públicos ou particulares que apresentassem um interesse nacional 
do ponto de vista histórico. 
Em 1925, o jurista Jair Lins apesenta outro projeto de lei, no qual os móveis ou 
imóveis cuja conservação pudesse interessar à coletividade por motivo histórico ou 
9
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
artístico seriam catalogados na forma da lei, e sobre eles a União ou os estados teriam 
direito preferencial. 
Somente em 1936, a pedido das autoridades do setor, o escritor paulista Mário de 
Andrade elabora projeto propondo definições sobre Patrimônio Artístico Nacional, como 
sendo “todas as obras de arte pura ou de arte aplicada, popular ou erudita, nacional ou 
estrangeira, pertencentes aos poderes públicos, a organismos sociais, a particulares nacio-
nais, a particulares estrangeiros, residentes no Brasil” (LEMOS, 2013, p. 39).
Mário de Andrade (1893-1945) foi paulista, poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclo-
rista, ensaísta e fotógrafo. Uma das principais figuras por trás da Semana da Arte Moderna de 
1922, também conhecida como Semana de 22, que reformulou a literatura e as artes visuais no 
Brasil. Autor, entre outros, de Pauliceia Desvairada (1922) e Macunaíma (1928).
No texto de Mário de Andrade, as palavras “obras de arte” resguardavam a totalidade 
dos bens culturais de nosso Patrimônio Cultural.
Segundo ele “arte é uma palavra geral que, nesse seu sentido geral, significa a 
habilidade com que o engenho humano se utiliza da ciência, das coisas e dos fatos” 
(LEMOS, 2013, p. 40).
O projeto de Mário de Andrade agrupava as obras de arte em oito categorias:
1. Arte arqueológica;
2. Arte ameríndia; 
3. Arte popular;
4. Arte histórica;
5. Arte erudita nacional;
6. Arte erudita estrangeira;
7. Artes aplicadas nacionais;
8. Artes aplicadas estrangeiras.
Sendo a definição de cada categoria:
• 1 e 2 – Arte arqueológica e arte ameríndia: objetos, instrumentos de caça, de 
pesca, de agricultura, objetos de uso doméstico, veículos, indumentárias, jazidas 
funerárias, sambaquis, inscrições rupestres, elementos de paisagens e meio 
ambiente, vocabulários, cantos, lenda, magias, medicina e culinária dos índios;
Ameríndia: relativa à arte do índio americano;
Indumentária: história do vestuário, ou de hábitos relacionados com o traje em deter-
minada época, local e cultura;
Sambaquis: acumulação pré-histórica de moluscos marinhos, fluviais ou terrestres realizada por 
índios. Frequentemente, encontram-se ossos humanos, objetos de pedras,chifres e cerâmica;
Rupestres: inscrições, desenhos, gravuras e entalhes realizados em rocha e cavernas 
por primitivos.
10
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• 3 – Arte popular: variados tipos de artefatos do povo, do folclore e tudo que trata 
da etnologia, inclusive da arquitetura em se tratando de múltiplas construções, como 
capelinha de beira de estrada, manifestações culturais, música, usos, costumes, saberes 
e saber fazer ;
• 4 – Arte histórica: uma variedade de bens culturais “que de alguma forma refletem, 
contam, comemoram o Brasil e a sua evolução nacional” (LEMOS, 2013, p. 41). 
Artefatos, gravuras, mapas, porcelanas, livros, impressos referentes à história bra-
sileira; obras de arte arquitetônica, escultórica, pictórica que, mesmo sem valor es-
tético, tivessem sido parte de momentos históricos significativos, como a Ilha Fiscal 
(RJ), o Palácio dos Governadores em Ouro Preto (MG) ou a casa de Tiradentes em 
São João del Rei (MG), deveriam ser conservados tais como estavam ou recompos-
tos em sua imagem histórica, bem como ruínas, igrejas, fortes, solares e outros. De 
forma geral, deveriam ser conservados exemplares típicos que representassem as 
diversas escolas e os estilos arquitetônicos que se refletiram no Brasil.
» Ilha Fiscal (Rio de Janeiro -RJ), 1881: apresenta valor histórico por ter sido 
palco da última grande festa do Império antes da Proclamação da República, o 
famoso baile da Ilha Fiscal. Seu nome se deve ao fato de haver abrigado o posto 
da Guarda Fiscal do porto, no século XIX. O edifício, de autoria de Adolpho 
Del Vecchio, é um pequeno chateau em estilo gótico provençal (como pode ser 
visto na Figura 1), inspirado nas concepções do arquiteto francês Viollet-le-Duc. 
Ostenta, na fachada, o brasão da família Imperial, o qual, logo após a República, 
se pensou em retirar, mas foi mantido, por ser considerado por Del Vecchio 
como uma obra de arte da cantaria, feita por um artista que havia ficado cego. 
Dessa data em diante, o edifício da Ilha Fiscal foi consagrado como imperecível obra 
de arte e patrimônio de uma era, por ostentar decoração inspirada na monarquia.
Hoje é um museu histórico cultural, subordinado à Diretoria do Patrimônio Histó-
rico e Cultural e Documentação da Marinha ;
Figura 1 – Ilha Fiscal (1881) – local do último baile Imperial antes da Proclamação da República
Fonte: Wikimedia Commons
11
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
 » Palácio dos Governadores (Ouro Preto-MG), 1741: é a primeira edificação na 
antiga Vila Rica do Pilar, construída em pedra e cal, aproveitando itacolomito e 
quartzito abundantes na região. Projeto do arquiteto português Manuel Francisco 
Lisboa (pai do “Aleijadinho”), foi construído no local da Antiga Casa de Fundição 
e da Moeda, que estava em ruínas. Apesar de ser um edifício de caráter civil, tem 
configuração de fortificação, com guaritas e peças de artilharia. Em 1786, parte 
da edificação foi demolida para a construção da Escola de Minas e Metalurgia, 
que funciona até os dias de hoje. 
Na Figura 2, é possível perceber nos extremos esquerdo e direito as guaritas circu-
lares, características de edificações fortificadas;
Figura 2 – Palácio dos Governadores de Ouro Preto-MG, 1741
Fonte: Wikimedia Commons
• 5 – Arte erudita nacional e arte erudita estrangeira: em um amplo leque, todas 
e quaisquer manifestações de arte de artistas nacionais ou estrangeiros;
• 6 e 7 – Artes aplicadas nacionais e estrangeiras: mobiliário, talha, tapeçaria, 
joalheria, decorações, murais e outras.
O projeto de Mário de Andrade propunha catalogar todas as manifestações culturais 
do brasileiro, como música, artefatos, usos e costumes, seu “saber”, seu “saber fazer”. 
Pretendia a criação de museus dedicados a vários saberes, como a cultura do café, do 
algodão, do açúcar, da laranja, da carnaúba, da borracha, mostrando a ciência sobre elas, as 
técnicas de cultivo, de beneficiamento, os equipamentos (montados e desmontados). 
O projeto era realmente inovador, no entanto, não havia, na época, estrutura admi-
nistrativa ou de verbas para aplicá-lo. 
A organização de bens culturais proposta por Mário de Andrade é recomendada 
internacionalmente nos dias de hoje. 
Em 1937, no Ministério da Educação, chefiado por Gustavo Capanema, é criado o 
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que deixa explícito, 
12
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no nome do órgão de proteção, a preocupação com o “Histórico” em relação ao 
patrimônio, o que no projeto de Mário de Andrade não era tão claro.
Mesmo antes da criação do SPHAN, Ouro Preto (MG) foi considerada Patrimônio 
Estadual em 1933 e Monumento Estadual em 1938, sendo a primeira cidade do Brasil 
a ser preservada, não por características urbanísticas significativas, mas para a proteção 
da importância e qualidade do conjunto de suas construções e áreas envoltórias (em torno 
de cada monumento que acabaram por abranger a cidade toda), bem como por sua 
relevância na história do País.
A cidade tem o nome de “Ouro Preto” devido a uma característica do mineral encontrado na 
época: o ouro era escurecido por uma camada de óxido de ferro, dando-lhe tonalidade escura.  
Em Ouro Preto, a Cidade Histórica foi o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio 
Histórico Mundial (UNESCO, 1980), dado pela autenticidade, integridade e originalidade de 
seu panorama urbano, uma obra do gênio humano, pela importância histórica como sede 
da Inconfidência, pela relevância de seus principais monumentos religiosos, pela produção 
dos mestres Aleijadinho e Ataíde, que deixaram obras consideradas os primeiros sinais de 
uma genuína brasilidade.
A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 216 e no § 1º, diz:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza 
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos 
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: […]
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
[…]
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados 
às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º. O Poder Público, com a colaboração da comunidade promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, 
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas 
de acautelamento e preservação.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, disponível em: https://bit.ly/39hoY8U 
13
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
Patrimônio Material 
Os bens culturais de valor material são protegidos por diferentes legislações a serem 
aplicadas, dependendo da natureza do bem. Como instrumentos de proteção, podem 
ser citados: 
• Valoração do Patrimônio Cultural Ferroviário;
• Chancela da Paisagem Cultural;
• Patrimônio Arqueológico;
• Tombamento:
 » Tombamento de Conjuntos Urbanos (Cidades Históricas);
 » Tombamento de Museus e Acervos;
 » Tombamento de Fortalezas e Fortes.
Valoração do Patrimônio Cultural Ferroviário 
Quando a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) foi extinta, por meio da Lei 
11.483/2007, foi atribuída, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(Iphan) a obrigação de “receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, 
histórico e cultural, oriundos somente da extinta RFFSA, zelando pela sua guarda e 
manutenção” (BRASIL, 2007). 
Cabe também ao Iphan, a preservação e a difusão da Memória Ferroviária constitu-
ída pelo patrimônio artístico, cultural e histórico do setor ferroviário, que serão promo-
vidas mediante:
I – Construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equi-
pamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, 
bem como de suas coleções e acervos;
II – Conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, 
sítiose demais espaços oriundos da extinta RFFSA. 
Permanecem como responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de 
Transportes (DNIT) os bens operacionais.
Chancela da Paisagem Cultural 
Instituída por meio da Portaria Iphan nº. 127/2009, reconhece a importância cultural 
de partes específicas do território nacional, que representam o processo de interação do 
Homem com o meio natural, em uma relação equilibrada e correta. 
São exemplos da Paisagem Cultural as relações entre o sertanejo e a caatinga, o 
candango e o cerrado, o boiadeiro e o pantanal, o gaúcho e os pampas, o pescador e 
os contextos navais tradicionais, o seringueiro e a floresta amazônica. 
14
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A “chancela” é uma “certificação” do Iphan de que existe equilíbrio e proteção nessas 
relações entre Homem e meio ambiente, e, caso deixe de existir, ela pode ser retirada.
Patrimônio Arqueológico
A proteção do Patrimônio Arqueológico é garantida pelo Decreto-Lei nº 25 de 1937. 
No entanto, a Lei Federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961, em seu artigo 1º e parágrafo 
único, estabeleceu proteção específica. Já a Constituição Brasileira de 1988 incluiu os 
bens arqueológicos no conjunto do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Lei Federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961:
 Art. 1º. Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer na-
tureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se 
encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público [...] 
Parágrafo único . A propriedade da superfície, regida pelo direito co-
mum, não inclui a das jazidas arqueológicas ou pré-históricas, nem a 
dos objetos nela incorporados [...] 
Incluem-se nessa proteção: sambaquis, poços sepulcrais, jazigos, os sítios nos quais 
se encontram vestígios de ocupação pelos paleoameríndios, tais como grutas, lapas e 
abrigos sob rocha; os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso 
prolongado ou de aldeamento, “estações” e “cerâmicos”, nos quais se encontram ves-
tígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico; as inscrições rupestres 
ou locais como sulcos de polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de 
paleoameríndios.
A Lei nº 3.924, de 1961, deixa claro que toda descoberta deve ser imediatamente 
informada às Superintendências do Iphan. Está clara, também, a importância dos bens 
arqueológicos como elementos que representam os grupos humanos formadores da 
identidade da sociedade brasileira e que, por meio deles, é possível identificar conhe-
cimentos e tecnologias que mostram anos de adaptação humana ao ambiente, além 
da produção de saberes tradicionais brasileiros. 
O Brasil possui 18 bens arqueológicos tombados em todo o território, que incluem 
sítios e coleções arqueológicas localizadas em museus. 
Tombamento 
Instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, é o mais antigo 
instrumento de proteção do Iphan. Proíbe a destruição de bens culturais tombados, 
colocando-os sob vigilância do instituto. Entre as categorias de bens tombados, estão:
• Tombamento de Conjuntos Urbanos (Cidades Históricas);
• Tombamento de Museus e Acervos;
• Tombamento de Fortalezas e Fortes. 
15
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
Tombamento de Conjuntos Urbanos (Cidades Históricas)
O conjunto urbano pode ser considerado de valor, por ser uma das aldeias fundadas 
pelo Padre José de Anchieta (Aldeia de Carapicuíba – Carapicuíba-SP), por se destacar 
pela extraordinária beleza natural e importância histórica (Paraty-RJ), por representar o 
importante ciclo da borracha (Manaus-AM e Belém-PA), por ser a cidade natal do pintor 
Pedro Américo, autor da pintura “O Grito do Ipiranga” (Areia-PB), por ser um marco do 
modernismo no mundo e Patrimônio Cultural Mundial (Brasília-DF), por ter sido palco 
de importantes eventos históricos na Revolução Farroupilha – Guerra dos Farrapos, 
deflagrada no Rio Grande do Sul (Laguna-RS).
Tombamento de Museus e Acervos
Por definição, museu é uma instituição, sem fins lucrativos, dedicada a buscar, conservar, 
estudar, educar e expor, de forma pública, objetos de interesse duradouro, de valor artístico, 
histórico e cultural. 
No Brasil, o museu mais antigo foi o Museu Real, fundado em 1818 por D. João VI. 
Incorporou o acervo da antiga Casa de História Natural, chamada de Casa dos Pássaros, 
criada em 1784, além do acervo de outras coleções de mineralogia e zoologia. Foi 
considerado o mais importante museu do gênero na América do Sul. O museu tinha 
por objetivo a promoção socioeconômica do País pela difusão de educação, cultura e 
ciência. Ficava no Campo de Santana, na cidade do Rio de Janeiro. 
Em 1892, o Museu Real foi transferido para o parque da Quinta da Boa Vista, na 
mesma cidade, sendo instalado no Palácio de São Cristóvão, que serviu de residên-
cia da família Real portuguesa de 1808 a 1821, passando a ser residência da família 
Imperial brasileira de 1822 a 1889, e veio a ser sede da primeira Assembleia Constituinte 
Republicana de 1889 a 1891.
Em 1892, passou a ser chamado de Museu Nacional, sendo um dos maiores museus 
de história natural e de antropologia das Américas, com uma biblioteca com mais de 
470 mil volumes e 2,4 mil obras raras; um acervo incluindo os remanescentes do esque-
leto de Luzia, o mais antigo fóssil humano das Américas, e mais de 20 milhões de itens, 
incluindo relevantes registros da memória antropológica e de ciências naturais brasileiras. 
Oferecia cursos de extensão e pós-graduação. Foi tombado em 1938.
No dia 2 de setembro de 2018, o museu sofreu um incêndio de grandes proporções, 
que destruiu quase a totalidade do acervo de exposição, além de registros de dialetos 
e cantos indígenas de comunidades já extintas. Os danos ao edifício, também de valor 
histórico, foram extensos. 
A plataforma “MuseuBR” apresenta o Cadastro Nacional de Museus, faz o mapeamento e a 
atualização das informações dos museus brasileiros desde dezembro de 2015. 
Disponível em: https://bit.ly/3oHCLKq 
16
17
Tombamento de Fortalezas e Fortes 
As fortalezas e os fortes são edificações militares com função de proteção do território. 
As fortalezas são grandes construções, com vários prédios, torres de observação, duas 
ou mais baterias de canhões instaladas em diferentes pontos no interior da edificação, 
enquanto os fortes são menores e possuem uma ou mais baterias de artilharia, todas 
instaladas no mesmo local.
No Brasil, a partir do século XVI, foram construídas centenas de fortes e fortalezas 
ao longo do litoral, em pontos estratégicos no interior e em áreas de fronteiras. Muitos 
desapareceram, de muitos restaram apenas as ruínas e os registros históricos das bata-
lhas pelas quais passaram. Alguns exemplos dessas construções:
• Fortaleza de Santa Cruz da Barra – (Niterói -RJ): Iniciada em 1578, era a princi-
pal defesa do Rio de Janeiro. No início do século XVIII, tornou-se a maior fortaleza 
da América Portuguesa. Os diferentes estilos e programas defensivos resultaram 
em sua forma irregular, como pode ser visto na Figura 3. O Exército Brasileiro 
ainda a utiliza. Foi tombada em 1939 ;
Figura 3 – Fortaleza de Santa Cruz da Barra, 1578 (Niterói-RJ)
Fonte: Wikimedia Commons
• Forte São João (Bertioga -SP): Construído em 1532, para impedir que os indí-
genas usassem o Canal de Bertioga para atacar a cidade de Santos. Em 1555, foi 
usado pelos moradores de São Vicente para expulsarem os franceses no Rio de 
 Janeiro. Desse forte vieram os primeiros relatos sobre a conquista da América, 
feitos pelo artilheiro alemão Hans Staden. A construção atual é de 1750 (Figura 4). 
Foi tombado em 1940 e é sede de museu municipal de Bertioga.
17
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
Figura 4 – Forte São João, 1532 (Bertioga-SP)
Fonte: Wikimedia Commons
Patrimônio Imaterial 
O Decreto nº. 3.551, de 4 de agosto de 2000, institui o Registro de Bens Culturais 
de Natureza Imaterial no Patrimônio Cultural Brasileiro e cria o Programa Nacional do 
PatrimônioImaterial. 
Os bens culturais, antes de serem registrados e, portanto, protegidos pela legislação 
do Patrimônio Cultural Nacional, são classificados de acordo com áreas de valor cultural, 
sendo que para cada área existe um Livro de Registro, e essa proteção somente terá 
efeito após a inscrição em um deles, sendo que a inscrição em um dos livros de registro 
terá sempre como referência a continuidade histórica do bem e sua relevância nacional 
para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira. 
Os Livros de Registro do Patrimônio de Bens Imateriais são:
• Livro de Registro dos Saberes: no qual são inscritos conhecimentos e modos de 
fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
• Livro de Registro das Celebrações: onde são inscritos rituais e festas que marcam a 
vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas 
da vida social;
• Livro de Registro das Formas de Expressão: onde são inscritas manifestações 
literárias, musicais, plásticas, científicas e lúdicas;
• Livro de Registro dos Lugares: no qual são inscritos mercados, feiras, santuários, 
praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas. 
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
 Metrópolis: Cartas de Mário de Andrade
https://youtu.be/ldQNFoOM7nY
Palácio Gustavo Capanema – Bloco 1 
https://youtu.be/A0djDI03s7k
Palácio Gustavo Capanema – Bloco 2 
https://youtu.be/Zn5_9fJ-0Ks
Sítio Rio Patrimônio Mundial 
Assista ao vídeo sobre o Rio de Janeiro como Patrimônio Mundial.
https://bit.ly/2MtZgoA
Dia Nacional do Patrimônio Histórico 
Assista o vídeo sobre o Dia Nacional do Patrimônio Histórico disponível no portal 
do Iphan. 
https://bit.ly/3iKR4g2
19
UNIDADE Introdução aos Conceitos de Patrimônio no Brasil
Referências
BARROS, A.; BARROS, J.; MARDEN, S. Restauração do Patrimônio Histórico: 
uma proposta para a formação de agentes difusores. São Paulo: Senai-SP Editora, 2019.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado, 1988. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/hand-
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