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42 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Unidade II 3 TIPOS SOCIETÁRIOS A partir desse momento, adentraremos o conteúdo acerca dos tipos societários de pessoas jurídicas, constantes no CC. Conforme mencionado no capítulo I desse código, os arts. de 40 a 42 elencam os tipos de pessoas jurídicas admitidas no ordenamento jurídico brasileiro. A começar, teremos as pessoas jurídicas de direito público, que atuam na ordem interna (no interior do território brasileiro) e na ordem externa. A República Federativa do Brasil é soberana e representada pela União Federal, sendo reconhecida pelos demais países como um país com governo, povo e território próprios. Há também as pessoas jurídicas de direito privado, aquelas criadas e consolidadas pela união de esforços e objetivos dos cidadãos brasileiros. Conforme o art. 41, as pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados, o Distrito Federal – possuidor de natureza híbrida, consubstanciando competências e prerrogativas tanto estaduais quanto municipais –, os municípios, as autarquias – inclusive associações públicas –, e as demais entidades de caráter público criadas por lei – contemplam formas inominadas de pessoas jurídicas, admitindo-se a criação de uma nova forma. O parágrafo único desse dispositivo salienta ainda que as entidades privadas pertencentes às pessoas jurídicas de direito público sujeitar-se-ão às normas da lei civil, do direito privado. Temos assim a aplicação de institutos de natureza jurídica híbrida: empresas públicas e sociedades de economia mista que competem em mercado como as demais, obedecendo normas constantes da lei civil e da Lei das SAs, e normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que fiscaliza a atividade de investimentos em ações, mas se sujeitando também às normas de direito público para contratar serviços ou produtos da atividade-meio e aplicando concursos públicos de provas e títulos para seleção de mão de obra. Finalmente, chegamos ao conteúdo nuclear, o art. 42, especificador das pessoas jurídicas de direito privado: associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e empresas individuais de responsabilidade limitada (Eirelis). Interessa-nos o conteúdo do inciso II do art. 44, as sociedades, porém será necessário tecer comentários e mais algumas considerações antes de adentrarmos nesse conteúdo. De acordo com o art. 52 do CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção aos direitos de personalidade. Isto é, uma sociedade empresarial pode reclamar judicialmente o resguardo do direito de imagem, de nome e honra objetiva (aquela que a coletividade tem a respeito da sociedade). A proteção se dá, por exemplo, contra boatos ou em defesa de fatos, como a denúncia feita por um consumidor de que foram encontrados restos mortais de ratos dentro de uma embalagem fechada de 43 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL salgados. Verdade ou boato, afeta a honra objetiva, a imagem que a sociedade tem daquela empresa e, respectivamente, do produto. Outro ponto importante está no art. 45, que nos traz uma característica fundamental para a validação jurídica: a existência legal da PJ de direito privado tem início com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, necessitando de autorização ou aprovação do Poder Executivo somente quando for necessário, ou seja, não é a regra necessitar de alguma ratificação por parte dos órgãos do Poder Público. Ainda conforme o disposto no CC, o art. 46 mencionará o que deve constar no registro. Entre os requisitos necessários estão a discriminação da denominação, dos fins; a sede, o tempo de duração e o fundo social, se houver; o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; a responsabilidade dos membros pelas obrigações sociais; condições de extinção e destinação do patrimônio; e representação judicial da sociedade. A partir do início da existência formal da pessoa jurídica, ela se tornará sujeito de direitos e deveres na ordem jurídica, atuando por meio de seus representantes legais e administradores. Possuirá patrimônio distinto dos bens pertencentes aos seus administradores e idealizadores, cujos detalhes estarão mais à frente ao tratarmos da responsabilidade dos sócios. Nasce da validação da personalidade jurídica uma ficção jurídica atuante no combate a crimes financeiros e fraudes: o fenômeno da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, conhecida no direito anglo-saxão como disregard of legal entity ou ainda disregard doctrine. Não raramente é utilizada a expressão “levantar o véu” em países estruturados na commow law (piercing the corporate veil), que é o sistema jurídico em que as leis são baseadas e consolidadas com base nos costumes e na jurisprudência (leis não escritas), sendo corolários países como Estados Unidos e Inglaterra. O Brasil é classificado como civil law, que tem como fonte do direito as leis. Devido ao atuante papel do Supremo Tribunal Federal (STF) no ativismo judicial, sanando questões pertinentes à toda sociedade civil antes mesmo de o direito demandado estar positivado; discute-se se estaríamos entrando em um sistema misto, marcado predominantemente pela lei escrita, mas sendo gradualmente modificado conforme a jurisprudência, que é a reiteração de decisões judiciais no mesmo sentido, consolidando, portanto, lei não escrita. Dando sequência, o instituto mencionado consiste em afastar os efeitos e características da personalidade da pessoa jurídica para atingir diretamente administradores de má-fé, que se utilizam da sociedade para mascarar práticas ilícitas ou desviar a finalidade institucional. Não há propriamente a despersonalização da pessoa jurídica, ou o seu desfazimento, mas sim a desconsideração da personalidade para atingir um determinado propósito. Os requisitos necessários para a prática do fenômeno encontram-se no artigo a seguir mencionado: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas 44 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou sócios da pessoa jurídica […] (BRASIL, 2002, grifos nossos). O dispositivo vislumbra a teoria maior da desconsideração, consistindo na necessidade do cumprimento dos requisitos de abuso da personalidade jurídica pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Não apenas está expressa no CC, mas em algumas outras legislações, buscando responsabilizar o administrador ou o sócio que desvia a finalidade da sociedade. No direito ambiental, encontramos previsão no art. 4º da Lei n. 9.605/1998: “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente” (BRASIL, 1998). No âmbito do direito consumerista, a Lei n. 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), prevê o fenômeno jurídico nos seguintes termos: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração (BRASIL, 1990b). Consta no § 5º do dispositivo outra hipótese para aplicação do expediente, que ocorre quando houverobstáculos ao ressarcimento dos prejuízos causados aos consumidores. Os tribunais do País entendem que o § 5º do art. 28 do CDC e o art. 4º da Lei n. 9.605/1998 tratam da teoria menor da desconsideração, que estabelece não haver necessidade de comprovação de abuso de poder ou desvio de finalidade, bastando apenas haver o obstáculo para ressarcimento de prejuízos. Assim nasce a polêmica no campo doutrinário sobre o risco inerente da atividade econômica resultar na desconsideração da personalidade da pessoa jurídica no trato com os consumidores. Para fins didáticos, segue julgado do STJ sobre o tema: Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, 45 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos (REsp. 279.273/SP, 2000/0097184-7 – STJ – 3ª T., Relator(a) Min. Nancy Andrighi. j. 4/12/2003. DJ, 29/3/2004, grifos nossos). Por fim, na esfera tributarista, é provável ocorrer a hipótese de que uma pessoa jurídica não consiga satisfazer um crédito tributário com os recursos oriundos de seu patrimônio, sujeitando, então, a obrigação ser complementada por sócios ou administradores. Para tanto, a Lei n. 5.172/1966, CTN, prevê as seguintes responsabilizações: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; 46 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I – as pessoas referidas no artigo anterior; II – os mandatários, prepostos e empregados; III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (BRASIL, 1966, grifos nossos). 3.1 Classificação das sociedades As classificações têm uma função unicamente didática, não havendo consenso doutrinário sobre todas as formas utilizadas para nomear tipos societários. Primeiramente, podemos classificar as formas societárias com base na metodologia utilizada pelo próprio CC: sociedades personificadas, constantes dos arts. 997 a 1.141, e sociedades não personificadas, arts. 986 a 996. Essas denominações utilizam o critério de haver ou não o registro dos atos constitutivos nos moldes do art. 985. Assim, as sociedades personificadas são aquelas que foram registradas devidamente: sociedades simples, sociedades anônimas, sociedades limitadas, sociedades cooperativas, sociedades em comandita simples, sociedades em comandita por ações e sociedades em nome coletivo. 47 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Quanto às sociedades não personificadas, temos: sociedades em comum e sociedades em conta de participação. A fim de tornarem mais claras as divisões quanto à personificação ou não da sociedade empresarial, segue um quadro esquematizado, de acordo com o CC: Quadro 5 – Sociedades constantes no CC Sociedades personificadas (arts. 997 ao 1.096) Sociedades não personificadas (arts. 986 ao 996) Sociedade simples Sociedade em comum Sociedade em nome coletivo Sociedade em conta de participação Sociedade em comandita simples Sociedade limitada Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Sociedade cooperativa Observe que não foi adicionada no quadro a sociedade coligada, porquanto não é uma forma própria e plena de sociedade, e sim a caracterização de controle que outra sociedade possui sobre a outra. Assim, qualquer sociedade que possui o capital dividido em quota ou ações pode ser uma coligada de outra sociedade, e, dessa forma, a sociedade coligada será também uma sociedade limitada ou uma sociedade anônima. Posteriormente, ainda com base na sistemática do CC e de outras leis, como a Lei das SAs e o CTN, podemos estabelecer a classificação conforme a responsabilidade dos sócios. Dentro desse quesito, teremos as sociedades limitadas e as sociedades ilimitadas. Devemos observar o conteúdo explanado pelo jurista Fábio Ulhoa Coelho (2011, p. 142-143). A responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade empresária é sempre subsidiária. À vista do disposto no art. 1.024 do CC e art. 596 do CPC, que asseguram aos sócios o direito de exigirem o prévio exaurimento do ativo do patrimônio social, a subsidiariedade é a regra na responsabilização deles por obrigações da sociedade. Quando a lei qualifica de “solidária” a responsabilidade de sócios — ao delimitar a dos membros da N/C (CC, art. 1.039) dos comanditados da C/S (art. 1.045), dos diretores da C/A (art. 1.091) ou dos da limitada em relação à integralização do capitalsocial (art. 1.052) —, ela se refere às relações entre eles; quer dizer, se um sócio descumpre sua obrigação, esta pode ser exigida dos demais, se solidários. […] O direito brasileiro da atualidade não conhece nenhuma hipótese de limitação de responsabilidade pessoal. Assim, quando a sociedade estiver respondendo por obrigação sua, terá responsabilidade ilimitada; também 48 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II o sócio, quando responder por ato seu, ainda que relacionado com a vida social, terá responsabilidade ilimitada. Somente se concebe, no presente estágio evolutivo do direito nacional, a limitação da responsabilidade subsidiária. Os sócios respondem, assim, pelas obrigações sociais, sempre de modo subsidiário, mas limitada ou ilimitadamente. Observação A obrigação dos sócios perante a sociedade empresária será sempre subsidiária: primeiro, a obrigação é satisfeita com o patrimônio da pessoa jurídica, para só depois, quando não for completamente adimplida, ser complementada com o patrimônio pessoal dos sócios. Serão sociedades ilimitadas aquelas em que os sócios respondam subsidiariamente pelas obrigações contraídas pelas sociedades. Isto significa que, quando o patrimônio próprio da sociedade não for capaz de satisfazer toda obrigação contraída, será plausível a persecução judicial contra o patrimônio dos sócios cumpri-la. São, portanto, sociedades ilimitadas: sociedades simples, sociedade em comum, sociedade em nome coletivo e sociedade cooperativa, dentro da possibilidade contemplada no art. 1.095 do CC. Podemos encontrar entendimentos jurisprudenciais distintos, por exemplo, de que apenas a sociedade em nome coletivo seria a única forma de sociedade com responsabilidade ilimitada atualmente. Em sentido contrário, as sociedades limitadas consistem nas que o sócio só responde até determinado valor, como o limite das quotas ou ações que possuam. Podemos citar as sociedades anônimas, sociedades limitadas e sociedades cooperativas, conforme possibilita o art. 1.095. Vale mencionar que pode haver formas societárias que contemplem a responsabilidade híbrida: determinados sócios respondem ilimitadamente e outros não. Possuem tal característica as sociedades em comandita simples, sociedade em comandita por ações. Sob o foco da forma legal do ato constitutivo, teremos as categorias discriminadas em sociedades institucionais e sociedades contratuais. Há uma base conceitual histórica para a devida classificação: O fenômeno da personificação societária é explicado em parte por diversas teorias a respeito, das quais convém destacar a Teoria Contratualista, a Teoria Institucionalista e a Teoria Organizativa. A Teoria Contratualista, originária do Direito Romano, baseia-se na affectio societatis como elemento unificador dos interesses dos sócios em torno do contrato de sociedade. 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL O aspecto nitidamente privatístico da Teoria Contratualista faz com que a sociedade priorize exclusivamente o interesse de lucro dos sócios, em detrimento de qualquer interesse social que se possa atribuir à sociedade como um todo, como acontece frequentemente com a sociedade limitada. Por seu turno, a Teoria Institucionalista pressupõe a sociedade como uma instituição, impessoal e com interesse próprio (o interesse social), distinto do interesse pessoal dos seus sócios. O conceito institucionalista advém, em sua essência, da teoria do Estado, tendo Maurice Hauriou (Teoria dell Instituzione e dela fondazione) um de seus expoentes. Nesse sentido, a sociedade, enquanto instituição, deve sobrepor-se aos seus integrantes, sendo que estes, ao tomarem parte na sociedade, aderem a um modelo (estatuto) preestabelecido através do ato inicial de constituição, não mais existindo a necessidade posterior da affectio societatis entre os sócios para o prosseguimento da sociedade. […] Mais recentemente, a Teoria Institucionalista foi aperfeiçoada, dando origem a uma ramificação denominada Teoria do Contrato-Organização ou simplesmente Teoria Organizativa, que procura associar a impessoalidade do institucionalismo à noção de função social do contrato e função social da propriedade, de modo a conduzir o interesse social a atender a esse objetivo maior, tendo como expoentes Daniel Easterbrook e Frank Fischel, bem como no Brasil, Calixto Salomão Filho (GOMES, 2018, p. 120-121). Cumpre esclarecer o significado da expressão latina affectio societatis mencionada: constitui-se na vontade ou ímpeto (elemento subjetivo) de manter uma atividade empresarial. Diante de todo o exposto, conclui-se que sociedades contratuais, aquelas constituídas por meio de um contrato social, serão: sociedades simples, sociedades limitadas, sociedades em comandita simples e sociedades em nome coletivo. Quanto às sociedades institucionais, aquelas que permitem que novos sócios participem sem manter vínculos jurídicos complexos ou ânimo participativo, bastando adesão ao estatuto social constituído em assembleia, temos: as sociedades por ações e as sociedades em comandita por ações. Predominantemente vemos as sociedades anônimas de capital aberto. Por fim, temos a classificação conforme composição, podendo contemplar duas formas: sociedades de pessoas (intuitu personae) e sociedades de capital (intuitu pecuniae). Nas palavras do professor André Luiz Santa Cruz Ramos, teremos a seguinte explicação: Em algumas sociedades, a figura pessoal do sócio tem uma importância muito grande – a affectio societatis, ou seja, o “vínculo psicológico” que une os sócios é muito intenso –, exercendo papel de 50 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II relevo no próprio sucesso do empreendimento. Nessas sociedades, portanto, a entrada de uma pessoa estranha ao quadro social pode afetar seriamente o destino da empresa. Já em outras sociedades, em contrapartida, a figura pessoal dos sócios não tem importância quase nenhuma, importando, na verdade, apenas a contribuição que o sócio dá ao capital social. Nas sociedades em que a figura do sócio é muito importante, chamadas, por isso, de sociedades de pessoas, a entrada de estranhos ao quadro social depende do consentimento dos demais sócios. Por outro lado, nas chamadas sociedades de capital, em que o importante é tão somente o capital investido pelo sócio, a entrada de pessoas estranhas ao quadro social independe do consentimento dos demais sócios (RAMOS, 2017, p. 286). 3.2 Sociedades não personificadas 3.2.1 Sociedades em comum A nomenclatura abarca aquelas sociedades que não tiveram seus atos constitutivos devidamente inscritos no respectivo registro, isto é, uma das formas de sociedades não personificadas. Encontram-se amparadas pelos arts. 986 a 990 do CC. Por não estarem registrados os seus atos constitutivos, não possuem personalidade jurídica própria. Lembrete Haver ou não registrado a sociedade não condiciona a existência dela propriamente, mas apenas o nascimento da personalidade jurídica. Parte majoritária da doutrina entende que o nome sociedade em comum veio para substituir as denominadas sociedade de fato e sociedade irregular, aquela já conceituada anteriormente (sociedade que não constitui o registro de seus atos constitutivos), e esta consistindo em mero sinônimo da primeira ou da sociedade que não deu baixa a seus atos constitutivos após a extinção, conforme a perspectiva adotada na doutrina. Por decorrência lógica, não havendo o registro e consequentemente o nascimento da personalidade jurídica, torna-se difícil distinguir formalmente qual é o patrimônio da sociedade, que não é um sujeito de direitos e deveres na ordem jurídica brasileira, e assim não haverá autonomia patrimonial perante o patrimôniodos sócios ou administradores. O CC classifica, então, o patrimônio da sociedade em comum como condomínio, pela definição constante no art. 988, caput. Os sócios responderão pelas obrigações e dívidas da sociedade em comum de maneira solidária e ilimitada. Assim, caracteriza-se como devedor solidário aquele de quem poderá ser cobrado o montante total da obrigação, não precisando haver divisão do valor da obrigação pelo número de devedores. Pela forma ilimitada de responsabilização, o sócio responde pelo total da obrigação, sem se limitar pelo montante constante da sua participação quotista ou acionista. 51 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Por curiosidade, o CC define responsabilidade solidária nos seguintes termos: Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro (BRASIL, 2002). Pelo princípio constitucional da inafastabilidade da constituição frente à lesão ou ameaça de lesão a um direito, aquele devedor solidário de quem foi cobrado o montante total da obrigação terá direito de regresso frente aos demais devedores que não foram cobrados. A seguinte norma do CC contempla o terceiro de boa-fé que contrata com a sociedade em comum: Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. […] Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais (BRASIL, 2002). Para fins processuais, encontramos previsão na Lei n. 13.105/2015, o novo Código de Processo Civil (CPC), acerca da representação judicial das sociedades em comum: “Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: […] IX – a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens” (BRASIL, 2015b). 3.2.2 Sociedades em conta de participação As sociedades ora mencionadas encontram-se normatizadas pelos arts. 991 a 996 do CC. Encontramos previsão expressa na lei que, apesar de possuir contrato social, sua inscrição não confere personalidade jurídica à sociedade: Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. 52 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier (BRASIL, 2002). Em termos práticos, constitui-se apenas uma conta bancária entre os sócios, ficando os participantes responsáveis pelo aporte de recursos financeiros, enquanto o sócio ostensivo é o que empreende de fato a atividade econômica da sociedade. Vemos então duas formas distintas da participação societária. O sócio ostensivo é o responsável pelos negócios e responde ilimitadamente pelas obrigações contraídas, conforme art. 991. Os sócios participantes, também conhecidos como ocultos, não respondem pelas obrigações da sociedade em conta de participação. Caso realizem tratativas com terceiros, responderão solidariamente com o sócio ostensivo. Para fins de dissolução da sociedade, serão aplicadas as normas atinentes à sociedade simples, e quanto à dissolução, sujeitar-se-á às normas processuais acerca da prestação de contas. Finalizadas essas considerações sobre os dois tipos de sociedades não personificadas, trataremos a partir de agora das sociedades personificadas, todas também encontradas no CC. 3.3 Sociedades personificadas 3.3.1 Sociedades simples Conceitualmente são aquelas sociedades que não empregam atividade economicamente organizada no seu empreendimento. Não se trata de empresa propriamente dita. A natureza da atividade realizada pelas sociedades simples está contida no parágrafo único do art. 966 do CC: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002, grifo nosso). As formas societárias denominadas sociedades simples estão abrangidas pelos arts. 997 a 1.038, do CC, e se constituem das formas a seguir, na letra do art. 983: • Sociedade simples pura (modelo excepcional). • Sociedade em comandita simples. • Sociedade limitada. 53 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL • Sociedade em nome coletivo. • Sociedade em cooperativa. Todas as sociedades simples são sociedades contratuais. Assim, o art. 997 dispõe do conteúdo que deva constar no contrato social, como a qualificação dos sócios; denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; bens que compreendam o capital social; a quota de cada sócio e a sua participação no resultado; e a responsabilização dos sócios. O parágrafo único salienta não surtir efeitos, em relação a terceiros, quaisquer pactos contrários ao que estiver disposto no contrato social. Devemos salientar que quaisquer modificações realizadas em alguma das matérias do art. 997, I ao VIII, dependerão do consentimento de todos os sócios. Mudanças de outras naturezas poderão ser realizadas por maioria absoluta dos votos, caso o contrato social não estipule unanimidade. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil de Pessoas Jurídicas do local de sua sede, conforme o art. 998. Cumpre mencionar que o objeto, mencionado no inciso II, constante no contrato social, determina se a sociedade simples será empresarial ou não. A partir disso, caso realize atividade empresarial propriamente, deverá ser registrada na junta comercial. Existe o ardil de manter uma sociedade com atividade econômica organizada registrada como atividade não empresarial para driblar o instituto da falência. De acordo com o art. 1.004, ainda do CC, os sócios são obrigados às contribuições estabelecidas no contrato social, respondendo pelo seu descumprimento. O sócio participará dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas; porém, quando a contribuição consistir em serviços, a participação dos lucros será mensurada conforme a média do valor dessas quotas. Prevê o CC ser nula cláusula contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. Acerca de benefícios ilícitos, o art. 1.009 nos diz que distribuir lucros ilícita ou ficticiamente acarretará a responsabilidade dos administradores e dos sócios na modalidade solidária. E acerca da administração social, devemos distinguir a figura do sócio da do administrador. Para isso, mantemo-nos com a seguinte explicação: O elemento central que distingue, em princípio, o sócio do administrador, é o fato de que o sócio é titular de uma participação societária (quota ou ação) representativa de parcela do capital social; possui, assim, um direito de propriedade em relação à sociedade. Por seu turno, o administrador é pessoa natural admitida pelos sócios unicamente para a gestão dos negócios, ou seja, para a condução da sociedade (GOMES, 2018, p. 139, grifos nossos). Por questões de economicidade e pragmatismo,muitas vezes em sociedades pequenas e de médio porte, um sócio ou proprietário acaba exercendo a função de administrador, denominado como sócio administrador. 54 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Por razões de complexidade, nas sociedades de grande porte, vemos a distinção clara entre sócios e administradores: os primeiros permanecem exclusivamente como titulares de parcela do capital social, e a administração e gestão são realizadas por administradores profissionais. O CC prevê a responsabilidade solidária entre os administradores perante sociedade e terceiros prejudicados, por hipóteses de culpa no desempenho das funções. Salientamos, portanto, haver a possibilidade do direito de regresso entre os administradores solidários. No art. 1.011 há hipóteses de vedação para o exercício de administrador; a seguir, elencados de modo mais claro: • Pessoas impedidas por lei especial. Leis específicas determinam que determinadas pessoas investidas em determinadas condições não possam assumir a administração de empresas, como os agentes públicos, inclusos membros da Magistratura e do Ministério Público. • Condenados a pena que vede acesso a cargos públicos, ainda que temporariamente. Ou seja, condenados por improbidade administrativa. • Condenados por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato. Os crimes falimentares estão relacionados na Lei n. 11.101/2005, e os demais mencionados dizem respeito aos crimes contra a administração pública. Vale mencionar que não há tipo penal denominado peita, mas significa a corrupção ativa ou passiva, e, ainda, concussão. • Condenados por crimes contra a economia popular, o sistema financeiro nacional, as normas de defesa da concorrência, as relações de consumo. Todos aqui elencados tratam de crimes que afetam a economia e o mercado como um todo. • Condenados por crimes contra a fé pública e à propriedade. Trata-se de casos envolvendo fraudes com registros oficiais, afetando inclusive o direito de propriedade (fraudes com inventário). A respeito da dissolução e da liquidação de sociedades simples, teremos como norte os arts. 1.028 ao 1.038. No caso da morte de sócio, sua quota será liquidada, exceto quando o contrato dispuser de modo diferente, se os sócios remanescentes optaram pela dissolução da sociedade, ou, por fim, se os herdeiros acordarem em regular a substituição do sócio falecido. Há a possibilidade de o sócio ser excluído por via judicial, por falta grave no cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade superveniente. Também será excluído de pleno direito o sócio declarado falido. Acerca da dissolução, o art. 1.033 traz as seguintes hipóteses: Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; 55 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL II – o consenso unânime dos sócios; III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código (BRASIL, 2002). Há a possibilidade de dissolução por meio judicial, a requerimento de qualquer dos sócios, quando a sua constituição for anulada ou quando seu fim social se exaurir ou se tornar inexequível, de acordo com o art. 1.034. O contrato social pode dispor sobre outras formas de dissolução. Após a dissolução, os administradores deverão providenciar a investidura do liquidante, eleito por deliberação dos sócios, restringindo a gestão aos negócios inadiáveis e sendo vedadas novas operações, sob pena de responsabilizarem-se solidária e ilimitadamente. 3.3.1.1 Sociedades cooperativas Cooperativas são sociedades peculiares, de natureza simples, portanto, não empreendem atividade empresarial. No Código Civil, seguem as normas dos arts. 1.093 ao 1.096, possuindo uma legislação específica: Lei n. 5.764/1971 (Lei das Cooperativas). Precipuamente consiste em associados que contribuem com bens ou serviços em prol de uma atividade econômica, tendo os resultados ofertados aos seus membros, art. 4º. Embora estejam classificadas como sociedades simples, a Lei das Cooperativas demanda que seu ato constitutivo esteja registrado na junta comercial, art. 18. De fundamental importância é a possiblidade de o sócio poder responder de maneira limitada ou ilimitada, nos moldes definidos pelo CC: Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. § 1º É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. 56 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II § 2º É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094 (BRASIL, 2002). O art. 4º da Lei das Cooperativas elenca suas principais características: Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: I – adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; II – variabilidade do capital social representado por quotas-partes; III – limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; IV – incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V – singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI – quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de associados e não no capital; VII – retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral; VIII – indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; IX – neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X – prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI – área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços (BRASIL, 1971). 57 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Comparativamente, o CC estabelece características mais genéricas: Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I – variabilidade, ou dispensa do capital social; II – concurso desócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III – limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV – intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V – quórum, para a Assembleia Geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI – direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII – distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII – indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade (BRASIL, 2002). 3.3.2 Sociedades empresárias São aquelas sociedades que desempenham negócios com atividade econômica organizada; são, portanto, empresas, na definição da sistemática do CC. De acordo com o art. 983, podem ser constituídos os seguintes tipos societários: • Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 ao 1.044). • Sociedade em comandita simples (arts. 1.045 ao 1.051). • Sociedade limitada (arts. 1.052 ao 1.087). • Sociedade anônima (arts. 1.088 e 1.089). • Sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 ao 1.092). 58 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II 3.4 Tipos societários 3.4.1 Sociedade em nome coletivo Encontra-se regulada pelos arts. 1.039 a 1.044 do CC, além de ser subsidiariamente disciplinada pelas normas da sociedade simples quando houver omissão do capítulo próprio. O art. 1.041 salienta que o contrato social deve determinar uma firma social para a sociedade, que em nome coletivo consiste na forma societária em que os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. De acordo com art. 1.039, admitem-se apenas como sócios pessoas físicas. Tal limitação tem o propósito de coibir que sociedades de responsabilidade limitada façam parte como sócio em uma sociedade em nome coletivo, desvirtuando seu propósito com fraudes ou inadimplementos dela. É oportuno mencionar, também, que a administração da sociedade é de competência exclusiva do sócio, não admitindo que terceiros profissionais sejam contratados para tais fins. Em face disso, o uso da firma social é privativo daquele que exerce poderes, nos termos do contrato social. 3.4.2 Sociedade em comandita simples Conforme os dispositivos dos arts. 1.045 a 1.051, consiste na sociedade marcada por duas formas para denominar os sócios. Essa distinção nasce pela natureza da responsabilização. Os sócios comanditados são aqueles que respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações societárias. O art. 1.046 demanda que sejam apenas pessoas físicas, submetendo-se aos mesmos direitos e deveres dos sócios pertencentes às sociedades em nome coletivo, no que forem compatíveis. Já os sócios comanditários são responsabilizados de forma limitada, de acordo com o valor da sua quota social. Conforme o art. 1.045, parágrafo único, o contrato social deve discriminar a natureza dos sócios. O sócio comanditário não pode praticar atos de gestão, nem ter o nome constante da firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de comanditado (solidária e ilimitadamente). Porém o parágrafo único do art. 1.047 possibilita que o comanditário poderá constituir procurador para a sociedade, com poderes especiais, para realizar negócios determinados. Outra distinção entre as duas categorias de sócios diz respeito à sucessão. Caso faleça um sócio comanditário, a sociedade permanecerá com seus sucessores, que poderão nomear representantes. Já no caso de um sócio comanditado falecer, os comanditários nomearão um administrador provisório para realizar atos de administração. Caso demore mais de 180 dias para nomear um novo sócio em qualquer uma das categorias, a sociedade dissolve-se de pleno direito, conforme art. 1.051, II, parágrafo único. 59 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL 3.4.3 Sociedade limitada Adentraremos agora numa forma mais complexa de sociedade. Sociedades limitadas estão disciplinadas pelos arts. 1.052 a 1.087. Na omissão do CC acerca de alguma matéria, aplicam-se subsidiariamente as normas concernentes às sociedades simples. Admite-se, alternativamente, aplicação das normas referentes às sociedades de ações, quando houver tal previsão no contrato social. A idiossincrasia desse tipo societário começa a partir da constituição do capital social. Nos moldes do art. 1.055, o capital social divide-se em quotas, de formas iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. Em relação à sociedade, a quota é indivisível, exceto para efeitos de transferência, quando houver omissão do contrato. Não precisará também da audiência dos demais sócios quando ceder suas cotas a demais sócios. No caso de transferi-las para terceiros (outsiders), será possível caso não haja oposição dos titulares de mais de um quarto do capital social. A cessão surte efeitos a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. Após as quotas integralizarem o capital social, o capital poderá ser aumentado, com a devida retificação do contrato. Poderá, ainda, haver a redução do capital, mediante à correspondente modificação do contrato, nas hipóteses do art. 1.082, seguido pelo art. 1.084 do CC: Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I – depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II – se excessivo em relação ao objeto da sociedade. […] Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas. § 1º No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembleia que aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá opor-se ao deliberado. § 2º A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo valor. 60 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II § 3º Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução (BRASIL, 2002). Até a devida subscrição do capital social, os sócios respondem solidariamente até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade, de acordo com o art. 1.055, § 1º. Conforme o art. 1.058, quando não houver integralização da quota de um sócio remisso, os outros podem tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, sem prejuízo das obrigações dos sócios perante às contribuições estabelecidas no contrato social. Acerca da administração social, ela poderá ser, por regra, exercida por quaisquer dos sócios, designados como administradores pelo contrato social. Admite-se também que o administrador seja um terceiro não participante da sociedade como sócio, podendo ser designado não apenas no seu contrato social, mas também em assembleia. Devemos considerar que, na sistemática elaborada pelo CC, há distinção entre administrador social e gerente, cuja definição precisa encontra-se a seguir: Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticartodos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes (BRASIL, 2002). Posto isto, temos que o gerente é um tipo peculiar de preposto da empresa. O CC dispõe sobre o seu papel nos seguintes moldes: Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas. Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação. 61 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL No tocante à designação de administradores não sócios, faz-se necessário cumprir os arts. 1.061 e 1.062. Primeiramente, dependerá da aprovação não unânime dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado; e de dois terços, no mínimo, após a integralização. Já o art. 1.062 trata de formalidades, como a investidura via termo de posse no livro de atas da administração e posterior averbação ao registro competente. O artigo seguinte aos citados determina que cessará o exercício do cargo de administrador pela destituição, a qualquer tempo, do título ou pelo término do prazo quando estiver estipulado no contrato ou ato, no caso de não haver recondução. Devemos estar atentos à recente mudança legislativa no que diz respeito à destituição do administrador. A Lei n. 13.792, de 3 de janeiro de 2019, mudou o quórum de aprovação para destituição de no mínimo dois terços do capital social para mais da metade do capital social: Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução. § 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição contratual diversa (BRASIL, 2002). A produção de efeitos da renúncia do cargo de administrador social, art. 1.063, § 3º, ocorrerá após a comunicação da renúncia, perante a sociedade; ou após a averbação e posterior publicação, em relação aos terceiros. O nome empresarial da sociedade limitada será designado pela firma coletiva ou denominação social, ambos acompanhados da expressão limitada, ou Ltda. Na ausência dessa expressão, o § 3º do art. 1.158 determina a responsabilidade ilimitada e solidária entre os administradores que assim empregarem o nome empresarial. Originalmente pertencente às sociedades anônimas, o conselho fiscal agora poderá fazer parte das sociedades limitadas. Assim, o art. 1.066 prevê a faculdade da constituição de um Conselho Fiscal, composto por três ou mais membros, além dos respectivos suplentes. Admite a possibilidade de serem ou não sócios da empresa, residentes ou não no País. A remuneração devida aos membros será fixada anualmente pela assembleia de sócios que os elegerem. O art. 1.069 fixa as atribuições referentes aos membros do conselho fiscal. Entre elas há o exame dos livros e papéis da sociedade, e do estado do caixa; lavratura de atas e pareceres que subsidiem a sua atividade; denúncia de erros, fraudes ou crimes que descobrirem, além de sugestão de providências a serem tomadas; e lavratura de pareceres acerca dos negócios e operações sociais do exercício social. As atribuições e poderes conferidos ao conselho fiscal pela lei não poderão ser outorgados a outros órgãos da sociedade, submetendo seus membros à regra de responsabilização atinentes aos administradores, que é a constante do art. 1.016: “os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções” (BRASIL, 2002). 62 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II No que concerne à deliberação dos sócios acerca de matérias importantes para o desempenho da atividade empresarial, teremos como norte o art. 1.071, que estabelece entre as principais matérias: aprovação das contas da administração; designação e destituição dos administradores; modificação do contrato social; incorporação, fusão e dissolução da sociedade, ou a cessão da liquidação. Devemos prestar atenção ao último inciso, que fala sobre o pedido de concordata. Tal mecanismo não existe mais no ordenamento jurídico brasileiro, sendo substituído pela recuperação judicial, com o advento da Lei n. 11.101/2005, conhecida como Lei de Falência e Recuperação Judicial. Para o devido tratamento das matérias elencadas, as deliberações sociais serão tomadas em reunião ou em assembleia, de acordo com o contrato social. Alguns critérios devem ser observados: Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. § 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital. § 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. § 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto (BRASIL, 2002). A convocação das assembleias ou reuniões poderá ser realizada pelos sócios ou pelo conselho fiscal, art. 1.073. O inciso II desse artigo refere-se como sua atribuição convocar assembleia dos sócios quando a diretoria retardar por mais de trinta dias a convocação anual, ou sempre que ocorrerem motivos graves e urgentes. O CC estabelece o quórum adequado para as matérias elencadas no art. 1.071, sendo que o caput do artigo a seguir foi modificado pela recente Lei n. 13.792/2019: Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios serão tomadas I – pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071; II – pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071; III – pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada (BRASIL, 2002). 63 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL O caput menciona dois outros dispositivos. O primeiro refere-se à designação de administradores não sócios, que terá quórum unânime quando o capital não estiver integralizado, ou no mínimo dois terços, após integralizado. O art. 1.063, § 1º, não mais mencionado, remete ao sócio administrador nomeado constante do contrato, que será destituído por intermédio do quórum de mais da metade do capital social, salvo disposição diversa no contrato. A atualização legal, já de 2019, excluiu sua disposição específica do art. 1.076. A mencionada lei trouxe mudanças também para o tratamento da dissolução da sociedade para sócios minoritários, trazendo disposições mais claras em prol do resguardo de direitos: Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sóciosestão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa (BRASIL, 2002, grifo nosso). Para facilitar a compreensão de todo o exposto, segue um quadro esquemático dos quóruns necessários e o assunto correspondente: Quadro 6 – Quórum de deliberação na sociedade anônima – art. 1.071 do CC Assunto Quórum Aprovação das contas da administração Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Designação dos administradores, quando feita em ato separado Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Destituição dos administradores Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Modificação do contrato social Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Incorporação, fusão, dissolução, ou cessão do estado de liquidação Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Nomeação ou destituição dos liquidantes e o julgamento das contas Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um Pedido de concordata (atualmente: falência) Maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um 64 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Com a devida atenção, a menção ao quórum de deliberação dos assuntos mencionados não está no próprio art. 1.071, mas sim no artigo seguinte, que remete ao art. 1.010, referente às deliberações das sociedades simples. Por fim, trataremos das definições dessas mudanças da estrutura empresarial. A transformação consiste na mudança de um tipo societário para outro. Tal ato independerá de dissolução ou liquidação, obedecendo as disposições regulamentadoras do novo tipo societário (formalidades para constituição e inscrição próprias da nova empresa). Dependerá, também, do consentimento de todos os sócios, via de regra. Terceiros envolvidos, como credores, terão seus direitos preservados perante a empresa. Saiba mais SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). Dissolução de sociedade limitada por acordo e sem partilha inviabiliza a sucessão passiva de seus ex-sócios. Decisão. 2019. Disponível em: <http://www.stj.jus. br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/ Not%C3%ADcias/Dissolu%C3%A7%C3%A3o-de-sociedade-limitada-por- acordo-e-sem-partilha-inviabiliza-a-sucess%C3%A3o-passiva-de-seus- ex%E2%80%93s%C3%B3cios>. Acesso em: 10 jun. 2019. Já a incorporação consiste na absorção da(s) sociedade(s) por outra(s), sucedendo-lhe(s) em direitos e obrigações. Para o devido fim, todas as empresas envolvidas deverão aprovar o ato de incorporação, na forma estabelecida pelos respectivos tipos, art. 1.116. Após essa aprovação, a sociedade incorporada será declarada extinta pela incorporadora, que realizará a averbação em registro próprio. Um fenômeno rotineiro dos noticiários é o caso da fusão, que ocorre quando duas ou mais sociedades se unem para formar uma nova, que as sucederá em direitos e deveres. Será decidida na forma estabelecida pelos respectivos atos das sociedades que pretendem unir-se, art. 1.120. Após a constituição da nova empresa, os administradores inscreverão no registro próprio da sede os atos relativos à fusão realizada. A cisão possui o conceito tratado no art. 229 da Lei das SAs, consistente na operação em que a companhia transferirá parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, podendo estas já existirem ou serem constituídas para o fim de receber a parcela patrimonial. Consiste, portanto, no processo inverso à incorporação ou à fusão. Operações ou transformações societárias: • Transformação. • Incorporação. 65 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL • Fusão. • Cisão. Observação As normas aplicáveis no caso de mudanças societárias da sociedade limitada são semelhantes às das sociedades anônimas. Encontram-se nos arts. 1.113 a 1.122 do Código Civil. Na Lei n. 6.404/1976, a Lei das SAs estão previstas nos arts. 220 a 229. 3.4.4 Sociedade anônima Ao lado das sociedades limitadas, são os modelos societários mais conhecidos na sociedade, estando constantemente retratados nos noticiários, seja para operações complexas no mercado ou denúncias de corrupção. De início, devemos considerar que o CC estabelece normas genéricas para as SAs, estando estas disciplinadas com mais detalhes na Lei n. 6.404/1976, popularmente conhecida como a Lei das SAs. Assim, quando houver omissão sobre um tema nessa lei específica, usaremos o CC para sanar o conflito. Assim, o CC traz dois artigos expressos acerca das sociedades anônimas, sendo que há outros que serão aplicados subsidiariamente no decorrer do diploma cívico: Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código (BRASIL, 2002). Os primeiros artigos da Lei das SAs são simples e diretos em definições, não exigindo observações complexas à essa altura. Poderá ser objeto da atividade da companhia qualquer atividade empresarial sujeita a lucro, vedado àquelas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. A sociedade anônima será designada pela denominação social acompanhada da expressão companhia ou sociedade anônima, podendo tais termos serem abreviados. Conforme o art. 4º, as SAs podem ser de capital aberto e capital fechado, sendo que a lei prioriza o tratamento das companhias de capital aberto. O que difere uma da outra é se os valores mobiliários de sua emissão serão ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários, regulado pela CVM, autarquia federal em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda e instituída pela Lei n. 6.385/1976. 66 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II As sociedades anônimas apresentam as seguintes características na atualidade: a) é um tipo societário apropriado ao desenvolvimento de atividades empresariais de grande porte; b) a estrutura das sociedades por ações foi concebida de modo a possibilitar a captação de recursos econômicos junto ao público, como forma de financiar a sua atividade, sendo por isso considerada uma sociedade de massa; c) atualmente é possível a constituição de uma sociedade por ações com apenas dois acionistas, considerando que no direito pátrio é vedada a constituição de sociedades unipessoais, salvo a sociedade subsidiária integral (art. 251) e a sociedade unipessoal de advocacia (Estatuto da Advocacia e da OAB, art. 15, conforme alterações promovidas pela Lei n. 13.247/2016); d) toda sociedade por ações tem natureza empresária, mesmo que o seu objeto compreenda exclusivamente atividades de prestação de serviços (art. 2º, § 1º); e) toda sociedade por ações é identificada por nome empresarial contendo denominação (expressão de fantasia). Entretanto, é possível o emprego, na denominação, do nome próprio do fundado da sociedade ou de um terceiro que se pretenda homenagear (art. 3º); f) a responsabilidade dos acionistas, em princípio, é restrita ou limitada ao valor fixado pela companhia quando da emissão das ações (preço de emissão)e correspondente ao valor efetivamente integralizado pelo acionista por conta das ações subscritas (art. 1º) (GOMES, 2018, p. 156). A Lei das SAs prevê ainda as chamadas sociedades de economia mista e a sociedade subsidiária integral, que consistem em modelos excepcionais do tipo sociedade de capital aberto. Sociedade de economia mista (SEM) é a que possui seu capital social formado por recursos públicos (parte majoritária) e privados. Elas integram a denominada Administração Pública Descentralizada, submetendo-se a um regime jurídico híbrido, seguindo normas comuns às entidades privadas, como a participação e concorrência no mercado; e outras referentes ao Poder Público, como a contratação de mão de obra por meio de concursos públicos de provas e títulos; a demissão do empregado após processo administrativo, garantida a legítima defesa e o contraditório; e a licitação para aquisição de bens ou serviços que digam respeito à atividade-meio da entidade. Pelo critério da especialização, as normas principais que devem ser aplicadas às SEMs são as provenientes da Lei n. 13.303/2016, o estatuto jurídico das empresas públicas, das sociedades de economia mista e suas subsidiárias, no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 67 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Já as entidades subsidiárias integrais têm a definição constante da Lei das SAs: Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira. § 1º A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único. § 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252 (BRASIL, 1976, grifo nosso). Ainda na mesma lei, a constituição da companhia respeitará os critérios expressos no art. 80: Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I – subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II – realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III – depósito, no Banco do Brasil S.A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social (BRASIL, 1976). Como modalidades de subscrição, teremos a realizada por subscrição particular e a por meio de subscrição pública. A primeira categoria é realizada por Assembleia Geral ou escritura pública: Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. § 1º Se a forma escolhida for a de assembleia-geral, observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à assembleia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações. 68 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II § 2º Preferida a escritura pública, será ela assinada por todos os subscritores, e conterá: a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85; b) o estatuto da companhia; c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas; d) a transcrição do recibo do depósito referido no número III do artigo 80; e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo 8°); f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais (BRASIL, 1976). A segunda categoria de subscrição dependerá do registro prévio perante a CVM: Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; b) o projeto do estatuto social; c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores (BRASIL, 1976). 3.4.4.1 Capital social Por definição são as contribuições investidas pelas pessoas, com o objetivo de robustecer a atividade empresarial, e consequentemente gerar mais receitas, que reverterão em lucro, para serem repartidos entre os investidores. Eis a principal justificativa de as entidades de capital aberta consistirem no melhor modelo para atividades e empreendimentos de grande porte. Não devemos confundir o capital social com o patrimônio da sociedade. 69 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Lembrete Capital social é toda contribuição investida pelas pessoas, com o objetivo de fazer crescer a atividade empresarial, gerando mais receitas, que reverterão em lucro. No balanço patrimonial da empresa, a conta Capital Social constará do saldo Patrimônio Líquido, que é o resultante da diferença algébrica entre o ativo e o passivo. É composto por ações, diferindo das chamadas quotas sociais, outrora mencionadas, parcelas do capital social rigidamente divididas. As ações configuram-se como títulos correspondentes a determinado valor, objetivando a coleta de recursos para a atividade empresarial. Por regra, concluímos, o quotista seria sócio como se fosse parcialmente dono da sociedade. O acionista é, por definição, um credor. Os dividendos recebidos do bolo do lucro – resultado do período – é o retorno do seu investimento feito, com os juros acrescidos pelo valor empregado na atividade empresarial no comércio do exercício social. Como títulos, garantem ao credor direitos de ordem econômica, como a participação nos lucros, e de ordem política, consistindo na participação nas assembleias ou voto. Os principais títulos emitidos pelas sociedades são as ações, as partes beneficiárias, as debêntures e os bônus de subscrição. Ações consistem em bens mobiliários representativos do capital social. Seu titular poderá resgatar, amortizar ou reembolsar dos valores correspondentes às ações em sua posse, nas hipóteses trazidas pela lei. A seguir, seguem as definições dessas operações nos termos da Lei das SAs: Art. 44 […]. § 1º O resgate consiste no pagamento do valor das ações para retirá-las definitivamente de circulação, com redução ou não do capital social, mantido o mesmo capital, será atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações remanescentes. § 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da companhia. […] Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia-geral o valor de suas ações. Quanto à natureza das ações, elas podem ser classificadas nas categorias a seguir. As ações ordinárias são aquelas que garantem ao seu titular os direitoscomuns de sócio, podendo ser 70 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II convertidas em ações preferenciais e ter garantido o direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos. Por sua vez, as ações preferenciais estabelecem direitos exclusivos em relação às ordinárias, como a prioridade na distribuição dos dividendos, no reembolso do capital ou na acumulação de ambos. Conforme o art. 18, ainda da mesma lei, o estatuto poderá assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em voto separado, um ou mais membros dos órgãos administrativos. Por fim, as ações de fruição fazem parte de uma categoria distinta, sendo elas substitutas das demais na amortização, caso em que a sociedade antecipa sua importância em casos que lhes caibam a liquidação quando as ações substituídas estiverem integralmente amortizadas. Quanto à forma, as ações serão classificadas como ações nominativas ou ações escriturais. A primeira forma diz respeito às ações, que podem ou não ter valor nominal, cuja propriedade se consolida pela inscrição do nome do acionista no livro de registro de ações nominativas. A transferência da titularidade ocorrerá mediante assinatura de termo no livro de transferência de ações nominativas. As ações escriturais, por outro lado, dispensam a emissão de certificado. São mantidas em conta de depósito em nome do titular em alguma instituição financeira autorizada pela CVM (GOMES, 2018, p. 167). A titularidade se prova, portanto, pelo registro na conta de depósito de ações em nome do acionista. Outro título admitido pelas sociedades anônimas são as partes beneficiárias, que consistem em títulos negociáveis, sem valor nominal e alheio ao capital social. Garante contra a empresa um direito de crédito eventual, como participação nos lucros anuais, limitado a um décimo destes. Serão alienadas nas condições estabelecidas pelo estatuto ou pela Assembleia Geral, podendo, inclusive, ser atribuída a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração por serviços prestados à companhia, de acordo com o art. 47 da Lei das SAs. Com o propósito de capturar crédito, as debêntures são outros títulos que podem ser emitidos pela sociedade. A escritura de debênture poderá assegurar ao debenturista a faculdade de escolher entre o pagamento do principal acrescido de outras parcelas acessórias, como juros, no advento do vencimento, amortização ou resgate; em moeda ou em bens avaliados nos termos do art. 8º. Quanto aos bônus de subscrição, estes consistem em títulos negociáveis que são emitidos dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto, garantindo ao seu proprietário a reserva para subscrever às novas ações quando forem emitidas. Assim, quando a companhia autoriza o aumento do capital social, as ações que constituam a diferença algébrica entre o capital social já estabelecido e o autorizado a ser subscrito futuramente serão priorizadas aos portadores dos bônus de subscrição. Feitas essas considerações sobre os títulos emitidos, é oportuno mencionar quais regras se reservam aos portadores desses títulos. As principais obrigações constam nos arts. 106 e 107: 71 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas. […] Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: I – promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou II – mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista (BRASIL, 1976, grifos nossos). Os principais direitos estão elencados no art. 109, a seguir, in verbis: Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I – participar dos lucros sociais; II – participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III – fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV – preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V – retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembleia-geral. § 3º O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar. 72 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembleia-geral. § 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista. § 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações (BRASIL, 1976). Torna-se útil comentar acerca do denominado acionista controlador. Essa figura consiste na pessoa física ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto ou sob controle comum, titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos na Assembleia Geral e o poder de eleger a maioria dos administradores, além da prerrogativa de utilizar seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. O acionista controlador responderá pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder. O art. 117 considera: § 1º São modalidades de exercício abusivo de poder: a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional; b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente; e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembleia-geral; f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas; 73 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade. h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170,
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