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62 Unidade II Unidade II 3 FLUXOS E ARRANJOS FÍSICOS A produção necessita de organização e padronização para ser realizada da melhor forma, otimizando os recursos – materiais, pessoas e tempo –, na busca de redução de custo com a melhor produtividade de toda a empresa. O objetivo é que os fluxos de materiais e pessoas tenham a melhor movimentação possível. Na classificação tradicional de produção de produtos e serviços, para ter a melhor otimização de espaço, do uso das máquinas e da movimentação de pessoas, podemos conhecer as formas de produção de fluxos em linha. 3.1 Padrões de fluxo em linha O fluxo em linha é a estrutura mais eficaz para a produção em linha de transferência ou linhas de montagem nas quais os retrocessos são mínimos ou inexistentes. Observe que os padrões de fluxo em linha podem ser: • fluxo em linha reta; • fluxo em U; • fluxo em S; • fluxo em W; • fluxo em O. Para ter uma ideia de como são esses fluxos na linha de produção, imagine uma lanchonete com um balcão reto e diversos materiais e produtos expostos nele. Essa seria a linha reta para a sequência dos materiais e produtos na linha de produção. Agora que você imaginou a linha reta, imagine o balcão em formato das letras U, S, W e O. Trata-se de uma metáfora, mas que nos permite compreender como se encaminham as peças, os equipamentos e as matérias-primas. 63 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES 3.2 Padrões do fluxo de movimentação dos operadores Da mesma maneira que o padrão do fluxo de trabalho apresenta o encaminhamento da produção das peças, a movimentação dos empregados também pode ser representada pelo caminho que estes fazem para realizar o seu trabalho. Assim, se voltarmos ao balcão do nosso bar, podemos pensar em fluxo de operadores para a realização dos trabalhos. O fluxo em U pode ser realizado com um ou dois operadores, podendo ser dependentes ou independentes da atividade que vem na sequência. Existem ainda os fluxos em espinha unilateral e bilateral e o fluxo em laço. Lembrando que estamos pensando no caminho percorrido pelos materiais e pelas pessoas. Assim, pode-se observar a presença de uma espinha central, na qual dispositivos manuseados de materiais são realizados de forma uni ou bidimensional. As estações de trabalhos estão ao longo da linha de fluxo principal. São aplicáveis, internamente, nos departamentos, ou entre eles. É possível imaginar um escritório com mesas colocadas de maneira oposta e em diversas linhas, umas mais para frente, outras mais para trás. A vantagem das linhas em U é que estas podem ser escalonadas, ou seja, podem ser ajustadas à produção conforme o aumento ou a diminuição das necessidades do produto, pelo aumento de demanda, tornando-as flexíveis ao volume da produção. O padrão de fluxo em laço apresenta as estações de trabalho operando em uma espinha central, na qual existe um laço que serve para todas elas. Podem ser do tipo interno e externo, uni ou bidirecional, e observa-se que as estações de trabalho podem estar na parte interna ou externa do laço. Lembrete Imagine as pessoas ao redor dessas estruturas, ou em linha reta para realizar o trabalho em cada uma dessas estações. Podemos inferir que eles farão diversos movimentos, em forma de U, S, W e O para cumprir suas atribuições. Esses fluxos mostram o caminho percorrido pelos funcionários para a realização de suas tarefas. Os modelos podem ser vários, e a escolha vai trazer ou não flexibilidade para a criação das linhas de montagem, como pode ser visto nas imagens a seguir. 64 Unidade II A) B) C) D) Figura 43 – Tipos de indústrias Disponível em: A) https://bit.ly/3jFjQjM; B) https://bit.ly/3mi7mjM; C) https://bit.ly/2ZpCpli; D) https://bit.ly/3Ck2HDF. Acesso em: 26 out. 2021. Observação Produção em células O conceito de tecnologia de grupo, na qual as peças parecidas, ou processadas de forma similar, são agrupadas em uma área comum – as células de produção –, permite o aproveitamento integral da mão de obra. Para isso, o operador precisa ser treinado para exercer qualquer tipo de função, e são chamados de operador multifunção. Os padrões do fluxo de trabalho influenciam os arranjos físicos para a execução das tarefas e a construção do prédio onde serão executadas, como veremos na sequência. 65 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Saiba mais Conheça os padrões de células de produção em fluxo contínuo, no qual o autor apresenta algumas possibilidades para a produção lean nesse modelo. CÉLULA de produção - como criar fluxo contínuo? Lean Institute Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3DiZpk2. Acesso em: 7 out. 2021. 3.3 Arranjos físicos – leiaute Arranjo físico é o leiaute de como estão dispostas as áreas de trabalho para que haja um melhor fluxo de matéria-prima no espaço. Isso pode ser no chão de fábrica, no escritório, na loja ou nos departamentos, uma vez que todos eles estão trabalhando no processamento de bens, informações ou pessoas. Assim, trata-se do posicionamento físico dos recursos e o fluxo das pessoas, andamento da produção e informações, representando a aparência e o funcionamento da operação. Vantagens dos arranjos físicos adequados: • Reduzir custos de movimentação e manuseio de materiais. • Utilizar o espaço de forma eficiente. • Evitar que os funcionários façam movimentos desnecessários. • Facilitar a comunicação entre os envolvidos no processo. • Reduzir os tempos do ciclo de produção. • Facilitar a circulação de pessoas e materiais. • Facilitar o acesso da manutenção. • Proporcionar acesso visual dos processos. De um bom arranjo físico depende um correto fluxo de pessoas e de materiais, visto que, sem isso, haverá longos e confuso fluxos de produção, como as filas de clientes e a demora para a realização dos processos, aumentando os custos. O projeto do arranjo físico deve objetivar: • Segurança inerente, com sinalizações de riscos e de saídas de emergência. 66 Unidade II • Extensão do fluxo, que reduza distâncias percorridas pelas pessoas e peças. • Clareza de fluxo, com rotas sinalizadas. • Conforto para os funcionários, com ambiente de trabalho que evite fadiga e acidentes. • Coordenação gerencial, com comunicação e supervisão facilitadas para localizar os funcionários e a produção. • Acessibilidade, para facilitar a manutenção e a limpeza. • Uso do espaço de produção deve ser otimizado sem interferir no fluxo e no conforto das pessoas. • Flexibilidade para ter mudanças futuras de leiaute. O tipo de arranjo físico se relaciona com os tipos de processos que serão realizados, serve para organizar as pessoas e o fluxo de trabalho, sendo a manifestação física do processo, e deve ser realizado a partir dos seguintes aspectos relevantes para sua elaboração (ROCHA; NONOHAY, 2016): • O que deve ser produzido. • Qual a quantidade. • Como será a produção. • Quais processos serão usados. • Quais máquinas. • Quais equipamentos e ferramentas serão utilizadas. • Quantidade de máquinas, ferramentas. • Quantos operadores serão necessários e em qual sequência etc. Rocha e Nonohay (2016) indicam, ainda, os princípios para a elaboração de arranjos físicos: • Acesso. • Aproveitamento do espaço. • Flexibilidade em longo prazo. • Integração. 67 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES • Mínima distância. • Obediência ao fluxo produtivo. • Satisfação e conforto dos operadores. • Segurança e ergonomia. 3.4 Tipos de arranjos físicos Existem quatro tipos básicos de arranjos físicos: • Arranjo físico posicional. • Arranjo físico funcional ou por processo. • Arranjo físico por produto ou linear (em linha). • Arranjo físico celular. Ainda podemos observar os que misturam dois ou mais tipos, os mistos, e os que podem transitar entre um tipo e outro, os flexíveis. Arranjo físico posicional Relacionado à produção por projeto, nesse leiaute não existe movimentação de pessoas e materiais. O produto fica fixo e os recursos – pessoas, máquinas e equipamentos – movem-se ao longo do processo.Os produtos são muito customizados, únicos e em pequenas quantidades, o que leva à baixa eficiência. São exemplos do uso desse arranjo físico a produção de aviões e navios, as rodovias, as salas de cirurgia e os restaurantes. Tipos de processos em manufatura Processo por projeto Processo tipo encomenda Processo por lotes Processo em massa Processo contínuo Tipos básicos de arranjo físico Arranjo físico posicional Arranjo físico por projeto Arranjo físico celular Arranjo físico por produto Baixo Ba ix a Volume Va rie da de Alto Al ta Figura 44 – Escolha do melhor arranjo físico – volume versus variedade 68 Unidade II Arranjo físico funcional ou por processo Relacionado aos processos de produção em lotes e jobbing, agrupa os recursos com função ou processos similares. A produção é organizada por função para constituir um setor específico na manufatura. Equipamentos e pessoas fluem de setor a setor, conforme as atividades necessárias. Como vantagens estão a flexibilidade dos fluxos com possibilidade de percorrer diferentes trajetos, mas isso reduz a eficiência e aumenta o tempo de realização do trajeto. São exemplos o funcionamento das fábricas, hospitais (radiologia, ortopedia etc.), lojas de departamentos (roupas infantis, eletrodomésticos etc.), supermercados (alimentício, cosméticos, limpeza etc.), entre outros. Podem ser arranjados por material e por fluxo de pessoas. Num supermercado, por exemplo, é preciso pensar no fluxo de pessoas. Já numa ferramentaria, o processo é pensado em função do material a ser utilizado. Preparação de matérias-primas Seção de pinturas Seção de furadeiras Seção de montagens Seção de prensas Seção de controle de qualidade Seção de tratamento térmico Almoxarifado de matérias-primas Depósito de produtos acabados Seção de embalagens Fluxo do produto A Fluxo do produto B Figura 45 – Leiaute por processo ou funcional Fonte: Chiavenato (2014, p. 115). Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020) apresentam o exemplo de fluxo de pessoas em uma biblioteca (figura 46). 69 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Livros Livros Livros Livros Livros Livros Para a área de estudo Laboratório de aprendizagem por computador Área de exposição Sala de trabalho Sala de trabalho Sala de copiadoras Sala de audiovisuaisEntrada principal Seção de circulação Catálogos Re fe rê nc ia Sala de microfilmes Periódicos Sala do(a) diretor(a)Co le çã o re se rv ad a Figura 46 – Fluxo de pessoas em uma biblioteca Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 244). Arranjo físico por produto ou linear (em linha) Utilizado nos processos de produção em massa e contínuo, o leiaute organiza a produção em sequência de etapas, ou seja, os recursos são dispostos em linha para a produção em massa de determinado produto padronizado, que leva à máxima eficiência, mas é difícil alterar no roteiro. O modelo é usado para processar grandes volumes com a mesma sequência, como nos restaurantes por quilo, nas linhas de montagem de veículos, de eletroeletrônicos e outros. Matéria-prima Apresentação do passageiro Torno Verificação dos seus documentos de identidade Prensa Verificação de sua passagem aérea Plaina Definição do voo e do assento do passageiro Embalagem Comprovação da passagem no corredor do ingresso Produto acabado Entrada no avião e instalação do assento Fluxo do produto Fluxo do serviço Figura 47 – Leiaute linear por produto ou serviço Fonte: Chiavenato (2014, p. 114). 70 Unidade II Arranjo físico celular Esse modelo é híbrido, pois apresenta características dos arranjos linear e funcional, estando relacionado com processos de produção em lotes ou bateladas. Os recursos que não são semelhantes são agrupados para processar grupos de itens com etapas parecidas. Dessa forma aumenta a eficiência do arranjo funcional e ainda possui flexibilidade. Pode-se encontrar esse arranjo na produção de componentes de computador, em maternidades de hospitais e na produção de lanches rápidos em supermercados. Slack, Brandon-Jones e Johnston. (2020) apresentam os três principais tipos de arranjos utilizados em um complexo de restaurantes (figura 48). Restaurante com arranjo físico posicional Buffet - arranjo físico celular Buffet dos pratos principais Bu ff et en tr ad as Bu ff et d e so br em es a Câmara fria Preparação Cozinha - arranjo físico funcional Linha de serviço Restaurante de “comida a quilo” - arranjo físico em linha Fo rn o Grill Freezer Figura 48 – Restaurante que utiliza os quatro tipos básicos de arranjos físicos Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 248). Arranjos físicos mistos Pode-se encontrar arranjos físicos mistos, conforme a necessidade do local, por exemplo, em um hospital, observa-se o seguinte: • Hospital: arranjo físico funcional (departamento de radiologia, salas de cirurgia etc.) e, dentro de cada departamento, diferentes tipos de arranjos físicos. — Departamento de radiologia – processo. — Sala de cirurgia – posicional. — Complexo de restaurantes. — Cozinha de um restaurante – processo. — Restaurante Tradicional – posicional. 71 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES — Restaurante Buffet – celular. — Restaurante Bandejão – processo. Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020) mostram como o arranjo físico interfere no processo de produção. A mudança na linha de montagem passou a posicionar veículos lado a lado, garantindo economia de recursos, como eletricidade e ar condicionado, e aumento de produtividade por funcionário. Linha de montagem convencional Nova linha de montagem com os veículos posicionados lado a lado Figura 49 – Comparação entre linhas de montagem Adaptada de: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 247). Arranjos físicos flexíveis Não é necessário mexer todo o tempo no arranjo de forma definitiva, a busca deve ser por aumentar cada vez mais as facilidades de configuração de novos setores produtivos ou novas células por meio de tecnologias e equipamentos de menor porte, que podem ser transportados de um lugar para outro, facilitando a movimentação, demarcando as células com fitas adesivas no chão. Quando há mudanças em geral, os arranjos físicos devem ser revistos, principalmente se: • Algum recurso for retirado ou acrescentado. • O recurso precisa mudar de lugar. • A área instalada seja expandida ou reduzida. • Houver mudança nos procedimentos da produção. • Houver mudança nos produtos produzidos com mudança no fluxo de trabalho. • Houver mudança na estratégia competitiva. 72 Unidade II Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020) apresentam as vantagens e desvantagens dos tipos de arranjos físicos. Flexibilidade muito alta do mix e produtos Produto ou cliente não movido ou perturbado Alta variedade de tarefas para mão de obra Custos unitários muito altos Programação de espaço ou atividades pode ser difícil Pode significar muita movimentação de equipamentos e pessoal Alta flexibilidade de mix e produto Relativamente robusto em caso de interrupção de etapas Supervisão de recursos de transformação relativamente fácil Baixa utilização de recursos Pode ter alto estoque em processo ou filas de clientes Fluxo completo pode ser difícil de controlar Pode dar um bom equilíbrio entre custo e flexibilidade para operações com variedade relativamente alta Atravessamento rápido Melhor motivação do pessoal em potencial Pode ser caro reconfigurar o arranjo físico atual Pode exigir capacidade adicional Pode reduzir níveis de utilização de equipamento Baixo custo unitário para altos volumes Dá oportunidade para especialização de equipamento Movimentação conveniente de clientes e materiais Pode ter baixa flexibilidade do mix Não muito robusto se houver interrupções Trabalho pode ser repetitivo Arranjo físico posicional Arranjo físico funcional Arranjo físico celular Arranjo físico em linha Vantagens Desvantagens Figura 50– Vantagens e desvantagens do arranjo físico Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 251). 3.4.1 Planejamento do leiaute O arranjo físico também é chamado de leiaute e serve para organizar espacialmente as instalações. Há quatro tipos básicos de leiaute: • Leiaute de posição fixa ou posicional. • Leiaute de processo ou funcional. • Leiaute celular. • Leiaute de produto (linha de produção). As informações mostram o quão é importante a definição do arranjo físico para a estratégia de operação. O desempenho está ligado diretamente à eficiência do arranjo escolhido para a produção, que pode ser capaz de alavancar níveis competitivos de produtividade. O objetivo básico será sempre facilitar 73 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES e organizar as entradas, os fluxos de pessoas, as informações e os materiais, com ganho de espaço, tempo e lucro pela escolha do arranjo correto. Ao planejar os arranjos físicos, é preciso considerar a relação entre o volume e a variedade (alta ou baixa) e o fluxo regular (intermitente ou contínuo) (figura 51). Leiaute posicional Leiaute de processo Leiaute celular Leiaute de produto Volume Variedade Quanto maior for a variedade dos tipos de peças, essa será a ordem os tipos de leiaute mais adequados Quanto maior for o volume de peças iguais a serem produzidas, essa será a ordem dos tipos de leiaute mais adequados Figura 51 – Relação entre volume e a variedade da produção Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 252) apresentam a relação entre o leiaute e o custo da produção (figura 52). Observe que, quanto mais se aproxima do leiaute de produto, mais cara fica a produção. Os autores explicam a figura a seguir: (a) Os tipos básicos de arranjo físico têm características diferentes de custos fixos e variáveis que parecem determinar qual usar. (b) Na prática, a incerteza sobre os custos fixos e variáveis exatos de cada tipo de arranjo físico significa que raramente a decisão pode basear-se exclusivamente na consideração de custo. Custos Custos A) B) Volume Volume Posicional Posicional Funcional Funcional Use funcional, celular ou linha Use funcional ou celular Use funcional Use posicional ou funcional Use posicional Use posicional Use funcional Use celular Use linha Use linha Celular Celular Linha Linha Figura 52 – Relação entre o leiaute e o custo da produção Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 252). 74 Unidade II Da mesma maneira, a escolha do melhor arranjo físico deve considerar a variedade e o volume de produção (figura 53). Arranjo físico posicional Fluxo é intermitente Baixo Ba ix a Volume Va rie da de Alto Al ta Arranjo físico funcional Arranjo físico celular Arranjo físico em linha Fluxo regular torna-se mais importante Fl ux o re gu la r t or na -s e m ai s v iá ve l Fluxo torna-se contínuo Figura 53 – Escolha do melhor arranjo físico: volume versus variedade Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2020, p. 249). 3.5 Planejamento e controle da produção – PCP A organização e a limpeza são características importantes para que uma fábrica esteja organizada, na qual os funcionários estejam treinados para várias funções, com controle dos processos em todos os sistemas, por meio de softwares integrados. Esse conceito de organização leva à alta produtividade, com atividades que não agregam valor sendo dispensadas, o que resulta em redução e prevenção de problemas e diminuição dos estoques. O planejamento estratégico da produção ou manufatura contribui para organizar a produção, determinando as políticas, os objetivos, os planos de ação da empresa para longo, médio e curto prazos, o que determinará, ainda, a escolha dos produtos e serviços a serem oferecidos, como será a distribuição dos recursos e tecnologias, a matéria-prima, o pessoal e quaisquer outros insumos e mecanismos que envolvam a produção. O que é planejamento e controle da produção (PCP)? Trata-se de um sistema de gestão operacional que envolve todas as áreas e suas operações para a consolidação das informações que interferem na produção de produtos ou serviços. O planejamento é responsável pelos resultados positivos da empresa, garantindo qualidade e produtividade, além de reduzir os custos operacionais. 75 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES As funções do planejamento e controle da produção são de extrema importância para a empresa. São elas: • Gestão de estoques. • Emissão de ordens de produção. • Programação das ordens de fabricação. • Movimentação das ordens de fabricação. • Acompanhamento da produção. Slack, Brandon-Jones e Johnston (2018) apresentam os sistemas com diversos elementos em comum: • Uma interface com o cliente (demanda) que forma um link de informação bidirecional entre as atividades da operação e seus clientes. • Uma interface de suprimento que faz o mesmo para os fornecedores da operação. • Um conjunto de mecanismos “básicos” sobrepostos que executam tarefas básicas, como carregamento, sequenciamento, programação e monitoramento e controle. • Um mecanismo de decisão envolvendo pessoal de operações e sistemas de informação que faz ou confirma decisões de planejamento e controle. Os sistemas devem trabalhar juntos, porém cada um deles deve ser eficaz por si só, devendo integrar os mecanismos internos de planejamento e controle, clientes, fornecedores e outras funções da empresa. Na figura 54, podemos entender os componentes dos sistemas de planejamento e seus mecanismos de decisão para o encaminhamento das atividades. Planejamento e conectividade de fornecedores Outras funções da empresa Outras funções da empresa Sistema de informação de planejamento e controle Pessoal de planejamento e controle (tomadores de decisão) Programação Carregamento Sequenciamento Monitoramento e controle Planejamento e controle de clientes Interface do suprimento Interface da demanda O mecanismo de núcleo do planejamento e controle O mecanismo de decisão do planejamento e controle Figura 54 – Sistemas de planejamento e controle integrados Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2018, p. 256). 76 Unidade II Algumas empresas trazem esse setor como engenharia e engenharia de produto, entre outros. O PCP define o planejamento e o controle – onde e como serão utilizados os recursos para a produção dos bens e serviços. Na função administrativa, o planejamento determina metas, prazos e maneiras de atingi-las: o quê, como, quando e por quem deve ser feito. Já a função controle, também administrativa, se encarrega de medir e mensurar, corrigir falhas e assegurar o cumprimento do planejamento da melhor forma possível. Deve acompanhar se a produção caminha como foi planejada, identificando erros e corrigindo-os para evitar que erros e falhas se repitam e impedir perdas nos processos. Pela figura adiante, podemos observar que a produtividade e a qualidade são resultado de muito planejamento, programação e controle. Planejamento Programação Controle + + Produtividade e qualidade Figura 55 Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO apud MARUSCHI, 2019): “Compete à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação e energia”. Funções dos funcionários no PCP Conforme Maruschi (2019), o PCP é dividido em três níveis: coordenação, análise e operacional. Cada uma dessas se dedica a atividades diferentes. Saiba mais Para conhecer melhor cada um desses níveis e aprofundar seus conhecimentos no assunto, acesse: MARUSCHI, T. PCP – O que cobrar? E quem cobrar? Accion, 29 out. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3FgGatm. Acesso em: 4 out. 2021. 77 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Coordenador: planeja Função estratégica na empresa visa integrar todos os envolvidos na cadeia produtiva, criando e orientando anual e semestralmente o plano mestrede produção, para chegar aos resultados esperados, com o aumento da produtividade e a redução de custo, incluindo os ciclos de médio e de longo prazo, por meio da análise de processos, pessoas e produtos. A coordenação deve responder sobre: • Os insumos e fornecedores. • O lead time de produção. • Quando começar e finalizar a produção. • Os turnos de trabalho. • O tempo de setup. Observação O que é lead time? Produtos: tempo gasto pelo sistema de produção para transformar matérias-primas em produto finalizado. Termo da engenharia de produção, refere-se ao tempo entre o pedido e a entrega do produto ao cliente. Em serviços, o lead time envolve os processos da atividade, como a entrada do pedido, preparação e entrega. Qualquer problema em uma das fases compromete o prazo final da entrega do produto ao cliente. Setup Tempo de setup é o período em que a produção é interrompida para que os equipamentos sejam ajustados e está relacionado às variações do produto e ao planejamento da produção. Analista: controla A função de análise se responsabiliza pela programação e execução do planejamento diário, colocar em prática o plano mestre, conforme as diretrizes da coordenação, e se responsabiliza por: • Analisar se a venda está correta. • Planejar o plano de produção. 78 Unidade II Executar o MRP (material requirements planning – planejamento das necessidades dos materiais) (necessidade de compra). • Analisar a carga da capacidade produtiva. • Cumprir prazos de entrega, dando suporte ao comercial. • Gerenciar os indicadores de produção. Operador: acompanha Acompanha toda a movimentação do setor da planta produtiva, conforme diretrizes da coordenação e iniciados pelo analista, passando nesse ponto a ser monitorado pelo operador. Esse nível se responsabiliza por atividades como: • Movimentação dos lotes de produção junto ao ERP. • Vistoria diária para supervisão dos métodos operacionais (tempos e movimentos). • Gestão de entrada e baixa de estoques (insumos). • Contato e gestão de terceiros. • Auxílio ao analista na parte operacional do dia a dia. Após a identificação das funções, para organizar a produção, é preciso que os três níveis trabalhem de maneira sincronizada. 3.6 Gestão integrada de operações no PCP As funções do PCP divergem conforme o segmento de atuação da companhia, no entanto, em linhas gerais, pode-se dizer que as seguintes atividades fazem parte da área na busca do cumprimento dos objetivos, funções essas que podem ser tratadas como boas práticas de PCP, conforme acentua Chambril (s.d.). que apresenta as informações aplicadas à área gráfica, mas podem ser adaptadas para todos os segmentos. • Planejar, prever e manter necessidades futuras de capacidade de produção por histórico de demandas ou serviços já fechados em carteira de clientes. • Níveis apropriados de estoque de matérias-primas e insumos para os produtos projetados. • Agilidade na aquisição (compras) das matérias-primas/insumos que não fazem parte do giro de estoque. 79 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES • Eficiência e eficácia na programação das atividades de produção. • Otimização máxima dos recursos produtivos em função das características dos produtos. • Não programar ou liberar para produção Ordens de Serviços com falta ou dubiedade de informações ou com falta de matérias-primas/insumos para sua produção. • Ter conhecimento imediato das situações e ocorrências tanto dos recursos produtivos quanto aos relacionados ao produto em processo, principalmente sobre as ocorrências que podem impactar o plano e comprometer os objetivos. • Ser capaz de reagir de forma eficaz e rapidamente, reprogramando atividades que estejam saindo do plano. • Prometer os menores prazos possíveis aos clientes, desde que sejam factíveis de alcançá-los sem o comprometimento extra de recursos e mão de obra que não estejam custeados. • Prover e cobrar informações de outros setores acompanhando por meio de follow-ups constantes as pendências ou informações que possam impactar os prazos e objetivos pactuados. • Comunicar imediatamente ao cliente quando houver alguma situação extraordinária e sem recursos possíveis que impedirá o cumprimento dos prazos informados. Essas funções visam cumprir os objetivos da área, que incluem: • Produtos com a qualidade especificada e esperada. • Operação de máquinas e pessoas em níveis adequados e desejados de produtividade. • Redução de custos e de estoques. • Manutenção e melhoria contínua do atendimento ao cliente. Lembrete Os objetivos são atingidos quando o PCP consegue manter relacionamento com todas as áreas da empresa, que dão suporte direto e indireto à produção, permitindo a troca de informações para utilizar de maneira racional os recursos empresariais (materiais, humanos, financeiros etc.). 80 Unidade II As áreas envolvidas para o bom resultado da gestão de operações estão representadas na figura a seguir. Elas podem ser diferentes, conforme o segmento e o porte da empresa. Produção Finanças Vendas Engenharia Compras PCP Almoxarifado Contabilidade Custos Recursos humanos Atendimento ao cliente Figura 56 – Departamentos envolvidos Pode-se entender que o PCP se relaciona à estratégia empresarial para a manufatura, servindo como apoio às decisões táticas e operacionais, do dia a dia da empresa, controlando e informando continuamente a situação dos recursos envolvidos para diminuir erros e perdas, levando ao aumento da produtividade e da qualidade dos produtos, bem como ao melhor atendimento e satisfação do cliente. Previsão de demanda PCPIndicadores Dimensionamento Previsão de demanda Figura 57 – Atividades do gestor do PCP 81 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Saiba mais A figura 58 traz alguns controles que precisam ser realizados pelo PCP. A lista não esgota o assunto, mas é possível ter uma ideia do que precisa ser continuamente acompanhado pelo gestor. Leia a indicação a seguir: CHAMBRIL. Boas práticas de PCP na indústria gráfica. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3mpPeDy. Acesso em: 4 out. 2021. 3.6.1 Visão antiga e contemporânea do PCP Antes da automatização e informatização acelerada nas empresas, o PCP era visto como mais uma área administrativa e suas funções burocráticas. Na visão contemporânea, a produção e o PCP se diferenciam por suas funções. Enquanto o PCP pensa e provê as melhores condições para a produção e o cumprimento dos objetivos, a produção busca executar o planejado, com a fluência necessária para produzir adequadamente em todas as fases do processo produtivo. A importância dessa distinção surge da constante dotação de maiores recursos para a produção, com máquinas e equipamentos adequados e atualizados, bem como mão de obra qualificada e treinada, e as áreas de gerenciamento e planejamento não contam com esses recursos nem com a autonomia necessária para a tomada de decisão. Exemplo de aplicação Escolha dois ou três serviços que você utilizou na semana passada. Para cada um deles responda às seguintes perguntas: O serviço atendeu às suas expectativas? Sim? O que o operador do serviço fez para satisfazer suas expectativas? Não? Onde o operador falhou na prestação do serviço? Por que teria falhado? Se fosse você o gerente de operações desse serviço, o que você faria de diferente para melhorá-lo e alcançar a satisfação do cliente? O que você poderia fazer para reduzir o custo do serviço? 82 Unidade II 4 GESTÃO DE PROCESSOS Como vimos, qualquer produção de bens ou serviços envolve vários processos, com inputs que são transformados e entregam outputs, o produto ou serviço pronto. 4.1 As etapas dos processos Processo são as etapas a serem realizadas em um sistema para criar produtos e serviços, por meio dos inputs (entradas), um conjunto de atividades e outputs (saídas). • Inputs (entradas): os elementos que serão transformados no processo de gerar o produto ou serviço – materiais, informações, consumidores, e recursos necessários para essatransformação – instalações prediais, equipamentos, ferramentas, máquinas, funcionários. • Process (processo): as atividades que devem ser realizadas para transformar as entradas em saídas – furar, soldar, cortar, pintar etc. • Outputs (saídas): as saídas do processo de transformação são os produtos (tangíveis) ou os serviços (intangíveis). Os inputs são os recursos que serão transformados durante o processo operacional. E quais são esses inputs? • Materiais: ao processar materiais, o processo produtivo transforma suas propriedades físicas – forma ou composição, como o polietileno, que se transforma em plástico, e outros. • Informações: no processamento de informações, transformam-se as propriedades informativas (objetivos da informação), como os jornalistas e advogados, entre outros. • Clientes: processamento de consumidores alteram propriedades físicas de maneira parecida aos processos de materiais, como médicos, manicures, dentistas, entre outros. Vejamos, a seguir, os tipos de inputs (entradas) de materiais, informações e clientes. Quadro 4 – Inputs Materiais Informações Clientes Operações de manufatura Mineração Operações do varejo Armazéns Serviços postais Transportes em geral Transportadoras Contadores Bancos Empresa de pesquisa de mercado Analistas financeiros Serviço de notícias Unidade de pesquisa em universidade Telecomunicações Cabeleireiros Hotéis Hospitais Transporte rápido de massa Teatros Dentistas 83 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES O outro conjunto de inputs são os recursos de transformação: instalações e funcionários. Quadro 5 – Recursos de transformação Instalações Onde e como a matéria-prima será transformada: Máquinas Equipamentos Prédios e terreno Tecnologia e outros Funcionários Todos os envolvidos na produção: Operadores Planejamento Gestão Todas as operações são realizadas por meio de processos. Vamos conhecer alguns processos de atividades específicas apresentadas por Slack (2002). Quadro 6 – Exemplos de inputs, transformação e outputs Operação Recursos de input Processos de transformação Outputs Linha aérea Avião Pilotos e equipe de bordo Equipe de terra Passageiros e carga Transportar passageiros e carga pelo mundo Passageiros e carga transportados Loja de departamento Produtos à venda Equipe de vendas Registros computadorizados Clientes Dispor os bens Fornecer conselho de compras Vender os bens Consumidores e produtos juntos Gráfica Impressoras e desenhistas Prensas de impressão Papel, tinta etc. Projeto gráfico Impressão Encadernação Material desenhado e impresso Polícia Oficiais de polícia Sistemas de computador Informação Público (defensores da justiça e criminosos) Prevenir crimes Solucionar crimes Prender criminosos Sociedade justa Público com sentimento de segurança Fabricante de comida congelada Comida fresca Operadores Equipamento de processamento de alimento Congeladores Preparação da comida Congelamento da comida Comida congelada Fonte: Slack (2002, p. 37). 84 Unidade II Em continuidade à exemplificação, observe os elementos envolvidos para um curso superior e um restaurante no quadro a seguir. Quadro 7 – Exemplos de operações, inputs, processos e outputs Operação Alguns dos inputs da operação Alguns dos processos da operação Alguns dos outputs da operação Curso superior Sala de aula Professores Instalações Coordenadores Mesas e cadeiras Criação de materiais Equipamentos para as aulas Definição de horários Alunos com diploma de curso superior Bar e restaurante Instalações Menu Produtos para a elaboração dos pratos Bebidas Cozinheiros, garçons, caixa e gerente Sistemas de controle Clientes Consulta com especialistas para a criação do menu Compra de produtos para a elaboração dos pratos Compra de bebidas Divulgação do estabelecimento Onde quer que entremos, seja uma loja, uma fábrica, um restaurante ou hospital, sempre vamos nos deparar com situações de produção de produtos e serviços, caracterizados com um caminho, ou enredo, para atingir um objetivo. A produção e as operações sempre buscam gerar ou aumentar a utilidade ou agregar valor de um bem ou serviço. Na atualidade o principal objetivo de qualquer empreendimento é atender uma necessidade ou agregar valor para alguém, e isso é o sentido da palavra produção atualmente. Slack (2002) propõe um modelo que abrange os diversos tipos de produção e serviços, considerando quatro os tipos de processamento ou operações presentes no mundo contemporâneo: Transformação Comercialização Distribuição Armazenagem Figura 58 – Quatro tipos de operações Fonte: Slack (2002, p. 92). 85 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES 4.2 Tipos de operação Vamos conhecer os tipos de processamento e operações presentes nos processos produtivos. Operação de transformação de itens em outros de maior valor • Muda o atributo: por exemplo, impressora 3D. O produtor ou prestador de serviços recebe os elementos necessários à produção, como materiais, máquinas e pessoas, conhecimentos e tecnologias, para agregar utilidade e valor a esses insumos, somando bens e serviços prestados e, assim, fazendo a proposta de valor desejada pelo cliente. O processo de transformação deve alterar os elementos processados pelo sistema. Isso significa que em uma indústria eletroeletrônica diversos itens se reúnem e são montados para transformar-se, por exemplo, em um smartphone; no cabeleireiro, o cabelo comprido fica curto e as unhas sem esmalte ficam pintadas; um consultor oferece valor ao sistematizar dados extraídos da realidade. A operação de comercialização dos itens: • Muda a posse: por exemplo, internet. Modalidade típica dos sistemas de vendas por atacado e varejo. Não se espera que os produtos sejam transformados, e nesse ponto o que se altera é a propriedade do bem: o comerciante transfere a propriedade do bem e recebe um pagamento do comprador. A operação de transporte/distribuição entre pontos de suprimento, produção e venda ou consumo: • Muda o local: por exemplo, drones. Aqui, a mudança é do local onde se encontra o bem, mantendo-se as características a serem preservadas e a propriedade do produto. Tem o mesmo dono do início ao fim. A operação de armazenagem de itens e valores para posterior distribuição e venda: • Não muda o atributo, a posse ou o local: por exemplo, RFID, Cloud. Processo responsável por manter as características do bem, seu local e propriedade, permanecendo intactos. 86 Unidade II Observação Os processos podem processar materiais, informações e consumidores, podendo participar de diversas atividades industriais e de serviços, em cada um dos tipos de operação, que podem ser transformação, distribuição, armazenagem e comercialização. Vamos conhecer alguns tipos de operação por elemento processado, com exemplos, observando que todos os sistemas de produção e serviços podem estar representados nessa matriz (quadro a seguir). Quadro 8 – Tipos de operação por elemento processado Tipo de operação Materiais Informações Consumidores Transformação Manufatura Mineração Refeições industriais Cemitérios Contador Banco Analista Centro de pesquisa Arquiteto Cabeleireiro Cirurgião plástico Clínica/Hospital Teatro/Cinema Restaurante Parque temático Escolas/Cursos Motéis Distribuição Serviços postais Frete Embarque de contêineres Distribuidora de gás e eletricidade Serviços de notícias Telecomunicações Transporte aéreo Navio Trem Táxi Metrô Armazenagem Depósito Armazém do porto Aeroporto Biblioteca Norma técnica Banco de dados Hotel Berçário Sala VIP Comercialização Operações de varejo Pesquisa/Marketing Detetive particular Paparazzi Headhunters Empresário de esportistas Agenciador de artistas Exemplo de aplicação Você conseguiu enquadrar o seu tipo de produto ou serviço nesse quadro? Por exemplo, o serviço que um professor universitário oferece passa pelo processo de transformação de conhecimentos, de informações, processandoconsumidores, meus alunos na faculdade, nos cursos que realizam. Antes de começar a estudar o próximo item, pesquise na internet vídeos sobre sistemas de produção puxada, empurrada e por projetos. 87 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES 4.3 Mapeamento e ferramentas da qualidade e melhoria contínua em processos Para melhorar um processo, é preciso conhecê-lo bem e, para isso, é necessário descrevê-lo da forma mais detalhada possível, o que chamamos de mapeamento do processo, mostrando a relação que existe entre cada uma das atividades envolvidas. Os instrumentos da qualidade devem ser utilizados para mapear os processos e, assim, realizar a verificação dos problemas que precisam ser corrigidos para evitar desperdícios, erros e não conformidade. Algumas ferramentas ajudam no controle da produção, como o Sipoc, fluxograma, indicadores de desempenho e simulação. Vamos conhecê-las. 4.3.1 Kanban Desenvolvido pela Toyota, na mesma época do just in time, o Kanban é uma maneira simplificada de tocar o trabalho na indústria, bem como de gerenciar projetos. Na indústria, é utilizado para a entrega contínua, por meio de um sistema visual, para que todos os envolvidos conheçam quando, a quantidade e a qualidade da tarefa a ser realizada. O Kanban é uma das metodologias ágeis mais simples e mais utilizadas nas empresas, funcionando como checklists que facilitam a visualização dos processos que estão sendo realizados. Basicamente, utiliza um quadro físico, tipo lousa, ou quadro branco – também pode ser virtual, como alguns aplicativos –, que deve ser dividido em três colunas: a fazer, fazendo e feito. Para fazer Fazendo Feito Figura 59 – Kanban (a fazer, fazendo e feito) Disponível em: https://bit.ly/3bihGBW. Acesso em: 26 out. 2021. 88 Unidade II Também pode ser adaptado para a realidade da empresa, como incluir colunas para planejamento do que deve ser feito, testes para o que está sendo feito, e a implantação para o que estiver feito, não se esgotando com essas possibilidades. O modelo é simples e deve engajar todos os envolvidos, incluindo prazos e andamento das tarefas. 4.3.2 Sipoc É representado pela sigla em inglês dos componentes do processo: • S (suppliers – fornecedores); • I (inputs – entradas); • P (process – processo); • O (outputs – saídas); • C (customers – clientes). O documento é um formulário que pode ser realizado de modo simples em uma planilha do Excel ou em folha de papel. Os fatores são colocados em colunas. Vejamos como pode ser uma planilha para o mapeamento do processo Sipoc. Quadro 9 – Sipoc Suppliers S Fornecedores Input I Entradas Process P Processo Output O Saídas Customer C Cliente Início 1 2 3 Supplier (fornecedor) Os fornecedores de matérias-primas e insumos devem ser listados, pois serão recebidos de alguém e impactam o resultado do trabalho final. Conforme a análise dos fornecedores realizada anteriormente, é possível que você tenha mais de um fornecedor para cada um dos produtos. E como saber qual deles deve ser listado? 89 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Isso dependerá do objetivo do Sipoc; se for feito para a área de compras, citar os três melhores seria interessante. Se o mapeamento for do processo de uma etapa interna, apenas o fornecedor interno poderá ser citado, indicando que o processo X fornece entradas para o processo Y. Input (entrada) No início, foram indicados quem fornece, agora vamos apresentar o que é fornecido, os inputs que entram no processo de transformação. Por exemplo, para ser feita uma parede, o que é necessário? Cimento, areia, tijolos, água, pá, peça para mexer a massa, recipiente para misturar os ingredientes, colher de pedreiro, desempenadeira. Observe que poderão ser feitos quantos Sipocs forem necessários, desde a identificação do macroprocesso, identificando toda a cadeia produtiva, bem como dos processos menores. Em nossa parede, que é o macroprocesso, em algum momento entrará um profissional para a pintura, que não foi apresentado no processo de criação da parede, pois ele já recebe a parede pronta. Process (processo) Um verdadeiro mapa de como as tarefas são realizadas, mostrando como funciona a produção e a ordem que as matérias-primas são transformadas. Aqui será descrito o processo propriamente dito, e mais uma ferramenta será necessária para apoiar essa atividade. Para descrevê-las, podem-se utilizar documentos, como manuais, procedimentos, instruções, mas a maioria das empresas indicam essas atividades em fluxogramas. Elas podem ser feitas também só pela ordem e indicação numérica. Em nossa parede, por exemplo, poderíamos ter: 1. Preparar a massa. 2. Assentar os tijolos. 3. Rebocar os tijolos. Output (saída) Nessa fase, identificamos as saídas do processo, que vão depender de qual nível de análise está sendo feita: do produto que chegará às mãos do cliente, ou uma saída interna, que ainda será a entrada de outro processo. O mapeamento das saídas importa muito na clareza do processo e do resultado esperado, pois é possível observar que algum deles esteja impactando negativamente o resultado e pode-se atuar na busca da qualidade de cada um dos processos de transformação. 90 Unidade II Customer (cliente) Aqui identifica-se quem recebe a saída do processo que está sendo mapeado, ou seja, o cliente do processo. A análise é tão importante que algumas empresas começam o mapeamento do processo na ordem inversa, pelo cliente descrevendo os outros fatores, na sigla invertida – Copis. Também nessa fase deve-se formalizar os requisitos dos clientes, o que é exigido como resultado, quais parâmetros de qualidade devem ser seguidos para atender à necessidade do cliente. Observação Por essas explicações, nota-se que a ferramenta utilizada é o que menos importa, e que é preciso ter claro como os processos são realizados, pois a melhoria contínua só ocorrerá se os problemas forem identificados em alguma etapa do processo. Para isso, a compreensão detalhada das entradas, saídas e a ordem em que as coisas acontecem será necessária para encontrar as falhas que possam causar prejuízo ao resultado esperado. Note que apenas listar os itens a serem realizados não finaliza a análise dos processos. Mais importante do que listar os itens é a reflexão e compreensão profunda do que acontece em cada fase, para ter um mapeamento eficaz que contribua para a melhoria deles, o que refletirá no resultado da empresa. Exemplo de aplicação Depois de conhecer o mapeamento dos processos de produção de um bem ou serviço, você seria capaz de mapear algum processo específico da atividade que realiza na empresa? Se você não tem essa experiência, pense nos processos necessários para a realização de uma receita culinária para exercitar a atividade. 4.3.3 Ciclo de Deming – PDCA Criada na década de 1920 pelo estatístico Walter Andrew Shewhart, dos Estados Unidos, o ciclo de Shewhart apresentava-se como uma técnica de melhoria contínua com três passos – especificação, produção e inspeção. Inicialmente com três etapas, em 1951, William Edwards Deming inseriu um quarto passo, criando a Roda de Deming – especificação, produção, colocar no mercado e reprojetar. Desde então, a técnica recebeu muitos incrementos e alterações, chegando ao chamado ciclo PDCA, reconhecido mundialmente e composto das seguintes etapas: plan – planejar, do – fazer, check – verificar e act – agir (NAPOLEÃO, 2018). 91 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Plan Planejar Planejamento Do Fazer Execução Act Agir Atuar Check Verificar Checagem Figura 60 – Ciclo PDCA O ciclo se repete continuamente até que o resultado esperado possa ser adotado como solução para o problema, objetivo atingido, melhoria em um processo. PDSA Uma variação do PDCA é o PDSA – planejar, fazer, estudar (study) e agir. O objetivo é gerar conhecimento, e ele pode ser utilizado em qualquer das fases do PDCA. Exemplo de aplicação Qual o problema a ser resolvido? Planeje a solução. Passe a executar o quefoi planejado. Verifique se a solução resolve o problema. Coloque a solução em prática. 4.3.4 DMAIC O DMAIC se assemelha ao PDCA, mas uma ferramenta não elimina a outra, são complementares. Ambos são ferramentas de melhoria contínua de processos e utilizadas em muitas áreas para a solução de problemas. A sigla DMAIC, acrônimo para definir, medir, analisar, implantar melhorias e controlar, é semelhante ao PDCA (planejamento, execução, verificação e ação). 92 Unidade II Vamos conhecer a relação entre as duas aplicações no quadro a seguir. Quadro 10 – Relação PDCA e DMAIC P Planejar(Define) D M A Definir Medir (Measure) Analisar (Analyse) D Executar I(Improve) Implantar melhorias C A Verificar (Check) Agir/Atuar (Act) C Controlar(Control) O DMAIC tem a fase de planejamento mais detalhada, com modelos estatísticos, do que faz o PDCA que é mais simples, o que pode indicar que ele seja uma evolução da segunda ferramenta. Como permite uma análise mais profunda na fase de planejamento, o DMAIC é a base para a metodologia Seis Sigma. Definir - define Definir - defineQuem é o cliente e quais as suas necessidades? Como são os processos e como são medidos os defeitos? Quais causas levam ao defeito? Como eliminar as causas dos defeitos? O que deve ser feito para manter a melhoria? Medir - measure Analisar - analyse Implantar - improve Controlar - control Figura 61 – O que se busca em cada uma das letras do DMAIC? 4.3.5 Seis Sigma Desenvolvida na Motorola em 1987, a metodologia Seis Sigma ficou conhecida ao ser implantada por Jack Welch na GE, em 1995. Conhecida como principal ferramenta da qualidade total, pode ser definida como uma estratégia gerencial que foca resultados financeiros e de qualidade, para eliminar defeitos e não conformidades, de acordo com as especificações de fábrica. Vamos conhecer a visão de Moreira (2012) e Slack, Brandon-Jones e Johnston (2018) quanto à abordagem do Seis Sigma, uma metodologia de melhoria contínua em geral, nos processos, nos produtos e serviços com o objetivo de satisfazer o cliente. 93 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES O que é a variabilidade em um processo? Quando há variabilidade, ou variação, alterações no resultado, há algo errado com o processo. Essa variação pode ser normal, ao estar no limite de tolerância inferior e superior, e a que indica existir problemas no processo cuja análise é realizada por meio do controle estatístico do processo (CEP), ferramenta para mensurar, ao longo do tempo, as variações ocorridas nos processos. O controle é um processo usado para manter os padrões estabelecidos para a produção, como os requisitos de qualidade e realizados de acordo com o planejado. O controle estatístico do processo envolve medições que consigam apontar o que se espera e o que foi entregue do produto. O uso de gráficos ajuda a gestão da variação, que pode ser normal dentro de qualquer processo, ou as que apontam o descontrole e exigem atuação. Os gráficos ajudam no controle do desempenho de algumas características da operação, como a variabilidade ou os atributos. Uma variável é algo que pode ser mensurável em uma escala contínua. Um atributo é uma das características da qualidade que é apresentada por dois estados, como certo ou errado, verdadeiro ou falso. A aplicação do Seis Sigma exige equipes capacitadas para sua implantação, diferente do Kaizen, que utiliza os operadores para aperfeiçoar os processos com base na vivência e experiência com eles. A filosofia de melhoria pode ser aplicada pelas metodologias PDCA ou DMAIC. Ambas controlam processos por meio de ferramentas estatísticas e buscam alinhar a qualidade com a estratégia empresarial, com foco na relação custo-benefício e no cliente. 4.3.6 5W2H A ferramenta 5W2H é bem simples de utilizar, porém ela organiza as atividades que precisam ser feitas durante um período específico. Ela também apresenta o responsável, quanto custa e como será alcançada. Essa ferramenta pode ser utilizada como um plano de ação. Ela responde às sete perguntas fundamentais para a realização de qualquer atividade (figura a seguir). 94 Unidade II Produção Vendas Engenharia Compras PCP Almoxarifado Contabilidade Recursos humanos Figura 62 – Modelo 5W2H Adaptando o conceito do 5W2H, na prática, se pesquisarmos, será possível ver que existem vários modelos que podem ser utilizados. Veja o quadro a seguir. Quadro 11 – 5W2H What? Why? Where? When? Who? How? How Much? O quê? Por quê? Onde? Quando? Quem? Como? Quanto? Contratar um gerente de operações A empresa cresceu e é preciso ter esse profissional Planta SP Mês/Ano RH Anúncio no LinkedIn e indicação de funcionários R$ 15.000 mensais Contratar e treinar 3 vendedores Novos profissionais da área Salas de RH e gerência de vendas Mês/Ano RH e treinamento SP Treinamento de produto, vendas e motivacional No orçamento do RH 4.3.7 Metas Smart As metas traçadas pelo modelo Smart são bem simples e podem ser utilizadas por empresas e até em nossa vida pessoal. Pelo modelo Smart, as metas são criadas com objetivos claros e atingíveis, deixando as equipes informadas do que se espera delas. 95 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Quadro 12 – Metas Smart S M A R T Specific Measurable Attainable Relevant Time-related Específica Mensurável Alcançável Relevante Prazo A meta deve ser clara, abordar um único ponto e ser fácil de entender Deve ser passível de quantificação e mensuração. Os objetivos devem ser exatos e numéricos para saber se foram atingidos Visível – objetivos desafiadores, porém alcançáveis, considerando o prazo e as condições de realização Precisa causar impacto para quem alcança e para a empresa Período no qual a meta deve ser cumprida O que você quer exatamente? Como você sabe que atingiu o objetivo? A meta é realista? Por que essa meta é importante? Em quanto tempo será alcançada? Exemplo de aplicação Em sua vida pessoal, se você tem um sonho que pensa ser inalcançável, transforme-o em uma meta Smart e verá que no prazo estabelecido será capaz de realizá-lo. E aí? Qual o seu sonho? Viajar para o exterior? Fazer uma pós-graduação? Casar? Ter um filho? Viu só como é interessante aplicar esse modelo em nossa vida pessoal? 4.3.8 Simulação A simulação apresenta dados quantitativos referentes ao processo. É desenvolvida com base em uma modelagem matemática e utiliza-se de eventos discretos para gerar resultados de análise. A simulação pode ser feita por meio de softwares, muitos deles que podem ser baixados gratuitamente em versão simplificada, como os que são apresentados na sequência. Saiba mais Sugestões de sites que ajudam a fazer simulações: SIEMENS. Jack. Disponível em: https://sie.ag/3pQcaz1. Acesso em: 11 out. 2021. SIEMENS. Plant Simulation. Disponível em: https://sie.ag/3Gy22RB. Acesso em: 11 out. 2021. 96 Unidade II 4.3.9 Fluxograma O fluxograma é a apresentação visual dos processos. Um diagrama que representa fluxo de materiais, operações ou processos. Em vez de apenas listar numericamente as atividades, a representação gráfica torna a compreensão das etapas mais fácil para os usuários. Além de facilitar a compreensão, o fluxograma ajuda a identificar diversos participantes dos processos. Resultados esperados pelo uso de fluxogramas: • Principais passos de uma sequência. • Responsável por uma atividade. • Principais momentos de decisão. • Entradas e saídas do processo. • Como flui a informação. • Recursos envolvidos no processo. • Volume de trabalho. • Atrasos e gargalos do processo. • Pontos fortes e fracos do processo. • Desperdícios. • Visão ampla do processo. Para a criação do fluxograma, há uma linguagem de símbolos unificada mundialmente conforme a unified modeling language (UML), de acordo com normas internacionais para design de rocessos. Operação. Alguma coisa está sendo feita no momento. Pode ser um trabalho em um produto, algumaatividade de apoio, ou alguma coisa que seja por natureza diretamente produtiva Transporte. O sujeito do estudo (produto, serviço ou pessoa) move-se de um local para outro Inspeção. O sujeito é observado para verificar qualidade e precisão Atraso. O sujeito em estudo deve esperar antes de iniciar o próximo passo de um processo Armazenagem. O sujeito é armazenado, como produto acabado ou em estoque ou papéis finalizados em um arquivo. Frequentemente, é feita uma distinção entre armazenamento temporário e permanente, inserindo um T ou P em um triângulo Figura 63 – Símbolos utilizados em diagramas de processo Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001) apud Rocha e Nonohay (2016, p. 147). 97 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Vamos conhecer um exemplo de fluxograma apresentado por Rocha e Nonohay (2016, p. 146) que mostra o processo de um caça-níqueis. Tarefas ou operações Áreas de armazenagem ou filas (filas de espera) Atividades do jogador Ganha Perde Sim Sim Não Não Atividades internas do caça-níquel Pontos de decisão Fluxos de materiais ou clientes Inserir moeda de $1 no caça-níquel Movimente a moeda para o balde de pagamento Movimente a moeda para o balde de ganhos Puxa o braço do caça-níquel Ativa o pagamento Paga os ganhos Para Ganha ou perde O balde de pagamento está cheio Joga novamente Balde de pagamento Balde de ganhos Figura 64 – Exemplo de fluxograma de processo Fonte: Chase, Jacobs e Aquilano (2006) apud Rocha e Nonohay (2016, p. 146). O fluxograma é mais uma das ferramentas usadas para mapear processos de diversos tipos. Fluxograma de processos linear e funcional O esquema gráfico mostra a sequência de tarefas junto aos pontos de decisão ao longo do fluxo. O modelo de fluxograma de processos funcional inclui as áreas e departamentos envolvidos. Fluxograma horizontal Nesse modelo, os processos ficam em uma matriz, na qual aparecem no eixo vertical, e os responsáveis, no eixo horizontal. Fluxograma vertical Chamado de diagrama de processo, tem formato diferente dos outros e usa os símbolos em colunas verticais, oferecendo-os com mais rapidez e clareza de interpretação, além de facilitar a leitura. 98 Unidade II Fluxograma redes Petri É usado por profissionais de TI, no qual símbolos iguais não podem jamais se conectar. Fluxograma EPC A base de sua modelagem é ligar elementos ativos e passivos em um processo. Fluxograma BPMN Já o fluxograma BPMN é composto invariavelmente de eventos, atividades e gateways (pontos de tomada de decisão). Existem muitos tipos de fluxogramas e softwares, e até sites que facilitam a criação do fluxograma. Saiba mais Pesquise outros modelos em: VEYRAT, P. Os 5 tipos de mapeamento de processos mais usados e a solução definitiva. HEFLO, 16 nov. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3mv439f. Acesso em: 28 out. 2021. SOLUÇÕES CONSULTORIA. Fluxograma de processos: o que é e como é feito. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3EpcUz5. Acesso em: 28 out. 2021. 4.3.10 Mapa de fluxo de valor O mapa fluxo de valor serve para detalhar processos de fabrícação, com fluxos de materiais e informações, desde a entrada do pedido até a entrega ao cliente. São apresentados o tempo tíquete de produção, lead time do processo, recursos transformadores envolvidos, estoques em processo, bem como é utilizado para identificar gargalos. Representado por um diagrama simples, trata-se de uma ferramenta de comunicação e de planejamento, que pode ser desenhado em vários momentos, na busca de oportunidades de melhoria. Por exemplo, um mapa do estado atual dos processos, e um mapa do estado futuro, sempre melhorando o desempenho para melhor atender ao cliente. Conheça os termos a seguir. 99 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES Tíquete de produção Lead time Recursos transformadores Estoques em processo Gargalo Tempo em que um produto ou lote de produtos é finalizado Tempo tíquete feito por observação = tempo de operação + tempo de espera + preparo + carregamento ou descarregamento de materiais e outros Tempo necessário para um produto ou serviço percorrer cada etapa do processo, do início até o fim Pessoas Informações Materiais Instalações Itens em processamento Produtos ainda não acabados Recurso, máquina ou equipamento, ainda um departamento ou área industrial mais sobrecarregado de uma indústria Responsável pela etapa mais lenta no processo produtivo Figura 65 Observe que se houver gargalos na indústria a produção será realizada na velocidade do gargalo, ou limitada à capacidade de produção. Saiba mais Leia o artigo relacionado ao fluxo de valor: FERRO, J. R. A essência da ferramenta “Mapeamento do Fluxo de Valor”. Lean Institute Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3BlBJu2. Acesso em: 26 out. 2021. 4.4 Controle da qualidade total – total quality control (TQC) Ao conhecermos os diversos processos industriais e explorarmos atividades como o JIT, o Kanban e outras ferramentas, podemos ter contato com o controle da qualidade total, total quality control (TQC). Feugenbaum (1986) apud Ballestero-Alvarez (2019) apresenta a TQC como um sistema que integra a manutenção e a melhoria da qualidade em todos os níveis da empresa, para levar a produção e os serviços por meio de operações realizadas da maneira mais econômica e que atendam à satisfação do consumidor. A abordagem da qualidade total é fundamental para que as empresas tenham uma atuação para o crescimento e a preocupação com o atendimento ao cliente. 100 Unidade II Saiba mais Antes de seguir com seu estudo do livro-texto, leia o item 3.3 “Ferramentas da qualidade”, do livro de María Esmeralda Ballestero-Alvarez: BALLESTERO-ALVAREZ, M. E. Gestão de qualidade, produção e operações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Resumo Nesta unidade, aprendemos sobre fluxos, arranjos físicos e gestão de processos. Os arranjos físicos, ou leiautes, são criados conforme as decisões sobre os fluxos de trabalho, que pudemos conhecer por meio de ilustrações no material estudado. Os fluxos facilitam o caminho das peças de um processo para outro e dos operadores que os realizam. Quanto ao fluxo das peças, eles podem ser direcionados para diversas posições, por meio do fluxo em linha, que pode ser linha reta, em U, em S, em W, em O. Na movimentação dos operadores, observamos os modelos linha em U com um operador, dois operadores, ou com dois ou mais, podendo ser dependentes ou independentes. O gestor da planta pode ainda criar padrões em espinha unilateral e bilateral e fluxo em laço. A produção de produtos e serviços que flua adequadamente na fábrica, ou nas lojas de serviços dependem do melhor arranjo físico, que determinará a localização das máquinas e dos escritórios, das salas de ferramentas e da área da chefia e do café, por exemplo, e outros itens necessários à produção. Os arranjos físicos determinarão as posições a serem adotadas; o arranjo físico posicional baseia-se na posição dos funcionários para a realização da atividade. Os arranjos físicos são baseados na movimentação dos produtos, tanto em relação às funções realizadas pelos funcionários, como pelos processos aplicados às peças que estão sendo produzidas. Podem ser, ainda, apenas baseados no produto, chamados também de lineares. Os arranjos físicos do modelo celular fecham as atividades em blocos de realização de processo e pessoas no mesmo lugar. Existem muitos softwares para realizar o planejamento e controle da produção – PCP nas fábricas ou nos processos de serviços. O gestor de 101 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES operações industriais considera muitos fatores para fazer a gestão integrada das operações no PCP, e envolve algumas etapas, atividades e operações. Na gestão de processos, conhecemos todas as operações e as maneiras de mapeá-las, por meio das ferramentas da qualidade e da melhoria contínua, que buscam sempre produzir mais produtos com a menor quantidade de recursos, sejam financeiros,de pessoas envolvidas e matérias-primas. Para mapear os processos, são utilizados modelos como Kanban, Sipoc, PDCA, DMAIC, Seis Sigma, 5W2H, metas Smart, simulação, fluxograma, mapa de fluxo de valor e, ainda, o controle da qualidade total (TQC). Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. O que é PDCA? Após diversos anos de evolução, hoje o PDCA é um método mundialmente reconhecido como uma ferramenta de melhoria contínua composta pelas seguintes etapas: • P (plan): planejamento; • D (do): execução; • C (check): verificação; • A (act): atuação/ação. Como é possível observar na figura a seguir, as etapas do PDCA são cíclicas, ou seja, a última etapa se conecta com a primeira e assim continuamente até que o resultado esperado com a adoção do ciclo seja atingido. Um resultado esperado pode ser um objetivo atingido, um problema resolvido, uma meta batida ou até uma melhoria contínua implantada em um processo. Nesse último caso, o ciclo não tem fim, ou seja, não precisa necessariamente acabar apenas com um resultado alcançado, pois pode-se traçar outros objetivos. Act Ch ec k Plan Do Figura 66 Disponível em: https://bit.ly/3A9T8oI. Acesso em: 1º out. 2021 (adaptado). 102 Unidade II No que se refere à implementação do ciclo PDCA na ISO 14001, ou seja, na atribuição das etapas plan, do, check e act para a referida ISO, analise as descrições a seguir. Descrição I. Trata-se da implementação dos processos planejados. Descrição II. Trata-se do acompanhamento e da medição dos processos em face de política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e de outras naturezas e do relato dos resultados. Descrição III. Trata-se do empreendimento de condutas para melhorar continuamente o desempenho do Sistema Integrado de Gestão de Qualidade, Meio Ambiente e Saúde e Segurança no Trabalho para atingir os resultados pretendidos. Descrição IV. Trata-se de estabelecer os objetivos e os processos necessários para atingir resultados, de acordo com a política ambiental da organização. As descrições I, II, III e IV referem-se, respectivamente, às etapas: A) plan, do, check e act. B) do, check, act e plan. C) check, do, act e plan. D) act, check, plan e do. E) do, act, plan e check. Resposta correta: alternativa B. Análise da questão O ciclo PDCA, com suas etapas plan, do, check e act para a ISO 14001, que especifica os requisitos de um sistema de gestão ambiental, tem como sequência lógica o estabelecimento dos objetivos e dos processos necessários para atingir resultados, de acordo com a política ambiental da organização. Assim: • Do refere-se à implementação dos processos planejados. • Check refere-se ao acompanhamento e à medição dos processos em face da política ambiental, dos objetivos, das metas, dos requisitos legais e de outras naturezas e do relato dos resultados. 103 GESTÃO INTEGRADA DE OPERAÇÕES • Act refere-se ao empreendimento de condutas para melhorar continuamente o desempenho do sistema integrado de gestão de qualidade, meio ambiente e saúde e segurança no trabalho para atingir os resultados pretendidos. • Plan refere-se a estabelecer os objetivos e os processos necessários para atingir resultados, de acordo com a política ambiental da organização. Questão 2. (Enade 2018 – adaptada) Leia o texto a seguir. O sistema de gestão da qualidade é formado por processos padronizados e auditados constantemente. Assim, para se obterem informações que servirão de base para a implementação desse sistema, é preciso realizar o mapeamento dos processos da empresa. Nesse sentido, processo pode ser definido como um conjunto de atividades inter-relacionadas que transformam insumos ou entradas em produtos ou saídas. Desse modo, os processos devem ser planejados e realizados sob condições controladas para possibilitar que a empresa alcance os seus objetivos estratégicos. LOBO, R. N.; SILVA, D. L. Gestão da qualidade: diretrizes, ferramentas, métodos e normatização. São Paulo: Érica, 2014 (adaptado). Com base nas informações apresentadas, avalie as afirmativas. I – O procedimento operacional padrão é uma descrição das atividades a serem realizadas para que um processo seja executado. II – O fluxograma, que é uma representação gráfica dos processos, permite visualizar as entradas, as etapas de processamento, as saídas, os fluxos de informações e os documentos que compõem o processo. III – O PDCA consiste em uma sequência de passos utilizada para o controle e a melhoria dos processos e para definir diretrizes para a condução de projetos. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa E. 104 Unidade II Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: para a execução de um processo, é fundamental que seu padrão seja estabelecido, uma vez que esse padrão garante a melhor maneira de realizar uma operação, fazendo com que todas sejam feitas da mesma forma. II – Afirmativa correta. Justificativa: o fluxograma de processos é uma forma gráfica eficaz para que as etapas de um processo sejam claramente visualizadas. Nessa forma de apresentação, as etapas ou as operações são representadas por elementos geométricos definidos e padronizados para gerar melhor compreensão. III – Afirmativa correta. Justificativa: o PDCA é uma das ferramentas de qualidade empregadas para a melhoria contínua. Seu ciclo permite demonstrar e elucidar, com clareza e de forma sistêmica, se o resultado esperado foi atingido. Caso isso não tenha acontecido, deve-se iniciar novo ciclo até a obtenção do efeito desejado.
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