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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO SINOP 2018 ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO Orientadora: Profª Mestre Kamilla Maestá Agostinho. SINOP 2018 Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO Trabalho de curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso, campus – Sinop, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. APROVADO pela Comissão Examinadora abaixo assinada. _____________________________________________________ Profª M.e. Kamilla Maestá Agostinho UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop Orientadora/Presidente da Banca ________________________________________________________________ Profº. Esp. Walther Esteves Lima UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop Membro Titular _________________________________________________________ Profª. Drª. Pacifica Pinheiro Cavalcante UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop Membro Titular ___________________________________________________ Profª Vanessa Paula de Faria UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop Membro Suplente SINOP – MT, 29 JUNHO DE 2018. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus, no qual sempre me deu forças e esperanças para lutar mediante a tantas dificuldades encontradas e batalhadas com Sua honra, lealdade, humildade e braço forte ao qual em mim empunhou. Aos meus amigos, à minha família, meus pais Sebastiana e Vicente que tanto lutaram e torceram para que eu pudesse alcançar este sonho hoje. À minha irmã por todo apoio e por cuidar de meus pais em minha ausência. Ao meu namorado Jobson Junior que sempre esteve ao meu lado, em que mesmo á distancia sua torcida, amor e força se faziam presentes em cada um dos meus dias. Às amizades que formei durante esta trajetória que foram meus alicerces, minha família aqui. Dedico a todos que de alguma forma me ajudaram, seja com moradia , com alimento , com dinheiro , com carona, com utensílios, com informações, com orações, com ensino e com resiliência. Vocês foram parte dos meus mestres na vida. Á professora Kamilla Maestá cоm quem partilhei о que era о broto daquilo que veio а ser esse trabalho. Nossas conversas durante е além das orientações do trabalho, das aulas, do projeto de gestantes e na vida foram fundamentais. Desde o princípio Deus me mostrou o quão era sua competência e verdadeiro dom da enfermagem voltada á saúde da mulher gestante e puérpera para enriquecer ainda mais minha paixão e admiração pela assistência. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida e em minha trajetória até aqui. Mesmo em momentos de tanta turbulência e dificuldades o Senhor e Sua/minha/Nossa Amada Mãe Imaculada, me mantém em pé e quando não suporto mais o peso em minhas pernas, Vós me carregaste no colo. Aos meus pais, por toda força e garra, ao qual me espelho todos os dias e luto para que um dia eu possa retribuir tudo o que auxiliaram tornar-me. Perdão pelas minhas ausências durante tanto tempo, eu só quero cuidar de vocês tão bem quanto cuidaram de mim. Esta vitória é de vocês! Amo-vos! Á toda minha família pelo estímulo e orgulho, obrigada, Amo vocês. Á minha irmã Daiane um exemplo de ser humano assim como nossa Mãe Sebastiana. Obrigada por cuidar de nossos pais e por sempre me ajudar quando precisei. No fim de tudo, a distância nos mostrou o real sentido da palavra “Irmão”. Jeito de menina com força de leão, como te admiro pela resiliência que você luta todos os dias para mantê-la de pé. Um dia o Lúpus será apenas um nome. Te amo! Ao meu namorado Jobson, não tenho palavras por toda força e companheirismo. A distância dói.... nossa como dói, mas acreditamos em nós e aprendemos juntos a superar cada dia. Meu amor, te amo e este passo é seu também além de muitos outros que virão. Logo será sua vez! Ás minhas amigas e minha segunda família aqui em Sinop: Ana Caroline Door, Ana Paula Door, Letícia (Lê), Bruna, Vanessa (Nessa), Samanta, Raquel, Vanda, Lívia, entre outras; minhas palavras não são suficientes para agradecer por tamanho amor, carinho, parceria, companheirismo e familiaridade. Amo vocês! Aos meus amigos do princípio que sempre me apoiaram e nunca deixaram que a distância pudesse acabar com a essência e pureza de nossa amizade: Thais Jardim, Bianca (Bia), Gabriela (Gabi), Ticiane (Tici), Dara e Leidiana (Leidi). Vencemos! Aos meus colegas de trabalho ao qual pude crescer e conviver junto de cada um da Sporting Academia! Á Pâmela, Ellen, Bruna, Tallita e Lidiane, obrigada pelo companheirismo e amizade. Vocês dividiram comigo os meus maiores sonhos e estiveram comigo nos meus dias bons e ruins. Gatidão. Ás enfermeiras que me acompanharam nos estágios supervisionados, Gislaine Basseto (Unidade Básica de Saúde), Carla, Jaqueline, Joelma, Lu, Sineide e Rosa (Unidade de Pronto Atendimento) muito obrigada pela oportunidade, auxílio, espaço e por todo conhecimento compartilhado. Aos meus professores, mestres e doutores, como sou grata por todo conhecimento transmitido, mas não só o conhecimento, mas também pela humanidade, pelo singelo dom e humildade de compartilhar o saber com aqueles que nunca conheceram! Me espelho em vocês! Ás doulas do Grupo Gestar, a Doula Marilene pelo auxílio neste trabalho. Às minhas entrevistadas. Muito obrigada por compartilharem cada experiência, vocês fizeram com que eu me apaixonasse ainda mais pela Humanização ao parto e em almejar maior dedicação para ser uma grande profissional na obstetrícia. Aqueles que não acreditaram em mim e de alguma forma tornaram-se pedras no caminho. Obrigada! Pois assim, resgatei mais forças para chegar onde cheguei. Á minha professora, orientadora e amiga (se assim me permitir) Kamilla Maestá. Neste momento escrevo em meio ás lágrimas, pois o trabalho foi árduo, porém por incrível que pareça prazeroso. Obrigada por me apresentar ao mundo da obstetrícia e assistência á gestante/puérpera. Você cresceu tanto professora e agora está rumo a se tornar “Doutora Kamilla Maestá Agostinho”. Minha admiração e gratidão não são medidas em palavras. Obrigada por tudo. Meu espelho na enfermagem! Essa vitória também é sua! Escolhi os plantões porque sei que a escuridão amedronta o enfermo. Escolhi estar perto da dor, porque já estive muito perto do sofrimento. Escolhi servir ao próximo porque sei que um dia todos nós precisamos de ajuda. Escolhi o branco porque quero transmitir a paz. Escolhi estudar métodos de trabalho porque livros são fontes de saber. Escolhi ser Enfermeira porque Amo e Respeito à vida. Florence Nightingale RESUMO O parto envolve desde seu princípio o laço familiar, materno e paterno durante a gestaçãoe concretiza-se com o nascimento do bebê. Assim nesta fase tão primordial e única, o termo Parto Humanizado propõe resumidamente que o parto deve ser um momento ao qual a mulher deve ser protagonista, desencadeando um parto onde seus direitos são reconhecidos e respeitados, onde os procedimentos realizados obtenham evidências reais e que não sejam utilizadas técnicas invasivas, desnecessárias e violentas. Mediante a isto, este trabalho foi realizado com a finalidade de conhecer as experiências de mulheres multíparas frente ao parto humanizado, a fim de observar as vantagens e desvantagens de cada um e como ocorrem na atualidade. Trata-se de um estudo caracterizado por uma pesquisa exploratória e descritiva, com a abordagem qualitativa, tendo como área de abrangência a saúde da mulher. Os sujeitos da pesquisa compreenderam nove mulheres, residentes da cidade de Sinop, multíparas, maiores de 18 anos de idade, que tiveram a vivência com o Parto Humanizado (no período de 2014 á 2017) e outros tipos de parto. A coleta de dados foi realizada após aprovação do Comitê de Ética nº 2.435.119, por meio da busca ativa dos sujeitos através do auxílio de uma doula co-participante, nos quais os dados foram coletados por meio de entrevista gravada mediante um roteiro semi-estruturado, do tipo aberto. A análise de dados qualitativos fez-se por meio de análise de conteúdo segundo Minayo. Após a análise dos dados emergiram quatro categorias que subsidiaram os resultados e discussão, sendo elas: As faces da violência obstétrica; A dor como um elemento e não como protagonista; O conhecimento como rede de suporte ao parto e O empoderamento feminino emergido do parto humanizado. Revelou-se que o parto humanizado oferece e desencadeia diversos benefícios em comparação aos outros tipos de partos e assistência ao trabalho de parto, no qual estas vantagens podem e devem ser informadas e ofertadas desde o pré-natal munindo mulheres e famílias de conhecimento, até durante o trabalho de parto, empoderando-os. Descritores: Parto Humanizado, Humanização da Assistência, Parto cesárea. ABSTRACT The childbirth from the beginning involves the family bond, maternal and paternal during gestation and it concretizes with the baby birth. Thus, in this primordial and unique phase, the term Humanized Childbirth briefly proposes that the childbirth must be a moment when a woman been the protagonist, on what her rights be recognized and respected, the performed procedures obtain real evidence and where invasive, unnecessary and violent techniques do not be used. In view of this, this study aimed to know the experiences of multiparous women in face of humanized childbirth, in order to observe the advantages and disadvantages and as procedures occur nowadays. This is a study characterized as an exploratory and descriptive research, with a qualitative approach, focusing on women's health. The subjects comprised nine women, residents in Sinop city, multiparous, over 18 years of age, who have experienced Humanized Births (from 2014 to 2017) and other types of childbirth. Data collection was performed after approval by Ethics Committee No. 2,435,119, through the active search of the subjects with the assistance of a doula, in which the data were collected through interviews using a semi-structured, open type, with open questions. The analysis of qualitative data was done through content analysis. After analyzing the data, four categories emerged, which subsidized the results and discussion: The obstetric violence; Pain as an element and not as a protagonist; Knowledge as a support network for childbirth and Woman's empowerment from humanized childbirth. The study showed that humanized childbirth allows and elicits a number of benefits compared to other types of childbirth, in which these advantages can and should be informed and offered since prenatal care, providing women and families with knowledge, including during the childbirth, empowering them. Descriptors: Humanized Childbirth; Humanization of care; Cesarean section. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Variação de idades entre as entrevistadas.............................................................39 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Quantidade de partos e tipos de assistência do parto relacionado à primeira e segunda gestação.......................................................................................................................40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS GO Ginecologista e Obstetra MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial da Saúde PC Parto Cesárea PH Parto Humanizado PN Parto Normal PPP Pré-parto/Parto/Pós-parto PO Pós Operatório RN Recém-nascido TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TP Trabalho de parto UFMT Universidade Federal de Mato Grosso VO Violência Obstétrica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 19 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 21 3.1 Geral .................................................................................................................................. 21 3.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 21 4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 22 4.1. O parto normal ................................................................................................................ 22 4.1.1 O Sistema psicoemocional ................................................................................................... 22 4.1.2 Fisiologia do Trabalho de Parto ........................................................................................... 23 4.2. Parto humanizado ........................................................................................................... 25 4.3. Cesariana .......................................................................................................................... 29 4.4. Cesária x Parto normal: prós e contra. ......................................................................... 30 4.4.1. Cesárea: prós ....................................................................................................................... 31 4.4.2. Cesárea: contra .................................................................................................................... 32 4.4.3 Parto normal: prós ................................................................................................................ 34 4.4.4 Parto normal: contra ............................................................................................................. 35 4.5. O Parto Humanizado no Brasil. ..................................................................................... 36 4.6 Práticas humanizadas ...................................................................................................... 40 5. METODOLOGIA ............................................................................................................... 44 6.RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 49 6.1 SUJEITOS DA PESQUISA .............................................................................................49 6.2. A EXPERIÊNCIA COM O PARTO ............................................................................. 50 6.2.1 As faces da violência obstétrica ........................................................................................... 51 6.2.2 A dor como um elemento e não como protagonista ............................................................. 56 6.2.3 A informação como suporte ao parto humanizado ............................................................... 59 6.2.4 Empoderamento feminino emergido pelo Parto humanizado .............................................. 62 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 70 APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .......................... 79 APÊNDICE B - Termo de Compromisso de Divulgação e Publicação de Resultados ..... 81 APÊNDICE C - Carta de autorização da doula co -participante para realização da pesquisa....................................................................................................................................71 APÊNDICE D – Questionário para coleta de dados do projeto de pesquisa. ................... 83 ANEXO A - Parecer Consubstanciado Comitê de Ética em Pesquisa...............................85 14 1 INTRODUÇÃO A gravidez é um proceso fisiológico da mulher que traduz à competência da mesma, ao qual passa por uma série de mudanças físicas e emocionais, em que denomina-se como processo fisiológico da gestação. (SAMPAIO, 2016). Existem vários tipos de trabalho de parto (TP) e partos, porém os mais conhecidos e utilizados são os partos normais/vaginais e partos com uso de cirurgia cesareana. O parto normal (PN) é a forma natural de dar a luz, já o parto cesárea (PC) envolve um procedimento cirúrgico para que o processo ocorra (ROCHA; NOVAES, 2010). A história do parto e do nascimento vem sendo modificada com o passar dos tempos e com a implementação de novos estudos, descobertas e tecnologias. Desde a época em que as parteiras acompanhavam e auxiliavam no processo do TP, muitas coisas têm sido mudadas na medicina (SEIBERT et al., 2005). As parteiras eram de extrema confiança da gestante/parturiente/puérpera e da família, no qual seus conhecimentos eram empíricos e na maioria das vezes pertenciam a classes populares mais humildes, em que esta função era designada somente às mulheres. Elas respeitavam o processo natural do parto sem quaisquer intervenções e também acompanhavam a gestante durante a gestação e no período puerperal, dando conselhos e “ensinamentos” à puérpera e ao cuidado com o recém- nascido (RN) (PEREIRA, 2016). Porém com as guerras e avanços da medicina e das tecnologias, o parto foi ganhando outro significado e passou a ser considerado um procedimento cirúrgico, em que somente médicos o realizam ocorrendo em ambiente hospitalar. Sampaio (2016) ressalta que ao longo do tempo: [...] o parto foi adquirindo outro significado e passou a ser considerado um procedimento cirúrgico, que deve ser realizado por médicos, em ambiente hospitalar. Isto porque considera-se doente a mulher grávida [...] os médicos se opuseram à intervenção das parteiras, alegando ser a gravidez uma doença que requer o tratamento de um verdadeiro médico (p. 330; p. 14). Segundo Lansky (2014); Vargens, Silva e Progiante (2017) os profissionais da saúde são importantes na assistência e na humanização do parto e nascimento. É visto que atualmente tanto médicos obstetras quanto enfermeiros obstetras e obstetrizes tem a capacidade e conhecimento para auxílio, execução e acompanhamento do pré-parto/parto/pós- parto imediato (PPP). 15 Porém como a formação médica, a princípio, é focada para as complicações da gestação e de um TP, estes profissionais veem o parto como uma situação de risco, tendo como finalidade e primeira escolha o uso de cirurgia e tecnologias/procedimentos muitas vezes desnecessários à situação. A atenção aos partos no mundo todo está sendo revista. Em 1996 a Organização Mundial da Saúde (OMS) revia os verdadeiros ideais sobre o processo parturitivo, no qual o Ministério da Saúde (MS) no ano de 2000 delineou características da assitência ao parto, em que observa técnicas e intervenções maléficas e/ou inoportunas ao cuidado com o processo parturitivo e ao modo de nascer. Então, este sistema de saúde brasieliro inadimite e desconsidera a prática de assistência ao TP de forma desnecessária, em que esta assitência desvaloriza e desconsidera os efeitos maléficos que podem ser acarretados à saúde emocional, física e psíquica da mulher (MEDEIROS et al. 2016). Segundo MS atentar-se ao processo do parto é de suma importância, no qual, este procura através de políticas reorganizar e padronizar métodos e procedimentos comprovados cientificamente que são benéficos ou necessários á situação encontrada no momento do TP. A partir daí volta-se o olhar para o resgate da assistência humanizada respeitando a fisiologia da mulher e do TP e à saúde materna e neonatal (MEDEIROS et al. 2016). Por muitas vezes o modo assistencial inoportuno vem desencadeando cada vez mais o aumento do número de práticas de cesarianas desnecessárias, tornando em alguns casos prejudicial não só á saúde física, mas mental da mulher, violando seus direitos ao processo fisiológico parturitivo (NAKANO., BONAN., TEIXEIRA, 2016). Brasil (2017) divulgou que em 2016 pela primeira vez desde o ano de 2010, o número de cesarianas da rede privada e pública não cresceu. Considerando 3 milhões de partos no país, 55,5% foram PC e 44,5% foram PN, o que ainda contraria as normas da OMS, no qual, esta, adverte que a cirurgia cesariana deve ser de 15% do total de partos, quando a forma de dar a luz natural apresentar riscos à mãe e ao bebê. Com este dado ocorrente, observa-se que mesmo sendo desnecessária esta prática (cesariana) em alguns casos, o mesmo é obtido como primeira opção às mães, elevando os níveis de risco físico, fisiológico, psicológico e puerperal da mulher (ROCHA, NOVAES, 2010; RANGEL, CAMARGO, 2016). A gestação é um momento único na vida da mulher, no qual abrange não só à si, mas também, ao esposo e pai do bebê que está por vir, a família e a todos os que estão próximos a ela permeando-a neste processo tão especial. A gravidez abrange aspectos étnicos, culturais, religiosos, sociais, emocionais e fisiológicos. É o momento considerado por diferentes 16 conhecimentos e práticas de cuidados que envolvem o binômio mãe-filho (SANFELICE, 2011). As modificações fisiológicas no corpo da mulher são marcantes, preparando o mesmo para abrigar, proteger, nutrir e fornecer todas as necessidades e o amor necessário para com o feto/bebê (BARRETO; OLIVEIRA, 2010). Estas mudanças perduram durante todo o processo da gestação até a fase da lactação e pós-parto/puerpério (SAMPAIO, 2016). O parto normal denomina-se simplesmente um processo ao qual se dá a luz a uma criança (SAMPAIO, 2016). No final da gestação o útero se torna mais excitável dando origem à contrações involuntárias, marcando assim o momento do processo de parturição. O real motivo da atividade uterina ainda não é reconhecida, porém há dois pontos principais que levam a este efeito culminando ás contrações essenciais do parto e assim a expulsão do feto. O primeiro é a liberação e ação hormonal que excita cada vez mais o tônus da musculatura uterina e o segundo é a ação das alterações mecânicas contínuas, que são as contrações uterinas (GUYTON, 2011). Durante a gestação, há diversos hormônios que atuam em diferentes momentos e regiões do corpo da mulher. A progesterona, por exemplo, é um hormônio presente durante a maior parte da gestação, em que inibe a contração uterina impedindo o nascimento ou perca do feto.Já os estrógenos são hormônios, que além de atuar no período de lactação (início da produção do leite materno), também estimulam nas contrações do útero no final do processo gestacional (GUYTON, 2011). Além dos estrógenos há também a atuação da ocitocina na contratilidade uterina, em que este hormônio é o principal elemento na função da contração no TP. Os estiramentos de músculos lisos dos órgãos em geral elevam as contrações do útero, em que associando-se à ação de hormônios e aos movimentos do feto, juntos, dão início ao fisiológico trabalho de parto (GAYTON, 2011; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013; SAMPAIO, 2016). Mediante a fisiologia do corpo da mulher, torna-se explícito e claro que a mesma, obtém todos os elementos e recursos necessários em si para dar à luz de forma natural, tornando-se a principal protagonista do transcurso do pré-parto/parto/pós-parto (O RENASCIMENTO DO PARTO, 2013). Porém Silvani (2010) ressalta que ainda há certa barreira entre o conhecimento da fisiologia do parto e a mulher. Isso se dá devida subordinação das mesmas muitas vezes em ambiente hospitalar, levando-as à vulnerabilidade feminina, espelhada na ausência de seus direitos no processo parturitivo (SILVANI, 2010). 17 A humanização do parto, para alguns soa de forma redundante, no qual vem o pensamento: “Como humanizar o ser humano?!”. Todavia, o verdadeiro sentido é: “humanizar o desumanizado”. Ou seja, o intuito é o resgate do reconhecimento dos aspectos culturais e sociais do parto e nascimento, da forma normal, natural, fisiológica, respeitosa e humana do modo de nascer. Oferecendo autonomia e suporte emocional á mulher e á sua família (O RENASCIMENTO DO PARTO, 2013). O momento do parto é extremamente importante na vida da mulher, da família e do bebê que está por vir. Um momento de grande tensão emocional, em que todas as orientações devem ser ofertadas e as decisões das parturientes respeitadas, oferecendo a elas autonomia e liberdade, apoio físico e emocional, no qual o parto humanizado (PH) também prioriza este fator. Conforme nos relata Pereira et al. (2016, p.06) sobre o PH: O parto normal é a maneira mais segura e saudável de ter filhos e, por isso, deve ser estimulado e realizado através de uma assistência humanizada, segura e de qualidade. [...]. Durante o trabalho de parto, líquidos devem ser oferecidos, além de um suporte emocional, oferecendo informações sobre os procedimentos realizados e encorajar a posição não deitada, deve-se também dar liberdade de posição e movimento à parturiente. O controle da dor deve ser feito por meios não invasivos e não farmacológicos, como técnicas de relaxamento, massagens, músicas ambiente, presença do acompanhante de modo a dar suporte emocional à parturiente, dança, iluminação adequada e confortável a mesma, deambulação, agachamentos, mudanças de posições tornando mais confortável possível o trabalho de parto, entre outros. A assistência humanizada aborda fatores aos quais não interferem de forma desnecessária ao TP, mas sim auxiliam a mulher conforme os aspectos citados acima, além de muitas outras assistências oferecidas como, por exemplo, o poder de escolha da posição mais confortável para o parto, livre deambulação, técnicas não farmacológicas de relaxamento e alívio da dor, apoio de doulas ou de pessoas que a parturiente deseja estar presente, melhor condicionamento psicológico e emocional, no qual a mulher sente-se e é capaz de realizar seu parto, entre outros (COSTA, et al. 2015). Para Rangel e Camargo Jr. (2016), o nascimento do bebê é a consagração do desempenho e da combinação de cada elemento presente na mulher durante o processo do TP, em que para a parturiente é a ressignificação de toda a sua trajetória parturitiva, visibilizando como é possível e como ela é capaz (assim como todas as outras), de realizar seu TP utilizando suas ferramentas fisiológicas e naturais. Para as parturientes o medo da dor ou até mesmo sua experiência com ela, é recompensada, sanada com o sentimento de capacidade, realização e capacidade de poder 18 realizar seu trabalho de parto “sozinha” e da forma como desejou (RANGEL; CAMARGO JR, 2016). 19 2 JUSTIFICATIVA Hodiernamente o parto humanizado vem sendo muito adotado e implementado quanto a assistência às parturientes (SAMPAIO, 2016). De modo particular, a escolha do tema veio primeiramente em meio a minha curiosidade de saber como ocorria o processo do trabalho de parto e como ele era na vida real, pois assim como a maioria das pessoas, nunca tinha testemunhado a experiência de presenciar um parto. Além do mais, sempre obtive como anseio, ter um parto normal, porém de modo diferenciado, mais especial, mais introspectivo, mais natural. Um trabalho de parto no qual eu fosse a protagonista, tornando-o prazeroso, tendo a companhia de pessoas especiais comigo neste momento tão singular, sendo zelada e assistida, e não como apenas “mais uma paciente/usuária” que fosse dar a luz. Após minha inserção como acadêmica do curso de enfermagem pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) câmpus Sinop, tive o prazer de participar do projeto de extensão Grupo de Gestante e Casais Grávidos: gestar, maternar e amar durante ano de 2016, onde fiquei fascinada pela gestação, pela gestante e parturiente como um ser inigualável, pelo belo trabalho das doulas, no qual fui conquistada pelo mundo do parto humanizado. No mesmo ano, no 6° semestre, na disciplina de Cuidado Integral à Saúde da Mulher e do Homem, aprofundei mais meus conhecimentos sobre a obstetrícia e coloquei em prática os procedimentos e ações de enfermagem durante as aulas práticas em campo de estágio na maternidade, em que a partir daí, foi o ponto crucial ao qual tive a certeza de que era o PH, o que eu tanto almejava e que a obstetrícia seria o instrumento da minha futura formação e profissão para propagá-lo. Esta temática contribuiria no despertar de uma possível especialização dos acadêmicos de enfermagem à obstetrícia, usando-a como instrumento de prática e disseminação da assistência humanizada. A pesquisa tornar-se-ia fonte de conhecimento através de palestras em semanas acadêmicas do curso, minicursos, participação em congressos e exposição de banners, posts em redes sociais e publicação de artigos científicos em revistas nacionais. Assim esta pesquisa traria novos auxílios para a abordagem do assunto. Mediante a comunidade em geral, este estudo é de suma importância, pois alcançaria a todos independente da condição ou nível de escolaridade através de palestras, ações como encontros, abordagem do tema em grupos de gestantes da Unidade Básica São Cristóvão- Sinop, trazendo informações sobre os benefícios e às técnicas presentes no Parto humanizado; panfletos aos quais eu os confeccionaria trazendo orientações breves sobre o que é o PH, 20 quais ações o envolve e o que aborda. Estes informativos serão distribuídos mediante autorização, em clínicas ou pelas enfermeiras das unidades básicas no atendimento ao pré- natal. Além da divulgação citada acima, a comunidade desfrutaria de relatos vivenciados frente à experiência da humanização do parto a outros tipos de parto, onde a pesquisa também informaria a outras mulheres o proveito do PH, que assim como eu desejam ter um PN, em que muitas vezes tem medo da dor, do “sofrimento”, das violências obstétricas ou são frustradas diante à indicações não reais de PC. As gestantes e futuras gestantes juntamente com seu esposo e familiares, teriam o alcance de informações sobre seus direitos e ao direito da mulher frente à gestação e ao TP de ter o devido respeito e acompanhamento mediante a escolha de seu parto, obedecendo sua fisiologia parturitiva. Pois, o conhecimento é a melhor ferramenta contra soberania,o desrespeito, à subordinação, à desumanização, às frustrações e sofrimentos; podendo ser evitadas a todas as pessoas e mulheres munidas de conhecimento. Quanto a população pesquisada, o estudo as beneficiaria mediante a oportunidade de visualizar e expressar o prazer de ter tido a experiência com a parturição humanizada. Traria a oportunidade de poderem relatar suas experiências contribuindo com informações reais e vivenciadas, no qual podem despertar em futuras gestantes ou famílias a escolha deste tipo de assistência. Expressarem suas alegrias, prazeres, frustrações e dores por meio de sua experiência frente aos tipos de parto. Teriam a oportunidade de adquirir informações sobre as reais práticas humanizadas através da entrevista, no qual eu as recordarei e relatarei sobre quais são estas práticas. Assim, também traria chance de saberem se realmente sua assistência ao parto foi realizada de forma humanizada ou não, pois por vezes, mulheres podem correr o risco de terem uma assistência “camuflada”, em que continua-se sendo utilizado pela equipe responsável, práticas não respeitosas ou cabíveis e aprovadas para o trabalho de parto. 21 3 OBJETIVOS 3.1 Geral 3.1.1 Relatar a experiência de mulheres multíparas frente ao parto humanizado. 3.2 Objetivos específicos 3.2.1 Verificar a diferença entre o parto humanizado e outros tipos de parto vivenciados pelas entrevistadas; 3.2.2 Investigar os pontos negativos e positivios dos partos ao qual teve experiência; 3.2.3 Identificar o conhecimento das entrevistadas sobre a humanização do parto; 3.2.4 Descrever o movimento de humanização do parto no Brasil. 22 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. O parto normal O parto vaginal 1 atualmente ainda é reconhecido como um processo fisiológico, ou seja, um processo em que a própria natureza da mulher foi criada com a capacidade de desenvolver um mecanismo que não foi imposto ou ensinado por ninguém. Porém mesmo com os avanços medicinais e tecnológicos, não há um conhecimento completo e exato em que se compreenda o que ocorre psicologicamente e fisiologicamente com a mulher, pois cada uma pode ter vivências diferenciadas de acordo com cada momento, preparação, estado físico e psicoemocional (PARENTE. et al, 2011; SAMPAIO, 2016). Através da capacidade do corpo e do estado psicossocial da mulher é possível obter um TP satisfatório, no qual o corpo humano feminino foi preparado para isso e tem mecanismos essenciais e necessários para este momento. É dever da equipe que a acompanha e acolhe explanar sobre o que a gestante e parturiente irá sentir, quais elementos que a mesma poderá e irá utilizar, o que a família pode realizar para estimular a liberação e ação destes elementos e o resultado de todo este conjunto ocorrendo de maneira harmoniosa é o vigor e a realização do nascimento de uma nova vida que a mãe acaba de participar. 4.1.1 O Sistema psicoemocional No PN além da atuação fisiológica, também temos a ação e auxílio do sistema psicoemocional. Muitas mulheres mesmo quando primíparas ou multíparas temem o PN por medo da dor, “de não darem conta”, da vergonha de que em alguns casos mulheres defecam no TP devido a força e pressão exercida no açoalho pélvico, medo de “ficarem deformadas” e a presença da insegurança (SILVANI, 2010; PINHEIRO E BITTAR, 2013). Porém diversas substâncias do nosso corpo são produzidas durante a gestação e o TP, fazendo parte de todo o subconjunto: fisiologia, emoção, psicológico, social e emocional, como uma orquestra hormonal do parto. O cérebro da mulher juntamente com seu útero são as partes mais trabalhadas da parturiente durante o parto, preparando-a para a maternidade. As beta-endorfinas, por exemplo, são hormônios liberados para alívio da dor em atividades intensas, em que conforme o desenvolvimento da parturição, este hormônio é cada vez mais 1 Neste trabalho utilizaremos os termos parto normal e parto vaginal como sinônimos. 23 estimulado. Após o parto ele oferece a sensação de relaxamento e prazer (COMPARTO, 2015). A ocitocina, hormônio cujo principal função no TP é na contração uterina, também influencia no vínculo afetivo entre mãe e bebê, em que através de um olhar, do toque ou cheiro, este hormônio é liberado oferecendo a sensação de prazer e bem-estar físico e emocional, conhecido então como hormônio do amor (COMPARTO, 2015). Outros hormônios que auxiliam o sistema emocional da mulher são a adrenalina e a melatonina. A melatonina auxilia também nas contrações uterinas, porém seu pico de produção é a noite, no qual a maioria dos TP iniciam-se a noite, em que, quando a mulher está com níveis de estresse baixo e em um ambiente calmo e com pouca luz o TP desenvolve-se melhor (COMPARTO, 2015). Já a adrenalina deve ser liberada nos momentos finais do TP para auxílio na expulsão do bebê, pois em caso de estresse, ela é liberada podendo diminuir as contrações, bloqueando o efeito da melatonina e dificultando o TP (COMPARTO, 2015). Por isso, mediante á ação da orquestra hormonal do parto, é de suma importância informar a mulher sobre seu parto e suas sensações, preparando-a, capacitando-a e deixando-a mais confiante sobre seu emocional e sua competência frente a parturição (COMPARTO, 2015). 4.1.2 Fisiologia do Trabalho de Parto Já no TP físico, Sampaio (2016) salienta que este processo é composto por fases: a primeira fase é a dilatação em que ocorrem as contrações, fazendo com que o colo uterino fique cada vez mais fino até atingir 10 cm de dilatação onde desencadeia a segunda fase do processo que é a expulsão, caracterizada pela saída do feto. A terceira fase compreende á dequitação, onde há a eliminação da placenta de 5 a 20 minutos ou 1hora após a expulsão do feto. Por fim, a quarta fase resume-se no período do Greenberg, no qual podem surgir intercorrências como hemorragias, por exemplo, na sala de parto ou no alojamento até 2 horas após o parto. A ação mecânica do TP inicia-se na contração que ocorre a partir do fundo do útero, estendendo-se para todo o corpo uterino, no qual a intensidade da contração é maior nestes dois pontos; finalizando na porção inferior no colo uterino, em que a contração é menos intensa. O colo dilata-se, e ocorre o relaxamento da musculatura desde a porção inferior até 24 chegar novamente ao ponto de início, no fundo do útero, finalizando a mecânica da contração. Assim, este mecanismo faz com que o feto seja empurrado para baixo, estimulando sua expulsão (SAMPAIO, 2016; GAYTON, 2011). As contrações no início do TP ocorrem uma vez a cada 30 minutos. Progredindo cada vez mais até ficarem regulares, intercalando-se de 2 em 2 minutos ou de 3 em 3 minutos, com duração de 50 a 55 segundos cada contração (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 2013). A fase da dilatação é subdividida em 3 fases. Quando as contrações são leves, sem ritmo definido, denomina-se fase latente no qual ocorrerá a dilatação do colo uterino de 3 a 4cm aproximadamente. A fase ativa do parto é caracterizada por contrações mais intensas, rítmicas e regulares, no qual o colo uterino dilatará até 8 cm, em que a partir desta fase a dilatação ocorre de 1cm por hora. A fase de transição é aquela em que o colo alcança 10 cm de dilatação, dando início à segunda fase do TP, a expulsão (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 2013). Esta segunda fase dura cerca de 20 a 50 minutos, porém, é fundamental ressaltar que o tempo de cada período pode variar de mulher para mulher, de acordo com sua preparação e condição física, psicológica e emocional (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 2013). É importante que tenha um espaço de tempo entre uma contração e outra, pois como são intensas e fortes, interrompem ou podem interromper a passagemsanguínea da placenta para o feto, ocasionando sua morte. Por isso, é necessário cautela e atenção com o uso de ocitocina ou fármacos estimulantes para contratilidade, pois podem provocar espasmos uterinos e não contrações rítmicas e regulares, acarretando ao risco de morte fetal (SAMPAIO, 2016). Através da descrição de todos os hormônios citados acima presentes na mulher, fica explícito que o conjunto de físico, cérebro, útero, psicológico e social são a união perfeita que gera a harmonia do trabalho de parto. A mulher quando preparada através da ligação de um profissional da saúde (obstetra, obstetriz, enfermeiro obstetra – EO, doula), família e parceiro desde ás consultas de pré-natal até o momento do PPP, sente-se apta ao seu desenvolvimento na parturição. Cada uma traz consigo, desde o nascimento, um sistema reprodutivo capaz de conceber, gestar e parir naturalmente. Mesmo sem ser educado para o parto, o corpo feminino produz hormônios que o tornam capaz de realizar este trabalho de forma primorosa. 25 4.2. Parto humanizado Historicamente o acompanhamento do PPP ocorria em ambiente domiciliar, no qual a mulher era assistida por outra mulher, sendo esta uma parteira ou aparadeira 2 de sua confiança. (PINHEIRO; BITTAR, 2013). Com a Segunda Guerra Mundial e elevados números de mortalidade materno infantil, surgiu a institucionalização do parto, ao qual o mesmo começou a ser realizado em ambiente hospitalar por ser visto como um possível risco à saúde da mãe e do bebê. Consequentemente veio junto a medicalização do parto normal, no qual hormônios sintéticos e procedimentos invasivos foram inseridos para acelerar o TP não levando em conta os riscos de curto e de longo prazo que podem acarretar (PINHEIRO; BITTAR, 2013). Com isso, houve uma impactante mudança das parteiras aos médicos, de casa para o hospital: institucionalizou-se o nascer. Assim começou-se a elevar cada vez mais o número de procedimentos cesáreas como primeira opção ao invés de ser uma saída em casos de emergências no PN. O parto que era realizado em ambiente familiar, passa a ser parte da rotina hospitalar e das necessidades médicas, tornando-se a mulher, subordinada a procedimentos adotados pelos médicos (SILVA, 2017). Neste contexto em 1996 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou diretrizes e um manual de Assistência ao Parto Normal, no qual traz recomendações da implantação do parto humanizado nos serviços de saúde (NAGAHAMA, SANTIAGO, 2011; SILVA, R. et al. 2013;MEDEIROS et al. 2016). Tais recomendações foram dispostas em quatro categorias: A – Práticas demonstradamente úteis e que devem ser encorajadas 3 , B - Práticas claramente ineficazes ou prejudiciais e que devem ser eliminadas 4 , C – Práticas em que não existem evidências para apoiar sua recomendação e que devem ser utilizadas com cautela até que novas pesquisas 2 Mulher que faz parto e não tem habilitação médica ou afim (PRIBERAM, 2017). 3 Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde, respeito à escolha da mãe sobre o local do parto, monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente, fornecimento de todas as informações necessárias à gestante e família, entre outros (OMS, 1996). 4 Uso rotineiro de enema, uso rotineiro de tricotomia, exame retal, infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto, esforço de puxo prolongado e dirigido, uso de rotina da posição de litotomia, uso rotineiro de posição supina no TP, entre outros (OMS, 1996). 26 esclareçam a questão 5 e D – Práticas que são frequentemente utilizadas de modo inadequado 6 (NAGAHAMA, SANTIAGO, 2011; MEDEIROS et al. 2016). Antes mesmo do lançamento destas diretrizes, grupos feministas e pesquisadores mundiais já reivindicavam práticas humanizadas. Como resposta às diretrizes da OMS, o MS com intuito de começar esta implementação na prática obstétrica implantou o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) no ano de 2000 (SILVA, R. et al. 2013;MALHEIROS et al. 2012). O programa permitiu maior atenção à mulher e às discussões sobre a melhoria e mudanças nas condutas no ciclo gravídico- puerperal (MALHEIROS et al. 2012). Segundo Diniz (2015) implementar o parto humanizado não é uma tarefa tão simples. Quando citada a palavra “humanizar”, remete à mente da maioria um parto normal, dentro da água e no ambiente domiciliar da parturiente, porém isso é uma das características que podem ser adotadas. A humanização inclui principalmente incorporá-la ao ambiente hospitalar tornando um ritual mais próximo do familiar, implementando no processo de parir e nascer o uso de agentes de aptidão científico – humano 7 , em que a mulher e o bebê tem direito. O conceito do parto humanizado é polissêmico e amplo, no qual pode ser estudado e incorporado mediante ao tipo de parto, sendo ele natural, normal, cesárea ou domiciliar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) (1996) e Nagahama e Santiago (2011, p. 416) ressaltam que a humanização do TP: É um conjunto de condutas e procedimentos que visam a promoção do parto e do nascimento saudável e a prevenção da morbimortalidade perinatal. Incluem o respeito ao processo fisiológico e a dinâmica de cada nascimento, nos quais as intervenções devem ser cuidadosas, evitando-se os excessos e utilizando-se, criteriosamente, os recursos tecnológicos disponíveis. Sanfelice e Shimo (2015, p.608) ainda complementam sobre a humanização do parto, que este [...] “Também busca desenvolver suas práticas baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis e desincorpora o modelo tecnocrático que valoriza a utilização de condutas invasivas desnecessárias e danosa”. 5 Uso rotineiro de ocitocina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de parto, clampeamento precoce do cordão umbilical, estimulação do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estágio do trabalho de parto, entre outros (OMS, 1996). 6 Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto, controle da dor por agentes sistêmicos, controle da dor por analgesia peridural, monitoramento eletrônico fetal, uso liberal e rotineiro de episiotomia, exploração manual do útero após o parto, cateterização da bexiga, entre outros, (OMS, 1996). 7 Apoio físico e emocional contínuos, posição e movimentação da mulher, imersão em água, manejo da dor, posição para o parto, parto na água, massagens para alívio da dor, presença do acompanhante, acesso a ingesta de alimentos e líquido durante o TP, uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor (BRASIL, 2014). 27 Reis e Patrício (2005) relatam que a humanização inicia-se desde o atendimento pré- natal e sua qualidade até o momento do parto como: a assistência prestada a gestante, às informações oferecidas à elas mediante seus direitos e aos modos aos quais ela pode escolher e aderir ao processo do TP concomitantemente com seu obstetra, pela promoção de ações que aumente a concepção da população sobre este processo e a interação de toda a equipe em seu auxílio. Mediante a ação e assistência de toda uma equipe em auxilio ao pré-natal, parto e puerpério, há uma importante participação do obstetra no TP de maneira com que atue auxiliando a parturiente em detrimento de sua saúde física, mental, emocional e psicológica, visando assistência e informações de conhecimento e consentimento da mesma, intervindo no risco de vida materno e fetal. Um estudo feito por Narch, Cruz e Gonçalvez (2013) revela que a participação de obstetrizes e enfermeiras obstetras na promoção de uma maternidade segura são de suma importância, revelando que estes profissionais são primordiais no avanço da humanização, pois prestam um cuidado singular a cadamulher mediante à suas necessidades, visando sua autonomia e protagonismo no processo parturitivo. De acordo com a OMS (1996), o parto deve ter início de forma espontânea, não deve ser induzido, a parturiente tem direito de se movimentar a qualquer momento e o direito de receber o suporte contínuo durante a parturição, como o acompanhamento dos batimentos cardíacos fetais (BCF), alimentação, posições que não sejam supinas, uso do partograma, respeito à privacidade, presença de acompanhantes e evitar intervenções rotineiras. Dentre as condutas empregadas na assistência do parto humanizado estão: a autonomia feminina, posições não supinas; posições verticalizadas desde que não interfira no BCF, para melhor conforto e alívio da dor; massagem em região lombar, compressas, banhos mornos e uso da bola suíça para alívio da dor; ao nascimento, ter o contato do recém – nascido (RN) pele a pele com a mãe, não cortar o cordão umbilical imediatamente (mínimo de 1 a 3 minutos), pois comprova-se que neste momento há um maior aporte de anticorpos da mãe para o recém nascido, estimular a amamentação na primeira hora de vida; livre movimentação; privacidade e acompanhante (MALHEIROS et al., 2012; SILVA, C. et al., 2016; FUKS et al., 2015). Banhos, pois beneficia na circulação e alívio da dor, regula as contrações, promove o relaxamento e diminui o tempo do TP; dieta livre para reposição da energia e hidratação, visando o bem materno fetal; deambulação que favorece a descida da apresentação e diminui 28 o tempo do TP; exercícios de respiração que favorecem o aporte de oxigênio tanto à parturiente quanto ao feto (SILVANI, 2010). Segundo estudo de Silva, R, Barbieri e Fustinoni (2011) também é estimulado o escalda pés para relaxamento, o agachamento para minimização da dor; banquetas obstétricas para melhor conforto, acesso a massagens e expulsão; outras formas de alívio de dor e relaxamento não farmacológicas, como por exemplo: música, iluminação e dança. Todos os cuidados devem ser inseridos e estarem relacionados ao processo de parir e que não sejam invasivas à fisiologia do corpo, da mente e privacidade do ser feminino (NASCIMENTO et al. 2010). Atualmente são utilizadas práticas não recomendadas segundo estudos científicos como: uso indiscriminado de ocitocina 8 , imobilização no leito e posição litotônicas 9 puxos voluntários 10 , clampeamento precoce do cordão umbilical 11 ; episiotomias 12 , manobras de Kristeller 13 e uso de fórceps 14 ; ducha anal 15 , manipulação ativa do feto com toques vaginais repetitivos 16 , restrição hídrica e restritiva durante o TP 17 , não ter contato pele a pele do RN com a mãe e amamentação durante a primeira hora de vida 18 . Dentre violências emocionais, 8 Hormônio sintético utilizado principalmente para promover contrações uterinas e aceleração do parto, uma vez que seu uso indiscriminado gera espasmos uterinos acarretando ao risco de morte fetal (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013; SAMPAIO, 2016). 9 Posição de decúbito dorsal no leito e imposição de imobilidade no leito. Podem levar à compressões de grandes vasos no TP e durante a expulsão, causa mais dor e desconforto á mulher no TP e dificulta mais o desenvolvimento do parto (ANDRADE et al., 2016). 10 Forças exercidas sem ter contrações podendo causar danos ao feto, fadiga e lacerações na mucosa vaginal e períneo (ANDRADE et al., 2016). 11 Pinçar o cordão e cortá-lo separando-o da placenta e da mãe. OMS recomenda seja de 1 a 3 minutos após o parto ou que pare a pulsação do cordão, pois neste momento há a passagem de anticorpos da mãe para o bebê (PINHEIRO E BITTAR, 2013). 12 Corte realizado na região perineal para “acelerar” o TP e evitar lacerações perineais. Todavia, causa mais lacerações, lesiona a mucosa e musculatura vaginal, pode causar hemorragias, infecções pós-parto, perca ou aumento na sensibilidade no local e diminuição do libido feminino (ANDRADE et al., 2016). 13 Movimento no qual uma segunda pessoa pressiona a barriga da parturiente fortemente com o braço/cotovelo na intenção de empurrar o bebê para o mesmo nascer mais rápido. Oferece risco de prolapso de bexiga e /ou uterino, atonia uterina, laceração uterina, laceração perineal, descolamento de placenta, causar hematomas e sensibilidade dolorosa pós-parto no abdome (ANDRADE et al., 2016). 14 Instrumental utilizado fixando/pegando a cabeça do bebê e puxando-o para nascer de forma mais rápida (ANDRADE et al., 2016). 15 Procedimento de lavagem intestinal para que a mulher não defeque no momento do parto, no qual não há indícios relevantes que a mulher defecar durante o TP pode causar riscos de infecção ou malefícios ao feto (SILVANI, 2010). 16 Técnica utilizada no qual um profissional habilitado e autorizado introduz a mão no canal vaginal da mulher para analisar a dilatação do colo uterino, porém oferece desconforto a parturiente e elevado riso de infecção á mãe e ao bebê devido ser invasivo (ANDRADE et al., 2016). 17 Devido à perca de energia durante o TP, a mulher necessita repor de nutrientes e líquidos para manter a disposição e vitalidade no momento do parto, oferecendo bem-estar materno e fetal (SILVANI, 2010). 18 De acordo com as recomendações da OMS o contato imediato de mãe e filho devem ser mantidos assim com a amamentação na primeira hora de vida. O primeiro contato é de suma importância à intimidade e ligação materno fetal, quando á amamentação, esta oferece o benefício da passagem de anticorpos e nutriente da mãe 29 físicas, psicológicas, nos quais então todas inclusas no conceito de violência obstétrica (ANDRADE et al., 2016). O fato da mulher se sentir cuidada e confortável durante o PPP, sua preparação e experiência é essencial, pois além do medo da dor, as mesmas temem pelos maus tratos no processo do parto (SILVANI et al., 2010; MALHEIROS et al., 2012). A falta muitas vezes de respeito ao momento, de ética e de profissionalismo de alguns profissionais que trabalham nesta área e lidam com este tipo de assistência, também contribuiu para que o processo do parto seja mais dificultoso por falha na humanização de seu atendimento. Nesta situação são criados traumas e visões negativas das mulheres em relação a dar a luz. Assim é de suma relevância o conhecimento da mulher durante sua gestação e PPP, sobre a humanização do modo de nascer, em que ela é a protagonista deste processo, visando sempre o bem estar psicológico, físico, emocional da mulher e bem estar materno fetal. O tipo de parto não exclui o ato e as formas de humanização, no qual toda parturiente tem o direito de ter um processo parturitivo respeitando sua fisiologia, privacidade e vontade (FERRAZ, 2016). Segundo o estudo de Pereira et al (2016), com mulheres que vivenciaram a experiência da humanização no TP, suas avaliações foram positivas e de agradecimento. 4.3. Cesariana O Brasil apresenta altas taxas de cesárea, no qual este número cresceu de 38,9% à 40,5% nos anos de 2009 até 2011, elevando-se mais e mais a cada ano. Entretanto, em 2016 tanto na rede privada ou pública esta taxa estabilizou-se em 55,5% para cada 3 milhões de partos no país. Sendo esta, a maior taxa do planeta (ÉPOCA, 2015; SAMPAIO, 2016; BRASIL, 2017). O aumento das taxas de cesárea é progressivo a cada ano e muito mais realizado nas instituições de saúde privadas e quem atendem á planos de saúde. Porém na rede pública este índice é menor, mas ainda ultrapassa o recomendado pela OMS (SAMPAIO, 2016). Nos últimos 30 anos tem-se considerado ideal taxas de 10% a 15% de procedimentos de cesariana mediante o total de partos ocorrentes. Esta taxa foi formulada por um grupo de para o filhoneste momento (SILVANI, 2010; HUMANIZAÇÃO PERNANBUCO, 2015; ANDRADE et al., 2016). . 30 especialistas em saúde reprodutiva em uma reunião realizada pela OMS em 1985 em Fortaleza, no Brasil, em que declara: “Não existe justificativa para qualquer região do mundo ter uma taxa de cesárea maior do que 10-15%” (BRASIL, 2014, p.18). A cesariana consiste em um ato cirúrgico no qual realiza-se uma incisão na porção inferior no abdome e na parede do útero para alcançar feto a ser concebido, quando bem indicado, que são nos casos de emergência ao qual o parto normal aplicará risco a mãe e/ou ao feto, tem um papel primordial na obstetrícia na redução de morbimortalidade materno infantil (MONTENEGRO;REZENDE FILHO, 2013; BRASIL, 2001; SAMPAIO, 2016). É, portanto, um procedimento/recurso utilizado em casos de risco na vida da mãe e/ou do bebê. Assim, como em todos os procedimentos cirúrgicos, a cesárea não se exclui de riscos, no qual no Brasil como em outros países é o procedimento que mais causa a morte materna infantil em comparação com o parto vaginal (SAMPAIO, 2016). Estudos classificam a indicação da cesárea em absolutas e relativas “absolutas quando o bebê está vivo, morto ou embriotomizado 19 , e não se pode ser retirado através do parto vaginal, sendo a cesárea via única de escolha” (SAMPAIO, 2016; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013). A gestação conclui-se quando nasce o bebê vivo e saudável. Já as indicações relativas, são aquelas como feto não reativo, gestante HIV + (dependendo da carga vira), apresentação pélvica, prematuridade extrema, sofrimento fetal, descolamento prematura da placenta (DPP) agudo, placenta acreta, infecção primária por herpes genital e placenta prévia (SANTOS, 2015; SAMPAIO, 2016). 4.4. Cesária x Parto normal: prós e contra. A escolha do tipo de parto está relacionada com a forma com que estes são exemplificados, informados e acessíveis às gestantes, de modo com que as mesmas tenham o conhecimento base para a seleção de um processo em um momento único e especial (OLIVEIRA et al, 2012). Um dos fatores para a escolha do tipo de parto seria a relação com a dor no momento da expulsão do bebê, em que esta remete á ansiedade, e está adicionada ao sentimento de sofrimento. Porém este sentimento é compensado ao nascimento da criança, em que esta recompensa a mãe pelo vigor do TP (LOPES et al., 2005; TEDESCO et al. 2004; BARACHO et al., 2009). 19 “Não pude ser extraído através da bacia” (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013, p. 960; ARAÚJO, 2017). 31 4.4.1. Cesárea: prós Como a cesárea é um procedimento cirúrgico, este, pode ser agendado a qualquer dia e/ou hora a partir da 37ª semana, que o médico e a gestante preferirem com duração em média de 20 minutos, no qual, o cirurgião também pode realizar mais cesáreas no dia e a gestante programa-se conforme sua rotina. Sendo a facilidade em escolher o dia e a hora do parto, um dos principais motivos para esta escolha tanto pela gestante quando pelo obstetra (SILVANI, 2010). O TP normal envolve cerca de 12 horas e pode ocorrer a qualquer instante, como em feriados, madrugada, folga do médico etc; no qual o obstetra terá que se dispor a qualquer momento para realizar o parto. Já a cesárea dura aproximadamente 20 minutos e pode ser agendada em horários e dias preferíveis aos médicos, não “interferindo em sua rotina e agenda”, fazendo com que o médico escolha a melhor hora para nascer, e não que a própria fisiologia materna torne-se a par disto (WAGNNER, 2016). Segundo um estudo realizado com 90 puérperas por Domingues et al. (2014), a preferência pelo parto normal relatado pelas mulheres se deve por ser o parto mais natural, mais fisiológico e de recuperação mais rápida. Já a escolha pela cesariana foi devido ao medo da dor do parto, medo de não conseguir ter o parto, críticas à forma “desumana” de como TP é conduzido, realização de laqueadura tubária, preferência do marido e principalmente pela facilidade em escolher o dia e por ter primeiramente a indicação do médico para o dia do parto. A cesárea impede a ocorrência de nascimento pós-termo 20 , no qual está associada com maiores risco neonatos como evolução do parto, demora na evolução e principalmente o sofrimento fetal devido ao risco que pode ocorrer com a aspiração do mecônio. Porém este último fator, ocorre em casos raros (VELHO, SANTOS ; CALAÇO, 2014). A mulher no momento do parto não sente dor, pois estará sob efeito anestésico para que o procedimento possa ser feito, assim para aquelas que não passaram pela experiência do PN no qual o medo da dor “momentânea” se faz presente, a cesárea vem como sua primeira opção (VELHO, SANTOS ; CALAÇO, 2014). A cesárea elimina o risco de complicações relacionadas ao processo de trabalho parto vaginal, como lesão do plexo braquial relacionado, a distócia de ombro, traumas ósseos 20 Nascimento após a 42ª semana de gestação (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013). 32 (fratura de clavícula, crânio e úmero) ou asfixia provocada por complicações intraparto. Essas complicações são somente identificadas no momento do PN e que podem ser revertidas com uma cesárea intraparto, ou seja, não são indicações de primeira escolha para a realização de uma cesárea, mas sim em casos de emergência no PN (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014; COMPARTO, 2015). Em casos raros no trabalho de parto normal podem ocorrer as distócias, aos quais são complicações que ocorrem na descida do bebê no canal vaginal (por exemplo: por atonia uterina), nervosismo da parturiente (ao qual estimula a liberação de substâncias que podem atrapalhar o desenvolvimento do TP), entre outros (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014; COMPARTO, 2015). Além da benesse quanto a escolha do dia/hora também há a oportunidade de realizar a laqueadura, já que a via o local onde seria realizado este procedimento já está acessível, não necessitando de nova data e cirurgia (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014). A informação e indicação do parto ofertada á gestante é de grande triunfo, no qual a indicação médica ao tipo de parto podem marcar profundamente a vida da mulher seja por satisfação ou descontentamento. Deste modo a recomendação da cesárea como primeira escolha do médico ou da gestante deve ser reanalisada, visando esclarecer se há riscos reais no parto normal para esta indicação. Parte dos obstetras consecutivamente não dão oportunidade de escolha à mulher, pois é mais viável á ele, principalmente na rede privada, realizar um PC, poupando seu precioso tempo e disponibilidade, além de receber mais pelo procedimento. Há uma fala muito narrada pela sociedade: “Se o médico disse, quem sou eu para discordar, ele sabe. Ele é o médico”! Com este pensamento e sem procura de esclarecimento ou espaço para opção de escolha, as pessoas são induzidas e influenciadas a escolhas e riscos que poderiam ser evitados. Porém o médico na maior parte dos casos, só saberá que o parto normal não terá sucesso, se houver tentativa da realização do mesmo. Assim, se surgirem complicações reais e comprovados e/ou riscos, a parturiente pode e deve ser encaminhada para a cirurgia cesárea. 4.4.2. Cesárea: contra Assim como em todos os procedimentos cirúrgicos, a cesárea também apresenta risco. Toda via como citado nos parágrafos acima deve ser indicado e realizado somente em situações de emergência em que o PN não poderá dar continuidade ao nascimento do feto. A indicação e realização “descontrolada” da cesárea eleva os malefícios materno fetais. Segundo 33 Reis, Z. et al. (2014, p. 66): “[...] quando comparada ao parto normal, a chance de morbidade materna grave se eleva 2 vezes entre mulheres submetidas à cesariana intraparto e 2,3 vezes em caso de cesariana eletiva” A dor, por exemplo, não deve ser excluída da cesárea,já que a mesma requer cuidados mais atenciosos no pós-operatório (PO) (WAGNNER, 2016). Em um estudo de Velho, Santos e Callaço (2014), realizado com o relato de experiência de puérperas em diferentes tipos de parto, as mesmas relatam que a dor está ausente inicialmente, mas aparece como uma consequência pós-operatória, sendo mais incapacitante à puérpera: “A dor que tu sentes depois, na recuperação, é completamente pior, tu dependes muito das outras pessoas numa cesárea. Já é mais complicado, se tu vens para casa, tu não consegues fazer nada, não dá para ficar pegando o neném no colo toda hora, porque dói”(K.O.T, 23 anos, itálico da autora (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014, p. 6). Como mencionado acima, no momento da cirurgia a mulher não sente incômodo, porém no PO há maiores riscos e queixas: [...] dentre elas a cefaleia pós-raquianestesia, assim como os efeitos adversos da anestesia: angustia, falta de ar, vômitos e dor no local da punção. Dentre as complicações cirúrgicas descritas, estão a inflamação dos pontos, hemorragia, infecção puerperal ou a necessidade de submeter-se a uma nova cirurgia (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014, p. 6). Para a realização do procedimento cesárea, requer a administração de anestésico que é realizado por punção peridural ou raquidiana, em que a mãe fica da cintura para baixo anestesiada. Mulheres relatam que através da cesárea não participam do nascimento do bebê, não sabem o que está acontecendo, podem ter reações adversas ao anestésico, ficam impossibilitadas de ver o nascimento de seu filho seja por causa dos campos cirúrgicos, pela posição (em que permanece contida no leito) ou pelo efeito anestésico (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). Neste momento, a mulher não se torna a figura principal parto, mas sim o médico, aparentando uma imagem de superioridade e impossibilitando a autonomia da mulher no parto. (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). O risco de desenvolver infecções, hemorragias ou até mesmo choque anafilático é presente no parto cesárea e pós-operatório (PO). Quando envolvem o conjunto de incompetência médica, falta de orientação á gestante e a falta de cuidados PO, os riscos de complicações e mortalidade materna elevam-se. A Revista Época (2015) publicou que 34 segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) mulheres que realizam a cesárea aumentam em 3,5% as chances de mortalidade em relação às que submetem-se ao PN (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014; ÉPOCA, 2015). Em relação á estética, Oliveira R.. et al. (2016) afirma que é mito de que a operação cesárea mantém a anatomia da pelve ou de órgãos próximos ao útero intactos. O risco e a incidência de deiscência é muito elevada neste tipo de procedimento. Essas escolhas são feitas muitas vezes por profissionais que desejam “agilizar” o processo do parto, induzindo-o à cesárea, desencadeando em alguns casos frustrações e bloqueios emocionais à mãe por “não poder” realizar a parturição normal. (OLIVEIRA, R., et al., 2016). 4.4.3 Parto normal: prós Um dos principais fatores citados por estudos sobre o PH é a autonomia da mulher, o respeito á suas decisões, privacidade, seu protagonismo e da participação da família neste conhecimento junto á gestante. O PN tendo uma assistência humanizada permite à mulher o protagonismo de que é ela quem vai realizar o parto e de que a equipe estará ali de prontidão para auxiliá-lo no que for necessário e desejado pela mesma (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). A mulher participa, vê o que está acontecendo, tanto ela quanto o bebê se ajudam. Uma das puérperas entrevistadas do estudo de Feyer, et al. (2013, p. 5) relata: “ todo mundo é paciente, né? [...] eu não gosto de ser objeto de ninguém [...] eu queria ser o sujeito do meu trabalho de parto”. Assim, o PH proporciona um contato mais íntimo entre mãe e filho, uma maior liberdade e interação (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). A recuperação pós-parto é mais rápida e tranquila no PN, no qual a puérpera pode comer durante e após seu parto não necessita ficar 6 horas em jejum no PP. Além de que, a involução uterina ocorre mais rapidamente, evitando atonias uterinas, possíveis hemorragias. (PINHEIRO; BITTAR, 2013). Os riscos de infecção e mortalidade são menores no PN, pois nos casos em que não são utilizados métodos invasivos, o TP transcorre de forma natural proporcionando bem-estar materno-fetal (ÉPOCA, 2015). Como o parto ocorre no momento no qual o corpo da gestante está preparado para este momento através de sinais como percas vaginais do tampão mucoso, bolsa rota, entre outros; 35 o feto tem a maturidade suficiente da produção de surfactante dos pulmões para seu nascimento (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). O parto no qual a mulher participa, tem a potencialidade de acarretar benefícios ou danos psicológicos, pois as memórias do parto permanecem vivas a nível cognitivo e psicológico e continuam a influenciar as percepções da mulher sobre este momento por muito tempo. (PINHEIRO; BITTAR, 2013). O suporte emocional e social no ciclo gravídico-puerperal, em especial durante o trabalho de parto e parto, é citado em vários estudos como um fator importante na qualificação da assistência materna, em que ocorre durante o TP normal (PINHEIRO; BITTAR, 2013). O bebê também se beneficia das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe durante o trabalho de parto, fazendo com que ele seja mais ativo e responsivo ao nascer. Os bebês que nascem de parto normal quando ainda não tem o cordão umbilical cortado e são colocados em cima da barriga da mãe, tem um aumento da relação entre mãe e filho, em que ele consegue se arrastar até o peito para mamar, sem precisar de nenhuma ajuda (PINHEIRO; BITTAR, 2013). Como o parto ocorre no momento no qual o corpo da gestante está preparado para este momento através de sinais como percas vaginais do tampão mucoso, bolsa rota, entre outros; o feto tem a maturidade suficiente da produção de surfactante dos pulmões para seu nascimento, proporcionando maior segurança e benefício ao recém-nascido, à mãe e ao médico (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). A presença do acompanhante conforme lei Lei nº 11.108/2005 no Brasil é direito da gestante em qualquer tipo de parto, no qual deve ser uma pessoa de confiança da parturiente, se sua livre escolha e que a mesma queira sua presença. A mulher na companhia de alguém que goste, recebe apoio, carinho, se sente mais segura e mais tranquila fazendo com que diminua os níveis de estresse, contribuindo para melhor desenvolvimento do trabalho de parto (BRASIL, 2005; SILVANI, 2010). 4.4.4 Parto normal: contra Existe uma diferenciação entre o parto normal (tradicional) com o parto natural, pois já há algum tempo o parto normal tem ocorrido com o uso de métodos rotineiros opostos a sua naturalidade e normalidade, com muitas intervenções sendo realizadas e com a falta de 36 competência e conhecimento da própria equipe quanto ao modo fisiológico e respeitoso de nascer. São utilizados no parto normal alguns métodos rotineiros denominados violência obstétrica de forma desenfreada e sem comprovação de necessidade na maioria dos casos como a episiotomia, o uso indiscriminado do hormônio sintético ocitocina por via endovenosa, uso de fórceps, manobra de Kristeller, raspagem dos pelos, lavagem intestinal, repouso absoluto na cama hospitalar, proibição de acompanhante, tratar a mulher de forma inferior ou agressiva, recriminar qualquer ato físico como obesidade por exemplo, recriminar o choro ou gemidos na parturiente, realizar procedimentos sem seu consentimento, separar o bebê da mãe logo após o nascimento, entre outros (AMORIM, DUARTE, 2013; SAMPAIO, 2016). A desumanização, o desrespeito e a falta de sensibilidade da equipe quanto às normativas rígidas que a parturiente tem direito no momento do parto fazem com que este seja traumatizante (AMORIM, DUARTE,2013). A dor é um dos principais fatores citados pelas mulheres quanto ao medo do parto normal, todavia as que já tiveram este tipo de parto, foram submetidas de alguma forma à métodos associados à violência obstétrica ou não tiveram a oportunidade de vivenciar o trabalho de parto humanizado (PINHEIRO; BITTAR, 2013). 4.5. O Parto Humanizado no Brasil. Assim como em muitos países, no Brasil, a história do parto também se baseia na presença das parteiras. Porém na época ao qual ocorreu a Segunda Guerra Mundial, a mesma não acontecia no país, mas foi através da propagação das novas práticas medicinais e com o lançamento de novos instrumentos cirúrgicos que a medicina brasileira passou a incorporar o mesmo método de outros países, a institucionalização do parto (MAIA, 2010; SILVA, 2017). Com esta “modernidade”, o Brasil no período de 1910, teve em alta o “parto inconsciente” ao qual era caracterizado por aplicações de morfina para alívio da dor junto com uma dose de amnésico chamado escopolamina, em que a mulher sentia a dor do parto, porém depois não se recordava do que acontecia (da dor, do trabalho de parto, do nascimento do bebê). Porém a escopolamina também causava um efeito alucinógeno, em que as mulheres se debatiam provocando hematomas e assim eram amarradas no leito, no qual este era coberto como uma cabana, para evitar que fossem vistas nestas situações deploráveis (DINIZ, 2015). 37 Uma das misturas utilizadas no Brasil para o parto inconsciente era chamada de “Lucina”, composta por doses de cafeína com morfina. Com o passar de várias décadas, foi observado o elevado índice de morbimortalidade materna e fetal, no qual a prática foi abandonada (DINIZ, 2015). Conforme citado anteriormente, o parto tornou-se um assunto médico hospitalar, no qual serviu á obstetrícia de três maneiras: restringir a competição com as parteiras, estabelecer o controle sobre as parturientes e oportunizar novos campos para práticas médicas (MAIA, 2010). No Brasil a assistência humanizada ao parto foi impulsionada através da experiência de vários estados. Na década de 70 no estado do Paraná surgem profissionais baseados em práticas indígenas e de parteiras. Na mesma época no Hospital Pio X em Goiás e no instituto Aurora no Rio de Janeiro, eram realizados grupos de terapias alternativas com yoga (Diniz, 2015). Em 1980 o Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde juntamente com uma associação do estado de São Paulo e grupos Carumim e Casa do Parto em Pernambuco, ofereceram assistência humanizada ao parto e propuseram mudanças nas práticas realizados no TP (DINIZ, 2015). Até que em 1993 é fundada a Rede Pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna), que atualmente congrega centenas de participantes, sendo enfermeiras e médicos vindos das áreas da obstetrícia e saúde pública. A Carta Campinas criado pelo fundador da Rehuna em 1993 denuncia: Considera que, no parto vaginal a violência da imposição de rotinas, da posição de parto e das interferências obstétricas desnecessárias perturbam e inibem o desencadeamento natural dos mecanismos fisiológicos do parto, que passa a ser sinônimo de patologia e de intervenção médica, transformando-se em uma experiência de terror, impotência, alienação e dor. Desta forma, não surpreende que as mulheres preferem a cesárea como melhor forma de dar à luz, sem medo, sem risco e sem dor (CARTA CAMPINAS, 1993, P. 23). Muitos encontros foram realizados por redes feministas como o Encontro Parto Natural e Consciente (no Rio de Janeiro), ao qual se formou uma comunidade que se reunia todos os anos presencialmente. Na década de 90, estes encontros tornaram-se virtuais através de listas eletrônicas como Parto Natural, Amigas do Parto, Rehuna, Materna, Parto Nosso, Mães Empoderadas, entre outras (DINIZ, 2015). Já em 1994 surge no Rio de Janeiro a primeira maternidade pública “autodefinida” humanizada, a maternidade Leila Diniz. Outro marco importante foram as propostas para 38 criação das Casas de Parto, mobilizadas pelo GO José Galba que estimulou o parto normal humanizado, com o mínimo de intervenção médica, presente até os dias de hoje, priorizando a obediência à fisiologia natural do parto, a posição vertical no período expulsivo e a presença do acompanhante familiar. Os esforços de José Galba para a humanização resultou na criação do Prêmio Galba Araújo em 1998 com participação de hospitais e serviços de saúde , entretanto “O projeto de Casas de Parto, após um início promissor, encontra limites e resistências principalmente dos médicos” (DINIZ, 2015, p.6). Desde a conferência realizada pela OMS em 1996 lançando a cartilha de assistência ao parto normal e humanizado, o Ministério da saúde no Brasil embasou-se nas atualizações sugeridas e aplicadas nesta conferência e lançou o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) em 1º de Junho do ano de 2000. A atenção quanto à gestação ao parto vem sendo ampliada buscando resgatar um exemplo de assistência baseada na humanização (MAIA, 2010). Além do PHPN, no ano de 2000 as recomendações da OMS sobre assistência ao parto normal e humanizado foram enviadas pelo MS para cada ginecologista obstetra e enfermeiras obstetrizes do país, evidenciando que o atendimento ao parto no Brasil baseia-se em grande medida naquilo que se busca superar (MAIA, 2010). A portaria Brasileira n. 1.067, de 6 de julho de 2005, que institui a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, menciona: A atenção com qualidade e humanizada depende da provisão dos recursos necessários, da organização de rotinas com procedimentos comprovadamente benéficos, evitando-se intervenções desnecessárias, e do estabelecimento de relações baseadas em princípios éticos, garantindo-se a privacidade, a autonomia e compartilhando-se com a mulher e sua família as decisões sobre as condutas a serem adotadas. (BRASIL, 2005, p. 26) Mediante as portarias lançadas do Brasil pelo MS nos últimos dez anos, é possível afirmar que o Estado cada vez mais se encorpara a humanização como forma de estratégia tanto para a redução nos números de mortalidades maternas, quanto para garantir a saúde materna (MAIA, 2010). Desde então a cada ano o Brasil une forças e parcerias para acolher experiências e irradiar mudanças. Em novembro de 2016, em Brasília, houve a IV Conferência Internacional Sobre a Humanização do Parto e Nascimento, no qual foram discutidos temas sobre: 39 o conhecimento sobre Humanização do Parto e Nascimento, visibilidade de experiências exitosas de Humanização e redução de cesáreas desnecessárias no Brasil e no exterior, discussão novos conceitos e experiências sobre o nascimento fisiológico nas diferentes culturas e sociedades. Facilitar o intercâmbio de saberes entre pesquisadoras/es, universidades, centros de pesquisa, órgãos públicos, maternidades, casas de parto, profissionais autônomas/os e usuárias (CONFERÊNCIA REHUNA, 2016). Estudos e cartilhas são lançados sobre o tema da humanização pelo Ministério da Saúde com o objetivo de sensibilizar os profissionais. No ano de 2014 o Ministério da Saúde lançou o caderno Humaniza SUS volume 4, ao qual traz informações sobre a política da humanização do TP e sobre a assistência humanizada tanto à gestante como ao recém- nascido. O caderno aborda temas principais na assistência inicial do TP como dieta, enema, tricotomia dos pelos pubianos, apoio físico e emocional contínuos, posição e movimentação da mulher, imersão em água, manejo da dor, posição para o parto, parto na água, episiotomia, entre outros (BRASIL, 2014). Mais atualmente, em 2015, o estado do Pernambuco lançou a cartilha Humanização do Parto: Nasce o Respeito, ao qual trás em uma linguagem mais clara e acessível através de uma didática de perguntas e respostas, informações sobre a humanização, como a equipe deve prestar
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