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Aspectos fisiopatológicos da vesícula biliar e pâncreas exócrino Aula 9 – Fisiopatologia da Nutrição Vesícula biliar É um saco muscular distensível em forma de pera; Constituída por uma camada peritoneal serosa externa, camada muscular lisa intermediária e uma camada de mucosa interna; Localizado na superfície ventral do fígado; Função de armazenamento e concentração da bile (entrada dos produtos da digestão dos alimentos (lipídeos) no intestino Secreção da CCK pela mucosa duodenal contração da vesícula biliar e relaxamento do esfíncter do ducto biliar bile é liberada no duodeno; Distúrbios da vesícula biliar: colelitíase, colecistite, coledocolitíase e colangite, colescitite e câncer de vesícula. Colelitíase É a formação de cálculos biliares na vesícula biliar, sem a presença de infecção. Causas: Precipitação de substâncias contidas na bile (colesterol e bilirrubina). Fatores contribuintes: Anormalidades na composição da bile; Estase biliar. Fatores de risco: Sexo feminino; Idade avançada; Gravidez (favorece a formação de cálculos porque aumenta a excreção de colesterol na bile); Uso de anticoncepcionais orais (favorece a formação de cálculos porque aumenta a excreção de colesterol na bile); Obesidade (favorece a formação de cálculos porque aumenta a excreção de colesterol na bile); Perda rápida de peso rápida (contribui para a formação da lama biliar, mucoproteina espessa que apresenta pequenos cristais de colesterol que favorece a formação dos cálculos); Distúrbios de má absorção causada por doença íleal; Cirurgia by-pass. Manifestações: Geralmente assintomático (os sintomas apresentam-se mais quando a inflamação – colecistite); Indigestão; Cólica biliar (quadrante superior direito ou epigástrica, nas costas e/ou acima da cintura); Icterícia. Colecistite Inflamação da vesícula biliar. Classificação: Aguda: inflamação da vesícula secundária à obstrução da via de saída da vesícula (na maioria das vezes devido a cálculos); Crônica: episódios repetidos de colesiste aguda ou por irritação crônica da vesícula biliar por cálculos. Causas: Colescistite calculosa: Presença de cálculos que obstruem o ducto biliar ((80 a 90%). Colescistite acalculosa: Sepse; Traumatismo grave; Infecção da vesícula; Queimaduras; Lama biliar; Vasculite (inflamação do vaso). Manifestações clínicas: Dor no quadrante superior direito ou epigástrica; Febre; Anorexia; Náuseas e vômito; Aumento de leucócitos; Aumento de bilirrubina, aminotransferases (AST e ALT) e fosfatase alcalina; Indigestão e eructações. Diagnóstico: Ultrassonografia; Colecintingrafia ou cintigrafia da vesícula; Tomografia. Tratamento: Ressecção cirúrgica; Colecistectomia laparoscópica; Colecistectomia convencional/aberta. Coledocolitíase e colangite Coledocolitíase: presença de cálculos no ducto biliar comum; Colangite: inflamação do ducto biliar comum. Causa: Presença de cálculos no ducto biliar comum. Manifestações: Indigestão e eructações; Cólica biliar (quadrante superior direito ou epigástrica, nas costas e/ou acima da cintura); Febre; Calafrios; Icterícia; Aumento da bilirrubina no sangue e urina. Complicações: Colangite supurativa aguda (inflamação e fibrose no ducto biliar); Líquido purulento no ducto comum; Transtorno no nível de consciência; Letargia; Choque séptico; Pancreatite aguda. Diagnóstico: Ultrassonografia; Colecintigráfia ou cintografia da vesícula; Tomografia; Calangiografia de ressonância magnética; Colangiografia trans-hepática (CTP) e colangiografia retrógrada endoscópica (CPRE). Tratamento: Extração do cálculo; Ressecção cirúrgica; Colescistectomia laparoscópica; Antibiótico. Câncer de vesícula Origina-se na mucosa da vesícula biliar; A incidência aumenta com a idade (>65 anos); Acomete principalmente as mulheres; Mais comum em caucasianos. Fatores de risco: Genética; Litíase biliar; Composição da bile; Calcificação na parede da vesícula biliar; Cistos biliares congênitos; Carcinógenos ambientais. Manifestações: Inicialmente insidioso; Dor no quadrante direito ou epigástrica; Febre; Anorexia; Náuseas e vômitos; Aumento de leucócitos; Aumento de bilirrubina, aminotransferases (AST e ALT) e fosfatase alcalina; Indigestão e eructações. Sobrevida: Estágio 0: 80% em 5 anos; Estágio I: 50% em 5 anos; Estágio II: 28% em 5 anos Estágio III: 7-8% em 5 anos; Estágio IV: 2 a 4% em 5 anos. Pâncreas Situa-se transversalmente na região posterior do abdômen superior; A cabeça do pâncreas localiza-se do lado direito do abdômen, o corpo encontra-se sob o estômago e a causa toca o baço; O ducto pancreático transporta as secreções exócrinas e une-se com o ducto biliar para formar a ampola hepatopancreática que se abre no duodeno. Função endócrina: insulina, glucagon e somatostatina; Função exócrina: secreção de enzimas que auxiliam na digestão dos macronutrientes. Pancreatite aguda Processo inflamatório reversível dos ácinos pancreáticos, desencadeado pela ativação prematura das enzimas pancreáticas. Definição clínica: Sintomas compatível com pancreatite; Níveis séricos de amilase ou lipase mais de 3x acima do limite superior da normalidade; Achados nos exames de imagem (TC ou RM) compatíveis com a doença. Causas: Cálculos biliares que causam obstrução do ducto pancreátio, podendo acontecer um refluxo biliar que causa a ativação das enzimas no sistema dos ductos pancreáticos que causa inflamação e destruição do tecido pancreático (causa mais comum); Consumo abusivo de álcool, provavelmente devido a processos metabólicos oxidativos e não oxidativos e subprodutos e resultantes; Outros: hiperlipidemia, hipercalcemia, infecções, traumatismos abdominais e cirurgias e fármacos. Manifestações clínicas: Dor abdominal epigástrica ou periumbilical que pode irradiar para o dorso, tórax ou região do flanco; Febre, taquicardia, hipotensão, hipersensibilidade à palpação, angústia respiratória e distensão abdominal; Sede, débito urinário reduzido, taquicardia, taquipneia, hipoxemia, agitação e confusão mental sem melhoras nas 48h (grave). Patogênese: A inflamação ocorre pela ativação do tripnogênio em tripsina, o que ativa várias enzimas digestivas, que, por sua vez, causam danos ao pâncreas com reação inflamatória intensa, uma autodigestão do tecido pancreático que pode se estender para outros órgãos (inflamação sistêmica e falência de múltiplos órgãos). Pancreatite crônica Destruição progressiva do pâncreas exócrino, caracterizado por fibrose e destruição nos estágios avançados. Causas: Semelhante à pancreatite aguda. Mais comum: consumo abusivo de álcool de longa duração; Menos frequente: obstrução crônica do ducto pancreático por pseudocistos, cálculos e neoplasias, pancreatite crônica autoimune, pancreatite idiopática associada à fibrose cística e pancreatite hereditária. Manifestações clínica: Dor epigástrica no quadrante superior esquerdo (persistente e recidivante); Anorexia, náuseas, vômitos, constipação e flatulência (queixas comuns); Diabetes e síndrome de má absorção (insuficiência da função pancreática). Tratamento: Uso de insulina (diabéticos); Uso de enzimas pancreáticas (sinais e sintomas de má absorção); Narcóticos; Cirurgias. - Irreversibilidade da perda da função pancreática. Câncer pancreático Considerada uma das neoplasias malignas mais agressivas (adenocarcinomapancreático); Os tumores neuroendócrinos pancreáticos são um grupo diverso de alterações benignas e malignas (menos agressivo); Representa 7% de todas as mortes por câncer; Em estágio inicial é assintomático e propaga-se rapidamente, dificultando sua detecção e tratamento. Fatores de risco: Idade; Tabagismo; Etilismo; Obesidade; Diabetes; Sexo masculino; Pancreatite crônica; Fatores hereditários. Manifestações clínicas: Dor epigástrica vaga; Icterícia e prurido; Emagrecimento; Tromboflebite (trombose venosa profunda). Diagnóstico: Ultrassonografia; Tomografia. Tratamento: Ressecção cirúrgica do tumor (câncer localizado); Radioterapia (doença não operável, mas parece localizada); Controle da dor.
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