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AULA 07 – COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES · Microvasculares: retinopatia, nefropatia, neuropatia · Macrovascular: doença coronária, doença vascular periférica e doença vascular cerebral Patogênese das complicações microvascular · Hiperglicemia crônica é o principal fator que desencadeia as complicações a longo prazo, e está associada a mecanismos de estresse oxidativo via: 1. Ativação da via dos pólipos (aumento sorbital intracelular: dano osmótico, acumulo ROS – estresse oxidativo) 2. Aumento do fluxo da via das hexosaminas (aumento da frutose-6-fosfato – glicosamina-6-fosfato (aumento difosfato-N acetil glicosamina= aumento do PAI-1, TGF_ alfa e beta = oclusão da microvasculatura) 3. Acúmulo de produtos finais de glicose abançada (AGEs) – podem causar alterações diretas de proteínase componentes da matriz, levando a modificação na função celular 4. Ativação da via da Proteinoquinase C (PKC) – fosforilação de proteínas substratos ativada pela DAG e cálcio – anormalidade no fluxo sanguíneo. A altera a permeabilidade vascular, estimula a angiogênese (VEGF), aumento do colágeno e fibronectina (oclusão capilar), aumento do PAI -1: aumenta a expressãode genes pró-inflamatórios e o estresse oxidativo. DOENÇA CARDIOVASCULAR: · É um conjunto diversificado de condições. · Diabéticos tem mortalidade aumentada cerca de 2 a 4x · DM está associado a outros fatores de risco cardiovascular como HAS, dislipidemia e obesidade. · DM2 também é fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, insuficiência cardíaca (IC), doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) e doença microvascular, afetando significativamente a expectativa e a qualidade de vida. · RISCO CARDIOVASCULAR E DISLIPIDEMIA NO DM: · A diretriz brasileira para prevenção de doença cardiovascular no diabetes de 2017 propõe a estratificação de risco com base em idade, presença dos fatores de risco tradicionais, existência de marcadores de aterosclerose subclínica e ocorrência de eventos cardiovasculares · FATORES DE ESTRATIFICAÇÃO PARA PACIENTES COM DM: · Homens > 49 anos e mulheres > 56 · DM > 10 anos · HF precoce de doença cardiovascular · Presença de síndrome metabólica · HAS tratada ou não tratada · Tabagismo atual · TFG < 60 mL/min · Albuminúria > 30 mg/g de creatinina · Neuropatia autonômica cardiovascular · Retinopatia diabética · MARCADORES DE ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA: · Escore de Ca coronário > 10 Â · Placa na carótida > 1,5 mm · Angiotomo de coronárias com presença de placas · Índice tornozelo-braquial < 0,9 · Aneurisma de aorta abd · DOENÇA ATEROSCLERÓTICA CLÍNICA: · Síndrome coronariana aguda · Angina estável ou IAM · AVC isquêmico ou AIT · Insuficiência vascular periférica · Revascularização de qualquer artéria por aterosclerose · Amputação não traumática de mmii · Doença aterosclerótica com obstrução > 50% em qualquer artéria · AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO: · O perfil lipídico estabelece-se pelas determinações bioquímicas de colesterol total (ct), colesterol da lipoproteína de alta densidade (hdl-c), triglicérides (tg) e colesterol da lipoproteína de baixa densidade (ldl-c) após jejum de 12 a 14 horas. · O LDL pode ser calculado pela equação de Friedewald (LDL = CT – HDL – TG/5), em que TG/5 representa o colesterol da lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL). · Em pacientes com hipertrigliceridemia (TG > 400 mg/dl), a equação é imprecisa; nesses casoso valor do LDL pode ser obtido por dosagem direta. · O LDL, que normalmente representa o fenótipo de 90% das partículas aterogênicas no plasma, passa a ser menos preponderante à medida que se elevam os níveis de TG. Por isso, em indivíduos com hipertrigliceridemia, o colesterol não HDL estima melhor o volume total de lipoproteínas aterogênicas que o LDL (o não HDL) é recomendado quando os níveis de TG estiverem acima de 300 mg/dl. · CONDUTA RECOMENDADA EM RELAÇÃO AO USO DE ESTATINA, DE ACORDO COM A CATEGORIA DE RISCO EM PCTES COM DM · TTO DA DISLIPIDEMIA NO DM · À excessão de baixo risco, pctes de maior risco devem iniciar o uso de estatinas o mais cedo possível, se o LDL esstiver acima da meta · O tipo e a potência da estatina devem adaptar-se à magnitude necessária de redução inicial · Qualquer estatina é útil, desde que a meta seja atingida · Sabe-se que a resposta às estatinas é heterogênea, por isso o pcte deve ser avaliado a cada 3 meses para garantir a manutenção da meta · Há uma relação direta entre a redução do LDL e a diminuição de risco cardiovascular, em que a redução de LDL de 40 mg/dL leva a uma redução proporcional de 20% do risco. Por isso, se o pcte nunca usou estatinas, uma redução inicial acima de 50% é recomendada. Isso é especialmente importante nos casos em que o LDL inicial não é muito alto, mas está acima da meta. Nesses casos, uma redução de 50% levaria o LDL para 40 mg/dL, sendo mais benéfico ao pcte em termos de redução de risco do que o LDL de 50 mg/dL · Em pctes que estão por fora da meta, mas usam estatinas, o TTO deve ser intensificado por meio de 3 estratégias: · Aumento da dose · Troca da estatina por uma mais potente · Associação com a Ezetimiba · O uso de inibidores da PCSK9 pode ser eventualmente considerado nessas situações, avaliando-se cada caso · Fibratos não devem ser associados à estatina por não acrescenteram benefícios e aumentarem o risco de miopatia. HIPERTENSÃO ARTERIAL E DM · Diversos estudos já demonstraram os benefícios do tto de HAS em pctes com diabetes, com diminuição de desfechos tanto micro como macrovasculares · O controle intensivo da PA em níveis < 150/85 mmHg diminui em 32% o risco de morte, 44% o risco de AVC e 37% o de complicações microvasculares. · Estudos comprovam os benefícios da redução da PA para níveis abaixo de 140x90 mmHg na redução do risco de morte, IAM e AVC · METAS · Considerando-se as evidências atuais, a recomendação é objetivar um alvo de PA nos pctes com DM em geral < 14/8 · Apesar de haver dúvidas em relação ao benefício de um alvo mais baixo (< 13/8), há pouca evidência que a redução da PA a esses valores tenha efeitos deletérios. Portanto, 13/8 pode ser o objetivo · Algumas situações especiais exigem individualização do alvo de tto do HAS: · Na presença de doença renal, a orientação de pressão sistólica é < 130 mmHg · Já quando ao limite inferior a ser atingido de PA na presença de doença renal, <12/8 estão associados ao aumento de eventos cardiovasculares · TTO: · Alguns estudos sugerem que os bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, (iECA e BRA) possam ter o efeito protetor para eventos vasculares e renais · Quanto aos diuréticos, o uso de tiazídicos esteve associado a redução de risco de insuficiência cardíaca no pctes com DM2. · Combinar bloqueadores de canais de Ca + iECA tem benefício na proteção renal · Uso de espironolactona faz redução da albuminúria · Considerando que a maiora dos pctes com DM2 e HAS vai precisar da associação de mais de uma medicação para atingir um controle adequado da HAS, o objetivo principal deve ser o controle da PA (<15/10) · COMPENSAÇÃO GLICÊMICA · Recomendação da Hb A1C varia de 6,5 a 8%. Pcte de baixo risco a meta pode ser mais rígida (<6,5%), desde que não faça hipoglicemias. Pctes com IRC, insuficiência hepática, idosos e pctes com baixa expectativa de vida ou complicações micro ou macrovasulares as metas podem ser mais elevadas. · A metformina ainda é o TTO de primeira escolha em DM2 · Dar preferência para o uso de iSGLT-2 e análagos de GLP-1 devido ao seu benefício cardiovascular comprovado · Se por motivo de custo ou disponibilidade, optar-se por uma sulfoniureia, preferir a glicazida. · USO DE ANTIAGREGANTE PLAQUETÁRIOS NO DM · Pctes com diabetes sem doença aterosclerótica não devem receber terapia antiplaquetária para prevenção primária de eventos cardiovasculares · Recomenda-se por pelo menos 1 ano a dupla terapia com AAS e inibidores do ADP plaquetário em pctes de alto risco após síndrome coronariana aguda · Em pcte de muito alto risco há benefício da terapia com AAS · As doses de AAS devem varia de 75-325 mg/dia.RETINOPATIA DIABÉTICA (RD) · Principal causa de cegueira irreversível do mundo e uma das principais causas de cegueira em indivíduos entre 16-64 anos de idade · Tem relação com o tempo de diagnóstico de DM e é encontrada em 90% dos DM1 e 60% dos DM2 após 20 anos de doença · Pode ocasionar perda da visão decorrente sobretudo de edema macular não perfusão capilar macular, hemorragia vítrea e descolamento de retina. · Gravidade aumenta com o controle glicêmico inadequado e com o tempo de doença · O risco de perda visual e cegueira reduz-se com a detecção precoce (período assintomático), em que as alterações irreversíveis ainda não estão presentes; o exame periódico não elimina todos os casos de perda visual, mas reduz consideravelmente o número de pacientes cegos pela RD · Fatores de risoc: duração do DM, hiperglicemia crônica, HAS e nefropatia. · FISIOPATOLOGIA · Hiperglicemia de longa duração leva ao espessamento da membrana basal capilar, proliferação endotelial, aumento de DAG na parede dos vasos, glicosilação não-enzimática e ativação da via do sorbitol · A hiperglicemia leva a perda de pericítos que associado com o espessamento da membrana basal leva a formação dos microaneurismas · Ocorre hipóxia tecidual retiniana com mudança na permeabilidade vascular e um processo compensador de neovascularização associado com a ação de fatores solúveis de crescimento, como o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), IGF-I e o fator de crescimento fibroblasto básico, ativados e atraídos pela hipóxia · Os neovasos aumentam a probabilidade de isquemia e hemorragias retinianas na evolução da doença · Dados já demonstraram que o tempo de dm é fator preditor para o surgimento de RD · Estudos como DCCT e UKPDS também demonstraram que o melhor controle glicêmico é um importante fator de proteção contra a RD no DM1 e 2, respectivamente (A) · O acompanhamento da RD deve iniciar no paciente DM1 após 5 anos do início da doença ou depois do início da puberdade. · O acompanhamento da RD no paciente DM2 deve se iniciar ao diagnóstico da hiperglicemia pelo atraso no diagnóstico no DM2; dados do UKPDS demonstraram que em até 21% dos pacientes recém-diagnosticados já tinham sinais de RD · Gestação, puberdade e rápido controle glicêmico em pacientes mal controlados podem acelerar a evolução da RD e edema macular · O DCCT (DM1) demonstrou que a terapia intensiva reduziu em 76% o risco de RD e 54% na progressão nos DM1 já com sinais de RD (a) e para cada queda 1% na A1c houve uma redução de 35% no surgimento de RD e de 39% na sua progressão; no UKPDS (DM2) a redução de 1% na A1c de DM2 reduziu em 37% o risco de RD (a) · FATORES DE RISCO PARA RD E EDEMA MACULAR · Tempo de diabetes · Má qualidade do controle glicêmico/ variabilidade glicêmica · História familiar de diabetes, independentemente do tipo · Hipertensão arterial sistêmica · Puberdade · Dislipidemia · Gestação · Tabagismo · Melhora muito rápida do controle glicêmico em pacientes cronicamente mal controlados · Nefropatia diabética · Medicamentos · DIAGNÓSTICO DA RD · Realização de teste de rotina com o oftalmologista, com exames anuais e dependendo do grau de evolução em intervalos mais curtos (A) · Mapeamento de retina sob midríase medicamentosa por oftalmoscopia binocular direta, biomicroscopia em lâmpada de fenda e tonometria · Exames complementares · Retinografia simples · Angiofluoresceinografia da retina: fornece dados da circulação retiniana e da barreira hematorretiniana · Tomografia de coerência óptica da retina · Ultrassonografia · Mapeamento da retina · Oftalmoscopia de varredura a laser · CLASSIFCAÇÃO · Retinopatia diabética não-proliferativa (RDNP) · É a mais frequente e ocorre em 90% dos casos · As suas alterações são intra-retinianas · Mais comum no CM2 · Ocorre com ou sem edema macular, este último a maior causa de cegueira em pacientes DM por isquemia macular · Ocorre espessamento das membranas basais pela perda de pericitos e também espessamento retiniano e possibilitando o extravasamento de plasma, lipídeos e proteína · RDNP leve: somente presença de microaneurismas · RDNP moderada: microaneurismas + alterações que não caracterizam retinopatia severa (hemorragias intra-retinianas e os exsudatos tornam-se algodonosos, pequenas áreas de isquemia retiniana) com ou sem edema macular · RDNP severa: qualquer uma das 3 alterações: · Microaneurismas, hemorragias nos 4 quadrantes da retina · Dilatações venosas em um quadrante · Alterações vasculares intrarretinianas em um quadrante · RDNP muito severa: presença de 2 das 3 alterações do quadro de RDNP severa · Retinopatia diabética proliferativa (RDP): presença de neovascualrização no disco óptico ou na retina; hemorragia vítrea · RETINOPATIA DIABÉTICA PROLIFERATIVA · Estágio mais avançado da RD · É mais rara e mais grave que a RDNP pela chance de evoluir para rápida perda visual e cegueira · Mais comum na DM2 · As alterações ocorrem no plano da retina e podem atingir o vítreo · Surgimento de neovasos (nervo óptico e/ou retina) e proliferação fibroglial/fibrovascular podendo evoluir com hemorragia vítrea, deslocamento de retina e glaucoma neovascular · EDEMA MACULAR DIABÉTICO (EMD) · Sem envolvimento central: espessamento da retina na mácula que não envolve a zona do subcampo canetral com 1 mm de diâmetro · Com envolvimento central: envolve a zona do subcampo · Sua presença e gravidade não tem relação direta com o grau de RD Pode estar associado a qualquer estágio da doença e evoluir de forma independente · Evitar o uso de pioglitazona · É mais frequente no DM2 que no DM1 · Causa mais frequente de deficiência de acuidade visual em diabéticos · TRATAMENTO · Controle glicêmico: · Otimização reduz o risco e a progressão da RD · Qualquer redução da HbA1c e vantajosa para o desenvolvimento ou progressão da RD. · Em pacientes com RD, HbA1c < 7% e o ideal · Controle pressórico: · < 140/90 · Qualquer redução da pressão sistólica e/ou diastólica e vantajosa para inibir o desenvolvimento ou progressão da RD. · Em pacientes com RD, a pressão sistólica < 130/80 mmHg é o ideal · Controle lipídico: · Reduz o risco e a progressão da RD · Redução dos níveis de LDL-C reduzem o risco de complicações macrovasculares e pode ser vantajoso para o edema macular diabético · Tratamentos específicos · Fotocoagulação a laser · Fotocoagulação macular focal/grid · Vitrectomia · Corticoesteróides intravítreos · Farmacomodulação com antiangiogênicos · ACOMPANHAMENTO DA RD · Anual: ausência de RD, RDNP leve, ausência de edema macular · Semestral: RDNP moderada, edema macular não clinicamente significativo · Trimestral: RDNP severa, RD proliferativa · Mensal/trimestral: edema macular clinicamente significativo DOENÇA RENAL DO DIABETES (DRD) · NEFROPATIA DIABÉTICA (ND) · Complicação microvascular comum no paciente DM evoluindo com aumento da excreção urinária de albumina e diminuição da TFG · A ND acomete 30-40% dos DM1 e de 33% nos DM2 · A ND é a principal causa de IRC terminal nos EUA e dados nacionais mostram, que dependendo do local, também é a maior causa de ingresso em programas de diálise · DM1: microalbuminúria presente de 5-10 anos após o dx. Mais de 80% dos pctes com microalbuminúria evoluem para macro. · DM: a microalbuminúria é diagnosticada junto com DM. De 20-40% vão evoluir para macro. · Sua presença implica maior risco cardiovascular · Associação com: ↓ TFG, proteinúria, hipertensão e DCV. · FATORES DE RISCO NA ND: · Controle glicêmico inadequado (PRINCIPAL) · Duração do DM · HAS · Tabagismo · Hipercolesterolemia · Obesidade · Altos níveis séricos de proteína amiloide · Idade, etnia e fatores genéticos · Uso de medicamentos nefrotóxicos, ITU de repetição, obstrução urinária · RASTREAMENTO · Com base nos valores crescentes de albuminúria, a DRD (doença renal do diabetes) é classificada em 3 fases: normoalbuminúria, micro ou macro · Recentemente, a albuminúria passou a ser classificada apenas como Excreção Urinária de Albumina (EUA) normal ou aumentada. · É importantesalientar que tanto a EUA como TFG são preditoras independente de doença cardiovascular e de mortalidade em pacientes com DM2 · Efetuar a estimativa da TFG associado com a medida da albuminúria · Medir a albuminúria em amostra isolada de urina devido à variabilidade diária da EUA. · Confirmar com 2-3 amostras em um intervalo de 3-6 meses. · Falsos-positivos: exercício físico vigoroso nas 24h prévia a coleta, ITU (e outras infecções), febre, ICC grave, hiperglicemia importante, gravidez, HAS grave, menstruação ou hematúria (mas não bacteriúria) · Efetuar a estimativa da TFG por MDRD/CKD-EPI. O MDRD é o mais adequado pois não tem perda de sensibilidade. · VALORES DE ALBUMINÚRIA PARA DIAGNÓSTICO DE DRD Amostra casual de urina Valores Concentração de albumina ≥ 14mg/L Índice albumina-creatinina > 30mg/g Amostra de urina de 24hrs ≥ 30mg/24hrs · Na impossibilidade de realizar a medida do EUA, pode-se utilizar a proteinúria: · Em amostra isolada ≥ 430 mg/L · Em urina de 24hrs >500 mg/24hrs · ESTÁGIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA DRD Estágios Descrição TFG (mL/min/1,73m2) 1 TFG normal ou elevada ≥90 2 TFG levemente reduzida 60-89 3ª Moderada redução da TFG 45-59 3B Redução marcada da TFG 30-44 4 Redução grave da TFG 15-29 5 Insuficiência renal <15 · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL · Investigar outras causas de doença renal quando: · Inicio de proteinúria em pacientes com DM com duração < 5 anos (principalmente DM1) · Início abrupto e rapidamente progressivo de proteinúria ou Sd. nefrótica · Alterações no sedimento urinário (cilindros hemáticos, leucocitários e acantóticos) · Hematúria significativa · Hipertensão refratária · Baixa ou rápida diminuição da TFG ou diminuição da TFG > 30% no período de 2-3 meses após o início de iECA ou BRA sugere estenose de a renal · Manifestações clínicas de outra doença sistêmica · Ausência de retinopatia e de neuropatia em pacientes com DM1 NEFROPATIA DIABÉTICA · DX: quando ocorre elevação da EUA em pelo menos 2 exames realizados com intervalo de 3-6 meses com ou sem redução da TFG. · Dosar a albuminúria em DM1 com mais de 5 anos de doença e nos DM2 ao diagnóstico · Dosar anualmente a creatinina em paciente DM para estimar a TFG · Lembrar que o aumento da excreção urinária de albumina, na maioria das vezes ocorre antes da perda da função renal · Associação de nefropatia diabética com RD · Descartar outras patologias que associadas ou não ao DM poderiam levar a diminuição da TFG como HAS refratária, síndrome nefrótica, dimorfismo eritrocitário · TRATAMENTO · O controle glicêmico intensivo é fundamental para diminuição da progressão da ND: reduz desfechos microvasculares em 25%, redução da albuminúria sem melhora na TFG,rRedução no risco de progressão para doença terminal (46% após 5 anos) · Trazer os níveis glicêmicos e a HbA1c para valores próximos dos recomendados pelos estudos/sociedades · Cuidado com o risco de hipoglicemia em paciente IRC estágios 3 a 5 por anorexia pela uremia, redução do clearance de insulina, diminuição da metabolização/excreção dosados e neuropatia autonômica · Estratégias do tratamento em pacientes com doença renal do diabetes · Fármacos que atuam no SRAA: · Inibidores da enzima conversora da angiotensina · Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II · Antagonistas dos receptores da aldosterona · Inibidores diretos da renina · Restrição proteica · Restrição moderada de proteínas: 0,8 g/kg peso/dia na presença de progressão da DRD e redução da TFG ou EUA > 300 mg/24h · Controle pressórico · Uso de diuréticos (furosemida se TFG < 30 ml/min), antagonistas do cálcio e/ou β-bloqueadores e/ou vasodilatadores · Alvo: pressão arterial ≤ 140/80 mmHg ou ≤ 130/80 mmHg – situações especiais: jovem, risco elevado de AVC · Controle glicêmico: · Alvo: HbA1c < 7% · A própria Hb glicada deixa de ser um parâmetro confiável no renal crônico, pois geram uma falsa-elevação da glicada. · Individualizar de acordo com a presença de comorbidades · Controle de lipídeos: · Alvo LDL (paciente não dialítico): · Presença de DCV estabelecida ou LDL > 190 mg/dl- redução de 50% do LDL basal ou LDL < 70 mg/dl · LDL basal >100 mg/dl (40 a 75 anos idade): - redução de LDL basal em pelo menos 30% ou < 100 mg/dl · Alvo Triglicerídeos: < 150 mg/dl · Alvo HDL: > 40 mg/dl para homens e > 50 mg/dl para mulheres NEUROPATIA DIABÉTICA (ND) · É a principal complicação microvascular do diabetes · A ND é a complicação tardia mais frequente do diabetes (50% dos pacientes), muitas vezes já presente ao diagnostico no DM2 e no DM1 surge geralmente 5 anos ou mais após o diagnóstico · É consequência de alterações complexas induzidas principalmente pela hiperglicemia, com ativação de diversas vias metabólicas e angiogênicas, que culminam com dano da fibra nervosa · A Nd é uma importante complicação no diabético, ocasionando morbidade e mortalidade com piora significativa na qualidade de vida por incapacitação e diminuição da sobrevida por lesão neurológica extensa pelo organismo envolvendo amplamente todo o sistema nervoso periférico em seus componentes sensório-motor e autonômico, associado com outras complicações micro e macrovasculares · Hiperglicemia: o DCCT mostrou redução significativa no desenvolvimento e progressão da neuropatia clínica (64%), bem como ocorrência de disfunção autonômica (53%) no grupo intensivo; estudo com 121 pacientes com neuropatia dolorosa idiopática, 25% eram IGT (intolerantes a glicose) e associação com manifestações da RI (resistência insulínica) (obesidade, HAS e dislipidemia) · DX · Seu diagnóstico está altamente relacionado com a hiperglicemia crônica como evidenciado em estudos como DCCT e UKPDS · Em geral, baseia-se na correlação entre o quadro clínico e as alterações neurológicas identificadas no exame físico · As NDs são consideradas presentes somente após a exclusão de outras causas · Reserva-se os exames complementares para esclarecimento dx ou complementação da avaliação · Cerca de 50% dos pctes podem ser assintomáticos · FATORES RISCO: · Tempo de evolução do diabetes, controle glicêmico inadequado, HAS, dislipidemias, circunferência abd aumentada, IMC alto e tabagismo. · RASTREAMENTO: · no DM2 se inicia ao dx e no DM1 após 5 anos de dx e seguir anualmente. · CLASSIFICAÇÃO: 1) POLINEUROPATIA DIFUSA SIMÉTRICA · Forma mais comum de ND. Forma atípica (rara) tem manifestação aguda, dor intensa com perda ponderal significativa (caquexia neuropática), associada a depressão e disfunção erétil (sexo masculino). Desencadeada por descompensação aguda, a resposta clínica e a recuperação do peso ocorrem em 12 meses. · A maioria dos pctes é assintomático, mas cerca de 10% podem ter sintomas sensitivos incapacitantes · Início insidioso (fibras finas, grossas ou mista -/+ frequente) · Dor neuropática (parestesias, hiperestesias, queimação, choques, agulhadas, formigamentos e alodinia, principalmente em MMII) · Exacerbação noturna levando a quadro de insônia e durante o repouso · Distribuição de bota e luva · A intensidade da dor é variável · Exame clínico revela déficit sensitivo nas regiões plantares direcionando-se para as pernas · Sinais de disfunção motora podem estar presentes (fraqueza dos músculos menores e reflexos ausentes nos tornozelos) · DX: história clínica, exame físico e avaliar as características dos sintomas e sinais, se são simétricos e se evoluem de formas distal proximal. Verificar reflexos profundos, exame detalhado dos pés (perda de sensibilidade, deformidades, pele seca, hemorragia subcutânea, edema, distensão de vv, pontos de pressão, pulsos, alodinia, temperatura). · Fibras finas: · Avaliar sensibilidade dolorosa com palito de dente, sensibilidade tátil com algodão sensibilidade térmica · Fibras grossas: · Avaliar perda da sensibilidade vibratória com diapasão, perda da sensibilidade protetora com monofilamento de 10g e pesquisa de reflexos profundos. · EXAMES COMPLEMENTARES: biópsia de nervos e pele (PADRÃO OURO para avaliar fibras finas), ENMG (PADRÃO OURO para fibrasgrossas), microscopia confocal da córnea · TTO: medicamentoso (anticonvulsivantes, ISRS, IRSN, ADT, AINES, opioides, tópicos, botox e acupuntura, etc) e não medicamentoso (mudança de estilo de vida). 2) MONONEUROPATIA MÚLTIPLA DIABÉTICA E RADICULOPATIAS · Tende a acontecer em indivíduos mais velhos. · Radiculopatia truncal: · Ínicio de dor subaguda seguida de fraqueza, atinge principalmente pacientes com diabetes leve. · Envolvimento de raízes nervosas da região torácica, uni ou bilateral, mais comum em idosos caracterizada por dor lancinante semelhante à neuralgia pós-herpética (geralmente intercostal, cervical, torácica e lombossacral). · Amiotrofia diabética (ou Sd de Bruns-Garland ou Mononeurite multiplex ou Polirradiculopatia) · É a maior causadora de morbidade. · Inicia-se com dor, que pode ser lancinante, na região lombossacra e progride para a coxa e joelho ipsilateralmente. Pior a noite. · Apesar da dor, a atrofia e fraqueza muscular são os problemas mais importantes 3) MONONEUROPATIA DIABÉTICA AGUDA: · Surge, geralmente em períodos de transição, como hiper e hipoglicemias, início ou ajustes de insulina e perda rápida de peso. · Craniana: pares cranianos – III>VI>VII>IV; instalação aguda com dor e oftalmoplegia (poupa pupila geralmente) com recuperação em 3 meses e com recidivas. É a mais comum. · Mononeuropatias dos membros: mediano>ulnar>radial nos mmss e o femoral>ciático>peroneal nos mmii 4) NEUROPATIA AUTONÔMICA DO DIABETES (NAD) · Também é muito comum e os sintomas podem passar despercebidos nas fases inicias · O sistema simpático e parassimpático de diversos órgãos podem demonstrar evidencias de déficits (isolados ou em conjunto): 4.1) NAD CARDIOVASCULAR: · Redução do controle autonômico do coração em diabéticos, excluindo outras causas. · Prevalência baixa em recém-diagnosticados – 7% nos dm1 ou dm2 – mas aumenta para 30% após 20 anos de dm1 e 50% após 15 anos de dm2. · Principal fator de risco é o controle glicêmico inadequado, além de HAS, dislipidemia, tabagismo e obesidade. · Nefropatia, retinopatia e polineuropatia são preditores. · Dividida em clínica e subclínica. · No início há denervação parassimpática, na sequencia aumento do tônus simpático, e então denervação simpática correspondente a fase subclínica, á forma precoce e a grave respectivamente. · Todos os pacientes devem ser avaliados a partir de 10 anos de diagnóstico. · É fator de risco independente para mortalidade cardiovascular, arritmia, isquemia silenciosa, eventos cardiovasculares maiores e disfunção miocárdica. · Manifestação clínica: · Tontura, fraqueza, palpitações, desmaios e síncope. · Aumento da fc na posição ortostática com taquicardia de repouso (fc > 100 bpm) – já na fase precoce · Hipotensão ortostática (↓PAS e da PAD de 20 e 10 mmhg, respectivamente, após 2 min de adotar a posição ortostática) – fase avançada · Ausência do descenso noturno da PA · Alterações ECG: intervalo R-R fixo (sinal de completa denervação) · Intolerânica ao exercício físico por resposta reduzida de PA, FC e débito cardíaco após o exercício · Vasodilatação dorsal dos pés · Associação com outras complicações microvasculares, hipoglicemia assintomática, arritimias e morte súbita · Miocardiopatia diabética · Diagnóstico: · História e exame físico detalhado: FC ao repouso; avaliação do intervalo R-R em reposta a respiração profunda, valsalva e mudança de posição horizontal para vertical; variação de PA em resposta à mudança para posição vertical e aperto de mão mantido. · Tratamento: · Bom controle glicêmico · Hipotensão postural: evitar mudanças posturais bruscas, alimentar-se em pequenas quantidades e com mais frequência, evitar fármacos que precipitem hipotensão (diuréiticos, tricíclicos, etc), realizar exercícios contramanobra (ex: cruzar as pernas e flexionar o tronco para baixo), aumentar ingestão de líquidos e sal, evitar atividade física extenuantes, faixas nas pernas e abdome, meias elásticas, elevação da cabeceira da cama, fludrocortisona (0,1-0,4mg/d), midodrina, somastotastina, eritropoetina, desmopressina, cafeína. · iECA e BRA melhora desequilíbrio parassimpático/simpático e a disfunção diastólica do VE · Betabloqueadores cardiosseletivos: efeito positivo na disfunção autonômica. · Ác alfa-lipóico, vitamina E, inibidores da aldose redutase – atuam na evolução da doença. 4.2) NAD GASTROINTESTINAL · Ocorre em até ¾ dos pacientes · As manifestações mais comuns são constipação alternada com diarréia explosiva e a gastroparesia · Redução da motilidade esofágica: regurgitação, disfagia, propensão para erosões provocadas por medicamentos. · Gastroparesia: náusea, vômitos, saciedade precoce, eructações, distensão abdominal pós-prandial,...RX contrastado com retenção do meio após jejum, após exclusão de obstrução intestinal · A diarréia do DM ocorre com maior frequência no período noturno. · Incontinência fecal por alteração do tônus do esfíncter anal. · Diagnóstico: é de exclusão. · Cintilografia com isótopo duplo · Teste respiratório com Ác 13-octanóico · RX com bário · EDA · Manometria · Tratamento da gastroparesia: · metoclopramida ou domperidona antes das refeições; · eritromicina (250mg 6/6h) atua como agonista da motilina (↑ esvaziamento gástrico) · Agentes de massa · Tricíclicos · Extratos pancreáticos · Botox pilórico · Marca-passo gástrico · Alimentação enteral · Cirúrgico (gastrostomia) · Tratamento da enteropatia: · Loperamida · Anticolinérgicos (escopolamina, codeína) 4.3) DISFUNÇÃO SUDOMOTORA · Ocorre por envolvimento das fibras C · Perda do suor termorregulatório, com distribuição em “meia e luva” que pode se estender para a parte superior do membro e abdome superior, resultando em anidrose global e pele seca. · Pode também haver hiperhidrose como processo compensatório, em regiões proximais, como cabeça e tronco. · Ocasionalmente ocorre o suor gustatório em resposta a alimentos não condimentados, no rosto, cabeça, no pescoço, nos ombros e no tórax. · Diagnóstico: é feito com reflexo axonal sudomotor quantitativo, texto do suor e fluxo sanguíneo da pele. · Tratamento: emolientes e lubrificantes cutâneos, escopolamina, glicopirrolato, toxina botulínica e vasodilatadores. 4.4) NAD AUTONÔMICA DO TRATO GENITURINÁRIO · Disfunção vesical · 43 a 87% dos DM1 e 25% dos DM2 · Redução da sensibilidade vesical, aumento da capacidade vesical e retenção. · Geralmente assintomático. · Eleva risco de infecção urinária. · Disfunção erétil · 30 a 40% dos homens com diabetes. · Ocorre por disfunção endotelial e autonômica · Ejaculação retrógrada · Secura vaginal · Tratamento: · Para difusção sexual: terapia sexual, aconselhamento psicológico, lubrificante vaginal, inibidores da 5-fosfodiesterase, prostaglandinas intracavernosas e intrauretral, dispositivos à vácuo, prótese peniana · Para o tratamento da disfunção vesical: treinamento para esvaziamento vesical programado (compressões abdominais/manobra de Credé e auto-sondagem e betanecol (liberan) ou doxasozina – em casos de volume residual pós-miccional significativo (> 100 ml) – e cateterismo vesical intermitente. · PÉ DIABÉTICO · Condição de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associada á alteração neurológica e a vários graus de vasculopatia periférica de membros. · Frequentemente provoca prejuízo ao paciente e para o sistema de saúde devido a longas internações que · Culminam na amputação do membro. · Em países desenvolvidos, a doença arterial periférica é o fator determinante e evolutivo mais frequente, enquanto nos países em desenvolvimento a infecção é a complicação comum das úlceras de pés diabéticos e fator complicador que resulta, ainda, em amputações. · A incidência anual de úlceras varia entre 5 e 6,3%, e a prevalência, de 4 a 10%, ambas as mais altas em países com má situação socioeconômica. Precedem 85% das amputações. · Características comuns da doença: neuropatia, doença arterial periférica, infecção, osteomielite e Charcot. · Principais fatores de risco: neuropatia diabética, DAP, deforminades, limitação da mobilidade articular,alterações biomecânicas e traumas. · Maior risco de ulcerações e amputação: redução da acuidade visual, nefropatia, especialmente quando em diálise e tabagismo. · A insensibilidade resulta do agravo às fibras nervosas finas (tipos c e delta) pela exposição prolongada à hiperglicemia associada a fatores cardiovasculares, resultando em perda da sensibilidade à dor e temperatura. · O comprometimento de fibras grossas acarreta desequilíbrio, risco de quedas devido à alteração da propriocepção, falta da percepção de posição pelos receptores nas pernas e nos pés em estágios avançados, · O envolvimento motor pela hipotrofia dos pequenos músculos dos pés caus desequilíbrio entre tendões flexores e extensores, e surgimento gradual das deformidades neuropáticas: dedos em garra ou em martelo, proeminências de cabeças dos metatarsos e acentuação ou retificação do arco plantar. · Traumas (pelo uso de calçados inapropriados, caminhar descalço, objetos dentro dos sapatos etc.) Precipitam a ulceração. · A insensibilidade associada à limitação de mobilidade articular e deformidades resulta em alterações biomecânicas, com aumento de pressão plantar principalmente em antepé, nas cabeças dos metatarsos e nas regiões dorsais dos pododáctilos. · A pressão plantar anormal é um fator importante para ulceração somente se houver insensibilidade e está relacionada à limitações, sobretudo nas articulações de tornozelo, subtalar e metatarsofalangianas, causando hiperqueratose e calosidades, que são lesões pré-ulcerativas. · A hipo ou anidrose (pele seca), resultante da disautonomia periférica, e os calos favorecem o aumento da carga plantar, ocorrendo hemorragia subcutânea e ulceração pelo trauma repetitivo. · DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA x PÉ DIABÉTICO · Diagnóstico tardio e tratamento inadequado de DAP associada a uma úlcera são as causas que determinam a evolução para amputação em pessoas com dm. · A prevalência de DAP tem aumentado nas últimas três décadas e é estimada entre 50 e 60% dos pacientes com úlcera. · Caracteriza-se por ser predominantemente infra-inguinal e é de cinco a dez vezes mais frequente em pacientes com DM do que naqueles sem DM. · Entre 25 e 50% não há queixas de sintomas ou são atípicos, 30% têm claudicação intermitente e 20% manifestam formas mais graves, evoluindo para isquemia crítica · As características da dap associada a dm em relação à dap sem dm são: afeta pessoas mais jovens, é multissegmentar e bilateral, mais distal, com calcificação arterial média mais intensa, formação de colaterais deficiente, progressão mais rápida e maior risco de amputação. · RASTREAMENTO · História clínica – fatores de risco para ulceração dos pés: · Principais: PND, deformidades, trauma, DAP, histórico de úlcera e de amputação · Outros: doença renal do diabetes e retinopatia, condição socioeconômica e indivíduo que mora sozinho e/ou tem inacessibilidade ao sistema de saúde, maior duração do DM (> 10 anos) e mau controle glicêmico, idade (aumentam em ambos os sexos o risco de UPD entre 2 e 4 vezes), os homens, (o risco é 1,6 vez maior) depressão, desmotivação e baixa adesão ao autocuidado · EXAME DOS PÉS: · Manifestações dermatológicas podem estar presentes, como pele seca, rachaduras, unhas hipotróficas, encravadas ou micóticas, maceração e lesões fúngicas interdigitais, calosidades, ausência de pelos e alteração de coloração e temperatura (indicando isquemia). · Estesiômetro ou monofilamento de náilon (10g) detecta alterações de fibras grossas (alfa e beta) relacionadas com a sensibilidade protetora plantar - recomendado para o rastreamento de PND e de risco de ulceração neuropática. · Teste em quatro áreas plantares: hálux (região plantar da falange distal), primeira, terceira e quinta cabeças de metatarsos. · Diapasão 128 hz: testa fibras grossas sensitivas a-beta mielinizadas, para avaliação da sensibilidade vibratória, cuja função é de posição segmentar, de equilíbrio. Com o cabo do diapasão, pode-se testar a sensibilidade à temperatura ao frio, fibra fina delta ou quente, fibra c, pouco mielinizadas e sem mielina, respectivamente · Martelo: testa fibras grossas motoras a-alfa mielinizadas para a avaliação dos reflexos aquileus, uma função muscular · Pino ou palito: avalia fibras finas sensitivas (tipo c), para o teste de sensibilidade dolorosa; ou o Pinprick, percepção da diferença entre uma ponta grossa e outra pontiaguda (por exemplo, um palito japonês). · Bioestesiômetro e neuroestesiômetro: ambos são instrumentos que quantificam o limiar da sensibilidade vibratória – sensibilidade inferior ao do monofilamento. · Pressão plantar: · Pode anteceder os achados clínicos de PND · Afere-se por meio de plantígrafos sem escala de força ou com, validados em relação ao pedobarômetro, os quais, assim como as plataformas e as palmilhas dotadas de sensores, captam, por meio da pisada, a pressão anormal. · DAP: · Testes diagnósticos são menos confiáveis, pela calcificação da camada média arterial, presença de edema periférico e mesmo de infecção. · Palpação dos pulsos periféricos, artérias tibiais anteriores e tibiais posteriores. · Determinação do índice tornozelo-braço: · Com manguito de pressão, aferem-se as pressões sistólicas bilateralmente das artérias braquiais e das aa do tornozelo (pediosas/tibiais anteriores e posteriores). · A pressão sistólica máxima obtida das artérias do tornozelo é dividida pela maior pressão sistólica das aa braquiais. O resultado do índice de 0,9 a 1,30 é normal e afasta DAP · ACOMPANHAMENTO DO PÉ: · SEM DAP/NEUROPATIA/DEFORMIDADE: anual · NEUROPATIA COM OU S/ DEFORMIDADE: a cada 3-6 meses · DAP/NEUROPATIA/DEFORMIDADE: a cada 2-3 meses · HISTÓRIA DE ÚLCERA OU AMPUTAÇÃO: a cada 1-2 meses · TTO: · Úlcera: proteção da úlcera e alívio de pressão, restauração da perfusão cutânea e tratamento da infecção, curativos e debridamento quando necessário. Controle glicêmico. · Infecção e osteomielite: · Curativos · Antibióticos, · Debridamento superficial – o mais precoce possível exceto necrose seca · Amputação · Revascularização em caso de isquemia · Orteses, calçados, andadores ortopéticos para aliviar a pressão. · Alteranativas: debridamento autolítico com hidrogel, enzimático, biocirurgia (larvas e sanguessugas), mecânico com hidroterapia câmera hiperbárica. · Onicomicose – antifúngico. · NEURO-OSTEOARTROPATIA DE CHARCOT: · Caracterizado pela rápida deterioração óssea, com deformidade grave e irreversível, resultado em úlceras e amputações. · Ocorre em cerca de 10% dos diabéticos. · Dividida em fase aguda ativa (eritema e edema unilateral com temp >2ºC que o membro contralateral) e crônica estável (sem eritema e diferença de temperatura). · Diagnóstico: · Rx (no estado agudo precoce pode estar normal / estados mais avançados tem deformidades, fraturas, subluxações; esclerose óssea na fase crônica), · Cintilografia e RM (detectam alterações precoces). · Tratamento: imobilização até melhora – retirar carga, órteses tornozelo-pé para estabilização, tratamento cirúrgico na falha do tratamento conservador.
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