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TCC-2018-ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO 
 
 
 
 
 
 
VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINOP 
2018 
 
 
ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orientadora: Profª Mestre Kamilla 
Maestá Agostinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINOP 
2018 
Trabalho de Curso apresentado ao 
Curso de Graduação em 
Enfermagem da Universidade 
Federal de Mato Grosso, Campus 
Universitário de Sinop, como 
requisito parcial para a obtenção 
do título de Bacharel em 
Enfermagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISABELA DAYNARA TEIXEIRA DIODATO 
 
VIVENCIANDO O PARTO HUMANIZADO E OUTROS TIPOS DE PARTO 
 
Trabalho de curso apresentado ao Curso de 
Graduação em Enfermagem da Universidade 
Federal de Mato Grosso, campus – Sinop, 
como requisito parcial para obtenção do título 
de Bacharel em Enfermagem. 
 
APROVADO pela Comissão Examinadora abaixo assinada. 
 
_____________________________________________________ 
Profª M.e. Kamilla Maestá Agostinho 
UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop 
Orientadora/Presidente da Banca 
 
________________________________________________________________ 
Profº. Esp. Walther Esteves Lima 
UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop 
Membro Titular 
 
_________________________________________________________ 
Profª. Drª. Pacifica Pinheiro Cavalcante 
UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop 
Membro Titular 
 
___________________________________________________ 
Profª Vanessa Paula de Faria 
UFMT - Instituto de Ciências da Saúde – Câmpus Universitário de Sinop 
Membro Suplente 
 
 
 
SINOP – MT, 29 JUNHO DE 2018. 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, no qual sempre me deu forças e 
esperanças para lutar mediante a tantas dificuldades encontradas e batalhadas com Sua honra, 
lealdade, humildade e braço forte ao qual em mim empunhou. 
Aos meus amigos, à minha família, meus pais Sebastiana e Vicente que tanto lutaram 
e torceram para que eu pudesse alcançar este sonho hoje. À minha irmã por todo apoio e por 
cuidar de meus pais em minha ausência. Ao meu namorado Jobson Junior que sempre esteve 
ao meu lado, em que mesmo á distancia sua torcida, amor e força se faziam presentes em cada 
um dos meus dias. 
 Às amizades que formei durante esta trajetória que foram meus alicerces, minha 
família aqui. Dedico a todos que de alguma forma me ajudaram, seja com moradia , com 
alimento , com dinheiro , com carona, com utensílios, com informações, com orações, com 
ensino e com resiliência. Vocês foram parte dos meus mestres na vida. 
Á professora Kamilla Maestá cоm quem partilhei о que era о broto daquilo que veio а 
ser esse trabalho. Nossas conversas durante е além das orientações do trabalho, das aulas, do 
projeto de gestantes e na vida foram fundamentais. Desde o princípio Deus me mostrou o 
quão era sua competência e verdadeiro dom da enfermagem voltada á saúde da mulher 
gestante e puérpera para enriquecer ainda mais minha paixão e admiração pela assistência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida e em minha trajetória até aqui. 
Mesmo em momentos de tanta turbulência e dificuldades o Senhor e Sua/minha/Nossa Amada 
Mãe Imaculada, me mantém em pé e quando não suporto mais o peso em minhas pernas, Vós 
me carregaste no colo. 
Aos meus pais, por toda força e garra, ao qual me espelho todos os dias e luto para que 
um dia eu possa retribuir tudo o que auxiliaram tornar-me. Perdão pelas minhas ausências 
durante tanto tempo, eu só quero cuidar de vocês tão bem quanto cuidaram de mim. Esta 
vitória é de vocês! Amo-vos! Á toda minha família pelo estímulo e orgulho, obrigada, Amo 
vocês. 
Á minha irmã Daiane um exemplo de ser humano assim como nossa Mãe Sebastiana. 
Obrigada por cuidar de nossos pais e por sempre me ajudar quando precisei. No fim de tudo, a 
distância nos mostrou o real sentido da palavra “Irmão”. Jeito de menina com força de leão, 
como te admiro pela resiliência que você luta todos os dias para mantê-la de pé. Um dia o 
Lúpus será apenas um nome. Te amo! 
Ao meu namorado Jobson, não tenho palavras por toda força e companheirismo. A 
distância dói.... nossa como dói, mas acreditamos em nós e aprendemos juntos a superar cada 
dia. Meu amor, te amo e este passo é seu também além de muitos outros que virão. Logo será 
sua vez! 
Ás minhas amigas e minha segunda família aqui em Sinop: Ana Caroline Door, Ana 
Paula Door, Letícia (Lê), Bruna, Vanessa (Nessa), Samanta, Raquel, Vanda, Lívia, entre 
outras; minhas palavras não são suficientes para agradecer por tamanho amor, carinho, 
parceria, companheirismo e familiaridade. Amo vocês! Aos meus amigos do princípio que 
sempre me apoiaram e nunca deixaram que a distância pudesse acabar com a essência e 
pureza de nossa amizade: Thais Jardim, Bianca (Bia), Gabriela (Gabi), Ticiane (Tici), Dara e 
Leidiana (Leidi). Vencemos! 
Aos meus colegas de trabalho ao qual pude crescer e conviver junto de cada um da 
Sporting Academia! Á Pâmela, Ellen, Bruna, Tallita e Lidiane, obrigada pelo companheirismo 
e amizade. Vocês dividiram comigo os meus maiores sonhos e estiveram comigo nos meus 
dias bons e ruins. Gatidão. 
Ás enfermeiras que me acompanharam nos estágios supervisionados, Gislaine Basseto 
(Unidade Básica de Saúde), Carla, Jaqueline, Joelma, Lu, Sineide e Rosa (Unidade de Pronto 
 
 
Atendimento) muito obrigada pela oportunidade, auxílio, espaço e por todo conhecimento 
compartilhado. 
Aos meus professores, mestres e doutores, como sou grata por todo conhecimento 
transmitido, mas não só o conhecimento, mas também pela humanidade, pelo singelo dom e 
humildade de compartilhar o saber com aqueles que nunca conheceram! Me espelho em 
vocês! 
Ás doulas do Grupo Gestar, a Doula Marilene pelo auxílio neste trabalho. Às minhas 
entrevistadas. Muito obrigada por compartilharem cada experiência, vocês fizeram com que 
eu me apaixonasse ainda mais pela Humanização ao parto e em almejar maior dedicação para 
ser uma grande profissional na obstetrícia. 
Aqueles que não acreditaram em mim e de alguma forma tornaram-se pedras no 
caminho. Obrigada! Pois assim, resgatei mais forças para chegar onde cheguei. 
Á minha professora, orientadora e amiga (se assim me permitir) Kamilla Maestá. 
Neste momento escrevo em meio ás lágrimas, pois o trabalho foi árduo, porém por incrível 
que pareça prazeroso. Obrigada por me apresentar ao mundo da obstetrícia e assistência á 
gestante/puérpera. Você cresceu tanto professora e agora está rumo a se tornar “Doutora 
Kamilla Maestá Agostinho”. Minha admiração e gratidão não são medidas em palavras. 
Obrigada por tudo. Meu espelho na enfermagem! Essa vitória também é sua! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escolhi os plantões porque sei que a escuridão 
amedronta o enfermo. Escolhi estar perto da 
dor, porque já estive muito perto do 
sofrimento. Escolhi servir ao próximo porque 
sei que um dia todos nós precisamos de ajuda. 
Escolhi o branco porque quero transmitir a 
paz. Escolhi estudar métodos de trabalho 
porque livros são fontes de saber. Escolhi ser 
Enfermeira porque Amo e Respeito à vida. 
Florence Nightingale 
 
 
RESUMO 
 
O parto envolve desde seu princípio o laço familiar, materno e paterno durante a gestaçãoe 
concretiza-se com o nascimento do bebê. Assim nesta fase tão primordial e única, o termo 
Parto Humanizado propõe resumidamente que o parto deve ser um momento ao qual a mulher 
deve ser protagonista, desencadeando um parto onde seus direitos são reconhecidos e 
respeitados, onde os procedimentos realizados obtenham evidências reais e que não sejam 
utilizadas técnicas invasivas, desnecessárias e violentas. Mediante a isto, este trabalho foi 
realizado com a finalidade de conhecer as experiências de mulheres multíparas frente ao parto 
humanizado, a fim de observar as vantagens e desvantagens de cada um e como ocorrem na 
atualidade. Trata-se de um estudo caracterizado por uma pesquisa exploratória e descritiva, 
com a abordagem qualitativa, tendo como área de abrangência a saúde da mulher. Os sujeitos 
da pesquisa compreenderam nove mulheres, residentes da cidade de Sinop, multíparas, 
maiores de 18 anos de idade, que tiveram a vivência com o Parto Humanizado (no período de 
2014 á 2017) e outros tipos de parto. A coleta de dados foi realizada após aprovação do 
Comitê de Ética nº 2.435.119, por meio da busca ativa dos sujeitos através do auxílio de uma 
doula co-participante, nos quais os dados foram coletados por meio de entrevista gravada 
mediante um roteiro semi-estruturado, do tipo aberto. A análise de dados qualitativos fez-se 
por meio de análise de conteúdo segundo Minayo. Após a análise dos dados emergiram quatro 
categorias que subsidiaram os resultados e discussão, sendo elas: As faces da violência 
obstétrica; A dor como um elemento e não como protagonista; O conhecimento como rede de 
suporte ao parto e O empoderamento feminino emergido do parto humanizado. Revelou-se 
que o parto humanizado oferece e desencadeia diversos benefícios em comparação aos outros 
tipos de partos e assistência ao trabalho de parto, no qual estas vantagens podem e devem ser 
informadas e ofertadas desde o pré-natal munindo mulheres e famílias de conhecimento, até 
durante o trabalho de parto, empoderando-os. 
 
Descritores: Parto Humanizado, Humanização da Assistência, Parto cesárea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The childbirth from the beginning involves the family bond, maternal and paternal during 
gestation and it concretizes with the baby birth. Thus, in this primordial and unique phase, the 
term Humanized Childbirth briefly proposes that the childbirth must be a moment when a 
woman been the protagonist, on what her rights be recognized and respected, the performed 
procedures obtain real evidence and where invasive, unnecessary and violent techniques do 
not be used. In view of this, this study aimed to know the experiences of multiparous women 
in face of humanized childbirth, in order to observe the advantages and disadvantages and as 
procedures occur nowadays. This is a study characterized as an exploratory and descriptive 
research, with a qualitative approach, focusing on women's health. The subjects comprised 
nine women, residents in Sinop city, multiparous, over 18 years of age, who have experienced 
Humanized Births (from 2014 to 2017) and other types of childbirth. Data collection was 
performed after approval by Ethics Committee No. 2,435,119, through the active search of the 
subjects with the assistance of a doula, in which the data were collected through interviews 
using a semi-structured, open type, with open questions. The analysis of qualitative data was 
done through content analysis. After analyzing the data, four categories emerged, which 
subsidized the results and discussion: The obstetric violence; Pain as an element and not as a 
protagonist; Knowledge as a support network for childbirth and Woman's empowerment from 
humanized childbirth. The study showed that humanized childbirth allows and elicits a 
number of benefits compared to other types of childbirth, in which these advantages can and 
should be informed and offered since prenatal care, providing women and families with 
knowledge, including during the childbirth, empowering them. 
 
Descriptors: Humanized Childbirth; Humanization of care; Cesarean section. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Variação de idades entre as entrevistadas.............................................................39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Quantidade de partos e tipos de assistência do parto relacionado à primeira e 
segunda gestação.......................................................................................................................40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
GO Ginecologista e Obstetra 
MS Ministério da Saúde 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PC Parto Cesárea 
PH Parto Humanizado 
PN Parto Normal 
PPP Pré-parto/Parto/Pós-parto 
PO Pós Operatório 
RN Recém-nascido 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TP Trabalho de parto 
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso 
VO Violência Obstétrica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 19 
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 21 
3.1 Geral .................................................................................................................................. 21 
3.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 21 
4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 22 
4.1. O parto normal ................................................................................................................ 22 
4.1.1 O Sistema psicoemocional ................................................................................................... 22 
4.1.2 Fisiologia do Trabalho de Parto ........................................................................................... 23 
4.2. Parto humanizado ........................................................................................................... 25 
4.3. Cesariana .......................................................................................................................... 29 
4.4. Cesária x Parto normal: prós e contra. ......................................................................... 30 
4.4.1. Cesárea: prós ....................................................................................................................... 31 
4.4.2. Cesárea: contra .................................................................................................................... 32 
4.4.3 Parto normal: prós ................................................................................................................ 34 
4.4.4 Parto normal: contra ............................................................................................................. 35 
4.5. O Parto Humanizado no Brasil. ..................................................................................... 36 
4.6 Práticas humanizadas ...................................................................................................... 40 
5. METODOLOGIA ............................................................................................................... 44 
6.RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 49 
6.1 SUJEITOS DA PESQUISA .............................................................................................49 
6.2. A EXPERIÊNCIA COM O PARTO ............................................................................. 50 
6.2.1 As faces da violência obstétrica ........................................................................................... 51 
6.2.2 A dor como um elemento e não como protagonista ............................................................. 56 
6.2.3 A informação como suporte ao parto humanizado ............................................................... 59 
6.2.4 Empoderamento feminino emergido pelo Parto humanizado .............................................. 62 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 70 
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .......................... 79 
APÊNDICE B - Termo de Compromisso de Divulgação e Publicação de Resultados ..... 81 
 
 
APÊNDICE C - Carta de autorização da doula co -participante para realização da 
pesquisa....................................................................................................................................71 
APÊNDICE D – Questionário para coleta de dados do projeto de pesquisa. ................... 83 
ANEXO A - Parecer Consubstanciado Comitê de Ética em Pesquisa...............................85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A gravidez é um proceso fisiológico da mulher que traduz à competência da mesma, 
ao qual passa por uma série de mudanças físicas e emocionais, em que denomina-se como 
processo fisiológico da gestação. (SAMPAIO, 2016). 
Existem vários tipos de trabalho de parto (TP) e partos, porém os mais conhecidos e 
utilizados são os partos normais/vaginais e partos com uso de cirurgia cesareana. O parto 
normal (PN) é a forma natural de dar a luz, já o parto cesárea (PC) envolve um procedimento 
cirúrgico para que o processo ocorra (ROCHA; NOVAES, 2010). 
A história do parto e do nascimento vem sendo modificada com o passar dos tempos e 
com a implementação de novos estudos, descobertas e tecnologias. Desde a época em que as 
parteiras acompanhavam e auxiliavam no processo do TP, muitas coisas têm sido mudadas na 
medicina (SEIBERT et al., 2005). 
As parteiras eram de extrema confiança da gestante/parturiente/puérpera e da família, 
no qual seus conhecimentos eram empíricos e na maioria das vezes pertenciam a classes 
populares mais humildes, em que esta função era designada somente às mulheres. Elas 
respeitavam o processo natural do parto sem quaisquer intervenções e também 
acompanhavam a gestante durante a gestação e no período puerperal, dando conselhos e 
“ensinamentos” à puérpera e ao cuidado com o recém- nascido (RN) (PEREIRA, 2016). 
Porém com as guerras e avanços da medicina e das tecnologias, o parto foi ganhando 
outro significado e passou a ser considerado um procedimento cirúrgico, em que somente 
médicos o realizam ocorrendo em ambiente hospitalar. 
Sampaio (2016) ressalta que ao longo do tempo: 
 
[...] o parto foi adquirindo outro significado e passou a ser considerado um 
procedimento cirúrgico, que deve ser realizado por médicos, em ambiente hospitalar. 
Isto porque considera-se doente a mulher grávida [...] os médicos se opuseram à 
intervenção das parteiras, alegando ser a gravidez uma doença que requer o 
tratamento de um verdadeiro médico (p. 330; p. 14). 
 
Segundo Lansky (2014); Vargens, Silva e Progiante (2017) os profissionais da saúde 
são importantes na assistência e na humanização do parto e nascimento. É visto que 
atualmente tanto médicos obstetras quanto enfermeiros obstetras e obstetrizes tem a 
capacidade e conhecimento para auxílio, execução e acompanhamento do pré-parto/parto/pós-
parto imediato (PPP). 
15 
 
Porém como a formação médica, a princípio, é focada para as complicações da 
gestação e de um TP, estes profissionais veem o parto como uma situação de risco, tendo 
como finalidade e primeira escolha o uso de cirurgia e tecnologias/procedimentos muitas 
vezes desnecessários à situação. 
A atenção aos partos no mundo todo está sendo revista. Em 1996 a Organização 
Mundial da Saúde (OMS) revia os verdadeiros ideais sobre o processo parturitivo, no qual o 
Ministério da Saúde (MS) no ano de 2000 delineou características da assitência ao parto, em 
que observa técnicas e intervenções maléficas e/ou inoportunas ao cuidado com o processo 
parturitivo e ao modo de nascer. Então, este sistema de saúde brasieliro inadimite e 
desconsidera a prática de assistência ao TP de forma desnecessária, em que esta assitência 
desvaloriza e desconsidera os efeitos maléficos que podem ser acarretados à saúde emocional, 
física e psíquica da mulher (MEDEIROS et al. 2016). 
Segundo MS atentar-se ao processo do parto é de suma importância, no qual, este 
procura através de políticas reorganizar e padronizar métodos e procedimentos comprovados 
cientificamente que são benéficos ou necessários á situação encontrada no momento do TP. A 
partir daí volta-se o olhar para o resgate da assistência humanizada respeitando a fisiologia da 
mulher e do TP e à saúde materna e neonatal (MEDEIROS et al. 2016). 
Por muitas vezes o modo assistencial inoportuno vem desencadeando cada vez mais o 
aumento do número de práticas de cesarianas desnecessárias, tornando em alguns casos 
prejudicial não só á saúde física, mas mental da mulher, violando seus direitos ao processo 
fisiológico parturitivo (NAKANO., BONAN., TEIXEIRA, 2016). 
Brasil (2017) divulgou que em 2016 pela primeira vez desde o ano de 2010, o número 
de cesarianas da rede privada e pública não cresceu. Considerando 3 milhões de partos no 
país, 55,5% foram PC e 44,5% foram PN, o que ainda contraria as normas da OMS, no qual, 
esta, adverte que a cirurgia cesariana deve ser de 15% do total de partos, quando a forma de 
dar a luz natural apresentar riscos à mãe e ao bebê. Com este dado ocorrente, observa-se que 
mesmo sendo desnecessária esta prática (cesariana) em alguns casos, o mesmo é obtido como 
primeira opção às mães, elevando os níveis de risco físico, fisiológico, psicológico e puerperal 
da mulher (ROCHA, NOVAES, 2010; RANGEL, CAMARGO, 2016). 
 A gestação é um momento único na vida da mulher, no qual abrange não só à si, mas 
também, ao esposo e pai do bebê que está por vir, a família e a todos os que estão próximos a 
ela permeando-a neste processo tão especial. A gravidez abrange aspectos étnicos, culturais, 
religiosos, sociais, emocionais e fisiológicos. É o momento considerado por diferentes 
16 
 
conhecimentos e práticas de cuidados que envolvem o binômio mãe-filho (SANFELICE, 
2011). 
 As modificações fisiológicas no corpo da mulher são marcantes, preparando o mesmo 
para abrigar, proteger, nutrir e fornecer todas as necessidades e o amor necessário para com o 
feto/bebê (BARRETO; OLIVEIRA, 2010). Estas mudanças perduram durante todo o processo 
da gestação até a fase da lactação e pós-parto/puerpério (SAMPAIO, 2016). 
O parto normal denomina-se simplesmente um processo ao qual se dá a luz a uma 
criança (SAMPAIO, 2016). No final da gestação o útero se torna mais excitável dando origem 
à contrações involuntárias, marcando assim o momento do processo de parturição. O real 
motivo da atividade uterina ainda não é reconhecida, porém há dois pontos principais que 
levam a este efeito culminando ás contrações essenciais do parto e assim a expulsão do feto. 
O primeiro é a liberação e ação hormonal que excita cada vez mais o tônus da musculatura 
uterina e o segundo é a ação das alterações mecânicas contínuas, que são as contrações 
uterinas (GUYTON, 2011). 
Durante a gestação, há diversos hormônios que atuam em diferentes momentos e 
regiões do corpo da mulher. A progesterona, por exemplo, é um hormônio presente durante a 
maior parte da gestação, em que inibe a contração uterina impedindo o nascimento ou perca 
do feto.Já os estrógenos são hormônios, que além de atuar no período de lactação (início da 
produção do leite materno), também estimulam nas contrações do útero no final do processo 
gestacional (GUYTON, 2011). 
 Além dos estrógenos há também a atuação da ocitocina na contratilidade uterina, em 
que este hormônio é o principal elemento na função da contração no TP. Os estiramentos de 
músculos lisos dos órgãos em geral elevam as contrações do útero, em que associando-se à 
ação de hormônios e aos movimentos do feto, juntos, dão início ao fisiológico trabalho de 
parto (GAYTON, 2011; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013; SAMPAIO, 2016). 
Mediante a fisiologia do corpo da mulher, torna-se explícito e claro que a mesma, 
obtém todos os elementos e recursos necessários em si para dar à luz de forma natural, 
tornando-se a principal protagonista do transcurso do pré-parto/parto/pós-parto (O 
RENASCIMENTO DO PARTO, 2013). 
Porém Silvani (2010) ressalta que ainda há certa barreira entre o conhecimento da 
fisiologia do parto e a mulher. Isso se dá devida subordinação das mesmas muitas vezes em 
ambiente hospitalar, levando-as à vulnerabilidade feminina, espelhada na ausência de seus 
direitos no processo parturitivo (SILVANI, 2010). 
17 
 
A humanização do parto, para alguns soa de forma redundante, no qual vem o 
pensamento: “Como humanizar o ser humano?!”. Todavia, o verdadeiro sentido é: 
“humanizar o desumanizado”. Ou seja, o intuito é o resgate do reconhecimento dos aspectos 
culturais e sociais do parto e nascimento, da forma normal, natural, fisiológica, respeitosa e 
humana do modo de nascer. Oferecendo autonomia e suporte emocional á mulher e á sua 
família (O RENASCIMENTO DO PARTO, 2013). 
O momento do parto é extremamente importante na vida da mulher, da família e do 
bebê que está por vir. Um momento de grande tensão emocional, em que todas as orientações 
devem ser ofertadas e as decisões das parturientes respeitadas, oferecendo a elas autonomia e 
liberdade, apoio físico e emocional, no qual o parto humanizado (PH) também prioriza este 
fator. Conforme nos relata Pereira et al. (2016, p.06) sobre o PH: 
 
O parto normal é a maneira mais segura e saudável de ter filhos e, por isso, deve ser 
estimulado e realizado através de uma assistência humanizada, segura e de 
qualidade. [...]. Durante o trabalho de parto, líquidos devem ser oferecidos, além de 
um suporte emocional, oferecendo informações sobre os procedimentos realizados e 
encorajar a posição não deitada, deve-se também dar liberdade de posição e 
movimento à parturiente. O controle da dor deve ser feito por meios não invasivos e 
não farmacológicos, como técnicas de relaxamento, massagens, músicas ambiente, 
presença do acompanhante de modo a dar suporte emocional à parturiente, dança, 
iluminação adequada e confortável a mesma, deambulação, agachamentos, 
mudanças de posições tornando mais confortável possível o trabalho de parto, entre 
outros. 
 
A assistência humanizada aborda fatores aos quais não interferem de forma 
desnecessária ao TP, mas sim auxiliam a mulher conforme os aspectos citados acima, além de 
muitas outras assistências oferecidas como, por exemplo, o poder de escolha da posição mais 
confortável para o parto, livre deambulação, técnicas não farmacológicas de relaxamento e 
alívio da dor, apoio de doulas ou de pessoas que a parturiente deseja estar presente, melhor 
condicionamento psicológico e emocional, no qual a mulher sente-se e é capaz de realizar seu 
parto, entre outros (COSTA, et al. 2015). 
Para Rangel e Camargo Jr. (2016), o nascimento do bebê é a consagração do 
desempenho e da combinação de cada elemento presente na mulher durante o processo do TP, 
em que para a parturiente é a ressignificação de toda a sua trajetória parturitiva, visibilizando 
como é possível e como ela é capaz (assim como todas as outras), de realizar seu TP 
utilizando suas ferramentas fisiológicas e naturais. 
Para as parturientes o medo da dor ou até mesmo sua experiência com ela, é 
recompensada, sanada com o sentimento de capacidade, realização e capacidade de poder 
18 
 
realizar seu trabalho de parto “sozinha” e da forma como desejou (RANGEL; CAMARGO 
JR, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
2 JUSTIFICATIVA 
 
Hodiernamente o parto humanizado vem sendo muito adotado e implementado quanto 
a assistência às parturientes (SAMPAIO, 2016). 
De modo particular, a escolha do tema veio primeiramente em meio a minha 
curiosidade de saber como ocorria o processo do trabalho de parto e como ele era na vida real, 
pois assim como a maioria das pessoas, nunca tinha testemunhado a experiência de presenciar 
um parto. Além do mais, sempre obtive como anseio, ter um parto normal, porém de modo 
diferenciado, mais especial, mais introspectivo, mais natural. Um trabalho de parto no qual eu 
fosse a protagonista, tornando-o prazeroso, tendo a companhia de pessoas especiais comigo 
neste momento tão singular, sendo zelada e assistida, e não como apenas “mais uma 
paciente/usuária” que fosse dar a luz. 
Após minha inserção como acadêmica do curso de enfermagem pela Universidade 
Federal do Mato Grosso (UFMT) câmpus Sinop, tive o prazer de participar do projeto de 
extensão Grupo de Gestante e Casais Grávidos: gestar, maternar e amar durante ano de 2016, 
onde fiquei fascinada pela gestação, pela gestante e parturiente como um ser inigualável, pelo 
belo trabalho das doulas, no qual fui conquistada pelo mundo do parto humanizado. No 
mesmo ano, no 6° semestre, na disciplina de Cuidado Integral à Saúde da Mulher e do 
Homem, aprofundei mais meus conhecimentos sobre a obstetrícia e coloquei em prática os 
procedimentos e ações de enfermagem durante as aulas práticas em campo de estágio na 
maternidade, em que a partir daí, foi o ponto crucial ao qual tive a certeza de que era o PH, o 
que eu tanto almejava e que a obstetrícia seria o instrumento da minha futura formação e 
profissão para propagá-lo. 
Esta temática contribuiria no despertar de uma possível especialização dos acadêmicos 
de enfermagem à obstetrícia, usando-a como instrumento de prática e disseminação da 
assistência humanizada. A pesquisa tornar-se-ia fonte de conhecimento através de palestras 
em semanas acadêmicas do curso, minicursos, participação em congressos e exposição de 
banners, posts em redes sociais e publicação de artigos científicos em revistas nacionais. 
Assim esta pesquisa traria novos auxílios para a abordagem do assunto. 
Mediante a comunidade em geral, este estudo é de suma importância, pois alcançaria a 
todos independente da condição ou nível de escolaridade através de palestras, ações como 
encontros, abordagem do tema em grupos de gestantes da Unidade Básica São Cristóvão- 
Sinop, trazendo informações sobre os benefícios e às técnicas presentes no Parto humanizado; 
panfletos aos quais eu os confeccionaria trazendo orientações breves sobre o que é o PH, 
20 
 
quais ações o envolve e o que aborda. Estes informativos serão distribuídos mediante 
autorização, em clínicas ou pelas enfermeiras das unidades básicas no atendimento ao pré-
natal. 
Além da divulgação citada acima, a comunidade desfrutaria de relatos vivenciados 
frente à experiência da humanização do parto a outros tipos de parto, onde a pesquisa também 
informaria a outras mulheres o proveito do PH, que assim como eu desejam ter um PN, em 
que muitas vezes tem medo da dor, do “sofrimento”, das violências obstétricas ou são 
frustradas diante à indicações não reais de PC. 
As gestantes e futuras gestantes juntamente com seu esposo e familiares, teriam o 
alcance de informações sobre seus direitos e ao direito da mulher frente à gestação e ao TP de 
ter o devido respeito e acompanhamento mediante a escolha de seu parto, obedecendo sua 
fisiologia parturitiva. Pois, o conhecimento é a melhor ferramenta contra soberania,o 
desrespeito, à subordinação, à desumanização, às frustrações e sofrimentos; podendo ser 
evitadas a todas as pessoas e mulheres munidas de conhecimento. 
Quanto a população pesquisada, o estudo as beneficiaria mediante a oportunidade de 
visualizar e expressar o prazer de ter tido a experiência com a parturição humanizada. Traria a 
oportunidade de poderem relatar suas experiências contribuindo com informações reais e 
vivenciadas, no qual podem despertar em futuras gestantes ou famílias a escolha deste tipo de 
assistência. Expressarem suas alegrias, prazeres, frustrações e dores por meio de sua 
experiência frente aos tipos de parto. 
Teriam a oportunidade de adquirir informações sobre as reais práticas humanizadas 
através da entrevista, no qual eu as recordarei e relatarei sobre quais são estas práticas. Assim, 
também traria chance de saberem se realmente sua assistência ao parto foi realizada de forma 
humanizada ou não, pois por vezes, mulheres podem correr o risco de terem uma assistência 
“camuflada”, em que continua-se sendo utilizado pela equipe responsável, práticas não 
respeitosas ou cabíveis e aprovadas para o trabalho de parto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 Geral 
 
3.1.1 Relatar a experiência de mulheres multíparas frente ao parto humanizado. 
 
3.2 Objetivos específicos 
 
3.2.1 Verificar a diferença entre o parto humanizado e outros tipos de parto vivenciados pelas 
entrevistadas; 
3.2.2 Investigar os pontos negativos e positivios dos partos ao qual teve experiência; 
3.2.3 Identificar o conhecimento das entrevistadas sobre a humanização do parto; 
3.2.4 Descrever o movimento de humanização do parto no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
4. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
4.1. O parto normal 
 
O parto vaginal
1
 atualmente ainda é reconhecido como um processo fisiológico, ou 
seja, um processo em que a própria natureza da mulher foi criada com a capacidade de 
desenvolver um mecanismo que não foi imposto ou ensinado por ninguém. Porém mesmo 
com os avanços medicinais e tecnológicos, não há um conhecimento completo e exato em que 
se compreenda o que ocorre psicologicamente e fisiologicamente com a mulher, pois cada 
uma pode ter vivências diferenciadas de acordo com cada momento, preparação, estado físico 
e psicoemocional (PARENTE. et al, 2011; SAMPAIO, 2016). 
Através da capacidade do corpo e do estado psicossocial da mulher é possível obter 
um TP satisfatório, no qual o corpo humano feminino foi preparado para isso e tem 
mecanismos essenciais e necessários para este momento. É dever da equipe que a acompanha 
e acolhe explanar sobre o que a gestante e parturiente irá sentir, quais elementos que a mesma 
poderá e irá utilizar, o que a família pode realizar para estimular a liberação e ação destes 
elementos e o resultado de todo este conjunto ocorrendo de maneira harmoniosa é o vigor e a 
realização do nascimento de uma nova vida que a mãe acaba de participar. 
 
4.1.1 O Sistema psicoemocional 
 
 No PN além da atuação fisiológica, também temos a ação e auxílio do sistema 
psicoemocional. Muitas mulheres mesmo quando primíparas ou multíparas temem o PN por 
medo da dor, “de não darem conta”, da vergonha de que em alguns casos mulheres defecam 
no TP devido a força e pressão exercida no açoalho pélvico, medo de “ficarem deformadas” e 
a presença da insegurança (SILVANI, 2010; PINHEIRO E BITTAR, 2013). 
 Porém diversas substâncias do nosso corpo são produzidas durante a gestação e o TP, 
fazendo parte de todo o subconjunto: fisiologia, emoção, psicológico, social e emocional, 
como uma orquestra hormonal do parto. O cérebro da mulher juntamente com seu útero são as 
partes mais trabalhadas da parturiente durante o parto, preparando-a para a maternidade. As 
beta-endorfinas, por exemplo, são hormônios liberados para alívio da dor em atividades 
intensas, em que conforme o desenvolvimento da parturição, este hormônio é cada vez mais 
 
1 Neste trabalho utilizaremos os termos parto normal e parto vaginal como sinônimos. 
23 
 
estimulado. Após o parto ele oferece a sensação de relaxamento e prazer (COMPARTO, 
2015). 
 A ocitocina, hormônio cujo principal função no TP é na contração uterina, também 
influencia no vínculo afetivo entre mãe e bebê, em que através de um olhar, do toque ou 
cheiro, este hormônio é liberado oferecendo a sensação de prazer e bem-estar físico e 
emocional, conhecido então como hormônio do amor (COMPARTO, 2015). 
Outros hormônios que auxiliam o sistema emocional da mulher são a adrenalina e a 
melatonina. A melatonina auxilia também nas contrações uterinas, porém seu pico de 
produção é a noite, no qual a maioria dos TP iniciam-se a noite, em que, quando a mulher está 
com níveis de estresse baixo e em um ambiente calmo e com pouca luz o TP desenvolve-se 
melhor (COMPARTO, 2015). 
Já a adrenalina deve ser liberada nos momentos finais do TP para auxílio na expulsão 
do bebê, pois em caso de estresse, ela é liberada podendo diminuir as contrações, bloqueando 
o efeito da melatonina e dificultando o TP (COMPARTO, 2015). 
Por isso, mediante á ação da orquestra hormonal do parto, é de suma importância 
informar a mulher sobre seu parto e suas sensações, preparando-a, capacitando-a e deixando-a 
mais confiante sobre seu emocional e sua competência frente a parturição (COMPARTO, 
2015). 
 
4.1.2 Fisiologia do Trabalho de Parto 
 
 Já no TP físico, Sampaio (2016) salienta que este processo é composto por fases: a 
primeira fase é a dilatação em que ocorrem as contrações, fazendo com que o colo uterino 
fique cada vez mais fino até atingir 10 cm de dilatação onde desencadeia a segunda fase do 
processo que é a expulsão, caracterizada pela saída do feto. A terceira fase compreende á 
dequitação, onde há a eliminação da placenta de 5 a 20 minutos ou 1hora após a expulsão do 
feto. Por fim, a quarta fase resume-se no período do Greenberg, no qual podem surgir 
intercorrências como hemorragias, por exemplo, na sala de parto ou no alojamento até 2 horas 
após o parto. 
 A ação mecânica do TP inicia-se na contração que ocorre a partir do fundo do útero, 
estendendo-se para todo o corpo uterino, no qual a intensidade da contração é maior nestes 
dois pontos; finalizando na porção inferior no colo uterino, em que a contração é menos 
intensa. O colo dilata-se, e ocorre o relaxamento da musculatura desde a porção inferior até 
24 
 
chegar novamente ao ponto de início, no fundo do útero, finalizando a mecânica da contração. 
Assim, este mecanismo faz com que o feto seja empurrado para baixo, estimulando sua 
expulsão (SAMPAIO, 2016; GAYTON, 2011). 
 As contrações no início do TP ocorrem uma vez a cada 30 minutos. Progredindo cada 
vez mais até ficarem regulares, intercalando-se de 2 em 2 minutos ou de 3 em 3 minutos, com 
duração de 50 a 55 segundos cada contração (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 2013). 
A fase da dilatação é subdividida em 3 fases. Quando as contrações são leves, sem 
ritmo definido, denomina-se fase latente no qual ocorrerá a dilatação do colo uterino de 3 a 
4cm aproximadamente. A fase ativa do parto é caracterizada por contrações mais intensas, 
rítmicas e regulares, no qual o colo uterino dilatará até 8 cm, em que a partir desta fase a 
dilatação ocorre de 1cm por hora. A fase de transição é aquela em que o colo alcança 10 cm 
de dilatação, dando início à segunda fase do TP, a expulsão (MONTENEGRO & REZENDE 
FILHO, 2013). 
Esta segunda fase dura cerca de 20 a 50 minutos, porém, é fundamental ressaltar que o 
tempo de cada período pode variar de mulher para mulher, de acordo com sua preparação e 
condição física, psicológica e emocional (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 2013). 
É importante que tenha um espaço de tempo entre uma contração e outra, pois como 
são intensas e fortes, interrompem ou podem interromper a passagemsanguínea da placenta 
para o feto, ocasionando sua morte. Por isso, é necessário cautela e atenção com o uso de 
ocitocina ou fármacos estimulantes para contratilidade, pois podem provocar espasmos 
uterinos e não contrações rítmicas e regulares, acarretando ao risco de morte fetal 
(SAMPAIO, 2016). 
Através da descrição de todos os hormônios citados acima presentes na mulher, fica 
explícito que o conjunto de físico, cérebro, útero, psicológico e social são a união perfeita que 
gera a harmonia do trabalho de parto. A mulher quando preparada através da ligação de um 
profissional da saúde (obstetra, obstetriz, enfermeiro obstetra – EO, doula), família e parceiro 
desde ás consultas de pré-natal até o momento do PPP, sente-se apta ao seu desenvolvimento 
na parturição. 
Cada uma traz consigo, desde o nascimento, um sistema reprodutivo capaz de 
conceber, gestar e parir naturalmente. Mesmo sem ser educado para o parto, o corpo feminino 
produz hormônios que o tornam capaz de realizar este trabalho de forma primorosa. 
 
 
25 
 
4.2. Parto humanizado 
 
 Historicamente o acompanhamento do PPP ocorria em ambiente domiciliar, no qual a 
mulher era assistida por outra mulher, sendo esta uma parteira ou aparadeira
2
 de sua 
confiança. (PINHEIRO; BITTAR, 2013). 
 Com a Segunda Guerra Mundial e elevados números de mortalidade materno infantil, 
surgiu a institucionalização do parto, ao qual o mesmo começou a ser realizado em ambiente 
hospitalar por ser visto como um possível risco à saúde da mãe e do bebê. Consequentemente 
veio junto a medicalização do parto normal, no qual hormônios sintéticos e procedimentos 
invasivos foram inseridos para acelerar o TP não levando em conta os riscos de curto e de 
longo prazo que podem acarretar (PINHEIRO; BITTAR, 2013). 
 Com isso, houve uma impactante mudança das parteiras aos médicos, de casa para o 
hospital: institucionalizou-se o nascer. Assim começou-se a elevar cada vez mais o número de 
procedimentos cesáreas como primeira opção ao invés de ser uma saída em casos de 
emergências no PN. O parto que era realizado em ambiente familiar, passa a ser parte da 
rotina hospitalar e das necessidades médicas, tornando-se a mulher, subordinada a 
procedimentos adotados pelos médicos (SILVA, 2017). 
Neste contexto em 1996 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou diretrizes e 
um manual de Assistência ao Parto Normal, no qual traz recomendações da implantação do 
parto humanizado nos serviços de saúde (NAGAHAMA, SANTIAGO, 2011; SILVA, R. et 
al. 2013;MEDEIROS et al. 2016). 
Tais recomendações foram dispostas em quatro categorias: A – Práticas 
demonstradamente úteis e que devem ser encorajadas
3
, B - Práticas claramente ineficazes ou 
prejudiciais e que devem ser eliminadas
4
, C – Práticas em que não existem evidências para 
apoiar sua recomendação e que devem ser utilizadas com cautela até que novas pesquisas 
 
2
 Mulher que faz parto e não tem habilitação médica ou afim (PRIBERAM, 2017). 
3
 Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde, respeito à 
escolha da mãe sobre o local do parto, monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente, fornecimento de 
todas as informações necessárias à gestante e família, entre outros (OMS, 1996). 
4
 Uso rotineiro de enema, uso rotineiro de tricotomia, exame retal, infusão intravenosa de rotina no trabalho de 
parto, esforço de puxo prolongado e dirigido, uso de rotina da posição de litotomia, uso rotineiro de posição 
supina no TP, entre outros (OMS, 1996). 
26 
 
esclareçam a questão
5
 e D – Práticas que são frequentemente utilizadas de modo inadequado
6
 
(NAGAHAMA, SANTIAGO, 2011; MEDEIROS et al. 2016). 
 Antes mesmo do lançamento destas diretrizes, grupos feministas e pesquisadores 
mundiais já reivindicavam práticas humanizadas. Como resposta às diretrizes da OMS, o MS 
com intuito de começar esta implementação na prática obstétrica implantou o Programa de 
Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) no ano de 2000 (SILVA, R. et al. 
2013;MALHEIROS et al. 2012). O programa permitiu maior atenção à mulher e às discussões 
sobre a melhoria e mudanças nas condutas no ciclo gravídico- puerperal (MALHEIROS et al. 
2012). 
Segundo Diniz (2015) implementar o parto humanizado não é uma tarefa tão simples. 
Quando citada a palavra “humanizar”, remete à mente da maioria um parto normal, dentro da 
água e no ambiente domiciliar da parturiente, porém isso é uma das características que podem 
ser adotadas. A humanização inclui principalmente incorporá-la ao ambiente hospitalar 
tornando um ritual mais próximo do familiar, implementando no processo de parir e nascer o 
uso de agentes de aptidão científico – humano
7
, em que a mulher e o bebê tem direito. 
O conceito do parto humanizado é polissêmico e amplo, no qual pode ser estudado e 
incorporado mediante ao tipo de parto, sendo ele natural, normal, cesárea ou domiciliar. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) (1996) e Nagahama e Santiago (2011, p. 416) 
ressaltam que a humanização do TP: 
 
É um conjunto de condutas e procedimentos que visam a promoção do parto e do 
nascimento saudável e a prevenção da morbimortalidade perinatal. Incluem o 
respeito ao processo fisiológico e a dinâmica de cada nascimento, nos quais as 
intervenções devem ser cuidadosas, evitando-se os excessos e utilizando-se, 
criteriosamente, os recursos tecnológicos disponíveis. 
 
 
 Sanfelice e Shimo (2015, p.608) ainda complementam sobre a humanização do parto, 
que este [...] “Também busca desenvolver suas práticas baseadas nas melhores evidências 
científicas disponíveis e desincorpora o modelo tecnocrático que valoriza a utilização de 
condutas invasivas desnecessárias e danosa”. 
 
5
 Uso rotineiro de ocitocina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de 
parto, clampeamento precoce do cordão umbilical, estimulação do mamilo para estimular a contratilidade uterina 
durante o terceiro estágio do trabalho de parto, entre outros (OMS, 1996). 
6
 Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto, controle da dor por agentes sistêmicos, controle da 
dor por analgesia peridural, monitoramento eletrônico fetal, uso liberal e rotineiro de episiotomia, exploração 
manual do útero após o parto, cateterização da bexiga, entre outros, (OMS, 1996). 
7
 Apoio físico e emocional contínuos, posição e movimentação da mulher, imersão em água, manejo da dor, 
posição para o parto, parto na água, massagens para alívio da dor, presença do acompanhante, acesso a ingesta 
de alimentos e líquido durante o TP, uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor (BRASIL, 2014). 
 
27 
 
 Reis e Patrício (2005) relatam que a humanização inicia-se desde o atendimento pré-
natal e sua qualidade até o momento do parto como: a assistência prestada a gestante, às 
informações oferecidas à elas mediante seus direitos e aos modos aos quais ela pode escolher 
e aderir ao processo do TP concomitantemente com seu obstetra, pela promoção de ações que 
aumente a concepção da população sobre este processo e a interação de toda a equipe em seu 
auxílio. 
 Mediante a ação e assistência de toda uma equipe em auxilio ao pré-natal, parto e 
puerpério, há uma importante participação do obstetra no TP de maneira com que atue 
auxiliando a parturiente em detrimento de sua saúde física, mental, emocional e psicológica, 
visando assistência e informações de conhecimento e consentimento da mesma, intervindo no 
risco de vida materno e fetal. 
 Um estudo feito por Narch, Cruz e Gonçalvez (2013) revela que a participação de 
obstetrizes e enfermeiras obstetras na promoção de uma maternidade segura são de suma 
importância, revelando que estes profissionais são primordiais no avanço da humanização, 
pois prestam um cuidado singular a cadamulher mediante à suas necessidades, visando sua 
autonomia e protagonismo no processo parturitivo. 
 De acordo com a OMS (1996), o parto deve ter início de forma espontânea, não deve 
ser induzido, a parturiente tem direito de se movimentar a qualquer momento e o direito de 
receber o suporte contínuo durante a parturição, como o acompanhamento dos batimentos 
cardíacos fetais (BCF), alimentação, posições que não sejam supinas, uso do partograma, 
respeito à privacidade, presença de acompanhantes e evitar intervenções rotineiras. 
 Dentre as condutas empregadas na assistência do parto humanizado estão: a autonomia 
feminina, posições não supinas; posições verticalizadas desde que não interfira no BCF, para 
melhor conforto e alívio da dor; massagem em região lombar, compressas, banhos mornos e 
uso da bola suíça para alívio da dor; ao nascimento, ter o contato do recém – nascido (RN) 
pele a pele com a mãe, não cortar o cordão umbilical imediatamente (mínimo de 1 a 3 
minutos), pois comprova-se que neste momento há um maior aporte de anticorpos da mãe 
para o recém nascido, estimular a amamentação na primeira hora de vida; livre 
movimentação; privacidade e acompanhante (MALHEIROS et al., 2012; SILVA, C. et al., 
2016; FUKS et al., 2015). 
Banhos, pois beneficia na circulação e alívio da dor, regula as contrações, promove o 
relaxamento e diminui o tempo do TP; dieta livre para reposição da energia e hidratação, 
visando o bem materno fetal; deambulação que favorece a descida da apresentação e diminui 
28 
 
o tempo do TP; exercícios de respiração que favorecem o aporte de oxigênio tanto à 
parturiente quanto ao feto (SILVANI, 2010). 
Segundo estudo de Silva, R, Barbieri e Fustinoni (2011) também é estimulado o 
escalda pés para relaxamento, o agachamento para minimização da dor; banquetas obstétricas 
para melhor conforto, acesso a massagens e expulsão; outras formas de alívio de dor e 
relaxamento não farmacológicas, como por exemplo: música, iluminação e dança. Todos os 
cuidados devem ser inseridos e estarem relacionados ao processo de parir e que não sejam 
invasivas à fisiologia do corpo, da mente e privacidade do ser feminino (NASCIMENTO et 
al. 2010). 
 Atualmente são utilizadas práticas não recomendadas segundo estudos científicos 
como: uso indiscriminado de ocitocina
8
, imobilização no leito e posição litotônicas
9
 puxos 
voluntários
10
, clampeamento precoce do cordão umbilical
11
; episiotomias
12
, manobras de 
Kristeller
13
 e uso de fórceps
14
; ducha anal
15
, manipulação ativa do feto com toques vaginais 
repetitivos
16
, restrição hídrica e restritiva durante o TP
17
, não ter contato pele a pele do RN 
com a mãe e amamentação durante a primeira hora de vida
18
. Dentre violências emocionais, 
 
8 Hormônio sintético utilizado principalmente para promover contrações uterinas e aceleração do parto, uma vez 
que seu uso indiscriminado gera espasmos uterinos acarretando ao risco de morte fetal (MONTENEGRO; 
REZENDE FILHO, 2013; SAMPAIO, 2016). 
9
 Posição de decúbito dorsal no leito e imposição de imobilidade no leito. Podem levar à compressões de grandes 
vasos no TP e durante a expulsão, causa mais dor e desconforto á mulher no TP e dificulta mais o 
desenvolvimento do parto (ANDRADE et al., 2016). 
10
 Forças exercidas sem ter contrações podendo causar danos ao feto, fadiga e lacerações na mucosa vaginal e 
períneo (ANDRADE et al., 2016). 
11
 Pinçar o cordão e cortá-lo separando-o da placenta e da mãe. OMS recomenda seja de 1 a 3 minutos após o 
parto ou que pare a pulsação do cordão, pois neste momento há a passagem de anticorpos da mãe para o bebê 
(PINHEIRO E BITTAR, 2013). 
12
 Corte realizado na região perineal para “acelerar” o TP e evitar lacerações perineais. Todavia, causa mais 
lacerações, lesiona a mucosa e musculatura vaginal, pode causar hemorragias, infecções pós-parto, perca ou 
aumento na sensibilidade no local e diminuição do libido feminino (ANDRADE et al., 2016). 
13
 Movimento no qual uma segunda pessoa pressiona a barriga da parturiente fortemente com o braço/cotovelo 
na intenção de empurrar o bebê para o mesmo nascer mais rápido. Oferece risco de prolapso de bexiga e /ou 
uterino, atonia uterina, laceração uterina, laceração perineal, descolamento de placenta, causar hematomas e 
sensibilidade dolorosa pós-parto no abdome (ANDRADE et al., 2016). 
14
 Instrumental utilizado fixando/pegando a cabeça do bebê e puxando-o para nascer de forma mais rápida 
(ANDRADE et al., 2016). 
15
 Procedimento de lavagem intestinal para que a mulher não defeque no momento do parto, no qual não há 
indícios relevantes que a mulher defecar durante o TP pode causar riscos de infecção ou malefícios ao feto 
(SILVANI, 2010). 
16
 Técnica utilizada no qual um profissional habilitado e autorizado introduz a mão no canal vaginal da mulher 
para analisar a dilatação do colo uterino, porém oferece desconforto a parturiente e elevado riso de infecção á 
mãe e ao bebê devido ser invasivo (ANDRADE et al., 2016). 
17
 Devido à perca de energia durante o TP, a mulher necessita repor de nutrientes e líquidos para manter a 
disposição e vitalidade no momento do parto, oferecendo bem-estar materno e fetal (SILVANI, 2010). 
18
 De acordo com as recomendações da OMS o contato imediato de mãe e filho devem ser mantidos assim com a 
amamentação na primeira hora de vida. O primeiro contato é de suma importância à intimidade e ligação 
materno fetal, quando á amamentação, esta oferece o benefício da passagem de anticorpos e nutriente da mãe 
29 
 
físicas, psicológicas, nos quais então todas inclusas no conceito de violência obstétrica 
(ANDRADE et al., 2016). 
 O fato da mulher se sentir cuidada e confortável durante o PPP, sua preparação e 
experiência é essencial, pois além do medo da dor, as mesmas temem pelos maus tratos no 
processo do parto (SILVANI et al., 2010; MALHEIROS et al., 2012). 
A falta muitas vezes de respeito ao momento, de ética e de profissionalismo de alguns 
profissionais que trabalham nesta área e lidam com este tipo de assistência, também 
contribuiu para que o processo do parto seja mais dificultoso por falha na humanização de seu 
atendimento. Nesta situação são criados traumas e visões negativas das mulheres em relação a 
dar a luz. 
 Assim é de suma relevância o conhecimento da mulher durante sua gestação e PPP, 
sobre a humanização do modo de nascer, em que ela é a protagonista deste processo, visando 
sempre o bem estar psicológico, físico, emocional da mulher e bem estar materno fetal. O tipo 
de parto não exclui o ato e as formas de humanização, no qual toda parturiente tem o direito 
de ter um processo parturitivo respeitando sua fisiologia, privacidade e vontade (FERRAZ, 
2016). 
Segundo o estudo de Pereira et al (2016), com mulheres que vivenciaram a experiência 
da humanização no TP, suas avaliações foram positivas e de agradecimento. 
 
4.3. Cesariana 
 
O Brasil apresenta altas taxas de cesárea, no qual este número cresceu de 38,9% à 
40,5% nos anos de 2009 até 2011, elevando-se mais e mais a cada ano. Entretanto, em 2016 
tanto na rede privada ou pública esta taxa estabilizou-se em 55,5% para cada 3 milhões de 
partos no país. Sendo esta, a maior taxa do planeta (ÉPOCA, 2015; SAMPAIO, 2016; 
BRASIL, 2017). 
O aumento das taxas de cesárea é progressivo a cada ano e muito mais realizado nas 
instituições de saúde privadas e quem atendem á planos de saúde. Porém na rede pública este 
índice é menor, mas ainda ultrapassa o recomendado pela OMS (SAMPAIO, 2016). 
Nos últimos 30 anos tem-se considerado ideal taxas de 10% a 15% de procedimentos 
de cesariana mediante o total de partos ocorrentes. Esta taxa foi formulada por um grupo de 
 
para o filhoneste momento (SILVANI, 2010; HUMANIZAÇÃO PERNANBUCO, 2015; ANDRADE et al., 
2016). 
. 
30 
 
especialistas em saúde reprodutiva em uma reunião realizada pela OMS em 1985 em 
Fortaleza, no Brasil, em que declara: “Não existe justificativa para qualquer região do mundo 
ter uma taxa de cesárea maior do que 10-15%” (BRASIL, 2014, p.18). 
A cesariana consiste em um ato cirúrgico no qual realiza-se uma incisão na porção 
inferior no abdome e na parede do útero para alcançar feto a ser concebido, quando bem 
indicado, que são nos casos de emergência ao qual o parto normal aplicará risco a mãe e/ou ao 
feto, tem um papel primordial na obstetrícia na redução de morbimortalidade materno infantil 
(MONTENEGRO;REZENDE FILHO, 2013; BRASIL, 2001; SAMPAIO, 2016). 
É, portanto, um procedimento/recurso utilizado em casos de risco na vida da mãe e/ou 
do bebê. Assim, como em todos os procedimentos cirúrgicos, a cesárea não se exclui de 
riscos, no qual no Brasil como em outros países é o procedimento que mais causa a morte 
materna infantil em comparação com o parto vaginal (SAMPAIO, 2016). 
Estudos classificam a indicação da cesárea em absolutas e relativas “absolutas quando 
o bebê está vivo, morto ou embriotomizado
19
, e não se pode ser retirado através do parto 
vaginal, sendo a cesárea via única de escolha” (SAMPAIO, 2016; MONTENEGRO; 
REZENDE FILHO, 2013). A gestação conclui-se quando nasce o bebê vivo e saudável. 
Já as indicações relativas, são aquelas como feto não reativo, gestante HIV + 
(dependendo da carga vira), apresentação pélvica, prematuridade extrema, sofrimento fetal, 
descolamento prematura da placenta (DPP) agudo, placenta acreta, infecção primária por 
herpes genital e placenta prévia (SANTOS, 2015; SAMPAIO, 2016). 
 
4.4. Cesária x Parto normal: prós e contra. 
 
A escolha do tipo de parto está relacionada com a forma com que estes são 
exemplificados, informados e acessíveis às gestantes, de modo com que as mesmas tenham o 
conhecimento base para a seleção de um processo em um momento único e especial 
(OLIVEIRA et al, 2012). 
Um dos fatores para a escolha do tipo de parto seria a relação com a dor no momento 
da expulsão do bebê, em que esta remete á ansiedade, e está adicionada ao sentimento de 
sofrimento. Porém este sentimento é compensado ao nascimento da criança, em que esta 
recompensa a mãe pelo vigor do TP (LOPES et al., 2005; TEDESCO et al. 2004; BARACHO 
et al., 2009). 
 
19
 “Não pude ser extraído através da bacia” (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013, p. 960; ARAÚJO, 
2017). 
31 
 
 
4.4.1. Cesárea: prós 
 
Como a cesárea é um procedimento cirúrgico, este, pode ser agendado a qualquer dia 
e/ou hora a partir da 37ª semana, que o médico e a gestante preferirem com duração em média 
de 20 minutos, no qual, o cirurgião também pode realizar mais cesáreas no dia e a gestante 
programa-se conforme sua rotina. Sendo a facilidade em escolher o dia e a hora do parto, um 
dos principais motivos para esta escolha tanto pela gestante quando pelo obstetra (SILVANI, 
2010). 
O TP normal envolve cerca de 12 horas e pode ocorrer a qualquer instante, como em 
feriados, madrugada, folga do médico etc; no qual o obstetra terá que se dispor a qualquer 
momento para realizar o parto. Já a cesárea dura aproximadamente 20 minutos e pode ser 
agendada em horários e dias preferíveis aos médicos, não “interferindo em sua rotina e 
agenda”, fazendo com que o médico escolha a melhor hora para nascer, e não que a própria 
fisiologia materna torne-se a par disto (WAGNNER, 2016). 
Segundo um estudo realizado com 90 puérperas por Domingues et al. (2014), a 
preferência pelo parto normal relatado pelas mulheres se deve por ser o parto mais natural, 
mais fisiológico e de recuperação mais rápida. Já a escolha pela cesariana foi devido ao medo 
da dor do parto, medo de não conseguir ter o parto, críticas à forma “desumana” de como TP 
é conduzido, realização de laqueadura tubária, preferência do marido e principalmente pela 
facilidade em escolher o dia e por ter primeiramente a indicação do médico para o dia do 
parto. 
A cesárea impede a ocorrência de nascimento pós-termo
20
, no qual está associada com 
maiores risco neonatos como evolução do parto, demora na evolução e principalmente o 
sofrimento fetal devido ao risco que pode ocorrer com a aspiração do mecônio. Porém este 
último fator, ocorre em casos raros (VELHO, SANTOS ; CALAÇO, 2014). 
A mulher no momento do parto não sente dor, pois estará sob efeito anestésico para 
que o procedimento possa ser feito, assim para aquelas que não passaram pela experiência do 
PN no qual o medo da dor “momentânea” se faz presente, a cesárea vem como sua primeira 
opção (VELHO, SANTOS ; CALAÇO, 2014). 
A cesárea elimina o risco de complicações relacionadas ao processo de trabalho parto 
vaginal, como lesão do plexo braquial relacionado, a distócia de ombro, traumas ósseos 
 
20 Nascimento após a 42ª semana de gestação (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013). 
32 
 
(fratura de clavícula, crânio e úmero) ou asfixia provocada por complicações intraparto. Essas 
complicações são somente identificadas no momento do PN e que podem ser revertidas com 
uma cesárea intraparto, ou seja, não são indicações de primeira escolha para a realização de 
uma cesárea, mas sim em casos de emergência no PN (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014; 
COMPARTO, 2015). 
 Em casos raros no trabalho de parto normal podem ocorrer as distócias, aos quais são 
complicações que ocorrem na descida do bebê no canal vaginal (por exemplo: por atonia 
uterina), nervosismo da parturiente (ao qual estimula a liberação de substâncias que podem 
atrapalhar o desenvolvimento do TP), entre outros (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014; 
COMPARTO, 2015). 
Além da benesse quanto a escolha do dia/hora também há a oportunidade de realizar a 
laqueadura, já que a via o local onde seria realizado este procedimento já está acessível, não 
necessitando de nova data e cirurgia (VELHO, SANTOS; CALAÇO, 2014). 
A informação e indicação do parto ofertada á gestante é de grande triunfo, no qual a 
indicação médica ao tipo de parto podem marcar profundamente a vida da mulher seja por 
satisfação ou descontentamento. Deste modo a recomendação da cesárea como primeira 
escolha do médico ou da gestante deve ser reanalisada, visando esclarecer se há riscos reais 
no parto normal para esta indicação. 
Parte dos obstetras consecutivamente não dão oportunidade de escolha à mulher, pois 
é mais viável á ele, principalmente na rede privada, realizar um PC, poupando seu precioso 
tempo e disponibilidade, além de receber mais pelo procedimento. Há uma fala muito narrada 
pela sociedade: “Se o médico disse, quem sou eu para discordar, ele sabe. Ele é o médico”! 
Com este pensamento e sem procura de esclarecimento ou espaço para opção de escolha, as 
pessoas são induzidas e influenciadas a escolhas e riscos que poderiam ser evitados. 
Porém o médico na maior parte dos casos, só saberá que o parto normal não terá 
sucesso, se houver tentativa da realização do mesmo. Assim, se surgirem complicações reais e 
comprovados e/ou riscos, a parturiente pode e deve ser encaminhada para a cirurgia cesárea. 
 
4.4.2. Cesárea: contra 
 
 Assim como em todos os procedimentos cirúrgicos, a cesárea também apresenta risco. 
Toda via como citado nos parágrafos acima deve ser indicado e realizado somente em 
situações de emergência em que o PN não poderá dar continuidade ao nascimento do feto. A 
indicação e realização “descontrolada” da cesárea eleva os malefícios materno fetais. Segundo 
33 
 
Reis, Z. et al. (2014, p. 66): “[...] quando comparada ao parto normal, a chance de morbidade 
materna grave se eleva 2 vezes entre mulheres submetidas à cesariana intraparto e 2,3 vezes 
em caso de cesariana eletiva” 
A dor, por exemplo, não deve ser excluída da cesárea,já que a mesma requer cuidados 
mais atenciosos no pós-operatório (PO) (WAGNNER, 2016). Em um estudo de Velho, Santos 
e Callaço (2014), realizado com o relato de experiência de puérperas em diferentes tipos de 
parto, as mesmas relatam que a dor está ausente inicialmente, mas aparece como uma 
consequência pós-operatória, sendo mais incapacitante à puérpera: 
 
“A dor que tu sentes depois, na recuperação, é completamente pior, tu dependes 
muito das outras pessoas numa cesárea. Já é mais complicado, se tu vens para casa, 
tu não consegues fazer nada, não dá para ficar pegando o neném no colo toda hora, 
porque dói”(K.O.T, 23 anos, itálico da autora (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 
2014, p. 6). 
 
 Como mencionado acima, no momento da cirurgia a mulher não sente incômodo, 
porém no PO há maiores riscos e queixas: 
 
[...] dentre elas a cefaleia pós-raquianestesia, assim como os efeitos adversos da 
anestesia: angustia, falta de ar, vômitos e dor no local da punção. Dentre as 
complicações cirúrgicas descritas, estão a inflamação dos pontos, hemorragia, 
infecção puerperal ou a necessidade de submeter-se a uma nova cirurgia (VELHO, 
SANTOS; CALLAÇO, 2014, p. 6). 
 
Para a realização do procedimento cesárea, requer a administração de anestésico que é 
realizado por punção peridural ou raquidiana, em que a mãe fica da cintura para baixo 
anestesiada. Mulheres relatam que através da cesárea não participam do nascimento do bebê, 
não sabem o que está acontecendo, podem ter reações adversas ao anestésico, ficam 
impossibilitadas de ver o nascimento de seu filho seja por causa dos campos cirúrgicos, pela 
posição (em que permanece contida no leito) ou pelo efeito anestésico (VELHO, SANTOS; 
CALLAÇO, 2014). 
Neste momento, a mulher não se torna a figura principal parto, mas sim o médico, 
aparentando uma imagem de superioridade e impossibilitando a autonomia da mulher no 
parto. (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). 
O risco de desenvolver infecções, hemorragias ou até mesmo choque anafilático é 
presente no parto cesárea e pós-operatório (PO). Quando envolvem o conjunto de 
incompetência médica, falta de orientação á gestante e a falta de cuidados PO, os riscos de 
complicações e mortalidade materna elevam-se. A Revista Época (2015) publicou que 
34 
 
segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) mulheres que realizam a cesárea 
aumentam em 3,5% as chances de mortalidade em relação às que submetem-se ao PN 
(VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014; ÉPOCA, 2015). 
Em relação á estética, Oliveira R.. et al. (2016) afirma que é mito de que a operação 
cesárea mantém a anatomia da pelve ou de órgãos próximos ao útero intactos. O risco e a 
incidência de deiscência é muito elevada neste tipo de procedimento. 
Essas escolhas são feitas muitas vezes por profissionais que desejam “agilizar” o 
processo do parto, induzindo-o à cesárea, desencadeando em alguns casos frustrações e 
bloqueios emocionais à mãe por “não poder” realizar a parturição normal. (OLIVEIRA, R., et 
al., 2016). 
 
4.4.3 Parto normal: prós 
 
Um dos principais fatores citados por estudos sobre o PH é a autonomia da mulher, o 
respeito á suas decisões, privacidade, seu protagonismo e da participação da família neste 
conhecimento junto á gestante. O PN tendo uma assistência humanizada permite à mulher o 
protagonismo de que é ela quem vai realizar o parto e de que a equipe estará ali de prontidão 
para auxiliá-lo no que for necessário e desejado pela mesma (VELHO, SANTOS; 
CALLAÇO, 2014). 
A mulher participa, vê o que está acontecendo, tanto ela quanto o bebê se ajudam. 
Uma das puérperas entrevistadas do estudo de Feyer, et al. (2013, p. 5) relata: “ todo mundo é 
paciente, né? [...] eu não gosto de ser objeto de ninguém [...] eu queria ser o sujeito do meu 
trabalho de parto”. Assim, o PH proporciona um contato mais íntimo entre mãe e filho, uma 
maior liberdade e interação (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). 
A recuperação pós-parto é mais rápida e tranquila no PN, no qual a puérpera pode 
comer durante e após seu parto não necessita ficar 6 horas em jejum no PP. Além de que, a 
involução uterina ocorre mais rapidamente, evitando atonias uterinas, possíveis hemorragias. 
(PINHEIRO; BITTAR, 2013). 
Os riscos de infecção e mortalidade são menores no PN, pois nos casos em que não 
são utilizados métodos invasivos, o TP transcorre de forma natural proporcionando bem-estar 
materno-fetal (ÉPOCA, 2015). 
Como o parto ocorre no momento no qual o corpo da gestante está preparado para este 
momento através de sinais como percas vaginais do tampão mucoso, bolsa rota, entre outros; 
35 
 
o feto tem a maturidade suficiente da produção de surfactante dos pulmões para seu 
nascimento (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). 
O parto no qual a mulher participa, tem a potencialidade de acarretar benefícios ou 
danos psicológicos, pois as memórias do parto permanecem vivas a nível cognitivo e 
psicológico e continuam a influenciar as percepções da mulher sobre este momento por muito 
tempo. (PINHEIRO; BITTAR, 2013). 
O suporte emocional e social no ciclo gravídico-puerperal, em especial durante o 
trabalho de parto e parto, é citado em vários estudos como um fator importante na 
qualificação da assistência materna, em que ocorre durante o TP normal (PINHEIRO; 
BITTAR, 2013). 
O bebê também se beneficia das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe 
durante o trabalho de parto, fazendo com que ele seja mais ativo e responsivo ao nascer. Os 
bebês que nascem de parto normal quando ainda não tem o cordão umbilical cortado e são 
colocados em cima da barriga da mãe, tem um aumento da relação entre mãe e filho, em que 
ele consegue se arrastar até o peito para mamar, sem precisar de nenhuma ajuda (PINHEIRO; 
BITTAR, 2013). 
Como o parto ocorre no momento no qual o corpo da gestante está preparado para este 
momento através de sinais como percas vaginais do tampão mucoso, bolsa rota, entre outros; 
o feto tem a maturidade suficiente da produção de surfactante dos pulmões para seu 
nascimento, proporcionando maior segurança e benefício ao recém-nascido, à mãe e ao 
médico (VELHO, SANTOS; CALLAÇO, 2014). 
A presença do acompanhante conforme lei Lei nº 11.108/2005 no Brasil é direito da 
gestante em qualquer tipo de parto, no qual deve ser uma pessoa de confiança da parturiente, 
se sua livre escolha e que a mesma queira sua presença. A mulher na companhia de alguém 
que goste, recebe apoio, carinho, se sente mais segura e mais tranquila fazendo com que 
diminua os níveis de estresse, contribuindo para melhor desenvolvimento do trabalho de parto 
(BRASIL, 2005; SILVANI, 2010). 
 
4.4.4 Parto normal: contra 
 
Existe uma diferenciação entre o parto normal (tradicional) com o parto natural, pois 
já há algum tempo o parto normal tem ocorrido com o uso de métodos rotineiros opostos a 
sua naturalidade e normalidade, com muitas intervenções sendo realizadas e com a falta de 
36 
 
competência e conhecimento da própria equipe quanto ao modo fisiológico e respeitoso de 
nascer. 
São utilizados no parto normal alguns métodos rotineiros denominados violência 
obstétrica de forma desenfreada e sem comprovação de necessidade na maioria dos casos 
como a episiotomia, o uso indiscriminado do hormônio sintético ocitocina por via 
endovenosa, uso de fórceps, manobra de Kristeller, raspagem dos pelos, lavagem intestinal, 
repouso absoluto na cama hospitalar, proibição de acompanhante, tratar a mulher de forma 
inferior ou agressiva, recriminar qualquer ato físico como obesidade por exemplo, recriminar 
o choro ou gemidos na parturiente, realizar procedimentos sem seu consentimento, separar o 
bebê da mãe logo após o nascimento, entre outros (AMORIM, DUARTE, 2013; SAMPAIO, 
2016). 
A desumanização, o desrespeito e a falta de sensibilidade da equipe quanto às 
normativas rígidas que a parturiente tem direito no momento do parto fazem com que este seja 
traumatizante (AMORIM, DUARTE,2013). 
 A dor é um dos principais fatores citados pelas mulheres quanto ao medo do parto 
normal, todavia as que já tiveram este tipo de parto, foram submetidas de alguma forma à 
métodos associados à violência obstétrica ou não tiveram a oportunidade de vivenciar o 
trabalho de parto humanizado (PINHEIRO; BITTAR, 2013). 
 
4.5. O Parto Humanizado no Brasil. 
 
 Assim como em muitos países, no Brasil, a história do parto também se baseia na 
presença das parteiras. Porém na época ao qual ocorreu a Segunda Guerra Mundial, a mesma 
não acontecia no país, mas foi através da propagação das novas práticas medicinais e com o 
lançamento de novos instrumentos cirúrgicos que a medicina brasileira passou a incorporar o 
mesmo método de outros países, a institucionalização do parto (MAIA, 2010; SILVA, 2017). 
 Com esta “modernidade”, o Brasil no período de 1910, teve em alta o “parto 
inconsciente” ao qual era caracterizado por aplicações de morfina para alívio da dor junto 
com uma dose de amnésico chamado escopolamina, em que a mulher sentia a dor do parto, 
porém depois não se recordava do que acontecia (da dor, do trabalho de parto, do nascimento 
do bebê). Porém a escopolamina também causava um efeito alucinógeno, em que as mulheres 
se debatiam provocando hematomas e assim eram amarradas no leito, no qual este era coberto 
como uma cabana, para evitar que fossem vistas nestas situações deploráveis (DINIZ, 2015). 
37 
 
 Uma das misturas utilizadas no Brasil para o parto inconsciente era chamada de 
“Lucina”, composta por doses de cafeína com morfina. Com o passar de várias décadas, foi 
observado o elevado índice de morbimortalidade materna e fetal, no qual a prática foi 
abandonada (DINIZ, 2015). 
Conforme citado anteriormente, o parto tornou-se um assunto médico hospitalar, no 
qual serviu á obstetrícia de três maneiras: restringir a competição com as parteiras, estabelecer 
o controle sobre as parturientes e oportunizar novos campos para práticas médicas (MAIA, 
2010). 
No Brasil a assistência humanizada ao parto foi impulsionada através da experiência 
de vários estados. Na década de 70 no estado do Paraná surgem profissionais baseados em 
práticas indígenas e de parteiras. Na mesma época no Hospital Pio X em Goiás e no instituto 
Aurora no Rio de Janeiro, eram realizados grupos de terapias alternativas com yoga (Diniz, 
2015). 
Em 1980 o Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde juntamente com uma associação 
do estado de São Paulo e grupos Carumim e Casa do Parto em Pernambuco, ofereceram 
assistência humanizada ao parto e propuseram mudanças nas práticas realizados no TP 
(DINIZ, 2015). 
Até que em 1993 é fundada a Rede Pela Humanização do Parto e Nascimento 
(Rehuna), que atualmente congrega centenas de participantes, sendo enfermeiras e médicos 
vindos das áreas da obstetrícia e saúde pública. 
A Carta Campinas criado pelo fundador da Rehuna em 1993 denuncia: 
 
Considera que, no parto vaginal a violência da imposição de rotinas, da posição de 
parto e das interferências obstétricas desnecessárias perturbam e inibem o 
desencadeamento natural dos mecanismos fisiológicos do parto, que passa a ser 
sinônimo de patologia e de intervenção médica, transformando-se em uma 
experiência de terror, impotência, alienação e dor. Desta forma, não surpreende que 
as mulheres preferem a cesárea como melhor forma de dar à luz, sem medo, sem 
risco e sem dor (CARTA CAMPINAS, 1993, P. 23). 
 
 Muitos encontros foram realizados por redes feministas como o Encontro Parto 
Natural e Consciente (no Rio de Janeiro), ao qual se formou uma comunidade que se reunia 
todos os anos presencialmente. Na década de 90, estes encontros tornaram-se virtuais através 
de listas eletrônicas como Parto Natural, Amigas do Parto, Rehuna, Materna, Parto Nosso, 
Mães Empoderadas, entre outras (DINIZ, 2015). 
 Já em 1994 surge no Rio de Janeiro a primeira maternidade pública “autodefinida” 
humanizada, a maternidade Leila Diniz. Outro marco importante foram as propostas para 
38 
 
criação das Casas de Parto, mobilizadas pelo GO José Galba que estimulou o parto normal 
humanizado, com o mínimo de intervenção médica, presente até os dias de hoje, priorizando a 
obediência à fisiologia natural do parto, a posição vertical no período expulsivo e a presença 
do acompanhante familiar. 
Os esforços de José Galba para a humanização resultou na criação do Prêmio Galba 
Araújo em 1998 com participação de hospitais e serviços de saúde , entretanto “O projeto de 
Casas de Parto, após um início promissor, encontra limites e resistências principalmente dos 
médicos” (DINIZ, 2015, p.6). 
Desde a conferência realizada pela OMS em 1996 lançando a cartilha de assistência ao 
parto normal e humanizado, o Ministério da saúde no Brasil embasou-se nas atualizações 
sugeridas e aplicadas nesta conferência e lançou o Programa de Humanização do Pré-Natal e 
Nascimento (PHPN) em 1º de Junho do ano de 2000. A atenção quanto à gestação ao parto 
vem sendo ampliada buscando resgatar um exemplo de assistência baseada na humanização 
(MAIA, 2010). 
Além do PHPN, no ano de 2000 as recomendações da OMS sobre assistência ao parto 
normal e humanizado foram enviadas pelo MS para cada ginecologista obstetra e enfermeiras 
obstetrizes do país, evidenciando que o atendimento ao parto no Brasil baseia-se em grande 
medida naquilo que se busca superar (MAIA, 2010). 
A portaria Brasileira n. 1.067, de 6 de julho de 2005, que institui a Política Nacional 
de Atenção Obstétrica e Neonatal, menciona: 
 
A atenção com qualidade e humanizada depende da provisão dos recursos 
necessários, da organização de rotinas com procedimentos comprovadamente 
benéficos, evitando-se intervenções desnecessárias, e do estabelecimento de relações 
baseadas em princípios éticos, garantindo-se a privacidade, a autonomia e 
compartilhando-se com a mulher e sua família as decisões sobre as condutas a serem 
adotadas. (BRASIL, 2005, p. 26) 
 
 
Mediante as portarias lançadas do Brasil pelo MS nos últimos dez anos, é possível 
afirmar que o Estado cada vez mais se encorpara a humanização como forma de estratégia 
tanto para a redução nos números de mortalidades maternas, quanto para garantir a saúde 
materna (MAIA, 2010). 
 Desde então a cada ano o Brasil une forças e parcerias para acolher experiências e 
irradiar mudanças. Em novembro de 2016, em Brasília, houve a IV Conferência Internacional 
Sobre a Humanização do Parto e Nascimento, no qual foram discutidos temas sobre: 
 
39 
 
o conhecimento sobre Humanização do Parto e Nascimento, visibilidade de 
experiências exitosas de Humanização e redução de cesáreas desnecessárias no 
Brasil e no exterior, discussão novos conceitos e experiências sobre o nascimento 
fisiológico nas diferentes culturas e sociedades. Facilitar o intercâmbio de saberes 
entre pesquisadoras/es, universidades, centros de pesquisa, órgãos públicos, 
maternidades, casas de parto, profissionais autônomas/os e usuárias 
(CONFERÊNCIA REHUNA, 2016). 
 
Estudos e cartilhas são lançados sobre o tema da humanização pelo Ministério da 
Saúde com o objetivo de sensibilizar os profissionais. No ano de 2014 o Ministério da Saúde 
lançou o caderno Humaniza SUS volume 4, ao qual traz informações sobre a política da 
humanização do TP e sobre a assistência humanizada tanto à gestante como ao recém-
nascido. O caderno aborda temas principais na assistência inicial do TP como dieta, enema, 
tricotomia dos pelos pubianos, apoio físico e emocional contínuos, posição e movimentação 
da mulher, imersão em água, manejo da dor, posição para o parto, parto na água, episiotomia, 
entre outros (BRASIL, 2014). 
Mais atualmente, em 2015, o estado do Pernambuco lançou a cartilha Humanização do 
Parto: Nasce o Respeito, ao qual trás em uma linguagem mais clara e acessível através de uma 
didática de perguntas e respostas, informações sobre a humanização, como a equipe deve 
prestar

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