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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO_ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO XXXXXXXXXXXXXXX -RJ
Qualificação completa..., vêm por intermédio de sua advogada devidamente constituída, através de instrumento de procuração, propor:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER PELA PROPAGANDA ENGANOSA ANUNCIADA C/C DANO MORAL
Qualificação completa..., pelos fatos e fundamentos que passa a expor: 
DOS FATOS
A Autora entrou no site da empresa ré que vende via internet diversos produtos no dia XX/XX/XXXX e percebeu que o produto XXXX, estava em promoção de R$ 1,99 por R$ 0,99 , como demonstrava a figura apresentada no site da empresa ré, e se interessou. Olhou também o produto YYYY, por R$ 19,90, sendo oferecido também a título de promoção, como demonstrava a figura do site, e adquiriu os referidos produtos, onde pagaria o valor de R$ 200,00 , ao total, com o pagamento em 4 parcelas no Cartão de Crédito. 
Porém, quando a autora finalizou a compra o site informou que tratava-se de produto X e sim de um produto Y, como demonstrava a propaganda, (fotos da propaganda em anexo). Tendo a autora através da propaganda mal feita e enganosa da ré, adquirido na realidade quantidade menor que a anunciada o que para a autora ficaria completamente fora da sua realidade, esta de imediato entrou em contato com a ré para realizar o pedido de cancelamento, que gerou o protocolo de nº XXXX, mas a empresa ré, só respondeu no dia seguinte e se negou a realizar o cancelamento, informando a autora que o “status” do pedido não permitia o cancelamento e que caso realmente não quisesse o produto era para recusar o mesmo no momento da entrega.
Por cautela, a autora entrou em contato via telefone a fim de solicitar mais uma vez o cancelamento gerando o protocolo de nº XXXXX, porém foi informada de que o cancelamento não poderia ocorrer, pois a nota fiscal já havia sido realizada. A autora então informou que havia enviado um e-mail para que o cancelamento fosse efetuado, o preposto disse á autora que nada poderia fazer e que a autora deveria ignorar o produto no momento do recebimento que iria constar como devolução.
Diante das respostas dadas pelos prepostos da empresa ré, a autora avisou a toda a família que não era para receber o produto, ficando todos avisados e a autora despreocupada.
No dia XX/XX/XXXX, a autora recebeu um e-mail informando que o produto havia sido entregue, o que fez com que a autora relatasse a ré que não havia recebido o referido produto, pois de fato não o recebeu.
No mesmo dia, a ré encaminhou um e-mail a autora informando que seria aberta uma reclamação ao parceiro logístico e que a mesma deveria aguardar por 2 dias uma resposta. Gerando o nº de protocolo XXXXX
No mesmo dia XX, mais tarde, em resposta a empresa ré enviou a autora um e-mail com o anexo do comprovante de recebimento, e quando a autora abriu, constava que uma vizinha que mora á 4 casas da sua havia recebido o produto. Frisa-se que a autora não possui nenhum vínculo de amizade com esta.
No dia xx, a vizinha da autora entregou o produto a esta. Assim, forçadamente com o produto em mãos, tendo feito de tudo para cancelar não conseguiu agindo desde o inicio de boa-fé informou á ré que o produto havia sido entregue, mas que havia realizado o pedido de cancelamento.
Exa. com uma simples comunicação, com rapidez que o réu teve em dizer e provar á autora que o produto foi recebido pela vizinha, a empresa ré poderia ter realizado o cancelamento quando solicitado, ou no mínimo ter comunicado a transportadora para que não entregasse o produto a ninguém, já que havia a ciência de que a autora rejeitaria o mesmo, como o próprio réu orientou. A empresa ré, fazendo com que a autora recebesse o produto, tem a obrigação de cumprir com a propaganda e a autora por sua vez tem o direito de pedir que se cumpra com a propaganda realizada no site, qual seja a entrega de xxxxxxxxxx.
Importante salientar que, o site da empresa ré apresenta produtos para vendas em unidade e demonstra o produto na figura em unidade (1), como se comprovam as fotos de outros produtos, constatando o animus de ludibriar o consumidor com a propaganda enganosa quando colocou as x produtos na figura da propaganda de venda sem nenhuma informação a mais, como se realmente fosse um kit por determinado valor, para no final entregar apenas a unidade.
Desta forma, vem perante V. Exa. para dirimir a questão e por consequência inibir que tais práticas sejam produzidas a fim de ludibriar o consumidor com propagandas enganosas.
DO DIREITO
A Constituição Federal de 1988, incorporando uma tendência mundial de influência do direito público privado, chamado pela doutrina de “constituição do direito civil” ou de “direito civil constitucional”, adotou como princípio fundamental, estampado no art. 5º, XXXII, “a defesa do consumidor” 
“O Código de Defesa do Consumidor veio amparar a parte mais fraca nas relações jurídicas” (STJ, Resp 90366/MG, Rel Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 02/06/1997)
A Autora adquiriu produtos com a empresa Ré, para a utilização final dos mesmos, neste sentido, a autora é consumidora, pois se enquadra no pré-requisito do art. 2º do CDC que o qualifica como tal.
Sendo o réu legitimado a figurar no polo passivo, pois entende-se por fornecedor, dentre outras atribuições, também os fornecedores de produtos, conforme preconiza o art. 3º do CDC.
A Autora adquiriu e pagou por um produto que acreditava ser um kit com X produtos cada, como demonstrou a propaganda e que ao final gastaria o valor de R$ 200,00 por ter pedido X kits de cada produto, porém apenas chegou a residência da autora x produtos.
A boa fé objetiva estabelece um dever de conduta entre fornecedores e consumidores, no sentido de agirem com lealdade (treu) e confiança (glauben) na busca do fim comum, que é o adimplemento do contrato, protegendo, assim, as expectativas de ambas as partes.
A autora tentou de diversas formas solucionar o problema antes mesmo do produto chegar em sua residência, sendo ainda orientada pela ré que a autora não deveria receber o produto. A autora fez de tudo para não receber o produto, mas a empresa ré mesmo ciente da informação fez questão de deixar o produto com uma vizinha que mora á 4 casas desta e que nenhuma relação possui com esta.
Exa., a empresa ré poderia comunicar previamente ao setor de entrega para não deixar o produto com ninguém já que a autora previamente alarmou o ocorrido, mas a empresa nada fez, entregou o produto a terceiro e consequentemente retirou o direito da autora de se negar a receber o produto como a própria ré orientou. Desta forma, este é completamente responsável por todos os danos e transtornos causados.
O fornecedor de serviço responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Art. 14 CDC.
A responsabilidade do réu é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade, tendo a autora o direito de ver seu direito garantido, pois o réu deve realizar propagandas com informações claras, devendo este cumprir com a propaganda informada em seu site. Devendo se observado os artigos:
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
A autora, assim como muitos adquiriu tal produto acreditando trata-se de uma certa quantidade e pagaria um determinado valor, mas teve a sua expectativa frustrada mesmo depois de inúmeros pedidos de cancelamento.Com tal atitude o réu feriu muitos princípios elencados no CDC, assim como feriu os próprios dispositivos legais.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Assim, a autora tem todo o direito de pedir X kits de cada produto como demonstrou a propaganda do próprio site (propaganda em anexo em anexo).
Devendo a empresa ré como obrigação de fazer entregar os X produtos restantes, tendo em vista o pagamento já realizado, pois o CDC dá a autora este Direito, resguardo no artigo 35, I do CDC.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
DO DANO MORAL
Os danos moral e material estão previstos expressamente na Constituição da República, através do art. 5º, V e X. No plano infraconstitucional, ressaltamos o Art. 186 e 187 do Código Civil e, no tocante às relações de consumo, temos a previsão no Art. 6º, VI e VII, ambos do CDC.
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato, súmula 37 do STJ.
O código civil, no art. 186, é claro ao expressar sua indignidade ao dispor que aquele que, por meio de ação ou omissão, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, AINDA QUE EXCLUSIVAMENTE MORAL, comete ato ilícito.
O art. 187 do mesmo diploma legal vem complementando o dispositivo nuper citado, uma vez que afirma que “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes”
Continuando o raciocínio, o art. 927 do Código Civil Brasileiro imputa que “aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a reparar”.
( fundamentar o motivo pelo qual se pede o dano moral) 
Todo o transtorno causado ocorreu por culpa da empresa ré, que anunciou em seu site de vendas algo confuso, enganoso que se agora se recusa a cumprir.
Causando danos morais a autora que teve como consumidora sua expectativas por completo frustrada referentes aos produtos adquiridos, acrescido ainda do aborrecimento trazido ao longo de todo o procedimento, do inicio ao final da compra com a entrega do mesma a uma vizinha.
O art. 942 do CC de 2002 é bem explícito em dar o entendimento de que “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos a reparar o dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação”.
A relação de consumo entre os fornecedores e consumidores é o exemplo mais gritante do abuso do poder econômico e técnico e a vulnerabilidade do destinatário final, situação que o código consumerista, reconhecendo essa fragilidade, busca um ordenamento que imponha um equilíbrio entre as partes.
Havendo danos ao consumidor, em decorrência da má prestação do serviço, como in casu, dois são os principais mecanismos instituídos pelo CDC para proteger a parte mais vulnerável: a inversão do ônus da prova em favor do consumidor (art. 6o,VIII) e a responsabilidade objetiva dos fornecedores do produto (a Réus).
O insigne jurista SILVIO SALVO VENOSA, em sua obra RESPONSABILIDADE CIVIL, quinta edição, editora atlas, destaca bem a definição do DANO MORAL na pág. 47, a saber:
“Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí por que aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável.”
A indenizabilidade exsurge do artigo 6º, VI, do CDC, que prevê “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos", que mereceu os seguintes dizeres do Desembargador JONATAS MILHOMENS (Manual do Consumidor, p. 26):
“Reparação, no sentido que o CDC lhe dá, é o ato de ressarcir , de indenizar por prejuízos ocorridos. A prevenção e a reparação se destinam a prevenir e reparar danos patrimoniais, morais, individuais, coletivos e difusos. A lei deu à possibilidade de acionar o judiciário um aspecto amplo, permitindo ao consumidor que se utilize de todos os remédios legais ao seu alcance para cobrir esses danos (art. 83, CPDC)‘’ 
Segundo o Ilustre Mestre Sérgio Cavalieri Filho, comentando o dispositivo acima transcrito:
“O consumidor, portanto, como nos demais caso de responsabilidade objetiva já examinados, tem, apenas, que provar o dano e o nexo causal. A discussão da culpa é inteiramente estranha às relações de consumo. Mesmo em relação ao dano e ao nexo causal pode vir a ser beneficiado com a inversão do ônus da prova (art. 6o, VIII)” (in Programa de Responsabilidade Civil, 2a ed., p.366 e 367). 
Na espécie, os danos causados não formam apenas materiais, mas, sem sombra de dúvidas, também morais. Nas palavras de PONTES DE MIRANDA:
“nos danos morais a esfera ética da pessoa é que é ofendida. O homem, possuindo esta esfera ética e sendo titular de direitos que compõe a sua personalidade, direitos que por este motivo não são patrimoniais, mas morais, que envolvem valores pessoais, sentimentos, não pode simplesmente admitir que esta esfera ética e estes seus direitos sejam feridos, violados, sem que exista uma devida e justa reparação”.
O dano moral é, portanto, entendido como todo sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária, devendo ser ressarcido independentemente de qualquer repercussão sobre o patrimônio do prejudicado, na medida em que a lei, ao se referir a danos, não faz distinção entre espécies.
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º, VI, elenca como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
Buscando socorro, novamente, na lição do mestre Sérgio Cavalieri Filho:
“O dano moral é aquele que atinge os bens da personalidade, tais como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação à vítima (...).Também se incluem nos novos direitos das personalidade os aspectos de sua vida privada, entre eles a sua situação econômica, financeira (...)”.
Ademais, a indenização, in casu, além de servir para compensar a Autora pelos transtornos decorrentes da propaganda enganosa e da falha na prestação de serviço.
Sendo julgado procedente o pedido de dano moral, este, apresentara sem dúvida, um aspecto pedagógico, pois serve de advertência para que o causador do dano e seus congêneres venham a se abster de praticar os atos geradores desse dano.
O dano moral nada mais é do que uma contrapartida do mal sofrido, com caráter satisfatório para os lesados e punitivo para o Réu, causador do dano, para que se abstenha de realizar essa conduta lesiva com qualquer outro.
O valor arbitrado pelo dano moral deve ter como objetivos: ressarcir e indenizar o ofendido e, também, punir e educar o ofensor.
Logo, o valor arbitrado pelo juízo deverá ser tal que sirva para o réu, como desestímulo a repetições de atos deste gênero, sendo-lhe imposto um “castigo” por ter causado a vitima tanto transtorno, e esta deverá receber uma soma que lhe proporcione prazeres, em contrapartida ao mal sofrido.
Requer a produção de todos os meios de provas admitida em direito, em especial documental, testemunhal e depoimento pessoal da Ré, sob pena de confissão ficta, no caso de não comparecimento ou recuse a prestar depoimento.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência o que se segue:
A. Seja recebida a presenteem todos os seus termos, procedendo-se a citação da Requerida, conforme aponta o Código de Processo Civil, nos endereços fornecidos nesta inicial na pessoa de seus representantes legais para, querendo, contestarem a presente em prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato; se assim não entender Vossa Excelência, seja citada via mandado;
B. A inversão do ônus da prova, com fulcro no Art. 6º, VIII, da Lei 8.078/90 e a responsabilidade objetiva;
C. Seja a ré compelida a entregar á autora, a quantidade x do produtos XXXXXX restantes, conforme artigo 35,I do CDC, forçando o réu a cumprir com a propaganda oferecida; Caso não seja possível o cumprimento da obrigação que esta seja convertida em perdas e danos;
D. Requer a condenação da empresa Ré em indenização por danos morais, equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil Reais), mais custas processuais, honorários advocatícios à base de 20% sobre ao montante da indenização e demais cominações legais;
Requer também, provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, tais como documental, testemunhal, pericial se necessário for, depoimento pessoal dos representantes legais da Requerida, e demais que se fizerem necessárias à boa instrução do presente feito;
Dá-se à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Data
Nestes Termos
Pede o deferimento
Advogado
OAB

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