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CÂNCER DE COLO UTERINO AULA 3 – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Ca de colo uterino, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos de papilomavírus humano (hpv); Os tipos oncogênicos de hpv mais prevalentes são: 16, 18, 31, 35, 39, 45 (e também mais frequentes), 51, 52, 56 e 58; Infecção pelo hpv é frequente e não causa doença na maioria das vezes; e quando causa pode começar com a neoplasia intraepitelial de baixo grau. Ou até de alto grau, depende do subtipo e do fator oncogenico sobre as células. Entretanto, em alguns casos, ocorre alterações celulares que podem evoluir para câncer. O câncer de colo uterino (ccu) é o único câncer genital que pode ser realmente prevenido por técnicas de rastreamento efetivas e de baixo custo; Permite detecção e tratamento na fase inicial da doença (pré-maligna) e ainda na forma de neoplasia intraepitelial cervical (nic) Importância ginecológica: frequente foco de desenvolvimento de câncer. Importância obstétrica: processo de parturição; O colo com ectopia não é anormal. É um colo típico da mulher que está na menacne. O epitélio glandular vai para fora devido ao inchaço do útero, devido a influencia hormonal. E ocorre a metaplasia escamosa que o epitélio começa a se transformar em epitélio escamoso – junção escamocolunar. Junção original: onde não houve a metaplasia e a junção real que é a área entre o limite da metaplasia e do epitélio colunar em si. EPIDEMIOLOGIA Ccu: segundo ca mais comum em mulheres no mundo; Com exceção do ca de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás apenas de ca de mama e colorretal); Quarta causa de morte de mulheres por ca no brasil; Estimativa de novos casos: 16.590 por ano (2020-inca); Amplamente relacionado com baixas condições socioeconômicas; Nos países desenvolvidos: é a causa mais comum de morte por câncer em mulheres e o maior número de vidas perdidas em decorrência de câncer; Diagnóstico: entre a quinta década de vida (40-50 anos). FATORES DE RISCO Íntima relação com a infecção pelo vírus hpv (dst), principalmente os de elevado risco (16, 18, 31, 33, 35). É a principal causa de ccu e detectado em 99% dos casos de doença invasora. ♥ Baixo nível socioeconômico; ♥ Início precoce de atividade sexual; ♥ Múltiplos parceiros; ♥ Gravidez precoce; ♥ Multiparidade; ♥ Uso prolongado de aco; controversio. ♥ Infecção pelo vírus hiv > imunossupressão; ♥ Tabagismo: age diminuindo a resposta imunológica local na mucosa do colo uterino; Proteínas virais e6 e e7, produzidas pelos hpv's de alto risco, são o ponto crítico para a transformação maligna do epitélio, que por sua habilidade de ligar-se e invadir as proteínas p53 e pbr (que é responsável pelo reparo de DNA) do hospedeiro (genes supressores de tumores); Tem significativa importância no que refere a prevenção primária (vacinação) e secundária (rastreamento) PATOLOGIA A evolução da infecção pelo hpv para o ccu, envolve 4 fases: - Primeira: infecção do epitélio metaplásico da zona de transformação cervical; principalmente o epitélio metaplasico porque ele está se replicando, acontecendo mitose e aí o hpv entra nas células que estão se replicando e consegue infectar. - Segunda: presistência de infecção viral; quando ele não é eliminado. - Terceira: progressão do epitélio persistentemente infectado à pré-cancer cervical; - Quarta: invasão, através da membrana basal do epitélio; rompe a membrana basal. Lembrando que até virar câncer, a maioria dos subtipos oncogenicos leva 10-30 anos. Então, tratando a lesão intraepitelial de alto grau previne o que a paciente poderia ter. A lesão origina-se normalmente na junção escamocolunar (jec) do colo uterino; Se a lesão pré-invasora não for tratada, evolui para um carcinoma invasor em 10-30% dos casos; Na maioria das vezes o nic 3 já surge nessa fase, sem apresentar-se como nic 2 ou nic 1; Quando visíveis, as lesões podem ser: endofíticas e exofíticas. As lesões disseminam-se por toda a extensão direta do tecido paracervical, a vagina e ao endométrio; começa no colo do útero e vai se estendendo. A sua progressão envolve as paredes pélvicas lateralmente, a bexiga anteriormente e o reto; As principais vias de disseminação é via linfática (pélvicos e para-aórticos) e hematogenica; Principais sítios de metástases: mama, pulmão, intestino grosso e ovário. De forma hematogenica ou por via linfática. TIPOS HISTÓLOGICOS CCU: ♥ Células epidermóides: 70 a 90% dos casos; ♥ Células colunares endocervicais (adenocarcinoma): 25% dos casos. É mais grave e tem pior prognostico. ♥ Carcinoma adenoescamoso; ♥ Carcinoma de céls. Claras; ♥ Carcinoma neuroendócrino; ♥ Sarcomas; ♥ Linfomas; ♥ Melanomas; ♥ Tumores metastáticos; Quanto menos diferenciado, mais as células perdem a aparência glandular e tornam-se mais sólidas; mais invasivas, com maior malignidade e maior chance de metástase. ADENOCARCINOMA: ♥ Maior taxa de recorrencia; ♥ Mais linfonodos acometidos; ♥ Pior prognóstico; PROGNÓSTICO E TERAPEUTICA IRÁ DEPENDER DE: 1) Grau de diferenciação tumoral; ♥ Bem diferenciado – melhor prognostico ♥ Moderadamente diferenciado ♥ Pouco diferenciado – pior prognostico 2) Profundidade e extensão da lesão 3) Acometimento de linfonodos ACHADOS CLÍNICOS ♥ NA FASE INICIAL: assintomático ou pouco sintomático, a depender do local e da extensão da lesão; principalmente na invasão inicial. ♥ Secreção vaginal amarelada, fétida e até sanguinolenta; - relação com necrose, mais avançado. ♥ Ciclos menstruais irregulares; ♥ Spotting intermenstrual; ♥ Sangramento pós coital; - epitélio mais friável. ♥ Dor em baixo ventre; EM ESTÁGIOS MAIS AVANÇADOS: ♥ Dor em baixo ventre mais significativa – o útero fica mais rígido, pode ocasionar aderências pelvias. ♥ Anemia ♥ Dor lombar – irradiação. ♥ Hemáturia – invasão vesical. ♥ Alterações miccionais ♥ Alterações no hábito intestinal; - inclusive quando invade reto e intestino pode ter a famosas fezes em fita. DIAGNÓSTICO TRÍADE: ♥ Citologia ♥ Colposcopia ♥ Histologia CITOLOGIA Mais importante no rastreamento das lesões iniciais ainda não vistas a olho nu; 60% de sensibilidade Em estágios avançados (com necrose por exemplo) pode dar falsos-negativos; - já vai direto para colposcopia e biopsia quando você ve que a lesão ta grave. Especificidade de aproximadamente 95%; COLPOSCOPIA Auxilia no dx; A colposcopia é um aparelho que tem uma lente de aumento. Imagens sugestivas de invasão tumoral: ♥ Vasos atípicos; ♥ Necrose; ♥ Erosões; ♥ Aspectos vegetantes; ♥ Circunvoluções na lesão; HISTOLOGIA (PADRÃO-OURO) Biópsia direta da lesão realizada por visão colposcópica (mais utilizada) ou curetagem de canal endocervical (mais de 50% podem vir falsos-negativos) Em casos em que não há confirmação e tem forte suspeita de ccu, e possível fazer a conização; TOQUE VAGINAL Auxiliar na avaliação inicial: ♥ Colo uterino: irregular, endurecido, tumoral, vegentante. TOQUE RETAL Estadiamento clinico. Avaliar se tem invasão de paramétrio. Se está rígido, endurecido, se tem massa tumoral anexada. ESTADIAMENTO O mais utilizado é o da FIGO. E tem como objetivo principal estadiar com base em exame físico e exames complementares de fácil acesso. Serve para propor o tto adequado para a paciente. Fotos no final. A categoria I é sempre só o colo. O II é quando o tumor cresceu além do colo, mas não invadiu as paredes da pelve e nem a parte inferior da vagina. Não se espalhou para linfonodos próximos nem para outros órgãos. Acomete a parede uterina. Se tem acometimento de paramétrio no toque retal, essa paciente já tá no IIB. Independentemente do tamanho. O III o tumor invadiu a parte inferior da vagina ou as paredes da pelve. É mais grave. Porque a vagina está intimo contatocom a bexiga e reto. Pode ter uma invasão dos ureteres, bexiga e reto. O IV o tumor invadiu a bexiga ou reto ou se disseminou para outros órgãos, como pulmões e ossos. ESTADIAMENTO: EXAMES DE IMAGEM Tc ou rm são frequentemente utilizadas para definir presença ou ausência de metástases linfonodais e avaliar a extensão da doença; As vezes um linfonodo ta comprometido mas não está aumentado. Ele vai ser visto na RNM ou TC se ele tiver aumentado. Tem que fazer uma cirurgia de retirada de linfonodos. É difícil identificar envolvimento tumoral desses nódulos quando seu tamanho é normal, pois avaliam apenas os aspectos morfológicos e a dimensão dos linfonodos; Linfonodos até 1 cm são considerados normais; Na determinação de características tumorais específicas como o tamanho e o delineamento tumoral, a rm mostra- se superior à tc e ao exame físico; A inclusão da rm, assim como da tc, deve resultar em maior acurácia no estadiamento clínico. TRATAMENTO Depende do estádio clínico; Cirurgia ou radioterapia que pode ser associada à quimioterapia radiossensibilizante; Mais de uma modalidade pode ser aceita para o mesmo estádio. Contudo, o máximo de esforço deve ser feito com o objetivo de evitar a necessidade de sobrepor tratamentos, já que ambos apresentam efeitos adversos que, se sobrepostos, irão trazer muito prejuízo à qualidade de vida da paciente. Se a cirurgia vai trazer benefício e retira a doença, com certeza evitar fazer a radio ou quimio sensivilizante porque se por acaso essa paciente tiver uma recidiva, e já fez radio, essa radio de novo não vai adiantar. CIRÚRGICO Pode variar desde uma conização a frio, em situações de doença microinvasora em pacientes com desejo de preservação da fertilidade, à histerectomia radical. Wertheim-meigs (histerectomia total ampliada ou piver iii) - retirada do útero, do terço superior da vagina, dos ligamentos uterossacros e vesicouterinos e de todo o paramétrio, bilateralmente, até a parede pélvica. - não há necessidade de ooforectomia, a qual é realizada somente nas pacientes pós-menopáusicas. TRAQUELECTOMIA RADICAL Objetiva a preservação da fertilidade em pacientes jovens e com ccu em estádio inicial porém invasor. É a retirada do colo. - são removidos o colo uterino e os tecidos parametriais, deixando uma cerclagem no útero remanescente, seguida de linfadenectomia pélvica; - pra ver se essa paciente tem doença local. - as chances de cura são comparáveis às da histerectomia radical; - o procedimento pode ser realizado por via abdominal ou por via vaginal. O procedimento por via laparoscópica demonstra diversos benefícios sobre a via laparotômica no que se refere principalmente à recuperação pós-operatória; Menor duração de sondagem de demora, menor necessidade de analgesia e menos tempo de internação hospitalar, com similaridade na quantidade de linfonodos ressecados e aparentes taxas similares de recorrência e sobrevida. RADIOTERAPIA Apresenta sobrevida semelhante à cirurgia radical na doença em estádios iniciais, em torno de 85 a 90%; Como a cirurgia preserva a função sexual e hormonal da paciente, é preferida nas pacientes mais jovens e com melhor condição clínica; Além de esterilizar os ovários, afeta a função sexual devido a sequelas vaginais como encurtamento e fibrose; A combinação de radioterapia de feixe externo (teleterapia) e braquiterapia intracavitária parece ser o tratamento radioterápico mais adequado. Sobrevida em 5 anos de 60% no tumor iib, 40% no iiib e 20% no iva; A combinação de radioterapia de feixe externo (teleterapia) e braquiterapia intracavitária parece ser o tratamento radioterápico mais adequado. TRATAMENTO NO ESTÁDIO IA1 Se os espaços linfovasculares não estão envolvidos, há menos de 1% de risco de disseminação linfonodal; Podem ser tratadas conservadoramente por histerectomia simples ou por conização a frio, se desejarem preservar a fertilidade; Se a paciente não quer preservar a fertilidade não tem pq deixar aquele útero ali. A maioria dos serviços opta por cirurgia radical ou radioterapia se possuir envolvimento dos espações linfovasculares. TRATAMENTO ESTÁDIO IA2, IB1 E IIA Histerectomia radical é o tratamento de escolha para pacientes jovens e sadias, pois preserva a função ovariana. Um ensaio clínico randomizado que comparou cirurgia primária e radioterapia primária, em estádios ib e iia, mostrou que a sobrevida livre de doença e sobrevida geral para os dois grupos foi a mesma. TRATAMENTO ESTÁDIO IB2 Pacientes com esse estádio (tumores > 4 cm) são pobres candidatas à cirurgia radical, devido ao fato de que a maioria delas necessitará de radioterapia adjuvante; Estudos demonstraram que a junção de cirurgia radical e radioterapia pós-operatória é um tratamento que causa muitas complicações e deve ser evitado. TRATAMENTO IIB, I II E IVA Radioterapia associada à quimioterapia com cisplatina como fármaco radiossensibilizante (rq) é o tratamento de escolha para esse grupo; Os ensaios clínicos relatam resposta completa em torno de 65% e sobrevida ao redor dos 40% em 2 a 3 anos nas lesões de estádios iii e iv; a cirurgia não tem caráter curativo nesse grupo de pacientes. TRATAMENTO IVB Na evidência de doença metastática, o tratamento é somente paliativo, devendo-se considerar qualidade de vida e efeitos adversos do tratamento; A administração de cisplatina e topotecana demonstrou ganho de sobrevida e qualidade de vida sobre a administração somente de cisplatina. TRATAMENTO ADJUVANTE Apesar de ser evitada ao máximo, nos casos em que é necessária a radioterapia adjuvante, ela é indicada principalmente devido a linfonodos positivos, margens exíguas ou comprometidas e invasão parametrial, sendo estes considerados critérios maiores (critérios de peters). O principal fator prognóstico nessas pacientes é o envolvimento linfonodal. SEGUIMENTO Deve-se detectar o mais precocemente possível a recorrência, em um estágio em que ainda se possa oferecer tratamento de resgate, e monitorar a toxicidade relacionada ao tratamento; A maioria das recorrências ocorre nos primeiros 2 anos após o tratamento primário; As pacientes devem ser avaliadas : A cada 3 meses no primeiro ano; A cada 4 meses no segundo ano; A cada 6 meses até o quinto ano; Após, anualmente. Sempre que a paciente apresentar dor, sangramento vaginal e alterações do trato urogenital e gastrintestinal, esses sintomas deverão ser investigados. TRATAMENTO DA DOENÇA RECORRENTE A recorrência do ccu é quase sempre incurável, e menos de 50% das pacientes estarão vivas em 5 anos; Pacientes que apresentarem recorrência pélvica após histerectomia radical podem ser tratadas com rq se não tiverem recebido radioterapia anteriormente; Recorrências pélvicas centrais após radioterapia ou rq podem ser tratadas com cirurgia curativa de exenteração pélvica na ausência de metástases à distância ou doença fixa em paredes pélvicas; Na recorrência pélvica em pacientes que não tenham recebido tratamento radioterápico prévio, pode ser oferecido tratamento de resgate com rq. epidemiologia fatores de risco patologia tipos histólogicos prognóstico e terapeutica achados clínicos diagnóstico citologia colposcopia histologia (padrão-ouro) toque vaginal toque retal estadiamento estadiamento: exames de imagem tratamento CIRÚRGICO radioterapia tratamento no estádio IA1 tratamento ESTÁDIO IA2, IB1 e IIA tratamento estádio IB2 tratamento IIB, III e IVA tratamento IVB tratamento adjuvante seguimento tratamento da doença recorrente
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