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resumo de farmacologia

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FARMACOLOGIA AULA 1
 INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA
 Farmacologia é a ciência que estuda a ação e efeito das drogas em organismos vivos e a interação dessas drogas no sistema como um todo. Muitas são as áreas que envolvem a farmacologia, desde a origem do medicamento, incluindo pesquisa e desenvolvimento, testes laboratoriais e clínicos, até a prescrição e adesão ao tratamento. Desse modo, é dividida em muitas facetas que abrangem diferentes mecanismos e sistemas, mas que compartilham do mesmo objetivo: pontuar as características e mecanismos particulares dos fármacos e suas classes terapêuticas.
 TEMA 1 – INTRODUÇÃO À FARMACOCINÉTICA A farmacocinética é a área da farmacologia que estuda as fases iniciais do fármaco a partir da administração, sendo elas: absorção, distribuição, biotransformação, biodisponibilidade e excreção. Todas essas fases estão interrelacionadas e apresentam processos diferentes. A absorção e distribuição indicam a passagem das moléculas da droga do local de administração para o sangue e a passagem das moléculas da droga do sangue para os tecidos, respectivamente. A eliminação do medicamento pode ocorrer por biotransformação e pela passagem de moléculas do sangue para o exterior do corpo por meio da urina, bile ou outras vias. Os benefícios terapêuticos são obtidos a partir de um medicamento dentro de uma janela abaixo da qual não há benefício terapêutico e acima da qual existem efeitos nocivos (toxicidade). A estreita faixa terapêutica de alguns medicamentos significa que apenas pequenas variações na concentração sanguínea são necessárias para resultar em toxicidade (ou nenhum efeito). A chave para manter as concentrações de fármacos dentro da faixa terapêutica é a biodisponibilidade, e os fatores que podem influenciar a biodisponibilidade são aspectos essenciais da farmacocinética. Para que um medicamento tenha efeito, exceto pela administração intravenosa, ele deve passar pelo menos por uma membrana. Para passar para a circulação sistêmica a partir do local da administração e, em alguns casos, chegar ao local da ação, um medicamento pode precisar superar barreiras físicas, químicas ou biológicas, como a barreira hematoencefálica. Existem diferentes mecanismos pelos quais um medicamento é transportado através de uma membrana biológica. A difusão passiva (simples) requer um grau de solubilidade lipídica para atravessar a bicamada fosfolipídica e move-se usando o gradiente de concentração até o equilíbrio ser alcançado. A difusão facilitada não requer energia, nem pode se mover contra um gradiente de concentração, mas a droga se assemelha suficientemente ao ligante natural para se ligar à macromolécula transportadora e atravessar a membrana. O transporte ativo também capitaliza a semelhança do medicamento com o ligante natural, permitindo que ele se ligue às macromoléculas transportadoras; no entanto, esse processo usa energia para transportar um medicamento contra o gradiente de concentração. Existem outros mecanismos de transporte mediados por transportadores que são transportadores não específicos de medicamentos, como a glicoproteína-P. A pinocitose incorpora o fármaco em uma vesícula lipídica para transporte mediado pelo transportador no citoplasma celular. O transporte por meio de poros ou canais de íons pode ocorrer com o gradiente de concentração para pequenos medicamentos solúveis em água. Embora a farmacocinética seja essencialmente o estudo da absorção, distribuição, metabolismo e excreção dos fármacos, isto é, como o corpo afeta os fármacos, não se limita a indivíduos saudáveis, mas inclui variações na biodisponibilidade, condições fisiológicas ou patológicas, ajuste de dose relacionado à doença e interações medicamentosas.
1.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
 Vários fatores determinam a via de administração de um medicamento. Alguns medicamentos só podem produzir um efeito terapêutico positivo ou atingir níveis terapêuticos no sangue por meio de certas vias de administração. Por exemplo, medicamentos que são administrados por via oral geralmente passam pelo metabolismo de primeira passagem, de modo que o efeito da droga pode não ser rápido como medicamentos que são administrados por via intravenosa (IV), nasal, intramuscular (IM), subcutânea (SC), retal ou sublingual, que não são submetidos a passar pelo metabolismo. A vantagem de não sofrer metabolismo de primeira passagem é especialmente importante em situações de emergência em que o efeito terapêutico do medicamento deve ser alcançado imediatamente. Existem métodos distintos para a administração de um medicamento ou droga. Esses métodos são: (1) administração tópica, (2) inalação, (3) administração oral, (4) parenteral e (5) administração retal.
 A administração tópica refere-se ao medicamento aplicado sobre uma superfície, como a pele. Essa via é uma das vias mais seguras, apresenta menores riscos de efeitos adversos, elimina a variável da biodisponibilidade observada na via oral e é de fácil adesão pelo paciente. Os medicamentos são apresentados em forma de pomadas, géis, cremes e emplastros, e devem ser administrados apenas no local da lesão.
 Na via inalatória, os fármacos se encontram na forma gasosa, como é o caso dos anestésicos inalatórios (exemplo: halotano), ou também em forma de cápsulas, comprimidos e spray, sendo estes muito utilizados por pacientes asmáticos ou que apresentem algum comprometimento brônquico pulmonar, necessitando do uso de um aparelho inalador. Depois de atingir os pulmões, os medicamentos atingem a circulação sistêmica.
 A via oral é a mais comum e conveniente via de administração de fármacos. Formas farmacêuticas como comprimidos, cápsulas, xaropes, suspensões e emulsões são tomadas por essa via. Ela é mais utilizada devido a vantagens como fácil administração, segurança para o paciente e ser indolor. No entanto, é contraindicada para pacientes que apresentam náuseas, vômitos, comprometimento gástrico e dificuldade de deglutição 
 Na via parenteral, é necessário o uso de seringas e agulhas, sendo esse método considerado invasivo e doloroso para o paciente. As três principais vias parentéricas de administração de medicamentos são IV, IM e SC. Preparações injetáveis são geralmente soluções ou suspensões estéreis do fármaco em água ou outros veículos fisiologicamente aceitáveis. Os volumes entregues podem variar de mililitros a litros. O tempo de início da ação para administração intravenosa é de segundos e, para injeções IM e SC, é de minutos. É utilizada quando a via oral não é indicada e/ou requer início de ação rápido. 
Finalmente, o medicamento pode estar na forma de um supositório e ser administrado por via retal. Embora a absorção do fármaco por esse método não seja tão utilizada quanto a administração oral, é muito eficaz devido a suas ações no local desejado.
1.2 ABSORÇÃO
 A absorção e os fatores que podem impedi-la afetam diretamente a biodisponibilidade do medicamento. A biodisponibilidade no contexto da farmacocinética é a fração do medicamento administrado que atinge a circulação sistêmica. Claramente, a injeção intravenosa e intra-arterial transfere o medicamento diretamente à circulação e fornece 100% de biodisponibilidade. Isso pressupõe que os medicamentos cheguem ao local da ação diretamente da circulação sistêmica. A medicação administrada por via oral (entérica) é a via mais simples e mais comum, mas pode ter biodisponibilidade variável, dependendo de muitos fatores que influenciam a absorção do medicamento, incluindo tamanho molecular do medicamento, solubilidade lipídica, grau de ionização, forma de dosagem (por exemplo, comprimido ou solução), natureza química do medicamento, fluxo sanguíneo (no local da administração), local de absorção e via de administração.O grau de vascularização afeta o início da ação, com início lento da administração subcutânea, início intermediário da administração intramuscular e início rápido da administração intravenosa. A administração muscular requer difusão passiva de drogas altamente lipofílicas na pele. Essa abordagem fornece um iníciode ação lento e o potencial de entrega lenta e contínua de medicamentos. 
1.3 DISTRIBUIÇÃO
O medicamento precisa ser distribuído para o local da ação em concentração suficiente para gerar a ação terapêutica. A distribuição envolve essencialmente o sistema circulatório, que distribui medicamentos para todos os tecidos, exceto o cérebro (por causa das barreiras da membrana). Consequentemente, o fluxo sanguíneo relativo para os tecidos afetará a dose necessária. Usando a difusão simples após injeção intravenosa como exemplo, a alta concentração plasmática inicial atinge o equilíbrio após a rápida entrada nas células com alta perfusão. Os tecidos mal perfundidos continuarão a concentrar a droga e, assim, diminuirão as concentrações plasmáticas. Por sua vez, as altas concentrações de fármaco em tecidos bem perfundidos diminuirão o tempo para alcançar o equilíbrio por meio das membranas. 
1.4 METABOLISMO
 O metabolismo dos medicamentos ocorre em grande parte no fígado, mas também pode ocorrer nos rins, pulmões, pele e trato gastrointestinal. O metabolismo envolve enzimas que modificam a droga em várias células (por exemplo, no fígado, nos hepatócitos). A maioria dos fármacos é formulada para ser lipossolúvel, de modo a poder atravessar as membranas da bicamada fosfolipídica e ser adequada para absorção oral. Como os fármacos lipossolúveis também seriam reabsorvidos da urina após a eliminação, o metabolismo dos fármacos lipossolúveis em estruturas hidrossolúveis é necessário para uma eliminação renal eficaz. Um pró-fármaco é um fármaco inativo que precisa passar pelo metabolismo para tomar forma ativa. Modificações a medicamentos são chamadas de biotransformações, e podem ser categorizadas como fase I ou fase II. 
A fase I – ou reações de oxidação, redução e hidrólise – pode ser referida como pré-conjugação. A oxidação geralmente adiciona um grupo polar à estrutura química de uma droga adicionando uma molécula de oxigênio; a redução tende a adicionar uma molécula de hidrogênio; e a hidrólise adiciona água. 
A fase II – ou reações de conjugação e hidrólise – geralmente facilitam a ligação do medicamento a uma molécula polar. A maioria dos medicamentos sofre metabolismo de fase I e fase II; no entanto, alguns passam apenas pela fase I ou pela II. 0
1.5 EXCREÇÃO
 Os fármacos e seus metabólitos podem ser eliminados do organismo por meio de vários mecanismos e de várias formas. Alguns medicamentos podem ter eliminação fracionada por várias vias. A eliminação de líquidos inclui principalmente a excreção renal e biliar (urina e bile), mas também a excreção no suor, lágrimas, saliva e leite materno. A excreção renal por filtração dos glomérulos pode ser seguida de reabsorção tubular para reter os principais nutrientes e outras substâncias (por exemplo, aminoácidos e vitaminas). Alguns medicamentos também podem retornar à circulação por reabsorção. Da mesma forma, os medicamentos eliminados pelo sistema biliar podem ser reabsorvidos do intestino e devolvidos pela veia porta hepática (ciclo entero-hepático). Em ambas as circunstâncias, a duração efetiva do efeito do medicamento é prolongada. 
TEMA 2 – FARMACODINÂMICA
 Farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos das drogas no corpo; isso inclui os mecanismos de ação da droga e a relação entre concentração e efeito. Um exemplo típico de farmacodinâmica é como um medicamento interage quantitativamente com um receptor para produzir uma resposta (efeito). 
2.1 RECEPTORES
 Receptores são uma das moléculas que interagem com os fármacos para produzir um efeito farmacológico no organismo. O efeito farmacodinâmico, às vezes chamado de efeito farmacológico, pode ser terapêutico e/ou causar toxicidade. Frequentemente, os medicamentos têm vários efeitos, incluindo a resposta terapêutica desejada, além de efeitos colaterais indesejados. Para muitos medicamentos, o efeito farmacodinâmico está relacionado à sua dose/ concentração; quanto maior a dose, maiores as concentrações de fármacos no corpo e mais intenso o efeito farmacodinâmico até um efeito máximo. É desejável que os efeitos colaterais e/ou toxicidade dos medicamentos ocorram em concentrações mais altas do que as concentrações necessárias para o efeito terapêutico. As alterações intracelulares iniciadas pelo complexo ligante-receptor podem ser por ação direta ou indireta; no entanto, o ligante geralmente funciona como agonista ou antagonista. Um agonista imitará o ligante endógeno para produzir uma resposta semelhante, enquanto um antagonista bloqueia o ligante usual e, assim, inibe a resposta fisiológica. Um agonista cria uma mudança conformacional no local da ação que imita o ligante fisiológico. 
A potência é determinada pela afinidade e eficácia. Um agonista completo tem alta eficácia. Um agonista parcial demonstra ação agonista e antagonista, que produz uma resposta truncada. Os efeitos submáximos representam eficácia intermediária a baixa. Um antagonista se liga no local da ação, mas não produz a alteração conformacional; não produz uma resposta e bloqueia a ligação de um agonista (eficácia zero). O antagonismo competitivo reversível reflete a afinidade e propensão do antagonista à dissociação, com um ligante ou agonista de maior afinidade (ou mesmo em virtude de maior concentração) sendo capaz de deslocar o antagonista. O antagonismo competitivo irreversível ocorre quando a dissociação do antagonista do local de ação ocorre lenta ou absolutamente. 
TEMA 3 – AÇÃO DOS FÁRMACOS 
Há outros fatores de grande importância que mediam os efeitos dos fármacos, tais como especificidade, seletividade, afinidade, potência e eficácia. Especificidade é a medida da capacidade de um receptor de responder a um único ligante. A baixa especificidade geralmente resulta em respostas fisiológicas não direcionadas ou pretendidas pelo medicamento; efeitos colaterais são um bom exemplo. De fato, não é incomum que um medicamento seja desenvolvido com uma ação teórica, mas a baixa especificidade dessa ação prejudica a eficácia, enquanto um efeito colateral surge como o novo papel direcionado. A seletividade define a capacidade do receptor de distinguir entre drogas e tem as mesmas implicações que a especificidade. A afinidade define a força da atração entre a droga e seu receptor. Uma alta afinidade está geralmente associada a uma menor dose requerida (em comparação com baixa afinidade pelo mesmo receptor). A potência descreve a relação entre a dose do medicamento e a magnitude do efeito. Alta potência induz um efeito forte com uma dose baixa de medicamento. Eficácia é a potência in vivo ou a resposta máxima alcançada de um medicamento. A interação do fármaco no corpo (por exemplo, absorção, metabolismo e excreção) pode alterar a biodisponibilidade relativa e, assim, alterar o efeito teórico do fármaco. O metabolismo rápido de um medicamento de alta potência, por exemplo, pode torná-lo de baixa eficácia, enquanto a absorção rápida, o metabolismo mínimo de primeira passagem e a excreção retardada podem criar maior eficácia, apesar de uma potência muito menor. O medicamento ideal será de fácil administração, totalmente absorvido, não ligado ao plasma, de início rápido, eliminado espontaneamente, quimicamente estável, altamente seletivo e específico, e com alta afinidade, potência e eficácia. Também terá uma duração de ação útil, um alto índice terapêutico (sem efeitos adversos) e nenhuma interação. No entanto, não existem exemplos de medicamentos sintéticos ou naturais que atendam a todos esses critérios. Além disso, pode haver circunstâncias em que essas propriedades ideais não sejam desejadas. Por exemplo, alta afinidade também pode causar uma ação prolongada que pode não ser desejável. Alta potência também nem sempre é desejável – por exemplo, em um medicamento com baixa seletividade. Todos os tipos de ligação estão envolvidos nas interações fármaco-receptor, e cada local de ligação ao medicamento possui uma característica química única que é amplamente definida pelas proteínas presentes. Como o fármaco e o receptorinteragem (estrutura, forma e reatividade) determina com que firmeza eles se ligam. Uma curta duração de ação para um medicamento geralmente está associada a vínculos mais fracos, ao modo que vínculos mais fortes produzem interações fármaco-receptor de maior duração (potencialmente irreversíveis). Na ligação fármaco-receptor, a taxa na qual a associação entre medicamento e receptor ocorre em relação à taxa de dissociação definirá a afinidade ou a força da atração. A baixa afinidade e, portanto, as maiores exigências de doses, estão associadas a medicamentos para os quais a taxa de dissociação é sensivelmente maior que a taxa de associação. Por outro lado, medicamentos de alta afinidade que requerem doses mais baixas de efeito tendem a estar associados a uma taxa de associação muito superior à taxa de dissociação. A constante de dissociação, que é simplesmente a razão entre a taxa de associação e a taxa de dissociação (menor significa maior afinidade), fornece informações sobre o efeito da droga e o efeito semi-máximo. 
TEMA 4 – RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA 
O efeito de um medicamento é resultado da concentração do medicamento no local de ligação; no entanto, respostas específicas às concentrações de fármacos geralmente não são lineares e, considerando que o efeito do fármaco é uma função da dose e do tempo, existe um nível significativo de complexidade. O tempo para o estado estacionário é influenciado por vários fatores, incluindo a taxa de dissociação. Deve-se ter em mente que a curva de resposta ao medicamento varia entre os indivíduos para o mesmo medicamento e dose (por exemplo, entre dados demográficos de sexo, peso, raça e idade), bem como dentro de um indivíduo (por exemplo, nível de hidratação, pressão arterial e doenças). Assim, uma curva de resposta a drogas representa uma resposta média que geralmente pode ser aplicada a uma população. A curva dose-resposta fornece informações valiosas sobre as características do medicamento e permite a compreensão de vários conceitos farmacodinâmicos específicos: dose resposta, inclinação da curva e efeito máximo, potência e eficácia, dose eficaz 50%, dose letal 50%, janela terapêutica e índice terapêutico, tolerância, sensibilização, e ativação e antagonismo. As interações medicamentosas podem causar danos devido ao aumento do efeito da droga (levando a toxicidade) ou diminuição do efeito da droga (levando a falha terapêutica). Existem várias estratégias que podem ser usadas para reduzir o impacto das interações medicamentosas. As interações entre medicamentos (interações medicamentosas) são uma causa importante de dano ao paciente e são particularmente importantes a serem consideradas em pacientes idosos, devido a muitos fazerem uso de diversos medicamentos (também chamado de polifarmácia), e pelos efeitos degenerativos do envelhecimento, favorecendo a interação medicamentosa. 
TEMA 5 – INTERAÇÃO ENTRE FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
Alguns medicamentos podem inibir o metabolismo de outro medicamento, o que permite que a quantidade do medicamento se acumule no organismo, levando a potencial toxicidade se a dose não for diminuída. A interação medicamentosa ocorre quando a administração de um medicamento altera os efeitos clínicos de outro. O resultado pode ser um aumento ou diminuição dos efeitos benéficos ou prejudiciais do segundo agente. Embora o número de combinações usadas para interagir medicamentos seja muito grande, apenas um número pequeno é relevante na prática clínica. As interações de absorção envolvem mudanças na taxa ou extensão da absorção. A taxa de absorção da maioria dos medicamentos depende do esvaziamento gástrico no intestino delgado. Drogas que atrasam (por exemplo, drogas anticolinérgicas) ou aumentam (por exemplo, drogas procinéticas) influenciam a taxa de aumento da concentração plasmática, mas não a quantidade total de drogas absorvidas. Uma extensão da absorção pode ser influenciada por segundas drogas que se ligam para formar complexos insolúveis ou quelatos. As interações de distribuição ocorrem quando os produtos são extensivamente conectados às proteínas, e a coadministração de um segundo pode ser alterada para uma forma ativa e não vinculada. Isso aumenta a quantidade de medicamento (não ligado) disponível para causar um efeito. Por exemplo, o diazepam desloca uma fenitoína das proteínas plasmáticas, resultando em aumento da concentração plasmática de fenitoína livre e em risco aumentado de toxicidade. Os efeitos do deslocamento proteico são geralmente menores, porque o metabolismo da droga afetada geralmente aumenta em paralelo com o aumento da concentração da droga livre. As interações de excreção envolvem principalmente alterações na excreção renal. Isso pode ser causado pela redução induzida por drogas com taxa de filtração glomerular (por exemplo, desidratação induzida por diuréticos, inibidores da ECA, AINEs), o que reduz a depuração e aumenta a concentração plasmática de muitos medicamentos, incluindo alguns com baixo índice terapêutico. Muitos medicamentos dependem do metabolismo das diferentes isoenzimas do citocromo P450 (CYP) no fígado. Os recursos em interação têm o potencial de aumentar as taxas de metabolismo, induzindo a formação de mais isoenzimas do CYP ou diminuindo o metabolismo, inibindo a atividade das isoenzimas. Os indutores enzimáticos (fenitoína, rifampicina) geralmente usam filtros de plasma, mas podem aumentar a conversão de um medicamento em forma ativa. Inibidores da enzima (por exemplo, claritromicina, cimetidina, suco de toranja) têm o efeito oposto. Os efeitos da indução enzimática geralmente levam pelo menos alguns dias para se manifestarem devido à necessidade de sintetizar uma nova enzima CYP. Por outro lado, os efeitos da inibição enzimática podem ser rápidos, com um medicamento rapidamente afetado para uma nova concentração mais alta no estado estacionário.
FARMACOLOGIA AULA 2 
DISLIPIDEMIAS 
Dislipidemias são distúrbios do metabolismo das lipoproteínas, incluindo superprodução ou deficiência de lipoproteínas. Esses distúrbios podem se manifestar pela elevação das concentrações séricas de colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL), triglicerídeos e diminuição da concentração da lipoproteína de alta densidade (HDL). Além de causas genéticas, outros fatores influenciam esse distúrbio lipídico, incluindo superprodução de colesterol, consumo excessivo de bebida alcoólica, doença renal crônica, obesidade, diabetes mellitus, uso de medicamentos e hábitos alimentares, entre outros. De modo geral, esses distúrbios lipídicos são classificados em duas maneiras, com base no nível de colesterol do paciente afetado. As classificações são as seguintes: fenótipo, quando o distúrbio lipídico está presente devido ao aumento dos níveis lipídicos no corpo; e etiológico, devido a razões genéticas (histórico familiar). Os tipos mais comuns de dislipidemia são: Aumento de colesterol (hipercolesterolemia); Aumento de triglicerídeos (hipertrigliceridemia). Mas qual é a diferença entre colesterol e triglicerídeos? O colesterol é um tipo de lipídeo proveniente de duas fontes: o organismo produz uma parte e a outra é adquirida da alimentação, por exemplo, carne, aves e laticínios integrais contêm colesterol, chamado colesterol dietético. O colesterol circula no sangue e, à medida que os níveis aumentam na circulação sanguínea, aumenta também o risco para a saúde. 
Já os triglicerídeos têm sua síntese no fígado, enquanto o armazenamento ocorre nas células adiposas (tecido adiposo). A glicose é a principal fonte de energia em nosso corpo, mas quando há um baixo nível de glicose no sangue, as moléculas de lipídios e principalmente os triglicerídeos começam a queimar e fornecer energia. Embora forneça mais energia, ter um alto nível de triglicerídeos no sangue pode aumentar o risco de doenças cardíacas. Assim, altos níveis de triglicerídeos na circulação sanguínea podem causar aterosclerose, doenças cardíacas, entre outras. Embora a dislipidemia seja considerada multifatorial, os sintomas são namaioria das vezes comuns, não havendo diferenciação sintomática entre hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Alguns autores chamam de doença silenciosa por ser assintomática e passar despercebida pelos pacientes, sendo necessário um diagnóstico clínico e bioquímico. 
TEMA 1 – LIPOPROTEÍNAS 
Colesterol e triglicerídeos são moléculas gordurosas. Devido a essa característica, não são capazes de circular facilmente na corrente sanguínea. Para que o colesterol e os triglicerídeos circulem no sangue, geralmente são necessárias proteínas que tornam o colesterol e os triglicerídeos mais solúveis. Esse complexo lipídico e proteico é referido como lipoproteína. Existem cinco tipos diferentes de lipoproteínas no sangue e elas são geralmente classificadas de acordo com sua densidade. Os principais tipos de lipoproteínas analisadas em um painel lipídico incluem lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e lipoproteínas de alta densidade (HDL). 
1.1 VLDL Essas lipoproteínas consistem em triglicerídeos principais, algumas moléculas de colesterol e menos proteína. Quanto mais gordura uma lipoproteína contém, menor a densidade. Nesse caso, o VLDL é menos denso que a maioria das lipoproteínas devido à sua alta composição lipídica. O VLDL é produzido no fígado e é responsável por fornecer triglicerídeos às células do corpo, o que é necessário para os processos celulares. À medida que os triglicerídeos são entregues às células, o VLDL é constituído por menos gordura e mais proteínas, deixando o colesterol na molécula. À medida que esse processo ocorre, o VLDL se tornará uma molécula de LDL.
 O LDL consiste em mais colesterol do que triglicerídeos e proteínas. Por conter menos lipídios e mais proteína em comparação com o VLDL, sua densidade é maior. O LDL é responsável por transportar o colesterol para as células que precisam dele. Níveis elevados de LDL estão associados a um risco aumentado de doença cardiovascular, por isso também é conhecido como colesterol “ruim”. 
1.3 HDL Comparado ao LDL, o HDL consiste em menos colesterol e mais proteína, tornando essas lipoproteínas as mais densas. O HDL é produzido no fígado e no intestino. É responsável por transportar o colesterol das células de volta ao fígado. Por esse motivo, o HDL também é considerado o colesterol “bom”. Existem outras lipoproteínas que também funcionam no transporte de gorduras para as células, mas não são comumente medidas em um painel lipídico de rotina. Quilomícrons: essas lipoproteínas são as menos densas dentre todas as lipoproteínas. Essas moléculas são compostas principalmente de triglicerídeos e uma pequena quantidade de proteína. Os quilomícrons são responsáveis pelo transporte de lipídios do trato intestinal para as células do corpo. Lipoproteína de densidade intermediária (IDL): essas lipoproteínas são menos densas que as moléculas de LDL, mas mais densas que as partículas de VLDL. Como os triglicerídeos do VLDL são decompostos pelas células que precisam dele, a partícula se torna mais densa devido à mudança na proporção de lipídios para proteínas. Isso resulta na conversão de VLDL em IDL. À medida que triglicerídeos e colesterol são entregues a mais células do corpo, o IDL será gradualmente convertido em LDL. 
 TEMA 2 – HIPERCOLESTEROLEMIA 
Cerca de 75 a 80% do colesterol circundante na corrente sanguínea é proveniente de síntese hepática. No fígado, o colesterol tem três destinos principais: conversão em ácidos biliares, passagem para a corrente sanguínea (transportado por lipoproteínas) e inserção na membrana plasmática. Apenas 25% do colesterol no sangue provém da dieta, mas dietas ricas em gordura aumentam a produção de colesterol no fígado e os níveis de colesterol no sangue. O nível normal de colesterol no sangue é um número derivado de análises laboratoriais. O normal ou desejável é definido como menos de 200 mg de colesterol por decilitro de sangue (mg/dL). O colesterol no sangue é considerado limítrofe quando está na faixa de 200 a 239 mg/dL, sendo considerado elevado com valores iguais ou superiores a 240 mg/dl. A hipercolesterolemia aumenta o risco de doenças cardíacas. Níveis elevados de colesterol circulante fazem com que depósitos se formem dentro dos vasos sanguíneos. Esses depósitos, chamados placas, são compostos de gorduras depositadas na corrente sanguínea. Quando os depósitos se tornam suficientemente grandes, eles impedem a passagem do sangue, reduzindo o fluxo sanguíneo pelos vasos, provocando a formação de ateromas e, consequente, resultando no processo de doença chamado aterosclerose. Se isso acontecer nas artérias que suprem o coração, ocorrerá um ataque cardíaco. Se isso ocorrer no cérebro, o resultado é um acidente vascular cerebral, em que uma porção do tecido cerebral morre. A aterosclerose causa mais mortes por doenças cardíacas do que qualquer outra condição. 
TEMA 3 – HIPERTRIGLICERIDEMIA 
 A hipertrigliceridemia pode resultar de uma variedade de causas. A hipertrigliceridemia leve a moderada ocorre geralmente como parte da síndrome metabólica, podendo ser o resultado de múltiplas mutações genéticas em um indivíduo ou família e pode ser secundária a várias doenças e medicamentos. O nível sérico de triglicerídeos reflete a concentração das lipoproteínas ricas em triglicerídeos (VLDL e quilomícrons). VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa) e quilomícrons tornam-se relativamente enriquecidos com colesterol, uma vez que o núcleo de triglicerídeos é hidrolisado nos tecidos periféricos. Aparentemente, as lipoproteínas remanescentes ricas em triglicerídeos, em oposição às lipoproteínas ricas em triglicerídeos muito grandes, podem ser aterogênicas. Embora o triglicerídeo em si não seja encontrado nas placas ateroscleróticas, acredita-se que o conteúdo de colesterol das lipoproteínas ricas em triglicerídeos possa contribuir para o desenvolvimento da placa. Além disso, a lipólise de lipoproteínas ricas em triglicerídeos produz ácidos graxos livres, lisolecitina e outros lipídios reativos que podem ter efeitos pró-inflamatórios e pró-coagulantes. O nível plasmático de triglicerídeos é um biomarcador independente bem estabelecido de risco de doença cardiovascular, e as lipoproteínas ricas em triglicerídeos têm propriedades aterogênicas. O triglicerídeo prediz doenças cardiovasculares em uma ampla gama de circunstâncias. Sua associação com o risco de doença cardiovascular é parcialmente atenuada pelo ajuste do colesterol HDL, com o qual está moderadamente correlacionado. Certos medicamentos, como corticoides, betabloqueadores e estrogênios, podem aumentar os níveis de triglicerídeos no sangue. Os triglicerídeos mudam drasticamente em resposta às refeições, aumentando em até 5 a 10 vezes mais que os níveis de jejum, poucas horas depois de comer. Mesmo os níveis de jejum variam consideravelmente no dia a dia. Portanto, alterações modestas nos triglicerídeos de jejum medidos em dias diferentes não são consideradas anormais. De modo geral, a maioria das pessoas com hipertrigliceridemia ou altos níveis de triglicerídeos não apresenta sintomas e o único meio de descobrir um nível alto de triglicerídeos é por meio de exames de sangue. No entanto, em casos raros, uma pessoa pode ter um nível extremamente alto de triglicerídeos (acima de 1.000 mg/dL) sustentado ao longo do tempo e experimentar repetidas crises de pancreatite aguda. Alguns dos sinais e sintomas incluem dor na região superior da área do estômago, que se desenvolve repentinamente e depois piora gradualmente, seguida de febre, náusea, vômito e, em alguns casos, icterícia. 
TEMA 4 – TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
O manejo das dislipidemias é parte importante das estratégias de prevenção de doenças cardiovasculares, sendo o tratamento de escolha muitas vezes dependente de idade e sinais/sintomas das pessoas afetadas. Em alguns casos, é iniciado com a prática de atividade física, perda de peso, mudança no estilo de vida e hábitos alimentares. No entanto, alguns estudos sugerem que apenas cerca de 10%-20% do nível de colesterolé reduzido com a mudança nessas práticas, sendo necessário a intervenção do tratamento farmacológico associado a todos esses hábitos. Atualmente, encontram-se disponível cinco classes de agentes terapêuticos para o tratamento dos distúrbios do metabolismo dos lipídios. Três dessas classes (inibidores da síntese de colesterol, sequestradores de ácidos biliares e inibidores da absorção de colesterol) exercem efeitos relativamente bem definidos sobre o metabolismo dos lipídios. Outras duas classes (fibratos e niacina) apresentam atividades bem definidas; no entanto, seus mecanismos moleculares de ação são distintos e estudados até hoje. Os inibidores da síntese de colesterol (inibidores da HMG-CoA redutase, também conhecidos como estatinas) são os mais utilizados devido a sua eficácia comprovada na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Embora esses fármacos sejam distintos em mecanismos de ação, muitas vezes são utilizados em combinação visando tratar causas especificas de dislipidemias. 
4.1 ESTATINAS
 Esses medicamentos inibem competitivamente a enzima HMG-CoA redutase, enzima essa que sintetiza o colesterol no fígado. O bloqueio dessa enzima leva a um aumento da expressão dos receptores hepáticos de LDL e maior captação de LDL colesterol no plasma. A produção de lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL), precursora do LDL, diminui, o efeito final é a redução no colesterol LDL de 20 a 60%, acompanhada de reduções menores no triglicerídeo plasmático e um pequeno aumento no colesterol HDL. Alguns desses fármacos estão descritos na Tabela 1. Tabela 1 – Doses (mg) de estatinas necessárias para obter várias reduções no colesterol das lipoproteínas de baixa densidade dos valores basais 20-25% 26-30% 31-35% 36-40% 41-50% 51-55% Atorvastatina - - 10 20 40 80 Pitavastatina 1 2 4 Pravastatina 10 20 40 Rosuvastatina - - - 5 10 20,40 Sinvastatina - 10 20 40 80 19/06/2021. O efeito adverso mais importante das estatinas é a miopatia, acompanhada de dores musculares, cansaço, rigidez, câimbra, fraqueza etc. Em casos raros, pode ocorrer rabdomiólise grave, levando a danos renais fatais. 
4.2 INIBIDORES DA ABSORÇÃO DE ÁCIDOS BILIARES 
As trocas aniônicas resinas colestiramina e colestipol ligam os ácidos biliares contendo colesterol no intestino, produzindo um complexo insolúvel que impede a reabsorção. Isso resulta em aumento da oxidação hepática do colesterol em ácidos biliares, excreção fecal de colesterol e atividade do receptor de LDL. Esses agentes diminuem os níveis de colesterol LDL em até 20%. Eles podem ser uma boa escolha em pacientes com doença hepática, pois não afetam o metabolismo hepático, podendo ser também uma boa opção em pacientes jovens e mulheres em idade fértil. As resinas de ligação ao ácido biliar podem causar um aumento nos níveis de triglicerídeos. Os efeitos colaterais incluem constipação, desconforto abdominal, flatulência, náusea, inchaço e azia. 
4.3 INIBIDORES DA ABSORÇÃO DE COLESTEROL 
O ezetimiba é o primeiro dos inibidores da absorção de colesterol, uma nova classe de drogas modificadoras de lipídios, que inibe fortemente a absorção de colesterol biliar e dietético do intestino delgado sem afetar a absorção de vitaminas lipossolúveis, triglicerídeos ou ácidos biliares. A ezetimiba localiza-se na borda da escova dos enterócitos do intestino delgado e reduz a captação de colesterol nos enterócitos. Isso tem o efeito de inibir a absorção do colesterol, mantendo o colesterol no lúmen intestinal, permitindo que seja excretado. 
4.4 FIBRATOS 
Os fibratos são fármacos que agem a partir da estimulação dos receptores nucleares PPAR-alfa (peroxisome proliferator-activated receptor alfa), que modulam a transcrição de múltiplos genes envolvidos no metabolismo lipídico. Isso faz com que haja o aumento da produção e ação da enzima lípase lipoprotéica (LPL) e redução da apoproteína CIII (Apo CIII), que são responsáveis por estimular a lipólise dos triglicerídeos VLDL e dos quilomícrons. Embora incomum, o principal efeito adverso é a rabdomiólise, ocasionando insuficiência renal associada à excreção de proteínas musculares pelos rins. É contraindicado para pacientes que já apresentem o comprometimento do sistema renal e também pacientes etilistas, por apresentarem predisposição a hipertrigliceridemia. 
4.5 NIACINA A niacina (vitamina B3) em doses de 1.500 a 3.000 mg/dia reduz o triglicerídeo em cerca de 15% a 40%, diminuindo sua síntese através da inibição da enzima DGAT 2 do fígado. Os principais efeitos adversos incluem hepatotoxicidade, tolerância à glicose diminuída e hiperuricemia. A niacina é contraindicada em pacientes com úlcera péptica ativa. Além desses medicamentos, frequentemente são utilizados ômega 3 em alguns casos adjunto aos tratamentos convencionais. Os ácidos graxos ômega-3, indicados para o tratamento de hipertrigliceridemia grave e muito grave (acima de 1.000 mg/dL), reduzem os triglicerídeos em 20% a 50% em doses de 3 a 4 g/dia de ácido eicosapentaenóico (EPA) mais ácido docosahexaenóico (DHA). 
TEMA 5 – SÍNDROME METABÓLICA 
A síndrome metabólica (SM) é uma combinação de problemas que podem ocorrer ao mesmo tempo, como resistência à insulina e excesso de gordura corporal abdominal, isso significa uma cintura que mede 102 centímetros ou mais para homens e 88 centímetros ou mais para mulheres, colesterol elevado, com valores acima de 150 mg/dl e valores de HDL inferior a 40 mg/dl nos homens e nas mulheres, proteína na urina, entre outros. Essa combinação de condições aumenta o risco de doenças cardíacas, derrame e diabetes. Em geral, as pessoas com síndrome metabólica têm pelo menos três das condições listadas. A causa exata desse distúrbio é desconhecida, pois envolve diversos fatores. O processo de envelhecimento, sedentarismo e sobrepeso são condições que contribuem para o desenvolvimento. De modo geral, o diagnóstico é feito com base em exames físicos como medição da circunferência abdominal, e avaliação bioquímica dos parâmetros de colesterol, especificamente triglicerídeos e HDL, acompanhamento da pressão arterial e dosagem da glicemia em jejum. O tratamento da SM é principalmente feito por meio de mudanças no estilo de vida, hábitos alimentares e acompanhamento clínico. 
FARMACOLOGIA AULA 3 
TEMA 1 – DIABETES 
Diabetes mellitus é uma condição crônica comum e sua prevalência está aumentando dramaticamente em todo o mundo. A diabetes pode ser dividida amplamente em diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.
 A diabetes do tipo 1, também conhecido como diabetes mellitus insulinodependente – DMID – ou diabetes de início juvenil, é causada pela incapacidade do pâncreas em produzir insulina (hormônio capaz de controlar os níveis de glicose no sangue) ou pelo organismo não ser capaz de usar a insulina com eficiência, ou ambos. 
A diabetes do tipo 2, conhecida como diabetes mellitus não insulinodependente – DMNID – ou diabetes de início na maturidade, é acompanhada tanto de resistência à insulina (a qual precede a manifestação da doença) quanto de comprometimento da secreção de insulina. Em ambos os casos, a diabetes pode resultar em uma série de complicações à saúde, incluindo doenças cardíacas, renais, cegueira e amputação de membros inferiores. É frequentemente associada a outras condições crônicas de saúde, como doença cardiovascular e doença renal crônica. Caso: senhor J. M., 65 anos, compareceu à emergência do hospital da cidade onde mora se queixando de dor abdominal seguido de episódios de vômito, falta de ar e que aumentou o volume de urina durante o dia. Ao ser questionado sobre seu estado de saúde, senhor J. M. informou que é hipertenso e diabético há muitos anos e que faz uso de alguns medicamentos, e que nos últimos dias tem tido dificuldade de manter sob controle seus níveis de glicemia pois apenas a metformina 850 mg/dia não estava sendo suficiente, então, o médico acrescentou glicazida 30mg/dia. Informou também que faz uso de atenolol 50 mg/dia e hidroclorotiazida 25mg/dia. Além da diabetes claramente citada, o que mais pode estar acontecendo como senhor J. M. que causaria todos esses sintomas? 
TEMA 2 – DIABETES MELLITUS
 A diabetes mellitus é uma condição relacionada à disponibilidade e eficácia da insulina no organismo. A diabetes tipo 1 é caracterizada por uma total falta de insulina. A diabetes tipo 2 envolve resistência dos tecidos periféricos do corpo aos efeitos da insulina. Ambas as formas não têm o efeito de sinalização da insulina quando o glucagon e outros sinais metabólicos estão presentes em níveis normais ou altos. Um desequilíbrio no metabolismo dos carboidratos e seus efeitos em outras vias metabólicas causam diabetes mellitus. A seguir, é possível estabelecer uma comparação entre a diabetes do tipo 1 e 2 em relação a seus aspectos patológicos e farmacológicos (Quadro 1). 
Quadro 1 – Comparação entre tipos de diabetes TIPO 1 TIPO 2 Etiologia Destruição autoimune das células β do pâncreas Resistência à insulina, com função inadequada das células β para compensação Níveis de insulina Ausentes ou insignificantes Tipicamente mais altos que o normal Ação da insulina Ausentes ou insignificantes Diminuída Resistência à insulina Não como parte da síndrome, embora possa estar presente (por exemplo, em pacientes obesos) Sim Idade de início Tipicamente 40 anos de idade Complicações agudas Cetoacidose Hiperglicemia (podendo resultar em convulsões e coma hiperosmóticos) Complicações crônicas Neuropatia Retinopatia Iguais ao Tipo 1 Nefropatia Doença vascular periférica Coronariopatia Intervenções farmacológicas Insulina Dispõe de várias classes de fármacos, incluindo insulina se outras formas de terapia não tiverem sucesso. 
2.1. CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DA DIABETES MELLITUS Existem várias maneiras de diagnosticar diabetes. A Associação Americana de Diabetes (ADA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotam critérios para o diagnóstico da diabetes que incluem o nível de glicose no plasma, tanto no valor da glicemia de jejum quanto no valor do teste de tolerância à glicose, ou nos critérios de hemoglobina glicada (A1C). 
Tabela 1 – Critérios para o diagnóstico da diabetes 
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA DIABETES · 
Sintomas de diabetes mais concentração aleatória de glicose no sangue ≥11,1 mM (200mg/dl) a ou · Glicemia plasmática em jejum ≥ 7,0 mM (126mg/dl) b ou · Glicemia plasmática de duas horas ≥11,1 mM (200mg/dl) durante um teste oral de tolerância à glicose c ou · HbA1c ≥6,5% Nota: na ausência de hiperglicemia inequívoca e descompensação metabólica aguda, esses critérios devem ser confirmados por testes repetidos em um dia diferente. aO termo aleatório é definido como sem levar em consideração o tempo desde a última refeição. bO jejum é definido como nenhuma ingestão calórica por pelo menos 8 h. cO teste deve ser realizado usando uma carga de glicose contendo o equivalente a 75 g de glicose anidra dissolvida em água; este teste não é recomendado para uso clínico de rotina
TEMA 3 – O PAPEL DA INSULINA NO METABOLISMO 
A insulina é um hormônio que está constantemente presente em indivíduos com alimentação saudável. É um importante sinalizador para o armazenamento de nutrientes em excesso, como glicogênio e triglicerídeos na forma de tecido adiposo. A insulina tem como alvo principal o fígado, tecido adiposo e músculos estriados. A síntese e liberação de insulina são estimuladas pela glicose, mas potencializadas pelos aminoácidos. No fígado, a insulina estimula a glicogênese, a síntese de ácidos graxos, a glicólise e a via da pentose fosfato. No tecido adiposo, a insulina estimula a captação de glicose e ácidos graxos, bem como a síntese de triglicerídeos, também conhecida como armazenamento de energia. Nos músculos esqueléticos, a insulina estimula a captação de glicose, a glicogênese e a síntese de proteínas. As células betas pancreáticas liberam insulina devido ao aumento das concentrações de glicose no sangue. A glicose entra nessas células via GLUT2 por meio do transporte passivo. Esse transportador de glicose possui glicose de afinidade fraca. Favorece apenas a glicose após a refeição, quando os níveis de glicose no sangue estão altos e não em jejum. A insulina afeta o metabolismo das células com receptores de insulina. Eles incluem os hepatócitos, adipócitos e células musculares. 
3.1 DIABETES TIPO 1 
A diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença crônica caracterizada pela incapacidade do organismo de produzir insulina devido à destruição autoimune das células beta no pâncreas. Embora o início ocorra frequentemente na infância, a doença também pode se desenvolver em adultos. Alguns fatores de risco conhecidos para diabetes tipo 1 incluem:
 Histórico familiar.Fatores genéticos: a presença de certos genes indica um risco aumentado de desenvolver DM1. Idade: embora o DM1 possa desenvolver em qualquer idade, geralmente atinge crianças com idade entre 4 e14 anos. No DM1, o fígado é capaz de fabricar glicose, mas há apenas um estoque limitado de glicogênio. Quando a insulina está ausente, a gliconeogênese não é controlada e os níveis de glicose no sangue aumentam. Ao mesmo tempo, as células adiposas e musculares não conseguem absorver a glicose no sangue através do transportador de glicose 4 (GLUT4). O corpo não pode remover a glicose no sangue elevada. Enquanto a glicose é muito alta no sangue, os músculos periféricos e os tecidos adiposos sofrem de glicose. A secreção de glucagon é “desacoplada” dos níveis de glicose no sangue. A insulina é importante na regulação da secreção de glucagon. Portanto, o glucagon sem oposição, com hormônios contrarreguladores como catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento, inibe a síntese de glicogênio. Os processos de gliconeogênese, glicogenólise e lipólise são estimulados. O aumento da lipólise causa elevação de ácidos graxos livres na corrente sanguínea. As moléculas de ácidos graxos são parcialmente absorvidas pelo fígado e depois incorporadas às lipoproteínas. Isso aumenta os níveis de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL), que é um fator de risco para doenças cardíacas. Os corpos cetônicos são produzidos devido à lipólise excessiva e não podem ser inibidos sem insulina. Uma condição perigosa chamada cetoacidose pode se desenvolver se os níveis de cetona estiverem excessivamente elevados. A insulina exógena deve ser injetada no organismo – o único tratamento disponível. Infelizmente, mesmo com as melhores tentativas de controle, glicose e lipídios elevados danificam os tecidos e eventualmente causam complicações médicas 
3.2 DIABETES TIPO 2 
Na diabetes tipo 2 (DM2), a resistência à insulina faz com que o corpo reaja como se ele não tivesse insulina, mesmo estando presente em níveis elevados. Devido ao envelhecimento e ganho de peso, os tecidos que antes respondiam normalmente à insulina tornam-se refratários à ação do hormônio sendo necessário o aumento dos níveis de insulina para responder de modo apropriado. Semelhante a diabetes tipo 1, em muitos aspectos, essa forma difere porque o fígado ainda é capaz de fabricar glicogênio e a lipólise é controlada devido à presença de insulina. As lipoproteínas plasmáticas geralmente são elevadas, geralmente devido à má nutrição e obesidade. A cetoacidose geralmente não está relacionada ao DM2, mas pode ocorrer devido a outros estressores metabólicos e, se ocorrer insuficiência pancreática, leva à diminuição da produção e secreção de insulina. O tratamento é inicialmente por dieta, embora os antidiabéticos orais se tornem normalmente necessários e, em último caso, a maior parte dos pacientes se beneficie de insulina exógena. A morbidade por diabetes tipo 2 está predominantemente relacionada às suas complicações microvasculares e macrovasculares. Pacientes com diabetes tipo 2 apresentam maior risco de acidente vascular cerebral e doença cardiovascular, além de comprometimento renal, retinopatia e danos nos nervos periféricos. 
3.3 CETOACIDOSE DIABÉTICA 
A cetoacidose diabética é uma complicação grave da diabetes tipo 1 e, menos comumente, da diabetes tipo 2. Ocorre quando os níveis no sangue estão muito altose as substâncias ácidas chamadas cetonas se acumulam em níveis perigosos no corpo. A deficiência de insulina, o aumento de hormônios contrarreguladores de insulina, tais como o cortisol glucagon, entre outros, juntamente com a resistência periférica à insulina levam a hiperglicemia, desidratação, cetose e desequilíbrio eletrolítico, sendo esses diretamente relacionados à ocorrência da cetoacidose. Os sintomas iniciais mais comuns da CAD são o aumento da sede e da poliúria, além de malestar, fraqueza generalizada e sensação de cansaço, náusea e vômito (Quadro 2). O tratamento emergencial inclui a correção da perda de líquidos com fluidos intravenosos; correção de hiperglicemia com insulina correção de distúrbios eletrolíticos, particularmente perda de potássio; correção do equilíbrio ácido-base. 
Quadro 2 – Sintomas iniciais Reação Sinais e sintomas Reação hipoglicêmica Dor de cabeça, tontura, nervosismo, apreensão, tremor, transpiração excessiva, frio, pele húmida, taquicardia, fala arrastada, lapsos de memória, confusão, convulsão. Açúcar no sangue 250mg/dl. 
3.4 DIABETES INDUZIDA POR MEDICAMENTOS 
Vários medicamentos têm efeitos colaterais que incluem o aumento dos níveis de glicose no sangue. A diabetes induzida por drogas ocorre quando o uso de um medicamento específico leva ao desenvolvimento de diabetes. Em alguns casos, o desenvolvimento de diabetes pode ser reversível se o uso do medicamento for interrompido, mas em outros casos a diabetes induzida por medicamentos pode ser permanente. A diabetes induzido por drogas é uma forma secundária de diabetes; em outras palavras, resultante de outro problema de saúde. Alguns dos fármacos capazes de induzir a diabetes secundária incluem os corticoesteroides, diuréticos tiazidas, estatinas, antipsicóticos e betabloqueadores, entre outros. 
TEMA 4 – HIPOGLICEMIA 
A hipoglicemia é uma reação à insulina que ocorre devido ao aumento dos níveis de insulina no soro. É mais comum em pacientes que estão recebendo insulina. Na diabetes, a hipoglicemia geralmente é o resultado da relação entre hiperinsulinemia terapêutica e defesas deficientes contra a redução dos níveis de glicose, o que resulta em falha autonômica associada à hipoglicemia (HAAF). Muitos medicamentos e distúrbios podem causar hipoglicemia. Na maioria das vezes, a hipoglicemia sintomática é devida a medicamentos utilizados no tratamento da diabetes mellitus, incluindo antihiperglicêmicos orais ou insulina. Quando a hipoglicemia ocorre por outros motivos, o corpo costuma ser altamente capaz de compensar. As causas de hipoglicemia controladas pela insulina incluem administração exógena de insulina e qualquer coisa que incentive a secreção de insulina. 
TEMA 5 – TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DIABETES MELLITUS 
De modo geral, os fármacos disponíveis visam modificar a maior parte das etapas do processo de regulação da homeostasia da glicose. As classes de fármacos disponíveis incluem: inibidores da absorção da glicose (inibidores da α-glicosidase); preparações de insulina exógena; secretagogos da insulina (sulfonilureias e meglitinidas); inibidores da produção hepática de glicose (biguanidas); análogos da amilina e do GLP-1; e sensibilizadores da ação da insulina (tiazolidinedionas). A seguir iremos ver as principais classes farmacológicas e em quais situações são aplicadas. 
5.1 TRATAMENTO DIABETES TIPO 1 
A estratégia farmacológica para o tratamento da DM1 consiste na administração de insulina várias vezes ao dia, com o objetivo de obter a normoglicemia sem induzir hipoglicemia. No passado, a insulina para uso humano era obtida de fontes animais (por exemplo, vacas e porcos). Com os avanços na tecnologia de DNA recombinante, agora é possível produzir grandes quantidades de insulina com uma estrutura de aminoácidos idêntica à da insulina humana ou modificar a sequência de aminoácidos humanos para produzir propriedades farmacodinâmicas desejáveis. As várias formulações de insulina diferem na rapidez de seu início de ação no tempo, desde a injeção até o pico de ação, e na duração da ação, dependendo da natureza química da preparação específica de insulina. Uma das dificuldades referentes ao uso da insulina consiste em evitar as flutuações observadas nas concentrações plasmáticas e, consequentemente, na glicemia. Diferentes formulações variam em relação ao tempo de pico de efeito e em relação à duração da ação, podendo ser divididas em características farmacocinéticas em três grandes categorias: ação rápida, intermediaria e prolongada. A insulina é degradada rapidamente no trato gastrointestinal e, portanto, é administrada na maioria das vezes por injeção subcutânea, podendo ser administrada por via intravenosa e intramuscular em casos de emergência. O principal efeito adverso da insulina é a hipoglicemia. É comum e, se muito grave, pode causar danos cerebrais ou morte súbita cardíaca.
5.2 TRATAMENTO DIABETES TIPO 2 
As medicações costumam ser o primeiro tipo de tratamento que as pessoas com diabetes tipo 2 experimentam quando dieta e exercício sozinhos não são suficientes para manter os níveis de glicose no sangue em uma faixa saudável. Há diversas classes que funcionam de maneiras diferentes. A metformina é o tratamento de primeira linha em pacientes com diabetes tipo 2. Pertence à classe das biguanidas e atua aumentando a sensibilidade à insulina hepática. Também aumenta a captação de glicose nas células periféricas, reduz a produção hepática de glicose e ajuda na perda de peso. A metformina pode induzir efeitos colaterais gastrointestinais, como inchaço abdominal, cãibras, náuseas, vômitos e diarreia, que podem ser minimizados iniciando a metformina em doses baixas. Recomenda-se cautela quando usado em pacientes com insuficiência renal ou outras condições que podem aumentar o risco de acidose láctica, como insuficiência cardíaca aguda. As sulfonilureias (por exemplo, gliclazida e glimepirida) são comumente usadas como agentes de segunda linha em pacientes com diabetes tipo 2, mas também podem ser usadas como um tratamento de primeira linha alternativo, em vez de metformina, se o paciente não estiver acima do peso ou for intolerante à metformina. As sulfonilureias também podem ser adicionadas à metformina se o controle glicêmico for inadequado. As sulfonilureias atuam ligando-se a um receptor específico nas células beta pancreáticas, levando ao aumento da secreção de insulina endógena. Os principais efeitos colaterais das sulfonilureias são ganho de peso e hipoglicemia, e o risco é aumentado em pessoas com insuficiência renal leve a moderada e insuficiência hepática grave as tiazolidinedionas (por exemplo, pioglitazona) são uma terapia alternativa de segunda ou terceira linha, embora tenham sido deixadas de lado devido seus efeitos adversos. As tiazolidinedionas agem pelo receptor γ ativado por proliferador de peroxissomo (PPAR-γ), um fator de transcrição nuclear para diminuir a resistência à insulina e demonstrou levar a uma redução significativa da hemoglobina glicada, tanto em monoterapia quanto quando usada em combinação com outros medicamentos orais, como metformina e/ou sulfonilureias. As tiazolidinedionas estão associadas a um risco aumentado de fraturas e, em alguns casos, pode levar a insuficiência cardíaca. A terapia de reposição de insulina em alguns casos torna-se necessária em pacientes com DM2. Os fármacos orais geralmente são continuados em pacientes que estão iniciando insulina. Pacientes com DM2 que já tomam agentes orais podem inicialmente precisar apenas de insulina basal de ação prolongada para melhorar seu controle glicêmico. 
FARMACOLOGIA AULA 4 
A hipertensão arterial é uma doença crônica comum em que há alteração nos parâmetros cardíacos, como fluxo, força de contração, frequência cardíaca, entre outros, o que em longo prazo pode levar ao comprometimento severo das funções cardíacas. Os mecanismos envolvidos na gênese da doença são multifatoriais e compreender suas características e consequências é de grande importância para o manejo farmacoterapêutico. Os fármacos utilizadosatualmente promovem melhora do quadro clínico, possibilitando melhor qualidade de vida para o paciente. Desse modo, nesta aula vamos abordar quais os fatores fisiopatológicos da hipertensão arterial, quais as consequências da progressão da doença e quais as melhores abordagens farmacológicas para cada paciente. Analise a seguinte situação: o senhor JP, 52 anos, é hipertenso há dois anos e faz uso do seguinte medicamento: losartana 50 mg, duas vezes ao dia. Nos últimos dias, tem sentido intensas dores de cabeça e, ao aferir a pressão arterial, notou que não estava tendo mais resultado com o uso apenas desse medicamento. Ao consultar seu médico, foi feita a adição de hidroclorotiazida 50 mg. Qual a razão de adicionar um diurético no tratamento da hipertensão arterial? 
TEMA 1 – HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 
Hipertensão é uma elevação crônica da pressão arterial que, em longo prazo, causa danos aos órgãos-alvo e resulta em aumento da morbidade e mortalidade. A pressão arterial é o produto do débito cardíaco e da resistência vascular sistêmica. Indivíduos com hipertensão arterial podem ter um aumento no débito cardíaco, um aumento na resistência vascular sistêmica ou ambos. Na faixa etária mais jovem, o débito cardíaco é frequentemente elevado, enquanto que, em pacientes mais idosos, a resistência vascular sistêmica aumentada e a rigidez aumentada dos vasos sanguíneos desempenham um papel importante no processo patológico da HAS. Essa alteração dos tônus vasculares pode ser elevada em decorrência do aumento da estimulação de adrenoceptores (receptores de glicocorticoides) ou do aumento da liberação de peptídeos, como a angiotensina ou endotelinas. A via final é um aumento do cálcio citosólico na musculatura lisa vascular, causando vasoconstrição. O sistema renina-angiotensina pode ser o mais importante dos sistemas endócrinos que afetam o controle da pressão arterial. A renina é secretada pelo aparelho justaglomerular do rim em resposta à subperfusão glomerular ou redução da ingestão de sal. Também é liberada em resposta à estimulação do sistema nervoso simpático. A renina é responsável pela conversão do substrato renina (angiotensinogênio) em angiotensina I, substância fisiologicamente inativa que é rapidamente convertida em angiotensina II nos pulmões pela enzima conversora de angiotensina (ECA). A angiotensina II é um potente vasoconstritor e causa aumento da pressão arterial. Além disso, estimula a liberação de aldosterona da zona glomerulosa da glândula adrenal, o que resulta em um aumento adicional da pressão arterial relacionado à retenção de sódio e água. Não se determina que o sistema renina-angiotensina circulante seja diretamente responsável pelo aumento da pressão arterial na hipertensão essencial. Em particular, muitos doentes hipertensos têm níveis baixos de renina e angiotensina II (especialmente idosos e pessoas de ascendência africana) e fármacos que bloqueiam o sistema renina-angiotensina não são particularmente eficazes. Estimulação do sistema nervoso simpático pode causar constrição arteriolar e dilatação arteriolar. Assim, o sistema nervoso autônomo tem um papel importante na manutenção de uma pressão arterial normal, sendo também importante na mediação de mudanças de curto prazo na pressão arterial em resposta ao estresse e exercício físico. Os efeitos mediados pela adrenalina são de importância farmacológica, visto que as drogas que bloqueiam o sistema nervoso simpático reduzem a pressão arterial e apresentam um papel terapêutico bem estabelecido. É provável que a hipertensão esteja relacionada a uma interação entre o sistema nervoso autônomo e o sistema renina-angiotensina, juntamente com outros fatores, incluindo sódio, volume circulante e alguns hormônios como aldosterona, glicocorticoides etc. Há disponível diferentes tipos de fármacos para o tratamento da pressão arterial, diferenciados em perfil farmacodinâmico, sendo muitas vezes necessário associação entre as diferentes classes, com o intuito de obter controle do quadro hipertensivo. Esses fármacos podem ser divididos em categorias tais como diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina (Ieca), bloqueadores do receptor de angiotensina ll (BRA), bloqueadores do canal de cálcio, entre outros que vamos discutir ao longo desta aula. 
TEMA 2 – PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS DIURÉTICOS 
Os diuréticos têm sido os principais medicamentos anti-hipertensivos por décadas e ainda são considerados a melhor terapia para pacientes idosos e os melhores agentes para prevenir o acidente vascular cerebral. São diferenciados quanto aos locais de atuação na função renal. Os diuréticos de alça, por exemplo, furosemida, bumetanida, iniciam sua ação no ramo ascendente da alça de Henle, onde inibem o cotransporte de Na+/ K +/2C . Como resultado, esses eletrólitos, juntamente com a água, são excretados em maiores quantidades, e apresentam início de ação e potência maior que o dos tiazídicos. São empregados principalmente no manejo da insuficiência renal crônica, edema pulmonar, cirrose hepática ou em casos refratários aos tiazídicos. Os agentes poupadores de potássio como a amilorida e espironolactona, atuam interferindo na troca sódio-potássio no túbulo contorcido distal dos rins ou como um antagonista do receptor de aldosterona. Sua eficácia diurética é relativamente pequena. Os tiazídicos, tais como hidroclorotiazida, clortalidona, indapamida, clorotiazida, são tomados isoladamente para hipertensão moderada ou usadas em combinação com outros tipos de medicamentos. São utilizados também no tratamento insuficiência cardíaca crônica e edemas. Os tiazidas alcançam sua ação diurética por meio da inibição do co-transportador Na+/C − no túbulo contorcido renal distal. Como resultado, há aumento da excreção de sódio e água e perda de potássio. 
TEMA 3 – PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS NA HIPERTENSÃO 
A ação do sistema nervoso simpático é mediada por dois tipos de receptores: alfa e beta. Esses receptores são definidos pelas suas respostas à estimulação por catecolaminas: os receptores α-adrenérgicos respondem primariamente à epinefrina e norepinefrina e menos ao isoproterenol. Os receptores α-adrenérgicos são subdivididos em dois tipos distintos: α1, a maioria dos quais localizados pós-juncionais na célula do músculo liso vascular, e α2, que estão localizados na periferia do nervo simpático. O bloqueio dos receptores adrenérgicos resulta no relaxamento do músculo liso vascular e na redução da pressão arterial. O receptor α2 pré-sináptico está envolvido na manutenção dos tônus vasculares pela mediação da liberação de norepinefrina. Quando ativado, promove a liberação de noradrenalina e, consequentemente, há liberação na fenda sináptica e ativação dos demais receptores; já quando há inibição desse receptor, o efeito é oposto. Os receptores α adrenérgicos também diferem em suas especificidades para agentes antagonistas. Os fármacos β bloqueadores atuam por intermédio do antagonismo competitivo das catecolaminas no receptor β-adrenérgico. Atenolol, bisoprolol, nebivolol, metoprolol, propranolol, timolol, entre outros, são seus principais representantes. Além das propriedades do bloqueio, alguns fármacos têm efeitos anti-hipertensivos mediados por vários mecanismos diferentes, incluindo atividade bloqueadora α1 adrenérgica, atividade agonista β2 adrenérgica e, efeitos sob ação vasodilatadora dependente de óxido nítrico. Os bloqueadores dos receptores βadrenérgicos podem ser inespecíficos e bloquear tanto os receptores β2, ou podem ser relativamente específicos para os receptores β1. Receptores β1 são encontrados predominantemente no coração, tecido adiposo e cérebro, enquanto os receptores β2 predominam no pulmão, fígado, músculo liso e músculo esquelético. Muitos tecidos, no entanto, possuem receptores β1 e β2, incluindo o coração. Os β bloqueadores diferem significativamente em termos de absorção, solubilidade lipídica e capacidade deatravessar a barreira hematoencefálica e chegar ao SNC. Os vasodilatadores de ação direta reduzem a PA sistólica e diastólica, diminuindo a resistência vascular periférica. Diminuições na pressão arterial estão associadas com uma queda na resistência periférica e um aumento reflexo no débito cardíaco. A retenção de sódio e água é promovida secundariamente à estimulação da liberação de renina. A hidralazina é um vasodilatador de arteríola de ação direta. Doses orais iniciais em hipertensão devem ser 10 mg quatro vezes ao dia aumentando para 50 mg quatro vezes ao dia durante várias semanas. Os pacientes podem requerer doses de até 300 mg/dia. A absorção oral é de 50% a 90% da dose e o fármaco é 90% ligado às proteínas. Pacientes com insuficiência renal leve a moderada devem ter o intervalo entre as doses aumentado a cada 8 horas. O minoxidil é um vasodilatador direto. É mais potente que a hidralazina e induz uma ativação mais acentuada do estímulo adrenérgico. Para hipertensão grave, a dose inicial recomendada é de 5 mg em dose única diária, aumentando para 10 a 20 mg ou 40 mg em doses únicas ou divididas. Minoxidil é geralmente usado em conjunto com a restrição de sódio e diuréticos para evitar a retenção de sódio. Terapia concomitante com um agente bloqueador b-adrenérgico é muitas vezes necessária para evitar o aumento da frequência cardíaca. 
3.1 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES DOS ANTAGONISTAS DOS CANAIS DE CÁLCIO 
Os bloqueadores dos canais de cálcio atualmente aprovados se ligam aos canais de cálcio do tipo L localizados no músculo liso vascular, nos cardiomiocitos e no tecido nodal cardíaco (nós sinoatrial e atrioventricular). Esses canais são responsáveis por regular o influxo de cálcio nas células musculares, que por sua vez estimulam a contração do músculo liso e a contração cardíaca dos miócitos. No tecido nodal cardíaco, os canais de cálcio do tipo L desempenham um papel importante nas correntes do marcapasso e na fase 0 dos potenciais de ação. Portanto, bloqueando a entrada de cálcio na célula, os bloqueadores dos canais de cálcio causam relaxamento da musculatura lisa vascular (vasodilatação), diminuição da geração de força miocárdica (inotropia negativa), diminuição da frequência cardíaca (cronotropia negativa) e diminuição da velocidade de condução no coração (dromotropia negativa), particularmente no nó atrioventricular. As diferentes classes desses fármacos diferem não apenas em sua estrutura química básica, mas também em relativa seletividade em relação aos canais cardíacos de cálcio do tipo L versus vasculares. A classe mais seletiva de músculo liso dos bloqueadores dos canais de cálcio são as di-hidropiridinas. Em decorrência de sua alta seletividade vascular, essas drogas são usadas principalmente para reduzir a resistência vascular sistêmica e a pressão arterial e, portanto, são usadas para tratar a hipertensão. Formulações de liberação prolongada ou compostos de ação prolongada são usados para tratar a angina e são particularmente efetivos para a angina vasoespástica; no entanto, seus potentes efeitos vasodilatadores sistêmicos e de diminuição da pressão podem levar à estimulação cardíaca reflexa (taquicardia e aumento da inotropia), o que pode compensar os efeitos benéficos da redução da pós-carga na demanda de oxigênio no miocárdio. Os fármacos representantes dessa classe incluem o verapamil, diltiazem, nifedipino, o verapamil e o diltiazem, que são mais eficazes contra arritmias atriais do que contra as ventriculares. São utilizados no tratamento de taquicardia supraventricular de reentrada e na redução da frequência ventricular na palpitação e fibrilação atriais (redução da velocidade ventricular). Além disso, esses fármacos são usados no tratamento de hipertensão e angina, e apresentam maior ação no coração do que no músculo liso vascular, ao passo que o nifedipino, um bloqueador de canal de cálcio usado no tratamento da hipertensão, exerce um efeito mais intenso no músculo liso vascular do miocárdio. 
3.2 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS INIBIDORES DA ECA.
Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) a inibem por meio da conversão da angiotensina I (A-I) em potente hormônio angiotensina II (A-II). Como o A-II desempenha um papel crucial na manutenção e regulação da pressão arterial (PA) por promover vasoconstrição e retenção renal de sódio e água, os inibidores da ECA são ferramentas poderosas para direcionar várias vias que contribuem para a hipertensão. Os inibidores da ECA são recomendados para monoterapia inicial em pacientes com hipertensão leve, moderada e grave. Os fármacos que representam essa classe são o captopril, enalapril, lisinopril, ramipril, entre outros. 
3.3 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS ANTAGONISTAS DE ANGIOTENSINA 
Os bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) permitem um bloqueio mais específico e completo que os inibidores da ECA, antagonizando seletivamente a A-II diretamente no receptor de angiotensina tipo 1 (AT1). Pelo fato de a A-II desempenhar um papel crucial e multifatorial na manutenção e regulação da PA, o bloqueio do receptor AT1r com os BRAs é uma ferramenta poderosa para atingir múltiplas vias que contribuem para a hipertensão. Os efeitos hipotensores dos BRAs são mediados pelos mesmos mecanismos que os inibidores da ECA. Todos os BRAs demonstraram uma redução da PA de forma efetiva e segura em pacientes com hipertensão leve, moderada e grave, sendo indicados como monoterapia de primeira linha ou terapia adicional para hipertensão e comparáveis em eficácia à terapia com inibidores da ECA. Os fármacos representantes dessa classe incluem losartana, candesartana, olmesartana, valsartana, irbesartana e telmisartana. 
3.4 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DOS INIBIDORES DE RENINA 
O desenvolvimento de inibidores da renina tem sido limitado pela dificuldade de biodisponibilidade oral e, como resultado, o desenvolvimento de várias drogas foi cancelado. Estes agem na primeira fase de reação que gera a angiotensina I e II, promovendo o bloqueio inicial do sistema renina-angiotensina-aldosterona. O aliscireno é um potente e específico inibidor da renina humana in vitro e é o primeiro de uma nova classe de inibidores da renina oralmente eficazes. O aliscireno é potente na redução da PA e tem uma meia-vida efetiva de 40 horas. Não é ativamente metabolizado pelo fígado e é excretado principalmente na urina. 
TEMA 4 – COMPOSTOS CARDIOTÔNICOS E ANTIARRÍTMICOS 
Os compostos digitálicos são inibidores potentes da Na+/K + ATPase celular. Esse sistema de transporte de íons move os íons de sódio para fora da célula e traz íons de potássio para a célula. Essa função de transporte é necessária para a sobrevivência da célula porque a difusão de sódio para dentro da célula e a difusão de potássio para fora da célula reduzem seus gradientes de concentração (gradientes) através da membrana celular ao longo do tempo. A perda desses gradientes iônicos levaria à despolarização celular e à perda do potencial de membrana negativo que é necessário para a função celular normal. A Na+/K + ATPase também desempenha um papel ativo no potencial de membrana. Essa bomba é eletrogênica porque transporta três íons de sódio para fora da célula para cada dois íons de potássio que entram na célula. Isso pode adicionar vários milivolts negativos ao potencial de membrana, dependendo da atividade da bomba. Ao inibir a Na+/K + ATPase, os glicosídeos cardíacos aumentam a concentração de sódio intracelular. Isso leva então a uma acumulação de cálcio intracelular por meio do sistema de troca de Na+Ca+2. No coração, o aumento do cálcio intracelular faz com que mais cálcio seja liberado pelo retículo sarcoplasmático, tornando mais cálcio disponível para se ligar à troponina-C, o que aumenta a contratilidade (inotropia). A inibição da Na+/K + ATPase no músculo liso vascular causa despolarização, a qual causa contração do músculo liso e vasoconstrição. Por mecanismos que não são totalmentecompreendidos, os compostos digitálicos também aumentam a atividade eferente vagal para o coração. Essa ação parassimpaticomimética do digitálico reduz a taxa de disparo sinoatrial (diminui a frequência cardíaca, a cronotropia negativa) e reduz a velocidade de condução dos impulsos elétricos pelo nodo atrioventricular (dromotropia negativa). 
4.1 INTOXICAÇÃO PELOS GLICOSÍDEOS CARDÍACOS A longa meia-vida dos compostos digitálicos requer considerações especiais quando da dosagem. Com uma meia-vida de 40 horas, a digoxina exigiria vários dias de dosagem constante para atingir níveis plasmáticos terapêuticos em estado estacionário. Portanto, ao iniciar o tratamento, um regime de dosagem especial envolvendo “doses de carga” é usado para aumentar rapidamente os níveis plasmáticos de digoxina. Esse processo é denominado digitalização. Para a digoxina, o intervalo de concentração terapêutica no plasma é de 0,5 a 1,5 ng/ml. Em decorrência da estreita janela terapêutica dos digitálicos, concentrações plasmáticas acima de 2,0 ng/ml podem levar à toxicidade por digitálicos, que se manifestam como arritmias, algumas das quais podem ser fatais. Se ocorrer toxicidade com a digoxina, pode levar vários dias até que as concentrações plasmáticas caiam em níveis seguros, por causa da longa meia-vida. Está disponível para toxicidade por digoxina um Fab imune (Digibind), que pode ser utilizado para reduzir rapidamente os níveis plasmáticos de digoxina. A suplementação de potássio também pode reverter os efeitos tóxicos da digoxina se a toxicidade estiver relacionada à hipocalemia. Embora tratamentos mais novos e eficazes para insuficiência cardíaca estejam disponíveis, os compostos digitálicos ainda são amplamente utilizados. Estudos clínicos em pacientes com insuficiência cardíaca mostraram que a digoxina, quando usada em conjunto com diuréticos e vasodilatadores, melhora o débito cardíaco e a fração de ejeção e reduz as pressões de enchimento e a pressão capilar pulmonar (reduzindo a congestão pulmonar e o edema). 
4.2 MECANISMO FISIOPATOLÓGICO DAS ARRITMIAS CARDÍACAS 
O ritmo do coração é normalmente gerado e regulado por células marcapasso dentro do nó sinoatrial (SA), que está localizado dentro da parede do átrio direito. A atividade do marcapasso nodal SA normalmente regula o ritmo dos átrios e ventrículos. O ritmo normal é muito regular, com mínima flutuação cíclica. Além disso, a contração atrial é sempre seguida de contração ventricular no coração normal. Quando esse ritmo se torna irregular, muito rápido (taquicardia) ou muito lento (bradicardia), ou a frequência dos batimentos atriais e ventriculares é diferente, isso é chamado de arritmia. O termo disritmia é usado às vezes e tem um significado similar. Os mecanismos envolvidos na origem das arritmias fornecem um ponto de partida útil para compreender como funcionam os antiarrítmicos. Quatro fenômenos básicos são subsequentes aos distúrbios do ritmo cardíaco: 1. retardo da pós-despolarização; 2. reentrada; 3. atividade de marca-passo ectópico; 4. bloqueio cardíaco. 
TEMA 5 – BLOQUEIO CARDÍACO 
As causas frequentemente associadas às arritmias incluem doenças coronárias, uma vez que essas condições resultam em isquemia miocárdica ou infarto. Quando há falta de oxigênio nas células cardíacas, elas se tornam despolarizadas, o que leva a uma formação de impulso alterada e/ou à condução de impulso alterada. A condução de impulso alterada é geralmente associada ao bloqueio completo ou parcial da condução elétrica no coração. Condução de impulso alterada geralmente resulta em reentrada, o que pode levar a taquiarritmias. As alterações na estrutura cardíaca que acompanham a insuficiência cardíaca (por exemplo, câmaras cardíacas dilatadas ou hipertrofiadas) também podem precipitar arritmias. Finalmente, muitos tipos diferentes de drogas (incluindo drogas antiarrítmicas), bem como distúrbios eletrolíticos (principalmente K + e Ca++) podem precipitar arritmias. As arritmias podem ser de natureza benigna ou mais grave, dependendo da consequência hemodinâmica da arritmia e da possibilidade de evoluir para uma arritmia letal. Complexos ventriculares prematuros ocasionais (CVPs), embora irritantes para um paciente, são geralmente considerados benignos porque têm pouco efeito hemodinâmico. Consequentemente, os CVPs, se não forem muito frequentes, geralmente não são tratados. Em contraste, a taquicardia ventricular é uma condição séria que pode levar à insuficiência. 
5.1 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DAS DROGAS ANTIARRÍTMICAS 
Quando as arritmias requerem tratamento, elas são tratadas com medicamentos que suprimem a arritmia. Essas drogas são chamadas de drogas antiarrítmicas. Existem muitos tipos diferentes de drogas antiarrítmicas e muitos mecanismos de ação diferentes. A maioria dos medicamentos afeta os canais iônicos que estão envolvidos no movimento de íons sódio, cálcio e potássio para dentro e para fora da célula. Essas drogas incluem fármacos como bloqueadores dos canais de sódio, bloqueadores dos canais de cálcio e bloqueadores dos canais de potássio. Ao alterar o movimento desses íons importantes, a atividade elétrica das células cardíacas (tanto de marca-passo quanto de não marcapasso) é alterada de modo que suprime as arritmias. Outras drogas afetam as influências autonômicas no coração, que podem ser arritmias estimulantes ou agravantes. Entre esses medicamentos estão os betabloqueadores. 
FARMACOLOGIA AULA 5 
Obesidade é uma crise de saúde global que vem aumentando entre crianças, adolescentes e adultos nos últimos anos. Dados da OMS indicam que pelo menos um milhão de pessoas apresentam excesso de peso, das quais 300 milhões são obesos. Estilos de vida modernos, incorporando padrões alimentares alterados, acesso rápido a alimentos densos em energia e nutricionalmente pobres, associados a hábitos sedentários aceleraram enormemente o problema. A obesidade está associada ao risco aumentado de diversas patologias como aterosclerose, hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, entre outras que comprometem a qualidade de vida das pessoas. A necessidade de medicamentos seguros e eficazes é grande e limitada, tendo como consequência a morbidade e morte prematura. As causas da obesidade são múltiplas e a etiologia ainda é pouco conhecida, no entanto, alguns fatores como transtornos de humor, efeitos colaterais de medicamentos, dependência de alimentos ou predisposição genética podem influenciar seu desenvolvimento. 
TEMA 1 – INTRODUÇÃO À OBESIDADE 
A obesidade, que é amplamente definida como excesso de peso corporal para uma determinada altura, continua a ser uma preocupação de saúde global contínua, pois está associada ao aumento do risco de várias doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. Índice de massa corporal (IMC) (peso em kg/altura em m2), a fórmula mais amplamente utilizada para definir sobrepeso (IMC 25 a 29,9 kg/m2 ) e obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ), embora não seja uma medida verdadeira de adiposidade, é simples de usar em exames de saúde e levantamentos epidemiológicos. A patogênese da obesidade é complexa, com fatores ambientais, socioculturais, fisiológicos, médicos, comportamentais, genéticos, epigenéticos e vários outros fatores que contribuem tanto para a causalidade quanto para a persistência. A obesidade, e em particular a obesidade mórbida, é conhecida por influenciar vários processos fisiológicos, como permeabilidade intestinal, esvaziamento gástrico, débito cardíaco, função hepática e renal. Além disso, a obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de vários cânceres, apneia obstrutiva do sono, distúrbios musculoesqueléticos, infertilidade e depressão, bem como muitas outras morbidades. Estudos de acompanhamento de longo prazo de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, que é atualmente o tratamento mais eficaz para a obesidade em termos de produção de redução de peso significativa e sustentada, forneceram evidências convincentes de que a perda de peso pode melhorar muitas condições relacionadas à

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