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farmacologia aplicada

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6/8/2020 
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SDE3853 – FARMACOLOGIA APLICADA À SAÚDE 
Guia de estudos para a AV2 
 
Dose 
Via de 
administração 
Absorção 
Fármaco 
no sangue 
Distribuição 
Metabólitos e 
fármaco in natura 
Eliminação 
FARMACOCINÉTICA AULAS 02 E 03 
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Absorção é a transferência do fármaco do seu local de administração 
para a corrente sanguínea. 
 
A taxa e a eficiência de absorção depende da via de administração. 
 
Administração endovenosa -> absorção é COMPLETA! 
 
Via oral -> o fármaco tem que ser dissolvido no fluido do trato 
gastrointestinal e então penetrar nas células epiteliais da mucosa -> 
doenças ou a presença de comida podem afetar esse processo. 
 
Absorção 
Efeito do pH na absorção 
Efeito de fatores físicos na absorção 
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 A maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas. 
 
O fármaco atravessa a membrana mais facilmente se não tiver carga 
Passagem de fármacos sem carga pela membrana Efeito do pH 
 
 
 
Portanto, a concentração efetiva da forma permeável de cada droga no sítio de 
absorção é determinada pela concentração relativa das formas com carga ou sem 
carga. 
Essa relação é determinada pelo pH no local de absorção e pela força do ácido ou 
base fraco, que é representado pelo pKa. 
O pKa é a medida da força de interação de um composto com o próton. Quanto 
menor o pKa de uma droga, mais ácida ela é. 
pKa: pH no qual uma substância se encontra, 50% sob forma ionizada e 50% sob forma não 
ionizada. 
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- Fluxo sanguíneo no local de absorção 
 Ex: fluxo sanguíneo no intestino é maior do que no estômago. 
 
- Área da superfície total disponível para absorção 
 Ex: microvilosidades no intestino. 
 
- Tempo de contato com a superfície de absorção 
 Ex: diarreia, fármacos que atrasam o transporte do fármaco do 
estômago para o intestino, alimentação... 
 
Efeito dos fatores físicos na absorção 
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Distribuição de fármacos é o processo pelo qual um fármaco reversivelmente 
abandona o leito vascular e entra no interstício (líquido extracelular) e, então, nas 
células dos tecidos. 
 
Para fármacos administrados por via endovenosa, onde não existe absorção, a fase 
inicial (isto é, imediatamente após a administração até a rápida queda na 
concentração) representa a fase de distribuição, na qual o fármaco rapidamente sai 
da circulação e entra nos tecidos 
 
É um processo dependente do: 
- Fluxo sanguíneo; 
- Permeabilidade capilar; 
- O grau de ligação do fármaco às proteínas do plasma e do tecido; 
- Hidrofobicidade relativa do fármaco. 
 
 
Distribuição 
Os fármacos podem possuir características que levam a uma baixa excreção renal 
(ligação a proteínas plasmáticas, por exemplo) - > necessitam ser biotransformados. 
Fármacos lipossolúveis: atravessam mais facilmente a membrana celular e por isso 
vão ser reabsorvidos nos túbulos renais -> precisam de biotransformação. 
Fármacos hidrossolúveis: normalmente não precisam de biotransformação. 
A biotransformação ocorre principalmente no fígado (mas também em outros locais 
como epitélio gastrintestinal, pulmões, rins e placenta). 
Biotransformação -> aliviar a carga desses xenobióticos, ou seja, eles sofrerão uma 
alteração química ou estrutural importante. 
Biotransformação 
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Biotransformação -> fármaco irá ficar mais polar (hidrossolúvel) e assim aumentar a 
taxa de excreção renal e diminuir o seu volume de distribuição. 
 
 
 
Biotransformação 
Reações de fase I: convertem fármacos lipofílicos em moléculas mais polares, 
introduzindo ou desmascarando um grupo funcional polar, como –OH ou –NH2. 
Em geral envolvem reações de oxidação (principal reação), redução ou hidrólise. 
A biotransformação de fase I pode aumentar ou diminuir a atividade farmacológica, 
ou ainda não ter efeito sobre ela. 
Fármaco antes de ser ativado: pró-farmaco. 
 
 
Fase I 
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Reações de fase I mais frequentes: 
catalisadas pelo sistema citocromo 
P450 (também denominado oxidases 
microssomais de função mista). 
O sistema P450 é importante para a 
biotransformação de vários compostos 
endógenos (como esteroides, lipídeos) 
e para a biotransformação de 
xenobióticos. 
Existem várias isoformas de P450 (o 
nome de todas começa com CYP). 
 
Fase I 
Indução enzimática 
Certos fármacos (p. ex., fenobarbital, rifampicina e carbamazepina) são capazes de 
aumentar a síntese de uma ou mais isoenzimas CYP. Isso resulta no aumento da 
biotransformação de fármacos e pode levar a reduções significativas nas 
concentrações plasmáticas dos fármacos biotransformados por essas isoenzimas 
CYP, com concomitante redução do efeito farmacológico. 
Ex. A erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) é um fitoterápico amplamente 
usado e é um indutor potente da CYP3A4. 
As consequências do aumento da biotransformação de fármacos incluem 1) menor 
concentração do fármaco no plasma; 2) menor atividade do fármaco, se o 
metabólito é inativo; 3) aumento da atividade, se o metabólito é ativo; e 4) redução 
do efeito terapêutico do fármaco. 
Fase I 
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Inibição enzimática 
A inibição da atividade das isoenzimas CYP é uma fonte importante de interações 
de fármacos que leva a efeitos adversos graves. 
Ex.: o omeprazol é um inibidor importante de três das isoenzimas CYP responsáveis 
pela biotransformação da varfarina. Se os dois fármacos são tomados juntos, a 
concentração plasmática de varfarina aumenta, levando ao aumento do efeito 
anticoagulante e do risco de sangramentos. 
Ex.: o suco de toranja (grapefruit) inibe a CYP3A4 e leva a concentrações mais altas 
e/ou maior potencial de efeitos tóxicos de fármacos, tais como nifedipina, 
claritromicina e sinvastatina, que são biotransformados por esse sistema. 
- Os inibidores CYP mais importantes são eritromicina, cetoconazol e ritonavir, pois 
inibem várias isoenzimas CYP. 
 
 
Fase I 
- Fase II: consiste em reações de conjugação. Se o metabólito resultante da fase I é 
suficientemente polar, ele pode ser excretado pelos rins. 
- Porém vários metabólitos de fase I continuam muito lipofílicos para serem 
excretados. Uma reação subsequente de conjugação com um substrato endógeno – 
como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido – produz um 
composto polar em geral mais hidrossolúvel e terapeuticamente inativo. 
Fase II 
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Eliminação: processo responsável pela remoção dos fármacos do organismo para o 
meio ambiente. 
 Os principais processos que determinam o fim de efeito dos fármacos são 
biotransformação hepática e excreção renal. Distribuição de fármacos que atuam 
em órgãos de alta perfusão também pode promover o fim da ação. 
Vias de 
eliminação 
Renal (principal) 
Intestinal 
Pulmonar 
Biliar 
Suor 
Saliva 
Leite 
Eliminação 
Filtração glomerular 
O fármaco livre (não ligado à albumina) difunde-se através das fendas capilares para o 
espaço de Bowman como parte do filtrado glomerular. 
A lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos fármacos para o filtrado 
glomerular. Contudo, variações no ritmo de filtração glomerular e a ligação dos 
fármacos às proteínas afetam esse processo. 
 
Eliminação renal 
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Secreção tubular proximal 
A secreção ocorre primariamente nos túbulos proximais por dois mecanismos de 
transporte ativo que exigem energia: um para ânions (ácidos fracos) e outro para 
cátions (bases fracas). 
O nível de ligação à proteínas plasmáticas não importa para esse processo. 
Pode haver inibição competitiva. 
Eliminação renal 
Reabsorção tubular distal 
Reabsorção passiva de fármacos não ionizados e lipossolúveis, que foram 
concentrados no interior do lúmen em concentração maior do que a do espaço 
perivascular. 
Como regra geral, ácidos fracos podem ser eliminados alcalinizando a urina, ao 
passo que a eliminação de bases fracas pode ser aumentada por acidificação da 
urina. Esse processo é denominado prisão iônica. 
Ex.: um paciente apresentando doseexcessiva de fenobarbital (um ácido fraco) 
pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina e mantém o fármaco ionizado, 
diminuindo, assim, a sua reabsorção. 
 
Eliminação renal 
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FARMACODINÂMICA (AULA 04) 
Agonista total: Se um fármaco se liga a um receptor e 
produz a resposta biológica máxima que mimetiza a 
resposta do ligante endógeno. Vão produzir o mesmo 
Emáx. Ex: fenilefrina com a norepinefrina. 
 Agonista parcial: te ̂m atividade intrínseca maior do que 
zero, mas menor do que um. Os agonistas parciais não 
conseguem produzir o mesmo Emáx que o agonista total, 
mesmo ocupando todos os receptores. 
Agonista inverso: Alguns receptores apresentam 
conversão espontânea de R para R* na ausência de 
agonista. Agonistas inversos estabilizam a forma R e 
convertem R* em R. Isso diminui o número de 
receptores ativados para menos do que observado na 
ausência do fármaco. 
Agonista 
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Os antagonistas ligam-se ao receptor com alta afinidade, mas tem atividade 
intrínseca nula. Um antagonista não tem efeito na ausência de agonistas, mas pode 
diminuir o efeito do agonista quando estiver presente. 
Antagonista competitivo: Se ambos, antagonista e agonista, se ligam ao mesmo 
local receptor de modo reversível, eles são denominados “competitivos”. O 
antagonista competitivo impede que o agonista se ligue ao seu receptor e mantém 
esse receptor no estado inativo. Contudo, essa inibição pode ser superada 
aumentando-se a concentração do agonista em relação ao antagonista. 
Os antagonistas competitivos deslocam as curvas dose-resposta para a direita 
(aumenta o CE50) sem afetar o Emáx. 
Antagonista 
Antagonista irreversível: se fixa de modo covalente ao local ativo do receptor, 
reduzindo, assim, o número de receptores disponíveis para o agonista. Causa 
reduc ̧ão do Emáx sem alterar o valor de CE50. 
Antagonista alostérico: também diminui o Emáx, sem alterar o valor de CE50 do 
agonista. Esse tipo de antagonista se fixa em um local (local alostérico) diferente do 
local de ligação do agonista e evita que o receptor seja ativado pelo agonista. 
Esses dois grupos são também conhecidos como antagonistas não-competitivos. 
Antagonista 
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Sobre ações específicas de um fármaco, um 
exemplo... 
Qual a ação da Bumetanida? 
Resposta: É um diurético X 
 
Qual a ação da Bumetanida? 
Resposta: Inibe o cotransporte de 
Na+/K+/2Cl– no ramo ascendente 
da alça de Henle. Dessa forma, a 
reabsorção desses íons diminui e 
por isso tem efeito diurético. 
 
 
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Histamina e anti-histamínicos 
(AULA 10) 
• Reduzem os efeitos da ativação do receptor H1, ou seja, bloqueiam o aumento 
da permeabilidade capilar e a formação de edema causada pela histamina e 
bloqueiam a vasodilatação (em parte) causada pela histamina. 
• Possuem efeito de reduzir o prurido das alergias, mas são poucos efetivos em 
reduzir a secreção gástrica (que é mediada por receptor H2) e a hipotensão. 
• Apresentam ainda efeito sedativo importante (principalmente os de primeira 
geração), por bloquearem os receptores H1 do SNC. 
• Outros efeitos são: anestesia local e ação anticolinérgica. 
Anti-histamínicos H1 
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• Condições alérgicas e inflamatórias: rinite alérgica, urticária, conjuntivite 
alérgica. No entanto, os bloqueadores H1 não são indicados no tratamento da 
asma brônquica, pois a histamina é apenas um dos diversos mediadores que são 
responsáveis por causar reações bronquiais. 
• Enjoo e náuseas do movimento: dimenidrinato (Dramin®), ciclizina, meclizina e 
prometazina. 
• Soníferos: Embora não sejam os fármacos de escolha, vários anti-histamínicos de 
primeira geração, como a difenidramina e a doxilamina, têm acentuada 
propriedade sedativa, sendo usados no tratamento da insônia. 
 
Usos terapêuticos 
• A primeira geração é composta por drogas que passam a barreira 
hematoencefálica e, portanto, apresentam efeito sedativo importante. 
Exemplos: prometazina (Fenergan®), hidroxizina, clorfeniramina, difenidramina e 
dimenidrinato (Dramin®). 
• A segunda geração é composta por drogas não sedativas, ou seja, que não 
ultrapassam a barreira hematoencefálica. O clássico exemplo é a terfenadina, 
cujo efeito colateral principal é arritmia cardíaca, por vezes letal. 
Epidemiologicamente, isso ocorreu em populações que ingeriam muita toranja 
(grapefruit). Dessa forma, utilizam-se, hoje em dia, os metabólitos ativos, como 
a fexofenadina, que não tem efeito cardíaco. Outros exemplos: loratadina, 
desloratadina e fexofenadina (Allegra®). 
Anti-histamínicos H1 
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• Competem com a histamina pelo receptor H2 das células parietais gástricas 
(secretam ácido gástrico e o fator intrínseco). 
• Há quatro drogas dentro dessa classe, sendo que há variações farmacocinéticas 
e de efeitos colaterais. 
• Reduzem em 70% a secreção ácida. 
• O uso principal é para reduzir a secreção ácida basal, ou seja, secreção noturna 
de ácido – utilidade para úlceras duodenais. 
• Os principais efeitos colaterais são: diarreia, cefaleia, fadiga, mialgia e 
constipação. 
• Especificamente para a cimetidina, em elevadas doses, pode provocar 
galactorreia e ginecomastia em mulheres, redução da contagem de 
espermatozoides e impotência em homens. 
• Exemplos: Cimetidina, Ranitidina, Famotidina, Nizatidina. 
 
Anti-histamínicos H2 
Antissecretores 
Anti-histamínicos H2: Cimetidina, Ranitidina, Famotidina, Nizatidina. 
• Inibição da secreção ácida por bloqueio competitivo com histamina em receptores H2 
da célula parietal gástrica. 
Obs: Após administração oral, os antagonistas H2 se distribuem amplamente pelo 
organismo (incluindo o leite materno e por meio da placenta) e são excretados 
principalmente na urina. A meia-vida pode aumentar em pacientes com disfunção renal 
e e ́ preciso ajustar a dosagem. 
 
Inibidores da bomba de prótons (principais drogas): Omeprazol, Lansoprazol, 
Pantoprazol, Esomeprazol, Rabeprazol, Tenatoprazol. 
• Redução da secreção ácida, por inibição irreversível da H+, K+-ATPase da célula 
parietal gástrica. 
Obs: Para obter o efeito máximo, os IBPs devem ser ingeridos de 30 a 60 minutos antes 
do desjejum ou da principal (maior) refeição do dia. 
 
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Medicamentos que atuam no sistema 
cardiovascular: tratamento da insuficiência 
cardíaca e anti-hipertensivos. 
(AULA 11) 
Os fármacos que atuam no SRAA são: 
- inibidores de renina; 
- inibidores da ECA; 
- antagonistas de receptor AT1 de Ang II; 
- antagonistas de aldosterona. 
Fármacos que agem no SRAA 
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Antagonistas de Aldosterona 
• Os antagonistas de aldosterona bloqueiam os receptores de aldosterona, ou 
seja, agem na via final do SRAA. 
• Como a Ang II apresenta grande efeito, a eficácia dessas drogas é baixa. 
• Apresentam ação limitada como diuréticos e anti-hipertensivos, diminuindo 
a retenção de sódio e a secreção de potássio. 
• Os principais efeitos colaterais são: hipercalemia, ginecomastia (condição 
masculina resultante da hipertrofia das glândulas mamárias), distúrbios 
menstruais e disfunção erétil. 
• Os principais exemplos de drogas são: espironolactona e eplerenona. 
Fármacos que agem no SRAA 
Inibidores da ECA (IECA) 
• Os inibidores da ECA (IECA) impedem a conversão de Ang I a Ang II, sendo 
bastante utilizados no tratamento da hipertensão. 
• Outros usos: hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca, insuficiência 
renal, nefropatia diabética, insuficiência cardíaca pós-infarto, prevenção de 
reinfarto, eventos isquêmicos coronarianos e acidente vascular encefálico (AVE). 
• São os fármacos de primeira escolha para tratar a insuficiência cardíaca, os 
pacientes hipertensos com doença renal crônica e os pacientes com risco 
elevado de doença arterial coronariana. 
• Os efeitos colaterais são: tosse seca, erupções cutâneas, hipotensão, 
hipercalemia, potencial fetopático e perda do paladar.Fármacos que agem no SRAA 
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Inibidores da ECA 
• Contraindicações: gestação (pode induzir 
malformações fetais), uso de AINE, diuréticos 
poupadores de potássio. 
• O uso concomitante de diuréticos poupadores de 
potássio e IECAs pode induzir hipercalemia, 
especialmente se não houver outro diurético 
prescrito (de alça ou tiazídico), em idosos, em 
diabéticos e em pacientes com insuficiência renal. 
• Exemplos: captopril (descoberto por pesquisadores 
da USP-Ribeirão Preto: Sérgio Ferreira, Antônio 
Camargo e Eduardo Krieger), enalapril, lisinopril, 
benazepril... 
 
Fármacos que agem no SRAA 
Antagonistas de receptor AT1 (BRAs) 
• São utilizados em hipertensão arterial, insuficiência renal, nefropatia diabética, 
insuficiência cardíaca congestiva, hipertrofia ventricular esquerda e pós-infarto 
do miocárdio. 
• Eles podem ser usados como fármacos de primeira escolha para o tratamento 
da hipertensão, especialmente em pacientes com forte indicação de diabetes, 
insuficiência cardíaca ou doença renal crônica. 
• Os raros efeitos colaterais são: potencial fetopático, cefaleia, hipercalemia e 
hipotensão -> apresentam um perfil de segurança melhor do que outras classes 
de anti-hipertensivos. 
• Contraindicações: gestação (teratogênico) e diuréticos poupadores de potássio. 
• Exemplos: saralasina, losartan, valsartan, candesartan, etc. 
Fármacos que agem no SRAA 
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Inibidores de Renina 
• Atualmente, há apenas um inibidor de renina, o alisquireno, que inibe a primeira 
etapa do SRAA. Assim, é bastante eficaz no tratamento da hipertensão. 
• O principal efeito colateral é a hipercalemia. Pode causar diarreia, especialmente 
em doses altas, e pode causar também tosse e angioedema, mas possivelmente 
menos do que com IECAs. 
• O alisquireno apresenta uma associação tolerável e segura quando administrado 
com outros fármacos que atuem no SRAA (Gonzaga et al., 2009). 
• Estão contraindicados para gestantes e pacientes que utilizam diuréticos 
poupadores de potássio. 
Fármacos que agem no SRAA 
Medicamentos que atuam no sistema 
cardiovascular: diuréticos e antitrombóticos. 
(AULA 12) 
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Diuréticos 
• São os mais amplamente utilizados. 
• Os diuréticos tiazídicos e tipo tiazídicos atuam principalmente na região 
cortical da alça ascendente de Henle e no túbulo contorcido distal, 
diminuindo a reabsorção de Na+, aparentemente pela inibição de um 
cotransportador de Na+/ Cl– na membrana luminal dos túbulos 
• Eles diminuem a pressão arterial inicialmente por aumentar a excreção de 
sódio e água. Isso causa uma redução do volume extracelular, resultando em 
diminuição do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo renal. 
• Com exceção da metolazona, os diuréticos tiazídicos não são eficazes em 
pacientes com função renal inadequada. Nesses pacientes, podem ser 
necessários diuréticos de alça. 
 
Tiazídicos 
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• A clorotiazida foi o primeiro diurético ativo por via oral capaz de tratar o 
edema grave da cirrose e da insuficiência cardíaca com efeitos adversos 
mínimos. Suas propriedades são representativas do grupo dos tiazídicos, 
embora a hidroclorotiazida e a clortalidona sejam usadas mais comumente 
agora. A hidroclorotiazida é mais potente. 
• Obs: clorotiazida, indapamida e metolazona são referidas como diuréticos do 
tipo tiazídico, pois contêm resíduos sulfonamidas na sua estrutura química, e 
seu mecanismo de ação é semelhante. Todavia, esses fármacos não são 
tiazídicos verdadeiros. 
• Ocorre também aumento da eliminação de K+ e Mg+ na urina e aumento da 
reabsorção de cálcio. 
• Utilizados na hipertensão, insuficiência cardíaca, hipercalciúria e diabetes 
insípido. 
 
 
Tiazídicos 
Tiazídicos 
Frequentemente, o K+ pode ser 
suprido por medidas dietéticas, 
como o aumento da ingestão de 
frutas cítricas, bananas e 
ameixas. 
O tratamento com tiazídicos 
pode causar intolerância à 
glicose, possivelmente devido 
ao impedimento de liberação de 
insulina e de captação da glicose 
pelos tecidos. 
 
 
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• Os diuréticos de alça (furosemida, torsemida, bumetanida e ácido etacrínico) 
atuam rapidamente, bloqueando a reabsorção de sódio e cloreto nos rins, 
mesmo em pacientes com ma ́ função renal ou naqueles que não responderam 
ao diurético tiazídico. 
• Os diuréticos de alça inibem o cotransporte de Na+/K+/2Cl– na membrana 
luminal, no ramo ascendente da alça de Henle. Dessa forma, a reabsorção 
desses íons diminui. Esses fármacos têm o maior efeito diurético entre todos 
os diuréticos, pois o ramo ascendente é responsável pela reabsorção de 25 a 
30% do NaCl filtrado. 
• Eles produzem quantidade de urina abundante. 
• A furosemida é a mais usada do grupo e o ácido etacrínico é raramente usado. 
 
Diuréticos de alça 
Diuréticos de alça 
NKCC 
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• Aumentam a excreção na urina de sódio, potássio e cálcio. 
• São os fármacos de escolha para reduzir edema pulmonar agudo e edema 
periférico agudo ou crônico causado por insuficiência cardíaca ou renal. 
• São úteis no tratamento da hipercalcemia e hiperpotassemia. 
• Raramente são usados isoladamente para tratar a hipertensão. 
• São administrados por via oral ou parenteral. Sua duração de ação é 
relativamente curta (2-4 horas), permitindo aos pacientes prever a janela da 
diurese. 
 
Diuréticos de alça 
Diuréticos de alça 
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• Atuam no túbulo coletor inibindo a reabsorção de Na+ e a excreção de K+. 
• O principal uso é no tratamento da hipertensão (mais frequente em 
associação com um tiazídico) e da insuficiência cardíaca (antagonistas da 
aldosterona). 
• É extremamente importante que os níveis de potássio sejam monitorados 
atentamente em pacientes tratados com diuréticos poupadores de potássio. 
• Os diuréticos poupadores de potássio são usados algumas vezes associados 
aos diuréticos de alça e aos tiazídicos para reduzir a espoliação do potássio 
causada por esses diuréticos. 
• Esses diuréticos devem ser evitados em pacientes com disfunção renal devido 
ao aumento do risco de hiperpotassemia. 
• Nesta classe, há fármacos com dois mecanismos de ação distintos: os 
antagonistas da aldosterona e os bloqueadores dos canais de sódio. 
 
Diuréticos poupadores de potássio 
Antagonistas da aldosterona 
• Espironolactona e eplerenona 
• Resulta em retenção de K+ e excreção de Na+. 
• Usos terapêuticos: Diurético, Hiperaldosteronismo secundário 
(espironolactona), insuficiência cardíaca, hipertensão resistente, ascites 
(espironolactona), síndrome do ovário policístico (espironolactona). 
• A espironolactona pode causar distúrbios gástricos. Como a espironolactona 
se parece quimicamente com os esteroides sexuais, ela pode causar 
ginecomastia em pacientes homens e irregularidades menstruais em 
mulheres. Podem ocorrer hiperpotassemia, náuseas, letargia e confusão 
mental. 
 
 
 
 
Diuréticos poupadores de potássio 
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Bloqueadores de canais de sódio 
• O triantereno e a amilorida bloqueiam os canais de transporte de Na+, re- 
sultando em diminuição na troca Na+/K+. 
• Assim como os antagonistas da aldosterona, estes fármacos não são diuréticos 
muito eficazes. 
• Tanto o triantereno quanto a amilorida são comumente usados em associação 
a outros diuréticos, em geral devido à sua propriedade poupadora de 
potássio. 
• Os efeitos adversos do triantereno incluem aumento do ácido úrico, cálculos 
renais e retenção de K+. 
 
 
 
 
Diuréticos poupadores de potássio 
• A acetazolamida e outros inibidores da anidrase carbônica são usados com 
mais frequência por suas outras ações farmacológicas do que por seu efeito 
diurético, pois são muito menos eficazes. 
• A diminuição na capacidade de troca Na+/H+ na presença de acetazolamida 
resulta em uma diurese leve. 
• Acetazolamidaé muito usado no glaucoma. 
 
 
 
 
Inibidores de anidrase carbônica 
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Medicamentos que alteram a função 
gastrointestinal e metabólica. 
(AULA 13) 
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Hipolipidêmicos 
Introdução 
• A maior parte da gordura ingerida é organizada dentro do epitélio intestinal na 
forma de lipoproteínas e complexos de lipídeos, chamados de quilomícrons. 
• Os complexos de lipoproteínas que entram novamente no sangue contêm 
uma quantidade variada de triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol e 
apoproteínas. Quanto mais proteínas um complexo contém, mais pesado ele 
é, com os complexos de lipoproteínas do plasma variando entre lipoproteína 
de densidade muito baixa (VLDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL). 
• A maioria das lipoproteínas que circulam no sistema sanguíneo são 
lipoproteínas de baixa densidade (LDL). 
• A segunda lipoproteína mais comum no sistema circulatório é a lipoproteína 
de alta densidade (HDL). O HDL é muitas vezes chamado de “bom colesterol”, 
uma vez que o HDL está envolvido no transporte de colesterol para fora do 
plasma sanguíneo. 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
• A doença cardíaca coronariana (DCC) é a principal causa de mortes no mundo. 
A DCC está relacionada com níveis elevados de LDL e triglicerídeos e com níveis 
baixos de HDL. Outros fatores de risco para DCC incluem fumo, hipertensão, 
obesidade e diabetes. 
• Os níveis de colesterol podem estar elevados devido ao estilo de vida (p. ex., 
sedentarismo ou dieta contendo excesso de gorduras saturadas). As 
hiperlipidemias também podem resultar de um defeito genético no 
metabolismo das lipoproteínas ou, mais comumente, de uma combinação de 
fatores genéticos e estilo de vida. 
• A ocorrência de DCC está associada de forma positiva ao alto colesterol total e, 
ainda mais fortemente, ao LDL elevado. 
 
 
 
 
 
 
 
Diagrama esquemático das interações celulares na formação de uma placa aterosclerótica. 
Introdução 
6/8/2020 
30 
Tratamento contra a hipercolesterolemia 
• Mudanças no estilo de vida, como dieta, 
exercício e diminuição de massa corporal, 
podem causar redução modesta no LDL e 
aumento no HDL. Contudo, a maioria dos 
pacientes é incapaz de obter reduções 
significativas no LDL apenas com modificações 
do estilo de vida. 
• A primeira opção contra a hipercolesterolemia 
é o tratamento com inibidores da 3-hidroxi-3-
metil-glutaril coenzima A (HMG-CoA) redutase 
(estatinas). 
 
 
 
 
 
 
 
• Níveis elevados de triglicerídeos estão independentemente associados com 
risco elevado de DCC. 
• Dieta e exercícios físicos são as principais formas de combater a 
hipertrigliceridemia. 
• Se forem indicados, niacina e derivados do ácido fíbrico são os mais eficazes na 
redução dos triglicerídeos. 
• Ácidos graxos ômega-3 (óleo de peixes) em doses adequadas também podem 
ser úteis. 
• A redução dos triglicerídeos é um benefício secundário das estatinas, cujo 
benefício primário é a redução do LDL. 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento contra a hipertrigliceridemia 
6/8/2020 
31 
Inibidores da HMG-CoA Redutase 
• Os inibidores da HMG-CoA redutase (mais conhecidos como estatinas) reduzem 
os níveis elevados de LDL, resultando em redução substancial de eventos 
coronarianos e de morte por DCC. 
• Eles são considerados o tratamento de primeira escolha para pacientes com 
risco elevado de Doença Vascular Aterosclerótica. 
• As vantagens terapêuticas incluem estabilização das placas, melhora da função 
endotelial coronariana, inibição da formação do trombo plaquetário e atividade 
anti-inflamatória. 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
• Lovastatina, sinvastatina, pravastatina, atorvastatina, fluvastatina, pitavastatina e 
rosuvastatina são inibidores competitivos de HMG-CoA redutase, a etapa limitante 
da síntese de colesterol. Inibindo a síntese do colesterol, elas esgotam o seu 
estoque intracelular. O esgotamento do colesterol intracelular leva a célula a 
aumentar, na superfície, o número de receptores específicos de LDL que podem 
ligar o LDL circulante e internalizá-lo. 
• Os inibidores da HMG-CoA redutase também diminuem os níveis de triglicerídeos e 
podem aumentar os níveis de HDL em alguns pacientes. 
• Pode ocorrer aumento das enzimas hepáticas no tratamento com estatinas. Por 
isso, a função hepática deve ser avaliada antes de iniciar o tratamento e quando o 
paciente tem sintomas consistentes com disfunção hepática. 
• Os inibidores da HMG-CoA podem aumentar o efeito da varfarina. 
• Esses fármacos são contraindicados durante a gravidez e a lactação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
6/8/2020 
32 
Niacina (ácido nicotínico) 
• A niacina pode reduzir o LDL entre 10 e 20% e é 
o fármaco mais eficaz para aumentar HDL. 
• Ela também diminui os triglicerídeos em 20 a 
35%. 
• A niacina pode ser usada em combinação com 
as estatinas, estando disponível uma 
associação de doses fixas de lovastatina e 
niacina de longa duração de ação. 
• A niacina inibe fortemente a lipólise no tecido 
adiposo, reduzindo assim a produção de ácidos 
graxos livres. 
• Administrada por via oral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
• Os efeitos adversos mais comuns da niacina são intenso rubor cutâneo 
(acompanhado por uma desconfortável sensação de calor) e prurido. 
• Alguns pacientes também sentem náuseas e dor abdominal. 
• A niacina inibe a secreção tubular de ácido úrico, predispondo, assim, à 
hiperuricemia e à gota. Também foram relatadas hepatotoxicidade e intolerância 
à glicose. 
• Ela deve ser evitada na doença hepática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
6/8/2020 
33 
Fibratos 
• O fenofibrato e a genfibrozila são derivados do ácido fíbrico que reduzem os 
triglicerídeos séricos e aumentam os níveis de HDL. 
• O fenofibrato é mais eficaz do que a genfibrozila na redução dos níveis de 
triglicerídeos. 
• São usados no tratamento das hipertrigliceridemias. 
• São administrados via oral. 
• Os efeitos adversos mais comuns são distúrbios gastrintestinais leves. 
• Como esses fármacos aumentam a excreção biliar de colesterol, há uma 
predisposição de formar cálculos biliares. 
• Ambos os fibratos podem aumentar os efeitos da varfarina. 
• Os fibratos não devem ser usados em pacientes com disfunção renal ou hepática 
grave ou em pacientes com doença preexistente na vesícula biliar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
Sequestradores de ácidos biliares 
• Os sequestradores de ácidos biliares (resinas fixadoras de ácidos biliares) têm efeito 
redutor do LDL significativo, embora seus benefícios sejam menores do que os 
obtidos com as estatinas. 
• Colestiramina, colestipol e colesevelam são resinas que realizam trocas de ânions e 
se ligam aos ácidos e sais biliares com carga negativa no intestino delgado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
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34 
• Os sequestradores de ácidos biliares são insolúveis em água e têm grande massa 
molecular. 
• São totalmente excretados nas fezes. 
• Os efeitos adversos mais comuns são distúrbios no TGI, como constipação, 
náuseas e flatulência. O colesevelam apresenta efeitos no TGI menores do que 
os outros sequestradores dos ácidos biliares. 
• Esses fármacos podem comprometer a absorção das vitaminas lipossolúveis (A, 
D, E e K) e interferem na absorção de vários fármacos (p. ex., digoxina, varfarina 
e hormônios tireoidianos). 
• As resinas podem aumentar os níveis de triglicerídeos e são contraindicadas em 
pacientes com hipertrigliceridemia significativa (≥ 400 mg/dL). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacosusados contra a hiperlipidemia 
Ácidos graxos ômega-3 
• Ácidos graxos poli-insaturados (AGPIs) ômega-3 são ácidos graxos essenciais usados 
predominantemente para reduzir triglicerídeos. 
• Os ácidos graxos essenciais inibem a síntese de VLDL e triglicerídeos no fígado. 
• Os AGPIs ômega-3 – ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosa-hexaenoico (DHA) 
– são encontrados em fontes marinhas tais como atum, alabote e salmão. 
• Cápsulas de óleo de peixe de venda livre ou sujeitas à prescrição (EPA/DHA) podem 
ser usadas para suplementação, pois é difícil consumir AGPI ômega-3 suficiente 
somente com a dieta. 
• Os AGPIs ômega-3 podem ser considerados auxiliares de outros tratamentos para 
reduzir os lipídeos em indivíduos que têm triglicerídeos significativamente elevados. 
• Os efeitos adversos mais comuns do AGPI ômega-3 inclui efeitos TGI (dor abdominal, 
náusea, diarreia) e o gosto de peixe. Pode aumentar o risco de sangramentos 
naqueles que estão tomando simultaneamente anticoagulantes ou antiplaquetários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármacos usados contra a hiperlipidemia 
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Antidiabéticos 
• O diabetes mellitus (DM) é um complexo distúrbio do metabolismo energético 
caracterizado por hiperglicemia. 
• É estimado que 50% da população não tem conhecimento que possui a doença. 
• Existem três tipos de Diabetes Mellitus descritos: Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diabetes Mellitus 
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36 
Diabetes Mellitus tipo 1 
- Causada pela destruição das células β pancreáticas, o que leva a uma deficiência 
na síntese e/ou liberação de insulina. 
- Essa incapacidade é de causa autoimune ou idiopática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resistência à insulina 
Diabetes Mellitus tipo 2 
- É uma doença com várias etiologias, resultante do uso ineficiente da insulina pelo 
organismo, caracterizando uma resistência a esse hormônio. 
- Corresponde a 90% dos casos de diabetes. 
- Qualquer pessoa pode desenvolver o diabetes tipo 2 e diferentes condições 
aumentam o risco de desenvolvimento dessa doença, como estilo de vida 
sedentária, obesidade e hipertensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6/8/2020 
37 
Insulina 
• Quando o suprimento de substratos é abundante, a insulina é secretada pelas 
células β do pâncreas. 
• O principal fator que modula a secreção de insulina é a glicose circulante, 
porém existem outros fatores reguladores como aminoácidos e ácidos graxos, 
o sistema nervoso autônomo e vários outros hormônios circulantes. 
 
• O tratamento do DM deve se basear, principalmente, na mudança do estilo de 
vida: dieta e atividade física. 
• No entanto, para o DM tipo 1, por exemplo, isso é totalmente ineficaz per se, 
requerendo o tratamento farmacológico. Para o DM tipo 2, dependendo do 
estágio, mudanças nos hábitos de vida podem ser o passo inicial e mais 
importante. 
Tratamento do Diabetes Mellitus (DM) 
6/8/2020 
38 
Tratamento do Diabetes 
Mellitus (DM) 
DM tipo 2 
• A terapia insulínica visa, no DM tipo 1, à reposição do hormônio ausente e, no 
DM tipo 2, ao controle dos níveis glicêmicos. 
• Na evolução do paciente diabético tipo 2, muitas vezes, adiciona-se inicialmente 
insulina NPH bedtime (antes de dormir), para controlar a glicemia de jejum. 
Entretanto, em estágios mais avançados, requer-se insulinização plena, assim 
como o paciente tipo 1. 
• Há insulinas suína, bovina e recombinante humana. 
• A base dessa terapia é imitar o fisiológico e, para isso, deve-se compreender que 
há uma secreção basal de insulina, que compensa a produção hepática de 
glicose, e uma secreção conforme a alimentação. 
• As insulinas são aplicadas de forma subcutânea e, dependendo do paciente, 
pode variar de 1 a até 5 (ou mais) aplicações por dia. Dessa forma, é necessário 
mudar os locais de aplicação: periumbilical, subacromial, glúteo e vasto lateral. 
Terapia Insulínica 
6/8/2020 
39 
• Em uma emergência hiperglicêmica, a insulina regular é injetada por via intravenosa 
[IV]. 
• A infusão SC contínua de insulina (também denominada bomba de insulina) é outro 
método de administração usado. 
 
Terapia Insulínica 
• As insulinas são classificadas com relação à duração da ação. Podem ser: 
regulares, ultrarrápidas, isófanas ou ultralentas. É importante considerar que, 
quanto maior o pico de ação, maior o risco de hipoglicemia. 
 
Regular (solúvel) 
• A insulina regular é a única solúvel e isso é importante, pois é a única insulina 
que pode ser administrada de forma endovenosa. 
• Apresenta início rápido e duração curta, sendo, portanto, útil para controlar a 
glicemia pós-prandial – é aplicada cerca de 30 minutos antes da alimentação. 
 
Classificação da insulina 
6/8/2020 
40 
Ultrarrápida 
• A insulina ultrarrápida apresenta também início de ação rápido e duração curta, 
sendo conveniente ao paciente, pois ele pode se alimentar cerca de 5 minutos 
após a aplicação. 
• Existe a insulina lispro e a asparte. 
• A lispro apresenta uma substituição entre os resíduos 28 (prolina) e 29 (lisina); já 
a asparte apresenta uma substituição do resíduo 28 (prolina) por aspartato. Essas 
alterações fazem com que sejam absorvidas mais rapidamente. 
 
• Em geral, insulinas de ação rápida e curta são usadas em conjunto com uma 
insulina basal de ação mais longa para o controle da glicemia de jejum. 
 
Classificação da insulina 
Isófana (NPH) 
• A insulina isófana (NPH - Insulina neutra com protamina Hagedorn) é uma 
insulina de ação intermediária formada pela adição de zinco e protamina à 
insulina regular, que levam a uma precipitação do conteúdo e à consequente 
lentificação da absorção. 
• Essa associação faz com que ela tenha aspecto leitoso, sendo facilmente 
distinguida das demais. 
• A insulina NPH é usada para controle basal (jejum) nos diabetes tipos 1 e 2 e, em 
geral, é dada junto com a insulina de ação rápida ou curta para controle na hora 
da refeição. 
• A insulina NPH deve ser dada somente por via SC (nunca IV) e não deve ser usada 
quando é necessário baixar rapidamente a glicose (p. ex., cetoacidose diabética). 
 
Classificação da insulina 
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41 
Ultralenta 
• A insulina ultralenta é utilizada para controlar a glicemia basal, assim como a 
NPH, porém, como sua meia-vida é muito longa, requer apenas 1 aplicação 
diária. 
• Os tipos principais são a insulina zinco (maior concentração de zinco do que a 
NPH), a glargina (adição de arginina nas posições 31 e 32 e glicina na posição 21; 
isso faz com que ela seja solúvel em meio ácido, mas se precipite em meio 
neutro, como o tecido celular do subcutâneo, reduzindo assim a sua absorção) e 
a detemir. 
• Futuramente, haverá outras insulinas com meia-vida ainda maior, reduzindo a 
necessidade de aplicações tão próximas. 
Classificação da insulina 
Ultralenta 
• A insulina glargina e a insulina detemir são usadas para controle basal e devem 
ser administradas somente por via SC. 
• Nenhuma insulina de longa ação deve ser misturada na mesma seringa com 
outras insulinas, pois isso pode alterar o perfil farmacodinâmico. 
• Várias associações de insulinas humanas pré-misturadas estão disponíveis, como 
70% insulina NPH mais 30% insulina regular ou 50% de cada uma dessas. 
• O uso das associações pré-misturadas diminui o número de injeções diárias, mas 
torna mais difícil ajustar os componentes individuais do regime de insulina. 
 
 
Classificação da insulina 
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42 
• Entre os efeitos adversos, destacam-se a alergia (formação de IgE – urticária, 
anafilaxia) e a neutralização (formação de IgG), principalmente com as insulinas 
de origens suína e bovina. 
• No entanto, os principais efeitos adversos são a lipoatrofia, decorrente de 
processo inflamatório na região da aplicação; lipohipertrofia, decorrente dos 
efeitos lipogênicos e anabólicos da insulina(importância de mudar o local de 
aplicação); e hipoglicemia. 
Efeitos adversos 
• Os sensibilizadores de insulina são a primeira escolha para pacientes com DM 
tipo 2. 
• Embora classicamente não sejam utilizados em pacientes com DM tipo 1, caso 
apresentem resistência insulínica (cada vez mais comum em razão da 
possibilidade do ganho de peso – obesidade – com as terapias insulínicas), esses 
fármacos podem ser utilizadas. 
• Há duas classes consideradas sensibilizadoras de insulina: biguanidas e 
glitazonas. 
• O mecanismo de ação geral é redução da resistência insulínica, ou seja, elas 
aumentam a ação da insulina nos tecidos. 
Sensibilizadores de insulina 
6/8/2020 
43 
• Entre as biguanidas, o único representante atual é a droga metformina -> 
fármaco de escolha do DM tipo 2. 
• Mecanismo independente de insulina: inativação de enzimas que fazem a 
gliconeogênese. 
• Mecanismo dependente de insulina: ocorre por estimulação da via de sinalização 
da insulina, aumentando a inserção de Glut4 -> aumenta a captação e o uso da 
glicose nos tecidos-alvo. 
• Importante: não causa hipoglicemia, apenas evita a hiperglicemia. 
• A metformina apresenta outros efeitos como: redução de VLDL e LDL e redução 
do apetite (perda de peso). 
Biguanidas 
• Efeitos adversos: diarreia (relacionada à dose), acidose láctica – contraindicada 
em qualquer situação em que o risco de ácidose láctica seja possível (p.ex., 
insuficiência renal). 
• Ela deve ser suspensa em casos de infarto agudo do miocárdio, agravamento de 
insuficiência cardíaca, sepse ou outro distúrbio que possa causar insuficiência 
renal aguda. 
• A administração é por via oral com meia-vida de 2 horas; não é metabolizada e a 
excreção é renal. 
• Pode ser usada isoladamente ou em associação com outros fármacos de uso oral 
ou insulina. 
 
Biguanidas 
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44 
• No tecido adiposo, estimula a lipogênese; no músculo esquelético, ativa a 
expressão de Glut4 (aumenta a captação de glicose); no fígado, reduz a 
transcrição de enzimas da gliconeogênese. 
• Efeito só ocorre após 1 a 2 meses após o início da terapia. 
• Entre os efeitos adversos, os principais são o ganho de peso (1 a 5 kg) e a 
retenção hídrica (aumento de reabsorção de sódio) – droga é contraindicada em 
insuficiência cardíaca. 
• Atualmente, apenas a pioglitazona é aceita, pois a rosiglitazona apresenta graves 
efeitos colaterais cardíacos. 
• Podem ser usadas como monoterapia ou em associação com outros 
hipoglicemiantes ou com insulina. 
• É recomendado a pioglitazona como um fármaco de segunda ou terceira escolha 
para o DM tipo 2. 
Glitazonas (tiazolidinediona) – pioglitazona 
• Os secretagogos de insulina são os fármacos que aumentam a secreção de 
insulina. Ou seja, é essencial que o indivíduo seja capaz de produzir insulina. 
• Há quatro classes de secretagogos de insulina: sulfonilureias, glinidas, miméticos 
de incretinas e inibidores de DPP-IV. 
Secretagogos de insulina 
6/8/2020 
45 
• Agem sobre as células beta do pâncreas, estimulando a secreção de insulina. 
• Essa secreção de insulina é independente da dieta e, portanto, o risco de 
hipoglicemia é eminente. 
• Entre os efeitos adversos, estão o ganho de peso (estimula fome) e a hipoglicemia. 
Pode reduzir o pré-condicionamento isquêmico aumentando a gravidade de 
isquemias/infartos do miocárdio. Outro efeito importante é arritmia cardíaca, ou seja, 
é contraindicada em pacientes infartados. Não se pode usar também na gestante, 
pois atravessa a placenta e passa pelo leite materno (Obs: a glibenclamida pouco 
atravessa a placenta e pode ser uma alternativa à insulina em gestantes) 
• Há duas gerações de sulfonilureias. A primeira é composta pela tolbutamida e pela 
clorpropamida, que apresentam tempo de meia-vida muito longo. 
• A segunda geração é composta por glibenclamida, glicazida, glipizida e glimepirida. 
Sulfonilureias 
• As glinidas são muito semelhantes às sulfonilureias, porém, a principal diferença 
é o tempo de meia-vida: as glinidas apresentam tempo de meia-vida curto, ou 
seja, são ideais para controlar a hiperglicemia pós-prandial. 
• Há duas principais: repaglinida e nateglinida. 
• As glinidas devem ser tomadas antes da refeição e são bem absorvidas após 
administração oral. 
Glinidas 
6/8/2020 
46 
• A principal incretina é o GLP-1 (glucagon-like peptide 1), que é secretado por 
células L do intestino. Apresentam várias ações, mas as principais são: redução 
da produção hepática de glicose, aumento da sensibilidade de insulina e redução 
do esvaziamento gástrico. 
• Na célula beta pancreática age aumentando a secreção de insulina. 
• A administração dos miméticos de incretinas (p.ex., exenatide e liraglutide) 
acontece por via subcutânea e podem causar hipoglicemia. 
• Entre os efeitos, além do controle da glicemia, há perda de peso (principalmente 
em decorrência da redução do esvaziamento gástrico, que aumenta a saciedade). 
• Os efeitos adversos são: hipoglicemia, náusea e redução da biodisponibilidade de 
fármacos administrados por via oral (redução do esvaziamento gástrico). 
Miméticos de incretinas 
Antimicrobianos 
(AULA 14 e 15) 
6/8/2020 
47 
ANTIBIOTICOTERAPIA 
O objetivo do tratamento antibiótico não é eliminar os sintomas, 
mas as bactérias. Se o tratamento e interrompido antes do prazo, 
as bactérias que ainda estão vivas, que são justamente as mais 
fortes, estão prontas para um novo ataque. 
Introdução 
• Caso o fármaco seja um produto sintético será classificado como 
quimioterápico. 
• Caso o fármaco seja um produto natural será classificado como antibiótico. 
• Os fármacos são classificados como anti-infecciosos pelo espectro de ação, 
pela estrutura química, pela ação ou por mecanismo de ação. 
• Em relação ao espectro, pode ser de pequeno ou grande espectro; se 
pequeno, age apenas em Gram-positivos ou em Gram-negativos; se de 
grande, age tanto em Gram-positivos quanto em Gram-negativos (e outras 
bactérias). 
• Em relação à ação, pode ser bacteriostático, ou seja, apenas impede a 
proliferação dos microrganismos ou então bactericida, ou seja, de fato destrói 
as bactérias. 
 
 
 
 
6/8/2020 
48 
Introdução 
• Em relação ao mecanismo de ação, pode ser inibidor da síntese de parede, da 
síntese proteica ou da síntese de ácidos nucleicos e alterar a integridade da 
membrana. 
 
 
 
 
 
Inibição da síntese da parede celular 
• Os fármacos que inibem a síntese da parede celular são: 
 beta-lactâmicos: penicilinas, cefalosporinas, carbapenems, monobactâmicos 
 glicopeptídeos: vancomina e teicoplanina 
 bacitracina. 
6/8/2020 
49 
Penicilinas 
• As penicilinas são antibióticos muito bons, mas com algumas limitações na época 
em que foram descobertas: não são ativas por VO (sofrem hidrólise ao passar 
pelo estômago); possuem tempo de meia-vida curto (isto é, injeção 
intramuscular a cada 3 horas); são Staphylococci resistentes; abrangem pequeno 
espectro (eficazes apenas contra Gram-positivas); são muito pouco tóxicas, mas 
podem causar choque anafilático; não passam para o SNC (isto é, não tratavam 
neurossífilis). 
• Atualmente, com o avanço da síntese orgânica, só resta o problema da alergia e 
da não passagem ao SNC. 
• As penicilinas interferem na última etapa da síntese da parede bacteriana 
(transpeptidação ou ligações cruzadas), resultando em exposição da membrana 
osmoticamente menos estável -> pode ocorrer lise celular. 
 
Penicilinas 
Penicilinas naturais 
• As penicilinas naturais (benzilpenicilina [penicilina G] e fenoximetilpenicilina 
[penicillina V]) são obtidas de fermentac ̧ões do fungo Penicillium chrysogenum. 
• Penicilinas semissintéticas: amoxicilina e ampicilina (também conhecidas como 
aminopenicilinas). 
• A benzilpenicilina é o tratamento básico de infecções causadas por inúmeros 
cocos gram-positivos e gram-negativos, bacilos gram-positivos e espiroquetas. 
• Aspenicilinas são suscetíveis à inativação pelas beta-lactamases (penicillinases) 
produzidas pelas bactérias resistentes. 
• Apesar de seu uso generalizado e do aumento da resistência de muitos tipos de 
bactérias, a penicilina continua sendo o fármaco de escolha para o tratamento 
de gangrena gasosa (Clostridium perfringens) e sífilis (Treponema pallidum). 
6/8/2020 
50 
Penicilinas 
Penicilinas antiestafilocócicas 
• Meticilina, nafcilina, oxacilina e dicloxacilina são penicilinas beta-lactamase 
(penicillinase-resistentes). 
• Seu uso é restrito ao tratamento de infecções causadas por estafilococos 
produtores de penicilinase, incluindo o S. aureus sensível à meticilina (MSSA) 
• As penicilinas penicilinase-resistentes têm atividade mínima ou nula contra 
infecções gram-negativas. 
Penicilinas 
Penicilinas de espectro estendido 
• Ampicilina e amoxicilina têm um espectro antibacteriano similar ao da 
benzilpenicilina, mas são mais eficazes contra bacilos gram-negativos. 
• A ampicilina (com ou sem a adição de gentamicina) é o fármaco de escolha 
contra o bacilo gram-positivo Listeria monocytogenes e espécies de enterococos 
suscetíveis. 
• Essas penicilinas de espectro estendido são usadas amplamente também no 
tratamento de infecções respiratórias, e a amoxicilina é empregada profilati- 
camente por odontólogos em pacientes de alto risco, para prevenir a 
endocardite bacteriana. 
• A resistência a esses antimicrobianos é atualmente um problema clínico 
importante devido à inativação por penicilinase mediada por plasmídeo. 
(Escherichia coli e Haemophilus influenzae são frequentemente resistentes.) 
6/8/2020 
51 
Penicilinas 
Penicilinas de espectro estendido 
• A formulação com um inibidor da beta-lactamase, 
como ácido clavulânico ou sulbactam, protege a 
amoxicilina ou a ampicilina, respectivamente, da 
hidrólise enzimática e amplia seu espectro 
antimicrobiano. 
Penicilinas 
Benzilpenicilina procaína e benzilpenicilina benzatina são administradas por via IM 
e servem como formas de depósito. Elas são absorvidas lentamente para a 
circulac ̧ão e persistem em níveis baixos durante longo tempo. 
6/8/2020 
52 
Penicilinas 
As penicilinas estão entre os fármacos mais seguros e os níveis sanguíneos não são 
monitorados. Contudo, podem ocorrer as reações adversas: 
• Hipersensibilidade: Aproximadamente 5% dos pacientes têm algum tipo de 
reação, variando de urticária até angioedema (inchaço acentuado de lábios, 
língua e área periorbital) e anafilaxia. 
• Diarreia: A diarreia é um problema comum causado pela ruptura no equilíbrio 
normal dos microrganismos intestinais. 
• Nefrite: Todas as penicilinas, particularmente a meticilina, têm potencial de 
causar nefrite intersticial aguda. 
• Neurotoxicidade: As penicilinas são irritantes ao tecido nervoso e podem 
provocar convulsões se forem injetadas intratecalmente ou se forem alcançados 
níveis sanguíneos muito elevados. 
• Toxicidade hematológica: Diminuição da coagulação e citopenias. 
 
Inibidores de beta-lactamase 
• A enzima beta-lactamase é capaz de destruir o anel beta-lactâmico originando 
compostos inativos. 
• Dessa forma, fármacos capazes de inibir essa enzima aumentam a eficácia dos 
antibióticos. 
• Importante: essas drogas sozinhas não são antibióticos. 
• Exemplos: ácido clavulânico (clavulanato), sulbactam e tazobactam.

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