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Direitos Humanos

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ORGANIZADO POR CP IURIS 
ISBN 978-65-5701-028-0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2ª edição 
Brasília 
2022 
 
SOBRE O AUTOR 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA. Graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 
Especializações em Direito Internacional e Estudos Diplomáticos pelo Centro de Direito Internacional da 
Faculdade Milton Campos. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Doutorando em 
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª 
Região. Professor universitário na Faculdade Estácio-Doca em Belém/PA. 
 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 - TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS.............................................................................................. 6 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 7 
2. A CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DO CONCEITO DE HOMEM DE FÁBIO KONDER COMPARATO .............................................................. 7 
2.1. 1ª Fase: Período Axial ................................................................................................................................ 7 
2.2. 2ª Fase: Período Medieval .......................................................................................................................... 8 
2.3. 3ª Fase: Ética Kantiana .............................................................................................................................. 8 
2.4. 4ª Fase: A descoberta do mundo dos valores .............................................................................................. 9 
2.5. 5ª Fase: O pensamento existencialista ........................................................................................................ 9 
3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS ......................................................................................................................................10 
4. DIREITOS HUMANOS E AS TEORIAS DO DIREITO ..............................................................................................................17 
4.1. Jusnaturalismo ..........................................................................................................................................17 
4.2. Positivismo ...............................................................................................................................................17 
4.3. Realismo ...................................................................................................................................................18 
4.4. Fundamentação moral ..............................................................................................................................18 
5. ASPECTOS TERMINOLÓGICOS ....................................................................................................................................19 
5.1. Os “conceitos” de direitos humanos ..........................................................................................................19 
5.2. Direitos do homem ou direitos humanos ...................................................................................................19 
5.2. Liberdades públicas ...................................................................................................................................20 
5.3. Direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos ........................................................................................20 
5.4. Direitos fundamentais e a distinção aos Direitos Humanos ........................................................................20 
6. DUPLA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS/FUNDAMENTAIS .............................................................................23 
7. DIMENSÕES DE ABERTURA ........................................................................................................................................24 
8. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................................25 
8.1. Fundamentalidade ....................................................................................................................................25 
8.2. Abstração .................................................................................................................................................25 
8.3. Moralidade ...............................................................................................................................................25 
8.4. Prioritariedade ..........................................................................................................................................25 
8.5. Inalienabilidade ........................................................................................................................................26 
8.6. Irrenunciabilidade e imprescritibilidade .....................................................................................................26 
8.7. Indivisibilidade ..........................................................................................................................................26 
8.8. Interdependência ......................................................................................................................................26 
8.9. Historicidade.............................................................................................................................................26 
8.10. Aplicabilidade imediata ...........................................................................................................................26 
8.11. Vedação ao retrocesso ............................................................................................................................27 
8.12. Relatividade ............................................................................................................................................27 
8.13. Universalidade ........................................................................................................................................28 
9. A POLÊMICA SOBRE AS GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS ..............................................................................................34 
9.1. Direitos “de primeira geração” ..................................................................................................................34 
9.2. Direitos “de segunda geração” ..................................................................................................................35 
9.3. Direitos “de terceira geração” ...................................................................................................................35 
9.4. Direitos de outras gerações? .....................................................................................................................35 
10. EFICÁCIA EXTERNA OU HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (DRITTWIRKUNG) ............................................................37 
11. A TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINEK ................................................................................................................40 
12. DEVERES FUNDAMENTAIS .......................................................................................................................................42 
13. LIMITES DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................................42 
13.1. Âmbito de proteção ................................................................................................................................42 
13.2. Restringibilidade dos direitos...................................................................................................................4313.3. Limites dos limites dos direitos fundamentais e a garantia de seu núcleo essencial ..................................44 
13.4. Princípio da proporcionalidade ................................................................................................................45 
 
13.5. Limites à implementação dos direitos sociais: embate entre as teorias do mínimo existencial e do princípio 
da reserva do possível ........................................................................................................................................46 
CAPÍTULO 2 - PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................................53 
1. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................54 
2. O SISTEMA GLOBAL OU ONUSIANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...........................................................................54 
2.1. História .....................................................................................................................................................54 
2.2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos ...........................................................................................56 
2.3. Os Pactos de Direitos Humanos de 1966 ....................................................................................................62 
3. OS SISTEMAS REGIONAIS INTERAMERICANOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ...............................................................75 
3.1. Breve histórico ..........................................................................................................................................75 
3.2. A Carta da OEA (Carta de Bogotá) .............................................................................................................76 
3.3. Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem ...........................................................................79 
3.4. Convenção Americana de Direitos Humanos ..............................................................................................81 
3.5. Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) ...................................................................................................98 
4. O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................................................... 102 
5. O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................... 106 
6. PROCESSO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................................... 109 
6.1. Conceito ................................................................................................................................................. 109 
6.2. Classificação dos mecanismos de apuração ............................................................................................. 109 
6.3. Justiciabilidade ....................................................................................................................................... 110 
6.4. Os Sistemas Interamericanos de Direitos Humanos .................................................................................. 111 
7. DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ......................................................................................................... 131 
7.1. O status formal dos tratados internacionais de direitos humanos ............................................................ 131 
7.2. Procedimento de ratificação dos tratados internacionais de direitos humanos ......................................... 132 
7.3. O incidente de deslocamento de competência ......................................................................................... 136 
GABARITO ............................................................................................................................................................... 140 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................ 141 
 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
6 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 1 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
7 
1. INTRODUÇÃO 
O estudo dos direitos humanos nunca foi tão necessário e atual. Sua reafirmação deve ser diuturna. 
Não há “jogo ganho”, não há posição consolidada. Passados 230 anos da Bill of Rights americana, de 1791, 
os direitos à vida, à liberdade, à autonomia individual, à saúde e ao meio ambiente, continuam sendo 
vilipendiados, menosprezados e diminuídos tanto por particulares como pelo próprio Estado. 
Talvez o estudo dos direitos humanos como eventos históricos, acabados, consolidados e, 
principalmente, descontextualizados seja um problema. Exorta-se a democracia ateniense, mas se esquece 
que sua aplicabilidade se restringiu aos cidadãos, maiores de 19 anos, com terras, excluindo-se os 
estrangeiros, mulheres e pobres. Festeja-se a Magna Charta Libertatum, de 1215, como um documento de 
limitação do poder arbitrário do Estado, mas se esquece que o documento era um contrato entre nobres e o 
rei, não se aplicando à maioria da população inglesa, formada por vassalos. 
Celebra-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, sem se dizer que, à época, 
sua leitura deveria ser literal, isto é, excluindo-se as mulheres. Olympe de Gouges, pseudônimo de Marie 
Gouze, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã foi, à época da Revolução Francesa, 
guilhotinada por defender o direito das mulheres. Por fim, grande parte da doutrina sequer menciona que, 
enquanto a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 foi aprovada pela Assembleia Geral da Organização 
das Nações Unidas (ONU), exortando, em seu Artigo 2º, a igualdade e universalidade dos direitos humanos, 
ainda haviam colônias em que seus habitantes tinham status jurídico distinto dos cidadãos das metrópoles. 
Em suma, não se está discutindo a importância histórica dos documentos e experiências 
mencionadas. O que se destaca é a necessidade de se entender que os direitos humanos/fundamentais, os 
quais representam demandas que remontam à antiguidade, ainda hoje não são plenamente aceitos e 
implementados. 
Tal “equívoco” é comum em concursos públicos, principalmente na fase objetiva, cobrando-se dos 
candidatos documentos históricos relacionados aos direitos humanos. Em fases posteriores, principalmente 
em concursos de magistratura e do ministério público, é possível a exigência de um pensamento crítico, 
motivo pelo qual essa premissa inicial se faz necessária. 
2. A CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DO CONCEITO DE HOMEM DE FÁBIO KONDER 
COMPARATO 
Fábio Konder Comparato, por sua obra “A afirmação histórica dos direitos humanos”, é o autor 
nacional de maior destaque que utiliza a abordagem histórico-evolutiva dos direitos humanos, e, por isso, 
será utilizada como base do presente tópico. 
Inicialmente, ele aponta a necessidade de entender a evolução do conceito de homem, para, 
posteriormente, compreender a ideia de direitos humanos. Para o autor, o conceito de homem pode ser 
compreendido através da história em cinco fases: 
• Período axialꓼ 
• Período medievalꓼ 
• A ética kantianaꓼ 
• Descoberta valorativaꓼ e 
• Período existencialista. 
2.1. 1ª Fase: Período Axial 
Trata-se do eixo histórico entre os séculos VII e II a. C., em que concomitantemente em diversas 
partes do mundo, coexistiram alguns dos maiores doutrinadores da História — Zaratustra, na Pérsia, Buda 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS• 1 
8 
na Índia, Confúcio e Lao-Tsé na China, Pitágoras na Grécia e Isaías em Israel — que abandonaram as 
explicações mitológicas do mundo e fixaram diretrizes fundamentais da vida, seguidas por muitos até hoje 
(COMPARATO, 2013, p. 21). 
As religiões deixaram, paulatinamente, de ter um caráter nacionalista. Portanto, no período axial, as 
ideias de humanidade e igualdade natural são concebidas de forma embrionária (CANOTILHO, 2003, p. 381). 
Isso porque, nessa época, a escravidão era considerada natural. 
Fabio Konder Comparato (2013, p. 30) destaca também que o surgimento da expressão “pessoa 
humana” fecha tal período. Ela surgiu na primeira discussão conceitual entre os doutores da Igreja Católica 
e não ocorreu a respeito do ser humano, mas, sim, sobre a identidade de Jesus Cristo. 
Em 325 d.C., no primeiro concílio ecumênico, em Niceia, os padres concluíram que Jesus não 
apresentava nem uma natureza exclusivamente divina e nem uma unicamente humana, mas, sim, uma 
natureza dupla: humana e divina, reunidas em uma única pessoa, ou seja, em uma só aparência. Daí a 
expressão “pessoa humana”. 
2.2. 2ª Fase: Período Medieval 
Boécio, no século VI, rediscutindo o dogma de Niceia, concluiu que uma pessoa é a substância 
individual da natureza racional. Portanto, a pessoa não é o exterior, a máscara, mas, sim, a substância. “A 
forma que molda a matéria e que dá ao ser de um determinado ente individual as características de 
permanência e invariabilidade” (COMPARATO, 2013, p. 32). 
São Tomás D’Aquino na Summa Theologiae, adotando a definição boeciana, conclui que o homem é 
composto de substância espiritual e corporal. Essa igualdade em essência da pessoa humana forma o 
chamado núcleo dos direitos humanos. 
Do fundamento de igualdade entre os homens, os canonistas medievais concluíram que existem 
direitos que são próprios ao homem, por sua própria natureza, e não por uma criação política. 
Com base nesse fundamento, esses pensadores passaram a defender que todas as leis contrárias ao 
direito natural não teriam força jurídica (vigência). 
2.3. 3ª Fase: Ética Kantiana 
Immanuel Kant defende que apenas o ser racional possui a faculdade de agir segundo a 
representação de leis ou princípios. Um ser racional é dotado de vontade, que é uma espécie de razão, 
chamada de razão prática. 
Quando um ser racional compreende algo como obrigatório para a vontade, ele representa tal ordem 
ou comando por meio de um imperativo, que para Kant pode ser de dois tipos: 
• Imperativo hipotético: representa a necessidade prática de uma ação possível. É considerado 
como meio de se conseguir algo. 
• Imperativo categórico: representa uma ação como sendo necessária em si mesma, sem relação 
com qualquer finalidade exterior a ela. 
Para Kant, coisas têm preço e, como tal, podem ser substituídas. Aquilo que não tem preço tem 
dignidade. O ser humano, por ser racional, é insubstituível, e, portanto, dotado de dignidade. 
Os seres dotados de razão são denominados pessoas e não podem servir como meio em função de 
seu livre arbítrio, são, portanto, um fim em si mesmo: 
No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um 
preço, pode-se por em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa 
está acima de todo o preço, e, portanto não permite equivalente, então tem ela dignidade. 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
9 
O que se relaciona com as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço venal; 
aquilo que, mesmo sem pressupor uma necessidade, é conforme a um certo gosto, isto é a 
uma satisfação no jogo livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço 
de afeição ou de sentimento (Affektionspreis); aquilo porém que constitui a condição só 
graças à qual qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, não tem somente um valor 
relativo, isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é dignidade. 
Ora a moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional um fim em si mesmo, 
pois só por ela lhe é possível ser membro legislador no reino dos fins. Portanto a 
moralidade, e a humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm 
dignidade (KANT, 2007, p. 77). 
Para Fabio Konder Comparato (2013, p. 37), a ideia de se tratar alguém como um fim em si mesmo 
implica em um dever negativo de não prejudicar ninguém, e, também, em um dever positivo para favorecer 
a felicidade alheia. Essa dupla concepção é essencial para a compreensão das dimensões positivas e 
negativas de todos os direitos fundamentais. 
2.4. 4ª Fase: A descoberta do mundo dos valores 
Para Nietzsche o bem e o mal não se encontram confinados a objetos ou ações exteriores à nossa 
personalidade, mas, sim, a uma avaliação (COMPARATO, 2013, p. 37). 
Trata-se de uma preferência que cada indivíduo tem sobre os bens da vida. As pré-compreensões 
dos seres humanos surgem de suas avaliações individuais dos bens da vida. 
O ser humano é, portanto, o único ser vivo que dirige sua vida em função de preferências valorativas. 
As pessoas, em função de valores éticos que apreciam, se submetem voluntariamente a essas normas 
valorativas, tornando-se “legisladores universais” (COMPARATO, 2013, p. 38). 
Com essa virada de compreensão, os direitos humanos passaram a corresponder a um conjunto de 
valores hierarquicamente superiores, prevalecentes no meio social (COMPARATO, 2013, p. 39). 
Porém, essa hierarquia social nem sempre é espelhada no ordenamento jurídico, gerando uma 
eterna tensão entre a consciência jurídica da coletividade e as normas positivadas pelo Estado. 
2.5. 5ª Fase: O pensamento existencialista 
Como última fase, dado conceito de pessoa, Fabio Konder Comparato (2013, p. 39) cita os 
ensinamentos existencialistas de Heidegger e Marx. 
A essência da personalidade humana não se confunde o papel desempenhado em sua vida. A pessoa 
não é personagem (COMPARATO, 2013, p. 39). A identidade de cada pessoa é inconfundível. 
Para Heidegger, ainda que seja possível morrer em lugar de outro, é impossível assumir a experiência 
existencial da morte alheia. 
Marx, por sua vez, ressaltava que o homem não é um ser abstrato, ancorado fora do mundo. O 
homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. 
Ambas as afirmações querem dizer que o homem tem como característica ser um ser-no-mundo. 
Apesar de dotado de razão, é após o nascimento, na sua interação social, que o homem se constrói. 
A característica de cada um é moldada por todo o peso do passado, mas não deixa de ser evolutivo. 
O ser humano é um contínuo devir. O ser humano evolui, mas está em eterna transformação. Ele tem como 
característica singular ser permanentemente inacabado (COMPARATO, 2013, p. 42). 
Portanto, surge a noção de historicidade dos direitos humanos. Eles estão sempre em evolução, 
porque o homem não é um ser finito. 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
10 
3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS 
É possível aferir antecedentes dos direitos fundamentais próximos e remotos. Os remotos são 
aqueles previstos no período axial, como as leis atenienses e a própria Bíblia. 
A Magna Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, rigorosamente falando, é uma carta de 
franquia medieval do rei João Sem Terra aos barões ingleses. Contudo, em função de sua redação, a 
interpretação do texto passou a servir como base de diversos documentos posteriores. André Ramos Tavares 
(2017, p. 340) destaca que a redação inicial se referia a “qualquer barão”, mas essa expressão foi alterada 
para “qualquer homem livre”. Também na história inglesa outros documentos são importantes: 
• Petition Rights, de 1628; 
• Habeas corpus Act, de 1679; 
• Bill of Rights, de 1689. 
Nos Estados Unidos, após a declaração da independência das 13 Colônias, ficou decidido que os 
novos Estados deveriam adotar suas próprias constituições. O Estado da Virgínia apresentou uma Declaração 
de Direitos,na convenção de 12 de junho de 1776, sob a influência de James Madison. A Declaração de 
Direitos da Virgínia (Declaração do bom povo da Virgínia) adotou uma fundamentação jusnaturalista 
justificar os referidos direitos dizendo: 
Todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes e têm direitos 
inatos, os quais, entrando em sociedade, não podem, mediante convenção, privar ou 
espoliar a posteridade, a saber, o gozo da vida, da liberdade, mediante a aquisição e a posse 
da propriedade, e o direito de buscar e obter felicidade e segurança. 
A Constituição americana de 1787 não trouxe, em sua redação originária, uma declaração de 
direitos. Foram as 10 primeiras emendas constitucionais, de 1791, que acrescentaram o Bill of Rights ao 
documento. 
Na França, Gilbert du Motier, o marquês de La Fayette, propôs à Assembleia Nacional de 1789 a 
elaboração de uma Constituição para a França, bem como a de uma declaração de direitos. A Declaração da 
Virgínia foi a fonte inspiradora para o documento francês. André Ramos Tavares ressalta que a declaração 
francesa incorreu em um vício de linguagem ao utilizar um vocabulário descritivo, enquanto que, na verdade, 
ela teria natureza constitutiva de direitos. 
Georg Jellinek tem uma obra clássica que compara as duas declarações. Para o autor, o documento 
francês destaca intensamente a igualdade perante a lei; já o americano apenas menciona essa igualdade, em 
função de sua obviedade na experiência das colônias. A declaração francesa não teria trazido nenhuma 
novidade, deixando ainda de mencionar o direito de associação, de reunião, de liberdade de circulação e o 
direito de petição. Em relação à liberdade de expressão, a declaração francesa é tímida e não toca a liberdade 
religiosa, como a americana, mas, sim, a tolerância. Em comum, ambas declarações visam à definição de 
limites do poder do Estado. 
O segundo grande período histórico seria o da virada dos Estados do modelo liberal para o social. Ao 
final da Primeira Guerra Mundial, identificadas as falácias do modelo capitalista — em especial a ilusória 
“mão invisível” do mercado, que por si só, chegaria ao equilíbrio —, os Estados passam a ter uma postura 
ativa, intervindo na economia e prestando serviços públicos. 
A primeira constituição social foi a mexicana de 1917, mas a mais importante, sob esse aspecto, foi 
a Constituição de Weimar, de 1919. 
A Constituição de Weimar trazia um rol de direitos liberais como: 
• Igualdade perante a lei (art. 109); 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
11 
• Liberdade de locomoção (art. 111); 
• Direito das minorias linguísticas (art. 113); 
• Princípio da legalidade (art. 114); 
• Inviolabilidade do domicílio (art. 115); 
• Irretroatividade da lei penal (art. 116); 
• Inviolabilidade da correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas (art. 117); 
• Liberdade de reunião (art. 123); 
• Liberdade de expressão (art. 118). 
Por outro lado, a “inovação” da Constituição de Weimar foi a previsão dos direitos sociais: 
• Proteção à família e à maternidade (art. 119); 
• Acesso gratuito à arte, à ciência e à educação (art. 142); 
• Prestação de educação pública para os jovens (art. 143); 
• Obrigatoriedade da educação básica (art. 145); 
• Direitos trabalhistas (arts. 157-165); 
• Direitos previdenciários (art. 161). 
Ademais, Luís Roberto Barroso (2020, p. 57) ensina que a Constituição Alemã de 1919 previa que a 
economia deveria ser “organizada sobre os princípios da justiça”, com o propósito de realizar a “dignidade 
para todos” (art. 151). Instituindo também a função social da propriedade, ao utilizar a expressão “a 
propriedade obriga” (art. 153). 
Em âmbito nacional, a Constituição de 1934 é considerada uma constituição social, influenciada 
diretamente pela Constituição de Weimar. 
Concomitante ao surgimento dos direitos sociais em âmbito nacional — ao final da Primeira Guerra 
Mundial, em âmbito internacional — fecha-se o que Fabio Konder Comparato (2013, p. 67) chama de 
primeira fase de internacionalização dos direitos humanos. 
Flávia Piovesan (2020, p. 203) explica que essa primeira fase do processo de internacionalização dos 
direitos humanos é composta pelos tratados de direito humanitário (Convenção de Genebra de 1864 à 
Convenção de Genebra de 1929) e pelo surgimento da Liga das Nações e da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT). Através desses marcos, o conceito de soberania estatal é redefinido, alçando-se o indivíduo 
ao status de sujeito do direito internacional. 
O direito humanitário tem por fim limitar a atuação estatal durante as guerras, observando direitos 
fundamentais dos militares postos fora de combate e das populações civis (PIOVESAN, 2020, p. 204). A Liga 
das Nações buscou a promoção da cooperação, da paz e da segurança entre os Estados, condenando a 
agressão interna e defendendo a integridade territorial e a independência de seus membros, contando ainda 
com previsões genéricas sobre direitos humanos (PIOVESAN, 2020, p. 205). Já a OIT foi criada para promoção 
de padrões internacionais mínimos de condições de trabalho e bem-estar (PIOVESAN, 2020, p. 205). 
Celso D. de Albuquerque Mello (2002, p. 907) inclui os tratados de proibição ao tráfico de escravos 
na primeira fase de internacionalização da proteção dos direitos humanos. O primeiro país a abolir o tráfico 
de escravos foi a Dinamarca, em 1792. Já em âmbito internacional, o tratado de Paris de 1814 é o marco 
inicial para o fim do tráfico de escravos, sendo sucedido pela declaração no Congresso de Viena de 1815 e 
pelo segundo Tratado de Paris, de 1815. A convenção de Saint-Germain de 1919 revogou os tratados 
anteriores, obrigando os Estados a pôr fim à escravidão e ao tráfico de escravos (MELLO, 2002, p. 908), sendo 
sucedida por um tratado firmado no seio da Liga das Nações em 1926. 
O final da Segunda Guerra Mundial gera efeitos na proteção dos direitos humanos, tanto do ponto 
de vista nacional quanto internacional. 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
12 
As constituições pós-guerra implementam o chamado Estado Democrático de Direito, em que 
consolidam as conquistas das constituições liberais e sociais, ao passo que buscam dar maior efetividade ao 
texto constitucional, reforçando o princípio da supremacia da Constituição em contraposição ao princípio 
da legalidade. Passa-se a dar maior ênfase à participação popular através de instrumentos diretos do 
exercício da democracia como plebiscitos, referendos e a iniciativa popular. Tanto a Lei Fundamental de 
Bonn, de 1949, e a Constituição brasileira de 1988 são exemplos dessa nova etapa do constitucionalismo. 
Em âmbito internacional surge o moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos (PIOVESAN, 
2020, p. 210). A violação dos direitos humanos deixa de ser uma questão doméstica com o surgimento dos 
sistemas de proteção de âmbito global (ou onusiano) e os sistemas regionais de proteção dos direitos 
humanos. 
São criadas múltiplas fontes normativas e de sistemas de proteção dos direitos humanos, 
destacando-se, em âmbito global, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, o Pacto 
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais de 1966. Já de âmbito regional, temos os sistemas de proteção da Carta da Organização dos 
Estados Americanos (OEA) e da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), também conhecida 
como Pacto de San José da Costa Ricaꓼ os sistemas europeus de proteção dos direitos humanos (da Corte 
Europeia de Direitos Humanos e do Tribunal, de âmbito internacional, e do Tribunal de Justiça da União 
Europeia, de âmbito comunitário)ꓼ e o sistema africano pela Corte Africana dos Direitos Humanos e dos 
Povos. 
Por fim, no ano de 2002 entrou em vigor o Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional,o qual busca a proteção dos direitos humanos pelo combate à impunidade. 
Considerando esse cenário de coexistência normativa e de sistemas protetivos (complementares e 
subsidiários), vivenciamos atualmente uma verdadeira proteção multinível dos direitos humanos (URUEÑA, 
2014). 
QUESTÕES 
1. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia) Foi no período pós-Segunda Guerra Mundial 
que, pela primeira vez na história, foram positivados direitos humanos, em uma tentativa de 
reconstrução da sociedade marcada pelas atrocidades cometidas no regime nazista. 
 
2. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia) Ainda antes de Cristo, foram lançados os 
primeiros fundamentos intelectuais da igualdade essencial entre todos os homens e, por conseguinte, 
da afirmação da existência de direitos universais. 
 
3. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Todos os direitos humanos foram 
afirmados em um único momento histórico. 
 
4. (CESPE/CEBRASPE - 2012- PRF - SEDU-ES) Apesar de assegurar as liberdades individuais, a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão não foi, por si só, capaz de impedir o surgimento do processo 
revolucionário conhecido como Terror. 
 
5. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) As pessoas naturais que violam direitos 
humanos continuam a gozar da proteção prevista nas normas que dispõem sobre direitos humanos. 
 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
13 
6. (VUNESP - 2018 - MPE-SP - Analista Jurídico do Ministério Público) Em relação ao conceito, evolução 
histórica e dimensões dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta. 
a) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos direitos 
humanos de segunda geração ou dimensão. 
b) As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos fundamentais 
são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os direitos fundamentais 
podem ser relativizados no caso concreto. 
c) A expressão “direitos humanos” ou “direitos do homem” é reservada aos direitos relacionados com 
posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem 
numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são 
assegurados na medida em que cada Estado os consagra. 
d) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um tratado 
internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da proteção da 
dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante. 
e) Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados à sociedade 
atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais diversos aspectos. 
 
7. (VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia) No tocante à temática dos direitos humanos, 
considerando seu surgimento e sua evolução histórica, assinale a alternativa que contempla correta e 
cronologicamente seus marcos históricos fundamentais. 
a) O iluminismo, o constitucionalismo e o socialismo. 
b) O cristianismo, o socialismo e o constitucionalismo. 
c) A Magna Carta, a Constituição Alemã de Weimar e a Declaração de Independência dos Estados Unidos 
da América. 
d) A Magna Carta, a queda da Bastilha na França e a criação da Organização das Nações Unidas. 
e) O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. 
 
8. (FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) A formação do Estado Moderno está 
intimamente relacionada à intolerância religiosa, cultural, à negação da diversidade fora de 
determinados padrões e de determinados limites. Como a proteção dos direitos humanos está 
diretamente relacionada à atuação do poder dos Estados na ordem interna ou internacional, podemos 
concluir que: 
I. Ao lado do ideário iluminista da formação política do Estado, o discurso judaico-cristão criou o 
pano de fundo para controlar as esferas da vida das pessoas no campo jurídico. 
II. A uniformização de valores, normalmente estandardizados, como a democracia representativa, a 
ética e a moral, irá refletir nos fundamentos do direito moderno. 
III. O sistema jurídico e político europeu é o modelo civilizatório ideal e universal, visto ter surgido da 
falência do sistema feudal, que era descentralizado, multiético e multilinguístico. 
IV. O mundo uniforme e global de hoje insere-se no contexto de afirmação do Estado nacional que 
está condicionado, em sua existência, à intolerância com o diferente. 
Estão CORRETAS apenas as assertivas: 
a) I, II e III. 
b) I, II e IV. 
c) I, III e IV. 
d) II, III e IV. 
 
9. (FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Público) De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os 
direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção de quem tem direitos e do que 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
14 
são esses direitos muda constantemente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua 
(A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em 
relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere as 
assertivas abaixo. 
I. A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que todo poder político deve ser legalmente 
limitado. 
II. O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o habeas corpus e robusteceu a já 
conhecida garantia. 
III. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) percebe-se que a dignidade da pessoa 
humana exige a existência de condições políticas para sua efetivação. 
IV. O processo de universalização, sistematização e internacionalização da proteção dos direitos 
humanos intensificou-se após o término da 2ª Guerra Mundial. 
Está correto o que consta de: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, II e III, apenas. 
c) I, III e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) I e IV, apenas. 
 
10. (UECE-CEV - 2017 - SEAS – CE) Atente ao seguinte excerto: “O marco mais significativo da formação 
do Direito Internacional dos Direitos Humanos [...], a partir do qual o tema entrou definitivamente na 
agenda internacional e se tornou objeto de vasta regulamentação no Direito das Gentes e da atenção 
de vários foros internacionais e internos, bem como referência mínima, às quais deveriam se 
conformar todas as ordens jurídicas nacionais, e marco jurídico com pretensão de prevalência sobre 
valores tradicionais no Direito Internacional, como a soberania nacional, a não intervenção em 
assuntos internos e a vontade estatal”. O excerto acima se refere: 
a) à Segunda Guerra Mundial. 
b) à Revolução Francesa. 
c) à Revolução Industrial. 
d) ao Iluminismo. 
 
11. (UECE-CEV - 2017 - SEAS – CE) Atente ao seguinte enunciado: “[...] também guiada pelo ideário 
iluminista, veio a consagrar inúmeros direitos da pessoa, em documentos como a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as Constituições de 1791 e de 1793, que reconheceram 
expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao ser humano, bem como a necessidade de limitar 
os poderes estatais, de modo a que estes não interferissem na esfera de liberdade dos indivíduos”. No 
que diz respeito a direitos humanos, o enunciado acima faz referência ao legado resultante da: 
a) Revolução Inglesa. 
b) Revolução Francesa. 
c) Revolução Industrial. 
d) Primeira Guerra Mundial. 
 
12. (FEPESE - 2016 - SJC-SC) Analise o texto abaixo: “A internacionalização dos direitos humanos constitui, 
assim, movimento extremamente recente na história, que surgiu a partir do pós-guerra, como 
resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo. […] No momento em que os 
seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica da destruição, 
em que cruelmente se abole o valor da pessoa humana, torna-se necessária a reconstruçãodos 
direitos humanos, como paradigma ético capaz de restaurar a lógica do razoável. […] Diante dessa 
ruptura, emerge a necessidade de reconstruir os direitos humanos, como referencial e paradigma 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
15 
ético que aproxime o direito da moral.” PIOVESAN, 2013, p. 190 O texto de Flávia Piovesan se refere 
ao processo de internacionalização dos direitos humanos no cenário global e sua reconstrução a partir 
do final da: 
a) Guerra Fria. 
b) Revolução Francesa. 
c) Revolução Americana. 
d) Primeira Guerra Mundial. 
e) Segunda Guerra Mundial. 
 
13. (FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) Com relação à origem histórica dos direitos humanos, um 
grande número de documentos e veículos normativos podem ser mencionados, dentre eles é correto 
afirmar que cada um dos documentos abaixo mencionados está relacionado com um direito humano 
específico, com EXCEÇÃO de: 
a) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos trabalhistas e 
previdenciários como direitos sociais. 
b) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação de poderes e o direito de petição. 
c) Convenção de Genebra, 1864, que teve relevante destaque no tratamento do direito humanitário. 
d) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido e mulher, equiparou os 
filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política social do Estado. 
e) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública, deu base à reforma agrária 
e protegeu o trabalhador assalariado. 
 
14. (MPT - 2015 - MPT - Procurador do Trabalho) Qual das seguintes cláusulas NÃO CONSTA da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 proclamada durante a Revolução Francesa: 
a) A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do 
homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
b) Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com 
as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens 
arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve 
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. 
c) Todos os homens em idade adulta e no pleno gozo de sua sanidade mental têm direito de votar e ser 
votado. 
d) A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. 
 
15. (MPT - 2015 - MPT - Procurador do Trabalho) Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, 
assinale a alternativa correta: 
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de direitos fundamentais inserido 
na Declaração de Independência proclamada por Thomas Jefferson em 1776, posteriormente 
incorporado aos Artigos da Confederação. 
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas originárias constantes da 
Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia em 1787. 
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 1791 na Constituição 
americana, sob a forma de emendas constitucionais. 
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos da América, mas sim uma 
interpretação extensiva da Declaração de Direitos da Virginia promovida pela jurisprudência da 
Suprema Corte americana. 
 
16. (VUNESP - 2014 - PC-SP) Abalados pela barbárie recente e com o intuito de construir um mundo sob 
novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
16 
guerra, lideradas por URSS e Estados Unidos, estabeleceram, em 1945, as bases de uma futura paz, 
definindo áreas de influência das potências e acertaram a criação de uma organização multilateral que 
promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras, promover a paz e a 
democracia, e fortalecer os direitos humanos. A fim de que houvesse esse fortalecimento dos direitos 
humanos, foi elaborado documento em 1948, pela Organização das Nações Unidas, denominado: 
a) Encíclica Rerum Novarum. 
b) Magna Carta. 
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
e) Declaração do Bom Povo da Virgínia. 
 
17. (VUNESP - 2014 - PC-SP) Considerando a evolução histórica e cronológica dos direitos humanos em 
âmbito internacional, pode-se afirmar que existiram três marcos históricos fundamentais. São eles: 
a) o jusnaturalismo, a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da América e a independência 
do Brasil. 
b) a queda do Império Romano, a queda da Bastilha, na França, e a criação da Organização das Nações 
Unidas. 
c) o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial. 
d) o totalitarismo, a queda de Hitler e a Promulgação da Constituição Brasileira de 1988. 
e) a criação da Igreja Católica, o constitucionalismo e o fim da Primeira Guerra Mundial. 
 
18. (FCC - 2010 - AL-SP – Procurador) Considere: 
I. O primeiro reconhecimento normativo da igualdade essencial da condição humana remonta a 1776 e 
1789, com a proclamação das liberdades individuais e da igualdade perante a lei, nos Estados Unidos 
e na França revolucionária. 
II. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) marca outra fase de regulamentação dos direitos 
do homem, seguindo os moldes liberais clássicos de não intervenção. 
III. A Declaração de Viena (1993) consagra dois aspectos que caracterizam a concepção contemporânea 
de direitos humanos: o alcance universal desses direitos e a unidade indivisível e interdependente que 
assumem. 
Está correto o que se afirma em: 
a) I e II, apenas. 
b) I, II e III. 
c) I e III, apenas. 
d) II, apenas. 
e) II e III, apenas. 
 
19. (FUMARC - 2013 - TJM-MG - Oficial Judiciário) “Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, como o ideal comum a ser atingido 
por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, 
tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover 
o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto 
entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua 
jurisdição”. O documento de que trata a conceituação acima é a: 
a) Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
b) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
c) Constituição da República Federativa do Brasil (Preâmbulo). 
d) Convenção Interamericana de Direitos Humanos de São José da Costa Rica. 
 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
17 
20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Documento histórico relevante na evolução dos 
direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias, de sentido puramente local 
ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as primeiras fundações da civilização moderna, que 
considera que o rei se encontra vinculado pelas próprias leis que edita e que traz a essência do 
princípio do devido processo legal em seu texto. Tal descrição se refere à: 
a) Lei de Habeas corpus (ou Habeas corpus Act). 
b) Declaração de Direitos da Inglaterra (ou Bill of Rights). 
c) Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. 
d) Magna Carta (ou Magna Charta Libertatum). 
e) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
 
21. (CESPE/CEBRASPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) A concepção contemporânea dos direitos 
humanos surgiu com o término da Primeira Grande Guerra Mundial. 
 
22. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) Dentre os documentos reconhecidos 
internacionalmentee que limitaram o poder do governante em relação aos direitos do homem, 
encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente que submetia o Rei a um corpo escrito de normas, 
procurava afastar a arbitrariedade na cobrança de impostos e implementava um julgamento justo aos 
homens. Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se: 
a) Talmude. 
b) Magna Carta da Inglaterra. 
c) Alcorão. 
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França. 
e) Bill of Rights. 
4. DIREITOS HUMANOS E AS TEORIAS DO DIREITO 
4.1. Jusnaturalismo 
• Clássico: compreende a existência de direitos objetivos anteriores à sua positivação pelo Estado. Os 
seres humanos são dotados de direitos outorgados por um ente superior a eles. São Tomas D’Aquino, 
por exemplo, desenvolveu sua teoria sobre a lex divina, lex natura e lex positivae. Há uma relação de 
hierarquia entre elas. As leis divinas são as criadas por Deus. As leis naturais são leis divinas 
compreendidas através da razão humana. Já as leis positivas são aquelas escritas pelos Estados. Uma 
lei positiva não poderia contrariar uma lei natural. 
• Moderno: defende a existência de direitos subjetivos naturais, decorrentes, por exemplo, da 
racionalidade humana. O ser humano seria titular de direitos por sua própria natureza. 
Para ambas as correntes há preceitos jurídicos, como os direitos humanos, que são anteriores e 
justificadores do Direito positivo (TAVARES, 2017, p. 345). 
O processo de positivação dos direitos humanos é a consagração normativa e algo previamente 
existente. O processo de positivação é declaratório. 
4.2. Positivismo 
A própria denominação “direitos naturais” é uma noção sem sentido para os positivistas. A 
designação natural implica em aceitação de algo que se sustenta por si só, independentemente de qualquer 
fórmula de positivação (TAVARES, 2017, p. 345). 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
18 
Para os positivistas a positivação de preceitos jurídicos tem natureza constitutiva. Os direitos só 
surgem quando são positivados e aceitos pelo Estado. No mais, o que há são expectativas de direitos. 
André Ramos Tavares (2017, p. 340), adotando uma posição positivista, aponta que, para se falar de 
direitos fundamentais, é necessária a reunião de três elementos: 
• Estado: sem o qual a proclamação de direitos não seria exigível; 
• Indivíduo: o detentor de tais direitos (ainda que reunido em uma coletividade). É também possível 
destinatário das limitações desses direitos; 
• Consagração escrita: texto com vigência territorial e superioridade aos demais atos normativos. 
4.3. Realismo 
O processo de positivação não é nem declaratório, nem constitutivo. Ele é o ponto de partida para 
o desenvolvimento de técnicas de proteção dos direitos fundamentais (TAVARES, 2017, p. 346). 
Para essa corrente, as condições sociais determinam o sentido real dos direitos e liberdades, pois 
elas condicionam a salvaguarda e proteção desses direitos. Se um direito que se diz fundamental não pode 
ser invocado, justiciável ou protegido, ele não existe de fato. 
Dentre as teses realistas André de Ramos Tavares (2017, p. 346) cita a da proteção processual dos 
direitos fundamentais, em que “as liberdades públicas valem, na prática, o que valem sua garantia”. 
4.4. Fundamentação moral 
André de Carvalho Ramos (2019, p. 31) aponta que os direitos humanos representam os valores 
essenciais de uma comunidade, retratados explicita ou implicitamente nas Constituições e nos tratados 
internacionais. 
Portanto, os direitos humanos não retiram sua validade da positivação estatal, mas dos valores 
morais da coletividade humana. Eles originam-se e antecedem à própria positivação, sem que se tenha uma 
preconcepção fechada, como no jusnaturalismo, considerando que os valores de uma comunidade são 
cambiáveis e históricos: 
Assim, as normas de conduta são originadas de reflexões morais contidas nos princípios de 
qualquer ordenamento jurídico. Os direitos morais são mais do que exigências éticas 
oriundas do jusnaturalismo. São títulos, na acepção de pretensão, que permitem exercer 
direitos (RAMOS, 2016, p. 58). 
QUESTÃO 
23. (FUNDEP - 2019 - DPE-MG - Defensor Público, adaptada) Para a Escola Positivista, os Direitos 
Humanos justificam-se graças a sua validade formal, tendo como fundamento a existência da lei 
positiva, cujo pressuposto de validade se encontra em sua edição, conforme as regras estabelecidas 
na Constituição. 
 
24. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Os direitos humanos constituem matéria 
cuja tutela não se reserva unicamente ao âmbito doméstico dos Estados nacionais, mas também ocupa 
lugar na agenda da comunidade internacional. Sobre a teoria contemporânea dos direitos humanos, 
assinale a alternativa correta. 
a) Os Direitos Humanos de defesa relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa solicitar uma conduta 
ativa do Estado a fim de promover seus direitos fundamentais. 
b) Pode-se afirmar que a concepção contemporânea de Direitos Humanos é marcada pela universalidade 
e pela divisibilidade desses direitos. 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
19 
c) Pode ser conferida interpretação aos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) de 
forma que o exercício de um direito ali previsto anule ou restrinja o exercício de outro, destruindo 
esse último direito. 
d) Positivistas como Hans Kelsen e Alf Ross afirmam que os direitos humanos são direitos inatos à pessoa, 
que decorrem da sua própria condição de ser humano. 
e) A partir de um resgate da visão kantiana, a única condição exigida para que alguém seja titular de 
Direitos Humanos é sua condição de ser humano. 
5. ASPECTOS TERMINOLÓGICOS 
5.1. Os “conceitos” de direitos humanos 
Antonio Enrique Pérez Luño (2005, p. 23) afirma que o questionamento sobre o conceito de direitos 
humanos parece ser uma questão supérflua, pois o próprio termo evidencia a atribuição de direitos a cada 
ser humano. Porém, quando se indaga qual o alcance da expressão, na outorga de direitos para cada pessoa, 
ou qual o conjunto de atribuições derivadas desses direitos, o que, vê são divergências profundas e respostas 
contraditórias. 
Para o autor, a multiplicidade dos usos do termo “direito humanos”, ou de termos correlatos, como 
“direitos dos homens”, por diversos setores da sociedade, e com pontos de vistas políticos distintos, acaba 
não apenas por alargar seu significado, como também torná-lo impreciso (LUÑO, 2005, p. 24). Norberto 
Bobbio (2004, p. 17) destaca que a imprecisão do alcance terminológico do termo “direitos humanos” é 
refletida na doutrina, sendo possível distinguir três tipos de definições: 
1. Tautológicas: que não trazem nenhum elemento que permita caracterizar tais direitos (RAMOS, 
2016, p. 30). Um exemplo desse tipo de conceituação é: “direitos do homem são os que cabem 
ao homem enquanto homem” (BOBBIO, 2004, p. 17). 
2. Formais: não especificam o conteúdo dos direitos humanos, limitando-se a indicar algo sobre seu 
regime jurídico ou pressuposto (LUÑO, 2005, p. 24). Exemplo: “direitos humanos são aqueles 
pertencentes a todos os homens, em virtude de seu regime indisponível e sui generis” (RAMOS, 
2016, p. 30). 
3. Finalísticas ou teleológicas: utilizam o objetivo ou fim, para definir os direitos humanos, 
suscetíveis de diversas interpretações (LUÑO, 2005, p. 24), “estabelecendo os direitos humanos 
como aqueles essenciais para o desenvolvimento digno da pessoa humana” (RAMOS, 2016, p. 31). 
Além da inconsistência conceitual, a doutrina trava uma interminável e, porque não dizer, infrutífera 
batalha sobre a terminologia a ser adotada: direitos do homem, direitos humanos, liberdades públicas, 
direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos ou direitos fundamentais. 
5.2. Direitos do homem ou direitos humanos 
Atribui-se a Thomas Paine, em 1791, na obra The Rights of Man,a difusão do termo direito do 
homem, criado pelo escocês Thomas Spence na obra The Real Rights of Man, de 1775 (TAVARES, 2017, p. 
350). 
A ideia básica das expressões direitos humanos, ou direitos do homem, é a compreensão 
jusnaturalista de que o ser humano, pelo fato de existir, é dotado de um conjunto de direitos. 
Essas expressões são criticadas seja pelo teor jusnaturalista, seja porque não há direitos que não 
sejam do homem ou humanos (TAVARES, 2017, p. 348). 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
20 
Por outro lado, para seus defensores, a expressão “direitos humanos” representa uma inversão da 
figura deôntica (TAVARES, 2017, p. 351). A partir deles houve uma passagem de dever do súdito perante o 
Estado para uma posição de direito do cidadão oponível ao soberano (LAFER, 1995, p. 140). 
 Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 22) faz ainda uma distinção entre as expressões 
direitos do homem e direitos humanos. Os primeiros não estariam positivados em textos constitucionais ou 
tratados internacionais. Já os segundos, inscritos em tratados internacionais. 
5.3. Liberdades públicas 
O termo “liberdade pública” aparece, no singular ou no plural, nas Constituições francesas de 1814 
e 1852. 
Fabio Konder Comparato (2013, p. 75) aponta que, a partir do final do século XVIII e sob a influência 
de Benjamin Constant em sua obra “Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos”, a doutrina 
distinguiu os termos liberdades públicas — empregando-o com um sentido político de autogoverno — e 
liberdades privadas, como instrumentos de defesa do cidadão contra as ingerências estatais. 
Assim, o termo direitos do homem tem natureza estritamente jusnaturalista, enquanto que o termo 
“liberdades públicas” tem conotação positivista, em que compete ao legislador reconhecer o direito no plano 
positivo aos cidadãos (GUERRA, 2020, p. 51). 
Ademais, como aponta André de Ramos Tavares (2017, p. 351), a principal crítica refere-se à 
imprecisão terminológica, pelo fato de que o termo da ideia de um rol de liberdades que se contrapõe às 
liberdades privadas. Ele ainda gera a ideia de um poder de agir, deixando de lado a possibilidade de exigência 
de uma atuação por parte do Estado ou de terceiros. 
Há autores, como Manoel Gonçalves Ferreira, que identificam as liberdades públicas com os direitos 
individuais. 
5.4. Direitos subjetivos e direitos públicos subjetivos 
André Ramos Tavares (2017, p. 353) explica que há quem entenda que a expressão “direitos 
subjetivos” é ligada a todos os atributos da personalidade, sendo os direitos humanos uma subespécie. Há 
ainda aqueles que ligam a expressão direitos subjetivos por um lado estritamente jurídico, no sentido de 
prerrogativa estabelecida em conformidade com determinadas regras. 
Nesse caso, a impropriedade é a possibilidade de desaparecimento dos direitos humanos, em 
função da transferência ou da prescrição. 
Por fim, o termo “direitos públicos subjetivos” carrega consigo uma concepção individualista própria 
de um Estado liberal, e, por isso, não abarca todo o universo dos direitos humanos existentes. 
5.5. Direitos fundamentais e a distinção aos Direitos Humanos 
Para José Afonso da Silva (2010, p. 163), o termo “direitos fundamentais” é justificado, pois se refere 
a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia de cada ordenamento jurídico. 
André Ramos Tavares (2017, p. 354), por sua vez, ressalta que o termo também se aproxima da noção de 
direitos naturais, no sentido de que a natureza humana seria a portadora de certos direitos fundamentais. 
Ingo Sarlet (2020, p. 315), por sua vez, aponta que o termo “direitos fundamentais” aplica-se aos 
direitos reconhecidos na esfera do direito constitucional positivo de um Estado. Tratam-se dos direitos tidos 
como mais importantes em uma comunidade, e que serão inscritos nas constituições como fundamentos do 
Estado. Já o termo “direitos humanos” é utilizado em documentos de Direito Internacional, pois se refere 
às posições jurídicas reconhecidas ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com 
determinada ordem constitucional (SARLET, p. 2020, p. 315). 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
21 
Essa distinção formal foi adotada pela Constituição de 1988, em sua redação originária; enquanto o 
art. 4º, II, referente aos princípios das relações internacionais, menciona o termo “direitos humanos”, e os 
demais dispositivos constitucionais não. O Título II e o art. 5º, § 1º utilizam o termo “direitos e garantias 
fundamentais”. O art. 5º, LXXI, o termo “direitos e liberdades constitucionais” e o art. 60, § 4º, IV, a expressão 
“direitos e garantias individuais”. 
Após a Emenda Constitucional n.º 45/2004, essa distinção foi mantida, ainda que de forma um pouco 
mais tênue. Afinal, a redação do art. 5º, § 3º utiliza a terminologia “tratado internacional de direitos 
humanos”, mas o art. 109, V-A utiliza o termo “direitos humanos”, fazendo remissão ao art. 109, § 5º, que, 
por sua vez, refere-se à “finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte”. 
Dessa distinção meramente formal pode-se chegar às seguintes conclusões: 
• Direitos fundamentais e direitos humanos têm o mesmo fundamento material (a dignidade 
humana); 
• É possível o reconhecimento de direitos fundamentais, em uma ordem constitucional, que ainda 
não tenham sido positivados em um documento internacional, assim como um direito positivado 
em um tratado internacional que não tenha correlação em uma ordem constitucional. 
Porém, considerando que tanto os tratados internacionais (a exemplo do artigo 29 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos), quanto as constituições modernas (vide CF/88, art. 5º, § 2º) têm cláusulas 
de abertura ou comunicabilidade, com o intuito de abarcar a maior proteção ao ser humano. Para fins 
didáticos, não seria equivocado reputar como sinônimos os termos direitos humanos e direitos 
fundamentais. Essa posição foi adotada pela própria Corte Interamericana de Direitos Humanos, na opinião 
consultiva nº 16: 
76. Por outro lado, o México não solicita ao Tribunal que interprete se o objeto principal da 
Convenção de Viena sobre Relações Consulares é a proteção dos direitos humanos, mas se 
uma norma desta Convenção diz respeito a esta proteção, ou adquire relevância à luz da 
jurisprudência consultiva deste Tribunal, que interpretou que um tratado pode dizer 
respeito à proteção dos direitos humanos, com independência de qual seja seu objeto 
principal. Portanto, ainda quando são exatas algumas apreciações apresentadas ao Tribunal 
sobre o objeto principal da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, no sentido de 
que esta é um tratado destinado a “estabelecer um equilíbrio entre os Estados”, isto não 
obriga a descartar, de plano, que este Tratado possa dizer respeito à proteção dos direitos 
fundamentais da pessoa no continente americano (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS, 1999). 
ATENÇÃO! 
Não obstante a predileção em tratar os termos direitos humanos e direitos fundamentais como 
sinônimos, em provas de concurso, principalmente na fase objetiva, é comum a cobrança da distinção 
formal entre os termos. Portanto, para fins de prova, deve-se considerar o termo direitos humanos para a 
positivação de direitos em tratados internacionais e o termo direitos fundamentais para a positivação de 
direitos nas constituições. 
 
QUESTÕES 
25. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto) Os direitos humanos são todos 
os direitos previstos em legislação nacional ou acordos e tratados internacionais que dizem respeito à 
proteção da pessoa, ao passo que os direitos fundamentais são aqueles que têm como fundamento a 
dignidade da pessoa humana, estejam ou não positivados. 
 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHATEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
22 
26. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia) Os direitos humanos são os direitos básicos 
essenciais à vida. 
 
27. (CESPE/CEBRASPE - 2019 - CGE - CE – Auditor) A respeito dos marcos históricos, fundamentos e 
princípios dos direitos humanos, assinale a opção correta. 
a) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são indistinguíveis; por 
isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico. 
b) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo ordenamento 
jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988. 
c) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos cidadãos se 
esgota no direito de votar e de ser votado. 
d) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é fundamento dos 
direitos humanos. 
e) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução Francesa 
permanecem os mesmos ainda na atualidade. 
 
28. (MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Conceitualmente, os direitos humanos são os direitos 
protegidos pela ordem internacional contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa 
cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por sua vez, os direitos fundamentais são afetos à 
proteção interna dos direitos dos cidadãos, os quais encontram-se positivados nos textos 
constitucionais contemporâneos. 
 
29. (ESAF - 2012 - CGU - Analista) Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Homem não 
possuem o mesmo significado. Assim, a primeira nomenclatura surgida foi a dos Direitos 
Fundamentais, a qual remonta a época do jusnaturalismo. 
 
30. (Prefeitura de Campinas - SP - 2016 - Prefeitura de Campinas) A diferença entre direitos humanos e 
direitos de cidadania é que os 
a) direitos de cidadania são sinônimos dos direitos humanos não havendo, portanto, diferenças entre 
eles. 
b) direitos humanos são restritos e os direitos de cidadania são amplos envolvendo todos que convivem 
num mesmo território. 
c) direitos humanos são direitos assegurados aos cidadãos quando estão fora de seu país, enquanto os 
direitos de cidadania são garantidos dentro do território de nacionalidade de cada indivíduo. 
d) direitos humanos pertencem a todos os sujeitos, são universais e naturais, enquanto os direitos de 
cidadania são próprios aos naturais de um país. 
e) direitos humanos estão garantidos na Constituição Federal, enquanto os direitos de cidadania constam 
das Constituições dos Estados e das Leis Orgânicas dos Municípios. 
 
31. (MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto) Em relação aos direitos humanos, é correto 
afirmar: 
a) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais. 
b) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito 
internacional. 
c) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais. 
d) São aqueles protegidos pela ordem internacional. 
e) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados. 
 
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23 
32. (FCC - 2019 - AFAP - Analista de Fomento – Advogado) Considere o seguinte excerto da obra 
doutrinária ao final identificada: 
“Outra característica associada aos direitos fundamentais diz com o fato de estarem consagrados 
em preceitos da ordem jurídica. Essa característica serve de traço divisor entre as expressões direitos 
fundamentais e direitos humanos. 
A expressão “direitos humanos”, ou direitos do homem, é reservada para aquelas reivindicações 
de perene respeito a certas posições essenciais ao homem. São direitos postulados em bases 
jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem como característica básica a positivação numa 
ordem jurídica particular. 
A expressão “direitos humanos”, ainda, e até por conta da sua vocação universalista, 
supranacional, é empregada para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em 
documentos de direito internacional. 
Já a locução “direitos fundamentais” é reservada aos direitos relacionados com posições básicas 
das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem numa ordem 
jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na 
medida em que cada Estado os consagra.” (MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de Direito Constitucional, 13.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 147) 
Com base no texto transcrito, 
a) não há como distinguir doutrinariamente as expressões direitos fundamentais e direitos humanos, 
dada a vocação universalista da proteção da pessoa humana, reconhecida nos documentos do direito 
internacional. 
b) a expressão “direitos humanos” possui natureza universalista, oriunda de uma concepção filosófica 
derivada do Direito Natural. 
c) a expressão “direitos humanos” diz respeito ao direito positivado por cada Estado soberano e, por 
essa razão, se afasta das concepções jusnaturalistas. 
d) a expressão “direitos humanos”, dado o caráter nacional da positivação jurídica, não constitui objeto 
do Direito Internacional Público. 
e) por se tratar de concepção filosófica jusnaturalista, não limitada ao tempo e ao espaço, os direitos 
fundamentais não possuem conteúdo jurídico. 
6. DUPLA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS/FUNDAMENTAIS 
André de Tavares Ramos (2020, p. 31) aponta que, em virtude de sua importância, os direitos 
fundamentais têm uma proteção especial nos ordenamentos dos Estados. 
Aquilo que os justifica como fundamentais são suas circunstâncias de fundamentalidade, que são, 
simultaneamente formal e material. 
A fundamentalidade formal está ligada ao direito constitucional ou internacional positivo, pois 
relaciona-se com os seguintes elementos: 
• Do ponto de vista interno, sendo parte integrante de Constituição, os direitos fundamentais são 
hierarquicamente superiores às normas infraconstitucionais; 
• Considerando o disposto no art. 60, § 4º da Constituição de 1988, os direitos fundamentais são 
cláusulas pétreas, e, como tal, limitam o exercício do poder constituinte derivado; 
• Ainda em âmbito constitucional brasileiro, o art. 5º, § 1º impõe aplicabilidade direta e imediata 
dos direitos fundamentais, de modo que sua oponibilidade independe de complementação 
infraconstitucional; 
• Em âmbito internacional, as normas de proteção dos direitos humanos são inseridas como 
normas de jus cogens (MIRANDA, 2009, p. 123) e, como tal, não podem ser derrogadas pela 
vontade dos Estados. 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
24 
A fundamentalidade material diz respeito ao conteúdo dos direitos, à posição de decisão política 
fundamental da sociedade, que os eleva ao status de normas estruturantes do Estado. 
Por isso, é possível haver um direito fundamental em um determinado Estado e não em outro, pois 
a experiência constitucional de ambos é distinta. Aquilo que é fundamental para um nem sempre será para 
outro Estado. 
7. DIMENSÕES DE ABERTURA 
André Ramos Tavares (2017, p. 364) afirma que não há um rol fechado (numerus clausus) nas 
constituições, motivo pelo qual sua proteção é dinâmica, flexível ou móvel. 
Busca-se evitar o engessamento ou a petrificação dos direitos fundamentais. 
No âmbito da proteção dos direitos humanos, adota-se, portanto, o princípio da não tipicidade 
(TAVARES, 2017, p. 365), que pode ser ilustrado pelo art. 5, § 2º da Constituição de 1988: 
Art. 5º (...) 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
Em âmbito internacional, os tratados de direitos humanos também trazem cláusulas decomunicabilidade, possibilitando a melhor proteção possível aos direitos fundamentais, a exemplo do artigo 
29 da Convenção Americana dos Direitos Humanos: 
Artigo 29. Normas de Interpretação 
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de: 
a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos 
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a 
nela prevista; 
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos 
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção 
em que seja parte um dos referidos Estados; 
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da 
forma democrática representativa de governo; e 
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza. 
Além da abertura expressa, André de Ramos Tavares (2017, p. 365) aponta ainda que a abertura dos 
direitos fundamentais fornece ao legislado e ao juiz no caso concreto a atividade criativa na ampliação e 
aplicação dos direitos fundamentais. 
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25 
QUESTÕES 
33. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto) Assinale a alternativa correta: 
a) A natureza fundamental dos direitos, no sistema constitucional brasileiro, decorre exclusivamente do 
conteúdo dos direitos, ou seja, da circunstância de consubstanciarem decisões fundamentais sobre a 
estrutura do Estado e da sociedade. 
b) O sistema constitucional brasileiro alberga direitos fundamentais não expressos no texto 
constitucional, mas que sejam decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição 
Federal. 
c) A natureza fundamental dos direitos, no sistema constitucional brasileiro, decorre, exclusivamente, da 
opção constituinte de elencá-los como tal em um catálogo de direitos fundamentais. 
d) Outros direitos fundamentais não previstos pelo Constituinte originário podem ser incorporados ao 
sistema constitucional brasileiro, por meio de tratados internacionais, ratificados pelo Brasil, os quais, 
independentemente da forma da incorporação, terão hierarquia normativa equivalente a emenda 
constitucional. 
8. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
Não existe consenso na doutrina quanto às principais características dos direitos humanos. 
José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior (2012) elenca 16 características dos direitos fundamentais: 
universalidade, indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, imprescritibilidade, 
inalienabilidade, irrenunciabilidade, historicidade, vedação ao retrocesso, efetividade, limitabilidade, 
inviolabilidade, complementaridade, concorrência, aplicabilidade imediata e constitucionalização. 
Já Robert Alexy (2014, ebook, p. 146) aponta cinco características: universalidade, 
fundamentalidade, abstração, moralidade e prioritariedade. André de Carvalho Ramos (2016, p. 190) 
adiciona características formais, como a superioridade normativa no plano internacional, tratando-os como 
normas de jus cogens. 
8.1. Fundamentalidade 
Para Robert Alexy (2014, ebook, p. 146), os direitos humanos são fundamentais na medida em que 
não protegem todas as fontes e condições do bem-estar, mas apenas os interesses e necessidades 
fundamentais. 
8.2. Abstração 
Tratam-se de direitos abstratos, pois sua significação, no caso concreto, pode ocorrer após uma 
longa disputa, apesar de todos sermos detentores de um direito (ALEXY, 2014, ebook, p. 147). 
8.3. Moralidade 
Os direitos humanos detêm validade apenas moral. Portanto, para o Alexy (2014, ebook, p. 147), a 
validade dos direitos humanos é sua existência. 
Assim sendo, a validade dos direitos humanos independe de sua positivação, conquanto essa possa 
servir para melhor garanti-los institucionalmente. 
8.4. Prioritariedade 
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26 
Robert Alexy (2014, ebook, p. 147) aponta que os direitos humanos são prioritários, pois, enquanto 
direitos morais, não podem ter sua força invalidada por normas jurídico-positivas, sendo também um padrão 
de interpretação das normas positivadas. 
8.5. Inalienabilidade 
Para Valerio de Oliveira Mazzuoli (2020, ebook, p. 28) os direitos humanos não podem ser cedidos 
ou transferidos, onerosa ou gratuitamente por seus titulares, sendo inegociáveis. 
ATENÇÃO! 
Há de se distinguir a inalienabilidade da titularidade dos direitos humanos dos eventuais efeitos 
patrimoniais advindos desses direitos. Exemplo: a autoria da música Twist and Shout sempre será de Phil 
Medley e Bert Russell, ainda que a sua terceira versão, gravada pelos Beatles, seja a mais famosa. O direito 
autoral dos compositores, bem como a versão dos Beatles, não se confunde com a possibilidade de 
comercialização do produto (letra ou música). 
8.6. Irrenunciabilidade e imprescritibilidade 
Ainda que voluntariamente, o sujeito não pode renunciar de seus direitos humanos. A autorização 
do titular não justifica ou convalida eventual violação ao seu conteúdo (MAZZUOLI, 2020, ebook, p. 28). 
Ademais, os direitos humanos não serão extintos por seu desuso (ROTHENBURG, 2000). 
8.7. Indivisibilidade 
Cada direito “constitui uma unidade incindível em seu conteúdo elementar, bem como sob o ângulo 
dos diversos direitos fundamentais reconhecidos” (ROTHENBURG, 2000). 
8.8. Interdependência 
Antônio Augusto Cançado Trindade (1997), explica que todos os direitos humanos são situados em 
um mesmo nível, sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou culturais, tendo em vista sua 
interdependência. Trata-se, portanto, de uma característica derivada da indivisibilidade de tais direitos. 
8.9. Historicidade 
Norberto Bobbio (2004, p. 13) ensina que o elenco dos direitos humanos se modifica com as 
alterações das condições históricas, das carências e dos interesses das classes do poder, e, também, dos 
meios disponíveis para sua realização e das transformações técnicas. 
Logo, aquilo que era considerado fundamental em uma época ou civilização não é em outra época 
ou cultura. 
Para Arthur Kaufmann, a historicidade dos direitos humanos não significa apenas que eles estejam 
presentes de fato no tempo e na história, mas significa bem mais: que eles têm história e que sua definição 
se dá ao longo do tempo e da história, configurando, pois, um “fator de ordenação objetiva e não arbitrária 
para a configuração do Direito” (KAUFMANN, 1998). 
8.10. Aplicabilidade imediata 
Em âmbito interno, não há dúvidas acerca da aplicabilidade direta e imediata dos direitos 
fundamentais, tendo em vista o disposto no art. 5º, § 1º da Constituição. Ingo Sarlet (2020, p. 626) destaca 
PAULO MÁXIMO DE CASTRO CABACINHA TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS • 1 
27 
que os direitos sociais também têm aplicabilidade direta, ainda que seu alcance deva ser avaliado em seu 
contexto próprio e em harmonia com outros direitos sociais. 
Portanto, ainda que a concretização dos direitos sociais dependa de atividade ulterior, normalmente 
legislativa, isso não quer dizer que essa concretização discricionária. 
André de Carvalho Ramos (2016, p. 265), a seu turno, aponta que as normas internacionais devem 
ser avaliadas conforme a intenção das partes (mens legislatoris), podendo elas serem autoaplicáveis (self-
executing) e não-autoaplicáveis (not-self executing). 
Em relação à Convenção Americana de Direitos Humanos, a própria Corte Interamericana de Direitos 
Humanos (Corte IDH), na Opinião Consultiva nº 7/86, estabeleceu que o tratado é autoaplicável. 
8.11. Vedação ao retrocesso 
Aos Estados é vedado o retrocesso na proteção dos direitos humanos. Portanto, a proteção estatal 
deve ser sempre evolutiva. A essa característica chama-se, ainda, proibição de regresso, não retorno ou 
efeito cliquet (MAZZUOLI,

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