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Prévia do material em texto

Centro 
obstétriCo
Prof.ª Lara Louise Kloch
AssistênCiA de 
enfermAgem no
Indaial – 2023
1a Edição
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Lara Louise Kloch
Copyright © UNIASSELVI 2023
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. KLOCH, Lara Louise.
Assistência de Enfermagem no Centro Obstétrico. Lara Louise Kloch. 
Indaial - SC: Arqué, 2023.
256p.
ISBN 978-65-5646-560-9
ISBN Digital 978-65-5646-558-6
“Graduação - EaD”.
1. Parto 2. Mulher 3. Gravidez 
CDD 610.7
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Assistência de Enfermagem 
no Centro Obstétrico. O processo de parto e nascimento é um grande evento fisiológico, 
um momento especial na vida da gestante parturiente, independentemente da forma de 
nascimento escolhida – após o momento de “re(nascer)”, a vida da mulher e da família 
envolvida nunca mais será a mesma.
Quando é permitida a parturiente uma experiência positiva de parto e 
nascimento, automaticamente, oferecemos a ela uma assistência digna e de qualidade, 
mantendo a sua integridade física e psicológica, respeitando as escolhas e os desejos 
dela e do acompanhante nesse evento único. O enfermeiro é um profissional essencial 
dentro da equipe multiprofissional, pois deve acolher essa família e colaborar para que 
a vivência do parto e do nascimento seja positiva e segura, colocando em prática suas 
competências específicas no setor do centro obstétrico.
Diante disso, na Unidade 1, abordaremos as práticas e os estudos que englobam a 
assistência de Enfermagem no processo gravídico, puerperal e no nascimento dentro do 
centro obstétrico, primeiramente, relacionados à fisiologia do parto eutócico, envolvendo 
a contratilidade uterina que conduz à dilatação do colo uterino, os mecanismos que 
acarretam a progressão do feto no canal de parto e as fases do parto, que caracterizam 
os períodos do trabalho de parto da parturiente. Ainda, faz-se importante estudarmos o 
parto instrumentado e as práticas baseadas em evidências científicas acerca do uso 
desses métodos e utensílios na hora do parto. O fenômeno que envolve o parto induzido 
também será um tópico importante, por ser uma condição realizada para a resolução 
do parto e, por isso, o enfermeiro deve conhecer os métodos utilizados durante uma 
indução de parto, bem como os cuidados necessários durante a assistência a esse 
procedimento.
A atuação e as competências dos enfermeiros generalista e especialista também 
serão detalhadas, em conjunto com uma visão da equipe multiprofissional que atua 
no centro obstétrico. Visto que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) 
deve ocorrer também no centro obstétrico, o conhecimento das rotinas do setor se 
torna imprescindível às práticas realizadas, desde o acolhimento da gestante na triagem 
obstétrica, a internação no pré-parto, a assistência dentro da sala de partos e na sala 
cirúrgica aos cuidados na sala de recuperação anestésica.
Ainda na Unidade 1, abordaremos os aspectos que abrangem o nascimento, os 
cuidados imediatos ao recém-nascido e a reanimação neonatal, que também regem as 
competências do enfermeiro dentro do centro obstétrico.
APRESENTAÇÃO
Já na Unidade 2, abordaremos questões relativas à assistência de Enfermagem 
nos procedimentos cirúrgicos aplicados nas urgências e nas emergências obstétricas 
e ginecológicas, desde casos de abortamento, gravidez ectópica e hemorragias 
no anteparto, até as emergências de parto e pós-parto, vemos a importância do 
reconhecimento dessas urgências e emergências no setor e também a identificação 
do papel do enfermeiro nesses procedimentos. Além disso, serão discutidos alguns 
aspectos importantes sobre a cesariana, uma intervenção cirúrgica realizada para salvar a 
vida da mãe e/ou do bebê, quando realmente necessário.
Vale ressaltar que é necessário seguir um modelo de assistência, em que a mulher 
seja a protagonista do parto e os profissionais, os coadjuvantes que apoiam, auxiliam 
e prezam pelo bem-estar materno-fetal, assim como avaliam a necessidade ou não 
de intervenções. A cultura acerca do parto normal tem sido desmitificada com as 
novas pesquisas científicas, e isso mostra a importância da disseminação da Medicina 
baseada em evidências nesse cenário. Diante disso, na Unidade 3, abordaremos sobre 
assuntos que abrangem o cuidado integral de Enfermagem no parto normal e cesárea, 
na qual a humanização e as boas práticas de parto e nascimento serão discutidas sob 
a perceptiva atual, de acordo com as novas recomendações da Organização Mundial 
da Saúde (OMS). Além de aprofundarmos na dor em obstetrícia, fator, culturalmente, 
ligado à doença, associando o parto a sofrimento. Logo, é importante a discussão 
sobre a dimensão da dor fisiológica do parto, uma dor subjetiva para cada parturiente e 
influenciada conforme a cultura de cada uma. Por isso, o enfermeiro deve conhecer os 
métodos não farmacológicos para o alívio da dor, assim como os métodos farmacológicos, 
abrangendo a analgesia e a anestesia, realizados no centro obstétrico.
Ainda, na Unidade 3, veremos como relacionar a SAE dentro do centro obstétrico, 
tanto para a gestante quanto para o recém-nascido, bem como questões de gestão 
da Enfermagem no setor. Por fim, serão salientados os aspectos éticos que permeiam 
o profissional de Enfermagem durante o ciclo gravídico-puerperal e também situações 
relacionadas aos direitos da mulher nesse período da vida, discutindo o consentimento 
informado para a realização de determinados procedimentos e condutas dentro do 
centro obstétrico.
Acadêmico, esperamos que você esteja motivado para aquisição de novos 
saberes e aprendizados, para que, como futuro profissional enfermeiro, possa seguir, 
com segurança, destreza e humanização, as competências que regem a assistência e a 
gerência dentro do centro obstétrico.
Bons estudos! 
Prof.ª Lara Louise Kloch
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantesestão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – 
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR 
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite 
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, 
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
QR CODE
SUMÁRIO
UNIDADE 1 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROCESSO GRAVÍDICO 
PUERPERAL E NO NASCIMENTO DENTRO DO CENTRO 
OBSTÉTRICO .....................................................................................1
TÓPICO 1 — FISIOLOGIA DO PARTO ....................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 CONTRATILIDADE UTERINA ...............................................................................4
3 MECANISMO DO PARTO ....................................................................................... 6
4 FASES DO PARTO ................................................................................................ 9
4.1 ASSISTÊNCIA NO PRIMEIRO E NO SEGUNDO PERÍODO DO PARTO .......................10
4.2 ASSISTÊNCIA NO TERCEIRO E NO QUARTO PERÍODO DO PARTO .........................14
5 PARTO INSTRUMENTADO.................................................................................. 15
6 INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO ................................................................ 19
RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................22
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................23
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE NO CENTRO OBSTÉTRICO.......25
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................25
2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR .............................................................................26
3 O ENFERMEIRO GENERALISTA NO CENTRO OBSTÉTRICO ............................. 27
4 O ENFERMEIRO ESPECIALISTA NO CENTRO OBSTÉTRICO ............................29
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................32
TÓPICO 3 — ROTINAS DO CENTRO OBSTÉTRICO ...............................................35
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................35
2 TRIAGEM OBSTÉTRICA .....................................................................................36
3 PRÉ-PARTO ....................................................................................................... 40
4 SALA DE PARTOS ...............................................................................................46
5 SALA CIRÚRGICA ............................................................................................. 48
6 SALA DE RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA ..........................................................50
RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................54
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................55
TÓPICO 4 — ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO RECÉM-NASCIDO .............................. 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 57
2 AVALIAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO .................................................................... 57
2.1 OS CUIDADOS INICIAIS AO RÉCEM-NASCIDO ...........................................................58
2.2 O EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO ....................................................................... 63
2.3 OS REFLEXOS PRIMITIVOS ............................................................................................ 66
3 REANIMAÇÃO NEONATAL ................................................................................. 67
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 77
RESUMO DO TÓPICO 4 ..........................................................................................82
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................83
REFERÊNCIAS .......................................................................................................85
UNIDADE 2 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PROCEDIMENTOS 
CIRÚRGICOS APLICADOS EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 
OBSTÉTRICAS E GINECOLÓGICAS ...............................................89
TÓPICO 1 — ABORTAMENTO ................................................................................. 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 91
2 TIPOS DE ABORTOS ..........................................................................................92
3 TRATAMENTOS ..................................................................................................95
RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................99
AUTOATIVIDADE .................................................................................................100
TÓPICO 2 — GRAVIDEZ ECTÓPICA .....................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................103
2 ETIOLOGIA .......................................................................................................103
3 TRATAMENTO ...................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................108
AUTOATIVIDADE .................................................................................................109
TÓPICO 3 — HEMORRAGIAS ANTEPARTO .......................................................... 111
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 111
2 PLACENTA PRÉVIA .......................................................................................... 111
3 DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA NORMALMENTE INSERIDA ..... 114
4 VASA PRÉVIA ...................................................................................................117
RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................119
AUTOATIVIDADE .................................................................................................120
TÓPICO 4 — EMERGÊNCIAS DE PARTO ............................................................. 123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................123
2 ROTURA UTERINA ........................................................................................... 123
3 INVERSÃO UTERINA ........................................................................................ 125
4 DISTÓCIA DE OMBROS .................................................................................... 127
5 PROLAPSO DE CORDÃO .................................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................ 132
AUTOATIVIDADE .................................................................................................133
TÓPICO 5 — HEMORRAGIA PÓS-PARTO ............................................................ 137
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 137
2 ATONIA UTERINA ............................................................................................138
3 TRAUMAS ......................................................................................................... 141
4 RETENÇÃO PLACENTÁRIA .............................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 5 ........................................................................................144
AUTOATIVIDADE .................................................................................................145
TÓPICO 6 — CESARIANA ..................................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 147
2 INDICAÇÕES PARA CESARIANA .....................................................................148
3 OPERAÇÃO CIRÚRGICA ..................................................................................149
3.1 ANESTESIAS INDICADAS ................................................................................................152
4 COMPLICAÇÕES .............................................................................................. 153
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CESARIANA ........................................154
5.1 MONTAGEM DE SALA ...................................................................................................... 156
5.1.2 Materiais .....................................................................................................................157
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................160
RESUMO DO TÓPICO 6 ........................................................................................ 167
AUTOATIVIDADE .................................................................................................168
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 170
UNIDADE 3 — CUIDADO INTEGRAL DE ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL E 
NA CESÁREA ................................................................................ 173
TÓPICO 1 — SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) 
NO CENTRO OBSTÉTRICO (CO) ...................................................... 175
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 175
2 SAE PARA GESTANTE/PUÉRPERA ................................................................. 176
3 GESTÃO DE ENFERMAGEM NO CENTRO OBSTÉTRICO ................................185
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 187
AUTOATIVIDADE .................................................................................................188
TÓPICO 2 — HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ...................191
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................191
2 BOAS PRÁTICAS DE PARTO E NASCIMENTO ................................................. 192
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 204
TÓPICO 3 — A DOR NA OBSTETRÍCIA ................................................................207
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................207
2 MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR .......................... 208
3 ANALGESIA E ANESTESIA .............................................................................. 217
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 222
AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 223
TÓPICO 4 — ASPECTOS ÉTICOS.........................................................................227
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................227
2 ÉTICA PROFISSIONAL DURANTE O CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL .......... 228
3 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA ................................................................................ 231
4 DIREITOS DA MULHER NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL ....................... 236
4.1 DIREITOS DA GESTANTE ................................................................................................240
4.2 DIREITOS NO PRÉ-NATAL ............................................................................................240
4.3 DIREITOS NO PARTO .......................................................................................................241
4.4 DIREITOS TRABALHISTAS ..............................................................................................241
4.5 DIREITO EDUCACIONAL E ESTUDANTIL ....................................................................242
4.6 DIREITOS SOCIAIS ..........................................................................................................242
4.7 DOULAS NO BRASIL .......................................................................................................243
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 245
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................... 249
AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 250
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 253
1
UNIDADE 1 — 
ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM NO PROCESSO 
GRAVÍDICO PUERPERAL E NO 
NASCIMENTO DENTRO DO 
CENTRO OBSTÉTRICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer os estágios do parto durante a assistência ao parto e ao nascimento;
• analisar as condições da saúde materno-fetal durante a assistência ao parto;
•	 identificar	 as	 competências	 do	 enfermeiro	 dentro	 do	 centro	 obstétrico,	 de	 acordo	
com a rotina do setor;
•	 identificar	as	ações	do	enfermeiro	na	assistência	imediata	ao	recém-nascido.
	 A	cada	tópico	desta	unidade	você	encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	
reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO 1 – FISIOLOGIA DO PARTO
TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE NO CENTRO OBSTÉTRICO
TÓPICO 3 – ROTINAS DO CENTRO OBSTÉTRICO
TÓPICO 4 – ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO RECÉM-NASCIDO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
FISIOLOGIA DO PARTO
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
	Aprender	 sobre	 a	 fisiologia	 do	 parto	 é	 a	 base	 para	 que	 os	 profissionais	 que	
trabalham	com	parto	e	nascimento	conheçam	ofuncionamento	do	corpo	da	parturiente	e	
como	o	enfermeiro	pode	 realizar	 suas	competências,	 refletindo,	 positivamente,	 para	o	
momento	do	trabalho	de	parto.
O	 parto	 normal	 é	 um	 processo	 fisiológico,	 mas	 também	 um	 evento	 social,	
interagindo	 com	 a	 vida	 daquela	 família	 em	 formação,	 e,	 portanto,	 uma	 experiência	
positiva	desse	momento	trará	grandes	benefícios	para	a	família	e	a	comunidade.	Além	
disso,	é	 importante	salientar	que	os	profissionais	da	saúde,	envolvidos	no	parto,	 são	
coadjuvantes	desse	evento,	 sendo	a	mulher	a	protagonista	–	mas	por	que	devemos	
olhar	 dessa	 forma?	A	 resposta	 é	 clara:	 porque	 o	 parto	 é	 da	mulher,	 e	 o	 profissional	
desempenha	 um	 papel	 importante,	 que	 é	 observar	 e	 avaliar	 o	 bem-estar	 materno-
fetal	e	colocar	em	prática	os	seus	conhecimentos	em	momentos	necessários,	críticos,	
assegurando	a	saúde	da	mãe	e	do	bebê,	o	que	é	uma	grande	responsabilidade.
Neste	tópico,	abordaremos	o	processo	fisiológico	do	parto,	desde	a	contratilidade	
do	útero,	que	 leva	ao	apagamento	e	à	dilatação	do	colo	do	útero,	ao	mecanismo	do	
parto,	para	a	expulsão	do	feto,	até	o	nascimento	da	placenta.	Descreveremos	cada	fase	
do	 parto,	 que	 pode	 ser	 dividida	 em	dilatação,	 período	 expulsivo	 e	 dequitadura,	 para	
que	fique	claro	o	tipo	de	assistência	que	o	enfermeiro	pode	oferecer	em	cada	período	
do	parto.	Além	disso,	abordaremos	o	parto	 instrumentado	e	a	necessidade	desse	tipo	
de	 intervenção,	a	utilização	do	fórceps	ou	ventosa	e	a	 realização	de	episiotomia.	Por	
fim,	ainda	estudaremos	as	induções	de	parto,	que	são	condutas	importantes	durante	a	
gravidez	nas	situações	em	que	se	faz	necessário	adiantar	o	nascimento	do	feto.
Salienta-se	a	necessidade	de	práticas	baseadas	em	evidências	científicas,	por	
isso	a	aquisição	de	novos	saberes	deve	ser	fornecida	a	partir	de	uma	ferramenta	atual	
e	 adequada.	Os	 conhecimentos	da	 área	da	 saúde	estão	em	constantes	 atualizações;	 a	
obstetrícia	é	uma	área	que	precisa	de	profissionais	capacitados	para	o	parto	normal,	
que	pode	ser	eutócico	(parto	normal	sem	necessidade	de	intervenções)	ou	distócico	(parto	
com	necessidade	de	intervenções).	
4
Acadêmico, sugerimos que busque mais ferramentas de atualização 
acerca da assistência do enfermeiro durante o trabalho de parto, parto 
e pós-parto.
DICA
2 CONTRATILIDADE UTERINA
O	útero	 tem	uma	grande	 função	 no	final	 da	 gravidez,	 que	 é	 expelir	 o	 feto	 e	
os	anexos	(placenta	e	cordão),	a	partir	das	contrações	uterinas.	No	entanto,	antes	de	
tudo,	é	importante	analisarmos	a	fisiologia	do	corpo	do	útero	e	o	desencadeamento	do	
trabalho	de	parto.
Segundo	Graça	 (2017),	 o	útero,	 anatomicamente,	é	divido	pelo	 fundo	uterino	
e	 pelo	 colo	 uterino,	 e	 sua	 estrutura	 é,	 praticamente,	 tecido	 muscular	 liso,	 células	
musculares	que	estão	ligadas	entre	si,	para	promover	as	contrações	durante	o	trabalho	de	
parto.	Além	disso,	 podem	 ser	 percebidas	várias	 fases	 que	 correspondem	 a	 diferentes	
situações	fisiológicas	do	útero	durante	a	gravidez	e	o	parto:	
Na	fase	0,	que	corresponde	à	maior	parte	da	gravidez,	o	corpo	do	
útero	 permanece	 em	 quiescência	 e	 pouco	 reativo	 aos	 estímulos	
contrácteis	 e	 o	 colo	 mantém-se	 formado	 e	 fechado.	 Na	 fase	 1,	
de	 preparação	 para	 o	 parto,	 um	 conjunto	 de	 fatores	 mecânicos,	
endócrinos e parácrinos prepara o tecido muscular liso do útero e do 
tecido	conjuntivo	do	colo	para	aumento	progressivo	da	capacidade	
contráctil	 uterina	e	da	distensibilidade	do	colo.	A	 fase	2	corresponde	
à	 fase	 ativa	do	 trabalho	de	parto	 (TP)	 e,	 finalmente,	 a	 fase	3	 à	 de	
involução	uterina	(GRAÇA,	2017,	p.	216).
Como	a	contração	uterina	depende	da	interação	de	alguns	fatores	e	componentes	
proteicos	que	interagem	entre	si,	Zugaib;	Francisco	(2016)	explica	que	essa	interação	
proteica	 é	 modulada	 pela	 miosina,	 que,	 resumidamente,	 quando	 ativada,	 possibilita	
a	contração	 local	do	miômetro.	Somando	várias	 interações,	as	células	musculares	se	
ligam	 umas	 às	 outras,	 por	 meio	 de	 conexões	 proteicas,	 nomeadas	 conexinas	 (gap 
junctions):	“[...]	a	formação	de	gap junctions,	conexões	intercelulares	entre	as	células	
musculares	 lisas	 do	 útero,	 possibilita	 a	 coordenação,	 transmissão	 e	 otimização	 da	
formação	contráctil”	(GRAÇA,	2017,	p.	217).
Durante	 a	 gravidez,	 as	 conexinas	 são	 praticamente	 ausentes,	 evitando	 as	
contrações	uterinas	e,	possivelmente,	um	aborto	ou	trabalho	de	parto	prematuro.	
Graça	 (2017)	 ainda	 explica	 que	 elas	 aumentam	 significativamente	 no	 termo	 da	 gestação	
(37	a	41	semanas),	e	o	aumento	da	relação	do	estrógeno	e	da	síntese/degradação	de	
prostaglandinas	é	um	estímulo	que	forma	a	conexina.	A	ocitocina	tem	papel	essencial;	
os	 estrogênios	 aumentam	 também	 os	 receptores	 de	 ocitocina,	 que	 tem	 efeito	 no	
5
aumento	da	contratilidade	uterina,	 correspondendo	à	 fase	2	ativa	do	trabalho	de	parto.	
Como	inibidores	da	conexina,	é	observada	a	relação	de	aumento	da	progesterona	e	dos	
inibidores	da	síntese	de	prostaglandinas,	ou	seja,	 inibem	a	contractilidade	uterina,	que,	
nesse	caso,	representaria	a	fase	0	–	uma	fase	de	quiescência	uterina,	conforme	citado	
anteriormente.
Graça (2017) elenca três fatores primordiais de ativação da contração 
uterina durante o trabalho de parto: a síntese de prostaglandinas, o 
aumento de receptores de ocitocina e a formação de gap junctions.
IMPORTANTE
O	estudo	sobre	a	contratilidade	uterina	está	presente	em	algumas	situações,	
além	do	trabalho	de	parto:	durante	uma	 indução	de	trabalho	de	parto,	durante	a	 inibição	
da	contração,	quando	trabalho	de	parto	prematuro	e	também	na	involução	uterina	do	pós-
parto.	Além	disso,	durante	a	gravidez,	há	a	presença	das	contrações	de	Braxton-Hicks,	
conhecidas	como	contrações	de	treinamento,	que	“ocorre,	com	frequência,	após	as	28	
semanas	de	gestação,	com	uma	 intensidade	de	10	mmHg,	podendo	chegar	a	20	mmHg,	
que	se	difundem	de	forma	parcial	ou	total	pelo	útero”	 (ZUGAIB;	FRANCISCO,	2016,	p.	
318).	 No	 período	 termo	 da	 gestação,	 as	 frequências	 das	 contrações	 de	 treinamento	
aumentam	e,	quando	inicia	o	trabalho	de	parto,	essas	contrações	já	ficam	diferentes,	
tanto	a	intensidade	como	a	duração.
No	decurso	do	TP,	as	contrações	uterinas	provocam	o	aumento	da	
pressão	 hidrostática	 intra-amniótica,	 a	 qual	 se	 transmite	 ao	 colo	
e	 segmento	 inferior	 enquanto	 as	 membranas	 estiverem	 intactas,	
após	 a	 rotura	 das	membranas,	 é	 a	 apresentação	 fetal	 que	 exerce	
diretamente	 pressão	 sobre	 estas	 estruturas.	 Em	 ambos	 os	 casos,	
a	 pressão	 exercida	 constitui	 um	 contributo	 essencial	 para	 o	
apagamento	e	dilatação	do	colo	(GRAÇA,	2017,	p.	221).
As	 contrações	 uterinas	 são	 involuntárias	 e	 dolorosas	 durante	 o	 trabalho	 de	
parto,	de	acordo	com	Montenegro	e	Rezende	Junior	(2016),	sendo	percebidas	a	partir	da	
palpação	abdominal,	durante	a	fase	de	dilatação,	com	intensidade	de	30	a	40	mmHg	e	
frequência	de	três	contrações	em	10	minutos,	podendo	chegar	a	cinco	contrações	em	
10	minutos.	Têm	ritmo	e	são	regulares	na	fase	ativa	do	trabalho	de	parto	(após	5	cm	de	
dilatação);	já	na	fase	latente	(fase	inicial	da	dilatação),	as	contrações	são	irregulares	e	sem	
ritmo.	Sobre	as	fases	do	trabalho	de	parto,	abordaremos	mais	à	frente.
Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	explicam	que,	como	o	orifício	externo	do	colo	
uterino	é	desprovido	de	musculatura,	ele	não	irá	contrair,	o	que	pode	contrair	é	o	orifício	
interno	e,	claro,	o	corpo	uterino.	Com	a	pressão	vinda	da	tração	no	segmento	inferior,	
que	 atua	 diretamente	 no	 colo,	 consequentemente,	 isso	 propicia	 o	 amolecimento	 do	
6
colo	anteparto.	Assim,	o	corpo	uterino	fica	mais	curto	e	espesso	e	o	colo,	mais	fino	e	
dilatado.	Normalmente,	em	primíparas,	variam	de	6	a	18	horas	de	trabalho	de	parto	e,	nas	
multíparas,	de	6	a	10	horas	até	a	completa	dilatação,	sem	contar	o	período	expulsivo,	
após	a	dilatação	total	de	10	cm.
Após	o	parto,	Montenegro	e	Rezende	Junior	(2016)comentam	que	as	contrações	
diminuem	até	atingir	uma	em	cada	10	minutos,	até	12h	de	puerpério;	nesse	momento,	
elas	são	 responsáveis	para	a	 involução	uterina,	um	fator	 interessante	é	que,	quando	
o	 bebê	suga	o	peito	materno,	pode	haver	aumento	dessa	atividade	uterina,	devido	aos	
estímulos	hormonais
3 MECANISMO DO PARTO
Para	 o	 nascimento	 acontecer,	 de	 fato,	 não	 são	 apenas	 as	 contrações	 que	
fazem	todo	o	trabalho;	o	feto	e	a	estrutura	materna	também	têm	grande	importância	
para	a	progressão	do	parto.	 “Corresponde	à	 sequência	dos	movimentos	passivos	da	
apresentação	 fetal,	 que	 permitem	 a	 passagem	 através	 do	 canal	 do	 parto”	 (NENÉ;	
MARQUES;	BATISTA,	2016,	p.	312).	Essa	adaptação,	cujo	objetivo,	nesse	caso,	é	o	feto	fazer	
o	trajeto	no	canal	do	parto,	conta	com	mais	elementos:	a	força	das	contrações	uterinas	
e	o	mecanismo	que	é	o	conjunto	dos	movimentos	do	feto	na	bacia	(com	articulações,	
ligamento	e	músculos)	(NENÉ;	MARQUES;	BATISTA,	2016).
Há alguns aspectos da obstetrícia, acerca da anatomia, que é importante 
lembrarmos, segundo Graça (2017), a pelve é constituída por quatro ossos: 
o sacro, o cóccix e o par de ossos formados por íleo, ísquio e púbis.
ATENÇÃO
Há	 algumas	 nomenclaturas	 e	 descrições	 que	 definem	 a	 relação	 do	 objeto	
móvel	(o	feto)	com	o	organismo	materno	(eixo	uterino),	facilitando	o	entendimento	dos	
profissionais	que	estão	assistindo	ao	parto,	melhorando	a	 comunicação	com	termos	
técnicos	e	entendimento	dos	acontecimentos.	Por	isso,	citaremos	essas	nomenclaturas,	de	
forma	sucinta,	antes	de	seguir	com	os	movimentos	cardinais	do	feto:
• Atitude:	 é	 a	 relação	das	partes	 fetais	 entre	 si,	 sendo	estas	de	
flexão	 ou	 de	 extensão.	A	mais	 comum	é	 a	 de	flexão	 em	que	 o	
mento	se	aproxima	do	tórax,	os	membros	dobrados	na	frente	do	
corpo	e	o	dorso	ligeiramente	curvado	para	a	frente.	• Situação: 
é	 a	 relação	 entre	 o	 maior	 eixo	 materno	 e	 fetal.	 Essas	 estão	
agrupadas	 em	 situações	 longitudinais,	 transversas	 ou	 oblíquas.	
As	 longitudinais	podem	ser	classificadas	em	cefálicas	ou	pélvicas.	
[...]	
7
• Apresentação:	é	a	parte	do	feto	que	se	situa	no	estreito	superior	
da	pélvis.	As	principais	apresentações	são	a	cefálica,	a	de	nádegas	e	
a	de	ombros.	
• Ponto de Referência:	é	a	parte	fetal	identificável	pelo	toque	va-
ginal,	usada	para	descrever	a	orientação	da	apresentação	(posi-
ção	e	variedade).	[...]	
• Posição:	é	a	relação	do	ponto	de	referência	com	a	parte	anterior,	
posterior	ou	com	as	laterais	da	pélvis	materna.	
• Variedade:	 é	 a	 relação	 do	 ponto	 de	 referência	 fetal	 com	 os	
pontos	de	referência	da	bacia	materna	(púbis,	sacro	[...]	anterior	
ou	posterior).
É	possível	perceber	algumas	das	apresentações	de	um	feto	de	termo	na	Figura	1,	
podendo	ser	diferenciada	a	posição	cefálica	fletida	(A)	e	a	defletida	(B),	apresentações	
pélvicas	(E	e	F)	e	córmicas	(G	e	H).
Figura 1 – Apresentações fetais
Fonte: Zugaib; Francisco (2016, p. 340)
É	importante	sabermos	a	posição	do	feto	dentro	do	útero	da	mãe	no	trabalho	
de	parto,	com	base	em	alguns	fatores,	como	a	atitude	e	a	posição	importam	muito	para	
uma	boa	progressão	do	parto.	Graça	(2017)	explana	que,	em	96%	das	gestações,	o	bebê	
está	em	uma	situação	longitudinal,	cefálica	(com	a	cabeça	para	baixo)	e	fletido.	Além	
disso,	é	possível	sentir,	a	partir	da	manobra	de	Leopold	(palpação	abdominal)	e	também	
pelo	toque	vaginal,	a	apresentação	e	a	variedade	do	feto.
8
O livro Guia Prático Belly Mapping: descobrindo a posição do bebê na 
barriga pelo tato, de Gail Tully, oferece as explicações necessárias para 
interpretar os movimentos e as partes do corpo do bebê e como ele 
está dentro do útero. Sugerimos a sua leitura, pois é um livro diferente 
de outros livros técnicos, mais prático e simples de compreender.
DICA
Nesse	momento,	podemos	abordar	os	movimentos	cardinais	do	feto,	isto	é,	os	
movimentos	do	mecanismo	de	parto	que	ocorrem	em	adaptação	aos	diâmetros	estreitos	
do	canal	do	parto,	os	quais	se	dividem	em	seis	momentos.	Zugaib	e	Francisco	(2016)	
salientam	que	essa	divisão	é	apenas	para	fins	didáticos,	 já	que,	no	momento	real	de	
uma	assistência	ao	parto,	esses	momentos	acontecem	continuadamente	sobrepondo	um	
ao	outro.	Para	uma	melhor	compreensão	dos	movimentos	cardinais	do	feto,	a	Figura	2	
expressa	os	mecanismos	do	parto	em	apresentação	de	vértice.
Figura 2 – Movimentos cardinais do parto
Fonte: Graça (2017, p. 225)
9
A	insinuação	é	o	primeiro	movimento;	é	o	encaixe	do	feto,	que	é	a	passagem	da	
maior	circunferência	da	apresentação	por	meio	do	estreito	superior,	segundo	Montenegro	e	
Rezende	Junior	(2016),	conforme	observado	na	Figura	2	(número	2).	A	descida	consiste	no	
movimento	descendente	do	feto	no	canal	do	parto,	encontrando-se	no	estreito	médio	
do	canal,	conforme	a	Figura	2	(imagem	de	número	3).
Seguida	da	flexão	do	mento	fetal	sobre	a	face	anterior	do	tórax,	segundo	Nené,	
Marques	e	Batista	(2016),	flexão	que	oferece	o	menor	diâmetro	à	passagem	na	pelve,	
como	pode	ser	observado	na	Figura	2	(imagens	2	e	3).	A	rotação	interna	fetal	é	outro	
movimento	que	acontece	continuadamente	e	é	sobreposto	aos	outros;	a	rotação	interna	
é	a	deslocação	do	occípito	no	sentido	da	sínfise	púbica,	uma	rotação	de	45°	nas	anteriores	
e	90°	quando	transversas,	movimento	que	é	essencial	para	a	progressão	do	parto	(Figura	
2,	imagem	4),	quando	a	cabeça	do	bebê	entra	no	assoalho	pélvico	(NENÉ;	MARQUES;	
BATISTA,	2016).
A	extensão	completa	pode	ser	observada	na	imagem	5	da	Figura	2,	em	que	o	
polo	cefálico	atinge	a	vulva,	 como	consequência	das	contrações	e	 forças,	 seguindo,	
nesse	momento,	a	coroação,	quando	o	feto	é	exteriorizado.	Em	seguida,	há	a	rotação	
externa,	observada	na	 imagem	6,	quando	o	polo	cefálico	 retoma	a	atitude	anterior	à	
rotação	interna	inicial,	acompanhada	pela	rotação	do	tronco,	para	ajuste	do	diâmetro	
dos	ombros.
Por	fim,	a	expulsão,	quando	o	ombro	anterior	sai	primeiro	e	depois	o	posterior,	
depois	da	saída	dos	ombros,	o	resto	do	corpo	do	bebê	sai	com	a	força	materna	sem	
dificuldade.	 Esse	 mecanismo	 explicado	 acima	 tem	 características	 únicas	 em	 cada	
nascimento,	pois	pode	variar	de	acordo	com	a	apresentação	fetal	e	também	como	tipo	
de	pelve	materna.
4 FASES DO PARTO 
	Neste	subtópico,	emergiremos	“nas	ondas	do	mar”,	pois	é	assim	que	muitos	
dos	 profissionais,	 que	 trabalham	 com	 assistência	 ao	 parto,	 explicam	 à	 parturiente	
como	é	o	trabalho	de	parto:	as	contrações	são	como	ondas	do	mar,	que	vêm	e	vão,	
com	uma	intensidade	progressiva	e	depois	vão	embora,	sabendo	que	logo	vão	voltar.	O	
parto	é	uma	trajetória	cheia	de	emoções	e,	em	cada	etapa	desse	trajeto,	há	um	tipo	de	
sentimento	e	experiência	que	a	parturiente	pode	sentir,	cabendo	também	ao	enfermeiro	
guiar	essa	mulher	durante	cada	fase	do	parto.
Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	afirmam	que	o	início	do	trabalho	de	parto	se	dá	
quando	começam	as	contrações	uterinas	regulares	e	dolorosas,	e,	consequentemente,	
ocorre	a	dilatação	do	colo	uterino.	Montenegro	e	Rezende	Junior	(2016)	explicam	que	não	é	
tão	fácil	perceber	o	início	do	trabalho	de	parto	real,	visto	que	é	necessário	um	conjunto	
de	acontecimentos,	como	contrações	dolorosas,	começando	com	duas	contrações	em	
10
10	minutos,	com	duração	aproximada	de	50	segundos	a	um	minuto,	devendo	aumentar	
de	 frequência.	Ainda	 salientam	 que,	 em	 algumas	mulheres	multíparas,	mesmo	 com	
5	 cm	de	 dilatação,	 a	 fase	 ativa	 do	 parto	 pode	 não	 ter	 iniciado	 ainda.	 Para	 Zugaib	 e	
Francisco	(2016),	o	fenômeno	mais	importante	são	as	contrações	efetivas,	que	devem	
ter	frequência	 regular,	sendo	esperadas	duas	a	cinco	contrações	em	10	minutos,	com	
intensidade	de	20	a	60	mmHg,	com	média	de	1	minuto	de	duração.
A	partir	 de	muitos	estudos,	dividiu-se	o	 trabalho	de	parto	em	períodos,	para	
autores	 brasileiros,	 ou	 estádios,	 para	 os	 autores	 portugueses.	 Essa	 divisão	 clínica	
decorre	 desde	 o	 início	 das	 contrações	 uterinas	 regulares	 até	 o	 puerpério	 imediato.	
Estudaremos	cada	períodoe	nos	aprofundaremos	na	assistência	que	o	enfermeiro	pode	e	
deve	oferecer	a	mulher/casal/família.
4.1 ASSISTÊNCIA NO PRIMEIRO E NO SEGUNDO PERÍODO 
DO PARTO
O	primeiro	período	é	nomeado	como	o	período	da	dilatação,	do	apagamento	
do	colo.	 “Esse	período	começa	com	as	primeiras	modificações	cervicais	 e	 termina	com	
a	dilatação	 completa	do	 colo	 uterino	 (10	 cm),	 de	modo	a	permitir	 a	 passagem	fetal”	
(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2016,	p.	326).
Esse	primeiro	período	ainda	é	dividido	por	duas	fases:	 a	 latente	e	a	ativa	do	
trabalho	de	parto.	A	fase	 latente,	conforme	Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	explicam,	
é	a	fase	de	apagamento	do	colo	uterino	e	do	início	da	dilatação	(até	5	cm),	podendo	ser	
uma	fase	mais	 lenta	em	primíparas,	com	duração	de	mais	de	6	horas.	Essa	fase	não	
tem	muito	ritmo	e	pode	ser	bem	variável.	Já	a	fase	ativa	é	considerada	após	os	5	cm	de	
dilatação	até	os	8	cm,	quando	começa	a	fase	de	transição	(NENÉ;	MARQUES;	BATISTA,	
2016).	Nesse	momento,	é	possível	perceber	melhor	a	relação	feto-pélvica.	
A	 fase	 ativa	 é	 caracterizada	 por	maior	 ritmo	 de	 contrações	 e	 dilatação	mais	
avançada	 e	 pode	 durar	 também,	 em	 média,	 6	 horas	 em	 primíparas.	 É	 considerada	
dilatação	total	quando	atinge	os	10	cm,	quando	não	é	mais	possível	tocar	o	tecido	do	
colo	na	parte	anterior	da	apresentação	fetal.	Na	Figura	3,	podemos	observar	o	processo	
do	primeiro	período,	a	dilatação	de	uma	nulípara	(1	a	4)	e	uma	multípara	(5	a	8).
11
Figura 3 – Apagamento e dilatação do colo uterino
Fonte: Montenegro; Rezende Junior (2016, p. 308)
A ruptura da bolsa de águas (amniotomia) ocorre em 80% dos 
casos no final da dilatação ou no início da expulsão, de acordo 
com Montenegro e Rezende Junior (2016). Pode acontecer 
também de romper antes, sendo chamada de rutura prematura 
de membranas, ou até ficar intacta, sem intervenções 
desnecessárias até alguma justificativa criteriosa, segundo 
Nené, Marques e Batista (2016), tipos de partos chamados 
de empelicados. A amniotomia de rotina não é indicada para 
acelerar o trabalho de parto, de acordo com muitos estudos e 
conforme descrito em uma das recomendações da Organização 
Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 2018) de cuidados intrapartos 
para experiências positivas de parto.
IMPORTANTE
12
Antes de continuarmos com as fases do trabalho de parto, é de extrema 
importância que você, acadêmico, futuro profissional enfermeiro, tenha 
conhecimento do documento da OMS lançado em 2018, intitulado 
Cuidados intraparto para experiências positivas de parto, que traz 56 
recomendações, baseadas em evidências científicas, com o intuito de 
estabelecer padrões mundiais de cuidados à mulher grávida, de forma 
saudável, com menos intervenções desnecessárias. 
Para saber mais sobre esse documento, acesse: http://twixar.me/1gQm. 
DICA
Nomeadamente	 sobre	 a	 assistência	 do	 enfermeiro	 no	 primeiro	 período,	 é	
imprescindível	 informar	 às	gestantes	 sobre	a	 singularidade	de	cada	parto	para	 cada	
mulher,	 a	 intensidade	da	 dor	 e	 o	 tempo	do	parto,	 que	pode	 ser	 diferente	 para	 cada	
parturiente.	O	incentivo	para	que	a	parturiente	adote	posições	que	facilitem	a	progressão	
do	trabalho	de	parto	também	faz	parte	do	papel	do	enfermeiro,	como	a	verticalização,	
a	deambulação	e	a	movimentação	da	pélvis.	A	utilização	da	bola	suíça,	durante	essa	
fase,	traz	muitos	benefícios,	como	a	descida	do	bebê	pelos	estreitos	da	pélvis.	Nené,	
Marques	e	Batista	(2016)	ainda	afirmam	que	a	utilização	do	chuveiro	também	deve	ser	
encorajada,	bem	como	a	realização	de	massagens,	a	musicoterapia	e	outros	métodos	
que	transmitam	segurança	e	calma.
Além	de	envolver	o	casal	na	tomada	de	decisão	e	a	mulher	como	protagonista	
desse	 momento,	 promover	 um	 ambiente	 calmo	 e	 tranquilo,	 livre	 de	 barulhos	 e	
distrações,	 também	é	necessário	esclarecer	todos	os	procedimentos	 realizados,	 tendo	
uma	comunicação	clara	e	adequada	para	esse	momento.	O	enfermeiro	deve	também	
lembrar	a	gestante	de	urinar	com	uma	certa	regularidade,	para	evitar	a	distensão	vesical,	
pois	isso	pode	se	tornar	uma	barreira	para	a	descida	do	feto	no	canal	do	parto.
A	monitoração	 cardíaca	 fetal	 também	 deve	 ser	 realizada	 durante	 o	 primeiro	
período	do	parto,	visto	a	importância	do	bem-estar	materno-fetal.	Conforme	as	reco-
mendações	da	OMS	(WHO,	2018),	realiza-se	a	ausculta	cardíaca	fetal	intermitente,	com	
Doppler	móvel,	Sonar	ou	Pinard	de	estetoscópio.	A	verificação	dos	sinais	vitais	maternos	
no	período	também	faz	parte	da	assistência	de	Enfermagem.
Já	 o	 segundo	 período	 do	 parto,	 chamado	 de	 período	 expulsivo,	 o	 qual	 se	
inicia	com	a	dilatação	completa	e	se	encerra	com	a	saída	total	do	feto	(MONTENEGRO;	
REZENDE	 JUNIOR,	 2016),	 há	 a	 presença	 da	 descida	 do	 feto	 pelo	 canal	 vaginal	 e	 as	
contrações	voluntárias	da	parede	abdominal,	que	vêm	do	termo	“vontade	de	empurrar”	
ou	os	“puxos”;	aos	poucos,	a	vulva	se	abre	com	a	apresentação	fetal	e,	logo	em	seguida,	
o	desprendimento	total.	Esse	período,	segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016),	pode	
durar	alguns	minutos	ou	até	3	horas,	sendo	necessário	saber	a	fisiologia	do	parto,	para,	
nesse	momento,	evitar	 intervenções	desnecessárias,	visto	que	é	um	momento	em	que	a	
paciência	é	uma	virtude.
13
Nesse	período,	o	profissional	deve	encorajar	a	mulher	a	escolher	a	posição	que	
seja	mais	confortável	para	ela	parir,	conforme	Figura	4.	A	vocalização	também	deve	ser	
apoiada,	sem	julgamentos	e,	claro,	a	orientação	para	o	acompanhante	estar	presente,	de	
maneira	agradável,	dando	o	suporte	que	a	parturiente,	também	necessário	nesse	período.
Vários autores explanam sobre os benefícios da verticalização 
da mulher no parto, como as recomendações da OMS. Nesse 
sentido, segundo Nené, Marques e Batista (2016), posições 
como cócoras, ajoelhada, de pé, sentada e de gatas têm 
muitas vantagens, como melhora do fluxo uteroplacentário 
e da ventilação pulmonar materna, melhoria da eficiência da 
contratilidade uterina, melhora no alinhamento de feto e pelve 
materna, aumento dos diâmetros da pelve, otimização do esforço 
materno, ação da gravidade ao favor do nascimento, além de 
fatores que se relacionam ao protagonismo da mulher no parto, 
pois fazem com que a mulher tenha mais poder de escolha e 
participação no nascimento do seu filho, facilitando a vinculação 
e o aumento das experiências positivas de parto. Outro fator 
importante é a diminuição dos partos instrumentalizados.
INTERESSANTE
Figura 4 – Posição de cócoras sustentada
Fonte: Nené, Marques e Batista (2016, p. 345)
Para	 finalizar	 as	 abordagens	 assistenciais	 desse	 período	 específico,	 Nené,	
Marques	e	Batista	(2016)	ainda	ressaltam	que	o	profissional	deve	estar	atento	a	sinais	de	
alerta,	como	desacelerações	fetais	tardias	e	que	demoram	para	se	recuperar,	ou	que	
se	mantêm	em	desacelerações	–	nesses	casos,	pode	ser	necessário	suporte	de	oxigênio,	
conforme	solicitação	médica.
14
4.2 ASSISTÊNCIA NO TERCEIRO E NO QUARTO PERÍODO DO 
PARTO
O	terceiro	período	é	designado	quando	a	dequitadura	da	placenta	acontece	e,	
segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016,	p.	310),	“decorre	desde	a	expulsão	do	feto	até	
à	expulsão	da	placenta”.	Há	uma	diminuição	das	contrações	uterinas,	após	a	saída	do	
feto,	 e	 da	 área	 de	 implantação	 da	 placenta,	 fazendo	 com	que	 ocorra	 uma	 tensão	 e	
rutura	das	vilosidades,	a	formação	de	hematoma	retroplacentar	e	aí	o	descolamento	
da	placenta	e	de	sua	expulsão.	Essa	saída	da	placenta	tem	dois	tempos:	a	separação	da	
placenta	da	parede	do	útero	e	sua	descida;	e	a	saída	dela	até	a	vulva.	
A	placenta	pode	sair	apresentando	a	face	lisa	(conhecido	como	mecanismo	de	
Schultze)	ou	a	face	rugosa	(conhecido	como	mecanismo	de	Duncan),	como	mostra	a	
Figura	5,	demonstrando	dois	tipos	de	dequitação	da	placenta:	a	 imagem	“A”	retrata	o	
mecanismo	de	Schultze,	sendo	mais	comum	(em	75%	dos	casos),	e	a	 imagem	“B”,	o	
mecanismo	de	Duncan.
Figura 5 – Dequitação da placenta
Fonte: Zugaib; Francisco (2016, p. 329)
Nené,	Marques	e	Batista	(2016)ainda	destacam	os	sinais	do	terceiro	período:	
•	 Contrações	uterinas.
•	 Mudança	da	forma	discoide	do	útero	para	ovoide,	à	medida	que	a	
placenta	se	descola	para	o	segmento	inferior.
•	 Saída	súbita	de	sangue	à	vulva.
•	 Descida	do	cordão	ou	aumento	aparente	do	cordão,	à	medida	que	
a	placenta	desce	para	o	introito	vaginal.
•	 Aumento	 do	 volume	 vaginal	 observável	 (NENÉ;	 MARQUES;	
BATISTA,	2016,	p.	311).
O	tempo	da	dequitadura	é	variável,	podendo	variar	de	minutos	até	ser	aguardado	
45	minutos	a	1	hora	após	a	expulsão	do	feto,	segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016).	
Já	para	Zugaib	e	Francisco	(2016,	p.	329),	em	“80%	dos	partos	a	dequitação	se	dá	nos	
primeiros	10	minutos”.
15
A	placenta,	sendo	um	órgão,	gerado	na	gestação,	para	nutrir	o	bebê	dentro	do	
útero,	guarda	um	grande	significado	e,	por	isso,	é	interessante	o	enfermeiro	dar	a	opção	
para	a	mulher	ver	e	conhecer	a	placenta.	Além	disso,	é	necessário	que	o	enfermeiro	
verifique	se	há	a	ausência	de	algum	cotilédone	na	placenta,	podendo	serem	evitados	
restos	placentários	dentro	do	útero.
A	assistência	do	profissional,	nesse	momento,	também	é	diminuir	a	hemorragia	
pós-parto.	A	OMS	 (WHO,	2018)	traz	como	 recomendação	a	tração	controlada	do	cordão	
umbilical,	para	a	saída	da	placenta,	apenas	quando	considerada	uma	perda	de	sangue	
significativa	e	uma	prolongação	do	terceiro	período	do	trabalho	de	parto.	Assim,	essa	
manobra	não	deve	ser	feita	rotineiramente.	A	administração	de	uterotônicos	também	é	
uma	atitude	ativa	do	profissional,	conforme	as	recomendações	para	evitar	hemorragias	
no	pós-parto	imediato.
No	 quarto	 período,	 conhecido	 como	 puerpério	 imediato,	 ou	 período	 de	
Greenberg,	correspondente	à	primeira	hora	após	o	parto.	Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	
salientam	que	esse	momento	é	fundamental,	nos	processos	hemostáticos,	para	impedir	o	
sangramento	em	excesso.	Visto	a	grande	probabilidade	de	hemorragias	nesse	período,	
a	assistência,	a	vigília	e	a	observação	da	puérpera	são	essenciais.
A	verificação	do	globo	de	segurança	de	Pinard	também	é	mencionado	por	Nené,	
Marques	e	Batista	 (2016),	o	qual	corresponde	à	avaliação	da	contratilidade	uterina,	a	
partir	da	palpação	do	útero	pelo	abdome	da	mulher,	verificando,	assim,	a	ausência	de	uma	
atonia	uterina.	Na	primeira	hora,	o	útero	deve	se	manter	sempre	contraído,	completando	
o	mecanismo	de	hemostasia.	 Zugaib	 e	Francisco	 (2016)	 demonstram	os	 fenômenos	de	
miotamponamento,	que	se	refere	à	contração	do	útero	e,	consequentemente,	à	oclusão	
dos	vasos	miometriais,	conhecido	como	globo	vivo	de	Pinard,	e	o	trombotamponamento,	
que	diz	respeito	à	formação	de	trombos	nos	vasos	uteroplacentários	e,	posteriormente,	
aos	coágulos	 intrauterinos	–	ambos	são	fenômenos	 importantes	de	defesa	do	corpo	
uterino	contra	uma	hemorragia.
Para	a	assistência	de	Enfermagem,	nesse	momento,	é	de	grande	importância	
priorizar	as	queixas	maternas,	manter	estáveis	os	sinais	vitais	da	puérpera	e	a	vigília	de	
perdas	sanguíneas,	que	evitam	desfechos	infelizes.
5 PARTO INSTRUMENTADO
É	 importante	salientarmos	que	partos	 instrumentados	podem	acontecer,	devido	
a	 intercorrências	 obstétricas	 e	 distócias	 do	 parto,	 quando	 estas	 não	 são	 resolvidas	
por	outros	meios,	sem	a	necessidade	de	instrumentos	como	fórceps,	extrator	a	vácuo	
(ventosa	obstétrica)	e	episiotomia	(corte	no	períneo).	A	atualização	de	estudos,	acerca	
do	uso	dessas	intervenções	instrumentais,	tem	crescido,	mostrando	técnicas	novas	e	
também	indicações	baseadas	em	evidências	científicas	para	a	uso	de	tal	instrumentos.	
16
Sendo	um	procedimento	de	competência	do	médico	obstetra,	o	fórceps	e	o	extrator	a	
vácuo	precisam	de	um	olhar	menos	rotineiro,	bem	como	a	episiotomia	que	faz	parte	
tanto	da	competência	médica	como	de	enfermeiros	especialistas	em	obstetrícia.
Para	iniciarmos	essa	abordagem,	é	interessante	saber	que	o	pH	do	sangue	fetal	
tende	a	diminuir	no	terceiro	período,	que	é	o	período	expulsivo,	Zugaib	e	Francisco	(2016)	
ainda	explicam	que	faz	parte	da	fisiologia	do	parto	o	desenvolvimento	de	uma	moderada	
acidose.	Entretanto,	quando	o	feto	apresenta	uma	desaceleração	tardia,	na	qual	esta	
faz	com	que	o	oxigênio	caia	a	níveis	menores	ou	iguais	a	18	mmHg,	há	uma	suspeita	de	
sofrimento	fetal	que	deve	ser	avaliada,	e	é	indicada	a	abreviação	do	período	expulsivo.
O	fórceps	é	um	instrumento	com	dois	ramos.	Graça	(2017)	explana	que	há	o	lado	
direito	e	o	esquerdo	do	fórceps,	formado	por	uma	colher,	que	se	adapta	à	cabeça	do	bebê	
e	ao	canal	do	parto,	e	o	cabo,	para	o	médico	poder	manipular	(Figura	6).	Os	dois	ramos	
ligam-se	como	uma	articulação	pelo	cabo.	Zugaib	e	Francisco	(2016)	ainda	afirmam	que	
o	uso	do	fórceps	foi	devidamente	assegurado	após	estudos	iniciais	que	mostravam	a	
sua	segurança,	quando	na	presença	de	uma	equipe	treinada	para	a	 realização	desses	
partos	e	um	obstetra	com	mãos	treinadas	para	uso	desse	instrumento.
Para	 evitar	 a	 compreensão	 desequilibrada	 e	 excessiva	 da	 cabeça	
fetal,	 é	 de	 extrema	 importância	 que	 as	 colheres	 do	 fórceps	 sejam	
perfeitamente	simétricas	e	que	a	distância	entre	si	no	ponto	de	maior	
afastamento	se	adapte	ao	diâmetro	biparietal	do	feto	de	termo	[...]	
o	operador	nunca	deve	forçar	demasiadamente	a	junção	dos	cabos	
(GRAÇA,	2017,	p.	559).
Figura 6 – Fórceps
Fonte: Zugaib; Francisco (2016, p. 419)
17
Indicações	para	a	aplicação	do	fórceps,	segundo	Graça	(2017)	e	Zugaib	e	Francisco	
(2016):	
•	 período	expulsivo	prolongado	e	exaustão	materna;
•	 necessidade	obstétrica	de	abreviar	o	período	expulsivo,	quando	há	risco	materno-
fetal;
•	 traços	cardíacos	suspeitos	de	hipóxia	fetal	(sofrimento	fetal).
Entre	as	condições	maternas	e	fetais	para	aplicação	do	fórceps,	segundo	Graça	
(2017)	e	Zugaib	e	Francisco	(2016),	estão:	
•	 dilatação	completa	(10	cm)	do	colo	uterino;
•	 bolsa	de	água	rota;
• feto vivo;
•	 apresentação	fetal	cefálica	e	encravada;
•	 compatibilidade	feto-pélvica;	
•	 anestesia	local,	dos	nervos	pudendos,	ou	quando	necessária	epidural.
São	 contraindicações	 para	 o	 uso	 do	 fórceps,	 segundo	 Graça	 (2017),	 o	 não	
cumprimento	das	condições	maternas	e	fetais	citadas	anteriormente,	e	a	não	familiarização	
do	médico	obstetra	com	o	uso	do	fórceps.
Já	a	ventosa	obstétrica,	ou	o	extrator	a	vácuo,	é	outra	proposta	de	instrumento	
para	extração	do	feto,	quando	se	faz	necessária.	Atualmente,	consiste	em	um	instrumento	
de	 silicone	 ou	 plástico,	 com	 um	mecanismo	manual	 ou	 elétrico	 de	 bomba	 a	 vácuo,	
conforme	mostra	a	Figura	7.	Graça	(2017,	p.	568)	explica	que	se	baseia	em	uma	técnica	
de	“força	externa	de	tração	ao	escalpe	fetal	através	do	vácuo”,	salientando	que	a	essa	
tração,	 associada	 ao	 esforço	 materno	 e	 contrações	 uterinas	 do	 período	 expulsivo,	
facilita	a	passagem	do	feto.	Além	disso,	Graça	(2017)	defende	que	o	vácuo	é	aplicado	
sob	o	tecido	do	escalpe	fetal,	 fazendo	com	que	este	forme	um	edema	e	penetre	na	
concavidade	da	ventosa.	Um	ponto	importante	que	vários	autores	trazem	é	que	só	pode	
ser	utilizada	a	ventosa	com	um	manômetro,	para	poder	saber	a	precisão	da	pressão.
Entre	as	indicações	para	o	uso	da	ventosa,	segundo	Graça	(2017),	estão:
•	 apenas	em	apresentações	de	vértice;
•	 sinais	de	sofrimento	fetal	no	expulsivo;
•	 abreviação	do	período	expulsivo.
 
18
Já	as	complicações	da	ventosa,	segundo	Graça	(2017),	são:
•	 caput,	pigmentação	da	pele	do	escalpe	do	bebê;
•	 traumatismo	 pequenos	 como	 erosão	 do	 escalpe,	 céfalo-hematoma	 e	 hemorragia	
retiniana;
•	 esões	 traumáticas	 maiores:	 lacerações	 do	 escalpe,	 hematoma	 subaponevrótico,	
hemorragia intracraniana e fratura craniana;
•	 lesões	indiretas,	como	paralisias	e	fraturas	de	membros	superiores	e	ombros.
Figura 7 – Ventosa
Fonte: Graça (2017, p. 568)
O uso, de forma rotineira, de intervenções no parto e instrumentalização 
rotineira altera totalmente o curso fisiológico do parto normal e, 
infelizmente, inicia o que é chamado de cascata de intervenções, em 
que uma intervenção condiciona a outra sucessivamente, aumentandoa 
complexidade e o risco de desfecho desfavorável do parto.
ATENÇÃO
O	corte	no	períneo,	 conhecido	como	episiotomia,	 segundo	Graça	 (2017),	 não	
é	necessário	ser	 realizado	antes	da	aplicação	do	fórceps.	O	autor	ainda	salienta	que	
a	episiotomia	é	considerada	uma	lesão	perineal	de	2º	grau,	realizada	com	o	intuito	de	
facilitar	o	segundo	período	do	trabalho	de	parto	e	melhorar	o	desfecho	materno	fetal.	
Entretanto,	é	necessário	discutirmos	as	controvérsias	quanto	à	realização	de	episiotomia,	
pois	não	há	evidências	científicas	que	mostram	que	esse	procedimento	evita	lacerações	
graves,	 muitos	 autores	 referem	 que	 previne	 riscos	 maiores	 de	 lacerações	 graves,	
incontinência	urinária	e	fecal	sem	ter	comprovação	científica	para	tal.	“O	uso	rotineiro	
ou	 liberal	da	episiotomia	não	é	 recomendado	para	mulheres	submetidas	a	parto	vaginal	
espontâneo”	(LEAL	et al.,	2019,	p.	9).
19
Em	2018,	a	OMS	determinou	como	uma	prática	não	 recomendada	durante	o	
parto,	explicando	que:
Embora	 a	 evidência	 da	 revisão	 sobre	 os	 efeitos	 comparativos	 das	
políticas	de	episiotomia	tenha	sido	apresentada	como	uso	seletivo/
restritivo versus	 uso	 rotineiro/liberal	 da	 episiotomia,	 devido	 aos	
efeitos	 benéficos	 da	 episiotomia	 seletiva/restritiva	 em	 comparação	
com	a	política	de	episiotomia	de	rotina/liberal,	a	falta	de	evidências	
sobre	 a	 eficácia	 de	 episiotomia	 em	 geral,	 e	 a	 necessidade	 de	
desencorajar	o	uso	excessivo	de	episiotomia	de	rotina	em	todos	os	
locais,	o	Grupo	de	Desenvolvimento	de	Diretrizes	(GDG)	sentiu	que	era	
importante	enfatizar	que	o	uso	rotineiro/liberal	da	episiotomia	“não	
é	recomendado”,	ao	invés	de	recomendar	o	uso	seletivo/restritivo	da	
episiotomia.	O	GDD	reconheceu	que,	no	momento,	não	há	evidências	
que	corroborem	a	necessidade	de	qualquer	episiotomia	em	cuidados	
de	rotina,	e	uma	taxa	“aceitável”	de	episiotomia	é	difícil	de	determinar.	
O	papel	 de	episiotomia	em	emergências	obstétricas,	 como	sofrimento	
fetal	com	necessidade	de	parto	vaginal	instrumental,	continua	a	ser	
estabelecido.	Se	uma	episiotomia	for	realizada,	anestesia	local	eficaz	
e	 o	 consentimento	 informado	 da	 mulher	 são	 essencial.	 A	 técnica	
preferida	é	a	 incisão	médio-lateral,	pois	as	 incisões	na	 linha	média	
estão	associadas	a	um	maior	risco	de	lesão	obstétrica	complexa	do	
esfíncter	anal	(OASI)	(WHO,	2018,	p.	150,	tradução	nossa).
Graça	(2017,	p.	580)	ainda	salienta	que,	“Portanto,	à	luz	do	conhecimento	atual,	
não	existem	critérios	bem	definidos	nem	uniformes	para	se	realizar	uma	episiomia	[...]	
os	dados	que	dispomos	não	apoiam	a	execução	da	episiotomia	por	rotina	[...]	por	isso	o	
juízo	clínico	individual	deve	prevalecer”.
Após	a	realização	de	uma	episiotomia,	é	necessário	realizar	uma	episiorafia,	que	
é	o	reparo	dos	tecidos	com	sutura,	optando	por	suturas	monofilamentares,	para	evitar	
risco	infeccioso,	competências	estas	do	obstetra,	do	enfermeiro	obstetra,	da	obstetriz	
e	da	parteira.
6 INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
A	indução	do	trabalho	de	parto	é	 induzir,	artificialmente,	a	contratilidade	uterina,	
para	iniciar	o	trabalho	de	parto,	antes	de	iniciado	espontaneamente.	Graça	(2017)	afirma	
que	é	 “indicada	quando	os	benefícios	para	a	mãe	e	para	o	feto	são	maiores	do	que	
os	de	deixar	prosseguir	a	gravidez,	pelo	que	deve	restringir-se	aos	casos	em	que	há	
indicações	clínicas	formais”.
A	indução	de	um	parto	deve	ser	realizada	apenas	quando	há	real	necessidade,	
para	evitar,	assim,	a	medicalização	do	parto.	Por	 isso,	as	 indicações	para	 indução	de	
trabalho	de	parto,	 segundo	Graça	 (2017),	Nené,	Marques	e	Batista	 (2016),	e	Zugaib	e	
Francisco	(2016),	são:
20
•	 Gravidez	pós-termo,	maior	que	41	semanas	de	gestação.
•	 Rutura	prematura	de	membranas.
•	 Comorbidades	maternas,	como	diabetes	e	hipertensão.
•	 Situações	de	patologia	associadas	a	hipertensão	induzida	pela	gravidez,	pré-eclâmpsia,	
eclampsia	e	síndrome	de	HELLP.	
•	 Estado	fetal	não	tranquilizador.	
•	 Feto	morto	ou	anômalo.	
Para	 iniciar	uma	 indução	de	parto,	é	preciso	saber	as	opções	disponíveis,	os	
métodos	 para	 indução,	 relacionando	 sempre	 com	 a	 avaliação	 do	 cérvix,	 ou	 seja,	 de	
como	o	colo	uterino	está.	
Para	isso,	existe	uma	avaliação	chamada	de	Índice	de	Bishop,	que,	segundo	Nené,	
Marques	e	Batista	(2016),	correlaciona	dados	da	avaliação	do	colo	uterino	e	a	decisão	do	
método	a	ser	utilizado.	Nesse	índice,	são	avaliados	a	dilatação	do	colo,	a	consistência,	o	
apagamento,	a	posição	e	a	altura	em	relação	às	espinhas	isquiáticas;	a	partir	disso,	se	o	
número	final	do	índice	de	Bishop	for	igual	ou	inferior	a	5,	esse	colo	é	desfavorável	e	deve	
ser	analisado,	primeiramente,	uma	maturação	do	colo,	ou	seja,	um	amolecimento	com	
prostaglandinas.	Acima	de	7,0,	já	pode	ser	iniciada	a	indução	com	oxitocina.
Zugaib	 e	 Francisco	 (2016)	 e	 Graça	 (2017)	 trazem	 os	métodos	 de	 indução	 do	
trabalho	de	parto,	divididos	em	mecânicos	e	farmacológicos,	podendo	ser	abordados	
como: 
•	 Mecânicos:	
◦	 Deslocamento	digital	 das	membranas	 é	 um	método	muito	 conhecido,	 utilizado	
para	estimular	a	produção	de	prostaglandinas,	a	partir	de	um	toque	vaginal,	no	
qual	o	profissional	ultrapassa	o	orifício	interno	do	colo	para	separar,	com	o	dedo,	
as	membranas	amnióticas	da	parte	inferior	do	útero,	teoricamente,	pode	desencadear	
um	trabalho	de	parto	em	48	horas.	
◦	 Sonda	 Foley	 também	 é	 um	 método	 mecânico	 conhecido,	 em	 que	 a	 sonda	 é	
colocada	na	parte	interior	do	orifício	do	colo	uterino,	 inflando	o	balão	para	fazer	
pressão	mecânica	no	colo	uterino,	de	dentro	para	fora.	A	sonda	é	eliminada	em	12	
horas.	Esse	método	pode	ser	utilizado	em	mulheres	com	cesariana	prévia,	visto	
que	mulheres	com	histórico	de	cesariana	não	devem	utilizar	a	indução	de	parto	
com	prostaglandina	misoprostol.
• Farmacológicos: 
◦	 Prostaglandinas	 (PGE1	 e	 PGE2):	 utilizadas	 para	 maturação	 do	 colo	 uterino,	
podendo	 ser	 de	 uso	 endocervical	 por	 via	 vaginal	 ou	 via	 oral.	 Deve	 seguir	 os	
protocolos	 de	 cada	 instituição,	 respeitando	 os	 períodos	 entre	 os	 comprimidos	
conforme	a	mg.	As	gestantes	entram	em	trabalho	de	parto,	geralmente,	após	12	
horas	do	uso	da	primeira	prostaglandina.	Essas	prostaglandinas	não	devem	ser	
utilizadas	concomitantemente	com	ocitocina,	devendo	aguardar	um	período	de	4	
horas	para	usar	a	ocitocina	após	prostaglandinas.	
21
◦	 Ocitocina:	agente	mais	conhecido	nas	induções	de	parto.	Sendo	um	uterotônico	
sintético,	realizado	por	via	endovenosa,	com	controle	de	gotejamento,	por	meio	
de	bomba	de	infusão.	Começa	com	doses	iniciais	e	aumenta	a	dose	conforme	o	
passar	das	horas,	até	obter	contrações	efetivas	e	regulares.
É de extrema importância a avaliação da vitalidade fetal antes e 
durante a indução de trabalho de parto, principalmente em uso de 
métodos farmacológicos, devendo atentar para bradicardias fetais 
ou acelerações fetais que não estabilizam.
ATENÇÃO
Outra	 técnica	 que	 é	 observada	 a	 sua	 utilização	 nos	 centros	 obstétricos	 é	 a	
amniotomia,	utilizada	para	acelerar	o	trabalho	de	parto	em	curso,	e	de	forma	rara	para	
indução	do	trabalho	de	parto.	A	OMS	(WHO,	2018,	p.	117,	tradução	nossa)	recomenda:	“O	
uso	de	amniotomia	isoladamente	para	prevenção	de	atraso	no	trabalho	de	parto	não	é	
recomendado	[...]	O	uso	de	amniotomia	precoce	com	aumento	precoce	de	ocitocina	para	
prevenção	de	atraso	no	trabalho	de	parto	não	é	recomendado”.
Para	finalizar,	é	necessário	discutirmos	que,	atualmente,	não	apenas	no	Brasil,	
mas	em	grande	parte	do	mundo,	há	uma	alta	taxa	de	indução	de	partos,	muitas	vezes	
desnecessárias,	com	aumento	também	da	taxa	de	cesarianas	por	distócias	funcionais	
do	parto	e	sofrimento	fetal.	Esses	mecanismos	de	indução	devem	ser	realizados	apenas	
quando	bem	indicados,	conforme	citado	no	início	deste	subtópico.	O	enfermeiro,	como	
profissional	importante	da	equipe	no	centro	obstétrico,	pode	e	deve	informar	à	parturiente	
essas	 indicações,	 baseadas	 em	 evidências	 científicas	 e,	 quando	 realizadas,	 ele	 deve	
praticaro	cuidado	e	a	vigília	materno-fetal	durante	todo	o	período	da	indução	do	parto.	
22
Neste tópico, você aprendeu:
•	 Para	uma	contração	uterina	acontecer,	é	necessária	a	formação	de	gap	 junctions,	
além	da	síntese	de	prostaglandinas	e	do	aumento	de	receptores	de	ocitocina.	
•	 O	trabalho	de	parto	é	diagnosticado	pela	presença	de	contrações	regulares	e	efetivas,	
iniciando	com	duas	contrações	em	10	minutos,	podendo	chegar	a	cinco	contrações	
em	10	minutos,	com	duração	de	50	segundos	a	1	minuto.
 
•	 Conhecer	o	mecanismo	do	parto	é	fundamental	para	uma	assistência	de	qualidade	
durante	 o	 parto	 e	 o	 nascimento,	 sendo	 as	 apresentações	 cefálicas	 fletidas	 mais	
comuns,	com	mais	facilidade	no	encravamento	e	na	expulsão	fetal.
•	 As	fases	do	trabalho	de	parto	podem	ser	divididas	em	quatro	períodos:	o	primeiro	
caracterizado	pela	dilatação	do	colo	do	útero,	passando	pela	fase	latente,	pela	fase	
ativa,	 pela	 fase	 de	 transição	 até	 os	 10	 cm	 de	 dilatação;	 o	 segundo	 período,	 pela	
expulsão	do	feto;	o	terceiro	período,	pela	dequitadura	da	placenta;	e,	por	fim,	o	quarto	
período	sendo	o	puerpério	imediato.
•	 O	quarto	período,	ou	período	de	Greenberg,	é	a	primeira	hora	após	a	expulsão	da	
placenta,	 quando	 ocorrem	 dois	 fenômenos	 conhecidos	 como	miotamponamento	 e	
trombotamponamento,	 responsáveis	 pela	 estabilização	 de	 hemorragia	 uterina	 no	
pós-parto	imediato.
•	 A	assistência	do	enfermeiro,	em	cada	período	do	trabalho	de	parto,	vai	muito	além	da	
parte	técnica,	devendo	ser	vista	com	humanização	e	cuidado	integral	da	parturiente	
e	da	família.	
•	 Um	parto	 instrumentado	deve	ter	 assistência	de	uma	equipe	preparada,	 segura	e	
ágil,	 bem	 como	 de	 um	 profissional	 condutor	 capacitado	 e	 familiarizado	 com	 tais	
procedimentos,	a	fim	de	evitar	desfechos	infelizes.
•	 A	 ocitocina	 é	 um	 método	 de	 indução	 farmacológica,	 uma	 das	 principais	 formas	
utilizadas	 em	 induções	 de	 trabalho	 de	 parto,	 que	 necessita,	 frequentemente,	 de	
monitoração	cardíaca	fetal.
RESUMO DO TÓPICO 1
23
1	 Os	estudos	da	fisiologia	do	parto	mostram	que	a	bioquímica,	para	o	início	do	trabalho	
de	parto,	é	dividida	em	fases:	a	fase	0	da	quiescência,	com	a	ação	da	progesterona	
evitando	partos	prematuros,	seguida	pela	fase	1	de	ativação	miometral,	pela	fase	2	de	
estimulação	e	contração	uterina,	e	pela	fase	3	de	involução	uterina	no	pós-parto.	A	
fase	2,	das	contrações	efetivas,	é	precedida	por	uma	preparação	do	útero	e	do	colo,	
indolor	e	irregular.	Com	base	em	como	é	conhecida	essa	fase,	assinale	a	alternativa	
CORRETA: 
a)	 (			)	 Preparação	de	quiescência,	conhecidas	como	preparação	para	o	parto.	
b)	 (			)	 Contrações	de	Braxton-Hicks,	conhecidas	como	as	contrações	de	treinamento.
c)	 (			)	 Contrações	de	Partos-Hicks,	conhecidas	como	as	contrações	de	treinamento.
d)	 (			)	 Contrações	de	ativação	miometral,	conhecida	como	preparação	para	o	parto.
2	 Considera-se	 que	 um	 falso	 trabalho	 de	 parto	 não	 tem	 contrações	 regulares	 nem	
dilatação	do	colo	do	útero	e	muito	menos	a	percepção	da	dor.	Sobre	a	importância	
de	se	reconhecer	a	diferença	entre	um	falso	trabalho	de	parto	e	um	trabalho	de	parto	
verdadeiro,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 O	trabalho	de	parto	verdadeiro	tem	a	presença	de	contrações	uterinas	regulares,	
com	 intervalos	cada	vez	menores,	chegando	apenas	até	duas	contrações	em	10	
minutos.
II-	 A	percepção	da	dor	de	uma	contração	pode	ocorrer	tanto	na	lombar	da	parturiente	
como	na	região	de	baixo	ventre.
III-	 É	 possível	 identificar	 a	 presença	 de	 uma	 contração	 quando	 se	 sente	 o	 útero	
endurecido	 à	 palpação	 abdominal,	 além	da	valorização	 da	 queixa	 da	 parturiente	
sobre	a	dor	da	contração.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	 (			)	 As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	sentenças	II	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
3	 A	indução	do	trabalho	de	parto	é	um	procedimento	que	deve	ser	realizado	com	cautela	
e	apenas	quando	realmente	necessário,	conforme	indicações	clínicas	baseadas	em	
evidências	 científicas.	 De	 acordo	 com	 as	 indicações	 para	 indução	 de	 trabalho	 de	
parto,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
AUTOATIVIDADE
24
(			)	 Deve	ser	induzido	o	parto	em	caso	de	gravidez	pós-termo,	que	corresponde	ao	período	
após	as	39	semanas	de	gestação.
(			)	Situações	 como	 pré-eclâmpsia,	 eclâmpsia,	 hipertensão	 induzida	 pela	 gravidez,	
síndrome	de	HELLP	e	diabetes	são	indicações	para	a	indução	do	trabalho	de	parto.
(			)	 A	indução	do	trabalho	de	parto	é	indicada	apenas	quando	os	benefícios	para	a	mãe	e	o	
feto	são	maiores	do	que	se	a	gestação	for	mantida.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 F	–	V	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 V	–	F	–	V.
4	 O	trabalho	de	parto	é	um	evento	fisiológico,	um	conjunto	de	fenômenos	espontâneos	
que	conduz	a	dilatação	do	colo	uterino	e	a	expulsão	do	feto.	O	parto	eutócico	acontece	
quando	não	há	intervenções,	seguindo-se	todos	os	períodos	de	forma	definida	e	sem	
intercorrências.	Diante	disso,	disserte	sobre	as	fases	do	trabalho	de	parto	e	alguns	
pontos	importantes	para	a	assistência	do	enfermeiro	nos	períodos	elencados.
5	 Acerca	do	parto	instrumentado,	ou	parto	distócico,	percebe-se	que,	atualmente,	são	
utilizadas	práticas	rotineiras	de	uso	de	instrumentos	durante	o	período	expulsivo,	com	a	
justificativa	de	apressar	o	parto	e	ajudar	a	parturiente.	Nesse	contexto,	disserte	sobre	a	
utilização	desses	instrumentos	e	quando	realmente	eles	se	fazem	necessários.
25
ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE 
NO CENTRO OBSTÉTRICO
UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO 
O	parto	é	um	evento	único,	em	que	a	mulher,	que	está	grávida,	decide	o	ambiente	
onde	deseja	realizar	o	parto	e	os	profissionais	que	estarão	com	ela	–	isso	não	exclui	os	
profissionais	que	já	devem	estar	presentes	nesse	momento,	como	no	caso	de	um	centro	
obstétrico	de	uma	instituição	hospitalar,	em	que	há	as	equipes	capacitadas	com	cada	
profissional	especialista	da	área,	 sendo	médico,	enfermeiro,	 técnico	de	Enfermagem,	
psicólogo,	 nutricionista,	 fisioterapeuta	 etc.	 Além	 desse	 suporte,	 não	 podemos	 nos	
esquecer	 da	 presença	 de	 um	 acompanhante,	 que	 não	 pode	 ser	 substituído	 pela	
presença	da	doula,	e	vice-versa.
Antigamente,	 os	 profissionais	 envolvidos	 no	 parto	 eram	 apenas	 as	 parteiras	
e	suas	auxiliares,	não	sendo	um	ato	médico,	mas,	sim,	pertencente	a	esse	grupo	de	
mulheres	envolvidas	no	parto	e	no	nascimento.	Com	o	passar	do	tempo	e	com	o	aumento	do	
uso	de	tecnologias,	o	estudo	da	medicina	evoluiu	e	os	usos	de	intervenções	no	parto,	
consequentemente,	aumentaram,	deixando	a	parteira	de	ser	a	profissional	envolvida	no	
parto	para	dar	lugar	ao	médico.	Infelizmente,	percebeu-se	que	a	autonomia	da	mulher	
no	parto	acabou	sendo	ofuscada	com	a	figura	desse	novo	agente,	assim	como	o	respeito	
a	seu	corpo	e	suas	escolhas.
Diante	 de	 muitas	 manifestações	 e	 dados	 sobre	 o	 aumento	 da	 mortalidade	
materno-fetal,	os	agentes	de	saúde	 iniciaram	mudanças	para	melhorar	a	assistência	
ao	parto	e	inserir	boas	práticas	de	parto	e	nascimento.	Um	dos	fatores	indicados	foi	a	
inserção	da	equipe	multidisciplinar,	que,	hoje,	é	percebida	como	de	grande	importância	
para	 gestação,	 organização,	 agilidade,	 qualidade	 de	 humanização	 da	 assistência	 à	
parturiente.	Com	 isso,	o	enfermeiro	ganhou	muito	mais	autonomia	nesse	cenário,	 junto	
à	mulher,	e	a	Enfermagem	obstétrica	mostrou-se,	e	ainda	se	mostra,	capaz	de	trazer	
grandes	contributos,	quando	inserida	no	cuidado	à	parturiente.
Dessa	forma,	neste	tópico,	abordaremos,	um	pouco	mais,	as	atribuições	desses	
profissionais	envolvidos	no	parto	e	no	nascimento	dentro	do	centro	obstétrico,	para,	em	
seguida,	nos	aprofundarmos	nas	rotinas	desse	setor.
26
2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 
Uma	equipe	multidisciplinar	nada	mais	é	do	que	um	grupo	de	profissionais,	cada	
qual	comsua	especificidade,	em	grande	maioria	juntos	por	um	objetivo	geral	comum	–	
no	caso	do	centro	obstétrico,	o	maior	objetivo	seria	o	bem-estar	da	tríade	na	vivência	do	
parto	e	do	nascimento.	Essa	equipe	especializada	e	capacitada	traz	maior	segurança	para	
a	mãe	em	um	momento	especial	da	vida	dela,	visto	que	há	uma	partilha	de	informações,	
conhecimentos	 e	 também	 uma	 assistência	 de	 qualidade,	 promovendo,	 assim,	 uma	
experiência	mais	positiva	do	parto	e	do	nascimento.	
É	 importante	 salientar	que,	 além	da	assistência	 técnica	de	cada	profissional,	
a	 humanização	 no	 cuidado	 à	 parturiente	 é	 um	 dos	 fatores	mais	 importantes	 nesse	
meio.	Evangelista	et al.	 (2016)	comentam	essas	 iniciativas,	 salientando	que	deve	ser	
promovida	a	humanização	na	equipe	multidisciplinar.	
Entretanto,	percebe-se	que	ainda	há	fatores	que	não	contribuem	para	o	bem-
estar	materno	 e	 fetal;	 atualmente,	 no	 Brasil	 e	 em	 outros	 países,	 um	 deles	 é	 a	 falta	
assistência	 multidisciplinar,	 o	 trabalho	 em	 equipe.	 “Aponta-se,	 nessa	 perspectiva,	
que	uma	grande	parte	das	complicações	que	envolvem	a	saúde	materna	e	perinatal	
revela	que	a	equipe	não	atua	de	forma	conjunta	devido	à	comunicação	desarticulada	e	
deficiente”	(BRAZ	et al.,	2019,	p.	2).	
É	claro	que	esse	problema,	em	potencial,	não	ocorre	só	por	causa	da	falta	de	
articulação	entre	os	profissionais,	sendo,	talvez,	uma	questão	multifatorial.
Verificou-se	outra	vertente	sobre	a	compreensão	de	que	este	é	um	
processo	 complexo	 que	 envolve	 a	 articulação	 dos	 distintos	 níveis	
de	atenção,	a	gestão	das	instituições	de	saúde	e	boas	condições	de	
infraestrutura	e	 recursos	humanos.	Os	autores	também	enfatizaram	
que	é	necessário	que	haja	condições	favoráveis	para	os	profissionais	
de	saúde	desenvolverem	seu	trabalho,	além	de	estímulo,	qualificação	
e	 aperfeiçoamentos,	 subsídios	 fundamentais	 para	 a	 efetivação	
de	 práticas	 que	 busquem	 atender	 às	 necessidades	 das	 usuárias	
(BARROS;	MORAES,	2020,	p.	89).
Nesse	 sentido,	 devemos	 encarar	 que	 a	 assistência	 multiprofissional	 deve	 ser	
observada	como	um	trabalho	de	saúde	coletivo,	“embora,	entre	as	diferentes	categorias,	
ainda	predomine	a	tendência	de	se	satisfazer	aspirações	profissionais	e	criar	hegemonias,	
a	interdisciplinaridade	assume	uma	grande	importância,	uma	vez	que	identifica	e	nomeia	
uma	mediação	possível	entre	os	saberes	e	competências”	(BRAZ et al.,	2019,	p.	7).
27
As Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal, do Ministério 
da Saúde (BRASIL, 2017a), trazem recomendações para os profis-
sionais seguirem uma assistência mais organizada, humanizada e 
baseada em evidência científica durante o parto, relatando quais 
profissionais devem estar envolvidos nessa assistência direta: mé-
dicos obstetras, pediatras, neonatologistas, anestesiologistas, ge-
neralistas, enfermeiros obstétricos, obstetrizes, enfermeiros assis-
tenciais e técnicos de Enfermagem, além de todos os profissionais 
envolvidos indiretamente na assistência ao parto, como fisiotera-
peutas, psicólogos, nutricionistas, doulas e educadores perinatais.
IMPORTANTE
O	hospital,	muitas	vezes,	é	considerado,	pela	parturiente,	um	local	diferente	do	
comum,	que	ainda	traz	a	lembrança	de	“doenças”;	dessa	forma,	para	a	família,	deve	ser	
ofertado	um	ambiente	adequado	para	o	parto,	além	de	profissionais	capacitados,	uma	
equipe	especializada	e	que	acolha	a	mulher	nesse	momento	especial,	que	é	a	vinda	de	
um	novo	ser.	De	acordo	com	Carraro	et al.	 (2008),	quando	ocorre	uma	comunicação	
adequada,	 um	 acolhimento,	 uma	 escuta	 ativa	 e	 que	 traz	 a	 sensação	 de	 conforto	 e	
segurança	para	a	mulher,	nesse	momento,	há	uma	solidificação	do	cuidado	integral	à	
saúde	dessa	parturiente,	com	apoio	emocional	e	físico,	promovendo	a	participação	ativa	
dessa	agente	principal	do	parto,	a	mulher.	
3 O ENFERMEIRO GENERALISTA NO CENTRO OBSTÉTRICO
É	 importante	 salientar	 a	 grande	 importância	 das	 atribuições	 do	 enfermeiro	
generalista	dentro	desse	setor,	visto	que	ele	se	insere	na	equipe	interdisciplinar	e	sabe	
da	sua	 importância	para	um	cuidado	de	qualidade	às	parturientes,	escutando,	de	forma	
ativa,	as	necessidades	delas.	
Verifica-se	que	essa	é	uma	realidade	observada	em	outro	trabalho,	
realizado	com	enfermeiros	obstetras	na	 região	sul	de	Santa	Catarina,	
que	destacou	a	importância	do	apoio	da	equipe	multiprofissional	para	o	
fortalecimento	da	autonomia	do	enfermeiro	e,	consequentemente,	a	
melhoria	da	assistência	como	um	todo	(BRAZ	et al.,	2019,	p.	6).
Nesse	 sentido,	 é	 importante	 destacarmos	 as	 competências	 do	 profissional	
inserido	nesse	meio,	segundo	o	Decreto	nº	94.406,	de	8	de	junho	de	1987	(BRASIL,	1987).
28
Segundo o Art. 8º, ao Enfermeiro incumbe: 
I- privativamente: 
[...]
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, 
parturiente, puérpera e ao recém-nascido; 
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; 
l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência 
e execução do parto sem distocia (BRASIL, 1987).
NOTA
Nota-se	que,	 além	das	competências	generalistas,	 em	vários	estudos,	 a	visão	
holística	e	desmedicalizada	do	enfermeiro	na	assistência	ao	parto	se	destaca	entre	os	
outros	profissionais.	“Pontua-se	que,	para	tanto,	a	sua	autonomia	profissional	deve	ser	
preservada	e	os	profissionais	de	saúde	devem	atuar	em	conformidade	com	a	legislação	
brasileira	 e,	 também,	 com	 as	 resoluções	 e	 pareceres	 normativos	 dos	 conselhos	 e	
categorias	em	que	se	inserem”	(BRAZ	et al.,	2019,	p.	7).
O	Enfermeiro	sem	as	titulações	[...]	poderá	realizar,	como	integrante	
da	 equipe	 de	 saúde,	 o	 acompanhamento	 do	 trabalho	 de	 parto	
normal,	 realizar	 dinâmica	 uterina	 e	 toque	 vaginal,	 entretanto,	 o	
conteúdo	abordado	na	graduação	não	o	capacita	integralmente	para	
a	realização	de	parto	normal	sem	distocia.	Não	compete	ao	Auxiliar	
e	Técnico	de	Enfermagem	a	realização	de	dinâmica	uterina	e	toque	
vaginal	(COREN-SP,	2013,	p.	5).
O	 enfermeiro,	 nesse	 cenário,	 contribui	 para	 uma	 assistência	 humanizada,	
possibilitando	um	espaço	de	conforto	à	mulher,	observando	queixas,	necessidades	e	
medos	da	parturiente,	 informando	a	parturiente	sobre	procedimentos	e	condutas	do	
setor,	colocando	em	prática	o	consentimento	informado	e	a	estimulando	a	se	tornar	a	
protagonista	do	seu	parto,	ao	promover	a	presença	do	acompanhante	e	também	realizar	
métodos	naturais	de	alívio	da	dor	no	momento	das	contrações;	além	disso,	o	enfermeiro	
se	mostra	como	o	principal	agente	que	valoriza	a	cultura,	a	crença,	as	necessidades	e	
os	desejos	da	parturiente	durante	o	parto,	ou	seja,	é	um	profissional	“chave”	dentro	do	
centro	obstétrico.	“Desse	modo,	é	necessário	que	na	gestão	da	assistência	relaciona-
se	a	um	processo	 social	 e	humano	envolvendo	a	motivação,	 liderança,	 participação,	
comunicação,	 colaboração	 e	 influência	 interpessoal”	 (AMORIM;	 BACKES,	 2020	 apud 
SILVA	et al.,	2020,	p.	180).
29
4 O ENFERMEIRO ESPECIALISTA NO CENTRO OBSTÉTRICO
Diante	das	atribuições	citadas	no	Art.	9º	do	Decreto	nº	94.406/1987	(BRASIL,	
1987),	é	importante	relacionarmos	essas	competências	com	alguns	dados	observados	
no	portal	do	governo	brasileiro	de	atenção	às	mulheres,	o	qual	explica	que,	desde	1990,	
observou-se	os	países	que	inseriram	os	enfermeiros	obstétricos	na	assistência	ao	parto,	
concluindo-se	uma	redução	significativa	da	mortalidade	materna	de	2	a	5%	no	ano.	
Art.	 9º	 Às	 profissionais	 titulares	 de	 diploma	 ou	 certificados	 de	
Obstetriz	ou	de	Enfermeira	Obstétrica,	além	das	atividades	de	que	
trata	o	artigo	precedente,	incumbe:
I-	 prestação	de	assistência	à	parturiente	e	ao	parto	normal;
II-	 identificação	das	distocias	obstétricas	e	tomada	de	providência	
até	a	chegada	do	médico;
III-	 realização	 de	 episiotomia	 e	 episiorrafia,	 com	 aplicação	 de	
anestesia	local,	quando	necessária	(BRASIL,	1987).
Essa	 prática	 de	 atuação	 dos	 enfermeiros	 especialistas	 em	 obstetrícia	 e	
ginecologia	 é	 reconhecida	 pela	 OMS,	 e,	 ainda,vários	 estudos	 têm	 verificado	 que	 a	
inserção	desse	profissional	no	parto	melhora	o	 cuidado	a	parturiente.	Segundo	dados	
obtidos	 do	 portal	 do	 governo	 brasileiro,	 “Pesquisas	 apontam	 que	 83%	 dos	 óbitos	
maternos	 e	 fetais	 poderiam	 ser	 evitados	 com	 o	 cuidado	 da	 enfermagem	obstétrica,	
incluindo	o	planejamento	familiar”	(BRASIL,	2020).
Considera-se	inegável	a	importância	da	Enfermagem	Obstétrica	na	
equipe	multidisciplinar	durante	o	cuidado	à	parturiente,	todavia,	para	
que	essa	assistência	tenha	sucesso,	faz-se	necessária	uma	interação	
entre	a	equipe	multiprofissional,	como	preconizam	as	políticas	públicas	
de	Humanização	do	Parto	e	Nascimento	do	Ministério	da	Saúde	do	
Brasil,	 atendendo	 às	 recomendações	 emanadas	 pela	 Organização	
Mundial	de	Saúde	(BRAZ	et al.,	2019,	p.	6).
Para conhecer os detalhes das atribuições da Enfermagem, leia o Decreto 
nº 94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 
de junho de 1986, a qual dispõe sobre o exercício da enfermagem e dá 
outras providências. Acesse: http://twixar.me/wgQm.
DICA
30
Acadêmico, a atuação do enfermeiro obstetra, dentro do centro 
obstétrico, é focada em atendimento de partos de baixo risco, que 
seguem a fisiologia do parto normal; já os médicos obstetras têm 
a sua atenção e assistência voltadas ao parto patológico e fora da 
fisiologia normal. Entretanto, um não exclui o auxílio e a atenção do 
outro em ambas as situações de partos (normais ou patológicos).
IMPORTANTE
Segundo	Silva	A.	et al.	 (2018),	o	enfermeiro	obstetra,	além	de	estar	atento	às	
queixas	dessa	parturiente,	deve	observar	sinais	que	indicam	algum	tipo	de	intercorrência,	
para	 saber	 qual	 conduta	 tomar	 diante	 de	 uma	 possível	 emergência.	A	 informação	 à	
gestante	sobre	a	evolução	do	trabalho	de	parto	e	as	condutas	tomadas	também	devem	
fazer	 parte	 do	 cuidado	 integral	 do	 enfermeiro	 obstetra.	 Observar	 e	 monitorar	 cada	
período	do	trabalho	de	parto,	diagnosticar	e	auxiliar	durante	as	fases	do	trabalho	de	
parto	fazem	parte	da	assistência.	
Percebeu-se	ainda	as	várias	finalidades	do	enfermeiro	obstetra,	desde	
a	prática	do	favorecimento	para	um	ambiente	propício	a	redução	da	
ansiedade	 e	 o	 medo	 nas	 mulheres	 em	 trabalho	 de	 parto,	 além	 da	
oferta	e	aplicabilidade	de	técnicas	para	amenizar	as	dores	e	possíveis	
complicações	nos	períodos	do	parto	(SILVA,	A.	et al.,	2018,	p.	92).	
Algumas atividades durante o trabalho de parto da enfermeira 
obstétrica são: avaliação do bem-estar materno-fetal, realizando a 
partir da ausculta cardíaca fetal e sinais vitais maternos, avaliação 
da progressão do trabalho de parto, a partir do exame de 
toque vaginal e observação do segmento da fisiologia do parto. 
Já no parto, a condução do mesmo quando parto eutócico e a 
realização de sutura se necessário. No que abrange o nascimento, 
como atribuição, está o recebimento deste recém-nascido e 
apresentação do mesmo para a mãe, realizando a promoção do 
contato pele a pele.
IMPORTANTE
31
Neste tópico, você aprendeu:
•	 A	equipe	multiprofissional	tem	grande	importância	no	processo	de	parturição,	uma	vez	
que	cada	profissional	com	sua	competência	e	atribuição	dentro	do	centro	obstétrico.	
•	 A	 humanização	 da	 assistência	 no	 período	 do	 parto	 e	 do	 nascimento	 também	 se	
mostra	um	fator	relevante,	quando	associada	à	inserção	de	profissionais	capacitados	
na	área	materna	e	obstétrica.
•	 Médico	obstetra,	anestesista,	pediatra,	enfermeiro	generalista,	enfermeiro	obstetra	
e	técnico	de	Enfermagem	são	os	profissionais	em	linha	direta	com	a	assistência	ao	
parto.	 Fisioterapeuta,	 nutricionista,	 psicólogo	 e	 doulas	 seguem,	 de	 forma	 indireta,	
tornando	a	assistência	do	parto	mais	humana	e	multidisciplinar.
•	 O	enfermeiro	generalista	pode	atuar	no	acompanhamento	do	trabalho	de	parto	e	parto	
de	forma	legal,	tendo	como	seus	maiores	contributos	a	desmedicalização	do	parto,	
auxílio	com	métodos	naturais	de	alívio	da	dor	e	suporte	técnico	para	a	parturiente.
•	 O	enfermeiro	obstetra	tem	grande	autonomia	profissional	dentro	do	centro	obstétrico,	
visto	que	suas	competências	abrangem,	além	do	acompanhamento	do	trabalho	de	
parto,	 a	 condução	desse	procedimento,	 quando	de	baixo	 risco,	 cabendo,	 ainda,	 a	
avaliação	de	eventuais	riscos	e	emergências,	realizando	o	cuidado	necessário	para	a	
parturiente	dentro	de	suas	atribuições.
RESUMO DO TÓPICO 2
32
1	 O	Decreto	nº	94.406,	de	8	de	junho	de	1987,	regulamenta	a	Lei	nº	7.498,	de	25	de	junho	
de	1986,	que	dispõe	sobre	o	exercício	da	Enfermagem	e	dá	outras	providências.	Acerca	
do	exercício	da	atividade	de	Enfermagem	na	assistência	ao	parto	e	ao	nascimento,	
assinale a alternativa INCORRETA:
FONTE: BRASIL. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de ju-
nho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm. Acesso em: 16 set. 2022.
a)	 (			)	 Ao	 enfermeiro	 generalista	 incube,	 privativamente,	 a	 prestação	 de	 assistência	
de	 Enfermagem	 à	 gestante,	 à	 parturiente,	 à	 puérpera	 e	 ao	 recém-nascido,	 o	
acompanhamento	da	evolução	e	do	trabalho	de	parto,	bem	como	a	sua	execução.
b)	 (			)	 Ao	enfermeiro	generalista	 incube,	privativamente,	a	assistência	obstétrica	em	
situação	de	emergência	e	a	execução	do	parto	com	ou	sem	distócia.
c)	 (			)	 Ao	enfermeiro	obstetra	incube	a	prestação	de	assistência	à	parturiente	e	ao	parto	
normal	e	a	realização	de	episiotomia	e	episiorrafia,	com	aplicação	de	anestesia	
local,	quando	necessário.
d)	 (			)	 Ao	 enfermeiro	 obstetra	 incube	 a	 identificação	 das	 distócias	 obstétricas	 e	 a	
tomada	de	providência	até	a	chegada	do	médico.
2	 O	enfermeiro	tem	grandes	contribuições	para	o	período	clínico	do	parto,	podendo	
ser	 ressaltadas	a	valorização	do	desejo	da	mulher,	 a	 comunicação	entre	equipe	e	
paciente,	 e	 a	 promoção	 da	 escuta	 ativa	 durante	 o	 período	 do	 parto,	 valorizando	
crenças,	histórias	e	necessidades	físicas	e	emocionais	dela.	Com	base	nas	atribuições	
específicas	do	enfermeiro	obstetra,	que	se	mostra	de	grande	importância	no	meio	do	
processo	de	parturição,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 É	 de	 responsabilidade	 do	 enfermeiro	 a	 avaliação	 do	 bem-estar	materno	 e	 fetal,	
sendo	um	dos	cuidados	para	garantir	a	saúde	da	mãe-feto	a	realização	da	ausculta	
cardíaca	fetal	e	dos	sinais	vitais	maternos.
II-	 A	avaliação	da	progressão	do	trabalho	de	parto	pode	ser	feita	a	partir	do	exame	do	
toque	vaginal,	no	qual	se	verifica	a	consistência	do	cérvix,	a	posição	do	bebê	e	a	
dilatação	cervical.
III-	 Uma	das	 atribuições	 que	 traz	 grande	 autonomia	 para	 o	 enfermeiro	 obstetra	 é	 o	
acompanhamento	e	a	execução	do	parto	normal	eutócico.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	 (			)	 	As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Todas	as	sentenças	estão	corretas.
 
AUTOATIVIDADE
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm
33
3	 Segundo	a	Política	Nacional	 da	Humanização	 (PNH),	 do	Ministério	da	Saúde,	 e	 as	
recomendações	da	Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS)	para	uma	vivência	positiva	de	
parto,	a	humanização	na	assistência	ao	parto	tem,	como	proposta	principal,	o	respeito	
à	tríade	e	aos	desejos	da	parturiente	para	o	momento	do	parto	e	do	nascimento,	além	
da	promoção	do	trabalho	em	equipe,	a	fim	de	tornar	o	cuidado	multidisciplinar.	Diante	
disso,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	O	 resgate	 a	 autonomia	 da	mulher	 é	 um	 fator	 determinante	 da	 humanização	 do	
parto,	o	qual	deve	ser	praticado	por	todos	os	profissionais	que	trabalham	direta	ou	
indiretamente	com	o	processo	de	parturição.
(			)	 O	enfermeiro	não	necessita	estar	atento	às	queixas	da	parturiente	sempre,	visto	que	
esse	não	é	umfator	importante	para	a	avaliação	de	possíveis	riscos	e	intervenções.
(			)	A	escuta	ativa	deve	ser	promovida	por	todos	os	profissionais,	tanto	médicos	quanto	
enfermeiros,	a	fim	de	promover	maior	segurança	e	conforto	ao	casal.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 A	 inserção	 do	 enfermeiro	 obstetra,	 dentro	 da	 equipe	 multidisciplinar,	 simplifica	 a	
forma	de	atendimento	mais	humanizado	e	também	diminui	os	níveis	de	intervenções	
irrelevantes	no	parto,	fazendo	com	que	a	mulher	tenha	mais	autonomia	e	protagonismo	
no	momento	do	nascimento	do	seu	filho.	Diante	disso,	discorra	sobre	as	principais	
atribuições	do	enfermeiro	obstetra	dentro	do	centro	obstétrico.
5	 Com	o	passar	dos	anos,	a	mulher	perdeu	o	seu	papel	de	agente	ativo	no	nascimento	
do	filho	 e,	 por	 isso,	 atualmente,	 existe	 a	 necessidade	do	 resgate	 do	 parto	 normal	
humanizado,	no	qual	a	parturiente	tem	seus	direitos	e	escolhas	respeitados,	diante	de	
um	acompanhamento	com	profissionais	qualificados,	minimizando	as	intercorrências	
durante	do	parto	e	trazendo	maior	segurança	e	qualidade	ao	atendimento.	Diante	
disso,	por	que	a	assistência	multiprofissional	deve	ser	observada	como	um	trabalho	de	
saúde	coletivo	no	processo	de	parturição?
34
35
TÓPICO 3 — 
ROTINAS DO CENTRO OBSTÉTRICO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO 
Neste	tópico,	abordaremos	as	rotinas	do	centro	obstétrico,	setor	que,	geralmente,	
segue	 um	 fluxo	 de	 atendimento	 para	 gestantes,	 parturientes,	 puérperas,	 lactantes	 e	
também,	por	vezes,	o	atendimento	a	mulheres	com	condições	ginecológicas,	relacionadas	
à	obstetrícia.	
É	 importante	 conhecermos	 o	 fluxo	 de	 atendimento	 desse	 setor,	 visto	 que	
o	 profissional	 enfermeiro	 deve	 exercer	 as	 competências	 específicas	 para	 o	 centro	
obstétrico,	 além	 das	 competências	 gerais	 do	 enfermeiro.	 Entre	 tais	 competências,	
estão	o	acolhimento	e	a	realização	da	anamnese	da	mulher,	no	momento	que	ela	entra	
na	triagem	obstétrica,	os	cuidados	assistenciais	de	rotina	durante	o	trabalho	de	parto,	
parto	e	pós-parto	imediato	no	pré-parto	e	na	sala	de	parto,	bem	como	a	assistência	de	
rotina	na	sala	cirúrgica,	que	pode	estar	dentro	do	próprio	centro	obstétrico,	destinado	
a	procedimentos	obstétricos	e	ginecológicos,	ou	na	sala	cirúrgica	do	centro	cirúrgico,	
a	qual	deve	estar	ao	lado	do	centro	obstétrico,	para	suprir	a	demanda	de	intercorrências,	
dependendo	da	organização	da	instituição	hospitalar.	Por	fim,	cuidar	das	rotinas	da	sala	
de	recuperação,	onde	estão	as	mulheres	que	passaram	por	um	parto	normal	ou	as	que	
passaram	por	cesariana,	como	os	cuidados	pós-anestésicos.
É	 importante	 salientar	 que	 cada	 instituição	 tem	 a	 sua	 estrutura	 e	 divisão	 de	
setores,	as	rotinas	e	os	cuidados	prestados	devem	seguir	um	padrão	durante	a	assistência,	
porém	os	manuais	e	protocolos	podem	se	diferenciar	de	uma	instituição	para	outra.	Assim,	
abordaremos,	de	maneira	simplificada,	de	acordo	com	autores	e	diretrizes	do	Ministério	
da	Saúde,	os	cuidados	e	as	rotinas	assistenciais,	bem	como	a	implementação	do	processo	de	
Enfermagem	dentro	do	setor	do	centro	obstétrico.
A	organização	do	centro	obstétrico	conta	com	uma	estrutura	que	deverá	atender	à	
mulher	e	ao	acompanhante,	para	dar	suporte	no	período	gravídico-puerperal,	composto	
por	triagem	para	classificação	de	risco	da	mulher,	o	pré-parto	e	as	salas	de	partos	ou	
salas	PPP,	que	são	as	salas	pré-parto,	parto	e	pós-parto,	podendo	contar,	também,	com	
uma	sala	cirúrgica	e	a	sala	de	recuperação	dentro	do	mesmo	setor.
Neste	tópico,	em	geral,	veremos	os	cuidados	destinados	a	gestantes	de	baixo	
risco,	em	que	há	uma	evolução	normal	do	trabalho	de	parto	e	parto.	
36
No Tópico 4, abordaremos as intercorrências em gestações de risco. 
Fique atento às dicas de leitura, bem como aos pontos de interesse 
sobre esse tópico.
ESTUDOS FUTUROS
2 TRIAGEM OBSTÉTRICA
As	gestantes	que	chegam	ao	setor	devem,	primeiramente,	ser	avaliadas,	passando	
pela	triagem	obstétrica,	verificando	a	queixa	para,	após	 isso,	o	profissional	 responsável	do	
plantão	realizar	a	conduta	necessária.	Conhecido	também	como	acolhimento	da	paciente,	
é	na	triagem	que	o	enfermeiro	ouve	as	queixas	da	mulher,	respeitando	a	Política	Nacional	
da	Humanização,	que	diz:	
A	palavra	“acolher”,	em	seus	vários	sentidos,	expressa	“dar	acolhida,	
admitir,	 aceitar,	 dar	 ouvidos,	 dar	 crédito	 a,	 agasalhar,	 receber,	
atender,	admitir”	 [...].	O	acolhimento	como	ato	ou	efeito	de	acolher	
expressa	 uma	 ação	 de	 aproximação,	 um	 “estar	 com”	 e	 “perto	 de”,	
ou	seja,	uma	atitude	de	 inclusão,	de	estar	em	relação	com	algo	ou	
alguém.	É	exatamente	no	sentido	da	ação	de	“estar	com”	ou	“próximo	
de”	 que	queremos	 afirmar	 o	 acolhimento	 como	uma	das	diretrizes	
de	maior	relevância	política,	ética	e	estética	da	Política	Nacional	de	
Humanização	da	Atenção	e	Gestão	do	SUS	(BRASIL,	2009,	p.	10-11).
O Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia,	do	Ministério	
da	Saúde	(BRASIL,	2018),	salienta	que	esse	momento	é	essencial	para	a	mulher/casal	que	
procuram	a	 instituição,	muitas	vezes,	com	maior	frequência	do	que	deveria,	devido	a	
dúvidas	e	queixas	que	poderiam	ter	sido	explicadas	e	 informadas	com	mais	clareza.	Esse	
acolhimento	tem	também	um	objetivo	especial	de	criação	de	vínculo	entre	o	enfermeiro	
e	o	casal,	 o	depósito	de	confiança	no	profissional	da	saúde	faz	com	que	essa	mulher	
se	sinta	mais	protagonista	da	gestação	e	parto.	Ainda,	em	algumas	queixas	comuns,	
pode	estar	oculta	alguma	situação	que	 requeira	solução	mais	 rápida,	como	algumas	
emergências	 obstétricas.	 Nesse	 sentido,	 a	 importância	 de	 uma	 escuta	 qualificada,	
treinada	e	capacitada	é	necessária	para	perceber	situações	clínicas	urgentes.
A	classificação	de	risco	também	deve	ser	associada	a	esse	acolhimento,	visto	
que	o	atendimento	por	ordem	de	chegada	é	falho	nos	casos	em	que	há	a	priorização	de	
urgências	clínicas.	Ainda,	segundo	o	Manual do Acolhimento de Classificação de Risco 
em Obstetrícia	(BRASIL,	2018),	deve	ser	realizada	essa	classificação	de	risco	em	todas	
as	portas	de	entrada	de	maternidades	e	centros	obstétricos,	organizando	e	facilitando	o	
atendimento de prioridade: 
37
A	implantação	do	A&CR	[Acolhimento	e	Classificação	de	Risco]	passa	
pela	articulação	dos	seguintes	movimentos	de	mudanças:	
•	 Ampliação	 da	 responsabilização	 dos	 profissionais	 de	 saúde	 em	
relação	aos	usuários	e	efetivação	dos	vínculos	de	confiança.	
•	 Aperfeiçoamento	 do	 trabalho	 em	 equipe,	 com	 a	 integração	 e	
complementaridade	 das	 atividades	 exercidas	 pelas	 categorias	
profissionais	que	atuam	nos	serviços	que	assistem	partos.
•	 Atendimento	 médico,	 do	 enfermeiro	 obstetra,	 ou	 de	 obstetriz	
em	 tempo	 oportuno,	 fazendo	 com	 que	 a	 usuária	 seja	 assistida	
de	acordo	com	a	sua	gravidade	clínica,	abandonando	a	 lógica	do	
atendimento	por	ordem	de	chegada.
•	 Otimização	dos	espaços	para	agilizar	o	atendimento,	seguindo-se	
os	referenciais	da	ambiência.
•	 Informação	à	mulher	e	aos	familiares/acompanhantes	dos	tempos	
de	espera	previstos	para	atendimento	(BRASIL,	2018,	p.	15).
Entre	as	atribuições	do	enfermeiro	envolvido	em	Acolhimento	e	Classificação	de	
Risco	em	Obstetrícia	(A&CRO)	estão:	
•	 Receber	as	fichas	de	atendimento,	avaliando	de	forma	ágil	e	responsável	a	prioridade	
da	mulher,	de	acordo	com	a	queixa	apresentada.
•	 Chamar	a	mulher	pelo	nome,	solicitando	também	a	presença	de	um	acompanhante,	
caso	seja	desejo	da	usuária.
•	 Acolher	a	mulher	e	o	acompanhante,	de	forma	cordial	e	responsável.	
•	 Classificar	o	risco	com	rapidez	e	eficiência,	seguindo	o	protocolo	adotado.
•	 Anexar	a	ficha	de	“notificação	de	violência”,	quando	houver	suspeita	ou	confirmação	
de	caso.
•	 Registrar	dados	da	classificação	na	ficha	de	atendimento,	sinalizando,	por	meio	de	
cores,	a	classificação	da	mulher.
•	 Registrar	a	classificação	no	mapa	do	A&CR.
•	 Orientar	a	mulher,	de	formaclara,	quanto	a	sua	situação	e	ao	tempo	de	espera	do	
atendimento.
•	 Entregar	a	ficha	de	atendimento	ao	técnico,	para	que	seja	colocada	nos	consultórios.
•	 Reclassificar	as	usuárias	sempre	que	forem	identificadas	alterações	pela	equipe.
•	 Estar	 integrado	 com	 a	 equipe	multiprofissional	 do	 centro	 obstétrico/maternidade,	
buscando	melhor	resolutividade	da	atenção.
•	 Supervisionar	o	trabalho	do	técnico/auxiliar	de	Enfermagem	e	estagiário,	orientando	
corretamente,	quando	necessário.	
•	 Realizar	 passagem	 de	 plantão	 regularmente,	 não	 sendo	 permitido	 abandonar	 o	
plantão	sem	que	outro	funcionário	o	assuma.
•	 Registrar,	em	livro	próprio,	as	ocorrências	do	setor.
Acadêmico, é importante que você, como futuro profissional da Enfer-
magem, compreenda todas as atribuições do enfermeiro envolvido em 
A&CRO.
IMPORTANTE
38
Além	 dessas	 atribuições,	 é	 importante	 que	 o	 ambiente	 esteja	 tranquilo	 e	
organizado,	de	forma	que	a	mulher/casal	e	a	doula	se	sintam	confortáveis	e	seguros.	
Deve-se	 lembrar	 de	 ter	 uma	 cadeira	 a	mais	 para	 o	 acompanhante,	 o	 que	mostra	 o	
interesse	do	profissional	para	que	ele	participe	da	triagem.
Para	o	início	da	triagem,	a	verificação	dos	sinais	vitais	da	gestante,	em	conjunto	
com	a	escala	de	nível	de	dor	(Figura	8),	e	a	ausculta	do	batimento	cardíaco	fetal	(BCF)	
são	cuidados	essenciais	nesse	momento,	assim	como	a	anotação	desses	parâmetros	no	
prontuário	da	paciente.
Figura 8 – Escala de dor
Fonte: Brasil (2018, p. 36)
A	Tabela	1	apresenta	os	parâmetros	de	pressão	arterial	e	frequência	cardíaca	da	
gestante	e	da	puérpera,	com	os	níveis	estáveis	dos	parâmetros	e	os	níveis	alterados.
Tabela 1 – Parâmetros de avaliação de pressão arterial e frequência cardíaca da gestante e puérpera
Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica Frequência cardíaca
Inaudível	ou	abaixo	de	80	
mmHg
*********
≥	140	ou	≤	59	bpm,	em	pa-
ciente sintomática
≥	160	mmHg ≥	110	mmHg
≥	140	ou	≤	50	bpm,	em	pa-
ciente assintomática 
≥	140	mmHg	a	159	mmHg,	
com sintomas
≥	90	a	109	mmHg,	com	sin-
tomas
91	a	139	bpm
<	139	mmHg <	89	mmHg 60	a	90	bpm
Fonte: Brasil (2017b, p. 35)
Para	 a	 classificação	 de	 risco	 obstétrico,	 a	 A&CRO	 traz,	 como	 referências,	
fluxogramas	 de	 classificação	 de	 risco,	 criados	 por	 multiprofissionais,	 baseados	 em	
evidências	 científicas,	 que	 têm	 como	 objetivos	 avaliar	 a	 gravidade	 e	 o	 potencial	 de	
agravamento	 de	 situações	 e	 a	 necessidade	 ou	 não	 de	 assistência	 imediata.	 Esses	
fluxogramas	abrangem	os	seguintes	fenômenos:	
39
•	 Desmaio/mal	estar	geral.
•	 Dor	abdominal/lombar/contrações	uterinas.
•	 Dor	de	cabeça,	tontura,	vertigem.
•	 Falta	de	ar.
•	 Febre/sinais	de	infecção.	
•	 Náuseas	e	vômitos.
•	 Perda	de	líquido	vaginal/secreções.
•	 Perda	de	sangue	via	vaginal.
•	 Queixas	urinárias.
•	 Parada/redução	de	movimentos	fetais.	
•	 Relato	de	convulsão.
•	 Outras	queixas/situações	(BRASIL,	2018,	p.	37).
Acadêmico, você pode conferir os fluxogramas completos e esquema-
tizados no documento do Ministério da Saúde: Manual de Acolhimento 
e Classificação de Risco em Obstetrícia (BRASIL, 2018), disponível em: 
http://twixar.me/zgQm.
DICA
Após	a	classificação	de	risco,	deve	ser	sinalizada,	na	pulseira	de	identificação	da	
paciente,	a	cor	que	 irá	definir	o	tempo	de	espera	 (vermelho,	 laranja,	amarelo,	verde	ou	
azul).	As	pacientes	que	estiverem	com	pulseira	vermelha	são	de	atendimento	 imediato,	
devendo	 ser	 levadas	 à	 sala	 de	 emergência,	 pois	 têm	 risco	 de	morte	 e	 necessitam	de	
atendimento	médico	imediato	(BRASIL,	2018).	As	de	pulseira	laranja	devem	ser	atendidas	
em	até	15	minutos	no	consultório	médico	do	centro	obstétrico.	A	pulseira	amarela	indica	
um	atendimento	em	até	30	minutos,	 sendo	a	paciente	atendida	também	em	consultório	
médico.	A	pulseira	verde	significa	que	o	atendimento	será	em	até	120	minutos,	sem	risco	
grave,	podendo	ser	atendida	por	ordem	de	chegada.	Por	fim,	a	pulseira	azul	corresponde	
ao	atendimento	não	prioritário	ou	encaminhamento,	conforme	pactuação	(BRASIL,	2018).
Segundo as Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal	(BRASIL,	2017a),	
se	a	parturiente	estiver	com	trabalho	de	parto	estabelecido,	ou	seja,	 com	mais	de	4	
cm	de	dilatação	e	contrações	efetivas,	já	poderá	ser	admitida	para	internação.	Após	a	
admissão,	essa	paciente	passará	por	outra	linha	de	assistência.	Montenegro	et al.	(2014),	
no livro de Protocolos de medicina materno-fetal,	organizam	os	tópicos	de	cuidados	
prestados	na	admissão	da	parturiente:	
•	 Avaliação	da	temperatura	axilar/auricular;
•	 Avaliação	 da	 PA	 no	 braço	 direito	 com	 grávida	 sentada	 –	
esfingomanômetro	 de	 Hg	 nas	 grávidas	 com	 antecedentes	 de	
hipertensão,	medidos	automático	nas	restantes;	
•	 Avaliação	 da	 proteinúria	 (exceto	 nos	 casos	 de	 rotura	 de	
membranas);	
•	 Informação	à	parturiente	e	família	dos	regulamentos	do	bloco	de	
partos	(MONTENEGRO	et al.,	2014,	p.	209).
40
Além	 disso,	 é	 importante	 a	 realização	 de	 testes	 rápidos,	 como	 vírus	 da	
imunodeficiência	humana	(HIV)	e	exame	de	VDRL,	além	de	saber	o	tipo	sanguíneo	e	o	fator	
Rh,	para	a	profilaxia	anti-D	no	pós-parto,	se	for	o	caso	de	Rh	negativo.	Ainda,	é	necessário	
perceber	também	as	queixas	e	os	motivos	da	internação,	como	perda	de	líquido,	dor	em	
baixo	ventre,	contrações	etc.	
Montenegro	 e	 Rezende	 Junior	 (2016)	 salientam	 que	 o	 enema	 intestinal	 e	 a	
tricotomia	do	monte	de	Vênus	não	 são	mais	 recomendados,	 pois	 não	 têm	evidências	
científicas	 que	 mostram	 o	 benefício	 dessas	 práticas	 para	 a	 diminuição	 de	 infecções	
maternas.	A	OMS	(WHO,	2018)	também	não	recomenda	mais	esse	tipo	de	procedimento	
nos	centros	obstétricos.
Acadêmico, o enfermeiro deve garantir a presença de um acompa-
nhante de escolha da parturiente durante toda a internação no centro 
obstétrico; assim, a mulher se sentirá mais segura e confortável, 
contribuindo com o desenvolvimento do trabalho de parto e a 
vinculação da família.
ATENÇÃO
Além	disso,	no	momento	da	 internação,	o	enfermeiro	deve	perguntar	se	há	um	
plano	de	parto,	o	qual	deve	ser	discutido	com	a	equipe	e	o	casal,	além	de	arquivado	
em	prontuário	 da	 paciente.	 Esse	 documento	 é	 importante	 para	 a	 equipe	 entender	 as	
expectativas	da	grávida:	“A	grávida	deve	entender	que	o	seu	plano	de	parto,	tal	como	
ela	própria,	é	alvo	de	atenção	 individualizada	e	de	respeito.	Mas	que,	porque	se	trata	
disso	mesmo,	 de	 um	 plano,	 poderá	 ser	 necessário	mudar	 a	 atuação	 em	 função	 de	
determinadas	circunstâncias”	(NENÉ;	MARQUES;	BATISTA,	2016,	p.	363).
3 PRÉ-PARTO
Na	sala	de	pré-parto,	ficam	 internadas	as	gestantes	em	trabalho	de	parto,	em	
indução	de	trabalho	de	parto	ou	casos	de	condução	de	aborto,	que	devem	ficar	em	salas	
isoladas	e	privativas.
Os profissionais da equipe de Enfermagem envolvidos no pré-
parto são o enfermeiro chefe, o enfermeiro obstetra, o enfermeiro 
assistencial e o técnico de enfermagem.
ATENÇÃO
41
Segundo as Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal,	do	Ministério	
da	Saúde	(2017a),	as	mulheres	durante	o	trabalho	de	parto	devem	ser	tratadas	pelos	
profissionais	da	saúde	com	respeito	e	empatia,	além	da	importância	de	serem	munidas	
de	 informações,	 baseadas	 em	 evidências	 científicas,	 e	 sempre	 serem	 envolvidas	 na	
tomada	de	decisões.	Informá-la	sobre	métodos	de	alívio	da	dor	também	é	uma	prática	
que	deve	ser	rotina	no	pré-parto,	encorajá-la	a	se	movimentar,	fazer	uso	da	ducha	e	
da	bola	suíça	e	deambulação,	a	fim	de	trazer	inúmeros	benefícios	para	a	progressão	do	
trabalho	de	parto,	além	de	auxiliar	no	alívio	natural	da	dor.
O	apoio	físico	e	emocional	também	é	imprescindível,	além	de	uma	dieta	livre,	
quando	não	estiverem	em	efeito	de	opioides	ou	riscos	para	anestesia,	e	o	estímulo	à	
ingesta	de	líquidos	também	são	importantes,	visto	que	a	paciente	precisa	de	energia	
para	todo	o	período	do	trabalho	de	parto.	Ainda,	é	salientado	o	profissional	assegurar	as	
medidas	assépticas	durante	o	acompanhamentodo	trabalho	de	parto,	sendo	necessária	a	
limpeza	das	mãos	antes	de	procedimentos.
Um	dos	pontos	importantes	sobre	o	cuidado	das	necessidades	da	parturiente,	
segundo	Nené,	Marques	 e	 Batista	 (2016),	 é	 a	 nutrição	 da	 parturiente,	 uma	vez	 que,	
atualmente,	o	jejum	em	parturientes	de	baixo	risco	não	é	recomendado	por	rotina	e	que	
o	consumo	de	líquidos	isotônicos,	durante	o	trabalho	de	parto,	auxilia	para	que	não	ocorra	
uma	cetose.	O	jejum	pode	levar	à	desidratação	e	à	acidose,	por	isso	a	necessidade	de	uma	
alimentação	livre	e	hidratação,	para	que	a	parturiente	mantenha	seu	nível	de	energia	
alta,	minimizando	a	sua	exaustão	na	hora	do	expulsivo.
Outro	 fator	 importante,	 ainda	 englobando	 os	 cuidados	 das	 necessidades	 da	
parturiente,	segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016),	é	o	estímulo	à	deambulação,	uma	
das	atividades	que	o	enfermeiro	deve	apoiar	e	auxiliar	a	parturiente	a	realizar,	pois	diminui	
a	intensidade	da	dor,	ajuda	na	circulação	materna,	reduz	a	duração	do	trabalho	de	parto,	
ajuda	na	descida	do	feto	na	pelve	e	reduz	as	taxas	de	cesarianas.
A avaliação do bem-estar fetal, durante o trabalho de parto, deve 
ser realizada de forma adequada, para garantir uma assistência 
de qualidade. A ausculta cardíaca fetal deve ser feita, de modo 
intermitente, em gestantes de baixo risco, com Sonar Doppler ou 
esteto de Pinard, a cada 30 minutos, por pelo menos 1 minuto, 
devendo ser registrada, também, a presença de acelerações e 
desacelerações, conforme as Diretrizes nacionais de assistência ao 
parto normal, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017a). É importante 
salientar que a OMS (WHO, 2018) não recomenda a monitoração 
contínua com cardiotocografia durante o trabalho de parto de 
baixo risco.
IMPORTANTE
42
Para	compreender	melhor	o	parâmetro	de	monitoração	cardíaca	fetal,	podemos	
observar	 a	 Tabela	 2.	 Resumidamente,	 conforme	 Graça	 (2017),	 em	 padrões	 normais,	
devemos	ter	uma	frequência	cardíaca	fetal	basal	entre	110	e	160	bpm,	uma	boa	variabilidade	
dessa	frequência	cardíaca	fetal,	acelerações	esporádicas	e	ausências	de	desacelerações,	
conforme	mostra	a	Figura	9	em	uma	cardiotocografia	intraparto	normal.
Tabela 2 – Parâmetros, interpretação e abordagem da monitoração cardíaca fetal
Normal Suspeito Patológico
Linha de base 110-160	bpm
Ausente,	pelo	
menos,	uma das 
características	
de	normalidade,	
mas sem padrões 
patológicos.
<	100	bpm
Variabilidade 5-25	bpm
Ausente,	pelo	
menos,	uma das 
características	
de	normalidade,	
mas sem padrões 
patológicos.
Variabilidade	
reduzida	(<	5	bpm)	
ou	aumentada	(>	
25	bpm);	padrão	
sinusoidal.	
Desacelerações
Ausência de 
desacelerações 
repetitivas
Ausente,	pelo	
menos,	uma das 
características	
de	normalidade,	
mas sem padrões 
patológicos.
Desacelerações 
tardias ou 
prolongadas 
repetitivas durante 
>	30	minutos	
(ou	20	minutos	
se	variabilidade	
reduzida ou uma 
desaceleração	
prolongada	com	>	5	
minutos.
Interpretação
Feto	sem	hipóxia/
acidose
Feto com baixa 
probabilidade	de	
hipóxia/acidose.
Feto com alta 
probabilidade	de	
hipóxia/acidose.
Abordagem clínica
Intervenção	
desnecessária
Atuação	para	corrigir	
as	causas	reversíveis	
(se	identificadas),	
estreita	vigilância	ou	
métodos	adicionais	
para avaliar a 
oxigenação	fetal.	
Ação	imediata	para	
corrigir causas 
reversíveis,	métodos	
adicionais para avaliar 
a	oxigenação	fetal	ou,	
se	tal	não	for	possível,	
parto	imediato.	Em	
situações	agudas	[...],	
parto	imediato.	
Fonte: Graça (2017, p. 245)
43
Figura 9 – Frequência cardíaca fetal normal
Fonte: Graça (2017, p. 246)
Acadêmico, diante dessas informações e dos parâmetros normais de 
monitoração cardíaca fetal, você tem conhecimento para perceber e 
identificar alterações durante a avaliação do bem-estar materno-fetal 
no trabalho de parto, pois esse também é um cuidado importante 
durante o trabalho de parto, tanto na fase latente como ativa.
IMPORTANTE
Na	fase	latente,	Montenegro	et al.	(2014)	trazem	como	cuidados	de	rotina:	
•	 Avaliação	da	temperatura	axilar/auricular,	pulso	radial	e	PA	de	4	
em 4 horas;
•	 Exame	toxicológico	de	2/2h	se	ocorrerem	contrações	rítmicas;
•	 Exame	toxicológico	imediato	após	suspeita	de	rutura	de	membranas;
•	 Avaliação	cardiotocográfica	durante	30	minutos	em	cada	2	horas,	
se	 não	 tiver	 havido	 recentemente	 utilização	 de	 ocitocina	 e/ou	
prostaglandinas	 (se	a	parturiente	não	pretender	monitorização	fetal	
apenas	com	auscultação	intermitente)	[...];
•	 Nas	parturientes	sem	rotura	de	membranas	e	que	ainda	não	foram	
submetidas	à	analgesia	epidural,	não	se	preconiza	a	restrição	da	
mobilização	se	não	estiverem	a	realizar	cardiotocografia;
•	 Registro	no	partograma	de	todos	os	dados	recolhidos;	[...]
•	 Não	se	preconiza	a	administração	por	rotina	de	soros	(MONTENEGRO 
et al.,	2014,	p.	209).
Na	fase	ativa,	também	são	destacados	os	cuidados	de	rotina	
nesse	período:
•	 Avaliação	da	temperatura	axilar/auricular,	pulso	radial	e	PA	de	4/4	
horas;
•	 Exame	toxicológico	de	hora	em	hora,	se	nada	ocorrer	que	justifique	
exame	imediato;	
•	 Monitorização	cardíaca	fetal;
• Registro no partograma de todos os dados recolhidos;
•	 Não	se	preconiza	o	decúbito	obrigatório	 [...].	Deve	ser	evitado	o	
decúbito	dorsal	prolongado	(MONTENEGRO et al.,	2014,	p.	210).
44
Nesse	momento,	pode	surgir	a	dúvida:	como	avaliar	a	progressão	do	trabalho	
de	parto	da	paciente	e	como	saber	se	ela	está	em	período	latente,	ativo	ou	expulsivo?	
A	 resposta	é	 clara:	 com	observação,	 cuidados	e	 assistência	de	qualidade.	Assim,	há	
alguns	meios	de	se	avaliar	a	progressão	de	um	trabalho	de	parto,	como	a	partir	do	toque	
vaginal,	para	perceber	como	está	o	colo	uterino	da	parturiente	e	quantos	centímetros	
de	dilatação	ela	apresenta.	
Montenegro	 e	Rezende	Junior	 (2016)	 explicam	que	o	 profissional	 capacitado	
deve	realizar,	antes	de	tudo,	a	assepsia	das	mãos,	pedir	autorização	para	a	paciente,	
inserir	o	dedo	indicador	e	médio,	utilizando	algum	lubrificante,	até	chegar	ao	colo	uterino;	a	
intenção	é	sentir	o	apagamento,	a	dilatação,	a	orientação	e	a	consistência,	se	há	ou	não	
a	bolsa	das	águas	íntegras	e	a	apresentação	do	feto.	
Entretanto,	toques	frequentes	sem	intenção	técnica	são	traumáticos	e	desne-
cessários	para	a	parturiente.	A	OMS	(WHO,	2018)	recomenda	que	a	avaliação	por	toque	
vaginal	tenha	intervalo	de,	pelo	menos,	4	horas,	evitando	possíveis	infecções	maternas	por	
agentes	externos,	salienta	ainda	a	 importância	da	comunicação	com	a	mulher	antes,	
durante	e	após	o	procedimento,	para	não	haver	constrangimentos.
A	 linha	 púrpura	 também	 pode	 ser	 um	 meio	 de	 avaliação	 da	 progressão	 do	
trabalho	de	parto	(Figura	10).	Narchi	et al.	(2011,	p.	314)	explica	que	“a	‘linha	púrpura’	é	
uma	mancha	de	coloração	arroxeada	que	se	inicia	na	região	perianal	das	mulheres	em	
trabalho	de	parto	e	que,	à	medida	que	a	dilatação	cervical	progride,	avança	no	sentido	
ascendente	pela	fissura	 interglútea	em	direção	à	 junção	sacrococcígea”.	Pode	ser	usada	
como	 um	método	 auxiliar	 para	 avaliação	 da	 progressão	 do	 trabalho	 de	 parto,	 pois,	
quanto	mais	perto	da	junção	sacrococcígea	a	linha	arroxeada	estiver,	mais	evoluído	o	
trabalho	de	parto	pode	estar.	
Figura 10 – Direção da linha púrpura
Fonte: Hobbs (1998 apud NARCHI et al., 2011, p. 314) 
45
Outra	maneira	que	pode	ser	observada,	a	partir	das	alterações	físicas	e	adaptações	
ósseas	da	parturiente,	é	o	quadrilátero	de	Michaelis,	ou	losango	de	Michaelis,	localizado	
no	 sacro,	 esse	 losango	 é	 uma	projeção	 cutânea	 do	 sacro,	 conforme	mostra	 Zugaib	 e	
Francisco	(2016).	A	partir	disso,	é	possível	observar,	conforme	a	descida	do	feto	na	pelve,	
essa	protuberância	do	losango,	sendo	mais	comum	perto	do	período	expulsivo.
Além	desses	fatores	interessantes,	é	possível	perceber	que	a	mulher,	quando	
entra	em	um	período	ativo	do	trabalho	de	parto,	fica	mais	introspectiva,	não	conversa	
muito	com	os	outros,	pois	quer	se	concentrar	durante	as	contrações;	a	respiração	fica	
mais	intensa	e	pesada,e	a	necessidade	de	se	movimentar	aumenta	conforme	a	evolução	
do	trabalho	de	parto.	Por	fim,	outro	meio	de	perceber	a	evolução	do	trabalho	de	parto	é	
seguir	a	localização	da	ausculta	cardíaca	fetal	com	o	sonar,	que,	conforme	se	centraliza	
e	desce,	é	sinal	de	que	o	feto	já	está	girando	e	realizando	sua	descida	na	pelve	materna.
Acadêmico, além desses cuidados assistenciais, a implementação 
da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), durante 
trabalho de parto, parto, nascimento e recuperação, é uma 
competência essencial, que deve seguir o referencial teórico 
da instituição. É importante lembrarmos de alguns elementos, 
como histórico de Enfermagem, diagnóstico de Enfermagem, 
planejamento de Enfermagem, implementação de Enfermagem 
e avaliação. 
Segundo Fraga et al. (2018, p. 7), “O PE concomitante com a visão 
holística do enfermeiro favorece uma assistência individualizada à 
parturiente e baseada no conhecimento científico, oportunizando 
lhe sentir-se parte de um processo natural, acompanhando o 
ritmo do seu próprio corpo”.
Fonte: FRAGA, T. et al. Processo de enfermagem em centro obstétrico: 
perspectivas dos enfermeiros. Texto Contexto Enfermagem, v. 27, 
n. 3, p. 1-10, 2018.
IMPORTANTE
Acadêmico, sugerimos a leitura e o conhecimento das Diretrizes da 
Rede Cegonha, uma estratégia do Ministério da Saúde, com foco para a 
implementação de cuidados para gestantes e puérperas, que garante o 
planejamento familiar e a atenção segura, capacitada e humanizada na 
gravidez, no parto e no puerpério. Atualmente, o Ministério da Saúde 
também conta com a Rede de Acolhimento Materno-Infantil (Rami) em 
todo o território nacional. Ambas as iniciativas têm o compromisso da 
redução das mortalidades materna e infantil.
Saiba mais sobre as Diretrizes da Rede Cegonha acessando o link: 
http://twixar.me/XgQm /.
DICA
https://www.as.saude.ms.gov.br/redes-de-atencao-a-saude/rede-cegonha/rede-cegonha-apresentacao/
https://www.as.saude.ms.gov.br/redes-de-atencao-a-saude/rede-cegonha/rede-cegonha-apresentacao/
46
4 SALA DE PARTOS
Em	algumas	instituições,	há	salas	específicas	para	o	período	expulsivo,	para	a	
assistência	do	parto	em	si.	Já	em	outras	instituições,	é	possível	que	se	vejam	salas	PPP,	
nas	quais	não	há	a	necessidade	de	locomover	a	mulher	para	outra	sala	durante	o	período	
final	do	parto,	o	que	traz	conforto	e	praticidade	para	a	parturiente.	De	qualquer	forma,	
a	sala	em	que	nascerá	o	bebê	deve	estar	preparada	para	recebê-lo,	com	temperatura,	
no	mínimo,	em	26	°C,	conforme	a	recomendação	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2014).
Acadêmico, os profissionais habilitados, atualmente, para prestar 
assistência direta ao parto são médico, obstetriz, parteira, enfermeiro e 
enfermeiro obstetra. Cabe ressaltar que o enfermeiro apenas pode 
realizar a assistência em casos de partos eutócicos, sem episiotomias e 
sem episiorrafias.
INTERESSANTE
No	momento	do	período	expulsivo,	a	parturiente	pode	ficar	mais	agitada	e,	segundo	
Montenegro	e	Rezende	Junior	(2016),	a	maioria	sente	vontade	de	defecar,	devido	à	pressão	
intestinal	por	conta	da	descida	do	feto	na	pelve	e	da	passagem	no	canal	do	parto.
As	contrações	ficam	mais	intensas,	para	auxiliar	na	expulsão	do	feto,	e	os	“puxos”,	
conhecidos	como	esforços	expulsivos,	são	desencadeados	espontaneamente,	segundo	
Zugaib	 e	 Francisco	 (2016).	 Nesse	momento,	 conforme	 as	 recomendações	 do	Ministério	
da	Saúde	(BRASIL,	2017a),	deve	ser	apoiada	a	realização	de	puxos	espontâneos	e	não	
induzidos,	e,	quando	for	percebido	que	o	puxo	espontâneo	não	está	sendo	eficaz,	deve	ser	
oferecido	à	parturiente	outras	estratégias,	como	a	mudança	de	posição,	o	encorajamento	
e	também	o	esvaziamento	da	bexiga.	Contudo,	em	mulheres	com	analgesia	epidural,	é	
necessário	 incentivar	a	paciente	a	realizar	os	puxos	conforme	a	presença	das	contrações,	
quando	da	dilatação	completa.
O enfermeiro jamais poderá realizar ou apoiar a realização da 
pressão do fundo do útero, conhecida como manobra Kristeller, 
não é uma prática recomendada pela OMS nem pelo Ministério 
da Saúde. Trata-se de uma prática prejudicial e ineficaz, que 
deve ser banida da obstetrícia, sem nenhuma evidência científica 
que prove benefícios – pelo contrário, aumenta o risco de 
morbidade materna e fetal. Ainda a plenária do Conselho Federal 
de Enfermagem (Cofen) aprovou, por unanimidade, a decisão 
95/2016 do Coren-RS, que proíbe a participação de profissionais 
de Enfermagem na manobra de Kristeller.
ATENÇÃO
47
A	monitoração	cardíaca	fetal	deve	continuar,	de	acordo	com	as	recomendações	
da	 OMS	 (WHO,	 2018),	 no	 período	 expulsivo,	 sendo	 realizada	 a	 cada	 5	minutos,	 para	
manter	o	bem-estar	materno	e	fetal.	Outras	 recomendações	da	OMS	 (WHO,	2018)	são	
quanto	à	posição	do	parto,	sendo	fundamental	encorajar	a	mulher	a	escolher	a	posição	
em	que	ela	se	sentir	mais	confortável	para	parir,	incluindo	posições	verticalizadas,	o	que	
também	é	válido	para	parturientes	com	analgesia	epidural,	que	devem	ter	o	auxílio	de	
profissionais	para	permanecer	na	posição	desejada	com	segurança.	A	posição	litotômica	
não	deve	ser	mais	encorajada,	ainda	mais	se	não	for	o	desejo	da	mulher;	em	parto	de	
baixo	risco	e	eutócico,	não	há	necessidade	de	sujeitar	a	mulher	a	tal	desconforto,	devido	à	
posição,	segundo	o	Ministério	da	Saúde.
A	proteção	do	períneo	também	é	um	assunto	muito	discutido	na	Obstetrícia,	no	
qual	há	autores	que	trazem	os	benefícios	da	técnica	“hands on”	e	outros	da	“hands off”,	
que	abrangem	o	conceito	de	tocar	ou	não	com	as	mãos	no	períneo	da	mulher;	assim,	
um	parto	conduzido	com	“hands on”	é	um	parto	em	que	há	intervenção	com	as	mãos	
no	período	expulsivo,	enquanto	o	“hands off”	é	sem	intervenções	no	períneo	da	mulher,	
sem	tração	do	períneo	no	momento	do	expulsivo.
Zugaib	e	Francisco	(2016)	afirmam	que	pode	ser	feita	pressão	com	a	mão	na	
região	 perianal,	 sem	 episiotomia,	 para	 proteger	 o	 períneo	 de	 lacerações	 maiores,	 e	
também	o	apoio	ao	polo	cefálico	do	bebê	na	saída,	para	que	seja	lento	o	desprendimento	
do	 polo	 cefálico.	 Nené,	 Marques	 e	 Batista	 (2016,	 p.	 318)	 comentam	 que	 “a	 posição	
de	nascimento,	as	características	tecidulares	das	mulheres	e	controle	no	período	do	
expulsivo	são	fundamentais”.	A	OMS	recomenda	que,	de	acordo	com	as	preferências	
e	as	opções	disponíveis,	podem	ser	utilizadas	 “técnicas	para	 reduzir	 trauma	perineal	
e	 facilitar	 o	 parto	 espontâneo	 (incluindo	massagem	perineal,	 compressas	 quentes	 e	
proteção	‘hands on’	do	períneo)”	(WHO,	2018,	p.	5,	tradução	nossa).	Já	o	Ministério	da	
Saúde	(BRASIL,	2017a)	não	recomenda	a	massagem	perineal	durante	o	período	expulsivo,	
embora	possam	ser	utilizadas	compressas	mornas	no	períneo,	 recomendando	tanto	a	
técnica	da	mão	sobre	o	períneo,	para	evitar	saídas	bruscas	do	feto,	como	a	técnica	de	
mãos	prontas,	sem	tocar	o	períneo.
Acadêmico, pense como você gostaria de ser tratado em um 
momento tão especial, como o nascimento de um filho. Com 
respeito, carinho, ética, privacidade, integridade, humanização 
e segurança, a pessoa se sente não só parte desse evento, 
mas a protagonista dele. É dessa forma que devemos tratar as 
parturientes, com muita empatia.
IMPORTANTE
48
Após	 o	 nascimento,	 há	 a	 dequitação	da	 placenta,	 período	 em	que	 é	 preciso	
manter	o	recém-nascido	em	contato,	pele	a	pele,	com	a	mãe,	para	promover	a	vinculação	
e	mantê-lo	aquecido.	O	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2017a)	recomenda	dois	tipos	de	
assistência	nesse	período:
•	 A	conduta	ativa,	que	engloba	um	conjunto	de	medidas,	como	o	uso	de	medicamentos	
uterotônicos,	 conforme	 recomendação	 da	 OMS	 (WHO,	 2018),	 10	 UI	 de	 ocitocina	
intramuscular	ou	endovenosa,	que	corresponde	a	duas	ampolas,	como	primeira	linha	de	
uterotônico	no	pós-parto	imediato;	o	clampeamento	precoce	do	cordão	umbilical;	e	
a	tração	controlada	do	cordão	após	o	sinal	de	separação	placentária.
•	 A	conduta	fisiológica,	que	envolve	o	clampeamento	tardio	do	cordão,	a	expulsão	da	
placenta	 sem	tração	controlada	e	 sem	uso	demedicação	uterotônica.	De	qualquer	
forma,	 a	 OMS	 (WHO,	 2018)	 recomenda	 o	 uso	 das	 10	 UI	 de	 ocitocina,	 para	 evitar	
hemorragias	maternas.
Nesse	momento,	é	importante	ficarmos	atentos	a	sinais	de	hemorragias	e	retenção	
placentária.	 Por	 isso,	 em	 caso	 de	 uma	 conduta	 fisiológica	 e	 de	 a	 mulher	 apresentar	
hemorragia	ou	a	placenta	demorar	mais	de	1	hora,	após	a	expulsão	do	feto,	para	dequitar,	
muda-se	a	conduta	para	ativa.
5 SALA CIRÚRGICA 
Quando	 o	 centro	 obstétrico	 disponibiliza	 uma	 sala	 cirúrgica	 especificamente	
para	o	setor,	o	enfermeiro	deve	organizar	essa	sala	de	acordo	com	a	demanda	diária	do	
setor,	como	cirurgias	de	cesariana,	suturas	de	lacerações	de	graus	2,	3	ou	4	de	parto,	
curetagens	por	 aborto	 retido	 ou	por	 retenção	placentária,	 histerectomias	 realizadas	 por	
emergências,	drenagens	de	abscessos	de	mama	ou	vulva,	entre	outros	procedimentos,	
conforme	a	organização	do	setor	e	da	instituição.
A	montagem	da	sala	e	a	organização	ficam	sob	responsabilidade	do	enfermeiro	
circulante	do	plantão;	para	isso,	há	protocolos	para	a	montagem	da	sala	nas	instituições,	
os	quais	devem	ser	seguidos	conforme	recomendações.	Como	exemplo,	podemos	nos	
basear	em	um	Manual de Rotinas de Enfermagem do Centro Cirúrgico, Recuperação e 
Central de Maternal	(ROMERO	et al.,	2012),	que	apresenta	algumas	etapas:	
•	 Ler	o	pedido	de	cirurgia,	certificando-se	do	tipo	de	cirurgia,	idade	
da	paciente,	aparelhos	e	solicitações	especiais;	
•	 Verificar	as	condições	de	limpeza	da	sala	antes	de	montá-las;
•	 Testas	o	funcionamento	dos	aparelhos,	tais	como:	aspiradores,	bis-
turi	elétrico,	mesa	cirúrgica,	focos	e	todos	que	houver	necessidade;
• Revisar o carro de anestesia;
•	 Revistas	e	repor	quando	necessário,	os	materiais	descartáveis;
•	 Checar	os	lavabos	e	repor	material	para	degermação	das	mãos	da	
equipe	cirúrgica;
•	 Repor	os	pacotes	de	aventais	e	campos	esterilizados,	caixas	de	ins-
trumentos	e	outros	materiais	específicos	para	a	cirurgia	ou	parto	a	ser	
realizado	(ROMERO	et al.,	2012,	p.	35-36).	
49
Romero et al.	(2012)	ainda	citam	que	o	circulante	da	sala	deve	ter	alguns	cuidados	
durante	o	procedimento,	como:	
•	 a	conferência	da	identificação	do	paciente;
•	 o	auxílio	ao	paciente	durante	anestesia,	se	for	o	caso;
•	 auxiliar	também	na	monitoração;
•	 adaptar	a	placa	de	bisturi	elétrico;
•	 auxiliar	a	equipe	na	paramentação;
•	 abrir	o	material	estéril;
•	 abrir	as	compressas,	se	necessário,	lembrando-se	de	pedir	ao	profissional	responsável	
para	as	contar	e,	após	o	uso,	é	necessário	checá-las	e	contá-las;	
•	 realizar	também	a	degermação,	conforme	a	rotina	da	instituição;	
•	 após	finalização	da	cirurgia,	contar	os	materiais	e	as	peças	e	realizar	a	anotação	de	
Enfermagem; 
•	 o	circulante	deve	sempre	permanecer	em	sala	cirúrgica.
Caro acadêmico, enfatiza-se o uso de uma Lista de Verificação 
de Segurança Cirúrgica; a OMS (2009) desenvolveu uma lista que 
preconiza a prevenção de infecção do local cirúrgico, a segurança 
em anestesia, a melhora do trabalho em equipe, a comunicação 
e, por fim, a mensuração do cuidado, por meio de indicadores de 
processos e resultados da assistência.
ATENÇÃO
Diante	de	Procedimentos	Operacionais	Padrões	 (POPs)	de	cada	 instituição,	o	
enfermeiro	 guiará	 a	 sua	 assistência	 e	 sua	 competência	 no	 setor,	 principalmente	 na	
sala	cirúrgica.	O	enfermeiro	deve	priorizar	o	atendimento	de	cirurgias	de	urgência	ou	
emergência,	agendando,	em	seguida,	as	eletivas,	em	acordo	com	toda	a	equipe	clínica	
cirúrgica	envolvida.	A	gestão	faz	parte	das	competências	do	enfermeiro	também	e	não	
deve	passar	despercebida.	Checar	o	preparo	pré-operatório	e	providenciar	a	vaga	para	a	
sala	de	recuperação,	antes	da	cirurgia,	são	pontos	importantes.
De	acordo	com	Gomes,	Dutra	e	Pereira	 (2014,	p.	8),	 “[...]	o	bom	desempenho	
do	CC	está	diretamente	condicionado	ao	bom	gerenciamento	e	coordenação	realizado	
pelo	enfermeiro,	combinados	ao	bom	estado	de	conservação	dos	materiais,	instalações	
físicas,	equipe	especializada	e	recursos	tecnológicos”.
A	 Figura	 11	 apresenta	 uma	 sugestão	 de	 checklist	 para	 a	 cirurgia	 segura,	
conforme	a	OMS	(2009).
50
Figura 11 – Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica
Fonte: OMS (2009, p. 1)
6 SALA DE RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA 
Na	sala	de	recuperação,	estão	as	mulheres	que	passaram	por	parto	normal	ou	
cesariana,	ou	que	estão	em	 recuperação	de	outros	procedimentos	 realizados	no	centro	
obstétrico,	e	que	necessitam	de	vigilância	da	Enfermagem	nas	primeiras	horas.
Abrangendo	o	puerpério	fisiológico	de	um	parto	normal,	segundo	Nené,	Marques	
e	Batista	(2016),	há	o	regresso	das	alterações	do	útero	ao	fim	de	seis	semanas	após	o	
parto	e,	por	isso,	existem	classificações	do	puerpério	para	melhorar	a	assistência	em	cada	
estágio:	o	puerpério	imediato,	que	conta	do	primeiro	período	entre	o	nascimento	do	bebê	
até	as	primeiras	24	horas;	o	puerpério	precoce,	que	é	o	tempo	que	decorre	até	o	final	da	
primeira	semana;	e	o	puerpério	tardio,	que	termina	no	final	da	sexta	semana	pós-parto.
Nesse	sentido,	há	sinais	e	sintomas	que	a	puérpera	sente	que	estão	relacionados	a	
involução	uterina	e	todo	o	processo	fisiológico	do	corpo	antes	de	fechar	as	seis	semanas	de	
puerpério.	É	importante	atenção,	principalmente,	no	período	do	puerpério	imediato,	pois	é	
nas	primeiras	24	horas	que	pode	haver	maior	risco	de	hemorragias	pós-parto.
As	contrações	do	útero	no	pós-parto	fazem	ele	regressar	ao	que	era	antes	e	
permanecer	contraído,	evitando	atonias	uterinas	e	colaborando	para	a	recuperação	da	
puérpera.	Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	explicam	que	o	útero	expulsa	conteúdos:	
51
•	 Lóquios	 hemáticos:	 compostos	 por	 restos,	 eritrócitos	 e	 restos	 de	 trofoblastos,	
podendo	vir	em	pedaços	de	coágulos	do	primeiro	e	segundo	dia	pós-parto.
•	 Lóquios	sero-hemáticos:	a	partir	do	quarto	ou	quinto	dia	pós-parto,	com	aspecto	de	
sangue	envelhecido.
•	 Lóquios	 serosos:	 presentes	no	 10º	 dia	 pós-parto,	 com	aspecto	de	muco	 espesso,	
podendo	durar	até	seis	semanas	pós-parto.
A	avaliação	dos	lóquios	pelo	enfermeiro,	na	sala	de	recuperação,	é	de	extrema	
importância,	no	sentido	de	perceber	a	presença	ou	não	dos	coágulos	que	podem	se	formar	
devido	aos	lóquios	hemáticos,	o	cheiro,	se	há	a	ausência	de	odor	fétido,	descartando	
possíveis	infecções,	e	a	intensidade	desse	sangramento.
“A persistência de lóquios após quatro a seis semanas deverá fazer 
suspeitar de uma infecção (endometrite), que apresenta em geral 
cheiro desagradável/fétido” (NENÉ; MARQUES; BATISTA, 2016, p. 439).
ATENÇÃO
Acerca	dos	cuidados	de	rotina	no	pós-parto	imediato,	Montenegro	et al.	(2014)	
apresentam alguns: 
•	 Colheita	do	sangue	do	cordão	umbilical	de	acordo	com	protocolos	
de	incompatibilidade	Rh	e	ABO;
	 Início	imediato	(antes	da	dequitadura)	de	perfusão	ocitocina	com	
10	UI	em	500	mL	de	soro	polieletrolítico	 [...]	 se	a	grávida	estiver	
sem	soros	10	UI	de	ocitocina	IM;
•	 Aguardar	 até	 1	 hora	 após	 o	 nascimento	 pela	 dequitadura	
espontânea,	 desde	 que	 a	 hemorragia	 seja	 escassa	 e	 exista	
estabilidade	hemodinâmica;
[...]	
•	 Avaliação	da	formação	do	globo	segurança	e	da	hemorragia	genital	
cada	15	minutos	nas	primeiras	2h;
•	 Avaliação	 do	 pulso	 radial	 e	 PA	 cada	 15	 minutos	 com	 medidor	
automático,	nas	primeiras	2h;
[...]	
•	 Colocação	do	recém-nascido	junto	da	mãe	e	início	da	amamentação	
logo	que	possível	(exceto	se	contraindicada);
•	 Remoção	do	cateter	epidural	2h	após	o	parto;
•	 Remoção	do	cateter	de	perfusão	EV	2h	após	o	parto,	se	não	houver	
prescrição	de	medicamentos	por	via	EV;
•	 Passagem	ao	setor	de	puerpério	2	h	após	o	parto	(MONTENEGRO	
et al.,	2014,	p.	211).
52
Com	 relação	 a	 algumas	 diferenças	 de	 cuidados	 assistenciais	 que	 o	Ministério	
da	Saúde	 traz	 em	suas	diretrizes	 (BRASIL,	 2017a),	 podemos	 citar:	 perceber	 os	 lóquios	
e	contrações	uterinas,	perceber	as	perdas	urinárias	se	estão	bem-sucedidas;	e	alguns	
cuidados	 com	 o	 períneo,	 em	 caso	 de	 lacerações	 ou	 episiotomia,conforme	 o	 grau	 da	
laceração,	sendo	necessário	explicar	à	mulher	o	que	será	realizado,	no	caso,	a	sutura,	e	
ofertar	a	analgesia	adequada	para	a	realização	do	procedimento,	quando	são	importantes	
uma	 boa	 iluminação	 para	 o	 profissional	 que	 realiza	 o	 reparo	 do	 trauma,	 assim	 como	
informações	para	a	puérpera	sobre	cuidados	e	higiene	no	períneo.
Sinais de alarme no pós-parto, segundo Nené, Marques e Batista 
(2016), são: temperatura > 38 °C, pressão arterial alterada, hipo ou 
hipertensão, pulso alterado, taquicardia ou bradicardia acentuada; 
dor súbita e persistente; cefaleias; pele descorada, fria e viscosa; 
nas mamas, rubor e calor; no útero, mole à palpação e acima do 
umbigo após 24 horas pós-parto; sobre a perda sanguínea, se 
houver, maior que 500 mL com odor fétido; edema no períneo e 
desconfortos acentuados após sutura; retenção urinária, diarreia, 
sinais de infecção na sutura abdominal, em caso de cesariana; sinal 
de tromboflebite nos membros inferiores; náuseas e vômitos; fadiga 
extrema e incapacidade para dormir.
ATENÇÃO
No	caso	de	recuperação	de	cesariana,	será	necessária	maior	atenção	à	puérpera,	
visto	que	esta	estará	impossibilitada	de	se	levantar	do	leito,	devido	ao	tempo	anestésico	
após	a	cirurgia.	Alguns	cuidados	de	rotina	no	pós-parto	cirúrgico	são:
•	 Durante	4	primeiras	horas	após-cesariana,	os	sinais	vitais	devem	
ser	observados	e	registrados	a	cada	30	minutos,	a	seguir,	a	cada	
hora	 e	 até	 8h	 pós-cirurgia,	 quando	 então	 a	 avaliação	 passa	 a	
ser	 feita	 de	 4/4h,	 principalmente	 nas	 pacientes	 submetidas	 à	
administração	de	morfina	no	bloqueio	anestésico,	pelo	maior	risco	
de	insuficiência	respiratória.
• Durante as primeiras 12 horas pós-cesariana deve-se manter 
hidratação	 venosa,	 generosa,	 mínimo	 de	 2.000.	 Esta,	 além	 de	
necessária	para	 repor	 as	perdas	hidreletrolíticas,	 é	uma	medida	
profilática	da	cefaleia	pós-raque,	conjuntamente	com	a	utilização	
de	agulha	finas	para	o	bloqueio	anestésico.
•	 Deve-se	manter	infusão	venosa	de	ocitocina	junto	com	a	hidratação,	
5	a	10	UI	em	cada	soro,	a	fim	de	assegurar	a	contração	uterina	eficaz	
e,	consequentemente,	diminuir	o	sangramento	uterino.
•	 É	frequente	a	incidência	de	enjoos,	que	costumam	ser	controlados	
com	bromoprida	ou	ondansetrona	administrada	por	via	venosa.
•	 A	 diurese	 é	 um	 ponto	 importante	 de	 observação,	 e	 tanto	 o	
volume	 quanto	 a	 característica	 da	 urina	 (coloração)	 devem	 ser	
rigorosamente	observados.	Com	essa	avaliação,	é	possível	fazer	
o	balanço	hídrico	da	paciente,	e	hematúria	maciça	pode	 indicar	
lesão	vesical.
53
[...]	
•	 A	deambulação	assistida	deve	ser	estimulada	logo	após	a	retirada	
da	sonda	vesical,	caso	houver,	assim	como	o	banho	de	aspersão.	O	
caminhar	precoce,	em	geral,	após	12	h	do	procedimento	cirúrgico,	
acelera	a	retomada	das	funções	 intestinais	e	diminui	a	distensão	
abdominal,	além	de	prevenir	tromboembolismo.
[...]	
•	 O	curativo	deve	ser	retirado	24	horas	após	a	cirurgia	[...]	a	tendência	
atual	 é	 não	 cobrir	 a	 cicatriz	 após	 esse	 período	 (MONTENEGRO;	
REZENDE	JUNIOR,	2016,	p.	991-993).
Caro acadêmico, independentemente da via de parto, devemos 
assegurar o alojamento conjunto entre mãe e bebê, quando 
condições de saúde estáveis de ambos, devido à importância da 
criação de vinculação e da amamentação nas primeiras horas, pois 
fazem diferença na vida materna e infantil. É responsabilidade do 
enfermeiro garantir que esse momento aconteça de forma saudável.
IMPORTANTE
54
Neste tópico, você aprendeu:
•	 O	enfermeiro,	na	triagem	obstétrica,	tem	como	competências	de	rotina	o	acolhimento	
mulher/casal	e	a	realização	da	classificação	de	risco	obstétrico,	além	de	escutar	as	
queixas	acerca	do	motivo	da	procura	da	instituição,	aferir	os	sinais	vitais,	observar	
sinais	e	sintomas	específicos,	e	garantir	a	presença	do	acompanhante	de	escolha	da	
mulher	após	a	internação.	
•	 No	pré-parto,	o	enfermeiro	cuidará	da	assistência	à	mulher	em	trabalho	de	parto,	
tanto	na	fase	 latente	como	na	fase	ativa,	sendo	de	sua	 responsabilidade	 informar	
a	mulher/casal	sobre	métodos	que	auxiliam	no	alívio	da	dor	e	também	na	progressão	
do	trabalho	de	parto.	A	ausculta	cardíaca	fetal	é	um	cuidado	importante,	que	deve	
ser	realizado	com	Sonar	Doppler	a	cada	30	minutos	durante	1	minuto,	no	decorrer	de	
todo	o	trabalho	de	parto,	devendo	permanecer	nos	parâmetros	normais	entre	110	e	
160	bpm,	para	garantir	o	bem-estar	materno	e	fetal.
•	 Os	 cuidados	 de	 rotina,	 prestados	 na	 sala	 de	 partos	 pelo	 enfermeiro,	 devem	 ser	
baseados	em	evidências	científicas,	sendo	a	ausculta	cardíaca	fetal,	nesse	momento,	
de	5	em	5	minutos,	visto	que,	no	período	expulsivo,	há	a	compressão	do	polo	cefálico	
do	feto.	Deve	haver	também	o	encorajamento	da	parturiente	para	escolher	a	posição	
que	mais	lhe	agradar	para	o	nascimento.
•	 O	 uso	 de	Procedimentos	Operacionais	 Padrões	 (POPs)	 e	 da	 Lista	 de	Verificação	 de	
Segurança	Cirúrgica,	dentro	da	sala	cirúrgica,	é	necessário	para	uma	assistência	de	
Enfermagem	de	qualidade,	segurança	e	padronização	do	cuidado.	Garantir	a	realização	
de	um	procedimento	ou	cirurgia,	conforme	prioridades	e	emergências	do	momento	
dentro	do	centro	obstétrico,	também	é	encargo	do	enfermeiro	e	da	equipe	clínica.
•	 É	de	extrema	importância	a	vigília	no	pós-parto	e	pós-cesariana	em	sala	de	recuperação,	
sendo	cuidados	de	rotina	desse	local	a	observação	da	perda	de	sangue,	os	lóquios,	o	
globo	de	segurança	de	Pinard	e	os	sinais	vitais	maternos.
RESUMO DO TÓPICO 3
55
1	 Acerca	do	acolhimento	e	da	classificação	de	risco	obstétrico,	que	tem	como	objetivo	
priorizar	os	atendimentos	com	mais	urgência,	conforme	sinais,	sintomas	e	queixas	
da	mulher,	e	das	rotinas	do	enfermeiro	na	triagem	obstétrica,	quando	realizado	o	A&CR	
obstétrico,	assinale	a	alternativa	INCORRETA:	
a)	 (			)	 Chamar	a	mulher	pelo	nome,	solicitando	também	a	presença	de	um	acompa-
nhante,	caso	seja	desejo	da	paciente.
b)	 (			)	 Registrar	dados	da	classificação	na	ficha	de	atendimento,	sinalizando,	por	meio	
de	cores,	a	classificação	da	mulher.
b)	 (			)	 Não	 devem	 ser	 reclassificadas	 as	 pacientes	 quando	 forem	 identificadas	
alterações	pela	equipe.
d)	 (			)	 Supervisionar	 o	 trabalho	 do	 técnico/auxiliar	 de	 Enfermagem	 e	 do	 estagiário,	
orientando	corretamente	quando	necessário.
2	 Considera-se	que,	segundo	as	Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal 
(BRASIL,	2017a),	se	a	parturiente	estiver	com	trabalho	de	parto	estabelecido,	ou	seja,	
com	mais	 de	 4	 cm	de	 dilatação	 e	 contrações	 efetivas,	 já	 pode	 ser	 admitida	 para	
internação.	Com	base	nas	rotinas	assistenciais	de	admissão	da	gestante,	analise	as	
sentenças a seguir:
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal. Brasília: 
Secretaria de Ciências, Tecnologia e Insumos Estratégicos, 2017a. Disponível em: http://twixar.me/RgQm. 
Acesso em: 10 jul. 2022.
I-	 Deve-se	 perguntar	 sobre	 o	 plano	 de	 parto,	 se	 houver,	 sendo	 importante	 realizar	
a	 leitura	 para	 saber	 expectativas	 e	 desejos	 do	 casal	 sobre	 o	 parto,	 registrar	 no	
prontuário	e	informar	à	equipe.	
II-	 A	 realização	 dos	 testes	 rápidos	 de	 HIV	 e	 VDRL	 é	 rotina	 na	 admissão	 no	 centro	
obstétrico,	bem	como	saber	o	tipo	sanguíneo	e	o	fator	Rh	materno,	para	casos	de	
profilaxia	anti-D	no	pós-parto.
III-	 O	 procedimento	 de	 enema	 (limpeza	 intestinal)	 deve	 ser	 realizado	 em	 todas	 as	
gestantes	na	admissão,	 junto	à	tricotomia	(corte	dos	pelos	pubianos),	para	evitar	
possíveis	infecções.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	 (			)	 As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
 
AUTOATIVIDADE
56
3 Segundo as Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal,	 do	Ministério	 da	
Saúde	(BRASIL,	2017a),	a	vigilância	do	bem-estar	materno	fetal	também	se	dá	pela	
avaliação	 da	 auscultacardíaca	 fetal	 com	 o	 Sonar	 Doppler	 ou	 com	 o	 aparelho	 de	
Pinard,	sendo	a	monitoração	da	vitalidade	fetal	um	dos	cuidados	principais	nas	salas	
de	partos,	para	garantir	a	saúde	do	feto.	Diante	disso,	classifique	V	para	as	sentenças	
verdadeiras e F para as falsas:
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal. Brasília: 
Secretaria de Ciências, Tecnologia e Insumos Estratégicos, 2017a. Disponível em: http://twixar.me/RgQm. 
Acesso em: 10 jul. 2022.
(			)	 É	recomendada	a	cardiotocografia	contínua	durante	todo	o	período	do	trabalho	de	
parto	em	gestantes	de	alto	e	baixo	risco.
(			)	O	parâmetro	normal,	para	a	frequência	cardíaca	fetal,	é	de	110	a	160	bpm,	sendo	
alguns	 sinais	 de	 aceleração	 positivos,	 porém	 sinais	 de	 desacelerações	 devem	 ser	
observados	com	alerta.
(			)	A	ausculta	cardíaca	fetal	pode	ser	vista	de	30	em	30	minutos	no	período	expulsivo,	
conforme	as	recomendações.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 A	organização	da	sala	cirúrgica	é	de	responsabilidade	do	enfermeiro	do	setor,	sendo	
importante	lembrar	que	as	competências	da	Enfermagem	vão	além	da	assistência;	
a	 gerência	 também	 faz	 parte	 do	 cuidado	 de	 rotina,	 assim	 como,	 por	 exemplo,	 a	
provisão,	a	previsão	e	o	controle	de	materiais	na	sala	cirúrgica	são	cuidados	de	rotina	
gerenciais	que	o	enfermeiro	deve	ter.	Diante	disso,	disserte	sobre	outras	rotinas	que	
o	enfermeiro	deve	realizar	na	sala	cirúrgica	obstétrica.	
5	 No	puerpério	imediato,	deve-se	ter	uma	grande	atenção	a	todos	e	quaisquer	sinais	da	
mulher	que	não	estejam	estáveis,	em	todos	os	sistemas	corporais,	evitando	possíveis	
riscos	maternos	desencadeados	por	hemorragias,	infecções	e	entre	outras	condições	
que	levam	ao	risco	da	puérpera.	A	vigilância	adequada	em	sala	de	recuperação	pode	
evitar	morbidades	maternas.	Nesse	contexto,	disserte	sobre	os	principais	cuidados	
do	enfermeiro	na	sala	de	recuperação	com	uma	puérpera	de	parto	normal	e	de	cesariana.
57
TÓPICO 4 — 
ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO 
RECÉM-NASCIDO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO 
Neste	 tópico,	 abordaremos	 temas	 importantes	 sobre	 a	 assistência	 imediata	
feita	ao	 recém-nascido,	no	centro	obstétrico.	Essa	etapa	é	fundamental	para	aplicar	
os	cuidados	adequados	ao	recém-nascido,	para	reduzir	os	 índices	de	mortalidade	 infantil.	
Segundo	o	Ministério	da	Saúde,	a	mortalidade	neonatal	é	responsável	por	quase	70%	das	
mortes	no	primeiro	ano	de	vida.	Nesse	sentido,	revisitar,	praticamente,	o	guia,	elaborado	
pelo	Ministério	 da	Saúde,	 para	 os	 profissionais	 da	 saúde,	 com	o	 título	 na	Atenção à 
Saúde do Recém-Nascido	 (BRASIL,	 2014)	 e	 as	 diretrizes	 da	 Sociedade	 Brasileira	 de	
Pediatria	(SBP)	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022).
Veremos	 a	 importância	 do	 profissional	 da	 Enfermagem	 no	momento	 do	 pós-
parto	 imediato,	quando	se	 inicia	o	atendimento	ao	recém-nascido,	para	que	ele	nasça	
sem	intercorrências.	O	atendimento	humanizado,	ainda	na	primeira	hora	de	vida,	pode	ser	
realizado	com	atividades	simples,	como	o	clampeamento	tardio	do	cordão,	a	colocação	do	
recém-nascido	em	contato,	pele	a	pele,	com	a	mãe	e	o	estímulo	ao	aleitamento	materno.
Compreenderemos	 a	 relevância	 da	 avaliação	 das	 condições	 do	 nascimento	 e,	
nesse	sentido,	falaremos	sobre	a	Escala	de	Apgar,	cuja	aferição	permite	avaliar	a	resposta	
do	 recém-nascido	 ao	 nascer.	 Embora	 a	maioria	 dos	 recém-nascidos	 nasça	 com	 boa	
vitalidade,	 manobras	 de	 reanimação	 podem	 ser	 necessárias,	 de	 maneira	 inesperada.	
Assim,	 são	 essenciais	 os	 conhecimentos	 e	 a	 habilidade	 em	 reanimação	 e,	 por	 isso,	
abordaremos	também	a	reanimação	neonatal	em	sala	de	parto.
2 AVALIAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO
Após	o	nascimento,	a	adaptação	a	vida	extrauterina	do	 recém-nascido	deve	
ser	conduzida,	de	forma	a	minimizar	traumas	externos,	podendo	serem	tomados	alguns	
cuidados	para	fazer	dessa	adaptação,	ao	mundo	exterior,	um	período	tranquilo	e	positivo	
para	o	bebê	e	também	para	a	família.	O	enfermeiro	mostra-se	um	grande	agente	nesse	
meio,	sendo	necessário	o	apoio	e	ter	uma	visão	 integral	não	apenas	dos	procedimentos	
realizados,	mas	percebendo	a	real	importância	do	cuidado	com	esse	bebê	e	o	impacto	
que	 essa	 atenção	 e	 assistência	 humanizada	 terá	 para	 o	 seu	 desenvolvimento	 (NENÉ;	
MARQUES;	BATISTA,	2016).
58
A	promoção	 do	 envolvimento	 dos	 pais,	 ainda	 em	 sala	 de	 parto,	 logo	 após	 o	
nascimento,	 é	 essencial	 e,	 por	 isso,	 a	 flexibilização	 de	 alguns	 cuidados,	 realizados	
pelo	enfermeiro,	pode	ser	 importante	nesse	momento	especial	da	primeira	hora	após	
nascimento.	 Nené,	 Marques	 e	 Batista	 (2016)	 ainda	 explicam	 que	 permitir	 que	 essa	
família	olhe,	cheire	e	ouça	o	bebê,	e	realize	o	contato	pele	a	pele	com	a	mãe,	motivando	
a	presença	do	pai,	promove	uma	boa	relação	futura	entre	essa	família.
Caro acadêmico, saiba que o tipo de assistência, já em sala 
de parto, do profissional enfermeiro ao recém-nascido, pode 
interferir, de forma positiva ou negativa, na criação de vínculo 
com a família, principalmente com a mãe. Por isso, é necessário 
prestar cuidados baseados em evidências científicas e que 
tragam benefícios, tranquilidade e segurança para a adaptação 
extrauterina desse bebê.
INTERESSANTE
Para	uma	boa	atuação	nesse	meio,	o	enfermeiro	deve,	primeiramente,	validar	
algumas	informações	sobre	a	gestação:
•	 Vigilância	pré-natal	(consultas	e	exames).
•	 História	 da	 gravidez	 (evolução,	 doenças,	 medicação,	 drogas	
usadas).
•	 Aspectos	psicossociais	do	parto	(preparação	para	o	parto,	suporte	
emocional	durante	o	trabalho	de	parto,	o	envolvimento	familiar,	a	
comunicação	estabelecida	entre	a	equipe	de	saúde,	a	parturiente	e	
o	acompanhante	durante	o	parto).
•	 Antecedentes	 materno	 e	 paternos	 (do	 recém-nascido)	 (NENÉ;	
MARQUES;	BATISTA,	2016,	p.	486).
Com	essas	informações	o	enfermeiro	ficará	mais	seguro,	antecipando	determi-
nadas	situações	de	acordo	com	as	informações	ante	natais.
2.1 OS CUIDADOS INICIAIS AO RÉCEM-NASCIDO 
Assim	que	o	parto	acontece,	como	vimos	nos	tópicos	anteriores,	após	a	expulsão	
do	bebê,	este	deve	vir	para	o	colo	da	mãe,	 realizar	o	contato	pele	a	pele	e	manter	a	
temperatura	e	o	calor	corporal,	evitando	possível	hipotermia	neonatal.	 Isso	acontece,	
concomitantemente,	com	a	avaliação	inicial	do	pediatra	que	está	em	sala	de	parto	ou	o	
profissional	de	plantão,	responsável,	no	momento,	pelo	cuidado	e	pela	vigília	ao	recém-
nascido.	Essa	avaliação	inicial	pode,	inclusive,	ser	realizada	no	colo	da	mãe.	
59
Um	dos	passos	mais	simples	e	também	importantes,	nesse	período,	é	a	anotação	
da	hora	de	nascimento	e	a	identificação	do	recém-nascido	com	os	dados	importantes,	
como	 data,	 hora	 do	 nascimento,	 nome	 da	 mãe	 e	 sexo	 do	 recém-nascido,	 o	 que	 irá	
depender	dos	protocolos	de	cada	instituição.
Sobre	o	contato	pele	a	pele,	é	importante	ressaltar	que	a	OMS	(WHO,	2018,	p.	
163)	 traz	 como	 recomendação	 que	 “Recém-nascidos	 sem	 complicações	 devem	 ser	
mantidos	em	contato	pele	a	pele	(SSC)	com	suas	mães	durante	a	primeira	hora	após	o	
nascimento	para	prevenir	a	hipotermia	e	promover	a	amamentação”.	
Além	disso,	de	acordo	com	as	evidências	mostradas	pela	OMS	(WHO,	2012),	nas	
recomendações	 para	 a	 gestão	 de	 condições	 comuns	da	 infância,	 além	do	benefício	
para	a	amamentação,	o	contato	pele	a	pele	entre	recém-nascido	e	mãe	está	associado	
a	um	aumento	na	sobrevida	dos	recém-nascidos,	compactuando	com	a	diminuição	da	
mortalidade	neonatal.
A	 primeira	 hora	 de	 vida	 do	 recém-nascido	 é	 um	 período	 sensível,	
chamado	na	literatura	como	“hora	sagrada”,	ou	“hora	de	ouro”,	onde	
o	mesmo	encontra-se	tranquilo,	 com	os	olhos	abertos	e	 receptivo	
ao	meio	 externo,	 ideal	 para	 iniciar	 a	 interação	 com	 a	mãe.	Ao	 ser	
colocado	no	tórax	materno	 imediatamente	após	o	parto,	o	 recém-
nascido,	por	meio	de	reflexos	e	estímulos	olfativos	é	capazde	localizar	
o	mamilo	da	mãe	e	iniciar	o	processo	do	aleitamento.	Estes	estímulos	
sensoriais,	como	o	toque	e	o	odor,	promovem	a	liberação	de	ocitocina	
materna,	que	além	de	auxiliar	na	prevenção	de	hemorragias,	estimula	
o	instinto	materno	de	proteção	ao	recém-nascido	e	contribui	para	a	
ejeção	do	colostro	(HOLZTRATTNER	et al.,	2021,	p.	2).
A	 amamentação,	 na	primeira	hora	de	vida,	 é	 uma	prática	 recomendada	pela	
OMS	(WHO,	2022),	que	ainda	salienta	a	necessidade	de	auxiliar	esse	estímulo	também	
com	os	bebês	com	baixo	peso	ao	nascer,	vistos	os	inúmeros	benefícios	do	aleitamento	
materno	para	o	recém-nascido	e	também	para	a	mãe.	Isso	deve	ser	realizado	quando	
ambos	estiverem	clinicamente	estáveis.
Alguns	autores,	como	Silva	et al.	 (2018),	trazem	os	benefícios	da	amamentação	
na	sala	de	parto,	que	são:	melhora	da	adaptação	do	bebê	a	vida	extrauterina,	regulação	
da	glicemia,	regulação	do	sistema	cardiorrespiratório	e	também	térmico.	A	mãe	também	
se	beneficia	quando	o	bebê	suga,	por	ser	estimulada	a	produção	de	ocitocina	e	prolactina,	
além	de	auxiliar	na	contração	uterina	mantendo	o	globo	de	segurança,	produzindo	ainda	
mais	leite	no	organismo,	favorecendo	a	continuidade	de	um	aleitamento	materno	saudável.	
Mundialmente,	existe	um	projeto	chamado	“Hospital	amigo	da	criança”,	criado	
pelo	Fundo	das	Nações	Unidas	para	a	Infância,	em	parceria	com	a	OMS,	que	tem	como	
objetivo	recomendar	os	dez	passos	para	o	sucesso	da	prática	do	aleitamento	materno.	Um	
desses	passos	é	colocar	o	recém-nascido	em	contato	imediato,	após	o	parto,	no	colo	de	
sua	mãe	por,	no	mínimo,	1	hora,	até	que	sejam	necessárias	as	primeiras	avaliações	do	
bebê	dentro	do	centro	obstétrico.
60
Ainda	relacionando	as	boas	práticas	do	nascimento	com	as	rotinas	do	centro	
obstétrico,	o	clampeamento	do	cordão	umbilical	também	é	um	momento	significativo	
para	o	bebê,	além	de	ser	especial	quando	o	enfermeiro	envolve	o	acompanhante	nesse	
momento,	como,	na	realização	do	corte	do	cordão,	ao	ofertar	ao	pai	que	realize	o	corte,	se	
criança	estiver	estável	após	o	nascimento.
Acadêmico, saiba que vários estudos apontam o benefício do clam-
peamento em tempo oportuno do cordão umbilical, não devendo 
ser realizado o clampeamento imediato após o nascimento, se 
recém-nascido em bom estado geral.
IMPORTANTE
A	 OMS	 (WHO,	 2018)	 recomenda	 o	 clampeamento	 do	 cordão	 umbilical	 não	
menos	do	que	um	minuto	após	o	parto.	A	SBP	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022)	explica	
que,	na	 literatura,	há	várias	definições	de	tempo,	mas	o	mínimo	seriam	60	segundos	
até	 alguns	minutos	 após	 parar	 de	 pulsar.	 Isso	 facilita	 a	 transição	 cardiorrespiratória	
do	recém-nascido	após	o	parto,	além	da	concentração	de	hemoglobina	e	ferritina	do	
recém-nascido,	 podendo	 reduzir	 anemia	 do	 lactente.	 Essa	 recomendação	 é	 vedada	
caso	o	recém-nascido	não	comece	a	respirar	logo	após	o	nascimento,	sendo	necessário	
clampeamento	 imediato	 para	 a	 realização	 de	 uma	 assistência	 de	 reanimação.	 O	
Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2014)	recomenda	que,	após	esse	clampeamento	do	cordão,	
o	recém-nascido	deve	ficar	sobre	o	abdome	no	colo	materno.
Nesse	tempo,	é	 importante	salientar	que	o	profissional	 responsável,	podendo	
ser	pediatra	ou	quem	assiste/realiza	o	parto,	deve	avaliar	a	vitalidade	do	recém-nascido	
ao	nascer,	para	a	aplicação	da	Escala	de	Apgar	(Figura	12),	que,	segundo	Nené,	Marques	
e	Batista	(2016),	é	uma	forma	de	sistematizar	o	período	de	transição	do	recém-nascido	
e	indicar	a	necessidade	de	cuidados	para	esse	bebê,	sendo	o	valor	mínimo	da	escala	
0	e	o	máximo	 10.	Assim,	 se	o	escore	estiver	 entre	 7	 e	 10,	 é	 sinal	 de	que	não	houve	
dificuldade	do	recém-nascido	para	se	adaptar	à	vida	extrauterina;	se	o	escore	for	de	4	a	
6,	demonstra	que	houve	um	grau	moderado;	e,	se	for	0	a	3,	é	grave.	
O	boletim	de	Apgar	é	determinado	no	1º	e	5º	minutos	após	a	extração	
completa	 do	 produto	 conceptual	 do	 corpo	 da	 mãe,	 mas	 não	 é	
utilizado	 para	 indicar	 procedimentos	 na	 reanimação	 neonatal.	 Sua	
aplicação	permite	avaliar	retrospectivamente	a	resposta	do	paciente	às	
manobras	realizadas.	Se	o	Apgar	é	<7	no	5º	minuto,	recomenda-se	
realizá-lo	a	cada	cinco	minutos,	até	20	minutos	de	vida.	É	necessário	
documentar	 o	 escore	 de	 Apgar	 de	 maneira	 concomitante	 à	 dos	
procedimentos	de	 reanimação	executados	 (ALMEIDA;	GUINSBURG,	
2022,	p.	11).
61
São pontos avaliados na Escala de Apgar: frequência cardíaca, respiração, 
tônus muscular, cor e a irritabilidade reflexa.
ATENÇÃO
Figura 12 – Escala de Apgar ampliada
Fonte: Almeida; Guinsburg (2022, p. 38)
Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	apresentam	orientações	quanto	à	execução	dos	
cuidados	imediatos	que	devem	ser	prestados	na	sala	de	parto,	após	o	nascimento	do	
bebê,	nas	duas	primeiras	horas	que	seguem	o	parto.	O	Quadro	1	resume,	para	melhor	
fixação,	esses	cuidados	direcionados	à	Enfermagem.
62
Quadro 1 – Cuidados imediatos ao recém-nascido
Orientações de cuidados imediatos após expulsão do recém-nascido
Preparar	e	verificar	o	material	necessário	para	a	apresentação	de	cuidados	imediatos	ao	
recém-nascido.
Coletar	informação.	
Utilizar	luvas	de	proteção	para	cuidar	do	recém-nascido.
Verificar	a	hora	exata	do	nascimento.
Receber	o	recém-nascido	em	um	campo,	previamente	aquecido,	de	preferência	que	seja	
macio.
Proceder	ao	clampeamento	definitivo	do	cordão	umbilical,	conforme	recomendações.
Se	a	condição	geral	do	recém-nascido	não	permitir,	o	clampeamento	deve	ser	imediato.
Cortar	o	cordão	com	tesoura	esterilizada.
Posicionar	o	recém-nascido	no	colo	da	mãe.
Secar	o	recém-nascido	com	movimentos	suaves,	com	estimulação	tátil,	tendo	o	cuidado	de	
manter	a	cabeça	coberta.
Substituir	o	campo	por	panos	novos	e	aquecidos.
Avaliar	o	índice	de	Apgar.
Identificar	o	recém-nascido,	conforme	protocolo	da	instituição.
Fomentar	o	processo	de	vinculação	através	do	contato	pele	a	pele,	quando	recém-nascido	
estável.
Após	recomendações	do	período	de	contato	pele	a	pele,	transportar	o	recém-nascido	para	o	
posto	de	cuidados	o	bebê,	colocá-lo	sob	fonte	de	calor.
Posicionar	o	recém-nascido	em	decúbito	dorsal.	
Aspiração,	somente	se	necessário,	conforme	recomendações	e	avaliações	clínicas.
Realizar	a	observação	inicial,	para	detectar	malformações	externas	ou	outros	indicadores	
passíveis	de	influenciar	a	evolução	neonatal.
Administrar	1	mg	de	vitamina	K,	por	via	intramuscular,	no	terço	médio	do	músculo	vasto	lateral	
da	coxa	esquerda.
Administrar	método	Credé	em	região	ocular.
Pesar	e	realizar	as	medidas	antropométricas.
Dar	banho	com	água	corrente	apenas	em	situações	de	suspeita	ou	confirmação	de	infecção	
materna,	conforme	protocolo	hospitalar.
Colocar	fralda.	Manter	o	coto	umbilical	exterior	a	fralda.
Vestir	o	recém-nascido	com	roupa	previamente	aquecida.
Envolver	o	recém-nascido	numa	manta	quente.
Estimular	a	amamentação.
Registrar	todos	os	procedimentos.
Fonte: adaptado de Nené; Marques; Batista (2016)
63
Alguns	 cuidados	 específicos	 citado	 acima,	 ainda	 não	 expomos	 nos	 nossos	
estudos,	como	a	administração	da	vitamina	K,	1	mg,	intramuscular	no	recém-nascido,	
ela	serva	para	prevenção	do	sangramento	por	deficiência	de	vitamina	K,	é	uma	profilaxia	
da	 doença	 hemorrágica	 do	 recém-nascido,	 e	 é	 recomendado	 pela	OMS	 (2018),	 com	
fortes	evidências	científicas	mostrando	o	seu	benefício	quando	 realizada	em	sala	de	
partos,	ainda	há	a	possibilidade	da	aplicação	enquanto	o	bebê	segue	no	colo	materno	e	
durante	a	amamentação,	evitando	maiores	incômodos	e	traumas.
A	administração	do	método	Credé,	conhecido	como	prevenção	de	oftalmia	do	
recém-nascido,	é	realizada	com	nitrato	de	prata,	conforme	as	diretrizes	do	Ministério	da	
Saúde	(BRASIL,	2014)	ou	com	Iodopovidona	(PVPI),	com	ação	antisséptica,	na	qual	deve	
ser	aplicada	1	gota	em	cada	globo	ocular.	“A	conjuntivite	neonatal	ou	oftalmia	neonatal	
é	definida	como	uma	conjuntivite	purulenta	do	recém-nascido	(RN),	nas	primeiras	quatro	
semanas	de	vida	(28	dias),	usualmente	adquirida	durante	o	seu	nascimento,a	partir	do	
contato	com	secreções	genitais	maternas	contaminadas”	 (SBP,	2020,	p.	 1).	Portanto,	
apenas	deveria	ser	administrado	em	gestantes	com	infecção	genital	de	gonorreia.	
Essa	prática,	de	forma	rotineira,	está	sendo	questionada	em	países	de	 renda	
alta,	segundo	a	SBP	(2020),	devido	ao	nível	alto	de	assistência	pré-natal	e	ao	acesso	
a	testes	rápidos,	porém,	no	Brasil,	não	existem	dados	oficiais	de	ocorrência	da	conjuntivite	
neonatal.	Entretanto,	ainda	há	estudos	que	comprovam	a	alta	prevalência	de	mulheres	
brasileiras	com	infecção	genital	por	Chlamydia trachomatis e gestantes com Neisseria 
gonorrhoeae,	a	grande	maioria	sem	sintomas.	Nesse	sentido,	a	profilaxia	neonatal,	no	
Brasil,	é	ainda	recomendada	pelo	Ministério	da	Saúde	e	pelo	Departamento	Científico	de	
Neonatologia	da	SBP.
2.2 O EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO
A	observação	física	inicial	do	recém-nascido	deve	ser	feita	de	forma	cuidadosa	
e	com	respeito,	devendo	o	profissional	manter	comunicação	com	o	recém-nascido	e	
com	 o	 acompanhante:	 “a	 avaliação	 implica	 uma	 revisão	 dos	 vários	 sistemas,	mas	 a	
inspeção	visual	é	concomitante	à	prestação	de	cuidados	e	à	execução	das	técnicas	de	
auscultação	do	tórax,	palpação	e	manipulação	do	recém-nascido”	 (NENÉ;	MARQUES;	
BATISTA,	2016,	p.	488).	
O	 Ministério	 da	 Saúde	 (BRASIL,	 2014)	 frisa	 que	 o	 exame	 físico	 deverá	 ser	
realizado	após	algumas	horas,	de	preferência,	antes	de	o	recém-nascido	completar	12	
horas	de	vida	e	reforça	a	presença	dos	pais	nesse	momento,	assim	como	a	relação	entre	o	
profissional	da	saúde	e	a	família,	para	informar	e	esclarecer	as	dúvidas	dos	pais.	“Como	
regra,	o	RN	como	um	todo	ou	em	seus	segmentos	corporais	admite	um	exame	que	vai	do	
externo	para	o	interno	e	no	sentido	crânio-caudal.	Inspeção,	palpação	e	ausculta	devem	
ser	aplicados	nos	diversos	segmentos	examinados”	(BRASIL,	2014,	p.	58).
64
Acadêmico, saiba perceber as oportunidades, ao examinar o 
recém-nascido, como a facilidade da verificação de sinais vitais 
quando o recém-nascido está dormindo; por isso, é preciso ser 
flexível nesse momento e aproveitar as oportunidades à medida 
que elas surgem.
INTERESSANTE
Em geral, o recém-nascido apresenta uma atividade ativa, e choro 
forte e variável é sinal positivo; a postura, normalmente, é simétrica 
e fletida, igual à fetal. É importante estar atento a malformações, 
sinais de angústia respiratória, assimetria postural, fraturas, 
infecções, gemência e choro agudo.
IMPORTANTE
Nené,	Marques	e	Batista	(2016)	trazem	o	exame	físico	inicial	do	recém-nascido	
dividido em sistemas:
•	 Sistema	sensitivo:	observação	dos	olhos,	do	palato,	da	permeabi-
lidade	nasal.
•	 Sistema	 neurológico:	 avaliação	 da	 atividade	 global,	 validando	
o	 movimento	 das	 extremidades	 e	 a	 sua	 simetria;	 verificação	 do	
tónus	muscular,	dos	reflexos	se	sucção,	rotação,	moro	e	preensão	
palpação	da	fontanela	anterior	e	posterior.
•	 Sistema	 cardiorrespiratório:	 auscultação	 do	 ápex	 cardíaco	 para	
avaliar	a	frequência	cardíaca	(120	a	160pbm),	ritmo,	tons	cardíacos	
e	presença	de	sons	anómalos;	avaliação	dos	pulsos	bilateralmente;	
avaliação	das	características	da	respiração	(predominantemente	
abdominal),	FR	(40-60	ciclos	respiratórios	por	minuto),	verifica,	na	
auscultação,	a	simetria	dos	sons	respiratórios,	observar	a	simetria	
da	expansão	torácica.
•	 Sistema	gastrointestinal:	observação	das	características	do	abdo-
me,	e	a	ausência	de	anomalias,	auscultação	dos	sonos	intestinais;	
verificação	do	número	de	vãos	do	cordão	umbilical	(duas	artérias	
e	uma	veia).
•	 Sistema	 geniturinário:	 observação	 das	 características	 sexuais	
externas	 do	 recém-nascido	 e	 qualquer	 anomalia	 da	 genitália;	
verificação	da	perfuração	do	ânus.
•	 Pele:	observação	da	coloração	da	pele	e	das	suas	características	
(descamação	ou	falta	de	gordura	subcutânea	como	 indicador	da	
maturidade),	 observação	 da	 presença	 de	manchas	 de	mecónio	
no	cordão	umbilical,	 na	pele	e	unhas	das	mãos;	 observação	do	
cumprimento	 das	 unhas	 e	 as	 pregas	 plantares;	 validação	 da	
integridade	cutânea	(NENÉ;	MARQUES;	BATISTA,	2016,	p.	488).
65
O	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2014)	relata	que	alguns	achados	são	comuns	
na	pele,	como	presença	de	milium,	 lanugo,	vérnix	e	mancha	mongólica,	que	não	têm	
repercussão	clínica,	devendo	ser	explicada	a	fisiologia	da	apresentação	desses	achados	
aos	familiares.	O	milium	corresponde	a	pequenos	pontos	brancos,	 localizados	na	base	
do	nariz,	no	queixo	e	na	fronte,	isto	é,	pois	acontece	a	obstrução	de	algumas	glândulas	
sebáceas,	sem	a	necessidade	de	intervenções,	pois	desaparecem	após	semanas.
O	 lanugo	 é	 a	 presença	 de	 pelos	 pequenos	 e	 finos,	 que,	 geralmente,	 estão	
na	 região	 dos	 ombros	 e	 das	 escápulas,	 e,	 quando	 o	 recém-nascido	 é	 prematuro,	 é	
observado	em	grande	quantidade,	também	caindo	e	desaparecendo	em	poucos	dias.	
O	vérnix	é	aquela	camada	de	gordura	esbranquiçada	na	pele	do	recém-nascido	e,	por	
vezes,	em	prematuros,	observa-se	a	presença	do	vérnix	caseoso	em	grande	quantidade,	
cujo	objetivo	é	a	proteção	da	pele	e	o	 isolamento	térmico,	podendo	ser	observado	mais	
nas	dobras	dos	recém-nascidos	a	termo,	não	havendo	a	necessidade	de	limpá-lo,	pois	
a	 própria	 pele	 do	 recém-nascido	 o	 absorve	 com	 o	 tempo.	 Já	 a	mancha	mongólica	
são	manchas	azuis	 acinzentadas,	que	estão	 localizadas	no	dorso	e	na	 região	glútea	
e	lombossacral,	sendo	um	sinal	de	imaturidade	da	pele	na	migração	dos	melanócitos,	
também	estando	associados	à	raça	do	recém-nascido,	comuns	em	raças	negras.
A presença de icterícia no recém-nascido deve ser avaliada, 
caracterizada pela pele amarelada, que decorre da impregnação 
por bilirrubina. É comum observar a icterícia fisiológica entre 48 e 
120 horas após o nascimento. Quando observada nas primeiras 
24 horas, é necessário investigar, pois pode ficar intensa e ser 
classificada como patológica.
IMPORTANTE
Durante	 o	 exame	 físico	 de	 ossos	 e	 articulações,	 existe	 uma	manobra	muito	
realizada	pelos	pediatras,	chamada	de	manobra	de	Ortolani.	Segundo	o	Ministério	da	
Saúde	(BRASIL,	2014),	essa	manobra	é	realizada	para	perceber	a	articulação	coxofemoral,	
se	há	ou	não	presença	de	displasia	do	desenvolvimento	do	quadril.	A	criança	é	colocada	
em	decúbito	dorsal,	seguram-se	os	membros	inferiores	com	joelhos,	dobras	e	quadris	
fletidos,	para,	a	partir	disso,	fazer	uma	abdução	das	coxas	com	leve	pressão	nos	joelhos,	
repetindo	a	manobra	para	os	dois	lados	e	percebendo	se	há	um	clique,	visto	que,	quando	
existe	uma	instabilidade	coxofemoral,	durante	essa	manobra,	o	clique	se	faz	presente,	
pois	a	cabeça	do	fêmur	se	encaixa	no	fundo	do	acetábulo.
66
Outra	atenção,	durante	o	exame	físico,	é	o	crânio,	devendo-se	observar	e	palpar	as	
fontanelas,	para	perceber	abaulamentos	que	sugerem	aumento	da	pressão	intracraniana,	
situação	presente	em	casos	de	meningite,	hidrocefalia,	edema	cerebral	ou	hemorragia	
intracraniana,	conforme	as	explicações	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2014).	Há	também	
a	presença	ou	não	da	bossa,	que	é	um	edema	nas	partes	moles	do	crânio,	decorrente	
do	parto	e	que	é	depressível	e	regride	nos	primeiros	dias	após	o	parto.	Ainda	no	crânio,	o	
perímetro	é	importante	em	recém-nascido	a	termo	e	varia	entre	33	e	37	cm.
2.3 OS REFLEXOS PRIMITIVOS 
Habitualmente,	deve	ser	percebida	a	presença	dos	reflexos	do	recém-nascido.	
Os	reflexos	primitivos	trazem	informações	importantes	de	como	está	a	saúde	do	bebê,	
sendo	 uma	 resposta	motora	 involuntária	 a	 um	 estímulo	 externo.	A	 palavra	 primitiva	
é	usada	por	que	esses	 reflexos	estão	presentes	desde	antes	do	nascimento	e	ficam	
presentes	até	6	meses	de	vida,	segundo	as	informações	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	
2014).	Não	há	a	necessidade	de	avaliar	todos	esses	reflexos	no	exame	físico,	porém,	
como	enfermeiro	do	centro	obstétrico,	é	 importante	conhecer	a	sua	existência,	para	
perceber	se	o	recém-nascido	segue	em	bom	estado	de	saúde	na	sala	de	partos.
Em	 seguida,	 abordaremos	 alguns	 deles,	 conformemostrado	 na	 cartilha	 de	
Atenção à Saúde do Recém-Nascido,	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2014):
•	 Reflexo	de	sucção:	manifesta-se	quando	os	lábios	da	criança	são	tocados	por	alguma	
coisa	 e,	 então,	 ocorre	 movimentos	 de	 sucção	 dos	 lábios	 e	 da	 língua	 do	 recém-
nascido.
•	 Reflexo	de	preensão:	é	a	preensão	palmoplantar,	em	que	é	realizada	uma	pressão	na	
palma	da	mão	e	abaixo	dos	dedos	dos	pés.
•	 Reflexo	de	marcha:	 onde	 se	 apoia	 a	 região	 plantar,	 segurando-se	 a	 criança	pelas	
axilas	em	pé,	observando	o	movimento	de	extensão	das	pernas	e	também	marcha	
reflexa.
•	 Reflexo	 cutâneo-plantar:	 quando	 se	 faz	 o	 estímulo	 na	 planta	 do	 pé,	 a	 partir	 do	
calcâneo	até	nos	artelhos,	e,	então	os	dedos	do	recém-nascido	fazem	postura	de	
extensão.
A inspeção do coto umbilical deve ser realizada nesse momento, 
que, inicialmente, tem aspecto gelatinoso e se mumifica após o 4º 
dia de vida, aproximadamente, caindo até o 15º dia de vida. Deve-
se observar a presença de secreções na base do coto e eritema da 
pele ao redor da implantação, que são sinais de alerta. A presença 
de duas artérias e uma veia também deve ser observada.
ATENÇÃO
67
•	 Reflexo	de	Moro:	um	dos	reflexos	mais	 importantes,	pois	a	sua	ausência	pode	indicar	
lesões	nervosas,	musculares	e	ósseas.	A	partir	 de	um	estímulo	brusco,	 como	bater	
palmas	ou	esticar	bruscamente	o	lençol	que	o	recém-nascido	está	deitado	ou	soltar	os	
braços	semiesticados;	a	partir	desse	estímulo,	é	percebida	uma	resposta	de	extensão-
abdução	dos	membros	superiores,	em	que	os	braços	ficam	estendidos	e	abertos,	junto	
aos	dedos	das	mãos,	e,	após	isso,	ocorre	um	retorno	dos	braços	à	posição	original.
•	 Reflexo	de	voracidade:	é	o	reflexo	de	procura,	geralmente,	quando	algo	chega	perto	
da	boca	ou	ao	lado	do	recém-nascido,	este	procura	para	o	mesmo	sentido.
•	 Reflexo	de	fuga	à	asfixia:	é	avaliado	com	o	recém-nascido	em	decúbito	ventral	no	
leito,	com	a	face	voltada	para	o	colchão;	durante	esses	segundos,	o	recém-nascido	
deve	virar	o	rosto,	liberando	o	nariz	para	respirar.
Há	muitos	outros	reflexos,	mas	que	são	menos	frequentes	durante	o	exame	físico	
do	recém-nascido,	como	o	reflexo	de	Magnus	e	de	Kleijn,	o	reflexo	dos	olhos	de	boneca,	
o	reflexo	de	Babkin	e	os	reflexos	tendinosos	e	patelares.
Caro acadêmico, o registro no prontuário eletrônico ou manual 
deve ser realizado, bem como o registro na caderneta da criança, 
de forma adequada, contendo todas as medidas antropométricas, 
peso, cuidados iniciais, hora e data do nascimento, nota Apgar, 
realizados pelos profissionais presentes no parto, nos cuidados 
iniciais e nos reflexos presentes.
ATENÇÃO
3 REANIMAÇÃO NEONATAL 
Acadêmico,	você	sabia	que	são	os	primeiros	minutos	que	decidem	a	vida	de	
um	 recém-nascido?	 É	 um	momento	 determinante	 para	 a	 avaliação	 imediata	 após	 o	
nascimento,	 sendo	 essencial	 a	 observação	 para	 antecipar	 a	 necessidade	 de	 uma	
reanimação	neonatal	–	por	isso,	a	importância	da	capacitação	de	toda	a	equipe.	Nesse	
contexto,	o	enfermeiro	tem	grande	responsabilidade	para	o	sucesso	da	reanimação	do	
bebê,	reduzindo,	assim,	as	taxas	de	mortalidade	neonatal	relacionadas	a	esses	tipos	de	
eventos	em	sala	de	parto.
68
De	acordo	com	os	dados	expostos	pela	SBP	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022,	p.	
5),	 “Estima-se	que,	 no	Brasil,	 a	 cada	 ano,	 ao	 redor	 de	500.000	crianças	necessitem	
de	ajuda	para	iniciar	e	manter	a	respiração	ao	nascer”,	isto	é,	um	valor	alto	comparado	
aos	 outros	 países	 em	 desenvolvimento.	 Nesse	 sentido,	 a	 SBP	 publicou	 as	 diretrizes	
de Reanimação do recém-nascido ≥ 34 semanas em sala de parto,	cujas	práticas	de	
reanimação	se	baseiam	no	International	Liaison	Committee	on	Resuscitation	(ILCOR)	–	
Neonatal	Life	Support	Task	Force,	em	que	neonatologistas	do	mundo	inteiro	realizaram	
revisões	 sistemáticas	 sobre	 o	 tema,	 para	 garantir	 práticas	 atualizadas	 e	 baseadas	 em	
evidências	científicas	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022).
“Ao nascimento, cerca de 2 RN [recém-nascidos] em cada 10 não 
choram ou não respiram; 1 RN em cada 10 precisa de ventilação com 
pressão positiva; 1-2 em cada 100 requerem intubação traqueal; e 
1-3 RN em cada 1.000 necessitam de reanimação avançada, ou seja, 
ventilação acompanhada de massagem cardíaca e/ou medicações 
[...]” (ALMEIDA; GUINSBURG, 2022, p. 5).
INTERESSANTE
Acadêmico, o documento da SBP é disponibilizado em meio 
eletrônico e vale a pena realizar a sua leitura, visto a importância 
de sempre estarmos atualizados em nossas práticas assistenciais 
em sala de parto. Acesse: http://twixar.me/2gQm.
DICA
Você sabe quantos profissionais são necessários para o suporte de 
reanimação do recém-nascido em sala de parto? Segundo a SBP 
(ALMEIDA; GUINSBURG, 2022), pelo menos dois ou três profissionais 
capacitados e aptos a reanimar o recém-nascido, de forma ágil e 
adequada, com um médico presente, de preferência pediatra, para 
a realização da intubação orotraqueal, e também para indicar a 
massagem e as medicações específicas.
IMPORTANTE
69
Em	todo	parto	de	baixo	risco,	deve-se	ter	um	profissional	responsável	pelo	recém-
nascido,	para	avaliação	inicial	e	que	também	esteja	capacitado	para	reanimação	imediata,	
caso	seja	necessária.	A	SBP	indica	sempre	a	presença	de	um	pediatra	na	sala	de	parto,	em	
todos	os	nascimentos,	garantindo,	assim,	a	qualidade	da	assistência	ao	recém-nascido.	
Nené,	Marques	e	Batista	 (2016)	afirmam	que	existem	alguns	fatores,	observados	 já	no	
pré-natal	da	mãe	e	também	durante	o	parto,	que	podem	conduzir	a	necessidade	de	uma	
reanimação	do	recém-nascido,	como	pode	ser	observado	no	Quadro	2.
Quadro 2 – Condições associadas à necessidade de reanimação do recém-nascido
Fatores pré-natais Fatores do parto
•	 Idade	<	16	anos	ou	>	35	anos.
•	 Diabetes.
•	 Síndromes	hipertensivas.
•	 Doenças	maternas.
•	 Infecção	materna.
•	 Aloimunização	ou	anemia	fetal.
•	 Uso	de	medicações.
•	 Uso	de	drogas	ilícitas.
•	 Óbito	fetal	ou	neonatal	anterior.
•	 Ausência	de	cuidados	pré-natal.
•	 Idade	gestacional	<	39	ou	>	41	semanas.
•	 Gestação	múltipla.
•	 Rotura	prematura	das	membranas.
•	 Polidrâmnio	ou	oligoâmnio.
•	 Diminuição	da	atividade	fetal.
•	 Sangramento	no	2º	ou	3º	trimestre.
•	 Discrepância	de	idade	gestacional	e	peso.
•	 Hidropsia	fetal.	
•	 Malformação	fetal.	
•	 Parto	cesáreo.
•	 Uso	de	fórcipe	ou	extração	a	vácuo.
•	 Apresentação	não	cefálica.
•	 Trabalho	de	parto	prematuro.
•	 Parto	taquitócico.
•	 Corioamnionite.
•	 Rotura	de	membranas	>	18	horas.
•	 Trabalho	de	parto	>	24	horas.
•	 Segundo	estágio	do	parto	>	2	horas.
•	 Padrão	anormal	de	frequência	cardíaca	
fetal.
•	 Anestesia	geral.
•	 Hipertonia	uterina.
•	 Líquido	amniótico	meconial.
• Prolapso ou rotura ou nó verdadeiro de 
cordão.
•	 Terapia	materna	com	sulfato	de	magnésio.
• Uso de opioides 4 horas anteriores ao 
parto.
•	 Descolamento	prematuro	de	placenta.
•	 Placenta	prévia.
•	 Sangramento	intraparto	significativo.
Fonte: Almeida; Guinsburg (2022, p. 6)
Antes	do	atendimento,	é	ainda	indicada	a	realização	de	um	“briefing”	da	equipe,	
para	organizar	 os	passos	e	 as	 responsabilidades	de	cada	um	durante	a	 reanimação.	
Nesse	briefing,	a	SBP	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022)	explica	que	há	algumas	ações	que	
devem	ser	 organizadas,	 como	a	preparação	do	material	 necessário	para	 reanimação	
e,	inclusive,	o	teste	de	funcionalidade	de	todos,	estando	disponíveis	para	fácil	acesso	
instrumentos	durante	a	reanimação.	
Caro	 acadêmico,	 é	 de	 extrema	 importância	 que	 todos	 os	 materiais	 estejam	
disponíveis	para	a	reanimação.	No	Quadro	3,	é	possível	perceber,	de	maneira	mais	clara,	a	
relação	dos	materiais	necessários	para	a	reanimação	do	recém-nascido	em	sala	de	parto.
70
Quadro 3 – Materiais para reanimação do recém-nascido
Na sala de 
reanimação
Sala	com	temperatura	23-25	°C.
Mesa	de	reanimação	com	acesso	por	três	lados.
Fonte	de	oxigênio	umidificado	com	fluxômetro	e	fonte	de	ar	comprimido.
Blender	para	mistura	oxigênio/ar.
Aspirador	a	vácuo	com	manômetro.
Relógio	de	parede	com	ponteirode	segundos.	
Material para 
manutenção de 
temperatura
Fonte	de	calor	radiante.
Termômetro	ambiente	digital.
Campo	cirúrgico	e	compressas	de	algodão	estéreis.
Saco	de	polietileno	de	30	×	50	cm	para	prematuro.
Touca	de	lã	ou	algodão.
Colchão	térmico	químico	25	×	40	cm	para	prematuro	<	1.000	g.
Termômetro	clínico	digital.
Material para 
avaliação 
Estetoscópio	neonatal.
Oxímetro	de	pulso	com	sensor	neonatal.
Monitor	cardíaco	de	três	vias	com	eletrodos.
Bandagem	elástica	para	fixar	o	sensor	do	oxímetro	e	os	eletrodos.
Material para 
aspiração
Sondas:	traqueais	nº	6	e	8	e	gástricas	curtas	nº	6	e	8.
Conexão	de	látex	ou	silicone	para	conectar	sonda	ao	aspirador.
Dispositivo	para	aspiração	de	mecônio.
Seringas	de	10	mL.
Material para 
ventilação 
Reanimador	manual	neonatal	(balão	auto	inflável	com	volume	ao	redor	
de	240	mL,	reservatório	de	O2	e	válvula	de	escape	com	limite	de	30-40	
cmH2O	e/ou	manômetro).
Ventilador	mecânico	manual	com	peça	T	com	circuitos	próprios.
Máscaras	redondas	com	coxim	para	recém-nascido	de	termo,	prematuro	
e	prematuro	extremo.
Máscara	laríngea	para	recém-nascido	nº	1.
Material para 
intubação 
traqueal
Laringoscópio	infantil	com	lâmina	reta	nº	00,	0	e	1.
Cânulas	traqueais	sem	balonete,	de	diâmetro	interno	uniforme	2,5/3,0/3,5	
e	4,0	mm.
Material	para	fixação	da	cânula:	fita	adesiva	e	algodão	com	soro	fisiológico.
Pilhas	e	lâmpadas	sobressalentes	para	laringoscópio.
Detector	colorimétrico	de	CO2	expirado.
Medicações 
Adrenalina	diluída	a	1mg/10	mL	em	uma	seringa	de	5,0	mL	para	
administração	única	endotraqueal.
Adrenalina	diluída	a	1mg/10	mL	em	uma	seringa	de	1,0	mL	para	
administração	endovenosa.
Expansor	de	volume	(soro	fisiológico)	em	duas	seringas	de	20	mL.
Material para 
cateterismo 
umbilical 
Campo	esterilizado,	cadarço	de	algodão	e	gaze.
Pinça	tipo	Kelly	reta	de	14	cm	e	cabo	de	bisturi	com	lâmina	nº	21.
Porta	agulha	de	11cm	e	fio	agulhado	mononylon	4.0
Cateter	umbilical	3,5F	e	5F	de	PVC	ou	poliuretano	de	lúmen	único.
Torneira	de	três	vias	e	seringa	de	10	mL.
Soro	fisiológico	para	preencher	o	cateter	antes	de	sua	inserção.
Outros 
Luvas	e	óculos	de	proteção	individual	para	os	profissionais	de	saúde.
Gazes	esterilizadas	de	algodão,	álcool	etílico/solução	antisséptica.
Cabo	e	lâmina	de	bisturi.
Tesoura	de	ponta	romba	e	clampeador	de	cordão	umbilical.
Agulhas	para	preparo	da	medicação.
Fonte: Almeida; Guinsburg (2022, p. 36)
71
Geralmente,	 os	 cuidados	 básicos	 prestados	 a	 todos	 os	 recém-nascidos	 em	
sala	de	parto,	segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016),	já	são	suficientes	para	que	não	
haja	 complicações	 e	 uma	 possível	 reanimação:	manter	 o	 bebê	 seco	 e	 aquecido,	 ou	
pele	a	pele	com	a	mãe	com	campo	aquecido	sobre	eles,	ou	sob	fonte	de	calor,	deixar	
a	cabeça	posicionada	de	forma	que	as	vias	áreas	permaneçam	abertas	e	 limpar	com	
pano	ou	 aspirar	 se	 caso	 for	 necessária	 a	via	 área	 superior.	 Para	 a	SBP,	 “A	 aspiração	
de	vias	aéreas	não	deve	ser	realizada	de	rotina	e,	sim,	reservada	somente	ao	recém-
nascido	com	excesso	de	secreções	nas	vias	áreas”	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022,	p.	8).	
Esses	cuidados	já	bastam,	na	maioria	das	vezes,	para	manter	o	recém-nascido	saudável	
durante	seus	primeiros	minutos	de	vida.
Quando	esses	cuidados	básicos	ao	recém-nascido	não	o	estabilizarem,	prova-
velmente,	será	necessário	um	outro	método	de	estabilização	e/ou	reanimação.	A	SBP	
(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022)	explica	que	o	recém-nascido,	acima	de	34	semanas,	não	
demonstra	choro	ou	movimentos	respiratórios	regulares,	não	tem	tônus	muscular	e,	em	
geral,	não	apresenta	uma	boa	vitalidade,	devendo	ser	conduzido	para	a	sala	de	reanimação,	
para	iniciar	a	estabilização	desse	recém-nascido.	Essa	estabilização	engloba	a	manutenção	
da	temperatura,	para	diminuir	a	perda	de	calor,	 ligando	as	fontes	de	calor	radiante,	e	
esse	bebê	não	deve	ser	transportado	até	a	sala	de	reanimação	sem	campos	aquecidos	
em	volta	dele.	Deve	ser	posicionado	em	decúbito	dorsal,	com	a	cabeça	voltada	para	o	
profissional,	e	realizada	a	secagem	adequada	do	bebê,	a	qual	já	proporciona	certo	estímulo	
tátil	e	pode	ajudar	na	transição	da	respiração.
A fonte de calor é de extrema importância para o recém-nascido, 
que necessita de estabilização, porém é necessário cuidado para 
evitar hipertermia, uma temperatura maior que 37,5 °C, que pode 
agravar a situação do bebê, em vez de melhorar.
ATENÇÃO
Ainda,	para	manter	a	estabilização,	há	a	necessidade	de	assegurar	as	vias	áreas	
pérvias.	Segundo	a	SBP	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022),	o	pescoço	deve	ficar	estendido	
para	as	vias	áreas	estarem	pérvias,	devendo	haver	cuidado	para	evitar	a	hiperextensão	
do	pescoço,	e	o	uso	do	coxim	pode	ser	benéfico	nesse	momento.	É	necessário	avaliar	a	
necessidade	ou	não	de	aspiração,	conforme	já	citado	anteriormente,	e	reservar	apenas	
para	os	casos	de	recém-nascidos	com	obstrução	das	vias	áreas	por	muita	secreção.
	Além	disso,	é	importante	perceber	se	há	ou	não	a	presença	de	líquido	amniótico	
meconial,	pois	isso	aumenta	o	risco	de	reanimação	e,	nesse	caso	específico,	indepen-
dentemente	da	espessura	e	da	viscosidade,	não	deve	ser	 realizada	a	aspiração,	que	
pode	agravar	o	caso	clínico.	É	importante	ressaltar	que	a	presença	de	líquido	meconial,	
mesmo	se	o	bebê	apresentar	boa	vitalidade,	este	pode	permanecer	com	a	mãe,	em	contato	
72
pele	a	pele,	e	a	assistência	deve	ser	realizada	quando	o	recém-nascido	apresentar	“apneia,	
respiração	 irregular	e/ou	frequência	cardíaca	<	100	bpm,	é	fundamental	 iniciar	a	VPP	
[ventilação	com	pressão	positiva]	com	máscara	facial	e	ar	ambiente	nos	primeiros	60	
segundos	de	vida”	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022,	p.	9).
Simultaneamente	a	esses	cuidados,	é	importante	a	verificação	dos	sinais	vitais	
do	 recém-nascido;	as	próximas	decisões	e	condutas	de	estabilização	do	bebê	serão	
baseadas	a	partir	da	verificação	da	frequência	cardíaca	e	da	respiração.
A frequência cardíaca define as manobras de reanimação e, por 
isso, deve ser feita de forma rápida e confiável na sala de parto. A 
palpação do cordão umbilical é um meio de avaliar a frequência 
cardíaca, assim como a verificação do pulso pelo oxímetro, a 
ausculta com estetoscópio ou a monitoração da atividade elétrica. 
Entretanto, de todas essas opções, a SBP recomenda ser mais 
fidedigno o uso do monitor cardíaco. 
Futuro enfermeiro, considera-se adequada uma frequência 
cardíaca maior ou igual a 100 bpm, visto que a bradicardia é definida 
quando menor que 100 bpm.
IMPORTANTE
Já	 a	 avaliação	 da	 respiração	 é	 feita	 a	 partir	 da	 observação.	 Segundo	 a	 SBP	
(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022),	deve-se	observar	a	expansão	torácica	ou	o	choro.	Se	
houver	 presença	 de	 apneia	 no	 recém-nascido	 ou	 percepção	 de	 irregularidade	 nos	
movimentos	 respiratórios,	 a	 respiração	 está	 inadequada.	 Além	 disso,	 a	 saturação	 é	
outro	sinal	vital	 importante,	que	decide,	muitas	vezes,	o	manejo	ventilatório	do	bebê	
e,	por	 isso,	a	 leitura	confiável	da	saturação	é	 importante.	É	fundamental	perceber	que,	
após	alguns	minutos	do	nascimento,	a	saturação	aumenta;	em	bebês	que	não	precisam	
de	reanimação,	a	saturação	pode	demorar	5	minutos	ou	mais,	após	o	nascimento,	até	
alcançar	90%.
Se,	 após	 esses	 procedimentos	 de	 estabilização,	 o	 recém-nascido	 mantiver	
frequência	 cardíaca	 >	 100	 bpm	 e	 respiração	 regular	 espontânea,	 a	 SBP	 recomenda	
que	o	recém-nascido	deve	voltar	para	a	sala	de	parto,	junto	à	mãe,	de	preferência,	em	
contato,	pele	a	pele,	com	a	parturiente,	coberta	com	tecido	quente;	em	seguida,	deve-se	
apoiar	o	estímulo	à	amamentação	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022).
73
Acadêmico, se o bebê, após esses passos iniciais de estabilização, 
mostrar frequência cardíaca menor que 100 bpm e respiração 
irregular ou ausente, é necessário iniciar a ventilação com 
pressão positiva (VPP). A monitoração cardíaca e a saturação são 
sinais importante que devem ser avaliados nesse momento. Os 
primeiros 60 segundos são conhecidos como “o minuto de ouro”.
ATENÇÃO
Na	técnica	de	ventilação	 com	máscara	 facial,	 inicialmente,de	 acordo	 com	a	
SBB	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022),	utiliza-se	a	ventilação	com	o	balão	autoinflável	ou	
o	ventilador	mecânico	manual	com	peça	T.	É	importante	envolver	as	bordas	da	máscara	
com	os	dedos	indicador	e	polegar,	formando	a	letra	“C”,	conforme	mostra	a	Figura	13,	
para	que	fique	fixa	e	corretamente	posicionada	nas	vias	áreas	do	recém-nascido.	Após	
isso,	a	ventilação	deve	ser	iniciada	de	40-60	movimentos/minuto,	com	base	na	regra	
“aperta/solta/solta”,	 nos	 primeiros	 15	 segundos,	 se	 ventilação	 efetiva,	 podendo-se	
perceber	 aumento	 da	 frequência	 cardíaca.	 Se,	 após	 30	 segundos	 de	VPP,	 o	 recém-
nascido	apresentar	frequência	cardíaca	maior	que	100	bpm	e	respiração	regular,	pode-se	
parar	o	procedimento,	observando-o	e	reavaliando-o.
Se,	porventura,	não	melhorar,	é	necessário	realizar	algumas	condutas	corretivas,	
e,	mesmo	se	com	essas	condutas	ainda	permanecer	em	menos	que	100	bpm	e	com	
movimentos	 respiratórios	 irregulares,	 deve-se	 considerar	 o	 uso	 de	máscara	 laríngea	
com	interface	para	a	VPP	ou	cânula	traqueal.	E,	se	acaso,	mesmo	com	essa	troca	de	
método	de	ventilação,	a	frequência	cardíaca	for	menor	que	60	bpm,	deve	ser	iniciada	a	
massagem	cardíaca	coordenada	com	a	ventilação.
Figura 13 – Posição correta dos dedos na máscara
Fonte: http://twixar.me/dwQm. Acesso em: 16 set. 2022.
74
A	SBP	expõe	que	a	compressa	cardíaca	deve	ser	feita	no	terço	inferior	do	esterno	
do	recém-nascido	e	pode-se	utilizar	os	dois	polegares	ou	dois	dedos,	sendo	a	dos	dois	
polegares	mais	 eficiente,	 lembrando	 que	 o	 local	 é	 abaixo	 da	 linha	 intermamilar,	 e	 o	
restante	da	mão	circunda	o	tórax,	conforme	mostra	a	Figura	14	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	
2022).	A	profundidade	da	compressão	é	de	1/3	da	dimensão	do	tórax	e,	nesse	sentido,	a	
ventilação	e	a	massagem	cardíaca	são	realizadas	em	sincronia,	em	uma	relação	de	3:1,	
isto	 é,	 três	movimentos	 de	 compressão	 cardíaca	 para	 um	movimento	 de	ventilação,	
totalizando	 120	 eventos	 por	minuto.	 Deve-se	 aplicar	 isso	 por	 1	minuto	 e	 reavaliar	 a	
frequência	cardíaca;	continuar	se	frequência	cardíaca	menor	que	60	bpm	e	se,	após	
a	 continuação	 das	 correções,	 o	 recém-nascido	mantiver	 frequência	 cardíaca	menor	
que	60	bpm,	entra-se	com	a	administração	de	adrenalina	e,	após	 isso,	considera-se	a	
realização	do	cateterismo	venoso	umbilical	de	urgência.	
Figura 14 – Compressão torácica
Fonte: http://twixar.me/0wQm. Acesso em: 16 set. 2022.
Quando	verificada	a	necessidade	de	adrenalina,	o	enfermeiro	deve	estar	atento	
para	que	o	 seu	preparo	esteja	pronto	para	administração,	 conforme	apresentado	no	
Quadro	4.
Quadro 4 – Preparo de adrenalina para reanimação do recém-nascido
Adrenalina endovenosa 1mg/mL
Adrenalina endotraqueal 1 mg/
mL
Diluição
1	mL	de	adrenalina	1	mg/mL	em	9	
mL	de	SF	0,9%
1	mL	de	adrenalina	1	mg/mL	em	9	
mL	de	SF	0,9%
Seringa Seringa de 1 mL Seringa	de	5	mL
Dose 0,2	mL/kg 1,0	mL/kg
Peso ao 
nascer	x	dose
Se	2	kg	=	0,4	mL
Se	3	kg	=	0,6	mL	
Se	4	kg	=	0,8	mL	
Se	2	kg	=	2,0	mL
Se	3	kg	=	3,0	mL
Se	4	kg	=	4,0	mL
Velocidade	
Infusão	rápida	seguida	por	flush	de	3	
mL	de	SF	0,9%
Infusão	no	interior	da	cânula	traqueal	
seguido	de	ventilação	–	uso	único.
Fonte: Almeida; Guinsburg (2022, p. 24)
75
“Quando	não	há	reversão	da	bradicardia	com	a	adrenalina	endovenosa,	assegurar	
que	 a	 VPP	 e	 a	 massagem	 cardíaca	 estão	 adequadas,	 repetir	 a	 administração	 de	
adrenalina	a	cada	3-5	minutos	por	via	endovenosa	e	considerar	o	uso	do	expansor	de	
volume”	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022,	p.	24).	
“Vale	lembrar	que	apenas	um	RN	em	cada	mil	requer	procedimentos	avançados	de	
reanimação	[...]	quando	a	ventilação	com	pressão	positiva	é	aplicada	de	maneira	rápida	e	
efetiva	no	RN	que	tem	dificuldades	na	transição	da	vida	intra	para	a	extrauterina”	(BRASIL,	
2014,	p.	46).	Diante	disso,	é	importante	conhecer	o	fluxograma	de	reanimação	neonatal	do	
recém-nascido	maior	que	34	semanas	da	SBP	(Figura	15)	(ALMEIDA;	GUINSBURG,	2022).
Figura 15 – Fluxograma de reanimação neonatal, recém-nascido ≥ 34 semanas
Fonte: Almeida; Guinsburg (2022, p. 35)
Acadêmico, a reavaliação em cada minuto é fundamental para 
perceber a próxima etapa da reanimação, saber o passo a passo 
e se capacitar para tal situação, garantindo uma qualidade na 
assistência ao recém-nascido.
GIO
76
As	equipes	que	trabalham	em	salas	de	parto	devem	ter	capacitação	e	formações	
continuadas	sobre	a	reanimação	do	recém-nascido,	visto	a	importância	de	uma	equipe	
bem	treinada	para	evitar	desfechos	 infelizes	nesse	momento.	A	familiarização	com	o	
fluxograma,	com	as	técnicas	e	com	as	medicações	favorece	a	agilidade	no	momento	
da	 emergência;	 o	 enfermeiro	 deve	 manter-se	 sempre	 atualizado,	 já	 que	 é	 uma	 de	
suas	competências	fundamentais	na	sala	de	parto,	além	apoiar	o	desenvolvimento	de	
projetos	e	programas	de	atualização	sobre	esse	assunto.
Caro acadêmico, além da parte assistencial de uma reanimação 
em sala de parto, é necessária a realização de registros e 
anotações adequadas no sistema e no prontuário do paciente.
IMPORTANTE
77
FATORES ASSOCIADOS À REALIZAÇÃO DE EPISIOTOMIA
Bruna Menezes Aguiar 
Thales Philipe Rodrigues da Silva 
Samire Lopes Pereira
Ana	Maria	Magalhães	Sousa	
Roberta	Barbosa	Guerra	
Kleyde	Ventura	de	Souza
Fernanda Penido Matozinhos
INTRODUÇÃO
O	processo	de	parir,	durante	muito	tempo,	foi	considerado	natural	e	privativo	da	
mulher,	compartilhado	com	outras	mulheres,	seus	familiares	e	parteiras	ou	comadres.	
Com	o	passar	dos	anos,	foi	substituído	por	um	modelo	de	atenção	obstétrico,	baseado	
na	 hospitalização	 do	 parto	 e	 do	 nascimento,	 fomentando	 um	 conjunto	 de	 práticas	
obstétricas	intervencionistas.	
Essas	medidas	tornaram	o	cenário	obstétrico	mundial,	muitas	vezes,	violento.	
Quando	realizadas	sem	indicação	clínica,	podem	aumentar	o	risco	de	complicações	no	
pós-parto.	Uma	das	práticas	obstétricas	consideradas	intervencionistas	é	a	episiotomia,	
uma	 das	 intervenções	 obstétricas	 mais	 comuns	 no	 mundo	 e,	 em	 alguns	 países,	 é	
considerada	um	procedimento	de	rotina.	Consiste	na	ampliação	da	abertura	vaginal	por	
meio	de	uma	incisão	cirúrgica	no	períneo	e	pode	ser	realizada	por	médicos	e	enfermeiros	
obstétricos.	 As	 taxas	 de	 episiotomia	 aumentaram	 substancialmente	 durante	 a	 primeira	
metade	do	século	XX,	decorrente	do	processo	de	medicalização	do	ato	de	parir	e	como	
justificativa	para	os	partos	por	via	vaginal	ocorrerem	sem	complicações.	
A	Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS)	recomenda	que	a	taxa	de	episiotomia	
em	 uma	 instituição	 não	 ultrapasse	 10%.	 Há	 uma	variação	 nesses	 índices	 de	 acordo	
com	o	país	estudado:	por	exemplo,	na	França,	ela	foi	 realizada	em	19,9%	dos	partos.	
Já	na	Colômbia	e	na	Espanha,	a	taxa	foi	de	30,48%	e	50%,	respectivamente.	Revisão	
sistemática	 de	 2018,	 que	 avaliou	 tendências	 da	 prática	 de	 episiotomia,	 observou	
variação	de	5%	na	Dinamarca	até	mais	de	90%	em	alguns	países	asiáticos.	No	Brasil,	
foi	 de	 16%,	variando	 de	 acordo	 com	a	 paridade:	 27,40%	nas	 primíparas	 e	 3,40%	nas	
multíparas.	Segundo	estudo	nacional	 realizado	com	dados	da	pesquisa	da	 avaliação	
da	Rede	Cegonha,	a	proporção	de	episiotomia	foi	de	27,7%	em	hospitais	públicos,	mas	
com	dados	autorreferidos	pela	parturiente.	No	cenário	brasileiro,	esse	procedimento	é	
realizado	em	27,7%	das	mulheres	em	instituições	públicas	e	39,4%	no	setor	privado.	
LEITURA
COMPLEMENTAR
78
Sabe-se	que	a	episiotomia	pode	ampliar	a	extensão	das	lacerações	perineais,	
além	de	aumentar	o	risco	de	infecção	para	a	mulher,	hemorragia,	disfunção	do	assoalho	
pélvico,	dispareunia,	fístulas	retovaginais,	hematomas,	dentre	outras.	Tais	complicações	
têm	 impactos	 negativos	 na	 qualidade	 de	vida	 da	 parturiente	 e	 na	 relação	materno-
fetal,	além	de	relacionar-se	com	maiores	gastos	no	sistema	de	saúde,	o	que	aumenta	o	
tempo	de	permanência	hospitalar.	
Ressalta-se	que,	atualmente,	não	há	evidências	que	corroborem	a	necessidade	
de	episiotomia	nos	cuidados	de	rotina.	Contudo,	algunsfatores	predispõem	a	mulher	
ao	maior	risco	de	ser	submetida	a	esse	procedimento,	como:	ser	primigesta,	além	da	
prematuridade,	peso	e	vitalidade	do	recém-nascido.	O	uso	de	analgesia	peridural,	parto	
instrumental	e	aplicação	de	ocitocina	sintética	para	a	indução	do	trabalho	de	parto	(TP)	e	
partos	acima	de	41	semanas	também	apresentam	maior	possibilidade	de	realização	de	
episiotomia.	
Esta	pesquisa	avança,	portanto,	em	relação	aos	estudos	existentes	no	contexto	
brasileiro	acerca	da	temática.
DISCUSSÃO
Os	 resultados	deste	 estudo	evidenciaram	que	 a	 episiotomia	 foi	 realizada	 em	
26,34%	 das	 parturientes;	 e,	 destas,	 59,21%	 sabiam	 que	 haviam	 sido	 submetidas	 a	
esse	procedimento.	Quanto	aos	fatores	associados	à	 realização	desse	procedimento,	
constatou-se	que	mulheres	mais	jovens,	primigestas,	mulheres	assistidas	por	profissional	
que	não	o	enfermeiro	obstetra	e	mulheres	que	tiveram	seus	bebês	em	hospital	privado	
apresentam	aumento	na	chance	de	serem	submetidas	a	ele.	
No	 que	 tange	 à	 realização	 da	 episiotomia,	 a	 OMS	 lançou	 recomendações	
sobre	 padrões	 de	 tratamento	 e	 cuidados	 relacionados	 às	 parturientes.	 Essas	 foram,	
posteriormente,	 ratificadas	pelo	Ministério	da	Saúde,	sendo	denominadas	como	boas	
práticas	na	atenção	ao	parto	normal.	Visam	orientar	a	conduta	do	profissional	 e	 são	
classificadas	como:	práticas	claramente	úteis	e	que	devem	ser	estimuladas;	práticas	
claramente	prejudiciais	ou	ineficazes	e	que	devem	ser	eliminadas;	e	práticas	usadas	de	
modo	inapropriado	no	momento	de	TP	e	parto,	em	cuja	categoria	se	insere	a	episiotomia.	
Neste	estudo,	entre	as	mulheres	que	realizaram	episiotomia,	40,79%	não	sabiam	
que	haviam	sido	submetidas	a	ela.	Estudo	recente	mostrou	que	a	maioria	das	mulheres	
são	submetidas	à	cesariana,	episiotomia,	indução	do	parto	e	exames	vaginais	sem	o	seu	
consentimento.	Esses	resultados	apontam	que	as	intervenções	desnecessárias	durante	
o	 trabalho	de	parto	violam	os	direitos	das	mulheres	e	a	 sua	autonomia	no	processo	
de	 parir.	 Muitas	 vezes,	 determinadas	 condutas	 são	 decorrentes	 da	 impaciência	 em	
aguardar	 o	 nascimento	 de	 forma	fisiológica,	 desrespeitando	 a	 autonomia	 das	mulheres	
no	processo	de	parturição.	Além	disso,	a	realização	da	episiotomia	infringe	os	direitos	
sexuais	e	reprodutivos	das	mulheres,	pelo	fato	de	submeter	um	corpo	saudável	a	um	
dano,	sem	se	ter	benefício	estabelecido	por	evidência	científica.	
79
A	realização	de	episiotomia	pode	aumentar	a	chance	de	hemorragias,	 infecção	
e	 deiscência	 da	 ferida,	 formação	 de	 hematoma,	 dor	 perineal,	 rompimento	 estendido	
no	esfíncter	anal	e	 reto.	Há,	também,	possíveis	complicações	no	 longo	prazo,	como:	
dispareunia,	 disfunção	 anorretal	 e	 disfunção	 sexual.	 Ressalta-se	 que	 o	 uso	 de	
boas	 práticas	 durante	 o	 trabalho	 de	 parto,	 recomendadas	 pela	 OMS,	 pode	 reduzir	 a	
probabilidade	de	 intervenções	desnecessárias	e	ter	efeitos	positivos	na	experiência	de	
parto	dessas	mulheres.	
Os	resultados	deste	estudo	mostraram	que	mulheres	mais	 jovens	e	primigestas	
apresentaram	maior	 chance	 de	 serem	 submetidas	 à	 episiotomia.	 Revisão	 sistemática	
de	 2019	 confirma	 esses	 achados.	 A	 realização	 desse	 procedimento	 em	 primigestas	
está	associada	com	maiores	chances	de	lesões	obstétricas	do	esfíncter	anal.	Autores	
demonstram	 que	 os	 principais	 argumentos	 por	 parte	 dos	 profissionais	 que	 fazem	 o	
uso	inapropriado	da	episiotomia	relacionam-se	à	rigidez	perineal,	(justificando-se	que	
poderia	levar	ao	prolongamento	do	período	de	desprendimento	do	polo	cefálico),	bem	
como	à	inexperiência	da	mulher	com	o	trabalho	de	parto.	Reforça-se	que	tais	argumentos	
não	são	embasados	em	evidências	científicas,	pois	o	modelo	de	assistência	ao	parto,	
com	uso	excessivo	de	 intervenções,	não	encontra	respaldo	em	diretrizes	ou	estudos	
internacionais.	A	aplicação	das	práticas	claramente	úteis	 e	que	devem	ser	estimuladas,	
como	a	livre	movimentação	da	parturiente,	uso	do	partograma	e	realização	de	métodos	
não	farmacológicos	para	alívio	da	dor,	podem	solucionar	as	referidas	justificativas.	
Neste	 trabalho,	 parturientes	 assistidas	 por	 enfermeiros(as)	 obstétricos(as)	
apresentaram	menores	chances	de	sofrer	episiotomia.	Outros	estudos	 ratificam	esse	
achado,	além	de	ressaltarem	maiores	índices	de	períneo	íntegro	e,	consequentemente,	
menor	ocorrência	de	ruptura	esfincteriana.	Ainda	nesse	sentido,	metanálise	realizada	
com	17.674	participantes	evidenciou	que	as	mulheres	assistidas	por	um	modelo	“Midwife-
led continuity”	apresentam	redução	na	razão	de	risco	de	passar	por	tal	procedimento,	
com	média	 de	 0,84	 (IC95%	0,77–0,92).	 Outro	 estudo,	 realizado	 com	480	 prontuários	
de	partos	vaginais	do	Rio	de	Janeiro,	 evidenciou	que	parturientes	acompanhadas	por	
enfermeiras(os)	apresentaram	índice	inferior	de	receber	episiotomia.	
Enfermeiras(os)	 obstétricas(os)	 utilizam	 diversas	 técnicas	 que	 contribuem	
para	o	relaxamento	da	parturiente	e	proteção	perineal,	como	exercícios	respiratórios,	
movimentos	 pélvicos	 e	 banho	 morno.	 A	 restrição	 ao	 número	 de	 prestadores	 da	
assistência,	a	redução	do	número	de	exames	vaginais	e	a	livre	escolha	de	posição,	pela	
mulher,	durante	o	trabalho	de	parto	e	parto,	determinam	a	qualidade	da	assistência	ao	
parto,	sendo	cuidados	estimulados	por	enfermeiros(as).	
Por	fim,	verificou-se,	nesta	pesquisa,	que	a	chance	de	ocorrência	de	episiotomia	
foi	maior	em	instituições	privadas.	Esse	resultado	corrobora	dados	da	revisão	sistemática	
de	 2019,	 os	 quais	 mostram	 que	 o	 financiamento	 do	 hospital	 pode	 ser	 um	 fator	 de	
risco	 para	 a	 realização	 dessa	 incisão	 cirúrgica.	 De	 modo	 geral,	 mulheres	 atendidas	
em	hospitais	públicos	possuem	mais	acesso	às	boas	práticas	de	atenção	ao	parto	e	
nascimento,	tais	como	métodos	não	farmacológicos	de	alívio	da	dor,	 livre	escolha	de	
80
posições	durante	o	parto	e	maior	probabilidade	de	se	movimentarem,	o	que	 reduz	a	
chance	de	serem	submetidas	à	episiotomia.	Esse	fato	pode	estar	relacionado	às	ações	
e	incentivos	realizados	pelo	Ministério	da	Saúde	para	a	promoção	do	parto	humanizado	
e	 vaginal,	 por	 meio	 da	 divulgação	 de	manuais,	 portarias,	 adaptação	 do	 ambiente	 e	
qualificação	dos	profissionais	envolvidos	com	o	parto	e	nascimento.	
Estudo	realizado	em	uma	maternidade	pública	de	Londrina,	Paraná,	demonstrou	
proporção	 de	 realização	 de	 episiotomia	 de	 7,3%,	 inferior	 ao	 recomendado	 pela	 OMS.	
Outro	trabalho	revelou	taxas	de	intervenção	obstétrica	mais	altas	entre	as	mulheres	que	
pariram	em	hospitais	particulares	(47%),	quando	comparadas	aos	índices	dos	hospitais	
públicos	 (29%).	 Ressalta-se	 que	 a	 Agência	 Nacional	 de	 Saúde	 Suplementar	 (ANS)	
estabeleceu	algumas	medidas	para	o	incentivo	do	parto	normal,	como	o	uso	obrigatório	
do	partograma	e	do	cartão	da	gestante.	
A	episiotomia	impacta,	também,	os	custos	da	atenção	hospitalar,	como	demons-
trado	por	um	estudo	que	avaliou	duas	maternidades	públicas	do	Rio	de	Janeiro	e	uma	
filantrópica	de	Belo	Horizonte.	Verificou-se	que	a	última	instituição	possuía	índices	de	
episiotomia	menores	 (3,1%),	 repercutindo	 em	menores	 custos	 de	 insumos	utilizados,	
devido	à	frequência	 reduzida	de	práticas	 invasivas,	podendo-se	 relacionar,	ainda,	à	
assistência	prestada	–	80%	dos	partos	vaginais	foram	assistidos	por	enfermeiros	obstétricos.
Limitações do estudo
Por	 fim,	 torna-se	 relevante	 o	 reconhecimento	 de	 algumas	 limitações	 nesta	
pesquisa.	 Primeiro,	 trata-se	 de	 um	 estudo	 de	 delineamento	 transversal,	 o	 que	
impossibilita	identificar	a	temporalidade	das	associações.	Ressalta-se,	também,	a	perda	
de	alguns	dados,	 intrínseca	ao	fato	de	a	coleta	de	dados	ter	sido	efetuada,	também,	
em	 prontuários.	 Contudo,	 foram	 realizadas	 as	 análises	 de	 sensibilidade	 de	 forma	
comparativa	entre	a	amostra	final	 (de	577	parturientes)	e	as	23	mulheres	excluídas	–	
por	ausência	de	informação	no	prontuário.	Demonstrou-se	que	as	perdas	ocorreram	deforma	aleatória,	não	afetando	as	estimativas	deste	estudo.
Contribuições para a área da Enfermagem
Muitos	são	os	avanços	deste	trabalho	para	a	área	da	saúde	e	da	enfermagem,	
pois	 os	 resultados	 fornecem	 informações	 epidemiológicas	 importantes,	 ressaltando	
que,	 em	 instituições	 públicas	 e	 com	enfermagem	obstétrica,	 atuante	 na	 assistência	
ao	trabalho	de	parto	e	parto,	há	melhores	perspectivas	em	comparação	às	instituições	
privadas	e	com	ênfase	em	uma	assistência	mais	intervencionista.	Assim,	a	garantia	de	
um	cuidado	humanizado	pode,	indubitavelmente,	contribuir	para	a	redução	das	taxas	
de	episiotomia.
81
CONCLUSÃO
A	episiotomia	foi	realizada	em	26,34%	das	mulheres;	e,	destas,	59,21%	sabiam	
que	haviam	sido	submetidas	a	ela.	Observou-se	que	mulheres	mais	 jovens,	primigestas,	
mulheres	 assistidas	 por	 profissional	 que	 não	 o	 enfermeiro	 obstetra	 e	mulheres	 que	
tiveram	 seus	 bebês	 em	 hospital	 privado	 apresentam	 aumento	 na	 chance	 de	 serem	
submetidas	a	esse	procedimento.	
Os	resultados	deste	estudo	suscitam	reflexão	sobre	a	importância	de	fomentar	
ações	de	cuidado	e	planejamento	de	atenção	à	saúde	direcionadas	a	mulheres	com	
perfil	apontado	nos	resultados	deste	estudo,	estimulando	modelos	de	atendimento	mais	
humanizados	e	holísticos,	que	considerem	a	singularidade	de	cada	mulher	e	respeitem	a	
sua	autonomia.	Ademais,	considerando-se	as	taxas	do	uso	da	episiotomia,	este	estudo	
destaca	a	necessidade	de	contraindicação	absoluta	de	sua	realização	indiscriminada.
Fonte: adaptada de AGUIAR, B. M. et al. Fatores associados à realização de episiotomia. Rev Bras Enferm., v. 
73, Suppl 4, e20190899, 2020. Disponível em: http://twixar.me/LwQm. Acesso em: 19 jul. 2022. 
82
Neste tópico, você aprendeu:
•	 A	adaptação	do	recém-nascido	à	vida	extrauterina	é	um	momento	que	requer	alguns	
cuidados,	e	o	enfermeiro	pode	auxiliar	de	diversas	formas,	como	no	contato,	pele	a	
pele,	após	o	nascimento,	manter	o	recém-nascido	aquecido	no	colo	da	mãe,	estimular	
o	aleitamento	materno	na	primeira	hora	de	vida,	realizar	o	clampeamento	do	cordão	
umbilical	pelo	menos	após	1	minuto	do	nascimento.
•	 A	Escala	de	Apgar	deve	ser	realizada,	principalmente,	no	primeiro	e	no	quinto	minutos	
de	vida	do	bebê,	avaliando-se	a	frequência	cardíaca,	a	respiração,	o	tônus	muscular,	
a	cor	e	a	irritabilidade	reflexa.	É	utilizada	para	avaliar	o	estado	geral	do	recém-nascido	
e	a	sua	adaptação	à	vida	extrauterina.	
•	 A	estabilização	do	recém-nascido	se	dá,	primeiramente,	com	a	manutenção	das	vias	
aéreas	permeáveis,	a	termorregulação	eficaz	e	a	prevenção	de	infecções.	A	avaliação	
inicial	deve	ser	realizada	concomitantemente	aos	cuidados	prestados	pelo	enfermeiro,	
permitindo	uma	assistência	de	qualidade.	Os	cuidados	básicos	são:	aquecer	e	secar,	
posicionar	a	cabeça	de	forma	a	abrir	as	vias	áreas	e	limpar	a	via	aérea	superior.	
•	 No	procedimento	de	reanimação	do	recém-nascido,	é	 importante	primeiro	garantir	
a	ventilação	 com	máscara,	 se	 frequência	 cardíaca	 abaixo	 de	 100	 bpm;	 após	 isso,	
as	 compressões	 cardíacas,	 se	 frequência	 cardíaca	 abaixo	 de	 60	 bpm,	 devem	 ser	
realizadas	em	conjunto	com	a	ventilação	de	pressão	positiva,	com	esquema	de	3:1,	e,	
se	necessário,	administrar	adrenalina	e	expansão	de	volume,	conforme	protocolos.
•	 O	enfermeiro	tem	a	responsabilidade	de	manter	os	materiais	disponíveis,	organizados	
e	funcionantes	antes	do	procedimento	de	suporte	a	vida	do	recém-nascido,	sendo	
imprescindível	 estar	 capacitado	 e	 familiarizado	 com	 protocolos	 e	 práticas	 de	
reanimação	ao	recém-nascido.
RESUMO DO TÓPICO 4
83
1	 Na	atuação	direta	do	enfermeiro	com	recém-nascido	na	sala	de	parto,	para	realizar	
as	condutas	de	forma	adequada	e	segura,	é	necessário	o	conhecimento	antecipado	
de	algumas	informações.	Diante	disso,	assinale	a	alternativa	INCORRETA:
a)	 (			)	 É	necessário	ter	conhecimento	sobre	a	vigilância	pré-natal,	as	consultas	e	os	
exames	da	gestante	antes	do	atendimento	ao	recém-nascido.
b)	 (			)	 Saber	da	história	da	gravidez,	a	evolução,	as	doenças,	as	medicações	de	uso	e	
as	drogas	usadas	na	gestação	são	outros	fatores	importantes	para	um	cuidado	
adequado	ao	recém-nascido.
c)	 (			)	 Os	antecedentes	maternos	e	paternos	do	recém-nascido	não	são	informações	
relevantes.
d)	 (			)	 Aspectos	psicossociais	do	parto	também	são	importantes,	como	saber	se	houve	
a	 preparação	 para	 o	 parto,	 se	 a	 gestante	 teve	 suporte	 emocional	 durante	 o	
trabalho	de	parto	e	o	envolvimento	familiar	nesse	evento.
2	 A	Escala	de	Apgar	é	considerada	uma	forma	importante	de	sistematizar	e	avaliar	o	
período	em	que	o	bebê	se	adapta	à	vida	extrauterina,	pois	os	primeiros	minutos	são	
essenciais	e,	por	 isso,	deve-se	avaliar	as	necessidades	do	 recém-nascido,	a	partir	
de	uma	boa	observação	dos	sinais	que	ele	apresenta.	Com	base	na	Escala	de	Apgar,	
analise as sentenças a seguir:
I-	 O	valor	mínimo	da	Escala	de	Apgar	é	0	e	o	máximo,	10	e,	a	partir	da	avaliação,	se	dá	
o	escore	final.
II-	 Se,	por	acaso,	o	escore	for	de	0	a	3,	o	recém-nascido	está	em	boas	condições	de	
saúde	e	pode	permanecer	no	colo	da	mãe.
III-	 Deve	ser	determinado	o	escore	no	primeiro	e	no	quinto	minuto	de	vida,	não	sendo	
utilizado	para	indicar	procedimentos	na	reanimação	neonatal,	pois	permite	avaliar	a	
resposta	neonatal	às	manobras	realizadas.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	 (			)	 As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
AUTOATIVIDADE
84
3	 Quando	os	cuidados	básicos	ao	recém-nascido	não	o	estabilizaram,	provavelmente,	
será	 necessário	 outro	método	 de	 estabilização	 e/ou	 reanimação.	 Se	 o	 bebê	 tiver	
nascido	acima	de	34	semanas,	não	demonstrar	o	choro	ou	movimentos	respiratórios	
regulares,	não	tiver	tônus	muscular	e,	em	geral,	não	apresentar	uma	boa	vitalidade,	
deve	 ser	 conduzido	 para	 a	 sala	 de	 reanimação,	 para	 iniciar	 a	 estabilização	 desse	
recém-nascido.	 De	 acordo	 com	o	fluxograma	 de	 reanimação	 neonatal	 do	 recém-
nascido	maior	que	34	semanas,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	
as falsas:
(			)	O	minuto	de	ouro	é	caracterizado	pelos	primeiros	60	segundos	de	vida	do	recém-
nascido.	Nesse	primeiro	minuto,	a	equipe	deve	realizar	o	briefing,	verificar	material,	
realizar	 anamnese	materna,	 se	 perguntar	 se	 a	 gestação	 é	 a	 termo,	 se	 o	 recém-
nascido	 está	 chorando	 ou	 respirando,	 se	 tem	 tônus	 –	 se	 essas	 respostas	 forem	
negativas,	 deve	 ser	 realizado	 o	 clampeamento	 imediato	 do	 cordão	 umbilical	 e	 o	
recém-nascido	deve	ser	levado	para	estabilização.
(			)	Se	 frequência	 cardíaca	 for	menor	que	 100	bpm	e	 respiração	 irregular	 ou	apneia,	
deve-se	iniciar	ventilação	com	pressão	positiva,	com	oxigênio	a	100%,	e	monitoração.
(			)	Se	a	frequência	cardíaca	for	menor	que	60	bpm,	deve-se	iniciar	a	ventilação	com	
cânula	traqueal,	oxigênio	a	100%,	massagem	cardíaca	coordenada	com	ventilação,	3:1.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 Os	cuidados	com	o	recém-nascido	abrangem	muito	mais	que	as	técnicas	assistenciais	
e	gerenciais,	como	a	promoção	da	vinculação	da	tríade	mãe-bebê-pai.	O	enfermeiro	
pode	 realizar	 algumas	 condutas	 para	 promover	 e	melhorar	 a	 vinculação,	 além	 de	
auxiliar	na	adaptação	da	vida	extrauterina.	Disserte	sobre	as	condutas	e	as	medidas	
que	o	enfermeiro	pode	promover	para	a	família.
5	 O	enfermeiro	é	o	profissional	responsável	pelos	cuidados	imediatos	após	a	expulsão	do	
recém-nascido,	que	devem	ser	realizados	de	forma	correta	visando	ao	bem-estar	do	
bebê,	sempre	importante	também	o	registro,	posteriormente,	de	tudo	na	caderneta	
da	criança.	Quais	são	esses	cuidados	 imediatos	realizados	pelo	enfermeiro	ainda	na	
sala de parto?
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89
ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM NOS 
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 
APLICADOS EM URGÊNCIAS E 
EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS E 
GINECOLÓGICAS
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer as urgências e as emergências obstétricas e ginecológicas;
•	 identificar	o	papel	do	enfermeiro	durante	os	procedimentos	aplicados	em	urgências	
e emergências obstétricas e ginecológicas;
•	 aplicar	 a	 prática	 assistencial	 de	 Enfermagem	 de	 forma	 adequada	 diante	 de	 cada	
situação de urgências e emergências; 
•	 identificar	quais	as	indicações	de	cesariana,	bem	como	a	assistência	de	Enfermagem	
nessa cirurgia.
	 A	cada	tópico	desta	unidade	você	encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	
reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	ABORTAMENTO
TÓPICO	2	–	GRAVIDEZ	ECTÓPICA
TÓPICO	3	–	HEMORRAGIAS	ANTEPARTO
TÓPICO	4	–	EMERGÊNCIAS	DE	PARTO
TÓPICO	5	–	HEMORRAGIA	PÓS-PARTO
TÓPICO	6	–	CESARIANA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
90
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
Acesse o 
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91
TÓPICO 1 — 
ABORTAMENTO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO 
Neste	tópico,	abordaremos	os	aspectos	clínicos	do	abortamento,	dividindo	em	
formas	clínicas	cada	tipo	de	abortamento	existente	até	o	momento,	bem	como	os	aspectos	
da	humanização	no	abortamento,	a	fim	de	poder	especificar	como	o	profissional	deve	
conduzir,	acolher	e	orientar	a	assistência	a	mulher	em	abortamento.
Embora	 a	 gravidez	 seja	 um	evento	 biológico	 e	fisiológico	 para	 a	maioria	 das	
grávidas,	 algumas	 mulheres	 podem	 desencadear	 fatores	 complexos	 no	 período	
gestacional,	os	quais	aumentam	o	índice	de	mortalidade	materna,	quando	agravados	
ou	negligenciados.	Por	 isso,	a	assistência	prestada	pela	equipe	profissional	de	saúde	é	
importante	desde	o	período	de	pré-concepção	até	as	consultas	de	pré-natal	e	durante	
o	parto	e	o	pós-parto,	ou,	ainda,	durante	o	período	de	abortamento.	
No	Brasil,	o	abortamento	é	um	problema	de	saúde	pública,	além	de,	em	outros	
países	 em	desenvolvimento,	 ser	 a	maior	 causa	de	morte	materna	no	mundo,	 quando	
falamos	de	abortamentos	sem	assistência.	É	importante	ressaltar	que,	no	Brasil,	atualmente	
o	abortamento	induzido	ou	provocado	é	permitido,	conforme	o	Código	Brasileiro,	desde	
1940,	apenas	nas	situações	com	doenças	graves	para	a	gestação,	que	podem	acarretar	
risco	de	vida	a	mulher,	nos	casos	de	pós-estupros	e	de	anencefalia	fetal.
Quando	falamos	de	abortamentos,	estamos	nos	referindo	a	situações	de	san-
gramentos	no	período	gestacional,	especificamente	na	primeira	metade	da	gestação.	O	
sangramento	sempre	deve	ser	investigado	e	tratado	para	diminuir	riscos	maternos	e	fetais.	
O	aborto	espontâneo	é	uma	recorrência,	relativamente,	frequente	nos	centros	obstétricos	
e,	por	isso,	os	enfermeiros	devem	estar	capacitados,	familiarizados	e	orientados	quanto	
à	conduta	adequada	e	humanizada	dessas	situações,	garantindo,	assim,	um	desfecho	
com	riscos	mínimos	para	a	mãe,	tanto	no	contexto	físico	quando	psicológico.	
É	 imprescindível	 que	 o	 enfermeiro	 preste	 uma	 assistência	 independente	 de	
seus	preceitos	morais	e	religiosos;	faz-se	necessário	estar	munido	de	ética	para	garantir	
os	direitos	da	mulher	nesse	momento	frágil,	que	é	o	processo	de	um	abortamento.
92
2 TIPOS DE ABORTOS 
Muitas	 mulheres	 não	 sabem	 que	 estão	 grávidas	 quando,	 por	 acaso,	 ocorre	
um	 sangramento	no	primeiro	 trimestre	 com	cólicas	 e,	 nesses	 casos,	Almeida	 e	Reis	
(2021)	 explicam	que	 o	 abortamento	 é	 classificado	 como	 subclínico;	 porém,	 quando	 já	
é	conhecida	e	diagnosticada	a	gestação	e,	após	isso,	ocorre	um	abortamento,	este	é	
classificado	como	clínico.	
Zugaib	e	Francisco	(2020)	apresentam	dados	sobre	a	indecência	de	abortamentos	
clínicos	entre	 15	e	20%	das	gestações,	enquanto	os	abortamentos	subclínicos	podem	
atingir	60%	das	gestações:	 “aproximadamente	uma	em	cada	quatro	mulheres	terá	um	
abortamento	espontâneo	durante	sua	vida	reprodutiva”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	568).
Sobre	 a	 definição	 de	 abortamento,	 a	 “OMS,	 na	 CID-11,	 define	 aborto	 como	 a	
interrupção	da	gestação	com	menos	de	20	semanas	ou	com	produto	da	concepção	
(embrião	o	feto)	pesando	menos	de	500 g”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	568).	Para	
o	Ministério	da	Saúde,	“O	aborto	espontâneo	é	definido	como	gestação	intrauterina	não	
viável	de	até	20-22	semanas	ou	peso	fetal	de	500 g”	(BRASIL,	2022a,	p.	37).	
Ainda,	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020)	 classificam	 quanto	 à	 cronologia,	 sendo	 o	
abortamento	precoce	a	perda	até	 12	 semanas	e	o	 abortamento	 tardio	entre	 12	e	20semanas	 de	 gestação.	 Por	 ser	 também	 classificado	 quanto	 à	 intenção,	 isto	 é,	 o	
abortamento	espontâneo,	sem	ação	de	qualquer	natureza,	ou	o	abortamento	induzido	
ou	 provado,	 por	 exemplo,	 em	 casos	 de	 interrupção	 da	 gravidez	 com	 interferência	
intencional.
Quanto	à	etiologia	do	abortamento,	a	causa	mais	comum,	segundo	Almeida	e	
Reis	 (2021),	são	as	alterações	cromossômicas,	ou	seja,	as	anormalidades	cromossômicas,	
chegando	a	50%	dos	abortamentos	espontâneos,	isto	é,	fertilização	de	gametas	defeituosos	
ou	irregularidade	na	divisão	dos	embrionária.
A	 segunda	 causa	 mais	 comum	 são	 alterações	 anatômicas	 ou	 alterações	
uterinas,	 como	 a	 incompetência	 istmocervical,	 que	 se	 caracteriza	 pela	 insuficiência	
do	 colo	 uterino	 em	 manter-se	 fechado.	 Segundo	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020),	 ela	 é	
responsável	por	até	20%	dos	abortamentos	de	repetição,	e,	geralmente,	ocorre	devido	a	
traumas	passados,	como	laceração	do	colo	uterino	decorrente	de	parto	traumático,	ou	
pós-curetagem,	amputação	e	conização	do	colo	uterino.	
Também	pode	ocorrer	em	decorrência	de	origens	congênitas	com:	alterações	
do	 nível	 de	 colágeno	 ou	 exposição	 intrauterina	 ao	 dietilestilbestrol.	 Outro	 exemplo	
de	 malformação	 anatômica	 são	 os	 miomas.	 Os	 miomas	 submucosos	 que	 surgem	
na	 cavidade	 uterina	 estão	 relacionados	 a	 casos	 de	 abortamento,	 pois	 prejudicam	 o	
desenvolvimento	do	embrião,	além	de	provocar	contrações	uterinas.	
93
As	sinéquias	 intrauterinas,	conhecidas	como	aderências	uterinas,	que	ocorrem	
após	a	curetagem	de	abortos	infectados,	podem	interferir	no	processo	de	implantação	
ovular,	 segundo	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020),	 e,	 assim,	 levar	 a	 um	 abortamento.	 Outra	
malformação	uterina	é	o	defeito	da	fusão	dos	ductos	de	Müller,	como	útero	unicorno,	
didelfo,	septado,	bicorno	e	arqueado,	que	pode	causar	o	“abortamento	habitual	(tardio),	
restrição	 de	 crescimento	 fetal,	 prematuridade,	 apresentações	 anômalas	 e	 hemorragia	
pós-parto”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	573).
Existem	 outras	 causas	 de	 abortamento,	 como	 as	 alterações	 endócrinas,	
Zugaib	e	Francisco	 (2020)	expõem	que	nesta	causa	estão	 incluídos	apenas	algumas	
alterações,	que	atualmente	estudos	mostraram	a	sua	real	relação	com	o	abortamento,	
que	são:	diabetes	melito	tipo	1	quando	não	controlada	no	 início	da	gravidez	e	a	síndrome	
de	 ovários	 policísticos.	 Além	 dessas	 alterações	 o	 autor	 ainda	 salienta	 que,	 algumas	
infecções	maternas	também	podem	ser	a	causa	dos	abortamentos,	 como	 infecções	
bacterianas	 ou	 virais,	 por	 exemplo:	 Chlamydia trachomatis,	 Neisseria gonorrhoeae,	
Listeria monocytogenes,	Streptococcus agalactiae,	citomegalovírus	e	herpes-vírus.
Alguns	fatores	 imunológicos	de	causa	autoimunes	e	aloimunes	também	podem	
estar	relacionados	à	possível	perda	do	embrião-feto,	o	que	é	salientado	por	Zugaib	e	
Francisco	(2020),	bem	como	as	trombofilias	hereditárias	e,	obviamente,	o	uso	de	drogas	
e	agentes	nocivos,	como	tabagismo,	álcool	e	cafeína.	Ainda,	é	importante	salientar	que	
traumas	 externos	 são	 frequentemente	 associados	 a	 ocorrências	 de	 abortos,	 tendo	
traumas	graves	maior	probabilidade	de	levar	a	consequências	fatais.
Caro acadêmico, quanto às formas clínicas de abortamento espontâneo, temos as 
seguintes: 
• ameaça de abortamento; 
• abortamento em curso/inevitável:
◦	 completo;
◦	 incompleto;
• aborto retido; 
• aborto infectado ou séptico; 
• aborto habitual ou recorrente.
IMPORTANTE
•	 Ameaça	de	abortamento:	segundo	o	Ministério	da	Saúde	(2011),	a	mulher	apresenta	
sangramento	vaginal	pequeno	ou	moderado,	podendo	ou	não	sentir	dores	em	baixo	
ventre.	O	colo	uterino	da	mulher	encontra-se	fechado	e	o	tamanho	do	útero,	muitas	
vezes,	normal	ao	da	idade	gestacional.	Nesse	caso,	no	ultrassom,	mostra-se	o	feto	
vivo,	porém	com	um	descolamento	ovular	pequeno,	causando	este	sangramento.
94
•	 abortamento	em	curso/inevitável:	Zugaib	e	Francisco	(2020)	explicam	que	o	aborta-
mento	em	curso	apresenta	formas	clínicas,	como	sangramento	moderado	a	 intenso	
com	dor	abdominal,	muitas	vezes,	intensa.	A	mulher	pode	apresentar	anemia,	taquicardia	
e	hipotensão	arterial	grave,	associado	à	perda	de	sangue	em	grande	quantidade.	Esse	
tipo	clínico	de	abortamento	resulta	no	abortamento	completo	ou	incompleto.
◦	 Abortamento	completo:	conforme	o	Ministério	da	Saúde	(2011),	geralmente,	ocorre	
até	8	semanas	de	gestação,	e,	como	o	nome	 já	diz,	o	aborto	foi	completo,	com	
a	expulsão	espontânea	total	do	produto,	quando	a	mulher	já	não	apresenta	mais	
dores	ou	sangramento	intenso,	e	o	seu	útero	já	se	encontra	contraído	e	menor	que	
a	idade	gestacional,	ao	toque	abdominal,	e	o	colo	uterino,	quando	observado	pelo	
espéculo,	pode	estar	ainda	aberto,	porém	fecha-se	em	poucas	horas	da	expulsão	do	
produto.	No	exame	de	ultrassom,	a	cavidade	uterina	está	vazia	ou	com	coágulos.
◦	 Abortamento	 incompleto:	 a	 mulher	 não	 expeliu	 completamente	 o	 feto	 e,	 por	
isso,	está	diante	de	um	aborto	 incompleto,	em	que	os	sinais	são	sangramento	e	
dores	abdominais	intensas,	sendo	diferente	da	ameaça	de	abortamento	devido	à	
intensidade	do	sangramento	e	a	dosagem	da	fração	beta	do	hormônio	gonadotrófico	
coriônico	(beta-hCG),	que,	nesse	caso,	apresenta	declínio,	de	acordo	com	Almeida	e	
Reis	(2021).	Há,	ainda,	a	dilatação	cervical	e	o	volume	do	útero	é	menor	que	o	esperado	
para	 a	 idade	 gestacional,	 com	 o	 exame	 de	 ultrassom	 mostrando	 descolamento	
decidual,	saco	gestacional	irregular	e	ausência	de	batimentos	cardíacos.
•	 Abortamento	retido:	pode	ocorrer	sem	nenhum	sinal	de	ameaça,	segundo	o	Ministério	
da	Saúde	 (2011),	 e	 segue	com	a	 regressão	de	sinais	e	 sintomas	da	gravidez,	 com	
colo	uterino	fechado,	sem	presença	de	sangramento	vaginal,	na	maioria	dos	casos,	
porém	 pode	 ocorrer	 como	 na	 ameaça	 de	 aborto	 em	 pequena	 quantidade	 e	 sem	
dor	abdominal.	“O	exame	de	ultrassom	revela	ausência	de	sinais	de	vitalidade	ou	a	
presença	de	saco	gestacional	sem	embrião	(ovo	anembrionado)”	(BRASIL,	2011,	p.	31).
•	 Abortamento	 infectado	 ou	 séptico:	 “Com	 muita	 frequência	 está	 associado	 a	
manipulações	da	cavidade	uterina	pelo	uso	de	técnicas	 inadequadas	e	 inseguras.	
Estas	 infecções	 são	 polimicrobianas	 e	 provocadas,	 geralmente,	 por	 bactérias	 da	
flora	vaginal”	(BRASIL,	2011,	p.	31).	“Principalmente	em	países	em	que	a	lei	proíbe	a	
interrupção	 da	 gestação,	 sendo	 sua	 prática	 realizada	 em	condições	 inadequadas.	
Cerca	 de	 13%	 das	 mortes	 maternas	 que	 ocorrem	 no	 mundo	 são	 decorrentes	 do	
abortamento	induzido	de	forma	clandestina”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	579).	Para	
o	Ministério	da	Saúde	(2011),	os	sinais	e	os	sintomas	mais	comuns	do	abortamento	
infectado	são:	febre,	sangramento	vaginal	com	odor	fétido	acompanhado	de	secreção	
purulenta	e	dor	abdominal.	Ainda,	segundo	Almeida	e	Reis	(2011),	pode	ser	classificado	
em	três	tipos,	conforme	o	grau	da	 infecção:	o	tipo	 I	é	 limitado	à	cavidade	uterina,	
o	tipo	 II	abrange	o	peritônio	pélvico	e	os	órgãos	anexos,	e,	no	tipo	 III,	a	 infecção	é	
generalizada,	muitas	vezes	levando	a	choque	séptico.
•	 Abortamento	 habitual	 ou	 recorrente:	 “Caracteriza-se	 pela	 perda	 espontânea	 e	
consecutiva	 de	 três	 ou	mais	 gestações	 antes	 da	 22ª	 semana.	 É	 primário	 quando	
a	mulher	 jamais	conseguiu	 levar	a	termo	qualquer	gestação,	e	secundário	quando	
houve	 uma	 gravidez	 a	 termo”	 (BRASIL,	 2005,	 p.	 24),	 podendo	 ter	 várias	 causas,	
conforme	descrito	anteriormente.
95
Para	melhor	fixação	dos	tipos	de	abortamentos,	a	Tabela	1	apresenta	as	formas	
clínicas,	 os	 sinais	 e	 os	 sintomas,	 assim	 como	 os	 aspectos	 do	 ultrassom,	 conforme	
Zugaib	e	Francisco	(2020).	
Tabela 1 – Formas clínicas de abortamento
Tipo Sinais e sintomas Aspectos ultrassonográficos
Ameaça de abortamento 
Sangramento	vaginal	leve;	
ausência de cólicas abdominais 
ou	presença	de	cólicas	leves;	
orifício	interno	do	colo	fechado.	
Saco	gestacional	regular;	
embrião	com	atividadecardíaca	
compatível	com	o	comprimento	
cabeça-nádegas;	presença	
ou ausência de hematoma 
subcoriônico	(descolamento	
ovular).	
Abortamento	completo
História de sangramento; 
orifício	interno	do	colo	fechado	
ou	se	fechando.
Endométrio	linear,	ou	espessura	
endometrial maior ou igual a 
15 mm.	
Abortamento	incompleto
Sangramento	vaginal	
importante	ou	intermitente;	
cólicas	intensas;	orifício	interno	
do	colo	entreaberto	e	saída	de	
restos	ovulares.	
Ecos	intrauterinos	agrupados;	
eco endometrial irregular; 
espessura	endometrial	maior	
que	15 mm.	
Aborto retido 
Sangramento	vaginal	variável	
e até mesmo ausente; cessão 
de	sintomas	de	gravidez;	útero	
do	tamanho	menor	do	que	o	
esperado	e	orifício	interno	do	
colo	fechado.
Embrião	com	comprimento	
cabeça-nádegas	maior	que	
7 mm	sem	atividade	cardíaca.	
Aborto	infectado
Quadro	clínico	depende	do	grau	
(febre,	taquicardia,	anemia,	
abdome	doloroso,	secreção	
purulenta	e	fétida	do	colo	uterino,	
colo uterino entreaberto). 
Retenção	dos	produtos	da	
concepção;	endométrio	
espesso	e	irregular.	
3 TRATAMENTOS 
Caro	 acadêmico,	 o	 tratamento	dependerá	do	 tipo	de	 abortamento,	visto	que	
a	 conduta	 é	 diferenciada,	 de	 acordo	 com	 os	 aspectos	 clínicos	 e	 ultrassonográficos,	
podendo	 ser	 conduta	 expectante,	 tratamento	medicamentoso	 ou	 tratamento	 cirúrgico,	
conforme	descrito	a	seguir:	
•	 Conduta	expectante:	atualmente,	percebe-se	que	há	 interesse,	entre	os	profissionais,	
e	 também	 das	mulheres,	 de	 buscar	métodos	 não	 cirúrgicos	 para	 tratamentos	 de	
abortamentos,	sobretudo	em	abortamentos	precoces,	segundo	Zugaib	e	Francisco	
(2020).	 Dependendo	 do	 tipo	 de	 abortamento,	 a	 conduta	 expectante	 pode	 ser	
considerada	a	mais	segura,	em	termos	de	recuperação.	Quando,	por	exemplo,	há	um	
abortamento	 incompleto,	Zugaib	e	Francisco	(2020)	expõem	que	diversos	estudos	
96
têm	mostrado,	hoje,	que	a	conduta	expectante	tem	sido	uma	opção	mais	saudável	
para	a	mulher,	visto	que	há	a	eliminação	completa	do	produto	após	o	3º	dia	(média)	
em	79%	dos	casos;	em	outro	estudo,	foi	verificada	uma	taxa	de	sucesso	de	83%	após	
7	dias	de	conduta	expectante,	tendo	3%	das	mulheres	complicações	relacionadas	a	
infecções	e	5%	apresentando	necessidade	de	cirurgia	de	emergência.	Já	no	aborto	
retido,	a	conduta	expectante	não	é	a	melhor	opção,	segundo	os	estudos	atuais,	visto	
que	a	taxa	de	sucesso	é	pequena	e	os	níveis	de	complicações	maiores.	Esse	tipo	de	
tratamento	deve	ser	sempre	discutido	entre	a	mulher	e	o	profissional.
•	 Tratamento	medicamentoso:	Zugaib	e	Francisco	(2020)	explicam	que	se	torna	uma	
alternativa	para	mulheres	que	não	desejam	passar	por	procedimentos	cirúrgicos	para	o	
tratamento de abortamento.
◦	 Misoprostol:	tem	efeito	na	contratilidade	uterina	e	no	amolecimento	do	colo	uterino,	
utilizado,	muitas	vezes,	pré-curetagem,	ou,	em	casos	de	óbito	fetal,	na	indução	de	
parto	e	hemorragia	pós-parto	também.	Utilizado	em	abortamento	precoces	com	
alto	grau	de	satisfação,	efetivo	e	seguro,	sendo	preconizada	a	administração	de	
800 µg	via	vaginal	a	cada	24	horas,	por	até	2	dias.
•	 Tratamento	cirúrgico:	
◦	 A	curetagem	uterina	é	o	tratamento	mais	conhecido	para	abortamentos,	segundo	
Zugaib	e	Francisco	(2020),	tanto	para	o	primeiro	quanto	para	o	segundo	trimestre	
da	gestação.	Indicada	em	casos	de	sangramento	moderado	a	intenso,	presença	
de	 infecção	 e	 também	 no	 caso	 das	 mulheres	 que	 não	 querem	 esperar,	 de	
forma	 espontânea/medicamentosa,	 a	 eliminação	 do	 produto.	 Há	 riscos	 como	
em	qualquer	procedimento	cirúrgico,	 sendo	eles	 infeção,	 esvaziamento	uterino	
incompleto,	 laceração	 cervical,	 perfuração	 uterina,	 lesão	 de	 órgãos	 pélvicos	 e	
hemorragias.
◦	 Zugaib	e	Francisco	(2020)	também	expõem	a	aspiração	elétrica	a	vácuo	e	manual	
em	 casos	 de	 abortamento	 no	 primeiro	 trimestre.	 Sendo	 um	método	 de	 baixo	
custo,	constata-se	diminuição	de	tempo	de	procedimento	e	da	necessidade	de	
internação	hospitalar,	 quando	comparado	à	 curetagem,	 além	de	 alguns	estudos	
terem	mostrado	que	a	diminuição	de	hemoglobina,	após	o	procedimento,	é	maior	
no caso de curetagem uterina.
◦	 Para	 evitar	 mais	 casos	 de	 abortamentos	 habituais/recorrentes,	 geralmente	
causados	por	incompetência	cervical,	a	realização	da	cerclagem	do	colo	uterino	
é	 recomendada	 em	 uma	 nova	 gestação,	 prevenindo	 a	 abertura	 prematura	 do	
colo	uterino,	por	meio	de	uma	sutura	circular	no	orifício	cervical	(Figura	1).	Deve	
ser	realizada	entre	12	e	14	semanas	de	gestação,	segundo	o	Manual de atenção 
humanizada ao abortamento	(BRASIL,	2010	apud	ALMEIDA;	REIS,	2021).	A	remoção	
da	sutura	deve	ser	feita	com	37	semanas	de	gestação,	para	dar	seguimento	ao	
parto	vaginal.
97
Figura 1 – Cerclagem cervical
Fonte: Almeida; Reis (2021, p. 132)
Acesse o manual de Atenção técnica para prevenção, avaliação e conduta 
nos casos de abortamento, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2022a), é 
direcionado aos profissionais de saúde, aos serviços de saúde e aos 
gestores públicos, pois apresenta as normas técnicas para atendimento 
às mulheres em relação ao aborto: http://twixar.me/5wQm.
DICA
O manual de Atenção técnica para prevenção, avaliação e conduta nos casos de 
abortamento,	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2022a),	traz	como	elementos	essenciais:
•	 Acolhimento	e	orientação	para	responder	às	necessidades	de	saúde	
mental,	 social	e	física	das	mulheres,	além	de	outras	preocupações	
que	possam	surgir.	
•	 Atenção	clínica	adequada	ao	abortamento	e	suas	complicações,	
segundo	referenciais	éticos,	legais	e	bioéticos.	
•	 Oferecimento	 de	 serviços	 de	 planejamento	 familiar	 às	mulheres	
pós-abortamento,	 inclusive	 orientações	 para	 aquelas	 que	 desejem	
nova	gestação.	
•	 Integração	com	outros	serviços	de	promoção	à	saúde	da	mulher	e	
de	inclusão	social	às	mulheres	(BRASIL,	2022a,	p.	9).
Caro	acadêmico,	é	 importante	salientar	a	humanização	no	atendimento	da	
Enfermagem	em	quaisquer	casos	de	abortamento,	além	do	seguimento	das	intervenções	
de	Enfermagem	durante	a	internação	hospitalar.	Sobre	as	condutas	do	enfermeiro,	Almeida	
e	Reis	 (2021)	frisam	alguns	cuidados	de	Enfermagem	nos	casos	de	abortamento	quando	
hospitalizados:
98
•	 Encaminhe	a	paciente	ao	banho	e	ofereça	troca	de	roupa,	se	ela	
desejar.
•	 Promova	um	acolhimento	humanizado,	permitindo	que	a	mulher	
expresse	suas	preocupações,	medos	e	angústias.
•	 Ouça	de	modo	a	compreender	os	diversos	significados	do	aborto	
para	a	mulher	e	sua	família.
•	 Reduza	 os	 estímulos	 ambientais	 perturbadores	 e	 mantenha	 a	
paciente	em	repouso	no	leito.
•	 Explique	a	conduta	de	acordo	com	o	tipo	de	aborto	e	internação.
•	 Oriente	e	prepare	a	mulher	para	o	exame	físico	e	ginecológico.
•	 Analise	o	volume,	a	coloração	e	o	odor	do	sangramento	vaginal.
•	 Monitore	os	sinais	vitais	e	balanço	hídrico	da	paciente	de	acordo	
com	a	gravidade	da	situação.
•	 Explique	sobre	os	medicamentos	prescritos,	a	sua	indicação	e	o	
tempo	de	tratamento.
•	 Administre	 o	 medicamento	 prescrito.	 Além	 disso,	 verifique	 a	
tipagem	 sanguínea	 da	mulher,	 para	 que	 seja	 administrada,	 nos	
casos	necessários,	a	imunoglobulina	anti-Rh	para	sensibilização;	
além	disso,	 confirme	 a	 realização	 do	 teste	 sorológico	 para	 sífilis	 e	
pesquisa	de	infecção	por	vírus	da	imunodeficiência	humana	(HIV).
•	 Institua	e	oriente	os	cuidados	perineais.
•	 Oriente	a	mulher	observar,	após	a	alta	hospitalar,	sangramentos	
que	durem	mais	de	8	a	10	dias	ou	sangramentos	excessivos	de	
coloração	vermelho-vivo,	assim	como	sinais	de	infecção.	Aconselhe	
também	 a	 abstinência	 sexual	 por	 1	 a	 2	 semanas	 após	 a	 alta	
hospitalar.
•	 Encaminhe-a	 para	 o	 atendimento	 psicológico,	 se	 necessário,	 e	
agende	 retorno	 ambulatorial	 com	 a(o)	 enfermeira(o)	 para	 fins	 de	
acompanhamento,	 inclusive	 para	 seguimento	 do	 Planejamento	
Reprodutivo	(ALMEIDA;	REIS,	2021,	p.	133).
Caro	acadêmico,	lembre-se	que	acolher	e	orientar	são	cuidados	essenciais	para	
a	mulher	em	fase	de	abortamento,assim	como	tratar,	de	forma	digna	e	respeitosa,	e	
realizar	uma	escuta	ativa	são	ações	que	ajudam	a	mulher	se	sentir	mais	segura	e	confiar	
no	profissional,	para	passar	por	esse	momento	tendo	um	sentimento	de	acolhimento	e	
aceitação	por	parte	daquele	que	lhe	está	proporcionando	cuidados	nesse	período.
99
Neste tópico, você aprendeu:
•	 O	abortamento	é	uma	intercorrência	frequente	no	centro	obstétrico	e,	quando	não	
cuidado,	 tratado	 e	 orientado,	 pode	 virar	 uma	 emergência	 obstétrica	 e	 fatalidade	
materna.
•	 A	 maioria	 dos	 abortamentos	 ocorre	 no	 primeiro	 trimestre,	 sendo	 chamados	 de	
abortamentos	precoces,	enquanto	os	casos	entre	12	e	20	semanas	de	gestação	são	
classificados	como	abortamentos	tardios.	Em	sua	maioria,	as	causas	são	alterações	
cromossômicas.
•	 A	avaliação	e	a	escuta	das	queixas	das	mulheres	são	de	grande	 importância	para	
classificar	 o	 tipo	 de	 abortamento	 e	 o	 tratamento	 específico,	 junto	 à	 realização	 da	
ultrassonografia.
•	 O	tratamento	mais	comum	é	a	curetagem	uterina,	porém	tem-se	mostrado	eficiente,	
também,	 a	 conduta	 expectante	 em	alguns	 casos	 e	 o	 tratamento	medicamentoso	
com	misoprostol.a
RESUMO DO TÓPICO 1
100
1	 O	aborto	é	um	produto	da	concepção	eliminado	no	processo	de	abortamento.	Sobre	a	
definição	de	abortamento,	especificamente	sobre	a	idade	gestacional	da	perda	e	as	
classificações	quanto	a	sua	cronologia,	com	base	no	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	
2022a),	assinale	a	alternativa	CORRETA:
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas e Estratégicas. Atenção técnica para prevenção, avaliação e conduta nos casos de 
abortamento. Brasília, 2022a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_avalia-
cao_conduta_abortamento_2ed.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022.
a)	 (			)	 Interrupção	da	gravidez	até	a	20ª	ou	a	22ª	semana	e	com	o	produto	da	concepção	
pesando	menos	de	500 g,	podendo	ser	abortamento	precoce,	se	ocorrer	até	12	
semanas,	e	tardio,	se	ocorrer	entre	12	e	20	semanas	de	gestação.
b)	 (			)	 Interrupção	da	gravidez	até	a	12ª	ou	a	20ª	semana	e	com	o	produto	da	concepção	
pesando	menos	de	500 g,	podendo	ser	abortamento	precoce,	se	ocorrer	até	12	
semanas,	e	tardio,	se	ocorrer	entre	20	e	22	semanas	de	gestação.
c)	 (			)	 Interrupção	da	gravidez	até	a	20ª	ou	a	22ª	semana	e	com	o	produto	da	concepção	
pesando	menos	de	600 g,	podendo	ser	abortamento	precoce,	se	ocorrer	até	10	
semanas,	e	tardio,	se	ocorrer	entre	12	e	22	semanas	de	gestação.
d)	 (			)	 Interrupção	da	gravidez	até	a	12ª	ou	a	20ª	semana	e	com	o	produto	da	concepção	
pesando	menos	de	600 g,	podendo	ser	abortamento	precoce,	se	ocorrer	até	12	
semanas,	e	tardio,	se	ocorrer	entre	12	e	20	semanas	de	gestação.
2	 Considera-se,	 de	 acordo	 com	 Almeida	 e	 Reis	 (2021),	 que	 o	 abortamento	 tem	
fatores	 de	 risco	 relacionados	 diretamente	 com:	 idade	materna	 avançada,	múltiplos	
abortamentos	 provocados,	 abortamento	 espontâneo	 prévio,	 nova	 gestação	 3	 a	 6	
meses	após	o	parto,	uso	de	drogas	lícitas	e	ilícitas,	excesso	de	cafeína,	procedimentos	
que	envolvam	a	administração	de	gás	anestésico	e,	também,	o	uso	de	medicações	
como	o	misoprostol.	Mesmo	sem	esses	fatores	de	risco,	muitas	mulheres	em	idade	
fértil	poderão	ter	algum	caso	de	abortamento	em	sua	vida	reprodutiva.	Com	base	na	
etiologia	do	abortamento,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 As	 anormalidades	 cromossômicas	 são	 as	 causas	mais	 comuns	 de	 abortamento,	
em	 geral,	 a	 trissomia	 autossômica	 é	 a	 alteração	 mais	 frequente,	 seguida	 pela	
monossomia	do	cromossomo	X,	a	triploidia,	tetraploidia	e,	também	a	aneuploidia.	
II-	 As	 causas	 uterinas	 mais	 frequentes	 são:	 miomas	 uterinos,	 sinéquias	 uterinas	
(síndrome	 de	 Asherman),	 incompetência	 cervical	 e	 malformações	 uterinas,	
especificamente	defeitos	da	fusão	dos	ductos	de	Leopold.
III-	 O	uso	de	agentes	nocivos,	como	tabagismo,	álcool,	cafeína	e	drogas,	também	fazem	
parte	da	etiologia	dos	abortamentos.
AUTOATIVIDADE
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_avaliacao_conduta_abortamento_2ed.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_avaliacao_conduta_abortamento_2ed.pdf
101
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
3	 O	abortamento	pode	ser	classificado	como	de	forma	espontânea	ou	induzida,	sendo	
o	produto	da	concepção	com	menos	de	22	semanas	de	gestação.	O	abortamento	
espontâneo	 ocorre	 sem	 ação	 deliberada	 de	 qualquer	 pessoa,	 enquanto	 os	
abortamentos	 provocados	 ou	 induzidos	 são	 aqueles	 que	 interrompem	 a	 gravidez	
antes	de	atingir	a	viabilidade	fetal.	De	acordo	com	as	formas	clínicas	de	abortamento,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Na	 ameaça	de	 abortamento,	 o	 sangramento	vaginal	 é	 intenso,	 o	 orifício	 do	 colo	
uterino	está	aberto	e	há	a	ausência	de	cólicas	abdominais.
(			)	Em	 casos	 de	 abortamento	 em	 curso,	 há	 dois	 tipos:	 completo	 e	 incompleto.	 O	
completo	já	houve	a	eliminação	do	produto	da	concepção,	enquanto	o	incompleto	
o	 produto	 da	 concepção	 ainda	 está	 em	 processo	 de	 eliminação,	 apresentando	
sangramento	vaginal	intermitente	e	importante.
(			)	No	aborto	 infectado	ou	séptico,	a	mulher,	na	maioria	das	vezes,	apresenta	febre,	
taquicardia,	anemia,	abdome	doloroso,	secreção	purulenta	e	fétida	proveniente	do	
colo	uterino.	Não	há	a	retenção	de	produtos	da	concepção.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 Para	cada	tipo	clínico	de	abortamento,	há	uma	conduta	de	tratamento	que	deve	ser	
adequada,	de	acordo	com	o	desejo	da	mulher,	junto	à	orientação	e	ao	aconselhamento	
médico	e	da	equipe	profissional	envolvida	no	abortamento.	Acerca	dos	tratamentos	
para	 abortamentos,	 disserte	 sobre	 os	 tipos	 que	 existem	 e	 a	 eficácia	 deles	 para	
determinado	tipo	clínico	de	abortamento.
5	 Sabe-se	 que	 o	 profissional	 de	 Enfermagem,	 no	 período	 em	 que	 a	mulher	 estiver	
hospitalizada	em	casos	de	abortamento,	sendo	espontâneo	ou	induzido,	é	essencial	
para	manter	o	cuidado	integral	à	saúde	da	mulher.	Acerca	disso,	o	que	o	enfermeiro	
deve	prezar	no	cuidado	à	mulher	em	processo	de	abortamento,	além	das	intervenções	
de	Enfermagem?	
102
103
GRAVIDEZ ECTÓPICA
UNIDADE 2 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO 
Neste	tópico,	abordaremos	acerca	da	gravidez	ectópica,	complicação	e	emergência	
na	gestação	considerada	a	principal	causa	de	mortalidade	materna	no	primeiro	trimestre	da	
gravidez	e	que	é	uma	questão	de	saúde	pública	em	países	desenvolvidos.	Atualmente,	
pode	ser	diagnosticada	de	maneira	mais	rápida,	facilitando	a	conduta	e	o	tratamento.	
Entretanto,	mesmo	assim,	o	aumento	da	prevalência	de	gravidez	ectópica	é	alto,	devido,	
também,	à	prevalência	dos	fatores	de	risco,	conforme	veremos	no	decorrer	deste	tópico.
Caro	acadêmico,	para	esclarecimentos,	a	gravidez	ectópica	é	uma	gestação	cuja	
implantação	do	ovo	ocorreu	fora	do	útero,	podendo	esta	 implantação	e	desenvolvimento	
acontecer	na	tuba	uterina,	nos	ovários,	no	abdome,	no	cérvix	uterino	e,	também,	na	
cicatriz	de	cesariana	anterior.	Por	 isso,	 será	abordada	a	etiologia,	 ou	 seja,	 as	 causas	
mais	comuns	da	gravidez	ectópica	e	os	tratamentos,	além	de	 referenciar	o	papel	do	
enfermeiro	nessa	emergência	obstétrica.
A	realização	de	uma	boa	anamnese,	um	exame	físico	e	uma	escuta	qualificada	
das	queixas	da	mulher	 é	de	extrema	 importância	para	 formação	do	diagnóstico,	 em	
conjunto	com	os	exames	laboratoriais	e	de	imagem	realizados	pelo	médico.	O	enfermeiro	
pode	e	deve	perceber	essa	emergência,	quando	de	evolução	aguda,	já	no	exame	físico	
da	triagem	no	centro	obstétrico,	a	partir	da	 inspeção	e	da	palpação	abdominal,	que	se	
fazem	de	grande	importância	nesse	momento.2 ETIOLOGIA 
“Define-se	gravidez	ectópica	(GE)	quando	a	implantação	e	o	desenvolvimento	do	
blastocisto	ocorrem	fora	da	sede	normal,	ou	seja,	da	grande	cavidade	corporal	do	útero,	
como	mostra	a	Figura	2.	A	 localização	mais	 frequente	é	a	gravidez	tubária	 (90%	a	95%	
dos	casos)”	(BRASIL,	2022b,	p.	58).	Para	Zugaib	e	Francisco	(2020),	“a	gravidez	ectópica	
geralmente	se	encontra	associada	a	fatores	de	risco	que	causam	lesão	tubária	ou	alteração	
no	transporte	ovular”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	588).	Outros	exemplos	são	(ZUGAIB;	
FRANCISCO,	2020):
•	 Doença	 inflamatória	 pélvica:	 infecções	 genitais,	 causadas	 principalmente	 por	
Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae,	em	que	ocorre	uma	alteração	grave	
nas	tubas,	podendo	até	obstrui-las,	diminuindo	o	movimento	ciliar	e	o	estreitamento	
do	diâmetro	da	tuba	e,	consequentemente,	causando	um	aumento	da	incidência	da	
gravidez	ectópica.
104
•	 Uso	de	dispositivo	intrauterino	(DIU):	há	a	chance	de	usuárias	de	DIU	terem	maiores	
risco,	se	o	método	falhar,	de	ocorrer	uma	gravidez	ectópica,	ainda	que	não	esteja	
firmada	a	exata	causa,	porém	dados	mostram	que,	na	falha	do	DIU,	o	risco	de	gravidez	
ectópica	é	de	1:2	gestações	para	DIU	hormonal	e	de	1:16	gestações	para	DIU	de	cobre,	
enquanto	é	de	1:50	gestações	para	mulheres	que	não	usam	métodos	de	anticoncepção,	
conforme	Zugaib	e	Francisco	(2020).
•	 Cirurgias	 tubárias	 prévias:	 pacientes	 submetidas	 a	 salpingostomia,	 reanastomose,	
fimbrioplastia	e	lise	de	aderências	têm	maior	incidência	de	gravidez	ectópica.
•	 Antecedente	de	gravidez	ectópica:	mulheres	que	já	tiveram	gravidez	ectópica	anterior	
têm	risco	aumentando	de	seis	a	oito	vezes	de	ter	uma	nova	gravidez	ectópica.
•	 Reprodução	 assistida:	 uma	 gravidez	 recorrente	 de	 uma	 reprodução	 assistida	
apresenta	risco	de	evoluir	para	uma	gravidez	ectópica,	devido	ao	aumento	do	volume	
sanguíneo	de	estrógeno,	que	interfere	no	transporte	tubário,	ou	seja,	na	motilidade	
das	tubas,	facilitando	essa	retenção	do	ovo	na	tuba	uterina.
•	 Anticoncepção	de	emergência:	a	pílula	do	dia	seguinte,	 levonorgestrel,	aumenta	a	
probabilidade	de	uma	gravidez	ectópica,	pois	este	altera	a	motilidade	da	tuba.
•	 Estilo	de	vida	da	mulher:	início	precoce	de	atividade	sexual,	múltiplos	parceiros	sexuais	
e,	também,	tabagismo.
Figura 2 – Gravidez ectópica 
Fonte: Zugaib (2020, p. 588)
“Com o aprimoramento dos exames subsidiários, como as dosagens 
da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (beta-hCG) e a 
ultrassonografia transvaginal (USTV), o diagnóstico é realizado com 
maior precisão e em uma fase mais inicial” (BRASIL, 2022b, p. 59).
IMPORTANTE
105
Caro	acadêmico,	o	diagnóstico	da	gravidez	ectópica	se	dá	por	meio	de	alguns	
fatores	importantes,	então,	quanto	antes	ocorrer	esse	diagnóstico,	melhor	para	o	desfecho	
materno.	A	associação	das	manifestações	clínicas,	os	sinais,	os	sintomas	com	a	presença	
de	algum	fator	de	 risco,	a	 realização	do	exame	físico	e	de	exames	subsidiários,	 como	
beta-hCG	e	a	ultrassonografia	transvaginal	(USTV),	auxiliam	para	um	diagnóstico	precoce	e	
uma conduta emergente.
Para	 evitar	 que	 a	 paciente	 evolua	 para	 quadro	 grave	 de	 abdome	
agudo	 hemorrágico	 devido	 à	 ruptura	 tubária,	 é	 preciso	 atentar-se	
para	a	realização	do	diagnóstico	precoce,	ou	seja,	de	gestação	tubária	
íntegra.	Nessas	situações,	a	história	clínica	é	pouco	esclarecedora,	
podendo,	às	vezes,	cursar	com	a	tríade	clássica	de	dor	abdominal,	
atraso	 menstrual	 e	 sangramento	 genital.	 O	 exame	 clínico,	 muitas	
vezes,	não	é	elucidativo.	Deve-se	lançar	mão	de	exames	subsidiários,	
como	a	dosagem	da	beta-hCG	e	a	USTV	(BRASIL,	2022b,	p.	59).
Como	citado,	na	anamnese,	realizada	na	triagem	do	centro	obstétrico,	o	enfermeiro	
deve	 prestar	 atenção	 à	 tríade	 clássica	 de	 sinais	 e	 sintomas	de	 gravidez	 ectópica:	 dor	
abdominal,	 sangramento	vaginal	 e	atraso	ou	 irregularidade	menstrual,	 praticamente	um	
deles	 estará	 presente	nos	 casos	 de	gravidez	 ectópica.	Ainda	 é	 importante	 esclarecer,	
segundo	Almeida	e	Reis	(2021),	que	existem	duas	formas	de	gravidez	ectópica:	a	aguda	
(ruptura	tubária)	e	subaguda	(abortamento	tubário).	
No	caso	de	gravidez	tubária	íntegra,	a	mulher	referirá	cólica	contínua	em	baixo	
ventre	e	sangramento	vaginal	em	pequena	quantidade;	 já	na	gravidez	tubária	rota,	a	
paciente	tem	dor	 intensa,	comparada	a	pontadas	em	baixo	ventre,	que	podem	estar	
associadas	a	casos	de	choque,	com	presença	de	sudorese	e	angústia.	Sinais	como	o	
de	Blumberg	(descompressão	brusca	dolorosa)	e	o	de	Cullen	(equimose	periumbilical)	
caracterizam	hemorragia	abdominal	grave,	devido	à	gravidez	ectópica	rota.	Em	casos	
de	gravidez	ectópica,	geralmente,	não	há	modificação	da	temperatura	corporal,	apenas	
subfebril,	porém,	quando	é	evidente	o	choque	hemorrágico,	percebe-se	hipotermia.
Os	 exames	 subsidiários,	 segundo	 o	 que	 preconiza	 o	 Ministério	 da	 Saúde	
(BRASIL,	2022b),	devem	ser	 realizados	para	comprovar	o	diagnóstico	clínico,	como	o	
exame	de	beta-hCG	associado	à	USTV.	No	caso	da	USTV,	analisa-se	a	cavidade	uterina,	
se	há	presença	de	saco	gestacional	no	útero	ou	não	e,	se	não,	avalia-se	a	presença	de	
massa	anexial	extraovariana.	Já	no	exame	de	beta-hCG	quantitativo,	o	valor	sérico,	em	
casos	de	gestação	ectópica,	é	menor	do	que	o	observado	na	gestação	tópica	de	mesma	
idade	gestacional,	mas	deve	ser	 realizada	a	dosagem	seriada	da	beta-hCG,	pois,	em	
uma	gravidez	tópica	(normal	e	viável),	o	nível	de	evolução	do	beta-hCG	aumenta	entre	
1,4	e	3,5	dias.	Quando	referir	valor	maior	ou	igual	a	3.500 mUI	e	houver	ausência	do	saco	
gestacional	 tópico	 (uterino),	 isso	 sugere	uma	gravidez	 inviável	 ou	gravidez	 ectópica.	
Para	melhor	entendimento	desse	diagnóstico,	podemos	observar	a	Figura	3.	
106
Figura 3 – Diagnóstico da gravidez ectópica 
Fonte: Elito Júnior et al. (2008 apud BRASIL, 2022b, p. 61)
3 TRATAMENTO
Quanto	ao	tratamento	da	gravidez	ectópica,	deve-se	seguir	as	recomendações	
do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2022b),	que	traz	como	opções:	tratamento	cirúrgico,	
podendo	ser	conservador	ou	radical,	com	as	opções	de	salpingectomia	ou	salpingostomia	
por	via	 laparotômica	ou	 laparoscópica;	e,	também,	o	tratamento	clínico,	podendo	ser	
decidido	pela	conduta	expectante	ou	pelo	tratamento	medicamentoso	com	metotrexato.
•	 Tratamento	cirúrgico:	muitas	vezes	necessário,	este	tipo	de	tratamento	é	importante	
na	maioria	dos	casos	de	gravidez	ectópica,	podendo	ser	 radical	 (salpingectomia	–	
remoção	das	 tubas	uterinas)	 ou	 conservadora	 (salpingostomia	–	 abertura	 artificial	
na	trompa	para	drenagem)	no	caso	de	mulheres	que	querem	preservar	a	fertilidade.	
“A	 laparotomia	 deve	 ser	 realizada	 nos	 casos	 de	 ruptura	 tubária	 com	 instabilidade	
hemodinâmica;	nas	demais	situações,	a	via	preferencial	é	a	 laparoscópica”	 (BRASIL,	
2022b,	p.	62)	
•	 Conduta	expectante:	apenas	nos	casos	em	que	não	haja	instabilidade	hemodinâmica	
da	mulher,	nos	quais	se	observa	um	declínio	do	beta-hCG	no	intervalo	de	24	a	48	
horas,	com	beta-hCG	< 2.000 mUI/mL,	e	com	USTV	mostrando	ausência	de	embrião	
com	vitalidade,	uma	massa	tubária	 inferior	a	5 cm	e,	 também,	desejo	de	gravidez	
futura.	No	caso	da	conduta	expectante,	espera-se	que	se	torne	abortamento	tubário	ou	
uma	reabsorção	completa	do	tecido	trofoblástico.	Geralmente,	é	 indicado	a	pacientes	
que	apresentam	gravidez	ectópica	de	pequeno	tamanho	e	com	nível	baixo	de	beta-
hCG,	como	< 1.000 mUI/mL.
•	 Tratamento	 medicamentoso:	 o	 uso	 do	 metotrexato	 (MTX)	 é	 reconhecido	 por	 sua	
atividade	 antitrofoblástica,	 sendo	 um	 tratamento	 quimioterápico	 antimetabólico	
antagonista	 do	 ácido	 fólico.	 Para	 utilizar	 o	 MTX,	 são	 necessários	 alguns	 critérios	
107
estabelecidos,	conforme	o	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2022b,	p.	62):	“Estabilidade	
hemodinâmica,	diâmetro	da	massa	anexial	< 3,5 cm,	beta-hCG	 inicial	< 5.000 mUI/mL,	
ausência	de	dor	abdominal,	desejo	de	gravidez	futura	e	termo	de	consentimento	assinado”.
O parâmetro mais importantepara iniciar o tratamento com MTX é o beta-hCG: 
Os preditores de insucesso da terapia medicamentosa são: 
atividade cardíaca embrionária, massa maior que 4 cm, 
concentração inicial de beta-hCG maior que 5.000 mUI/mL, 
presença de sangue na cavidade peritoneal, aumento do 
beta-hCG acima de 50% nas 48 horas que antecedem o uso 
do MTX, aumento rápido e contínuo do beta-hCG durante o 
uso do MTX (BRASIL, 2022b, p. 63, grifo nosso).
ATENÇÃO
Nesse	 sentido,	 há	 o	 protocolo	 de	 dose	 única	 de	MTX,	 por	 via	 intramuscular,	
o	protocolo	de	múltiplas	doses	 intramuscular	e	o	protocolo	de	duas	doses	no	dia	1	e	
no	dia	4.	A	vantagem	de	seguir	o	protocolo	de	dose	única	é	que	o	tratamento	é	mais	
simples	e	com	menos	efeitos	colaterais,	pois	é	administrada	uma	dose	de	50 mg/m2,	
via	intramuscular,	acompanhando	a	dosagem	do	beta-hCG,	no	quarto	e	no	sétimo	dia	
após	a	administração	do	MTX,	para	perceber	se	houve	redução	do	nível,	devendo	ser	
acompanhado	com	dosagens	semanais	até	se	igualar	aos	níveis	pré-gravídicos.
O	 enfermeiro	 deve	 estar	 atento	 às	 intervenções	 de	 Enfermagem	 durante	
a	 internação	 hospitalar	 da	 mulher	 com	 gravidez	 ectópica,	 bem	 como	 durante	 o	
procedimento	dentro	do	centro	obstétrico.	Alguns	cuidados	importantes	são:
Providenciar	ambiente	calmo,	com	menos	estímulos	perturbadores	
para	a	mulher;	manter	a	paciente	em	repouso	no	 leito,	atente	para	
a	data	da	última	menstruação	e	para	a	 idade	gestacional.	Monitore	
os	 sinais	 vitais	 e	 o	 balanço	 hídrico	 da	 paciente	 de	 acordo	 com	
a	 gravidade	 da	 situação;	 avalie	 a	 intensidade	 da	 dor;	 administre	
analgésicos	 e	 antibióticos,	 conforme	 prescrição	 médica;	 observe	
as	características	da	perda	sanguínea	por	via	vaginal	e	atente	para	
sinais	de	choque	hipovolêmico;	oriente	a	mulher	quando	 instituído	
o	uso	de	MTX	ao	tratamento	da	GE,	 informando	sobre	os	possíveis	
efeitos	colaterais,	tais	como:	dor	e	flatos	 (orientar	a	evitar	alimentos	
que	 “formam	 gases”),	 estomatite,	 gastrite,	 diarreia	 e	 úlceras	 orais,	
assim	 como	 os	 efeitos	 mais	 raros:	 dermatite,	 alopecia	 e	 pleurite	
(ALMEIDA;	REIS,	2020,	p.	134).	
Acadêmico,	veja	que	é	de	extrema	importância	que	o	enfermeiro	saiba	gerenciar	
os	casos	de	gravidez	ectópica	dentro	do	centro	obstétrico,	a	partir	dos	conhecimentos	
específicos	de	diagnóstico,	condutas,	tratamentos	e	 recuperação,	garantindo	conforto,	
segurança	e	humanização	da	assistência	para	a	mulher	que	chega	ao	setor	com	essa	
emergência	obstétrica,	que	é	a	gravidez	ectópica.
108
Neste tópico, você aprendeu:
•	 Mulher,	em	idade	fértil,	com	vida	sexual	ativa,	apresentando	dor	abdominal,	sangramento	
vaginal	e	atraso/irregularidade	menstrual,	deve	ser	avaliada	para	possibilidade	ou	não	de	
gravidez	ectópica.
•	 O	padrão	para	o	diagnóstico	da	gravidez	ectópica,	e	conjunto	com	a	realização	de	
anamnese	e	exame	físico	adequado	e	minucioso,	é	a	dosagem	sérica	quantitativa	do	
beta-hCG	e	a	realização	de	USTV.
•	 O	tratamento	para	gravidez	ectópica,	na	maioria	das	vezes,	é	cirúrgico,	de	preferência	
por	 laparoscopia,	 realização	 da	 salpingectomia	 ou	 salpingostomia,	 sendo	 estes	
classificados,	respectivamente,	como	tratamento	cirúrgico	radical	ou	conservador.
•	 Quando	a	gestação	é	recente	e	a	gravidez	ectópica	é	pequena,	há	a	possibilidade	do	
tratamento	medicamentoso,	com	o	uso	de	metotrexato,	via	intramuscular.	A	gravidez	
ectópica	não	pode	ser	rota	para	fazer	esse	tipo	de	tratamento.
RESUMO DO TÓPICO 2
109
1 Com base no Manual de gestação de alto risco,	 do	Ministério	 da	 Saúde	 (BRASIL,	
2022b),	a	gravidez	ectópica	ocorre	quando	a	 implantação	e	o	desenvolvimento	do	
blastocisto	ocorrem	fora	do	útero.	Sobre	essa	área	do	conhecimento	da	emergência	
obstétrica,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas. Manual de gestação de alto risco. Versão preliminar. Brasília, 2022b. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf. Acesso em: 28 
ago. 2022.
a)	 (			)	 A	 localização	mais	 frequente	 da	 gravidez	 ectópica	 é	 a	 gravidez	 ovariana.	 No	
entanto,	a	gestação	ectópica	pode	ocorrer	também	na	porção	intersticial	da	tuba,	
na	cérvix,	na	cicatriz	da	cesárea	e	na	cavidade	abdominal,	quando	denominamos	
de	gravidez	não	tubária.
b)	 (			)	 A	gravidez	ectópica	é	considerada	a	principal	causa	de	mortalidade	materna	no	
primeiro	trimestre	da	gravidez.
c)	 (			)	 Com	as	dosagens	da	fração	beta	do	hormônio	gonadotrófico	coriônico	 (beta-
hCG)	 e	 a	 ultrassonografia	 abdominal,	 o	 diagnóstico	 é	 realizado	 com	 maior	
precisão	e	em	uma	fase	mais	inicial.
d)	 (			)	 Para	 evitar	 que	 a	 paciente	 evolua	 para	 quadro	 grave	 de	 abdome	 agudo	
hemorrágico	 devido	 à	 ruptura	 tubária,	 é	 preciso	 atentar-se	 para	 a	 realização	 do	
diagnóstico	tardio,	ou	seja,	de	gestação	tubária	íntegra.
2	 Considera-se	que	a	gravidez	ectópica,	geralmente,	se	encontra	associada	a	fatores	
de	risco	que	causam	lesão	tubária	ou	alteração	no	transporte	ovular.	Com	base	nos	
fatores	de	risco	para	gravidez	ectópica,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 A	doença	inflamatória	pélvica	ocorre	por	infecções	genitais	causadas,	principalmente,	
por	Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae,	que	alteram	as	tubas,	podendo	
obstruí-las,	diminuir	o	movimento	ciliar	e	o	estreitamento,	aumentando,	assim,	a	
possibilidade	de	gravidez	ectópica.	
II-	 Apenas	o	uso	do	DIU	de	cobre	pode	aumentar	a	chance	de	gravidez	ectópica.
III-	 Uma	gravidez	 recorrente	de	uma	reprodução	assistida	apresenta	 risco	de	evoluir	
para	uma	gravidez	ectópica,	devido	ao	aumento	do	volume	sanguíneo	de	ocitocina.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	I	está	correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) Todas as sentenças estão incorretas.
AUTOATIVIDADE
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf
110
3	 O	 enfermeiro	 tem	 suas	 responsabilidades	 diante	 da	mulher	 com	gravidez	 ectópica,	
desde	a	triagem	no	centro	obstétrico	até	o	cuidado	durante	o	procedimento	e	na	
recuperação	 hospitalar.	 De	 acordo	 as	 intervenções	 do	 enfermeiro	 com	 a	 mulher	
internada	devido	à	gravidez	ectópica,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	
para	as	falsas:
(			)	 O	enfermeiro	deve	monitorar	os	sinais	vitais,	mas	não	há	necessidade	de	realizar	o	
balanço	hídrico	da	paciente	com	gravidez	ectópica	grave.
(			)	É	preciso	 avaliar	 e	 observar	 a	perda	 sanguínea	por	via	vaginal	 da	mulher,	 pois	 é	
necessário	ficar	atento	aos	sinais	de	choque	hipovolêmico.
(			)	 Durante	o	tratamento	de	gravidez	ectópica,	quando	medicamentoso	com	metotrexato,	
o	enfermeiro	deve	sempre	informar	os	efeitos	colaterais	à	mulher,	assim	como,	quando	
for	cirúrgico,	deve	informar	sobre	o	procedimento	e	também	sobre	os	cuidados	pós-
procedimento.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 F	–	V	–	V.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 V	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 Um	adequado	exame	físico	pode	fazer	a	diferença	na	conduta	a	ser	 tomada	com	
a	 paciente.	 Os	 achados	 podem	variar	 de	 acordo	 com	 o	 estado	 hemodinâmico	 da	
paciente.	É	importante	identificar	sinais	e	sintomas	de	gravidez	ectópica	e	situações	
de	choque	hipovolêmico	já	no	exame	físico,	realizado	na	triagem	do	centro	obstétrico.	
Diante	disso,	quais	os	principais	achados,	sinais	e	sintomas	durante	o	exame	físico	
com	suspeita	de	gravidez	ectópica?	
5	 Quando	se	opta	pela	evolução	natural	da	gravidez	ectópica,	ou	seja,	pela	conduta	
expectante,	 é	 necessário	 que	 essa	 gravidez	 se	 encaixe	 em	 algumas	 condições	
para	 poder	 seguir	 com	maior	 tranquilidade	 a	 conduta	 escolhida.	 Quais	 são	 essas	
circunstâncias?	
111
TÓPICO 3 — 
HEMORRAGIAS ANTEPARTO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO 
	Neste	tópico,	abordaremos	acerca	das	hemorragias	que	antecedem	o	parto,definidas,	por	alguns	autores,	como	hemorragias	após	a	20ª	semana	e,	por	outros,	após	
a	28ª	semana	de	gestação.	O	Ministério	da	Saúde	classifica	a	 idade	gestacional	para	
hemorragias	 anteparto	 como	 após	 as	 20	 semanas,	 sendo	 que	 elas	 não	 têm	 relação	
nenhuma	com	o	trabalho	de	parto	e	podem	ser	conhecidas	também	como	síndromes	
hemorrágicas	da	segunda	metade	da	gestação.
A	hemorragia	obstétrica	grave	é	uma	causa	comum	de	morbidade	e	mortalidade	
materna,	 e,	 por	 isso,	 algumas	 causas	 importantes	 dessas	 hemorragias	 que	 iremos	
abordar	 são:	 placenta	 prévia,	 descolamento	 prematuro	 da	 placenta	 e	vasa	 prévia.	 Por	
vezes,	o	diagnóstico	clínico	é	complexo,	visto	que	a	hemorragia	 também	pode	estar	
oculta.	 Quando	 não	 avaliada	 corretamente,	 ou	 passado	 despercebida	 alguma	 condição	
clínica	importante	para	o	diagnóstico	de	alguma	condição,	coloca-se	em	risco	a	vida	da	
mãe	e	do	feto.
Complicações	como	choque	materno,	hipóxia	fetal	e	óbito	fetal	estão	presentes	
quando	 não	 realizadas	 as	 condutas	 corretas	 e	 ágeis.	 É	 necessário	 não	 confundir	
alguns	 sinais	e	 sintomas	maternos	com	as	alterações	fisiológicas	da	gravidez,	 como	
hipovolemia,	 hipotensão	 e	 taquicardia.	 Por	 isso,	 a	 importância	 de	 uma	 assistência	
baseada	 em	 evidências	 científicas,	 atuação	 de	 equipe	 multiprofissional,	 avaliação	
minuciosa	em	exame	físico,	 queixas	 e	 sinais	vitais,	 e	 também	familiarização	com	os	
protocolos	da	instituição	nos	casos	de	hemorragias	anteparto.
2 PLACENTA PRÉVIA 
A	 placenta	 prévia,	 também	 conhecida	 como	 inserção	 viciosa	 de	 placenta,	
é	 quando	 a	 placenta	 se	 implanta	 de	 forma	 anormal	 no	 inferior	 do	 útero.	 Segundo	 o	
Ministério	da	Saúde	 (BRASIL,	 2022b),	 a	placenta	prévia	 é	 classificada	a	partir	 da	22ª	
semana	de	gestação.	“A	prevalência	geral	de	placenta	prévia	é	de	5,2	por	1.000	gestações	
e	 tem	aumentado	 com	a	maior	 realização	 de	 operações	 cesarianas.	Apresenta	 risco	
elevado	 de	morbidade,	 [...]	 sendo	 responsável	 por	 índices	 elevados	 de	 prematuridade	 e	
mortalidade	materna”	(BRASIL,	2022b,	p.	81).	Dessa	forma,	é	caracterizada	como	uma	
emergência obstétrica.
112
Zugaib	e	Francisco	(2020)	classificam	a	placenta	prévia	como	total	ou	parcial	e,	
também	placenta	de	inserção	baixa.	Na	Figura	4,	podemos	observar	primeiro	a	placenta	
normalmente	inserida,	depois	a	placenta	de	inserção	baixa,	seguida	da	placenta	prévia	
parcial	e,	por	fim,	a	placenta	prévia	total.
•	 Placenta	prévia	total:	caso	em	que	a	placenta	recobre	totalmente	o	orifício	interno	do	
colo uterino.
•	 Placenta	prévia	parcial:	quando	a	placenta	cobre	parcialmente	o	orifício	interno	do	
colo uterino.
•	 Placenta	de	inserção	baixa:	a	placenta	está	inserida	no	segmento	inferior	do	útero,	
porém	não	chega	a	cobrir	nenhuma	parte	do	orifício	interno	do	colo	uterino.
Figura	4	–	Placenta	prévia
Fonte: Cerqueira (2021, p. 1.705)
Sobre	 os	 fatores	 de	 riscos	 e	 a	 incidência,	 a	 placenta	 prévia,	 de	 acordo	 com	
Almeida	 e	 Reis	 (2021),	 é	 associada	 à	 paridade,	 sendo	 que	 as	multíparas	 correm	um	
risco	5	vezes	maior,	porque	o	relaxamento	uterino	favorece	a	má	inserção	da	placenta.	
Cesariana	anterior	também	é	um	fator	de	risco	e,	segundo	Zugaib	e	Francisco	(2020),	
o	risco	de	placenta	prévia	aumenta	conforme	a	quantidade	de	cesarianas	anteriores.	A	
idade	materna	avançada	também	se	associa	a	um	fator	de	risco;	as	gestações	múltiplas	
podem	chegar	a	uma	frequência	de	40%	para	desenvolvimento	de	placenta	prévia.	Além	
disso,	Zugaib	e	Francisco	(2020)	ainda	trazem	os	números	de	curetagens,	tabagismo,	
uso	de	drogas	ilícitas	e	cirurgias	uterinas	anteriores.
O quadro clínico, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2022), 
da placenta prévia é: sangramento vermelho vivo de início súbito, sem 
presença de dor, ocorrendo, em sua grande maioria, no segundo 
trimestre.
IMPORTANTE
113
O exame de toque vaginal não deve ser realizado em caso de suspeita 
de placenta prévia, conforme Zugaib e Francisco (2020), pois há o 
risco de causar hemorragia abundante.
ATENÇÃO
O	diagnóstico	é	realizado	a	partir	da	associação	dos	sinais	e	dos	sintomas	da	
gestante,	 podendo	 ser	 realizada	 a	 ultrassonografia	 para	 complementar	 um	 diagnóstico	
preciso.	 “Quanto	mais	 tarde	 for	 feito	 o	 diagnóstico	 de	 placenta	 prévia,	maior	 será	 a	
probabilidade	de	sua	persistência	no	momento	do	parto”	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	
p.	776).
Quanto	 à	 conduta,	 há	 dois	 tipos:	 a	 conduta	 expectante	 e	 a	 conduta	 ativa,	
que	variam	conforme	a	 intensidade	do	sangramento,	segundo	o	Ministério	da	Saúde	
(BRASIL,	 2022b),	 antes	 de	 decidir	 qual	 das	 condutas	 deve	 ser	 tomada,	 quando	 há	
sangramento	 ativo,	 é	 necessária,	 de	 imediato,	 a	 realização	de	dois	 acessos	venosos	
calibrosos,	para	repor	volume	e	evitar	choque	hipovolêmico,	além	de	avaliar	os	sinais	
vitais	 frequentemente	e	 reservar	bolsa	de	sangue,	caso	haja	a	necessidade	de	 reposição	
sanguínea.	 “Nos	 casos	 de	 hemorragia	 grave,	 a	 interrupção	 imediata	 da	 gestação	 é	
obrigatória,	 independentemente	 da	 idade	 gestacional,	 pelo	 elevado	 risco	materno	 e	
fetal”	(BRASIL,	2022b,	p.	85).
Após	estabilização	hemodinâmica,	a	avaliação	de	conduta	se	baseia	em:	“gravidade	
da	hemorragia,	estimativa	da	maturidade	fetal,	condição	fetal	e	presença	ou	não	de	trabalho	
de	parto”	(BRASIL,	2022b,	p.	83),	conforme	pode	ser	observado	na	Figura	5.
Figura 5 – Conduta obstétrica
Fonte: Brasil (2022, p. 84)
114
No	caso	da	conduta	expectante,	a	gestante	deve	permanecer	em	 repouso	e	
realizar	avaliação	quinzenal	até	chegar	no	termo	da	gestação.	Já	nos	casos	de	conduta	
ativa,	a	realização	da	cesárea	é	indicada,	o	parto	por	via	vaginal	pode	ser	considerado	
quando	placenta	de	inserção	baixa,	porém,	com	controle	rigoroso	do	sangramento	e	do	
batimento	cardíaco	fetal,	conforme	as	recomendações	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	
2022b).
Alguns	cuidados	de	Enfermagem,	no	caso	de	placenta	prévia,	de	acordo	com	
Almeida e Reis (2021) são:
•	 estabelecer	repouso	absoluto,	de	acordo	com	conduta	obstétrica;
• humanização no atendimento com a mulher;
•	 minimizar	angústias	e	medos	da	mulher;
•	 monitorar	sinais	vitais	e	realizar	balanço	hídrico;
•	 controlar	a	perda	de	sangue	por	via	vaginal;
•	 avaliar	condição	fetal	a	partir	da	ausculta	cardíaca	fetal	e	movimentação	fetal;
•	 manter	acesso	venoso	periférico	calibroso;
•	 administrar	líquidos	e	hemoderivados,	conforme	prescrição;
•	 administrar	oxigênio	por	máscara,	conforme	prescrição;
•	 verificar	fator	Rh	da	gestante;	se	Rh	negativo,	administrar	imunoglobulina	anti-D.
3 DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA 
NORMALMENTE INSERIDA
O	descolamento	prematuro	de	placenta	 (DPP)	é	a	separação	da	placenta,	que	
está	normalmente	inserida,	do	útero	antes	da	expulsão	do	feto,	podendo	ser	parcial	ou	
completo,	em	gestação	de	20	semanas	ou	mais,	assim	classificada	pelo	Ministério	da	
Saúde	(BRASIL,	2022b)	e	por	Zugaib	e	Francisco	(2020).	Além	disso,	é	“uma	das	principais	
emergências	obstétricas	hemorrágicas,	sendo	mundialmente	reconhecida	como	uma	
situação	ameaçadora	à	vida	e	com	capacidade	de	evolução	rápida	para	situações	de	
‘near miss’,	assim	como	para	óbitos	materno	e	fetal”	(BRASIL,	2022b,	p.	86).
A	 causa	 da	 DPP	 ainda	 está	 sem	 esclarecimentos	 precisos,	 porém	 algumas	
condições	podem	ser	associadas,	como	as	síndromes	hipertensivas,	os	fatores	mecânicos	
e	traumáticos	e	os	fatores	placentários	(por	exemplo,	tabagismo	e	uso	de	drogas	ilícitas,	que	
causam	a	má	perfusão	placentária,	além	da	anemia	e	do	consumo	de	álcool,	estando	
este	associado	à	necrose	da	decídua	basal)	(ALMEIDA;	REIS,	2021).	
A	rotura	de	vasos	maternos	na	decídua	basal	está	 implicada	como	
causa	imediata	dessa	separação	[...]	o	sangue	acumulado	separa	a	
placenta	da	decídua	inicialmente	por	meio	de	uma	fina	camada.	Esse	
hematoma	 resultante	pode	ser	pequeno	e	autolimitado	 (separação	
parcial),	ou	pode	continuar	a	dissecar	a	interface	placenta-decídua,	
115levando	à	separação	quase	completa	ou	completa	desta	(separação	
total).	Pelo	fato	de	a	placenta	separada	não	ser	capaz	de	manter	sua	
função	de	troca	de	gases	e	nutrientes,	o	feto	torna-se	progressiva-
mente	comprometido	à	medida	que	esse	processo	evolui	 (ZUGAIB;	
FRANCISCO,	2020,	p.	789).
Na	Figura	6,	é	possível	perceber	como	ocorre	o	DPP	com	hemorragia	externa.
Figura 6 – DPP com hemorragia externa
Fonte: Zugaib (2020, p. 789)
Entre	os	fatores	de	risco	para	DPP,	de	acordo	com	o	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	
2022b),	estão:	idade	materna	maior	que	35	anos	e	menor	que	20	anos,	multiparidade,	
síndromes	hipertensivas,	traumas,	distúrbios	no	líquido	amniótico,	placenta	prévia,	cesárea	
anterior,	DPP	anterior	e	pré-eclâmpsia	anterior.
Acadêmico,	acerca	do	diagnóstico,	é	basicamente	clínico,	podendo	ser	realizada	
ultrassonografia	como	exame	complementar	do	diagnóstico,	se	houver	necessidade.
Dor	abdominal	súbita	e	intensa	no	abdome,	sangramento	vaginal,	taquissistolia	
ou	hipertonia	também	podem	estar	presentes	em	casos	de	DPP;	em	casos	de	hemorragia	
interna	 ou	 oculta,	 o	 sangramento	 nem	 sempre	 está	 presente	 (ZUGAIB;	 FRANCISCO,	
2020),	podendo	ocorrer	em	20%	dos	casos	de	DPP.	Outro	fator	importante,	observado	
no	exame	físico	materno,	é	a	pressão	arterial	com	convergência	tensional;	o	estado	de	
pré-choque	ou	choque	hipovolêmico	também	podem	estar	presentes.
116
Acadêmico, após o diagnóstico clínico do DPP, é necessária a avaliação das 
condições da mãe e do feto, principalmente a estabilização hemodinâmica 
em casos de hemorragia severa, pois essa emergência obstétrica pode 
ter desfecho com parto via vaginal ou cesariana, dependendo da conduta 
médica.
IMPORTANTE
Quando	o	feto	está	vivo	e	estável,	a	cesariana	de	emergência	entra	como	conduta	
imediata,	se	o	parto	normal	não	for	iminente,	segundo	Zugaib	e	Francisco	(2020),	sendo	
a	agilidade	nesse	processo	essencial	para	garantir	um	desfecho	favorável.	No	caso	de	
feto	morto	e	as	condições	das	mães	estarem	preservadas,	estimula-se	o	parto	normal,	
mas,	se	as	condições	maternas	estiverem	ruins,	se	deve	recorrer	à	cesárea.	
Para	melhor	compreensão	da	conduta	no	DPP,	o	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	
2022b)	traz	um	fluxograma	(Figura	7).
Figura 7 – Conduta no DPP
Fonte: Brasil (2022b, p. 88)
117
O	enfermeiro	tem	papel	relevante	na	conduta	do	DPP	e	nas	suas	intervenções,	
conforme	expõem	Almeida	e	Reis	(2021):	
•	 Manter	acesso	venoso	periférico	calibroso.
•	 Administrar	reposição	de	volume	e	hemoderivado,	conforme	prescrição	médica.
•	 Realizar	sondagem	vesical	de	demora	para	monitorar	balanço	hídrico.	
•	 Controlar	a	perda	de	sangue	via	vaginal.
•	 Avaliar	 condição	 materno-fetal,	 observar	 variabilidade	 dos	 batimentos	 cardíacos	
fetais	e	movimentação	fetal.
•	 Observar	dinâmica	uterina,	quando	parto	normal.
•	 Coletar	material	laboratorial,	para	exame	hematológico.
4 VASA PRÉVIA 
Essa	condição	ocorre	quando	os	vasos	sanguíneos	fetais	correm,	através	das	
membranas	ovulares,	sem	estarem	cobertos	pela	geleia	de	Wharton	ou	tecido	placentário,	
além	de	estarem	perto	do	orifício	interno	do	colo	uterino.	De	acordo	com	o	Ministério	
da	Saúde	(BRASIL,	2022b),	há	dois	tipos:	“são	a	inserção	do	cordão	umbilical	distante	
da	massa	placentária	(inserção	velamentosa)	e	a	presença	de	conexões	vasculares	em	
casos	de	placenta	bilobulada”	(BRASIL,	2022b,	p.	92).	
Figura 8 – Vasa prévia
Fonte: http://twixar.me/T9Qm. Acesso em: 5 jan. 2023.
118
A	vasa	prévia	é	uma	condição	rara,	tendo	 incidência	baixa	de	acordo	com	os	
dados	mostrados	 pelo	 Ministério	 da	 Saúde.	 Entretanto,	 é	 importante	 entender	 essa	
condição,	pois	se	trata	de	uma	emergência	obstétrica,	uma	vez	que,	se	houver	ruptura	
das	membranas	ovulares	no	trabalho	de	parto,	há	o	risco	de	ruptura	dos	vasos	fetais,	
ou	seja,	a	ruptura	da	vasa	prévia	pode	acarretar	choque	hemorrágico	fetal	 rapidamente,	
levando	ao	óbito	fetal.	
O	diagnóstico	pode	se	dar	em	três	situações:
Diagnóstico	 após	 a	 ruptura	 de	 vasa	 previa.	 Trata-se	 de	 situação	
dramática.	Após	a	ruptura	da	bolsa	das	águas,	ocorre	desaceleração	
grave	e	sustentada	da	frequência	cardíaca	fetal,	obrigando	ao	parto	
de	 emergência	 para	 salvar	 a	 vida	 do	 feto.	 A	 taxa	 de	 mortalidade	
perinatal	nessa	situação	é	superior	a	50%.	Diagnóstico	incidental	de	
vasa	previa	íntegra	durante	o	trabalho	de	parto.	O	obstetra,	ao	realizar	
o	toque	vaginal	para	avaliar	a	evolução	do	trabalho	de	parto,	percebe	
uma	estrutura	semelhante	a	uma	corda	fazendo	relevo	na	superfície	
das	membranas.	Se	o	vaso	for	arterial,	identifica	pulsações	síncronas	
com	a	frequência	cardíaca	fetal.	O	diagnóstico	pode	ser	confirmado	
por	meio	da	amnioscopia	ou,	 idealmente,	da	ecografia	transvaginal	
com	Doppler.	Dada	a	importância	desse	diagnóstico,	recomenda-se	
que,	ao	realizar	o	toque	vaginal	no	trabalho	de	parto,	o	obstetra	atente	
sempre	para	a	 regularidade	da	superfície	das	membranas,	sobretudo	
se	pretende	realizar	amniotomia.	Diagnóstico	durante	a	gestação,	por	
ultrassonografia,	antes	do	terceiro	trimestre.	Esse	é,	sem	dúvida,	o	
momento	ideal	para	o	diagnóstico,	pois	determina	melhora	drástica	
no	 prognóstico	 perinatal.	 A	 taxa	 de	 sobrevida	 neonatal	 é	 de	 95%	
(BRASIL,	2022b,	p.	93).
Já	 quanto	 à	 conduta	 para	 evitar	 o	 risco	 de	 ruptura	 da	 vasa	 prévia,	 quando	
diagnosticada	a	tempo,	é	recomendada	a	realização	da	cesariana.	Se	o	feto	não	estiver	
no	 termo	 gestacional,	 deve-se,	 conforme	 recomendações	 do	 Ministério	 da	 Saúde	
(BRASIL,	2022b),	internar	a	paciente,	observar	sinais	e	sintomas,	e	realizar	a	maturação	
pulmonar	do	feto,	até	alcançar	maturidade	fetal	adequada	para	nascimento	via	cesariana.	
Durante	o	nascimento,	 especificamente	 após	 a	 saída	do	bebê,	 devem	ser	 realizados	
o	 clampeamento	 e	 o	 corte	 do	 cordão	 umbilical	 de	maneira	 rápida,	 evitando,	 assim,	
hemorragia	fetal	pelos	vasos.
119
Neste tópico, você aprendeu:
•	 A	 hemorragia	 obstétrica	 grave	 é	 uma	 causa	 comum	de	morbidade	 e	mortalidade	
materna.	 Algumas	 causas	 importantes	 dessas	 hemorragias	 são:	 descolamento	
prematuro	de	placenta	normalmente	inserida,	placenta	prévia	e	vasa	prévia.
•	 A	 forma	clínica	comum	da	placenta	prévia	é	 sangramento	vaginal	 indolor,	 entre	o	
segundo	 e	 o	 terceiro	 trimestre	 de	 gestação,	 podendo	 haver	 contrações	 uterinas.	
Pode	ser	classificada	como	placenta	prévia	total,	parcial	e	placenta	de	baixa	inserção.
•	 No	descolamento	prematuro	de	placenta	normalmente	 inserida,	em	casos	graves,	o	
profissional	deve	estar	atento	ao	estado	hemodinâmico	da	mulher,	a	fim	de	evitar	o	
risco	de	choque	hipovolêmico.
•	 As	 hemorragias	 anteparto	 devem	 ser	 analisadas	 de	 forma	 individualizada,	 e	 o	
acompanhamento	do	enfermeiro	antes,	durante	e	após	a	emergência	é	essencial.	A	
avaliação	materno-fetal	se	mostra	indispensável,	bem	como	a	observação	dos	sinais	e	
dos	sintomas	que	a	mulher	apresenta	em	cada	caso.	Na	maioria	dos	casos	graves,	a	
cesariana de emergência é recomendada.
RESUMO DO TÓPICO 3
120
1 Com base no Manual de gestação de alto risco,	 do	Ministério	 da	 Saúde	 (BRASIL,	
2022b),	 a	 placenta	 prévia	 é	 definida	 como	 a	 placenta	 que	 se	 implanta	 total	 ou	
parcialmente	na	parte	inferior	do	útero,	obstruindo	ou	não	o	orifício	interno	do	colo	
uterino,	podendo	ser	classificada	de	três	formas.	Sobre	as	classificações	de	placenta	
prévia,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Pro-
gramáticas. Manual de gestação de alto risco. Versão preliminar. Brasília, 2022b. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf. Acesso em: 28 ago. 
2022.
a)	 (			)	 A	 placenta	 prévia	 parcial	 atinge	 o	 orifício	 interno	 do	 colo	 uterino,	 cobrindo-o	
completamente.
b)	 (			)	 A	placenta	prévia	total	recobre	totalmente	o	orifício	interno	do	colo	uterino.
c)	 (			)	 A	placenta	prévia	total	recobre	parcialmente	oorifício	interno	do	colo	uterino.
d)	 (			)	 A	placenta	de	baixa	inserção	está	localizada	próximo	ao	colo	uterino,	cobrindo-o	
completamente.
2	 Considera-se	que	o	descolamento	prematuro	de	placenta	(DPP)	consiste	na	separação	
da	placenta,	normalmente	inserida,	antes	da	expulsão	do	feto,	em	gestação	de	20	
semanas	ou	mais.	De	acordo	com	os	fatores	de	riscos	associados	a	DPP,	analise	as	
sentenças	de	casos	clínicos	a	seguir:
I-	 A	paciente	M.	P.	com	40	anos	de	idade,	G3P1C1,	tem	maior	risco	para	descolamento	
prematuro	de	placenta	que	a	paciente	R.	S.	de	29	anos	de	idade,	G1.
II-	 A	paciente	I.	S.,	28	anos	de	idade,	G1,	sofreu	uma	queda,	ou	seja,	um	trauma	durante	
sua	atual	gestação.	Já	a	paciente	M.	K.,	de	28	anos	de	idade,	G1,	sofre	de	hipertensão	
arterial	e	é	tabagista.	Ambas	têm	risco	para	descolamento	prematuro	de	placenta.
III-	 A	 paciente	 A.	 R.,	 25	 anos	 de	 idade,	 G2P1,	 diagnosticada	 com	 diabetes	 melito	
gestacional	na	atual	gestação,	 controlada	com	dieta	e	exercício	 físico,	 tem	 risco	
elevado	para	descolamento	prematuro	de	placenta.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
AUTOATIVIDADE
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf
121
3	 Segundo	 o	 Manual de gestação de alto risco,	 do	 Ministério	 da	 Saúde	 (BRASIL,	
2022b,	p.	92),	“Denomina-se	vasa	previa	a	condição	em	que	vasos	sanguíneos	fetais	
não	cobertos	por	tecido	placentário	ou	geleia	de	Warthon	transcorrem	através	das	
membranas	ovulares	a	uma	distância	≤ 2 cm	do	orifício	cervical	interno”.	De	acordo	
com	essa	emergência	hemorrágica	anteparto,	analise	as	sentenças	a	seguir:	
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas. Manual de gestação de alto risco. Versão preliminar. Brasília, 2022b. Disponível em: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf. Acesso em: 28 ago. 
2022.
(			)	A	ruptura	de	vasa	prévia	é	rara,	porém,	quando	ocorre,	é	considerada	emergência	
grave,	 com	 alto	 risco	 de	 morte	 perinatal.	 Após	 a	 ruptura	 da	 bolsa	 das	 águas,	
ocorre	desaceleração	grave	e	sustentada	da	frequência	cardíaca	fetal,	obrigando	à	
realização	de	parto	de	emergência	para	salvar	a	vida	do	feto.
(			)	Quando	a	vasa	prévia	está	 íntegra,	no	exame	do	toque	vaginal	para	avaliação	do	
trabalho	de	parto,	o	profissional	percebe	uma	estrutura,	parecida	como	uma	corda,	
fazendo	relevo	nas	membranas.	Nesse	momento,	a	conduta	ideal	é	a	amniotomia,	
ou	seja,	o	rompimento	artificial	da	bolsa	das	águas.
(			)	Cabe	ao	enfermeiro	realizar	boa	anamnese	e	exame	físico	completo,	escutando,	de	
forma	ativa,	as	queixas	da	gestante.	Para	perceber	e	diagnosticar	a	presença	de	
vasa	prévia,	o	enfermeiro	deve	tomar	a	frente	da	conduta	clínica	dessa	emergência.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 Sabe-se	que	o	 índice	de	descolamento	prematuro	de	placenta	 (DPP)	normalmente	
inserida	tem	aumentado	nos	últimos	anos,	o	que	pode	estar	associado	às	mudanças	
nos	fatores	de	 riscos	a	que	as	gestantes	 são	expostas	na	atualidade.	Felizmente,	
a	 escuta	 ativa,	 o	 exame	 físico	 e	 as	 tecnologias	 obstétricas	 contribuem	 para	 o	
diagnóstico	precoce	do	DPP.	Algumas	consequências	dessa	emergência	são:	óbito	
fetal,	 trabalho	 de	 parto	 prematuro,	 restrição	 de	 crescimento	 intrauterino,	 óbito	
materno,	coagulopatias,	histerectomia	e	infecções	puerperais.	Diante	disso,	disserte	
sobre	a	importância	da	atuação	do	enfermeiro	nos	casos	de	DPP.
5	 Considerada	uma	emergência	obstétrica	frequente,	a	placenta	prévia	pode	ocasionar	
prematuridade,	 baixo	peso	 ao	nascer,	 distúrbios	 respiratórios	do	 recém-nascido	 e	
óbitos	perinatais.	Estudos	mostram	que	mulheres	multíparas,	com	idade	avançada,	
com	cesárea	prévia	e	também	curetagem	uterina	prévia	têm	maior	risco	de	placenta	
prévia.	Diante	disso,	responda	quais	as	medidas	essenciais	da	Enfermagem	para	uma	
gestante	com	suspeita	de	placenta	prévia?	
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf
122
123
TÓPICO 4 — 
EMERGÊNCIAS DE PARTO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO 
	Neste	tópico,	abordaremos	as	emergências	de	parto	mais	relevantes,	na	prática	
obstétrica,	 dentro	 da	 sala	 cirúrgica	 do	 centro	 obstétrico,	 mesmo	 que	 raras,	 podem	
ocorrer,	sendo	que	tanto	o	enfermeiro	como	toda	a	equipe	necessitam	estar	dispostos	
para	um	preparo,	organização	e,	por	fim,	uma	resolução	adequada	da	emergência	de	
parto.	Entre	os	temas	abordados,	estão	a	rotura	uterina,	a	inversão	uterina,	a	distócia	de	
ombros	e	o	prolapso	de	cordão	umbilical.
É	 importante	 frisar	 que	 o	 enfermeiro	 é	 agente	 ativo	 em	 cada	 uma	 dessas	
emergências	de	parto,	visto	que	o	diagnóstico	precoce	pode	ser	realizado	na	sala	de	
triagem,	por	exemplo,	ou	durante	a	assistência	de	trabalho	de	parto;	dessa	forma,	a	
escuta	ativa	das	queixas	maternas	deve	ocorrer	de	maneira	adequada,	bem	como	a	
inspeção	e	a	palpação	devem	estar	presentes	no	exame	físico	da	parturiente.	Quando	
há	a	ocorrência	de	uma	das	emergências	citadas	anteriormente,	é	o	enfermeiro	que	
fica	responsável	pela	organização	da	equipe	de	Enfermagem,	pela	preparação	da	sala	
cirúrgica	e	pela	assistência	imediata	à	parturiente,	garantindo	que	ocorra	uma	resolução	
imediata	e	baseada	em	evidências	científicas.
A	 atualização	 constante,	 sobre	 as	 condutas	 e	 as	medidas	 de	 resolução	 das	
emergências	citadas,	é	essencial,	visto	que,	a	cada	ano,	há	novas	evidências	científicas	
e	novas	propostas	de	condutas	que	melhoram	a	qualidade	na	assistência	e	diminuem	o	
índice	de	mortalidade	materna	e	fetal.
2 ROTURA UTERINA 
Para	 Nené,	 Marques	 e	 Batista	 (2016),	 a	 rotura	 uterina	 manifesta-se	 com	 dor	
abdominal	intensa,	hemorragia	irregular	e	sinais	de	choque.	Durante	a	palpação	abdominal,	
percebe-se	a	presença	de	uma	rotura	ou,	até	mesmo,	é	possível	palpar	o	feto	sob	a	parede	
abdominal.	É	um	acontecimento	excepcional,	que	pode	resultar	na	morte	fetal	e	materna	
se	não	for	tratado	como	emergência	grave	imediata.
O’Reilly,	Bottomley	e	Rymer	(2005)	comentam	que	é	um	evento	extremamente	
raro	de	hemorragia	vaginal	que	ocorre	durante	o	trabalho	de	parto	e	o	parto,	geralmente	
em	mulheres	com	antecedentes	de	cirurgia	uterina.	Ressalta-se	que	a	dor	pode	 ser	
mascarada	se	a	mulher	estiver	com	analgesia	epidural.	Outro	sinal	é	a	cessação	súbita	
das	contrações	uterinas,	e	a	percepção	de	anomalias	no	batimento	cardíaco	fetal.	Sinais	
de	choque,	como	a	taquicardia,	estão	presentes,	além	de	hematúria.
124
“Trata-se	 da	 rotura	 completa	 ou	 incompleta	 da	 parede	 uterina,	 que	 ocorre	
sobretudo	além	da	28ª	semana	gestacional	e	durante	o	trabalho	de	parto,	precedida,	em	
sua	maioria,	por	quadro	clínico	de	iminência	de	rotura	uterina,	o	que	facilita	sua	prevenção”	
(BRASIL,	2000,	p.	58).	Montenegro	e	Rezende	(2014)	explicam	que	a	rotura	uterina	pode	
ser	classificada	como	corporal,	segmentária	ou	segmento-corporal.	A	Figura	9	mostra,	
respectivamente,	exemplos	de	 rotura	completa	segmentária,	 rotura	completa	corporal	e	
rotura	incompleta	com	hematoma	distendido	nos	ligamentos	largos.
“A	etiologia	principal	da	ruptura	uterina	nos	países	desenvolvidos	é	a	pós-cesárea;	
no	mundo	 em	 desenvolvimento,	 é	 o	 parto	 obstruído.	 Outros	 fatores	 de	 risco	 incluem	
grande	 multiparidade,	 uso	 de	 uterotônicos,	 traumatismo,	 placenta	 percreta,	 versão	
interna	e	grande	extração”	(MONTENEGRO,	REZENDE	FILHO,	2014,	p.	869).	Quanto	a	sua	
etiopatogenia,	podem	ser	rupturas	espontâneas	e	provocadas,	sendo	que	a	ruptura	uterina	
espontânea	 ocorre	 sem	 a	 intervenção/interferência	 de	 algum	 profissional,	 enquanto	
a	 ruptura	provocada,	ou	traumática,	decorre	de	versão	 interna,	extraçãopodal,	uso	de	
fórceps,	entre	outros,	além	da	presença	de	taquissistolia	e	do	aumento	da	contratilidade	
uterina	pela	administração	excessiva	de	ocitócicos.
Figura 9 – Tipos de roturas uterinas
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2014, p. 871)
125
Futuro enfermeiro, é importante perceber que, na iminência da rotura 
uterina, a parturiente fica agitada, refere dor extrema abdominal, espe-
cificamente hipogástrica, além da presença de taquissistolia. Notam-se 
o sinal de Bandl, que é o relevo do anel que separa o corpo uterino do 
segmento inferior, e o sinal de Frommel, que é a palpação dos ligamentos 
redondos desviados para a face ventral do útero.
IMPORTANTE
Acadêmico, no caso de rotura uterina consumada, os sinais e 
sintomas são: dor súbita em região hipogástrica, ausência de 
contração uterina, presença de hemorragia discreta ou profusa, 
estado de choque, dependendo da hemorragia. Observa-se o útero 
em formato de ampulheta, na palpação abdominal, e, em caso de 
ruptura completa, pode-se perceber o feto na cavidade abdominal.
NOTA
Nesse	 caso,	 os	 tratamentos,	 segundo	 Montenegro	 e	 Rezende	 Filho	 (2014),	
podem	ser:
•	 Profilático:	 em	 casos	 que	 não	 houve	 ainda	 a	 ruptura	 uterina,	 ou	 seja,	 quando	 se	
percebe	o	aumento	da	atividade	uterina,	administram-se	tocolíticos	para	diminuir	a	
taquissistolia.
•	 Curativo:	é	realizada	a	terapêutica	do	choque	imediata	ao	acidente.	Pode	ser	feita	a	
lavagem	abdominal,	além	do	desembaraço	desta	cavidade.
•	 Histerectomia	ou	histerorrafia:	depende	das	paredes	uterinas	lesadas	e	do	estado	da	
paciente.
3 INVERSÃO UTERINA
A	inversão	uterina,	segundo	Nené,	Marques	e	Batista	(2016),	é	quando	o	corpo	
do	útero	se	inverte,	ou	seja,	o	útero	sai	pelo	colo	uterino,	após	o	parto	imediato,	até	o	
interior	da	vagina	ou	mesmo	na	abertura	da	vagina.	É	pouco	frequente,	mas,	quando	
ocorre,	pode	causar	hemorragia	 intensa	e,	consequentemente,	choque	hipovolêmico	
materno.
126
Infelizmente, tal emergência obstétrica pode ocorrer quando há muita 
pressão sobre o fundo uterino no parto ou quando é puxado o cordão 
umbilical, muitas vezes, com muita pressão, durante a dequitação da 
placenta que ainda não se descolou.
ATENÇÃO
“Pode	ser	parcial	ou	completa	(esta	é	visível	pela	saída	do	útero	invertido	pela	
fenda	 vulvar),	 acometendo	 mais	 multíparas	 e	 mulheres	 com	 acretismo	 placentário,	
quando	se	tenta	tracionar	demais	o	cordão,	associado	à	compressão	fúndica”	(BRASIL,	
2000,	p.	61).
Zugaib	e	Francisco	 (2020)	expõem	que	a	sua	 incidência	é	variada,	menor	do	
que	uma	em	6	mil	partos	vaginais.	Os	fatores	de	risco	são:	macrossomia,	cordão	curto,	
uso	prolongado	de	ocitocina	sintética	ou	sulfato	de	magnésio,	primiparidade,	anomalias	
uterinas,	 remoção	 manual	 da	 placenta	 e	 acretismo	 placentário.	 Para	 o	 diagnóstico	
clínico,	é	observado	ou	palpado	o	útero	no	canal	vaginal	ou	no	períneo	(este	último	nos	
casos	de	inversão	completa),	podendo	ocorrer	hemorragia	intensa	e	hipotensão.
O	tratamento	pode	ser	realizado,	conforme	Zugaib	e	Francisco	(2020),	por:
•	 administração	de	uterolíticos;
•	 manobra	de	Taxe	(Figura	10);	
•	 terapêutica	cirúrgica.
Figura 10 – Manobra de Taxe para reverter a inversão uterina
Fonte: Zugaib; Francisco (2020, p. 485)
Acadêmico,	saiba	que,	nessa	emergência,	após	a	solução	da	inversão	uterina	
ser	realizada	com	sucesso,	a	administração	de	uterotônicos	deve	ser	feita	para	prevenir	a	
reinversão	uterina	e	diminuir	a	perda	de	sangue	materna.
127
4 DISTÓCIA DE OMBROS
A	distócia	de	ombros,	ou	a	distócia	de	biacromial,	se	dá	quando	a	apresentação	fetal	
é	cefálica,	logo	após	o	desprendimento	do	polo	cefálico,	e	os	ombros	não	se	desprendem.	
Segundo	Graça	(2017,	p.	585),	“é	uma	emergência	obstétrica	rara	e	imprevisível,	que	pode	
resultar	em	graves	complicações	para	o	recém-nascido	e	para	parturiente”.
Para	Zugaib	e	Francisco	(2020),	tem	incidência	inferior	a	1%	dos	partos,	porém	
essa	porcentagem	aumenta	para	6%	quando	o	feto	tem	peso	superior	a	4 kg,	geralmente	
associado	 a	 uma	 intercorrência	materna	 da	 gravidez,	 como	 pós-datismo,	 obesidade	
materna,	diabetes	melito	gestacional	e	desproporção	entre	pelve	e	feto	que	pode	ter	
menos	que	4 kg.	Essa	emergência	pode	causar,	ainda,	alguns	riscos	maternos,	como	
lacerações	do	canal	de	parto,	atonia	uterina	e	rotura	uterina,	e	riscos	fetais,	como	lesões	
do	plexo	braquial,	fratura	de	clavícula	e	úmero,	óbito	fetal	intraparto	ou	neonatal.
Graça	(2017)	explica	que	essa	emergência	é	definida	como	uma	dificuldade	da	
extração	do	feto	no	nível	dos	ombros,	ou	seja,	o	não	desprendimento	dos	ombros	da	
pelve	materna,	geralmente,	está	associado	a	macrossomia	fetal.
Acadêmico, perceba que há medidas de prevenção da distócia de 
ombros e, mesmo sendo um tipo de emergência imprevisível, algu-
mas medidas podem ser tomadas para diminuir esse risco, como: 
o controle de peso da mãe durante o pré-natal, o rastreamento 
correto do diabetes gestacional e, se diagnosticada, devem ser re-
alizados os cuidados necessários para o controle da glicemia e a 
identificação de macrossomia fetal durante o pré-natal. A indução 
de trabalho de parto antes da data provável do parto, caso o feto 
tenha peso acima de 4 kg ou tenha percentil acima de 90, também 
é uma medida de prevenção.
IMPORTANTE
De	 acordo	 com	Graça	 (2017),	 é	 possível	 perceber	 alguns	 sinais	 evidentes	 da	
distócia	de	ombros,	como	a	retração	da	cabeça	fetal	após	a	sua	expulsão,	conhecida	
como	 “sinal	de	tartaruga”.	Feito	o	diagnóstico,	deve	ser	posta,	em	prática,	uma	série	
de	 medidas,	 como,	 primeiramente,	 pedir	 que	 a	 parturiente	 pare	 de	 empurrar,	 além	
do	profissional	que	está	assistindo	ao	parto	pedir	ajuda	para	outros	profissionais	para	
realização das manobras de distócia de ombros.
128
Zugaib	e	Francisco	(2020)	explicam,	detalhadamente,	as	manobras	necessárias	
para	resolução	da	distócia	de	ombros:
•	 Não	tracionar	a	cabeça:	essa	atitude	pode	levar	à	distensão	do	plexo	
braquial	ou	do	bulbo,	com	graves	complicações	neurológicas.
•	 [...]Realizar	a	manobra	de	McRoberts,	que	consiste	na	hiperflexão	
e	 abdução	 das	 coxas,	 com	 consequente	 deslocamento	 cranial	
da	 sínfise	 púbica	 e	 retificação	 da	 lordose	 lombar,	 liberando-
se	 o	 ombro	 impactado.	 São	 necessários	 dois	 auxiliares	 para	 a	
execução	dessa	manobra.
•	 Realizar	pressão	suprapúbica	 (manobra	de	Rubin),	com	pressão	
contínua	sobre	o	ombro	anterior	do	feto,	que	desliza	sob	a	sínfise	
púbica.
•	 Tentar	girar	os	ombros	fetais	do	diâmetro	sagital	para	o	diâmetro	
obliquo.	Dessa	maneira,	o	ombro	posterior	e	o	anterior	poderão	
ser	desprendidos	respectivamente	do	sacro	e	do	púbis.
•	 Para	desprender	o	ombro	posterior,	 pode-se	utilizar	 a	manobra	
de	 Jacquemier.	 Após	 suspender	 o	 polo	 cefálico,	 introduz-se	
a	mão	pela	 concavidade	do	 sacro,	 apreende-se	o	 antebraço	e,	
por	deslizamento,	este	é	retirado	pela	face	anterior	do	tórax.	Em	
seguida	 abaixa-se	 o	 tronco,	 que	 liberará	 o	 ombro	 anterior.	 Se	
houver	dificuldade	em	liberar	o	ombro	anterior,	deve-se	segurar	
o	polo	cefálico	com	uma	das	mãos	e	o	braço	posterior	com	outra,	
enquanto	um	auxiliar	desloca	o	dorso	do	feto	para	o	lado	e	roda	o	
feto	em	180°,	para	o	lado	do	dorso,	a	fim	de	transformar	o	braço	
posterior	em	anterior	(manobras	de	Ahlfed	e	Barnum).
•	 Outra	opção	é	manobra	de	Woods.	O	obstetra	deve	girar	o	tronco	
em	180°,	em	sentido	horário.	Após	o	ombro	posterior	ser	liberado,	
roda-se	 o	 tronco	 em	 sentido	 anti-horário,	 180°,	 soltando-se	 o	
outro ombro.
• Como	 alternativa,	 pode-se	 utilizar	 a	 manobra	 de	 Matthes.	 A	
paciente	 deve	 adotar	 a	 posição	 genupeitoral.	 Nessa	 posição,	 o	
ombro	 posterior	 torna-se	 anterior,	 permitindo	 que	 o	 braço	 seja	
facilmente	 apreendido	 e	 trazido	 para	 fora	 da	 vagina	 pela	 mão	
do	obstetra.	Se	o	dorso	do	feto	está	à	direita,	introduz-se	a	mão	
direita;	se	estiver	à	esquerda,	a	mão	esquerda.	Retirando	o	braço	
sacral,	promove-se	uma	rotação	de	180°,	levando-o	para	opúbis.	
Desprende-se	o	ombro	anterior,	agora	sacral,	retira-se	o	braço	e	
finaliza-se	o	parto	(ZUGAIB;	FRANCISCO,	2020,	p.	399-400).
Acadêmico, é de extrema importância, em caso de emergência obstétrica 
por distócia de ombros, haver a devida familiarização da assistência e 
conduta para a resolução dessa intercorrência.
ATENÇÃO
A	Figura	11	demonstra	as	manobras	iniciais	para	distocia	de	ombros.
129
Figura 11 – Manobras de McRoberts e Rubin
Fonte: Zugaib; Francisco (2020, p. 399)
Atualmente,	há	alguns	algoritmos,	propostos	por	diversos	autores,	para	resolução	da	
distócia	de	ombros	a	partir	da	realização	de	manobras	específicas,	para	melhor	facilidade	
e	 organização	 da	 equipe	 nessa	 emergência,	 quando	 a	 parturiente	 se	 encontrar	 em	
posição	tradicional,	deitada	em	decúbito	dorsal.	O	mnemônico,	proposto	pelo	Advanced	
Life	Support	of	Obstetrics	(ALSO),	sob	o	acrônimo	HELPERR	(em	inglês),	traduzido	como	
ALEERTA	 (Figura	 12),	é	composto	pelas	manobras	detalhadas	anteriormente	por	Zugaib	e	
Francisco	(2020).
Figura 12 – ALEERTA
Fonte: Amorim et al. (2013, p. 119) 
130
	Entretanto,	Amorim	et al.	 (2013)	explanam	um	novo	protocolo,	considerando	os	
benefícios	para	partos	em	posição	não	supina	e	 iniciado	com	medidas	menos	invasivas,	
o	 mneumônico	 “A	 SAIDA”	 (Figura	 13):	 “A:	 chamar	 ajuda,	 avisar	 parturiente,	 aumentar	
agachamento;	S	=	pressão	suprapúbica;	A:	alterar	posição	para	quatro	apoios	(manobra	
de	Gaskin);	I:	manobras	internas	(Rubin	II,	Wood,	parafuso	invertido);	D:	desprender	ombro	
posterior;	A:	avaliar	manobras	de	resgate”	(AMORIM	et al.,	2013,	p.	115).	Os	autores	ainda	
salientam	que,	realizando	as	três	primeiras	manobras,	é	sucesso	em	90%	dos	casos.
Figura 13 – A SAIDA 
Fonte: Amorim et al. (2013, p. 119) 
5 PROLAPSO DE CORDÃO 
“Chama-se	procidência	ou	procúbito	a	presença	do	cordão	antes	da	apresentação,	
estando	o	saco	amniótico	íntegro;	e	prolapso	se	o	cordão	se	apresentar	após	a	amniorrexe”	
(REZENDE,	2014,	p.	862).	O	prolapso	de	cordão	é	uma	emergência	obstétrica	de	grande	risco	
fetal,	que	se	caracteriza	com	a	presença	do	cordão	umbilical	à	frente	da	apresentação	
fetal,	 ou	pode	 ser	 um	prolapso	 oculto,	 quando	está	 ao	 lado	da	 apresentação	 fetal,	
porém	ainda	mais	perto	do	orifício	 do	 colo	uterino.	Na	Figura	 14,	 podemos	observar	
exemplos	de	 laterocidência	do	cordão	(quando	a	bolsa	das	águas	está	 íntegra	e	o	cordão	
ao	lado	da	apresentação	fetal),	procidência	do	cordão	(quando	a	bolsa	das	águas	está	
íntegra	e	o	cordão	abaixo	da	apresentação	fetal)	e	prolapso	do	cordão	(quando	é	bolsa	
rota	com	presença	do	cordão	à	frente	da	apresentação	fetal,	exteriorizando	para	o	canal	
vaginal).
131
Figura 14 – Prolapso de cordão umbilical
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2014, p. 863) 
Montenegro	e	Rezende	Filho	(2014)	ainda	explicam	a	sua	etiologia,	sendo	mais	
comuns	em:	multíparas,	rotura	prematura	da	bolsa	das	águas,	placenta	baixa,	inserção	
velamentosa	 do	 cordão,	 polidrâmnio,	 gestação	 gemelar,	 cordão	 umbilical	 longo	 e	
prematuridade.
O	 deslocamento	 do	 cordão	 para	 baixo	 da	 apresentação	 durante	
ou	 após	 a	 rotura	 da	 membrana	 faz	 com	 que	 ele	 fique	 exposto	 à	
compressão,	dessecação	ou	morte	reflexa,	o	que	afeta	diretamente	o	
prognóstico	do	feto.	A	morte	fetal	poderá	ocorrer	como	resultado	da	
asfixia	parcial	ou	completa	do	cordão	umbilical	ao	lado	ou	à	frente	da	
parte	fetal	(SILVA	et al.,	2019,	p.	25).
A	compreensão	do	cordão	umbilical	é	uma	das	grandes	consequências	dessa	
emergência,	causando	dificuldade	de	troca	gasosa	para	o	feto.	Dessa	forma,	a	conduta	
deve	ser	 imediata	de	quem	observou	e	diagnosticou	o	prolapso	de	cordão	umbilical.	
Para	Montenegro	e	Rezende	Filho	(2014),	é	indicada,	como	norma,	a	cesariana	imediata,	
enquanto	o	dedo	que	fez	a	avaliação	deve	permanecer	na	vagina	da	mulher	até	o	último	
minuto,	quando	estiver	tudo	preparado	e	a	paciente,	anestesiada	e	operada.	Se	possível	
até	organização	da	sala	cirúrgica,	a	paciente	deve	ser	mantida	em	posição	genupeitoral	ou	
decúbito	dorsal,	acentuado	cefalodeclive,	e	o	profissional	que	estiver	com	os	dedos	na	
vagina	deve	fazer	uma	pressão	do	polo	de	apresentação,	evitando	piora	da	condição	
fetal.	Tudo	isso	não	deve	demorar	mais	que	5	a	10	minutos	até	o	nascimento	por	cesariana.
132
Neste tópico, você aprendeu:
•	 No	caso	de	rotura	uterina,	é	 importante	o	enfermeiro	notar	os	sinais	de	 iminência,	
evitando	que	chegue	a	ocorrer,	de	fato,	a	rotura	uterina.	Alguns	sinais	importantes	
são:	dor	extrema	hipogástrica,	taquissistolia,	sinal	de	Bandl	e	sinal	de	Frommel.
•	 A	 inversão	 uterina	 pode	 ocorrer	 devido	 à	 realização	 de	 pressão	 do	 fundo	 uterino	
no	parto	ou	quando	é	puxado,	excessivamente,	o	cordão	umbilical	sem	aguardar	o	
descolamento	da	placenta.	As	 condutas	para	 resolução	 são:	manobra	de	Taxe	 ou	
terapêutica	cirúrgica	e	sempre	administração	de	uterolíticos.
•	 O	conhecimento,	por	parte	de	toda	a	equipe	de	parto,	das	manobras	para	resolução	
da	 distócia	 de	 ombros	 é	 imprescindível	 para	 um	 desfecho	 positivo.	 A	 adoção	
do	 mneumônico	 “A	 SAIDA”	 deve	 ser	 feita	 quando	 a	 paciente	 estiver	 em	 posição	
verticalizada,	enquanto,	para	o	“ALEERTA”,	em	posição	de	decúbito	dorsal.
•	 É	 fundamental	 que,	 em	 casos	 de	 prolapso	 de	 cordão	 umbilical,	 os	 profissionais	
envolvidos	estejam	preparados	para	organização	da	sala	cirúrgica	de	forma	rápida,	
de	5	a	10	minutos	até	a	realização	de	cesariana,	visto	que,	quanto	maior	a	demora,	
maior	será	o	risco	de	hipóxia	fetal	e	danos	neurológicos	para	o	bebê.
RESUMO DO TÓPICO 4
133
1	 A	parturiente	M.	S.,	G2P1,	com	idade	gestacional	de	38	semanas,	obesa	e	diagnosticada	
com	 diabetes	melito	 gestacional,	 no	 exame	 da	 curva	 glicêmica	 realizado	 com	 26	
semanas	de	gestação,	segue	o	controle	de	glicemia	com	uso	de	insulina,	conforme	
prescrição	médica.	 Internada	no	centro	obstétrico	em	trabalho	de	parto	ativo,	 logo	
apresenta	puxos;	ao	exame	de	toque,	é	constatada	dilatação	completa.	Durante	o	
período	expulsivo,	a	paciente	encontra-se	na	banqueta	de	parto,	observa-se	a	saída	
do	polo	cefálico	do	bebê,	porém	os	ombros	não	se	soltam,	sendo	observado	pelo	
profissional	 que	 assiste	 ao	 parto	 o	 “sinal	 de	 tartaruga”.	 Sobre	 a	 situação	 descrita,	
assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Trata-se	de	uma	emergência	obstétrica,	nomeada	de	rotura	uterina.	Nesse	caso,	
iniciam-se	as	manobras	seguindo	o	acrônimo	“ALEERTA”.
b)	 (			)	 Associados	os	fatores	de	risco	materno	e	os	sinais	observados	durante	o	período	
expulsivo,	trata-se	de	uma	distócia	de	ombros.	Nesse	caso,	diante	da	posição	em	
que	a	parturiente	se	encontra,	iniciam-se	as	manobras	seguindo	o	mneumônico	
“A	SAIDA”.
c)	 (			)	 Associados	os	fatores	de	risco	materno	e	os	sinais	observados	durante	o	período	
expulsivo,	trata-se	de	uma	distócia	de	ombros.	Nesse	caso,	diante	da	posição	
em	que	a	parturiente	se	encontra,	 iniciam-se	as	manobras	seguindo	o	acrônimo	
“ALEERTA”.
d)	 (			)	 Trata-se	de	uma	emergência	obstétrica,	nomeada	de	rotura	uterina.	A	conduta	é	
a	cesariana	imediata	entre	5	e	10	minutos	até	o	nascimento	do	bebê,	garantindo	
a	sobrevida	fetal.
2	 Considera-se	que	a	rotura	uterina	é	um	evento	extremamente	raro	de	hemorragia	
vaginal,	que	ocorre	durante	o	trabalho	de	parto	e	o	parto,	geralmente	em	mulheres	
com	 antecedentes	 de	 cirurgia	 uterina,	 caracterizada	 como	 um	 rompimento	 total	
ou	parcial	do	miométrio	(camada	do	útero),	juntando	a	cavidade	uterina	à	cavidade	
abdominal.	Com	base	nessa	emergência	obstétrica	de	parto,	analise	as	sentenças	a	
seguir:
I-	 Trata-se	da	rotura	completa	ou	incompleta	da	parede	uterina,	que	ocorre,	sobretudo,	
além	 da	 12ª	 semana	 gestacional	 e	 durante	 o	 trabalho	 de	 parto,	 precedida,	 em	
sua	maioria,	por	quadro	clínico	de	iminência	de	rotura	uterina,	o	que	facilita	a	sua	
prevenção.	
II-	 Os	fatores	de	risco	incluem:	multiparidade,	uso	de	uterotônicos	em	excesso,	trau-
matismo,	placenta	percreta,	versão	interna	e	grande	extração.AUTOATIVIDADE
134
III-	 Quando	há	rotura	uterina,	são	sinais	e	sintomas:	dor	súbita	em	região	hipogástrica,	
ausência	 de	 contração	 uterina,	 presença	 de	 hemorragia	 discreta	 ou	 profusa,	
estado	 de	 choque,	 dependendo	 da	 hemorragia;	 observa-se	 o	 útero	 em	 formato	
de	ampulheta,	na	palpação	abdominal,	e,	em	caso	de	ruptura	completa,	pode-se	
perceber	o	feto	na	cavidade	abdominal.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
3	 Uma	inversão	uterina	é	uma	emergência	de	parto	rara,	na	qual	o	corpo	uterino	vira	
pelo	avesso,	ou	seja,	inverte-se,	protraindo-se	através	do	colo	do	útero	até	o	interior	
da	vagina	 ou	 além	 da	 abertura	vaginal.	 Geralmente,	 está	 associada	 à	 hemorragia	
intensa;	por	isso,	as	condutas	devem	ser	realizadas,	após	o	diagnóstico,	de	maneira	
adequada	e	imediata.	De	acordo	com	essa	emergência	de	parto,	classifique	V	para	as	
sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	 A	inversão	uterina	pode	ocorrer	quando	há	muita	pressão	sobre	o	fundo	uterino	no	
parto	ou	quando	é	puxado	o	cordão	umbilical,	muitas	vezes,	com	muita	pressão,	
durante	a	dequitação	da	placenta	que	ainda	não	se	descolou.
(			)	 Os	fatores	de	risco	são:	bebê	PIG,	cordão	longo,	uso	prolongado	de	ocitocina	sintética	
ou	 sulfato	 de	magnésio,	 primiparidade,	 anomalias	 uterinas,	 remoção	manual	 da	
placenta	e	acretismo	placentário.
(			)	Para	 a	 resolução	 da	 inversão	 uterina,	 devem	 ser	 realizadas:	 a	manobra	 de	Taxe,	
que	é	a	reposição	correta	do	útero,	de	forma	manual,	com	a	mão	do	profissional;	a	
administração	de	uterolíticos;	ou	a	medida	terapêutica	cirúrgica.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 Uma	emergência	de	parto	que	deve	ter	uma	conduta	rápida	é	o	prolapso	de	cordão,	
caracterizado	pela	saída	do	cordão	à	frente	da	apresentação,	sendo	que	é	possível	
visualizar	o	cordão	dentro	do	colo	uterino	ou	na	vagina,	uma	vez	que	traz	grande	risco	
de	complicações	à	saúde	do	feto	e	contribui	para	aumento	da	taxa	de	mortalidade	
materna.	Disserte	sobre	a	conduta	que	deve	ser	tomada,	no	centro	obstétrico,	caso	
o	profissional	de	Enfermagem,	durante	uma	avaliação	de	toque	vaginal,	perceba	a	
presença	de	prolapso	de	cordão.
135
5	 Atualmente,	há	alguns	algoritmos,	propostos	por	diversos	autores,	para	a	 resolução	de	
distócia	de	ombros	com	manobras	específicas,	para	melhor	facilidade	e	organização	
da	equipe	nessa	emergência.	Considerando	os	benefícios	associados	aos	partos	em	
posição	vertical	e	a	necessidade	de	iniciar	a	conduta	das	manobras	menos	para	as	
mais	invasivas.	O	mnemônico	“A SAIDA”	tem	mostrado	sucesso	na	maioria	dos	casos	de	
distócia	de	ombros.	Nesse	contexto,	disserte	sobre	o	passo	a	passo	da	“A	SAIDA”	no	
momento do diagnóstico de uma distócia de ombros.
136
137
HEMORRAGIA PÓS-PARTO
UNIDADE 2 TÓPICO 5 — 
1 INTRODUÇÃO 
	 Neste	 tópico,	 abordaremos	 a	 hemorragia	 pós-parto	 (HPP),	 uma	 emergência	
obstétrica	 relacionada	com	altos	 índices	de	morte	materna.	Embora,	 segundo	dados	
fornecidos	pela	Organização	Pan-Americana	da	Saúde	(OPAS),	em	2018,	globalmente,	
a	morte	materna	por	causa	de	HPP	tenha	diminuído	44%	nos	últimos	25	anos,	o	Brasil	
não	cumpriu	a	meta	de	diminuição	de	óbitos	maternos	em	2015;	por	isso,	atualmente,	
é	 necessária	 a	 implementação	 de	 estratégias	 que	 previnam	 a	 HPP,	 assim	 como	
atualização/treinamento	constante	dos	profissionais	e	das	condutas	a	serem	tomadas	
em	casos	de	HPP,	diminuindo	cada	vez	mais	a	mortalidade	materna	por	HPP.
Diante	disso,	a	OPAS/Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS),	junto	ao	Ministério	
da	Saúde,	 criaram	uma	estratégia	 chamada	de	 “Zero	Morte	Materna	por	Hemorragia	
–	0MMxH”,	dedicada	à	prevenção	da	mortalidade	materna	por	hemorragia	pós-evento	
obstétrico.
Antes	de	adentrarmos	em	cada	tipo	de	HPP,	é	importante	definir,	conforme	a	
OPAS	(2018),	que	a	hemorragia	pós-parto	é	caracterizada	pela	perda	sanguínea	acima	
de	 500 mL,	 quando	parto	 normal	vaginal,	 ou	 acima	de	 1.000 mL,	 quando	 cesariana	
nas	 primeiras	 24	 horas.	 Já	 a	 hemorragia	 pós-parto	 maciça,	 que,	 nas	 primeiras	 24	
horas	do	pós-parto,	independentemente	se	vaginal	ou	cesariana,	é	caracterizada	pela	
perda	sanguínea	maior	que	2.000 mL	ou	quando	a	puérpera	necessita	de	transfusão	
de	1.200 mL	ou	mais	de	hemácias,	ou	quando	há	uma	queda	de	hemoglobina	ou	um	
distúrbio	de	coagulação.	Além	de	poder	ser	primária,	nessas	primeiras	24	horas	pós-
parto,	ou	secundária,	quando	passa	das	24	horas	pós-parto	até	6	semanas	depois.
Nesse	 sentido,	 existem	 os	 “4Ts”,	 que	 definem	 as	 principais	 causas	 de	 HPP:	
tônus,	 em	que	grande	parte	das	HPPs	está	 relacionada;	trauma,	 possivelmente	do	
canal	do	parto	por	alguma	laceração;	tecido,	podendo	ser	relacionado	a	um	pedaço	de	
placenta	que	fica	retido;	e	trombina,	que	remete	a	coagulopatias.
É	imprescindível	o	conhecimento	das	HPPs,	que	abrange:	atonia	uterina,	traumas	
e	retenção	placentária,	que	são	as	causas	mais	comuns	de	HPP	observadas	dentro	do	
centro	 obstétrico.	 Nesse	 processo,	 o	 enfermeiro	 tem	 papel	 fundamental,	 percebendo,	
desde	 o	 exame	 físico	 da	 puérpera,	 se	 há	 alguma	 alteração	 na	 fisiologia	 do	 puerpério	
normal	ou	não,	além	de	perceber	os	sinais	e	os	sintomas	específicos	de	cada	emergência	
de	HPP.	Atentar	para	a	“hora	de	ouro”,	para	controle	do	sangramento	puerperal,	evitando	
atrasos	e	desfechos	maternos	infelizes.
138
2 ATONIA UTERINA 
“A	atonia	uterina	é	a	principal	causa	de	HPP	e,	portanto,	deve	ser	tratada	de	forma	
agressiva,	mesmo	casos	que	inicialmente	pareçam	pouco	ameaçadores”	(OPAS,	2018,	p.	
45).	Almeida	e	Reis	(2021)	ainda	salientam	que	a	HPP	que	tem	mais	frequência	é	a	atonia	
uterina,	 responsável	 por	 90%	 das	 HPPs,	 estando	 associada	 à	 falta	 de	 tonicidade	 dos	
músculos	uterinos,	ocasionada	pela	exaustão	da	musculatura	uterina	no	trabalho	de	parto	
e	no	parto,	ou,	por	vezes,	pelo	uso	da	anestesia	geral.	 Infecções	genitais,	multiparidade,	
macrossomia	fetal	e	polidrâmnio	também	são	fatores	de	risco	para	atonia	uterina.
Algumas condutas devem ser evitadas para prevenir o risco de HPP, 
como o uso excessivo e rotineiro de ocitocina durante o trabalho de 
parto, a realização de episiotomias seletivas e a manobra de Kristeller 
(manobra de pressão no fundo uterino).
ATENÇÃO
Caro acadêmico, é importante lembrar que as medidas de 
prevenção de qualquer tipo de HPP devem ser realizadas de rotina, 
conforme as recomendações da OPAS/OMS. Algumas medidas 
são: administração do uso universal da ocitocina sintética após o 
parto (10  UI, intramuscular), clampeamento oportuno do cordão 
umbilical (após 1 minuto), tração controlada do cordão umbilical, 
vigilância/massagem uterina no pós-parto (massagem gentil 
durante 5 minutos nas primeiras 2 horas) e estímulo do contato 
pele a pele de mãe e filho.
ATENÇÃO
Para	uma	assistência	eficaz	e	correta	da	emergência	de	HPP,	especificamente	
por	 atonia	 uterina,	 basicamente,	 são	 necessárias	 algumas	 medidas	 para	 reverter	 a	
atonia	uterina,	primeiramente	a	massagem	uterina	abdominal,	e,	se	caso	esta	não	for	
efetiva,	deve	ser	realizada	a	massagem	uterina	bimanual,	conhecida	como	Manobra	de	
Hamilton,	segundo	a	OPAS	(2018),	como	mostra	a	Figura	15.
139
Figura 15 – Massagem uterina bimanual 
Fonte: OPAS (2018, p. 31)
A	 realização	 de	 um	 acesso	venoso	 calibroso	 para	 administração	 de	 líquidos,	
sangue	 e	medicações,	 se	 necessário,	 segundo	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020),	 deve	 ser	
realizada	em	todas	as	HPPs,	independentemente	do	seu	tipo.
Deve-se	 administrar	 ocitocina	 5  UI	 lenta,	 durante	 3	minutos,	 como	 dose	 de	
manutenção,	seguida	de	soro	fisiológico	(SF)	0,9%	de	500 mL	com	20-40 UI	de	ocitocina,	
dose	 conforme	 prescrição	 médica,	 em	 250  mL/h,	 assim	 comomostra	 a	 Figura	 16	
do	fluxograma	da	OPAS	(2018)	da	assistência	em	caso	de	atonia	uterina.	Se	acaso	a	
ocitocina	não	realizar	o	efeito	desejado	na	contratilidade	uterina,	a	metilergometrina	é	
indicada	e,	se	esta,	também	não	responder,	o	misoprostol	via	retal	é	indicado;	o	ácido	
tranexâmico,	se	disponível,	também	pode	ser	administrado	concomitantemente	com	o	
uterotônico,	para	obter	o	resultado	desejado.
Como	 últimos	 recursos	 para	 reversão	 da	 atonia	 uterina,	 caso	 a	 medicação	
falhar,	é	 indicada	a	 realização	do	balão	de	tamponamento	 intrauterino	ou	a	 laparotomia	
como	tratamento	cirúrgico.
140
Figura 16 – Assistência na atonia uterina 
Fonte: OPAS (2018, p. 46)
IMPORTANTE
Geralmente, na atonia uterina ou em outro tipo de HPP como 
traumas ou retenção de tecidos, o tratamento inicial é direcionado 
para estimulação uterina com massagem manual externa em 
fundo do útero, para o estímulo da contratilidade uterina e da 
expulsão de coágulos sanguíneos que podem se formar ou até 
algum fragmento de tecido retido. É importante evitar o choque 
hipovolêmico, sendo a reposição de volemia essencial, bem como 
os medicamentos conhecidos como ocitócicos. Não se deve 
esquecer de checar as reservas de hemoderivados, caso haja 
necessidade de estabilização hemorrágica.
A	avaliação	dos	sinais	vitais	materno	é	um	cuidado	essencial	e	básico	nessa	
emergência	obstétrica,	de	modo	que,	pelo	menos,	a	cada	15	minutos,	devem	ser	aferidos	
os	sinais	da	puérpera,	avaliando	junto	ao	quadro	neurológico	materno.
141
3 TRAUMAS
A	segunda	maior	cauda	de	HPP	são	os	traumas,	ou	seja,	lacerações	de	trajeto	
e	 hematomas	 do	 canal	 de	 parto,	 que	 podem	 ter	 relação	 com	 episiotomia	 no	 parto,	
instrumentação	utilizada	no	parto	(por	exemplo,	o	uso	de	fórceps),	sendo	a	multiparidade	
também	trazida	como	fator	de	risco,	conforme	Almeida	e	Reis	(2021).
“Sempre que se estiver diante de um sangramento, pense na possibilidade 
de lacerações ou hematomas no canal do parto” (OPAS, 2018, p. 46).
IMPORTANTE
A	 revisão	do	 canal	 de	parto	 é	 importante	 assim	que	ocorre	 a	 dequitação	da	
placenta,	 pois	 é	 possível	 perceber	 alguma	 laceração,	 hematoma	 e	 sangramento	
excessivo	 por	 causa	 traumática	 no	 trajeto	 de	 parto.	 OPAS	 (2018)	 ainda	 ressalta	 que	
suturas	e	drenagem	de	hematomas	devem	ser	realizados	quando	houver	necessidade.	
Pode,	 também,	ocorrer	 a	 rotura	ou	a	 inversão	uterina,	 conforme	discutido	anteriormente,	
classificadas	como	traumas	importantes.	A	Figura	17	apresenta	a	sequência	do	atendimento	
em	caso	de	HPP	por	traumas.
Figura 17 – Assistência em lesão do canal do parto
Fonte: OPAS (2018, p. 47) 
142
Quando	 observada	 a	 origem	 do	 sangramento,	 se	 for	 de	 origem	 traumática,	
deve-se,	primeiramente,	realizar	a	correção	do	trauma,	seja	ele	uma	sutura,	por	conta	
de	 laceração	 no	 períneo,	 ou	mais	 grave,	 como	 rotura	 uterina	 ou	 inversão	 uterina	 –	
emergências	de	parto	que	necessitam	de	condutas	específicas.
Sugerimos a leitura das Recomendações assistenciais para prevenção, 
diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica, da OPAS (2018), 
disponível em: http://twixar.me/J9Qm.
DICA
4 RETENÇÃO PLACENTÁRIA 
Classificada	como	hemorragia	pós-parto	secundária	ou	tardia,	conforme	Almeida	
e	Reis	(2021),	a	retenção	de	restos	placentários	impede	a	involução	uterina	no	período	
do	pós-parto.	Sabemos	que,	após	o	descolamento	completo	e	a	expulsão	da	placenta,	
a	contração	uterina	realiza	o	fechamento	dos	vasos	sanguíneos	uterinos,	onde	estava	
inserida	a	placenta.	Quando	a	placenta	não	se	descola	completamente	ou	não	é	expulsa,	o	
útero	não	consegue	realizar	a	contração	para	ocluir	os	vasos	sanguíneos,	ocorrendo	a	
hemorragia	em	virtude	da	retenção	placentária	ou	de	algum	tecido	fragmentado.
“Atualmente,	tem	sido	crescentes	os	casos	de	hemorragia	por	retenção	placentária,	
especialmente	 em	 função	 do	 aumento	 das	 cesarianas	 e,	 por	 conseguinte,	 dos	 casos	
de	acretismo	placentário”	(OPAS,	2018,	p.	47).	Zugaib	e	Francisco	(2020)	explicam	que,	
para	um	diagnóstico	preciso,	se	deve	observar	a	dequitação	espontânea	da	placenta	por	
completo	e,	após	a	sua	expulsão,	a	presença	inteira	dos	cotilédones.	Além	disso,	mulheres	
não	 tenham	 cirurgias	 uterinas	 prévias	 têm	 menores	 chances	 de	 retenção	 de	 restos	
placentários.	A	ultrassonografia	também	se	mostra	um	exame	auxiliar	para	o	diagnóstico.
De	acordo	com	a	OPAS	 (2018),	existem	situações	em	que	a	placenta	não	se	
desprende	do	útero	no	tempo	esperado,	necessitando	de	extração	manual	ou	curetagem.	
Quando	há	a	 retenção	de	 restos	placentários,	é	 indicada	a	 realização	de	curetagem,	
quando	estes	não	saem	com	a	massagem	externa	abdominal;	já	nos	casos	de	acretismo	
placentário,	 não	 é	 recomendado	 remover	 a	 placenta,	 devendo	 ser	 discutido	 entre	 a	
equipe	médica	e	a	paciente	as	opções	por	histerectomia	ou	conduta	conservadora.	A	
OPAS	(2018)	ainda	comenta	a	importância	de	um	atendimento	especializado,	durante	
o	parto,	para	gestantes	com	placenta	prévia	ou	acretismo	placentário,	pois	há	maior	
chance	de	HPP	por	retenção	placentária.
143
Acadêmico,	é	importante	resumirmos	e	salientarmos	que	o	tratamento	de	quais-
quer	HPPs	deve	seguir,	primeiramente,	a	sequência	de	atendimento	da	HPP,	conforme	
pode	ser	observado	na	Figura	18.
Figura 18 – Sequenciamento do atendimento de HPP
Fonte: OPAS (2018, p. 60)
144
Neste tópico, você aprendeu:
•	 A	hemorragia	pós-parto	(HPP)	tem	como	principais	causas	a	atonia	uterina,	a	laceração	
do	canal	 de	parto	 (traumas)	 e	 a	 retenção	placentária	 ou	de	 fragmentos,	 podendo	
causar morte materna se não realizada a conduta correta.
•	 A	observação	da	perda	sanguínea	por	via	vaginal	é	o	principal	sinal	de	alerta.	A	equipe	
deve	observar	a	origem	do	sangue	e	se	preparar	para	assistência,	de	acordo	com	a	
etiologia	da	HPP.	O	enfermeiro	deve	também	estar	atento	à	“hora	de	ouro”,	bem	como	
às	reservas	hematológicas,	se	necessárias	na	emergência.
•	 A	 utilização	 de	 ocitocina	 sintética	 (10  UI,	 intramuscular)	 no	 pós-parto	 imediato	
é	 obrigatória	 em	 todas	 as	 instituições	 e	 assistências	 pós-parto,	 promovendo	 a	
contratilidade	 uterina	 e	 prevenindo,	 assim,	 hemorragias.	 Quando	 diagnosticada	
a	HPP,	 algumas	medidas	devem	ser	 tomadas,	 como	massagem	uterina	bimanual,	
administração	de	ocitócicos,	reposição	de	volemia,	além	da	revisão	do	canal	de	parto	
ou	da	presença	de	restos	placentários.
•	 A	avaliação	do	tônus	uterino	e	altura	do	fundo	uterino	e	a	observação	do	volume	de	
perdas	 sanguíneas	 são	 competências	 do	 enfermeiro	 durante	 o	 período	puerperal	 e	
quando	há	suspeita	de	HPP.\
RESUMO DO TÓPICO 5
145
1 Com base nas Recomendações assistenciais para prevenção, diagnóstico e tratamento 
da hemorragia obstétrica,	 da	 OPAS	 (2018),	 a	 estratégia	 0MMxH	 foi	 criada	 para	
prevenção	 da	mortalidade	materna	 por	 hemorragia	 pós-evento	 obstétrico	 e	 para	
fortalecer	 as	 capacidades	 dos	 profissionais	 da	 área	 da	 saúde	 em	 habilidades	
para	 controle	 das	 emergências	 obstétricas	 hemorrágicas,	 visto	 que	 profissionais	
capacitados,	treinados	e	atualizados	atingem	os	objetivos,	eliminando	as	barreiras	de	
acesso	a	qualidade	da	assistência	durante	a	HPP.	Sobre	os	conhecimentos	e	técnicas	
de	HPP,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
Fonte: OPAS – ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Recomendações assistenciais para pre-
venção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica. Brasília: OPAS, 2018. Disponível em: 
http://twixar.me/y9Qm. Acesso em: 8 set. 2022.
a)	 (			)	 Define-se	hemorragia	pós-parto	quando	há	a	perda	sanguínea	acima	de	500	mL	
após	cesariana	ou	acima	de	1.000 mL	após	parto	normal	nas	primeiras	24 horas.
b)	 (			)	 Uma	das	definições	da	hemorragia	pós-parto	maciça	é	o	sangramento,	após	24	
horas	do	parto	vaginal,	superior	a	2.000 mL.
c)	 (			)	 A	 classificação	de	hemorragia	 pós-parto	 primária	 é,	 basicamente,	 aquela	 que	
ocorre	nas	primeiras	24	horas	após	o	parto.
d)	 (			)	 Entreas	 causas	 específicas	 da	 hemorragia	 pós-parto	 primária,	 estão:	 atonia	
uterina,	 trauma	 no	 canal	 do	 parto,	 infecção	 puerperal	 e	 doença	 trofoblástica	
gestacional.
2	 As	condutas	ativa	e	de	prevenção	de	HPP,	após	o	parto,	no	período	de	dequitação	da	
placenta,	são	intervenções	dirigidas	para	facilitar	a	saída	da	placenta	pelo	aumento	
da	contratilidade	uterina	e	para	evitar	a	hemorragia	pós-parto	por	uma	atonia	uterina.	
Com	base	nas	medidas	de	prevenção	da	HPP	que	devem	ser	incorporadas	na	rotina	
de	todos	os	profissionais	do	parto,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 O	uso	universal	da	ocitocina	após	o	parto	é	recomendado,	sendo	administrada	10 UI,	
via	intramuscular,	em	todos	os	partos,	logo	após	o	nascimento.
II-	 O	clampeamento	oportuno	do	cordão	umbilical	também	é	uma	medida	de	prevenção	
da	HPP,	sendo	recomendado	o	clampeamento	nos	primeiros	30	segundos	após	o	
nascimento do bebê.
III-	 A	tração	controlada	do	cordão	umbilical,	 realizando,	em	conjunto	com	manobras	
específicas	para	estabilização	uterina,	é	uma	medida	que	pode	ajudar	para	evitar	
HPP,	 sendo	 que	 qualquer	 profissional	 pode	 realizar	 essa	 medida,	 não	 sendo	
necessário	o	conhecimento	prévio.
AUTOATIVIDADE
146
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	II	está	correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	I	está	correta.
3	 Alguns	autores	consideram	placenta	retida	quando	o	terceiro	período	não	se	completou	
decorridos	 30	 minutos	 do	 parto	 fetal.	 Já	 a	 retenção	 de	 cotilédones	 pode	 ocorrer	
no	momento	 da	 extração	manual	 da	 placenta,	 quando	há	 zonas	 de	 acretização,	 e,	
nesse	caso,	os	fragmentos	placentários	impedem	a	oclusão	dos	vasos	uterinos	e	sua	
involução,	ocasionando,	assim,	uma	HPP	por	tecido.	De	acordo	com	a	HPP	por	retenção	
placentária,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Os	casos	de	cesarianas	e	de	acretismo	placentário	são	fatores	que	aumentam	o	
risco	de	uma	HPP	por	retenção	placentária.
(			)	Quando	 a	 placenta	 não	 se	 desprende	 do	 útero	 no	 tempo	 adequado,	 pode	 ser	
necessária	a	extração	manual	da	placenta.
(			)	Quando	 há	 restos	 de	 tecidos	 placentários,	 pedaços	 de	 cotilédones,	 que	 ficaram	
retidos	no	útero,	a	abordagem	adequada	seria	a	realização	de	curetagem.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	V	–	F.
b) ( ) V – V – V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	V.
d)	 (			)	 V	–	F	–	V.
4	 A	existência	do	mnemônico	“4Ts”	mostra	as	quatro	principais	causas	de	hemorragia	
pós-parto,	uma	vez	que	há	a	possibilidade	de	existir	mais	do	que	um	fator	causador	da	
HPP.	A	“hora	de	ouro”	foi	adotada	para	evitar	atrasos	no	diagnóstico	da	HPP,	bem	como	
as	condutas	que	devem	ser	tomadas	imediatamente	para	controle	de	sangramento,	
diante	da	origem	dele.	Descreva	quais	são	os	“4Ts”	e	as	causas	específicas	de	HPP.
5	 Segundo	a	OPAS	 (2018,	 p.	 9),	 “O	diagnóstico	precoce	e	 a	 execução	das	ações	de	
controle	do	sangramento,	de	forma	sequenciada,	consciente,	correta	e	sem	perda	de	
tempo,	devem	ser	objetivos	da	abordagem	de	um	quadro	de	HPP”.	Nesse	contexto,	
o	enfermeiro	pode	identificar	os	fatores	de	risco	para	HPP?	Quais	são	as	ações	que	
devem	ser	realizadas	para	conter	a	HPP?
Fonte: OPAS – ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Recomendações assistenciais para 
prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica. Brasília: OPAS, 2018. Disponível 
em:http://twixar.me/y9Qm. Acesso em: 8 set. 2022.
147
CESARIANA
UNIDADE 2 TÓPICO 6 — 
1 INTRODUÇÃO 
Neste	tópico,	abordaremos	a	cesariana,	que	é	uma	das	cirurgias	mais	antigas	da	
história	da	medicina	e	que,	atualmente,	é	o	procedimento	cirúrgico	mais	realizado	nas	
mulheres	no	mundo	todo,	cujas	técnicas	se	aperfeiçoaram	e	a	assistência	com	o	uso	
de	tecnologias	também	se	modernizou,	além	de	novas	condutas	terem	sido	acionadas.	
Entretanto,	infelizmente,	o	que	se	tem	visto	é	o	aumento	nas	taxas	de	cesarianas	
no	mundo	todo,	com	vários	estudos	mostrando	que	 isso	aumenta	significativamente	as	
taxas	de	morbidade	materna	e	perinatal,	quando	sem	indicação.	Contudo,	mesmo	assim,	
ainda	são	realizadas	cesarianas	sem	indicações	baseadas	em	evidências	científicas.
Em	2015,	 a	OMS,	 em	sua	declaração	 sobre	 as	 taxas	de	cesarianas,	 comenta	
que,	desde	1985,	a	taxa	ideal	de	cesariana	é	considerada	entre	10%	e	15%,	porém,	em	
muitos	países,	não	é	isso	que	acontece.	No	Brasil,	por	exemplo,	vive-se	uma	epidemia	
de	cesarianas,	chegando	a	56%	nos	serviços	públicos	e	85%	nos	privados,	conforme	
dados	do	Ministério	da	Saúde.	Por	isso,	a	OMS	traz	recomendações	para	a	diminuição	de	
cesarianas	e	salienta	que	a	cesárea	é	uma	intervenção	efetiva	para	salvar	a	vida	da	mãe	
e	do	bebê,	quando	indicada	por	motivo	médico,	não	devendo	passar	de	10%,	devido	às	
complicações	significativas	que	esse	procedimento	pode	trazer.
Dessa	 forma,	 é	 importante	 a	 atuação	 do	 enfermeiro	 nesse	 meio,	 para	 que	
sejam	estimuladas	a	conversa	e	a	troca	de	informações	entre	profissional	e	gestante/
casal	sobre	as	indicações	de	cesarianas	e	suas	complicações.	Quando	bem	indicada,	a	
cesariana	deve	ser	feita	por	uma	equipe	médica	capacitada	para	tal,	junto	à	equipe	de	
Enfermagem,	para	garantir	uma	assistência	de	qualidade	e	segurança	durante	a	cirurgia.
Nesse	sentido,	estudaremos	as	indicações	de	cesariana,	detalhando	as	técnicas	
utilizadas	para	essa	operação,	bem	como	os	tipos	de	anestesia,	as	complicações	e,	por	
fim,	a	atuação	da	assistência	do	enfermeiro	na	cesariana,	especificando	os	cuidados,	a	
montagem	da	sala	cirúrgica	e	dos	instrumentos	da	caixa	de	cesárea.
148
2 INDICAÇÕES PARA CESARIANA
Diante	do	aumento	de	taxas	de	cesariana	no	Brasil,	as	indicações	dessa	cirurgia	
devem	 se	 manter	 em	 uma	 lista	 atualizada,	 baseada	 em	 evidência	 científica	 e	 com	
indicações	clínicas	reais.	Segundo	Zugaib	e	Francisco	(2020),	há	algumas	explicações	
para	o	aumento	de	cesarianas,	sendo	alguns	fatores	responsáveis	por	esse	aumento:	
a	 postergação	 da	 maternidade,	 ou	 seja,	 mulheres	 com	 idade	 materna	 avançada;	 o	
uso	 da	monitoração	 eletrônica	 intraparto	 contínua,	 que	 aumenta	 a	 probabilidade	 de	
uma	cesariana;	os	fetos	pélvicos;	as	 induções	de	parto;	o	uso	da	medicina	defensiva	
também	se	torna	 responsável	por	esse	aumento	significativo	de	cesarianas;	as	cesárias	
agendadas	por	prevenção	do	assoalho	pélvico,	ou	seja,	a	desinformação	e	o	despreparo	
das	mulheres	para	o	parto	normal	levam	a	esse	pensamento;	e,	por	fim,	a	cesariana	por	
pedido	materno.
Nas	 revisões	da	 literatura	 em	busca	das	melhores	 evidências	disponíveis	 sobre	
indicações	de	cesariana,	Amorim,	Souza	e	Porto	(2010a;	2010b)	analisaram	as	principais	
indicações	de	cesariana,	na	tentativa	de	reduzir	a	incidência	de	cesarianas,	oferecendo	
recomendações	 baseadas	 em	 evidências	 para	 indicações	 de	 cesarianas	 eletivas	 e	
intraparto	ou	de	urgência,	expondo	como	indicações,	associadas	com	as	“Diretrizes	de	
Atenção	à	Gestante:	a	operação	cesariana”,	do	Ministério	da	Saúde	(BRASIL,	2016):	
• Reais: 
◦	 Descolamento	prematuro	da	placenta.
◦	 Prolapso	de	cordão.	
◦	 Placenta	prévia.
◦	 Ruptura	de	vasa	prévia.	
◦	 Apresentação	córmica	(podendo	ser	tentada	a	versão	cefálica	externa	antes).
◦	 Herpes	genital	com	lesão	ativa	no	dia	do	parto.
•	 Reais,	que	podem	acontecer,	porém	devem	ser	diagnosticadas	corretamente:
◦	 Desproporção	cefalopélvica	(DCP)	(diagnosticado	intraparto).
◦	 Sofrimento	fetal	agudo	(frequência	cardíaca	fetal	não	tranquilizadora).
◦	 Parada	de	progressão	do	parto	(quando	não	se	resolve	com	outras	estratégias).
•	 Situações	com	condutas	individualizadas:	
◦	 Apresentação	pélvica	(recomendada	versão	cefálica	externa	antes).	
◦	 Duas	ou	mais	cesáreas	anteriores	(discutir	sobre	VBAC).
◦	 Vírus	da	imunodeficiência	humana	(HIV)	(dependendo	de	fatores	como	carga	viral).	
149
Recomendamos a leitura da Portaria nº 306, de 28 de março de 
2016, elaborada pelo Ministérioda Saúde (BRASIL, 2016), em parceria 
com diversas instituições, como Conselho Federal de Medicina (CFM), 
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia 
(Febrasgo), Associação Médica Brasileira (AMB) e Associação Brasileira 
de Enfermeiros Obstetras e Obstetrizes (Abenfo), na qual são apro-
vadas as “Diretrizes de Atenção à Gestante: a operação cesariana”: 
http://twixar.me/S9Qm.
DICA
Acadêmico, você sabia que há muitas falsas indicações de 
cesarianas e que, por isso, o índice de cesarianas é tão alto no 
Brasil? Algumas situações/desculpas/condições são utilizadas 
pelos profissionais para indicar uma cesariana sem necessidade, 
como bacia muito estreita, baixa estatura materna, bebê 
alto, bebê pequeno, bebê grande, circular de cordão, falta de 
dilatação fora do trabalho de parto, placenta velha, entre outras 
indicações sem base nenhuma em evidências científicas.
ATENÇÃO
Sugerimos a leitura do texto Indicações reais e fictícias de cesariana, da 
médica obstetra, PhD, pesquisadora e cientista, Melania Amorim, em 
colaboração com a obstetriz Ana Cristina Duarte: http://twixar.me/X9Qm.
DICA
3 OPERAÇÃO CIRÚRGICA 
A	cesariana	se	dá	por	meio	da	retirada	do	feto	por	uma	incisão	cirúrgica	abdominal,	
conforme	Zugaib	e	Francisco	(2020),	tendo,	portanto,	como	conceito,	uma	laparotomia	
com uma incisão uterina.
Já	a	sua	classificação	foi	proposta	por	Robson,	em	1996,	segundo	Graça	(2017),	
ao	esclarecer,	a	partir	de	dez	grupos	exclusivos	(Figura	19),	a	avaliação	clínica	da	grávida,	
em	trabalho	de	parto	ou	não,	a	fim	de	podermos	compreender	as	diferentes	taxas	de	
cesarianas	e	em	quais	situações	foram	realizadas	a	cirurgia.	Essa	classificação	usa	cinco	
parâmetros:	história	obstétrica,	início	do	trabalho	de	parto,	posição	do	feto,	número	de	
fetos	e	idade	gestacional.
150
É	importante	frisar	que	o	uso	da	classificação	de	Robson	é	recomendado	pela	
OMS,	pois	permite	 a	 comparação/análise	das	 taxas	de	cesáreas	entre	esses	grupos,	
podendo,	assim,	monitorar	as	taxas	de	cesarianas	nas	instituições	hospitalares.
Figura 19 – Classificação de Robson
Fonte: OMS (2015, p. 6)
151
Para	escolher	a	melhor	técnica	para	a	operação	cirúrgica	utilizada	na	cesariana,	
segundo	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020),	 devem	 sempre	 ser	 considerados	 a	 segurança	
materna	e	os	custos	envolvidos	no	procedimento,	além	do	tempo,	da	perda	de	sangue	
e	dos	riscos	de	infecção	da	ferida	operatória.
As	medidas	pré-operatórias,	citadas	por	Zugaib	e	Francisco	(2020)	como	essenciais,	
são:	 manter	 o	 bem-estar	 materno	 e	 fetal	 até	 no	 nascimento;	 manter	 o	 equilíbrio	
hemodinâmico	da	gestante	antes	mesmo	do	início	da	operação;	manter	o	jejum	materno,	
quando	 cesarianas	 eletivas;	 avaliação	 pré-anestésica;	 e	 rotinas	 como	 a	 sondagem	
vesical	e	degermação	da	pele	na	região	abdominal.	
A	profilaxia	de	infecções	deve	ser	realizada	para	diminuir	riscos	de	morbidade	
infecciosa	materna	 e,	 por	 isso,	 a	 associação	 da	 antissepsia	 e	 da	 antibioticoproflaxia	
deve	ser	adotada	rotineiramente.	“Em	ambiente	cirúrgico,	após	a	antissepsia	e	a	fixação	
dos	campos,	a	grávida	é	colocada	em	posição	de	Trendelenburg	moderada,	inclinando-
se	o	seu	tronco	e	as	pernas	de	35°	a	45°,	o	que	deve	ser	 rigorosamente	observado”	
(REZENDE,	2014,	p.	974).
Quanto	à	incisão	abdominal,	deve	ser	escolhida	conforme	a	situação	materno-
fetal,	priorizando	a	minimização	da	morbidade	materna,	o	efeito	estético	e	a	facilidade	de	
acesso	cirúrgico,	podendo	ser	feita	incisão	vertical	ou	transversal	(dividida	em	alguns	
tipos	de	incisão).
Zugaib	e	Francisco	(2020)	e	Graça	(2017)	explicam	cada	uma	delas:	
•	 Incisão	vertical:	um	corte	 longitudinal,	 realizado	de	forma	 rápida,	conhecido	como	
a	 antiga	 e	 clássica	 cesariana,	 realizada	 raramente	 nos	 dias	 atuais,	 pois,	 quando	
comparada	com	a	cesariana	transversal,	duplica	a	chance	de	transfusão	sanguínea	
e	a	alta	probabilidade	de	acontecer	uma	disfunção	da	 zona	cicatricial	na	próxima	
gravidez.	Geralmente,	é	 indicada	quando	há	a	necessidade	de	rapidez	na	extração	
fetal,	como	em	caso	de	anestesia	geral	ou	mulheres	com	distúrbios	de	coagulação	
e	também	em	casos	como	o	acretismo	placentário,	que	necessita	de	uma	incisão	na	
região	corporal	alta.
•	 Incisão	 transversal:	 há	 alguns	 tipos	 de	 incisão	 transversal,	 sendo	 a	 incisão	 de	
Pfannenstiel	a	mais	utilizada	atualmente,	por	trazer	maior	conforto	para	a	mulher,	
sobretudo	na	respiração,	além	de	diminuir	o	risco	de	hérnias	e	aderências.	As	únicas	
desvantagens	 são:	 a	 parestesia	 prolongada	 dos	 nervos	 sensitivos	 superficiais	
e	 a	 predisposição	 a	 hematomas	 subaponeuróticos.	 Nessa	 técnica,	 a	 incisão	 é	
suprapúbica,	 levemente	 arciforme	 com	 concavidade	 superior	 e	 extensão	 de	 10	 a	
12 cm.	Após	a	extração	do	feto	e	da	placenta,	é	realizada	a	sutura,	a	histerorrafia,	com	
pontos	separados	ou	contínuos,	e	a	pele,	preferencialmente,	é	fechada	com	sutura	
contínua	intradérmica.
152
3.1 ANESTESIAS INDICADAS
Para	cesariana,	a	anestesia	geral	só	é	indicada	em	situações	de	contraindicação	
das	outras	técnicas	de	anestesias.	A	anestesia	mais	usada	é	a	técnica	regional	raquidiana	
ou,	 também,	 a	 peridural.	 Segundo	 Zugaib	 e	 Francisco	 (2020),	 a	 escolha	 da	 técnica	
depende	das	condições	clínicas	e	do	tempo	estimado.
•	 Raquidiana:	conhecida	como	punção	lombar,	a	agulha	chega	no	espaço	onde	circula	
o	 líquido	 cefalorraquidiano.	 Essa	 técnica	 envolve	 menor	 volume	 de	 anestésico,	
maior	 segurança	materna,	 quando	 associada	 à	 questão	 de	 toxicidade	 anestésica	
local	 e	melhor	 condição	operatória	 para	 o	médico.	Nesta	 técnica,	 há	um	bloqueio	
lombossagrado	 e	 torácico.	 É	 importante	 a	 descompressão	 da	 veia	 cava	 inferior,	
realizada	com	o	desvio	do	útero	para	a	esquerda,	de	forma	manual,	de	preferência	
até	o	início	da	incisão,	pois	melhora	o	retorno	venoso	materno	(Figura	20).
•	 Peridural:	 é	 administrado	 anestésico	 local	 no	 espaço	 epidural.	 Indicada	 quando	
existe	um	tempo	cirúrgico	prolongado,	quando	não	há	a	contraindicação	de	bloqueio	
simpático.	O	bloqueio	é	sensitivo	e	a	duração	é	ilimitada,	visto	que	pode	ser	realizada	
em	doses	intermitentes.	Entretanto,	tem	maior	risco	de	toxicidade	materna	(Figura	20).
•	 Geral:	como	visto	anteriormente,	a	anestesia	geral	deve	sempre	ser	evitada,	sendo	
realizada	em	casos	em	que	a	grávida	recusa	a	técnica	regional	ou	que	tenha	alguma	
contraindicação	 para	 a	 técnica	 regional,	 ou	 outras	 situações	 que	 necessitam	 de	
antecipação	rápida	do	parto,	como	em	casos	de	hemorragia	grave,	pois	o	início	dessa	
anestesia	é	mais	rápido	do	que	as	outras.
Acadêmico, saiba que, antes de qualquer técnica para anestesia 
de cesariana, a gestante deve estar com sinais vitais monitorados, 
recebendo expansão volêmica, além de estar informada e consciente 
do procedimento que será realizado.
IMPORTANTE
Figura 20 – Anestesias regionais
Fonte: http://twixar.me/t9Qm. Acesso em: 5 jan. 2023.
153
4 COMPLICAÇÕES
Há	riscos	maternos	da	cesariana,	que	devem	ser	explicados	à	gestante	antes	
da	sua	realização.	Como	a	cesariana	é	uma	intervenção	cirúrgica	abdominal,	“implica	
sempre	uma	taxa	de	morbidade	materna	significativamente	maior	do	que	a	observada	no	
parto	vaginal”	(GRAÇA,	2017,	p.	577),	havendo	riscos	hemorrágicos,	riscos	de	mortalidade	
materna,	risco	de	atonia	uterina,	rotura	uterina	e,	também,	de	lesão	do	trato	urinário.
Atualmente,	 as	principais	 complicações	 são	percebidas	no	período	 intraope-
ratório	e	puerperal	e	nas	gestações	sequenciais,	sendo	que	Zugaib	e	Francisco	(2020)	
salientam	como	principais	complicações:	
•	 Acretismo	placentário:	mais	 incidente	quando	gestante	com	cesarianas	anteriores,	
sendo	 que	 as	 possíveis	 complicações	 durante	 a	 cesariana,	 quando	 descoberto	 o	
acretismo	placentário,	são:	hemorragia	intensa,	coagulação	intravascular	dissemina-
da,	necessidade	de	histerectomia,	lesão	de	bexiga,	síndrome	de	angústia	respiratória	
no	adulto,	tromboflebite	pélvica,	morte	materna,entre	outras.
•	 Placenta	prévia:	mais	incidente	quando	gestante	com	cesarianas	anteriores.
•	 Lesões	urológicas:	podem	acontecer	em	cirurgias	ginecológicas	e	nas	cesarianas,	
visto	a	localização	próxima	da	bexiga	e	ureteres.
•	 Rotura	uterina:	é	a	complicação	mais	temida	nas	parturientes	que	tenham	cesarianas	
anteriores.
•	 Dor	pélvica:	pacientes	submetidas	a	cesarianas	apresentam	maior	probabilidade	de	
dor	pélvica	crônica.
• Mortalidade materna e morbidade materna.
•	 Transfusão	sanguínea.
• Deiscência da cicatriz uterina.
•	 Infecção	da	ferida	operatória.
•	 Tromboembolismo:	uma	das	complicações	pós-operatórias	mais	graves,	quando	a	
cesariana	é	realizada	durante	o	trabalho	de	parto.
•	 Endometrite	puerperal.
A	OMS	(2015,	p.	1)	conclui	que	“A	cesárea	pode	causar	complicações	significativas	
e,	às	vezes,	permanentes,	assim	como	sequelas	ou	mortes,	especialmente	em	locais	
sem	 infraestrutura	e/ou	capacidade	de	 realizar	cirurgias	de	forma	segura	e	de	tratar	
complicações	pós-operatórias	[...]”.	
154
Recomendamos a leitura do documento Declaração da OMS sobre taxas 
de cesáreas, emitido pela OMS (2015), no qual a organização frisa 
que as cesáreas são efetivas para salvar vidas de mães e crianças, 
quando bem indicadas e feitas em ambiente seguro, e fala, ainda, 
dos riscos e a necessidade da adoção de uma classificação universal 
para medição da taxa de cesárea, como a classificação de Robson. 
Acesse: http://twixar.me/89Qm.
DICA
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CESARIANA 
A	assistência	prestada	pelo	Enfermeiro,	sendo	generalista	ou	especialista,	na	
cesariana	 abrange	 desde	medidas	 como	 preparação	 física	 da	 grávida	 para	 a	 cirurgia,	
considerando,	também,	quatro	importantes	aspectos	(NENÉ;	MARQUES;	BATISTA,	2016):	
•	 Consentimento	 livre	 e	 informado,	 com	 documento	 assinado	 e	 consentido	 pela	
mulher,	quando	ela	estiver	fora	de	situações	de	stress	e	medo.
•	 Garantir	que	a	cesariana	é	realizada	por	uma	indicação	clínica	baseada	em	evidência	
científica.
•	 Oferecer	apoio	emocional	para	mulher	diante	da	indicação	da	cirurgia.
•	 Aceitação	 dos	 próprios	 sentimentos	 como	 profissional,	 devido	 à	 desilusão	 de	
incapacidade	profissional	pelo	não	desfecho	de	parto	vaginal.
O	enfermeiro,	em	conjunto	com	o	médico	anestesista,	tem	a	responsabilidade	
de	informar,	orientar	e	tirar	as	dúvidas	da	gestante	do	tipo	de	anestesia	a	ser	utilizado	
para	 a	 cesariana.	Nesse	 sentido,	 uma	das	 competências	 técnicas	do	enfermeiro	 é	 a	
preparação	 do	 material	 da	 anestesia,	 bem	 como	 a	 colaboração	 durante	 a	 técnica	
anestésica	 dentro	 da	 sala	 cirúrgica	 do	 centro	 obstétrico.	 Nené,	 Marques	 e	 Batista	
(2016)	salientam	a	importância	do	trabalho	em	equipe	para	o	sucesso	na	anestesia	na	
cesariana.
O olhar integral para a grávida, é um ponto importante da assistência da 
Enfermagem, fornecendo uma visão holística para suprir as necessidades 
da grávida/casal. O casal geralmente está tenso, quando encaminhado 
para uma cesariana, é necessário acalmar o casal e transmitir segurança.
IMPORTANTE
155
Seguindo	o	Enhanced	Recovery	After	Surgery	(ERAS),	que	é	um	protocolo	de	
cuidados	 pré-operatórios	 em	 várias	 especialidades	 médicas,	 alguns	 cuidados	 pré-
operatórios	 devem	 ser	 estabelecidos,	 sendo	 parte	 da	 competência	 da	 Enfermagem	
garantir	a	realização	dessa	etapa	antes	da	cesariana.	As	diretrizes	do	ERAS	baseiam-
se	nas	evidências	da	mais	alta	qualidade	disponíveis,	 sendo	algumas	que	seguem	o	
guideline	para	cuidados	pré	e	perioperatórios	em	cesariana,	conforme	Caughey	et al. 
(2018):	
•	 Educação	à	paciente:	 informar	sobre	o	procedimento,	as	 indicações,	os	 riscos	e	a	
recuperação.
•	 Administração	dos	medicamentos	anestésicos:	conforme	prescrição	médica.
•	 Preparo	intestinal:	não	está	mais	recomendado,	antes	da	realização	da	cesariana,	devido	
ao	alto	desconforto	materno.
•	 Jejum:	estudos	atuais	mostram	que	não	há	aumento	de	complicações	devido	ao	jejum	
curto	e,	por	isso,	encoraja-se	que	as	gestantes	ingiram	líquidos	claros,	com	um	tempo	
mínimo	de	2	horas	antes	da	cesariana,	e	realizem	refeições	leves	até	6	horas	antes.
•	 Antibióticoterapia	 profilática:	 administrada	 30	 a	 60  minutos	 antes	 de	 cesariana,	
conforme	prescrição	médica.
•	 Preparo	da	pele:	utilizar	solução	de	clorexidina	alcoólica	na	região	da	cirurgia.
•	 Monitoração	 dos	 sinais	 vitais:	 em	monitor	 de	 sinais	 vitais,	 bem	 como	 controle	 da	
temperatura.
•	 Manejo	de	fluidos:	manter	a	reposição	de	volemia,	conforme	prescrição	médica.
Acerca	das	estratégias	de	vinculação	mãe/bebê	e	da	promoção	do	aleitamento	
materno,	o	enfermeiro	deve	permitir	que	a	mãe	tenha	contato	com	a	criança	logo	após	
o	nascimento,	se	a	criança	e	a	mãe	estiverem	em	boas	condições	clínicas,	devendo	ser	
estimulado	o	contato	pele	a	pele,	de	maneira	a	não	contaminar	o	campo	cirúrgico.
Uma	das	assistências	importantes	da	Enfermagem	é	na	sala	de	recuperação	pós-
anestésica	(SRPA),	em	que	a	puérpera	deve	ser	vigiada	e	monitorada	constantemente	
pela	 equipe	 de	 Enfermagem,	 garantindo	 uma	 recuperação	 com	 riscos	 maternos	
mínimos.	Mesmo	 sendo	 um	período	 complexo	 e	 no	 qual	 pode	 ocorrer	 complicações	
clínicas,	é	papel	do	enfermeiro	garantir	qualidade	na	assistência.
A	realização	da	Sistematização	da	Assistência	de	Enfermagem	(SAE)	faz	parte	
do	conjunto	da	assistência	de	qualidade	da	Enfermagem.
A SAE será abordada, de forma mais detalhada, na Unidade 3.
ESTUDOS FUTUROS
156
Considerando	 o	 período	 de	 permanência	 do	 paciente	 em	 SRPA	
como	 crítico,	 pois	 podem	 ocorrer	 complicações	 consequentes	 à	
ação	depressora	das	drogas	anestésicas	sobre	o	sistema	nervoso	e	
ao	próprio	ato	cirúrgico,	é	imprescindível	que	o	enfermeiro	sistematize	
o	 registro	das	 informações,	 oferecendo	à	 equipe	de	Enfermagem	
condições	para	atuar	com	o	cliente	de	maneira	efetiva,	planejada	e	
segura	(FISHER;	BORGES,	2019,	p.	67).	
Fisher	e	Borges	 (2019)	ainda	comentam	sobre	a	necessidade	de	criação	de	um	
instrumento,	para	que	os	profissionais	tenham	facilidade	de	anotar	e	gerir	um	plano	de	ação	
de	cuidados	de	Enfermagem	para	a	parturiente	em	sala	de	recuperação	pós-anestésica:
O	 instrumento	reserva	uma	parte	para	o	momento	de	recepção	da	
puérpera	no	CC,	bem	como	para	o	momento	intra	operatório.	Dentre	as	
anotações	pertinentes	estão:	horário	de	entrada	na	SO,	tipo	de	infusão,	
sinais	vitais,	tipo	de	anestesia,	horário	do	término	da	cesariana,	e	se	
houve	 alguma	 intercorrência.	 Especificamente	 para	 o	 período	 de	
recuperação	 anestésica,	 o	 instrumento	 contém:	 horário	 de	 recepção	
na	 SRPA,	 horário	 da	 alta,	 exame	 físico	 do	 paciente	 (considerando	
controle	dos	sinais	vitais,	avaliando	necessidades	neurológicas,	cardior-
respiratória,	 gastrointestinais,	 renais	 e	 tegumentares),	 infusões,	
eliminações,	escala	de	Aldrete	e	Kroulik,	controle	da	dor,	medicações	
administradas,	 diagnóstico,	 prescrição,	 intervenção	 e	 evolução	 de	
Enfermagem	[...].	Por	fim,	destina-se	um	espaço	no	instrumento	para	
que	os	profissionais	de	Enfermagem	que	assumirão	a	puérpera	na	
unidade	de	internação	possam	manter	os	registros	da	paciente.	Nes-
te	local	destinam-	se:	sinais	vitais,	administração	de	medicamentos,	
orientações,	diagnóstico,	prescrição,	intervenção	e	evolução	de	En-
fermagem	(FISHER;	BORGES,	2019,	p.	68).
O	conhecimento	teórico-científico	deve	ser	base	para	as	estratégias	de	cuidados	
de	Enfermagem	para	a	gestante/parturiente/puérpera	que	realizou	uma	cesariana,	pois	a	
prática	de	técnicas	corretas,	a	gestão	da	equipe	na	sala	cirúrgica,	os	cuidados	e	a	vigília	
no	pós-operatório	são	competências	básicas	e	essenciais	para	o	manejo	adequado	de	
uma	cesariana,	em	contexto	da	equipe	de	Enfermagem.
A	seguir,	abordaremos	a	montagem	da	sala	para	cesariana	e	os	materiais	neces-
sários	para	a	realização	dessa	cirurgia,	que	é	mais	uma	responsabilidade	do	enfermeiro	na	
cesariana.
5.1 MONTAGEM DE SALA
A	montagem	da	sala	cirúrgica	para	a	cesariana,	dentro	do	centroobstétrico,	deve	
seguir	as	normas	protocolares	da	instituição,	os	famosos	procedimentos	operacionais	
padrões	(POPs),	específicos	para	a	cirurgia	cesariana.	Nesse	sentido,	utilizaremos,	como	
base,	 o	POP	da	maternidade-escola	da	Universidade	Federal	do	Rio	de	Janeiro	 (UFRJ),	
Preparo da Sala Cirúrgica para Cesariana com área de Aplicação: Centro Obstétrico,	
revisado	em	2020,	para	a	execução	por	parte	das	equipes	de	Enfermagem	(BERNARDES;	
SILVA,	2020).
157
Dessa	forma,	a	montagem	da	sala	tem	como	objetivos:	um	ambiente	organizado,	
com	disponibilidade	de	materiais	 cirúrgicos	necessários	para	 a	 cesariana,	 e	 também	
materiais	adjacentes	necessários	para	o	desenvolver	da	cirurgia.
Logo,	faz-se	necessária	a	disponibilidade	de	uma	mesa	principal	com	os	 ins-
trumentos	cirúrgicos,	assim	como	uma	mesa	auxiliar	grande	para	outros	materiais	estéreis,	
além	da	mesa	auxiliar	pequena	para	o	anestesista	e	outra	mesa	auxiliar	pequena	para	
casos	de	realização	de	procedimentos	como	a	sondagem	vesical	e	o	preparo	de	medica-
mentos.	A	mesa	cirúrgica	deve	ficar	no	centro	da	sala,	para	melhor	fluxo	dos	profissionais	em	
casos	de	emergências	cirúrgicas	durante	a	cesariana.
Alguns	cuidados	e	atividades	devem	ser	desenvolvidos	na	montagem	da	sala,	
segundo	o	POP	da	UFRJ	(BERNARDES;	SILVA,	2020)	são:	
•	 Realizar	a	higienização	das	mãos,	entrar	na	sala	com	máscara	e	touca	cirúrgica.
•	 Verificar	limpeza	da	sala	antes	da	montagem.
•	 Testar	o	funcionamento	dos	aparelhos:	aspirador,	eletrocautério,	foco	e	monitores.
•	 Reunir	os	materiais	necessários	para	a	cesariana.
•	 Observar	prazo	de	validade	do	material.
•	 Organizar	materiais	nas	mesas	(atenção	para	não	os	contaminar):	na	montagem	da	
mesa,	 uma	pessoa	 abre	 os	materiais	 e	 a	 outra	 organiza	 os	materiais	 na	mesa	de	
forma	estéril.
•	 Organizar	o	saco	plástico	de	coleta	da	placenta,	e	identificar	com	o	nome	da	paciente.
•	 Identificar	o	tubo	de	coleta	do	sangue	do	cordão	com	nome	da	paciente.
•	 Identificar	a	pulseira	da	mãe-bebê.
•	 Registrar,	no	sistema,	a	cesariana,	bem	como	livros,	boletins	ou	checklist	cirúrgica.
•	 Checar	todos	os	instrumentos	antes	e	após	o	término	da	cirurgia.
5.1.2 Materiais
Sobre	os	materiais	necessários	para	a	montagem	da	mesa	cirúrgica,	seguindo	o	
POP	da	UFRJ	(BERNARDES;	SILVA,	2020):
•	 bandeja	de	cesárea	com	instrumentais;
•	 lâmina	para	o	bisturi;
• caneta do eletrocautério; 
•	 luva	estéril	para	os	participantes	da	cirurgia;
•	 capote	estéril	para	os	participantes	da	cirurgia;
•	 cuba	rim	e	pinça	de	antissepsia;
• bacia estéril;
•	 campos	cirúrgicos	descartáveis	para:	cobertura	da	paciente,	cobertura	das	mesas	e	
para	o	recém-nascido;
•	 compressas	cirúrgicas	(que	devem	ser	contadas	no	início	e	no	final	da	cesariana);
• gaze estéril;
158
•	 clorexidina	alcoólica	0,5%;
•	 seringa	20 mL;
• agulha 40×12;
•	 fios	de	sutura	necessários;
•	 bandeja	peridural	para	anestesia	com	compressas,	gaze,	seringas,	agulhas	e	álcool	
70%;
•	 luvas	 de	 procedimento,	 máscaras	 cirúrgicas,	 saco	 plástico,	 tubos	 de	 ensaio	 para	
coleta	de	sangue	e	pulseiras	de	identificação.
Acadêmico, assista ao seguinte vídeo, que mostra a montagem da mesa 
de instrumentação cirúrgica (cesárea): https://youtu.be/94H09PM6pR4.
DICA
Os	materiais	da	mesa	principal	e	da	mesa	auxiliar	devem	ser	organizados	conforme	
a	sequência	lógica	de	uso	de	cada	material,	obtendo,	assim,	mais	praticidade	no	manuseio	
do	instrumentador	durante	a	cesariana	(Figuras	21	e	22).
Figura 21 – Instrumentos na mesa principal
Fonte: Zugaib (2020, p. 445)
Figura 22 – Instrumentos na mesa auxiliar
Fonte: Zugaib (2020, p. 445)
https://youtu.be/94H09PM6pR4
159
Geralmente,	os	materiais	devem	ser	divididos	em:	instrumentos	de	diérese,	que	
é	a	etapa	de	incisão	(por	exemplo,	os	instrumentos	como	bisturi	e	tesouras	ficam	em	um	
lado	 juntos);	os	 instrumentos	que	servem	para	hemostasia	ficam	separados	também	
(as	pinças	para	conter	sangramentos);	já	os	afastadores,	as	pinças	de	pressão	e	outras	
ficam	separados	em	um	lado	auxiliar	da	mesa;	e,	por	fim,	os	porta-agulhas,	que	serão	
utilizados	na	finalização	da	cesariana.
Assim,	a	caixa	de	cesariana	deve	conter:	
•	 afastador	Farabeuf	médio	e	afastador	Farabeuf	grande;
• cabo de bisturi;
•	 cúpula	média;
•	 seis	pinças	Allis	16 cm;
•	 uma	pinça	anatômica	16 cm	e	18 cm;
•	 cinco	pinças	Backhaus;
•	 uma	pinça	Cheron	25 cm;
•	 uma	pinça	dente	de	rato	16 cm	e	18 cm;
•	 seis	pinças	Kelly	curva	16 cm	e	quatro	pinças	Kelly	retas	18 cm;
•	 duas	pinças	Kocher	retas	16	cm	e	duas	pinças	Kocher	curvas	16 cm;
•	 um	porta	agulha	Mayo-Hegar	16 cm	e	18 cm;
•	 uma	supra	púbica;
•	 uma	tesoura	Mayo-Hegar	curva	17 cm	e	uma	tesoura	Mayo-Hegar	reta	17 cm;
•	 uma	tesoura	Metzembaum	curva	18 cm;
•	 uma	válvula	Doyen	médio.
Acadêmico,	é	 importante	saber	desde	os	 instrumentos	da	caixa	da	cesárea	até	a	
montagem	completa	da	sala	cirúrgica	para	cesariana,	visto	que	é	de	responsabilidade	do	
enfermeiro	a	realização,	também,	de	instrumentação	cirúrgica,	se	necessário,	durante	
a cesariana.
É importante que a sala cirúrgica do centro obstétrico esteja sempre 
organizada, revisada e montada para uma cesariana de emergência. 
Os materiais devem estar dispostos para facilitar a organização, 
quando se faz necessária a agilidade de abertura deles.
ATENÇÃO
160
LEITURA
COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMORRAGIA PÓS-PARTO
Solana	Nunes	Vieira	
Brenda Alice Andrade Vidigal
Antônio	Sávio	Inácio
Andréa	de	Souza	do	Norte
Milaine	Nunes	Gomes	Vasconcelos
INTRODUÇÃO
Caracteriza-se	um	quadro	de	hemorragia	pós-parto	(HPP)	quando	se	apresenta	
perda	sanguínea	em	valores	superiores	a	500	mL	nas	24	horas	 iniciais	após	o	parto.	
Alerta-se,	 no	 entanto,	 que	 as	 perdas	 acima	 de	 1.000	mL	 são	mais	 inquietantes	 por	
resultarem,	 na	maioria	 das	 vezes,	 em	 alterações	 fisiopatológicas	 que	 podem	 levar	 à	
instabilidade	hemodinâmica.	
Podem-se	classificar	as	HPPs	como	 imediata	e	tardia.	Associa-se	a	primeira,	
geralmente,	à	atonia	uterina,	que	ocorre	após	o	processo	de	dequitação	nas	primeiras	
horas	do	pós-parto,	e	a	segunda,	entre	24	horas	e	6	semanas	depois	do	nascimento	do	
bebê,	tendo,	como	principais	causas,	produtos	provenientes	da	concepção	dos	quais	sua	
retirada	completa	não	foi	efetiva	e/ou	infecções.	Associam-se,	também,	outros	fatores,	
como	a	ruptura	uterina,	o	traumatismo	do	trato	genital	(lacerações	vaginais	e	cervicais)	
ou	os	distúrbios	de	coagulação	materna.	
Afirma-se,	 por	 alguns	 autores,	 que,	 durante	 o	 parto	vaginal,	 diversos	 fatores	
podem	estar	associados	à	HPP	e,	entre	eles,	estão	o	terceiro	período	de	parto	prolongado,	o	
impedimento	da	descida	da	apresentação	fetal,	a	episiotomia,	a	macrossomia,	o	uso	de	
fórceps	e	de	vácuo	extrator,	a	indução	e	a	condução	do	trabalho	de	parto,	a	hemorragia	
pós-parto	prévia	e	a	nuliparidade.	
Visa-se,	 pela	 quinta	 meta	 dos	 Objetivos	 de	 Desenvolvimento	 do	 Milênio,	 da	
Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS),	à	redução	de	¾	da	mortalidade	materna	no	período	
de	1990-2015	e,	para	que	esse	objetivo	seja	alcançado,	é	necessário	que	ocorra	a	redução	
da	mortalidade	materna	 por	 HPP.	 Reafirma-se,	 diante	 disso,	 pela	 OMS,	 que,	 para	 que	
essa	meta	seja	atingida,	será	necessário	que	todos	estejam	preparados,	qualificados	e	
com	um	aprimoramento	cuidadoso	voltado	à	saúde	das	mulheres	por	meio	de	políticas	e	
programas	estratégicos	que	garantam	intervenções	eficazes	para	a	redução	da	HPP.	
161
Sabe-se	que,	no	Brasil,	a	HPP	é	a	segunda	causa	de	mortalidade	materna,	ficando	
atrás	das	doenças	hipertensivas.	 Informa-se	que,	em	um	estudo	 realizado	em	Santa	
Catarina,	os	resultados	de	mortalidade	materna	por	HPP	apresentaram	taxas	de	30,3%.	
Identificou-se,	em	levantamento	de	dados	do	Sistema	de	Informação	de	Mortalidade	e	
Nascidos	Vivos,	do	Ministério	da	Saúde	do	Brasil,	que	as	HPP	correspondem	a	40,8%	das	
hemorragias obstétricas. 
Entende-se,	 a	 partir	 da	 constatação	 do	 alto	 índice	 de	 morbimortalidade	
materna	associado	à	HPP,que	é	 imprescindível	conhecer	quais	as	principais	condutas	
de	 Enfermagem	 utilizadas	 para	 o	 controle	 dessa	 complicação	 obstétrica.	 Deve-se	 o	
enfermeiro,	como	 responsável	pela	assistência	à	mulher,	 ser	dotado	de	conhecimento	
técnico	e	científico	acerca	das	complicações	obstétricas	e,	assim,	oferecer	à	puérpera	
intervenções	de	Enfermagem	eficazes	para	o	restabelecimento	do	bem-estar	e	do	controle	
da	hemorragia	pós-parto.	Acredita-se	que	a	pesquisa	contribuirá	para	a	discussão	que	
norteará	as	condutas	a	serem	seguidas	nas	HPP	e,	também,	permitirá	conhecer	quais	as	
principais	ações	sistematizadas	são	utilizadas	pelos	enfermeiros	envolvidos	na	assistência.
MÉTODO
Trata-se	 de	 quantitativo,	 descritivo	 e	 exploratório.	 Elegeu-se,	 como	 local	 de	
estudo,	uma	maternidade	na	cidade	de	Manaus	(AM),	Brasil,	que	é	centro	de	referência	
obstétrica	ambulatorial	e	hospitalar	para	gestantes	de	alto	risco.	
Compôs-se	a	população	da	pesquisa	por	enfermeiros	plantonistas	dos	setores	de	
assistência	às	puérperas	(Centro	de	Parto	Normal	Intra-hospitalar	–	CPNIH;	Pré-Parto,	
Parto	e	Pós-parto	–	PPP;	Centro	Cirúrgico	Obstétrico	–	CCO	–	e	Alojamento	Conjunto	–	
ALCON).	Elencaram-se	os	seguintes	critérios	de	inclusão:	ser	enfermeiro	da	maternidade	
e	 atuar	 nos	 setores	 de	 assistência	 à	 puérpera.	 Excluíram-se	 os	 enfermeiros	 que	 se	
encontram	de	férias	ou	em	licença	e,	dos	40	enfermeiros,	foram	excluídos	sete,	que	se	
recusaram	a	participar	da	pesquisa,	sendo	a	amostra	composta	por	33	participantes.	
Coletaram-se	os	dados	por	meio	da	aplicação	de	questionário	do	tipo	fechado	
desenvolvido	pelas	pesquisadoras.	Referem-se	as	perguntas	às	características	demo-
gráficas,	 às	 características	 da	 formação	 profissional,	 aos	 aspectos	 profissionais	 e	 de	
titulação,	às	medidas	preventivas	e	de	controle	de	HPP,	às	capacitações,	dificuldades	e	
necessidades	no	atendimento	à	HPP.	Realizou-se	a	coleta	na	própria	unidade	durante	
o	plantão	dos	enfermeiros.	Obtiveram-se	os	dados	 tabulados	por	meio	do	Programa	
Microsoft	Excel	2016,	analisados	estatisticamente	por	meio	das	frequências	absolutas	e	
relativas	e	apresentados	por	meio	de	tabelas.	
162
RESULTADOS
Mostra-se	que,	dos	33	enfermeiros	participantes,	17	(51,52%)	eram	da	faixa	etária	
de	31	a	40	anos,	seguidos	de	oito	(24,24%)	de	faixa	etária	menor	ou	igual	a	30	anos	e	oito	
(24,24%)	com	faixa	etária	de	41	a	60	anos.	Informa-se	que	houve	uma	prevalência	do	
gênero	feminino,	com	31	(93,94%)	participantes,	e	15	(45,45%)	declararam-se	casados,	
14	(42,42%),	solteiros	e	quatro	(12,12%)	divorciados.	
Acrescenta-se,	no	que	se	refere	à	formação	acadêmica	dos	indivíduos	da	pesquisa,	
que	os	dados	mostraram	que	19	(57,58%)	enfermeiros	apresentavam	tempo	de	formação	
menor	ou	igual	a	5	anos,	seguidos	por	dez	(30,30%),	com	6	a	10	anos	e	quatro	(12,12%)	
com	mais	de	 11	anos	de	formados,	mostrando	que	87,88%	dos	profissionais	possuíam	
menos	de	10	anos	de	formação.	Constatou-se,	quanto	ao	tempo	de	serviço	no	setor,	
que	31	(93,93%)	enfermeiros	possuíam	até	5	anos	de	serviço	na	instituição	hospitalar	e	
dois	(6,06%)	não	informaram	o	tempo	de	serviço.	
Verificou-se,	 em	 relação	 às	 titulações	 dos	 profissionais	 de	 Enfermagem,	 que	
a	 grande	 maioria	 possuía	 pós-graduação	 lato sensu,	 sendo	 a	 área	 de	 destaque	 a	
Ginecologia	e/ou	a	Obstetrícia	e	nenhum	participante	possuía	pós-graduação	stricto 
sensu. 
Averiguou-se,	 quanto	 ao	 conhecimento	 dos	 profissionais	 sobre	 as	 causas,	
o	 controle	 e	 a	prevenção	da	HPP,	que	28	 (84,85%)	enfermeiros	 conheciam	quais	 as	
causas,	 23	 (69,70%)	 referiram	 ter	 conhecimento	 sobre	 as	medidas	 preventivas	 e	 24	
(72,73%)	conheciam	as	de	controle,	porém,	20	(60,61%)	enfermeiros	responderam	que	
nunca	atenderam	algum	caso	de	HPP.	Apurou-se,	ainda,	que	18	(54,55%)	profissionais	
afirmaram	saber	o	que	seria	uma	ação	sistematizada	de	prevenção	de	HPP,	contudo,	18	
(54,55%)	afirmaram	que	não	há,	na	instituição,	uma	ação	sistematizada	de	prevenção,	
embora	15	(45,45%)	afirmam	haver	e,	dentre	os	entrevistados,	28	(84,84%)	afirmaram	
conhecer	as	principais	causas,	medidas	de	prevenção	e	de	controle	de	HPP.	
Levantaram-se,	 por	 este	 estudo,	 informações	 sobre	 as	 capacitações,	 as	
dificuldades	 e	 as	 necessidades	 de	melhorias	 nos	 atendimentos	 dos	 enfermeiros	 na	
sistematização	 do	 atendimento	 da	 HPP.	 Constatou-se,	 diante	 disso,	 que	 28	 (84,85%)	
enfermeiros	não	possuíam	nenhuma	capacitação	em	prevenção	e	controle	de	HPP	e,	
do	total	de	entrevistados,	27	(81,82%)	não	relataram	dificuldade	para	aplicar	as	ações	
de	prevenção	e	controle	de	HPP,	porém,	21	(63,64%)	citaram	que	há	a	necessidade	de	
melhoria	no	atendimento	aos	casos	de	HPP.	Destaca-se,	entre	os	participantes,	que	
cinco	(15,15%)	referiram	ter	feito	capacitação	e	atuavam	nos	setores	de	PPP	e	CPNIH.	
Acrescenta-se,	 em	 relação	 às	 principais	 dificuldades	 encontradas	 pelos	
enfermeiros	na	assistência	durante	a	prevenção	e	o	controle	da	HPP,	que	seis	(18,18%)	
enfermeiros	 responderam	 e,	 destes,	 quatro	 (66,66%)	 informaram	 quanto	 à	 falta	 de	
materiais	 adequados,	 quatro	 (66,66%)	 relataram	 a	 falta	 de	 profissionais	 capacitados	
para	desenvolver	as	atividades,	três	(50%)	citaram	o	número	insuficiente	de	profissionais	
163
trabalhando	na	unidade	e	a	falta	de	tempo	foi	 informada	por	um	(16,66%)	profissional	
como	 uma	 das	 principais	 dificuldades.	 Deve-se	 enfatizar,	 todavia,	 que	 27	 (81,82%)	
entrevistados	não	informaram	dificuldades	na	prevenção	e	no	controle	da	HPP.	
Infere-se,	sobre	a	necessidade	de	melhoria	no	atendimento	aos	casos	de	HPP,	
que	20	(60,60%)	entrevistados	citaram	que	há	necessidades	de	melhoria	e	dentre	essas	
melhorias	 estão:	 a	 atualização	 nas	medidas	 de	 controle	 de	 HPP	 (14	 =	 70%);	 acesso	
dos	medicamentos	uterotócicos	 (10	=	50%)	e	a	organização	ou	a	obtenção	do	kit	de	
emergência	da	HPP	(10	=	50%).
DISCUSSÃO
Demonstrou-se,	por	este	estudo,	que	os	enfermeiros	atuantes	na	assistência	ao	
parto	eram	predominantemente	jovens	no	serviço	e	do	sexo	feminino.	Afirmou-se,	pela	
maioria,	ter	conhecimento	sobre	as	causas,	as	medidas	de	prevenção	e	controle,	embora	
parte	dos	entrevistados	nunca	tivesse	assistido	pacientes	em	tal	estado.	Detalha-se	que,	
dos	entrevistados,	30	possuíam	titulação	de	especialista	em	Enfermagem	obstétrica,	fator	
importante	por	se	tratar	de	um	serviço	em	maternidade.	Evidenciou-se,	assim,	que	os	
profissionais	deveriam	possuir	o	conhecimento	das	principais	causas	de	HPP,	sendo	este	
um	ponto	determinante	para	uma	assistência	rápida,	eficiente	e	resolutiva	diminuindo-se,	
assim,	possíveis	complicações	do	agravo	que	leva	muitas	mulheres	ao	óbito.	
Constatou-se,	 ainda,	 que	 grande	 parte	 dos	 profissionais	 possuía	 menos	 de	
cinco	 anos	 dentro	 do	 serviço	 e,	 embora	 quase	 a	 totalidade	 dos	 entrevistados	 fosse	
especialista	nas	áreas	de	Ginecologia/Obstetrícia,	mais	da	metade	afirmou	nunca	ter	
tido	contato	com	pacientes	em	quadro	de	HPP,	fator	determinante	para	a	qualidade	
do	serviço.	Entende-se	que	a	prática	clínica	é	a	principal	responsável	pelo	acúmulo	de	
conhecimentos	e	habilidades	e	tal	qualificação	não	necessariamente	vem	com	o	tempo	
de	serviço	em	um	determinado	setor,	nem	com	a	idade	e,	sim,	com	a	experiência	clínica	
com	determinadas	situações.	
Faz-se	 necessária	 a	 qualificação	 dos	 profissionais	 para	 a	 prestação	 da	
assistência	 por	 se	 tratar	 de	 um	 público	 altamente	 específico.	 Comprovou-se,	 nesse	
sentido,	que	os	entrevistados	estavam	dentro	do	que	seria	preconizado	para	a	realização	
de	suas	atividades,	pois,	quanto	mais	qualificado	e	preparado	está	o	profissional,	maior	
será	a	chance	de	êxito	na	realização	de	suas	atividades,	e	o	aprimoramento	de	suas	
habilidades	é	essencial	para	a	execução	de	seu	papel	junto	ao	paciente.	Acredita-se	que	
o	conhecimento	é	a	base	para	uma	assistência	de	qualidade,	e	o	estudo	demonstrou	
que	 os	 profissionais	 possuíam	 o	 conhecimento	 teórico,	 embora	 nãopossuam	 uma	
vivência	maior	na	prática.	
Identificou-se,	por	meio	desta	pesquisa,	que	as	causas	de	HPP	mais	conhecidas	
pelos	profissionais	entrevistados	eram:	atonia,	 laceração,	dificuldade	de	coagulação	e	
trabalho	de	parto	prolongado.	Corroboram-se	estudos	que	apresentaram	tais	problemas	
como	as	principais	causas	e	os	estudos	também	evidenciaram	as	anemias,	a	indução	
164
do	 trabalho	 de	 parto,	 a	 retenção	 placentária	 e	 a	 episiotomia	 como	 possíveis	 riscos	
relacionados	com	a	HPP,	apesar	de	não	terem	sido	 reconhecidos	pelos	profissionais.	
Devem-se	conhecer	todas	as	causas	possíveis,	pelos	profissionais	que	trabalham	com	
parto	e	puerpério,	inclusive	a	associação	dos	seus	fatores	de	risco.	Devem-se,	entretanto,	
esses	fatores	ser	diagnosticados	e	 registrados	ainda	no	acompanhamento	pré-natal,	
podendo	ser	classificados	como	pré-natais	e	intraparto.	Acrescenta-se	que	fatores	de	
risco	como	a	cesárea	anterior,	o	polidrâmnio,	a	gestação	gemelar,	a	macrossomia	e	a	
pré-eclâmpsia	não	foram	apontados	pelos	participantes	como	causas	de	HPP.	
Pode-se	prevenir	a	HPP	por	medidas	importantes	que	diminuem	a	mortalidade	
materna	e,	para	isso,	a	assistência	do	enfermeiro	obstetra	é	fundamental	e	baseia-se	
na	avaliação	clínica	da	puérpera	considerando-se	os	seguintes	aspectos:	estado	geral;	
sinais	vitais;	presença	do	globo	de	segurança	de	Pinard,	que	representa	a	contratilidade	
uterina	e	a	hemóstase	do	sítio	de	inserção	placentária	e	sangramento	vaginal/lóquios.	
Verificou-se,	 porém,	 que	 somente	 a	 administração	 de	 ocitocina	 foi	 devidamente	
reconhecida	como	medida	preventiva	pela	maior	parte	dos	profissionais.	
Referiu-se	 o	 conhecimento	 das	 medidas	 preventivas	 da	 HPP,	 pela	 maioria	
dos	profissionais,	 como	ações	utilizadas	 logo	 após	 o	 parto	para	 evitar	 a	 hemorragia.	
Recomenda-se,	pelas	Diretrizes	do	Ministério	da	Saúde	(MS),	que	a	avaliação	materna	
seja	feita	imediatamente	após	o	parto	como	a	revisão	sistemática	da	placenta	e	anexos,	a	
aferição	dos	sinais	vitais	a	cada	15	minutos	na	primeira	hora	pós-parto	e	a	verificação	da	
contratilidade	uterina	por	meio	da	palpação	abdominal	para	a	certificação	da	presença	
do	globo	de	segurança	de	Pinard.	Salienta-se,	conforme	citado	anteriormente,	que	as	
medidas	preventivas	descritas	 neste	 estudo	 foram	a	 administração	de	 ocitocina	 e	 a	
massagem	uterina,	o	que	evidenciou	uma	necessidade	de	esclarecimento	entre	medidas	
preventivas	e	medidas	de	controle,	pois	os	cuidados	básicos	de	monitoramento	vital	e	o	
exame	clínico	obstétrico	não	foram	citados	quando	se	refere	às	medidas	de	prevenção.	
Admite-se	que	a	falta	do	conhecimento	sobre	as	medidas	preventivas	da	HPP	pelos	
enfermeiros	da	unidade	e	a	ausência	da	avaliação	clínica	podem	repercutir	diretamente	
na	qualidade	do	 serviço	prestado,	 fato	que	pede	uma	 reflexão	 sobre	a	qualidade	do	
acompanhamento	dessas	mulheres	em	sua	“hora	dourada”	e	como	a	prevenção	da	HPP	
está	sendo	trabalhada	pela	equipe.	
Tornam-se	 de	 suma	 importância	 a	 vigilância	 constante	 das	 puérperas	 e	 os	
registros	das	avaliações	clínicas	para	a	detecção	precoce	de	alterações	que	possam	levar	à	
hemorragia	para,	assim,	assegurar	o	restabelecimento	do	equilíbrio	para	uma	evolução	
sadia	do	puerpério.	Demonstra-se,	em	pesquisas,	que	os	óbitos	por	HPP	ocorrem	nas	
primeiras	24	horas	e	são	causados	pela	dificuldade	em	identificar	o	problema,	além	de	
uma	infraestrutura	inadequada	na	assistência.	
Inicia-se,	 após	 a	 identificação	 precoce	 de	 sinais	 de	 HPP,	 a	 fase	 de	 controle	
onde	 a	 maioria	 dos	 enfermeiros	 referiu	 ter	 conhecimento	 de	 práticas	 adequadas	
corroborando	as	recomendações	da	Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS),	que	cita	a	
administração	de	ocitocina	intravenosa	(recomendação	forte	e	evidência	de	qualidade	
165
moderada),	a	massagem	uterina	(recomendação	forte	e	evidência	de	qualidade	baixa)	e	
o	uso	de	cristaloides	isotônicos	para	a	reanimação	hídrica	intravenosa	(recomendação	
forte	 e	 evidência	 de	 qualidade	 baixa)	 como	 principais	 condutas	 para	 o	 tratamento	
inicial	 da	 HPP.	 Aponta-se,	 no	 entanto,	 por	 estudos	 realizados,	 que	 a	 ocitocina	 tem	
indicação	mais	efetiva	para	a	utilização	de	forma	profilática,	ainda	sem	comprovação	
científica	para	o	uso	como	tratamento	e,	com	relação	ao	misoprostol,	estudos	apontam	
a	ineficiência	de	sua	utilização	em	conjunto	com	a	ocitocina.	No	entanto,	acrescenta-se	
que	outras	formas	de	tratamento,	como	a	compressão	bimanual,	a	hidratação	venosa	
e	 a	 transfusão	 sanguínea,	 foram	 pouco	 identificadas	 pelos	 profissionais,	 apesar	 de	
estudos	atuais	considerarem	maior	efetividade	para	o	tratamento.	Podem-se	minimizar	
as	complicações,	 inclusive,	prevenir	o	obtido	materno,	pelo	 reconhecimento	precoce	
desses sinais. 
Descreveu-se,	 apesar	 dos	 profissionais	 afirmarem	 possuir	 um	 conhecimento	
acerca	 da	 temática,	 que	 a	 falta	 de	 capacitação	 profissional	 é	 uma	 dificuldade	 que	
influencia	na	assistência	à	HPP.	Adquire-se	tal	capacitação	com	a	oferta	e	a	realização	
de	 curso	 de	 atualização	 baseado	 em	 evidência	 científica	 que,	 em	 conjunto	 com	 as	
políticas	 de	 saúde,	 proporciona	um	atendimento	 sistematizado.	Torna-se	 a	 ausência	
de	 capacitação	 preocupante,	 pois	 irá	 remeter	 a	 um	 atendimento	 deficiente	 para	
a	 emergência	 obstétrica	 e	 o	 diagnóstico	 feito	 de	 forma	 tardia	 e	 culmina	 em	 uma	
inabilidade	 para	 o	 tratamento	 e	 cuidados	 necessários.	 Entende-se,	 assim,	 que	 é	 de	
responsabilidade	da	maternidade	o	estímulo	à	atualização	constante.	
Reconheceu-se,	 neste	 estudo,	 pela	 maioria	 dos	 enfermeiros	 obstetras,	 a	
necessidade	de	melhorias	no	que	 se	 refere	 ao	 atendimento	 à	HPP	 seja	 em	nível	 de	
atualizações,	 seja	 por	meio	 de	 acesso	 de	medicações,	 refletindo	 na	 organização	 do	
serviço.	Mostra-se	que	o	setor	mais	destacado	pelo	interesse	em	melhorias	foi	o	CPNI,	e	
os	que	menos	referiram	necessidade	de	melhorias	foram	o	CCO	e	o	ALCON.	Indica-se,	
porém,	que	o	setor	ALCON	apresentou	profissionais	com	pouco	conhecimento	sobre	as	
causas,	as	medidas	preventivas	e	de	controle	para	as	HPP,	merecendo	reflexão,	pois	é	um	
setor	que	recebe	a	mulher	em	seu	pós-parto,	período	este	que	exige,	dos	profissionais	
deste	setor,	o	conhecimento,	a	habilidade	e	a	prontidão	aos	sinais	de	hemorragias.	
Limitou-se	 esta	 pesquisa	 pela	 resistência	 dos	 enfermeiros	 em	 responder	 o	
instrumento	de	pesquisa	devido	a	medos	internos	de	cunho	profissional	por	instabilidade	
empregatícia,	porém,	a	amostra	foi	satisfatória	para	a	realização	do	estudo.
CONCLUSÃO
Observou-se	 que,	 embora	 alguns	 profissionais	 apresentassem	 um	 certo	
conhecimento	sobre	a	HPP,	prevaleceu	uma	deficiência	quanto	ao	conhecimento	das	
causas	e	dos	fatores	de	risco,	como	medidas	preventivas	e	de	controle	para	o	agravo,	
refletindo	em	falhas	no	acompanhamento	das	puérperas,	 principalmente	nas	primeiras,	
dificultando	 a	 identificação	 de	 complicações	 e	 o	 restabelecimento	 do	 bem-estar	 da	
166
puérpera.	Ressalta-se	que	é	neste	momento	em	que	ocorre	mais	chances	para	a	HPP	e	
essa	realidade	merece	discussão	devido	à	formação	e	à	titulação	encontradas,	onde	a	
maioria	possuía	certificado	de	especialista	na	área	de	Ginecologia/Obstetrícia.	
Detalha-se	 que	 a	 dificuldade	 referida	 por	 alguns	 profissionais,	 em	 aplicar	 as	
ações	de	prevenção	e	controle	da	HPP,	foi	representada	pela	falta	de	material	no	serviço	
e	falta	de	profissional	capacitado	para	esse	tipo	de	ocorrência.	Passa	esse	dado	a	ser	
relevante	mesmo	sem	representatividade,	em	termos	estatísticos,	quando	mostra	que	
há	profissionais	especialistas	atuando,	porém,	sem	capacidade	técnica	adequada,	sem	
capacitações	 e/ou	 atualizações	 para	 o	 atendimento	 dessa	 complicação.	 Necessita-
se,	por	 isso,	que	o	enfermeiro	obstetra	esteja	em	constante	processo	de	atualização	
e	 capacitações,	 adquirindo	 novos	 conhecimentos	 relacionados	 à	 assistência	 de	
Enfermagem,	 principalmente	 emsituações	 que	 contribuem	 para	 as	 altas	 taxas	 de	
mortalidade	materna.	Torna-se	necessário	que	as	instituições	ofertem	condições	para	
que	 seus	 profissionais	 possam	 se	 atualizar	 visando	 à	melhoria	 da	 qualificação	 e	 da	
assistência	no	atendimento	à	prevenção	e	controle	da	HPP.	
Conclui-se,	diante	desses	resultados,	que	há	a	necessidade	de	estabelecer	as	
seguintes	propostas	para	a	melhoria	da	assistência	de	Enfermagem	na	HPP:	 realizar	
capacitação	para	os	enfermeiros	com	o	propósito	de	atualizar	os	conhecimentos	acerca	
de	 assistência	 da	 HPP	 e	 estabelecer	 um	 protocolo	 a	 ser	 instituído	 e	 seguido	 pelos	
enfermeiros	durante	a	assistência	à	puérpera	em	HPP.
Fonte: VIEIRA, S. N. et al. Avaliação da assistência de Enfermagem na hemorragia pós-parto. Revista de 
Enfermagem, v. 12, n. 12, p. 3247-3253, 2018. Disponível em: http://twixar.me/Q9Qm. Acesso em: 8 set. 2022.
167
Neste tópico, você aprendeu:
•	 A	cesárea	é	cirurgia	efetiva,	criada	para	salvar	a	vida	do	binômio	mãe-bebê,	porém	
deve	ser	realizada	apenas	quando	indicada	por	reais	motivos	médicos.
•	 Atualmente,	os	riscos	maternos	e	perinatais	são	menores	durante	a	cesariana,	quando	
comparados	à	antigamente,	graças	à	realização	de	uma	técnica	cirúrgica	adequada,	
com	 antissepsia,	 preparo	 correto	 dos	materiais	 cirúrgicos,	 profilaxia	materna	 com	
antibiótico,	asism	como	capacitação	dos	profissionais	envolvidos.
•	 Atualmente,	a	técnica	utilizada	para	realização	de	cesariana	é	a	incisão	segmentar	
transversal,	 conhecida	 como	 incisão	 de	 Pfannenstiel,	 muitas	 vezes,	 associada	 à	
anestesia	raquidiana,	trazendo	menores	riscos	maternos	e	fetais.
•	 As	complicações	maternas	mais	importantes	associadas	à	realização	de	cesarianas	
são	a	ruptura	uterina,	a	placenta	prévia	e	o	acretismo	placentário.
•	 O	enfermeiro	deve	manter	as	salas	cirúrgicas	prontas	no	centro	obstétrico,	para	cesaria-
nas	de	emergências.	A	organização	dos	materiais,	a	checagem	de	funcionamento	e	
a	validade	são	fatores	importantes	e	que	devem	ser	observados	diariamente.
RESUMO DO TÓPICO 6
168
1	 Atualmente,	as	indicações	de	cesárea,	na	grande	maioria	dos	casos,	são	indicações	
obsoletas	e	sem	base	científica.	Alguns	fatores	podem	explicar	o	aumento	na	taxa	
de	 cesarianas,	 como	 a	medicina	 defensiva.	 Hoje,	 as	 indicações	 são	 divididas	 por	
indicações	de	causa	materna	ou	de	causa	fetal.	Sobre	as	indicações	para	a	cesárea,	
assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 São	indicações	reais:	prolapso	de	cordão,	herpes	genital	sem	lesão	ativa	no	dia	
do	parto	e	pelve	materna	pequena.
b)	 (			)	 São	indicações	reais,	que	podem	ocorrer	durante	o	trabalho	de	parto,	mas	que	
devem	 ser	 diagnosticadas	 de	 forma	 correta	 e	 com	 atenção:	 DCP,	 sofrimento	
fetal	agudo	e	parada	da	progressão	do	parto.
c)	 (			)	 O	HIV	e	a	apresentação	fetal	pélvica	são	indicações	absolutas	de	cesariana,	sem	a	
possibilidade	de	realizar	alguma	estratégia	antes	para	viabilizar	o	parto	normal.
d)	 (			)	 Mulher	que	tem	a	pelve	pequena,	que	seja	muito	magra	ou	se	o	bebê	for	muito	
grande	e	a	mulher	obesa	são	fatores	que	já	indicam	a	realização	de	cesariana.
2	 Sobre	as	taxas	de	cesarianas,	é	salientado	que	“a	cesárea	pode	causar	complicações	
significativas	e	às	vezes	permanentes,	assim	como	sequelas	ou	morte,	especialmente	
em	locais	sem	infraestrutura	e/ou	capacidade	de	realizar	cirurgias	de	forma	segura	e	de	
tratar	complicações	pós-operatórias”	(OMS,	2015,	p.	1).	Com	base	nas	complicações	
da	cesariana,	analise	as	sentenças	a	seguir:
Fonte: OMS. Declaração da OMS sobre Taxas de Cesáreas. Genève: OMS, 2015. Disponível em: 
http://twixar.me/x9Qm. Acesso em: 8 set. 2022.
I-	 A	complicação	mais	incidente,	durante	a	cesariana,	e	que	aumenta	os	riscos	quando	
a	gestante	tem	cesarianas	anteriores	é	o	acretismo	placentário.
II-	 As	lesões	pulmonares	podem	acontecer	com	frequência	nas	cirurgias	ginecológicas,	
especificamente	com	maior	risco	na	cesariana.
III-	 A	temida	rotura	uterina	é	uma	complicação	que	pode	ocorrer	durante	a	cesariana	e	
que	aumenta	o	risco	quando	a	gestante	tem	cesarianas	prévias.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	sentença	I	está	correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	sentença	III	está	correta.
AUTOATIVIDADE
169
3	 Sendo	 uma	 cirurgia	 bastante	 comum	 na	 área	 da	 obstetrícia,	 a	 técnica	 para	 a	
operação	da	cesariana	deve	se	basear	em	alguns	fatores:	a	segurança	da	mulher,	o	
custo	do	procedimento,	o	tempo	que	irá	levar,	a	perda	de	sangue	e,	também,	o	risco	
de	infecção	na	ferida	cirúrgica.	A	equipe	deve	estar	capacitada	e	familiarizada	com	
a	técnica	escolhida,	para	oferecer	uma	assistência	de	qualidade	para	a	mulher.	De	
acordo	com	as	técnicas	de	incisão	para	a	realização	de	uma	cesariana,	classifique	V	
para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Atualmente,	a	técnica	mais	utilizada	é	a	incisão	longitudinal,	vertical	infraumbilical.
(			)	A	 incisão	 de	 Pfannenstiel,	 conhecida	 como	 a	 incisão	 transversa,	 é	 a	 técnica	 de	
preferência	 entre	 os	 obstetras,	 sendo	 considerada,	 atualmente,	 a	mais	 segura	 e	
confortável	para	a	mulher.
(			)	 Após	a	extração	do	feto	e	da	placenta,	é	realizada	a	sutura	e	a	histerectomia,	com	
pontos	 separados	 ou	 contínuos,	 sendo	 a	 pele,	 preferencialmente,	 fechada	 com	
sutura	contínua	intradérmica.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	–	F	–	F.
b)	 (			)	 V	–	F	–	V.
c)	 (			)	 F	–	V	–	F.
d)	 (			)	 F	–	F	–	V.
4	 O	 uso	 da	 classificação	 de	 Robson	 é	 recomendado	 pela	 OMS,	 pois	 permite	 a	
comparação/análise	 das	 taxas	 de	 cesáreas	 entre	 esses	 grupos,	 podendo,	 assim,	
monitorar	as	taxas	de	cesarianas	nas	 instituições	hospitalares.	Diante	disso,	quais	
são	as	características	dos	grupos	observados	na	classificação	de	Robson	e	como	
esta	classificação	deve	ser	realizada?
5	 Alguns	 aspectos	 são	 imprescindíveis	 na	 assistência	 prestada	 pelo	 enfermeiro	 na	
cesariana,	como	o	consentimento	livre	e	informado	da	mulher,	a	garantia	de	indicação	
clínica	da	cesariana	e	também	a	oferta	de	apoio	emocional	para	a	mulher.	Disserte	
sobre	os	cuidados	técnicos	específicos	da	assistência	do	enfermeiro	nos	períodos	
pré	e	pós-operatório	da	cirurgia	de	cesariana.
170
ALMEIDA,	L.	P.;	REIS,	A.	T.	Enfermagem na prática materno-neonatal. 2. ed. Rio de 
Janeiro:	Guanabara	Koogan,	2021.
AMORIM,	M.	M.	R.;	DUARTE,	A.	C.;	ANDREUCCI,	C.	B.;	KNOBEL,	R.;	TAKEMOTO,	M.	L.	
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2.	ed.	Brasília,	2011.	Disponível	em:	http://twixar.me/29Qm.	Acesso	em:	28	ago.	2022.
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de março de 2016.	Aprova	as	Diretrizes	de	Atenção	à	Gestante:	a	operação	cesariana.	
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avaliação e conduta nos casos de abortamento.	Brasília:	Ministério	da	Saúde,	
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ZUGAIB,	M.;	FRANCISCO,	P.	V.	Zugaib Obstetrícia.	4.	ed.	São	Paulo:	Manole,	2020.
https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190306_115256.pdf
https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190306_115256.pdf
173
CUIDADO INTEGRAL DE 
ENFERMAGEM NO PARTO 
NORMAL E NA CESÁREA
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• relacionar o cuidado integral no parto com a Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE) e a gestão de Enfermagem no centro obstétrico (CO);
•	 identificar	as	boas	práticas	de	parto	e	nascimento;
• reconhecer os métodos de alívio da dor para a parturiente durante o trabalho de parto 
e o parto; 
•	 identificar	a	violência	obstétrica	e	reconhecer	os	direitos	da	mulher	no	ciclo	gravídico-
puerperal.
	 A	cada	tópico	desta	unidade	você	encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) NO CENTRO 
OBSTÉTRICO (CO)
TÓPICO 2 – HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
TÓPICO 3 – A DOR NA OBSTETRÍCIA
TÓPICO 4 – ASPECTOS ÉTICOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
174
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
Acesse o 
QR Code abaixo:
175
TÓPICO 1 — 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA 
DE ENFERMAGEM (SAE) NO CENTRO 
OBSTÉTRICO (CO)
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO 
Neste tópico, abordaremos a Sistematização da Assistência de Enfermagem 
(SAE),	 um	 processo	 que	 deve	 ser	 realizado	 em	 todos	 setores	 e	 áreas	 de	 serviço	 de	
Enfermagem,	 trazendo	 como	 benefícios	 a	 organização	 do	 trabalho	 profissional	 e	 a	
operacionalização do trabalho da Enfermagem.
A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358/2009 dispõe 
sobre a SAE e a implementação do processo de Enfermagem em ambientes, públicos 
ou	privados,	em	que	ocorre	o	cuidado	profissional	de	Enfermagem,	explicando	que	o	
processo de Enfermagem se divide nas etapas de histórico de Enfermagem, diagnóstico 
de	 Enfermagem,	 planejamento	 de	 Enfermagem,	 implementação	 e	 avaliação	 de	
Enfermagem. Todo esse processo deve ser baseado em suporte teórico, para consulta 
e construção de cada etapa.
Sobre	 a	 execução,	 na	 prática,	 deve-se	 registrar	 cada	 etapa	 realizada,	 sendo	
necessário	conter:	o	resumo	dos	dados	coletados	sobre	o	paciente,	o	diagnóstico,	as	
ações que serão realizadas a partir do diagnóstico, e os resultados alcançados a partir 
dessas	intervenções.	Cada	registro	efetuado	é	um	meio	de	respaldo	técnico	e	científico	
para a equipe de Enfermagem
Anotações/registros de Enfermagem sobre os cuidados prestados ao paciente 
devem ser realizados constantemente. Dentro do centro obstétrico, essa sistematização 
é	feita	a	partir	da	observação	dos	seguintes	agentes:	gestantes,	puérperas	e	recém-
nascidos.
A	gestão	da	Enfermagem	dentro	do	centro	obstétrico	será	outro	tópico	abordado,	
visto	que	a	SAE	 já	se	trata	de	um	instrumento	de	gerência	e	organização	de	responsa-
bilidade do enfermeiro. Nesse sentido, alguns fatores também permeiam a gerência de 
Enfermagem nesse setor, como a liderança, a tomada de decisões, a gestão da equipe e 
de estratégias para melhorar o ambiente de trabalho, consequentemente, oferecendo uma 
assistência	de	qualidade	para	a	gestante,	a	puérpera	e	o	recém-nascido.
176
2 SAE PARA GESTANTE/PUÉRPERA
“O	profissional	enfermeiro	tem	função	importante	nesse	processo	ao	gerenciar	o	
cuidado	de	Enfermagem	a	estas	mulheres.	Gerenciar	 refere-se	ao	gerenciamento	da	
assistência	de	Enfermagem	e	tem	a	ver	com	prever	e	prover	os	recursos	necessáriospara que se efetive o cuidado” (CUNHA, 2011, p. 4 apud FRAGA, 2016, p. 25). Por isso, 
antes de abordarmos a SAE da gestante e da puérpera, é fundamental frisarmos alguns 
pontos importantes.
A	maioria	das	mortes	maternas	e	neonatais	ocorre	por	causas	evitáveis,	o	que	
significa	que,	no	pré-natal,	na	saúde	primária	ou	em	outro	serviço	de	saúde	em	que	
foi	realizado	o	pré-natal	da	gestante,	poderia	ter	sido	detectada	alguma	condição	ou	
comorbidade possível de ser controlada, evitando um desfecho infeliz. Até mesmo 
algumas condutas vistas como inadequadas, quando tomadas durante o parto e/ou 
as	primeiras	horas	de	vida	do	recém-nascido,	podem	corroborar	para	morte	materna	
e	neonatal.	“A	maior	parte	dos	desfechos	desfavoráveis	que	acontecem	na	gestação	é	um	
problema	 de	 saúde	 pública.	As	 preocupações	 com	 estas	mulheres	 e	 com	 o	 recém-
nascido vêm crescendo cada vez mais” (FRAGA, 2016, p. 23).
Diante	 disso,	 a	 Organização	 das	 Nações	 Unidas	 (ONU),	 em	 conjunto	 com	
centenas de líderes, estabeleceu, em 2015, ao analisar os maiores problemas mundiais, os 
Objetivos	de	Desenvolvimento	Sustentável	(ODS),	com	17	objetivos	e	169	metas	(Figura	
1).	Nesse	sentido,	no	objetivo	3	de	saúde	e	bem-estar,	o	qual	estabelece	que	se	deve	
garantir	o	acesso	à	saúde	de	qualidade	e	promover	o	bem-estar	para	todos,	em	todas	
as	idades,	são	especificadas	algumas	metas,	embora	nosso	interesse	seja,	de	maneira	
mais focada, na gestação e neonatos: 
3.1	 Até	 2030,	 reduzir	 a	 taxa	 de	 mortalidade	 materna	 global	 para	
menos	de	70	mortes	por	100.000	nascidos	vivos.	
3.2	Até	2030,	acabar	com	as	mortes	evitáveis	de	recém-nascidos	e	
crianças	menores	de	5	anos,	com	todos	os	países	objetivando	reduzir	
a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos 
e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 
1.000 nascidos vivos (ONU, 2015, p. 21). 
Acadêmico, recomendamos a leitura dos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ONU, 2015) no site das Nações Unidas – Brasil. Acesse o 
link, a seguir, e saiba mais sobre os trabalhos realizados para alcançar os 
17 objetivos: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs.
DICA
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
177
Figura 1 – ODS
Fonte: http://twixar.me/GJQmAcesso em: 10 jan. 2023.
Acadêmico,	nesse	momento,	você	pode	se	perguntar	 “o	que	os	Objetivos	do	
Desenvolvimento do Milênio têm a ver com a SAE?”. O tipo de acompanhamento de uma 
gestante	no	pré-natal,	durante	o	trabalho	de	parto,	no	parto	e	no	puerpério	determina	
e	 define	 o	 desfecho	 da	 saúde	 materna.	 Portanto,	 um	 bom	 acompanhamento,	 de	
qualidade,	com	profissionais	capacitados	e	que	tenham	conhecimento	técnico,	científico	
e	de	gestão	do	cuidado	garante	desfechos	favoráveis	para	a	mulher	durante	o	seu	ciclo	
gravídico-puerperal.	A	 realização	da	SAE	entra	como	um	grande	agente	estrategista,	
para melhorar e garantir uma assistência segura para essa mulher.
Infelizmente,	percebe-se	que	ainda	há	falta	de	planejamento	e	organização	no	
cuidado durante a realização da SAE.
Na	maioria	das	vezes,	o	enfermeiro	presta	uma	assistência	descontex-
tualizada, tendo em vista que suas ações são voltadas apenas para 
o	procedimento	em	si	e	não	para	a	mulher,	 limitando-se	apenas	à	
prescrição médica para prestar assistência à parturiente. Além disso, 
no	dia	a	dia	do	enfermeiro,	existe	o	excesso	de	atividades	burocrá-
ticas voltadas para o controle de material, gerenciamento do pessoal 
de Enfermagem, registros e relatórios escritos de forma não sistema-
tizada,	caracterizando	a	execução	de	tarefas	 rotineiras,	e	 revelando,	
assim, a falta de disponibilidade com a assistência (SANTOS; RAMOS, 
2012, p. 14).
É	 importante	 ter	 em	mente	 que	 “O	 conhecimento	 científico	 respalda	 a	 ação	
prática.	Suas	bases	de	sustentação	são	indicadores	do	desenvolvimento	de	uma	profissão,	
além	de	constituírem	marco	importante	na	evolução	da	prática	assistencial”	(SILVA	et 
al., 2011 apud FRAGA, 2016, p. 28).
 
178
Diante	disso,	devemos	relembrar	da	teoria	das	necessidades	humanas	básicas,	
de Wanda de Aguiar Horta, que propôs a realização do processo de Enfermagem (PE), o 
qual	é	composto	por	ações	sistematizadas	e	relacionadas	entre	si,	com	o	objetivo	geral	
de oferecer uma assistência de cuidados de Enfermagem ao paciente. Segundo Horta 
(2011 apud FRAGA, 2016), as etapas do PE são: histórico de Enfermagem, diagnóstico 
de Enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de Enfermagem, 
evolução de Enfermagem e prognóstico de Enfermagem.
Para uma padronização de terminologias nos cuidados de Enfermagem e na 
formação	do	diagnóstico	de	Enfermagem,	mundialmente,	temos	o	NANDA-I	e	II	(acrônimo	
para North American Nursing Diagnosis Association),	que	utiliza	várias	taxonomias	e	é	
considerado	o	mais	variável	e	estável	para	consultas,	conforme	Fraga	(2016).
Outros	sistemas	de	classificação	que	facilitam	a	realização	da	SAE	são:	
a	Classificação	das	Intervenções	de	Enfermagem	(NIC);	a	Classificação	
dos Resultados de Enfermagem (NOC); o sistema de OMAHA 
(classificação	para	a	saúde	comunitária);	o	Sistema	de	Classificação	
de	 Cuidados	 Clínicos	 (CCC);	 e	 a	 Classificação	 Internacional	 para	 a	
Prática	de	Enfermagem	(CIPE®),	que	foi	desenvolvida	com	a	unificação	
de	vocabulários	da	Enfermagem,	como	a	NANDA,	NIC,	NOC,	e	sistema	
da OMAHA, entre outros (SANTOS; RAMOS, 2012, p. 14).
Acadêmico, para melhor percepção da aplicação da SAE no centro obstétrico, 
especificamente	para	gestantes	e	parturientes,	o	Quadro	1	apresenta	alguns	resultados	
de	estudos	acerca	da	temática.	
Quadro 1 – Estudos sobre SAE no centro obstétrico
Autor Resumo
Santos; Ramos 
(2012)
Propõe um protocolo para a SAE às parturientes no centro obstétrico. 
Foram	identificados	sete	diagnósticos	de	Enfermagem:	contração	uterina	
normal, dor de trabalho de parto, medo do trabalho de parto, fadiga, 
expulsão	uterina	fetal	sem	distócias	ou	intercorrências,	laceração	do	pe-
ríneo	ou	vagina	e	corte	na	região	médio-lateral	do	períneo.	Na	sequência,	
foram	definidos	os	resultados	esperados	e	as	intervenções	de	Enfer-
magem	com	base	na	literatura.	Nas	considerações	finais,	foi	defendido	
que	um	protocolo	para	a	SAE	às	parturientes	estimulará	a	atuação	dos	
enfermeiros obstetras no acompanhamento dessas mulheres, favore-
cendo	uma	assistência	individualizada,	fundamentada	cientificamente	
e respeitando o processo natural do trabalho de parto e parto, além de 
consolidar a implementação da SAE 
179
Silva; Nóbrega; 
Macedo 
(2012)
Trabalharam diagnósticos/resultados de Enfermagem para parturientes 
e	puérperas,	utilizando	a	Classificação	Internacional	para	a	Prática	de	
Enfermagem (CIPE). A maioria desses diagnósticos/resultados foram 
agrupados	dentro	das	necessidades	psicobiológicas,	o	que	pode	ser	ex-
plicado pelas alterações orgânicas desencadeadas na mulher enquanto 
gestante, parturiente e puérpera, mas também em função da formação 
dos	profissionais	de	saúde/Enfermagem,	que	prioriza	a	visão	biológica	do	
ser humano. Essas alterações na mulher promovem necessidades que 
são	prioritárias	na	assistência	de	Enfermagem.	No	entanto,	as	necessi-
dades psicossociais e psicoespirituais não podem ser negligenciadas.
Mazoni; Carvalho; 
Santos
(2013)
O	objetivo	foi	identificar	a	presença	dos	indicadores	clínicos	da	dor	em	
situação de parto e correlacionar a referência verbal de intensidade de 
dor com as contrações uterinas. Foi evidenciada uma correlação entre 
referência verbal e evidência observada de contração uterina, que se 
associaram ao aumento do escore de intensidade da dor à medida que 
aumenta a pressão intrauterina. Frisando que a dor é um dos diagnósti-
cos mais frequentes nas parturientes. 
Terto et al. (2021)
Aborda a internação precoce da gestante, que ocasiona intervenções 
obstétricas	desnecessárias,	que	culmina	com	a	indicação	de	cesariana.	
Nesse	contexto,	surge	o	cuidado	de	Enfermagem	cirúrgico	que	envolve	
desde	o	manejo	clínico	à	execução	de	atividades	educativas.	Por	meio	
douso da SAE, esses cuidados são ofertados de forma individualizada, 
conferindo uma assistência integral e resolutiva.
Santos; Ramos 
(2012)
Com	o	objetivo	de	propor	um	protocolo	para	a	SAE	para	parturientes	no	
centro	obstétrico.	No	pré-parto,	a	proposta	de	assistência	à	parturiente	
consiste, inicialmente, em uma consulta de Enfermagem. O instrumento 
para	consulta	de	Enfermagem	contempla	os	dados	de	identificação	da	
parturiente,	os	dados	relacionados	à	gestação,	o	exame	físico	da	partu-
riente,	os	exames	laboratoriais	e	os	dados	do	parto.	A	segunda	etapa	do	
protocolo	consiste	na	identificação	dos	diagnósticos	de	Enfermagem.	
Para	tanto,	um	formulário	específico	foi	elaborado.	O	referido	formulá-
rio contempla sete diagnósticos de Enfermagem com suas respectivas 
intervenções e os resultados esperados.
Fonte: Araújo et al. (2022); Fraga (2016); Santos; Ramos (2012)
A primeira etapa da SAE realizada na gestante ou puérpera é coletar os dados, 
fazer uma anamnese e um histórico de Enfermagem. Diante disso, utilizaremos, como 
exemplo,	 o	 formulário	 de	 elaboração	 do	 histórico	 de	 Enfermagem	 com	 a	 gestante/
parturiente (Figura 2) (SANTOS; RAMOS, 2012), para uso durante a consulta de Enfermagem 
no	pré-parto	do	centro	obstétrico	ou,	até	mesmo,	na	sala	de	parto.
180
Figura 2 – Formulário para histórico de Enfermagem
Fonte: Santos; Ramos (2012, p. 15)
A segunda etapa, após a percepção das necessidades da gestante/parturiente, 
observadas durante a consulta e a anamnese, é a etapa da elaboração dos diagnósticos 
de Enfermagem.
181
Em 2016, um estudo realizado por Fraga em um centro obstétrico de um hospital do sul do 
Brasil, do qual participaram 81 mulheres internadas em trabalho de parto, consideradas 
gestantes de risco habitual, traz os diagnósticos de Enfermagem mais presentes, conforme 
NANDA-I:
• dor no trabalho de parto;
• nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais;
•	 risco	de	volume	de	líquidos	deficiente;
• insônia;
• mobilidade física prejudicada;
• fadiga;
• disposição para conforto melhorado;
• conforto prejudicado;
•	 conhecimento	deficiente;
• disposição para conhecimento melhorado;
• controle emocional instável;
• ansiedade;
•	 enfrentamento	ineficaz;
• disposição para enfrentamento melhorado;
• medo;
• risco de infecção;
• risco de integridade da pele prejudicada;
• risco de integridade tissular prejudicada;
• risco de quedas;
• risco de sangramento;
• risco de contaminação.
INTERESSANTE
A	terceira	etapa	é	o	planejamento	de	ações	de	Enfermagem.	Santos	e	Ramos	
(2012)	 esquematizaram	um	outro	 formulário	 que	pode	 auxiliar	 na	 organização	dessa	
etapa,	melhorando	o	planejamento	da	assistência	(Quadro	2).
“A visão holística do enfermeiro obstetra associada ao Processo de Enfermagem, 
favorece uma assistência individualizada à parturiente, fundamentada no conhecimento 
científico,	fazendo	com	que	ela	se	sinta	parte	de	um	processo	natural,	acompanhando	o	
ritmo	do	seu	próprio	corpo”	(SANTOS;	RAMOS,	2012,	p.	17).
182
Quadro 2 – Planejamento da Assistência 
Diagnóstico de 
enfermagem
Resultados 
esperados
Intervenções de enfermagem
Contração uterina 
normal
Contração uterina em 
progressão
Avaliar a dinâmica uterina registrando 
sua frequência, duração e intensidade; 
Monitorar o batimento cardíaco fetal (BCF) 
antes, durante e após as contrações para 
identificar	presença	de	desacelerações	
intrapélvicas;	informar	ao	profissional	
médico alterações no BCF e/ou nas 
contrações uterinas. 
Dor de trabalho de 
parto
Dor de trabalho de 
parto diminuída
Encorajar	a	deambulação	durante	o	
trabalho de parto; incentivar as posições 
verticais; ensinar técnicas de respiração e 
relaxamento;	promover	banho	de	chuveiro	
morno e massagem lombossacral; e 
registrar a evolução do trabalho de parto 
em partograma.
Medo do trabalho de 
parto
Medo diminuído
Conversar usando uma abordagem 
calma	e	segura;	explicar	o	processo	de	
trabalho de parto e parto esclarecendo 
suas dúvidas; permitir presença de 
acompanhante	conforme	desejo	da	
parturiente; implementar o toque 
afetivo	para	acalmá-la	realizado	pelo	
enfermeiro ou acompanhante escolhido 
pela parturiente; e oferecer terapia com 
música. 
Fadiga Fadiga melhorada
Orientar a parturiente quanto à forma de 
fazer	relaxamento	muscular	para	que	ela	
descanse entre uma contração e outra.
Expulsão	uterina	fetal	
sem distócias ou inter-
corrências
Expulsão	uterina	rea-
lizada 
Deixar	passar	lentamente	a	cabeça	
do feto; proteger o períneo durante o 
nascimento; clampear e cortar o cordão 
umbilical após o término das pulsações; 
verificar	integridade	da	placenta	após	
delivramento;	colocar	o	recém-nascido	
junto	ao	seio	materno	para	estimular	o	
aleitamento e a liberação de ocitocina. 
183
Laceração	do	períneo	
ou vagina
Prevenção de contami-
nação da laceração
Examinar	o	canal	vaginal	após	o	
delivramento	fisiológico	da	placenta	para	
verificar	presença	de	lacerações;	realizar	
correção de laceração após administração 
de anestésico local; orientar sobre higiene 
na região vulvoperineal e uso de roupas 
limpas.
Corte na região médio-
-lateral	do	períneo
Prevenção de conta-
minação do corte na 
região	médio-lateral	do	
períneo
Fazer	infiltração	de	anestésico	local,	
se	necessário;	fazer	corte	na	região	
médio-lateral	do	períneo	(episiotomia),	
se	necessário;	realizar	episiorrafia;	fazer	
toque retal para garantir a integridade 
tissular; orientar sobre higiene na região 
vulvoperineal e uso de roupas limpas.
Fonte: Santos; Ramos (2012, p. 16)
Além da gestante, a SAE também deve ser realizada para a puérpera, 
ou seja, a mulher no período pós-parto, visto que é um momento de 
profundas	modificações,	tanto	fisiológicas	como	psicológicas.	Nesse	
momento, a Enfermagem atua com a prevenção de complicações e a 
promoção de conforto, do pós-parto imediato e mediato, enquanto 
essa puérpera estiver internada na instituição hospitalar, conforme 
demonstra o quadro a seguir.
ATENÇÃO
Quadro – SAE na puérpera
Diagnósticos de 
Enfermagem Resultados Intervenções Atividades
Intolerância 
à atividade 
caracterizada por 
desconforto aos 
esforços, relacionada 
à dor.
Mobilidade Indica-
dores: desempenho 
no posicionamento 
do corpo; andar; movi-
mentos realizados 
com facilidade. Au-
mentar para: 5 (não 
comprometido).
Promoção do 
conforto físico: 
controle da dor.
Investigar com a 
paciente os fatores 
que aliviam/pioram 
a dor; reduzir ou 
eliminar fatores 
que precipitam 
ou aumentam a 
experiência de dor.
Privação de sono 
caracterizada por 
ansiedade, cansaço 
e sonolência durante 
o dia relacionada a 
práticas maternas 
que não favorecem 
o sono.
Nível de desconforto 
Indicadores: 
ansiedade; dor. 
Aumentar para: 5 
(nenhum).
Promoção do 
conforto físico: 
controle do 
ambiente: conforto.
Evitar interrupções 
desnecessárias e 
permitir períodos de 
descanso; Determinar 
as origens do 
desconforto, como 
roupa de cama com 
rugas e irritantes 
ambientais.
184
Dor aguda 
caracterizada por 
gestos protetores 
e relato verbal de 
dor relacionada a 
agentes lesivos 
físicos (ferida 
operatória).
Controle da dor 
Indicadores: 
descrição dos 
fatores causadores; 
uso de medidas 
preventivas; uso 
de analgésicos 
conforme 
recomendação; 
relato de dor 
controlada. 
Aumentar para: 5 
(consistentemente 
demonstrado).
Promoção do 
conforto físico: 
controle da dor.
Assegurar que a 
paciente receba 
cuidados precisos de 
analgesia; Informar 
sobre a dor, suas 
causas, duração 
e desconfortos 
antecipados em 
decorrência dos 
procedimentos.
Conforto prejudicado 
caracterizado por 
ansiedade, medo e 
relatos de sentir-se 
desconfortável.
Nível de desconforto 
Indicadores: 
ansiedade; medo; 
estresse; dor. 
Aumentar para: 5 
(nenhum).
Promoção de 
conforto psicológico: 
terapia de 
relaxamento.
Usar abordagem 
calma e 
tranquilizadora, 
escutando a paciente 
com atenção; criar 
ambiente calmo e 
sem interrupções, 
com iluminação 
difusae temperatura 
confortável, sempre 
que possível; provocar 
comportamentos que 
sejam condicionados 
a produzir 
relaxamento, como 
respiração profunda.
Fonte: Barbosa et al. (2014, p. 847)
Algumas ações/prescrições da Enfermagem, para as puérperas em período de 
pós-parto	imediato	dentro	do	centro	obstétrico,	devem	ser	realizadas	conforme	o	diag-
nóstico de Enfermagem:
• monitorar os sinais vitais a cada 4 horas;
• avaliação da altura uterina e massagem uterina de a cada 2 horas;
• avaliação dos lóquios a cada 2 horas;
• estimular a deambulação após 2 horas do parto;
• avaliar a dieta nutricional, de acordo com a prescrição médica;
• orientar sobre amamentação em todos os períodos do dia;
• orientar sobre autocuidado materno, uma vez.
Caro acadêmico, é importante estabelecer um roteiro da SAE, a partir da 
construção	de	protocolos,	formulários	e	tabelas,	como	apresentado	ao	longo	deste	tópico.	
Isso fornece melhor organização para a implementação de cada etapa do processo de 
Enfermagem, fomentando uma assistência de qualidade e com segurança, provida de 
conhecimento	técnico-científico,	para	as	gestantes	e	puérperas	do	centro	obstétrico.
185
A criação de instrumentos, pelo enfermeiro, pode facilitar a SAE, dinami-
zando o cuidado e agilizando o tempo na realização do processo de En-
fermagem. Veja um exemplo de instrumento com uso de checklist feito 
pelos autores Fialho et al. (2014), disponível em: http://twixar.me/DJQm.
DICA
3 GESTÃO DE ENFERMAGEM NO CENTRO OBSTÉTRICO 
Dentro	 do	 centro	 obstétrico,	 há	 algumas	 responsabilidades	 do	 enfermeiro,	
principalmente do especialista em obstetrícia, como a gestão do local de trabalho, da 
equipe, dos materiais, de tomada de decisões e do cuidado prestado. A organização 
desse	serviço	resultará	em	maiores	índices	de	satisfação	do	paciente	atendido.
Na maternidade, o enfermeiro gerencia o cuidado de modo a facilitar 
a assistência de Enfermagem oferecida à parturiente, ao bebê e 
aos	 familiares.	 Tanto	 nesse	 contexto	 como	 nas	 demais	 unidades	
de	 cuidado,	 utiliza-se	 ferramentas	 gerenciais	 que	 são	 capazes	 de	
auxiliar	 na	 organização,	 planejamento,	 coordenação,	 delegação	 ou	
prestação dos cuidados, supervisão, previsão e provisão de recursos, 
capacitação da equipe, desenvolvimento de medidas educativas 
com	 a	 família,	 interação	 com	 outros	 profissionais,	 além	 de	 ocupar	
espaços de articulação e negociação, permitindo a implementação 
de	melhorias	do	cuidado	(COPELLI	et al.,	2017,	p.	1348).
Em	 primeiro	 lugar,	 o	 enfermeiro	 do	 turno,	 responsável	 pelo	 setor,	 deve	 estar	
sempre atualizado e capacitado, para poder prestar uma assistência de qualidade para 
parturientes,	puérperas	e	recém-nascido,	e	uma	das	grandes	competências	é	a	liderança.	
Dentro	do	cenário	multiprofissional,	esta	é	uma	ferramenta	essencial	e	indispensável	para	
o enfermeiro.
No	 cenário	 de	 atuação	 da	 maternidade	 em	 estudo,	 a	 liderança	
acontece	 por	 meio	 das	 estratégias	 planejadas	 em	 reuniões	 de	
colegiado gestor, do processo de tomada de decisão compartilhada, 
da educação permanente.
Além	disso,	a	pesquisa	baseada	em	evidências	científicas	faz	parte	do	
cotidiano	desses	profissionais	e	também	possui	papel	relevante	para	
demonstrar os impactos das ações desenvolvidas. Pesquisadores 
afirmam	que	a	prática	baseada	em	evidências	é	uma	tecnologia	em-
preendedora no âmbito da saúde materno infantil, pois as evidências 
científicas	 devem	 nortear	 a	 prática	 clínica	 (ZAMBERLAN;	 ROCHA;	
BACKES,	2017	apud SOUSA et al., 2018, p. 2).
186
Caro acadêmico, você já ouviu falar sobre a governança compartilhada 
de Enfermagem? Basicamente, é um modelo de gestão que se baseia 
em compartilhar as decisões em equipe, corresponsabilizando ações 
e	 promovendo	 a	 autonomia	 profissional	 da	 equipe.	 Para	 saber	 mais,	
acesse o estudo de Copelli et al. (2017): http://twixar.me/FJQm.
DICA
A capacitação da equipe de Enfermagem deve ser promovida, por meio da 
realização de cursos de aprimoramento, promovendo a educação continuada dentro 
do	centro	obstétrico.	Quebrar	paradigmas	e	práticas	obsoletas	da	obstetrícia,	para	os	
profissionais	 ofertarem	 uma	 assistência	 de	 qualidade,	 atualizada	 e,	 principalmente,	
baseada	em	evidências	científicas	é	essencial.	Nesse	sentido,	o	enfermeiro	 responsável	
pode trazer assuntos, para a equipe, sobre humanização da assistência ao parto, boas 
práticas,	 métodos	 de	 alívio	 da	 dor,	 medidas	 de	 segurança,	 entre	 outras	 temáticas	
pertinentes ao setor da obstetrícia e que irão trazer benefícios para a parturiente e a 
puérpera que usufruem do serviço obstétrico e materno.
Entende-se	 que	 a	 gestão	 em	 Enfermagem	 seja	 um	 conjunto	 de	
atividades	 gerenciais	 e	 assistenciais,	 caracterizadas	 pelo	 exercício	
da	liderança,	de	tal	modo	que	a	influência	atinja	todos	os	liderados.	
Isto ocorre desde a realização dos procedimentos técnicos, na 
elaboração de critérios de qualidade nas principais decisões tomadas 
(RUTHES;	 FELDMAN;	 CUNHA,	 2010	 apud HOFFMANN; PETTENON; 
ROMAN, 2019, p. 3). 
É	 importante	 que	 essa	 atividade	 não	 afaste	 o	 enfermeiro	 responsável	 das	
gestantes,	parturientes	e	puérperas,	mas,	pelo	contrário,	aproximar	ainda	mais,	visto	
que	o	objetivo	é	melhorar	o	cuidado	de	Enfermagem	realizado	para	essas	mulheres,	a	
partir	de	fatores	que	influenciam	diretamente	esse	“cuidar”.
Em	um	centro	obstétrico	de	alto	fluxo	de	atendimentos,	o	enfermeiro	
responsável deve saber gerir a assistência da sua equipe desde a 
triagem, no pré-parto, na sala de partos, na sala cirúrgica e na sala 
de	recuperação	pós-anestésica.	A	fluidez	do	fluxo	de	atendimento	
deve	ser	mantida,	bem	como	a	humanização	dos	profissionais	com	
as mulheres.
ATENÇÃO
187
Neste tópico, você aprendeu:
• A realização da SAE entra como um grande agente estrategista, para melhorar e 
garantir uma assistência segura para a mulher, um acompanhamento seguro e de 
qualidade,	com	profissionais	capacitados,	que	têm	conhecimento	técnico,	científico	e	
de	gestão	do	cuidado,	garantindo	desfechos	favoráveis	para	a	mulher	durante	o	seu	
ciclo	gravídico-puerperal.
• Construir e utilizar instrumentos que facilitam a coleta de dados da gestante/puérpera 
pode	auxiliar	e	agilizar	o	primeiro	passo	do	processo	de	Enfermagem.	Os	diagnósticos	
de Enfermagem também podem seguir algum instrumento, como uma checklist, e as 
ações dos enfermeiros devem ser realizadas a partir dos diagnósticos estabelecidos.
• A SAE para a puérpera também deve ser realizada com atenção, visto que a mulher no 
período	pós-parto	passa	por	momentos	de	profundas	modificações,	tanto	fisiológicas	
como psicológicas. Nesse momento, a Enfermagem atua com a prevenção de 
complicações	e	a	promoção	de	conforto,	do	pós-parto	imediato	e	mediato,	enquanto	
essa puérpera estiver internada na instituição hospitalar.
•	 O	enfermeiro	deve	saber	gerir	a	sua	equipe	de	Enfermagem,	de	maneira	a	mantê-la	
capacitada e informada. Além disso, a tomada de decisão, como líder de equipe, é vista 
como grande fator dentro do centro obstétrico, uma vez que é preciso agilidade no 
atendimento.	Manter	os	materiais	e	os	instrumentos	necessários	sempre	disponíveis	e	
o setor organizado também são responsabilidades do enfermeiro.
RESUMO DO TÓPICO 1
188
1 Com base na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no centro 
obstétrico para gestantes e puérperas, é importante ressaltar a vasta opção de planos 
de cuidados, de acordo com as reais necessidades da mulher. Por isso, a importância 
da	realização	de	uma	boa	anamnese,	um	exame	físico	e	a	formação	do	diagnóstico	
de	Enfermagem,	para,	então,	planejar	as	ações,	implementá-las	e	avaliá-las.	Sobre	a	
SAE para a gestante e puérpera, assinale a alternativa INCORRETA:
a)	 (			)	 Podem	ser	identificados	alguns	diagnósticos	de	Enfermagem	no	centro	obstétrico,	
como contração uterina normal, dor de trabalho de parto, medo do trabalho de 
parto,	fadiga,	expulsão	uterina	fetal	sem	distócias	ou	intercorrências,

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