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Patologias da Tireoide O parênquima da tireoide é repleto de folículos e a membrana apical dessas células produzem o coloide. O coloide é um conjunto de macromoléculas e sua principal macromolécula é tireoglobulina e é responsável por produzir hormônios. A membrana basolateral do folículo está em contato com o interstício e a circulação da tireoide e é responsável por absorver o iodo da corrente sanguínea. As reações bioquímicas de síntese hormonal ocorrem em torno da membrana apical, onde se encontra a enzima determinante de todo esse processo: a peroxidase tireóidea (TPO), ou tireoperoxidase, localizada em suas microvilosidades. Será possível utilizar iodo na formação dos hormônios através da junção do iodo ao coloide e aos resíduos de tirosina para formar o hormônio tiroidiano. Quando o corpo necessita do hormônio tiroidiano, a célula apical do folículo fagocita resíduos de tirosina iodados, se tiverem 3 iodos será o triiodotironina (T3), se tiverem 4 iodos será a tiroxina (T4). Folículo Coloide Hormônio= Tireoglobulina+iodo (dieta) Tireopexidase (TPO) = ''faz'' hormônio Os hormônios ficam armaze nados no coloide O T4 é produzido em maior escala que o T3, entretando o hormônio ativo é o T3, o T4 precisa perder um átomo de iodo para ser utilizado. Quando a célula necessita do hormônio ela vai produzir o desiodase para transformar o T4 em T3 portando o hormônio que circula no sangue é o T4 e em menor quantidade o T3, mas o que a célula usa é o T3. Diversos são os medicamentos que interferem na produção da desiodase são os propiltiouracil (desiodase e o TPO), glicocorticoides, B-bloqueador e o iodo em excesso também inibe a desiodase. Síndrome do Eutiroideo doente (aumento da rT3 (cofator produzido gerado pelo T4) que terá como consequência a inflamação. Essa pessoa tem todo o eixo normal porém em vigência de um estresse fisiológico muito grande (politrauma, sepse, cirurgias...) ela terá todo o eixo alterado -> T3 baixo Tireoidopatias primárias - Tireoide Tireoidopatias secundária (central) - Hipófise Tireoidopatias terciárias (central) - Hipotálamo O que pedir na análise laboratorial? TSH e T4 livre TSH: 0,5 a 5 mU/mL. T4: 0,9 a 2 ng. Se hipertiroidismo avaliar também T3 (tireotoxicose por T3 livre) OBS: A maior parte dos hormônios T3 e T4 não estão na forma livre, estão ligadas á proteína carreadora TBG. Quem atua nos tecidos é a forma livre porque ela está pronta para ser usada. Ás vezes a quantidade da forma livre aumenta gerando tireotoxicose mas rapidamente o eixo corrige. O que aumenta a TBG? Estados hiperestrogênicos: gravidez, estrogenioterapia, cirrose hepática. O que diminui a TBG? Androgenioterapia, síndrome nefrótica, desnutrição. Como vai estar os hormônios Hiper 1? TSH diminuído e T4L aumentado. Como estarão os hormônios na Hiper central? TSH aumentado e T4L aumentado. Como estarão os hormônios no hipo primário TSH aumentado e T4L diminuído. E no hipo central vai estar o TSH diminuído e T4L também. E o que é bócio Bócio é o aumento da tireoide que pode ser indolor ou não, tóxico ou não, pode ser só de um lado também. Normalmente quando é aumentado só de um lado é neoplásico e não interfere na função da glândula. Em regiões com deficiencia de iodo é muito provável que haja hipotiroidismo. Bócio é um achado do exame físico e pode ser tanto hiper quanto hipotiroidismo. Tireotoxicose X Hipertiroidismo Sinais e sintomas causados pelo excesso de hormônios tiroidianos. Causas: hipertiroidismo primário- Doença de Graves,Bócio multinodular tóxico, adenoma tóxico, struma ovarii. Hipertiroidismo secundário- tumor hipofisário produtor de TSH, mola hidatiforme. Tireotoxicose sem hiper- tiroidites e tireotoxicose factícia. Manifestações clínicas: insônia, nervosismo, confusão, sudorese excessiva, intolerância ao calor, perda de peso, polifagia, hiperdefecação, tremor, taquicardia, queda de cabelos, pele quente e úmida. Tireotoxicose - aumento da termogênese, polifagia, aumento do sistema nervoso adrenérgico (hiperresponsividade dos tecidos). Sintomas: insônia, nervosismo, sudorese excessiva, intolerância ao calor, perda de peso, hiperdefecação, tremor, taquicardia, queda de cabelos, pele quente e úmida, fraqueza muscular proximal (catabolismo de proteínas), aumento da PA sistólica, fibrilação atrial principalmente em paciente idosos. Doença de Graves Doença auto-imune, que aparece com mais frequência em mulheres em idade reprodutiva e com produção de auto-anticorpos (anti-TRAb) contra o receptor de TSH. Outros anti-corpos menos comuns podem aparecer como o anti-TPO. Clínica: bócio (80%-90% vão ter), sopro e frêmito sobre a glândula tireoide devido ao aumento da vasculatura. Oftalmopatia (20 %-40%)e acropatia - mixedema pré- tibial (5%). Mais frequente e grave no paciente tabagista. Diagnóstico Clínica, TSH baixo, T3 E T4L altos. Primeiramente é dosado o T4L se estiver normal é dosado o T3. Na dúvida: anticorpo (TRAb, anti-TPO). É Graves ou tiroidite: Se ainda assim tiver na dúvida pesquisar o índice de captação do iodo. Graves terá hipercaptação de iodo. Na tiroidite há aumento dos hormônios tiroidianos pela destruição do parênquima da glândula. Fácies basedowiana Sintomático - beta bloqueador (propranolol) até o efeito do medicamento anti-tiroidiano. Agentes anti-tiroidianos. Tionamidas (metimazol, propiltiuracil) Iodo radioativo (Não tolera os medicamentos e recidiva) Contra-indicações: aleitamento materno, gravidez, grandes bócios. Cirurgias- grandes bócios sem melhora farmacológica suspeita de neoplasia adjacente Tapazol 10 mg 1x dia para ataque e manutenção. Tempo de tratamento: 12 a 24 meses. hiper subclinico - TSH < 0,01 + tratar em paciente sintomáticos, acima de 65 anos, mulheres na menopausa sem uso de estrógenos. Se o paciente praciente apresentar granulocitose retirar o medicamento. Para gestantes trocar por propilIracil no 1 trimestre. Metimazol/Tapazol (comprimidos de 05 e 10 mg): dose de ataque (4-6 semanas)—> 10-30 mg, 1x/dia; dose de manutenção 5-10 mg/dia, 1x/dia. •Propiltioiuracil (comprimidos de 50 e 100 mg): dose de ataque (4-8 semanas) —> 200-400 mg/dia, divididos em 2- 3 tomadas; dose de manutenção 50 - 100 mg/dia em 2 tomadas. Radioablação: insucesso terapêutico (1 a 2 anos), efeitos colaterais às drogas. Contraindicação: gravidez, amamentação, bócios volumosos (acima de 50 ml). Cirurgia: contraindicação da radioablação. Outras causas de hipertiroidismo: Bócio multinodular tóxico- mulheres com mais de 50 anos, cintilografia para confirmação. Mesmo tratamento que a doença de Graves. Adenoma tóxico (Doença de Plummer)- um ou mais nódulos hiperfuncionantes, diagnóstico é o mesmo do anterior. Iodo radioativo\cirurgia. Crise tireotóxica Tratamento com propiltiuracil (além de inibir a tireoperoxidase, inibe também a conversão periférica de T4 em T3, iodo após uma hora de de PTU, uso de propranol, dexametasona e lugol. Aumento das catecolaminas e seus receptores, aumento súbito de T4L. Fatores desencadeantes: cirurgia, infecção, suspensão das DAT, amiodarona, ICC e hipoglicemia. Clínica: hiperpirexia, confusão\delírio\agitação, sudorese intensa, arritmia, IC de alto débito, choque hiperdinâmico. Controle da produção de hormônios tireoidianos: •Propiltiouracil: dose de ataque de 600 - 1000 mg, seguido de 200 - 300 mg a cada 4-6h; •Metimazol: 20 mg a cada 4-8h. •Diminuir a secreção do hormônio tireoidiano pré - formado: Lugol/iodeto de potássio, acido iopanoico (telepaque) * se contra indicação a agente iodado —> lítio. •Bloqueio dos efeitos periféricos: •Betabloqueador endovenoso: metoloprolol —> 05 mg a cada 10/15 min ate controle da FC; •Betabloqueador via oral: propranolol (inibe conversão periférica de T4 em T3) —> 40-80 mg (comprimidos de 40 mg) / metoprolol 50-100 mg a cada 12h / atenolol 50 - 100 mg a cada 12h. Manter FC entre 60-80 bpm. •Contra-indicação ao betabloquedor —> verapamil e diltiazem. Bloqueio dos efeitos periféricos: •Glicocorticoide em dose alta também diminui a conversão periférica de T4 em T3; •Hidrocortisona—> ataque: 300 mg IV (3 ampolas de 100 mg) seguida de 100 mg IV a cada 06-08h. Mais comum em Síndrome de Down e Turner e aumento de pressão arterial. Tiroidite de Hashimoto Mulher idosa cansada.Destruição do parênquima tiroidiano imunomediada (anticorpo anti-TPO, anti- tireoglobulina) e infiltração de linfócitos. Hipo subclínico - só o TSH está alterado ou está normal. Bócio é comum na tireoidite de Hashimoto. Na fase clínica a glândula já está atrófica. Efeito Wolff-Chaikoff- o Iodo no organismo do hipo sub clínico causa o hipo clínico. Pode cursar com outras doenças auto-imunes e tem 40x mais associação com linfoma. Diagnóstico: bócio + hipotiroidismo + anti-TPO e anti-TG aumentados. Normalmente é assintomático (sub-clínico). Tratamento: reposição hormonal com levotiroxina (manter o TSH entre 0,5 e 2,0). Tireoidite medicamentosa: alfainterferon, interleucina 2, amiodarona. 0,5 a 1,8 mcg\Kg\dia. Na primeira introdução pode acrescentar 50 mcg e avaliar em 1 semana, depois a cada 2 meses a 3 meses. Idoso (12,5-25 mcg). Medicamentos que intervêm na absorção da medicação: medicamentos para pedras na vesícula, cromo, orlistate, dieta rica em fibras - não normaliza com 150-200 mcg de medicação pensar em fatores que interferem na absorção da medicação. Indicações de tratamento para hipo subclínico (repetir em 2-6meses) TSH > 10 Presença de sintomas Mulher que tem sinal de tiroidite de hashimoto no USG ou elevação de TSH com anti-TPO positivo. Mulher maior que 65 anos e TSH > 7 e doença cardiovasculaf pré-existente. Tratamento Hipotiroidismo Coma mixedematoso Não tratado ou com hipotiroidismo e sofreu algum estresse fisiológico (trauma...) Sódio reduzido, abaixo da temperatura, baixo nível de consciência. Solução hipertônica: SF 0,9 mais 1 ampola de 20% de NaCl. Hidrocartisona - 1 ampola de 100 mg depois 50 mg endovenosa a cada 6 horas (reduzir no 7 dia) Se hipovolemia, corrigir. Levotiroxina VO- dose de ataque: 300 mcg seguido de 150 mg\dia.