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Estratégias de Orientação Financeira Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luciana Marcheze Miguel Luiz Francisco de Assis Salgado Luciana Saito Mariana Valeria Gulin Melcon Superintendente Universitário Mônica Maria Penalber de Menezes e de Desenvolvimento Mônica Rodrigues dos Santos Luiz Carlos Dourado Nathália Barros de Souza Santos Reitor Paula Cristina Bataglia Buratini Sidney Zaganin Latorre Renata Jessica Galdino Diretor de Graduação Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Eduardo Mazzaferro Ehlers Wallace Roberto Bernardo Diretor de Pós-Graduação e Extensão Equipe de Qualidade Daniel Garcia Correa Ana Paula Pigossi Papalia Gerentes de Desenvolvimento Aparecida Daniele Carvalho do Nascimento Claudio Luiz de Souza Silva Gabriela Souza da Silva Luciana Bon Duarte Vivian Martins Gonçalves Roland Anton Zottele Coordenador Multimídia e Audiovisual Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Adriano Tanganeli Coordenadora de Desenvolvimento Equipe de VisualTecnologias Aplicadas à Educação Design Adriana Matsuda Regina Helena Ribeiro Caio Souza Santos Coordenador de Operação Camila Lazaresko Madrid Educação a Distância Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Alcir Vilela Junior Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Professor Autor Hugo Naoto Fabíola Camacho Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Revisor Técnico Lucas Monachesi Rodrigues Valdomiro Benjamim Junior Marcela Corrente Técnico de Desenvolvimento Marcio Rodrigo dos Reis Priscila dos Santos Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Coordenadoras Pedagógicas Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Thamires Lopes de Castro Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Vandré Luiz dos Santos Nivia Pereira Maseri de Moraes Victor Giriotas Marçon Equipe de Design Educacional William Mordoch Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti Equipe de Design Multimídia Alexsandra Cristiane Santos da Silva Angélica Lúcia Kanô Alexandre Lemes da Silva Cristina Yurie Takahashi Cláudia Antônia Guimarães Rett Diogo Maxwell Santos Felizardo Cristiane Marinho de Souza Elisangela Almeida de Souza Eliane Katsumi Gushiken Flaviana Neri Elina Naomi Sakurabu Francisco Shoiti Tanaka Emília Correa Abreu Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Fernando Eduardo Castro da Silva João Francisco Correia de Souza Mayra Aoki Aniya Juliana Quitério Lopez Salvaia Michel Iuiti Navarro Moreno Jussara Cristina Cubbo Renan Carlos Nunes De Souza Kamila Harumi Sakurai Simões Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Karen Helena Bueno Lanfranchi Katya Martinez Almeida Wagner Ferri Lilian Brito Santos Estratégias de Orientação Financeira Aula 01 Reflexões sobre o comportamento e valores humanos e o impacto nas decisões econômicas. Objetivos Específicos • Abordar a relação psicológica e social do ser humano com o mundo, sua diversidade e os impactos nas decisões econômicas advindas dessa relação. Temas Introdução 1 Somos diferentes. E agora? 2 Motivação e valores Considerações finais Referências Fabíola Camacho Professora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 2 Introdução Qual a melhor aplicação financeira de longo prazo? O que faço para quitar minhas dívidas do cartão de crédito? Pago primeiro o cheque especial ou a faculdade da minha filha? Resgato minhas economias da poupança e compro um apartamento para investir? Ao longo da vida, precisamos tomar algumas decisões financeiras. Dúvidas são muito comuns, como nos exemplos citados, e temos de fazer escolhas diante de tantas opções. Decidir exige refletir sobre risco, segurança, futuro, ganhos e perdas. São decisões valorosas que demandam orientação de um profissional qualificado, capaz de ouvir, realizar uma leitura do contexto e orientar para a tomada de decisão. Além de conhecer tecnicamente todas as possibilidades, regras e alternativas disponíveis no mercado, e saber todas as características dos produtos do portfólio financeiro, tanto para investimentos como para regularização de dívidas, o profissional que orienta financeiramente uma pessoa ou uma empresa precisa estar atento também às informações sobre a economia nacional e internacional, contexto político e estudar constantemente assuntos que podem impactar nas decisões econômicas das pessoas. Cada indivíduo que sentar do outro lado da mesa vai apresentar uma história de vida diferente. As experiências, cultura, educação, forma de pensar e modelo mental de cada pessoa estarão presentes implicitamente e fundamentarão o processo de decisão deste indivíduo. Neste momento, o orientador, além de conhecer todas as possibilidades existentes no mercado, precisa saber fazer a leitura desta pessoa, entender como ela se comporta, pensa e age, e a partir daí construir com ela soluções financeiras de acordo com sua personalidade, seu modo de ser e suas necessidades. Quando se trata de orientação para uma empresa, o processo é o mesmo, ou seja, o orientador precisa ficar atento ao “jeito de ser” da instituição. Além de estudar os documentos financeiros (balanços, demonstrativos etc.), é necessário entender a cultura, ambiente, costumes e contexto. Para desenvolver a capacidade de realizar este olhar focado no indivíduo e planejar com ele a solução financeira adequada, é necessário que o profissional de orientação financeira desenvolva competências de lidar com “pessoas”, pois cada indivíduo é único e toma decisões a partir de seu contexto e de suas emoções. Para se tornar um orientador, deve-se aprimorar a habilidade de criar empatia, de ouvir atentamente, aprender a fazer perguntas e apoiar a tomada de decisão. Assim, esta aula tem o objetivo de convidá-lo a iniciar reflexão sobre aspectos do comportamento humano, sua diversidade, seus valores e como estas condições humanas e psicológicas impactam em suas escolhas econômicas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 3 1 Somos diferentes. E agora? Duas amigas, Ana e Cláudia, passeiam pelo shopping. As duas possuem o mesmo nível social e idênticas condições econômicas. De repente, Ana para em frente a uma vitrine e fica observando um vestido azul, de festa, longo, cheio de detalhes brilhantes, e com alças que se entrelaçam nas costas. – Que vestido lindo! – diz Cláudia, empolgada. Ana responde: – É muito bonito, mas está muito caro. Cláudia sorridente diz: – Entra para experimentar! Vai ficar perfeito para sua festa. Ana um pouco envergonhada entra e experimenta o vestido. Claudia diz com entusiasmo: – Nossa! Ficou perfeito! Compre! Ana olha para o espelho, observa os detalhes, se ajeita, olha novamente e diz: – Ficou bonito mesmo, mas ainda tenho dúvidas, achei que as alças ficaram desconfortáveis. Cláudia retruca: – Mas elas são lindas e estão na moda! Eu levaria agora! Ana olha para a etiqueta de preço novamente, olha para as alças, franze a testa e diz: – Claudia, eu gostei muito do vestido, mas minha mãe disse que se eu comprar o vestido neste preço, não vou ganhar o cachorrinho que tanto gostaria, e outra coisa, nem sei se vou gostar muito da festa, vai ter muita gente desconhecida por lá. Cláudia responde: – Ana, o vestido está maravilhoso, leve o vestido e você vai ser a mais bonita da festa. Em um outro momento você ganha o cachorro, aliás é até melhor, assim você pode sair mais vezes com a turma. Lendo o diálogo, pode-se observar uma diferença entre as duas personagens. Quais as prioridades de Ana? Qual as prioridades de Cláudia? Por que Ana fica mais reticente em levar o vestido enquanto Cláudia o compraria imediatamente? Os critérios de Ana e Cláudia são Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 4 parecidos ou diferentes? O que Ana sente em relação ao vestido é diferente do sentimento de Cláudia? É possível tirar deste exemplo uma ideia dediferença de comportamento entre Ana e Cláudia? Pode-se imaginar que os sentimentos, prioridades e valores das duas pesonagens apresentadas são diferentes, e que a decisão de levar o vestido ou não percorre todo um processo de lógica de escolha, determinado pela forma de pensar de cada uma. No exemplo, ficam evidentes algumas diferenças de comportamento. Ana parece ser mais observadora, apresenta um comportamento de análise quanto ao conforto e também quanto ao preço do vestido, dando mais importância ao cachorrinho que ganharia de presente da mãe. Cláudia, por sua vez, aparenta ter um comportamento mais expansivo, sua escolha é voltada para o que o vestido pode proporcionar na relação com os outros, por exemplo. Cláudia parece mais impulsiva e Ana parecer ser mais introspectiva. Porque Cláudia pensa de maneira tão diferente de Ana? Cada indivíduo sente, percebe, aprende e se relaciona com o outro e com o ambiente de maneira distinta. A Psicologia pode ajudar nesta reflexão, pois estuda os comportamentos humanos. A partir da observação de atitudes, narrativas, movimentos, reações e escolhas das pessoas é possível identificar diferenças de motivações, formas de pensar, emoções e reações. Não existe o certo e o errado no modo de pensar e agir das duas personagens, elas se manifestam conforme suas características de personalidade, formada por um conjunto de variáveis (culturais, de educação, de experiências vividas, de constituição psíquica etc.). Essas diferenças farão que cada uma trilhe caminhos diferentes, não só na escolha do vestido, mas em outras escolhas da vida. 1.1 O pensamento e nossas escolhas Temos um turbilhão de pensamentos, dos quais na maioria das vezes não temos controle, desde os mais simples, como a lembrança de pagar uma conta, até os mais complexos, como questões filosóficas ou existenciais. Mas de onde vêm estes pensamentos? Nossos pensamentos são influenciados pelo quê? Nossas ações podem ser tomadas de maneira puramente racional? Nossos pensamentos têm origem nas nossas emoções, eles evoluem a partir de emoções, em geral bastante primitivas. Isso significa que os pensamentos sempre acontecem numa espécie de pano de fundo emocional, que varia de pessoa para pessoa e de momento para momento, na mesma pessoa. Por isso, partimos do princípio de que nunca vamos conseguir ser e agir de fora puramente racional (FERREIRA, 2011, p. 41). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 5 Em muitas situações de orientação financeira, a pessoa orientada demonstrará que suas escolhas econômicas fogem do pensamento puramente racional, e o que pode ser evidente para o orientador talvez não seja para o orientando. No exemplo, Cláudia e Ana estão utilizando as suas próprias razões para escolher comprar ou não, percebe-se no diálogo o quanto a emoção, ou seja, os sentimentos estão presentes na hora de decidir comprar o vestido. Para a recuperação financeira, por exemplo, o orientador apresentará alternativas e perceberá que a pessoa orientada apresenta um padrão de comportamento e de escolhas, com uma tendência muito forte em trilhar o mesmo caminho que percorrera para chegar ao endividamento. [...] existem duas alternativas diante de nós quando temos que tomar decisão, inclusive, as decisões econômicas referentes à administração do dinheiro, ou à sua falta: comprar, gastar, não gastar, investir, poupar, endividar-se, planejar, apostar, escolher os investimentos. [...] As duas atitudes que podemos adotar quando, frente a um problema que precisa ser encaminhado, devemos escolher o melhor caminho para solucioná-lo, para que aquilo deixe de nos incomodar, são: ou vamos pela ilusão, já que é muito difícil esperar e a vontade mais forte é ter uma resolução na hora, imediata e, se não tiver nenhuma à mão, a gente, muitas vezes, acaba apelando para uma mandracaria, uma mágica, faz de conta, se engana, cria uma “realidade alternativa”. [...] Ou, de vez em quando, a gente consegue funcionar de outro modo, dentro do chamado regime do princípio da realidade, que é aquela que implica o pensar. Este requer um desenvolvimento mais sofisticado das nossas funções mentais – emocionais e intelectuais (FERREIRA, 2011, p. 42). Em muitas ocasiões, o orientador financeiro precisará estimular o orientando a pensar, e terá de provocá-lo a sair da zona de conforto das ações que costuma tomar, provocar uma ruptura da maneira de costume de pensar e agir, para que o orientando perceba novos ângulos, percorra novos caminhos mentais e tome decisões pertinentes em relação às suas finanças. Uma das melhores estratégias para instigá-lo a refletir e se afastar de soluções obsoletas é “fazer perguntas”. Um experiente orientador financeiro é um excelente perguntador. Pode parecer muito simples o exercício de questionar, porém exige do orientador uma habilidade de colocar a pessoa em situação de reflexão. É importante fazer perguntas de tom positivo e que não remetam a emoções ruins, mas encorajem a ação, além de estimular a pessoa a pensar antes de formar qualquer opinião de solução ou indicação. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 6 A seguir, estão alguns exemplos de perguntas que poderiam ser feitas para a Ana, para verificar se a compra seria interessante a ela. • Como você se sentiria indo à festa com este vestido? • Quais são as suas expectativas em relação à festa? • Qual seria a sua situação ideal? • Quais benefícios esta decisão trará para você? • Como esta decisão a impacta neste momento? • Existem outras alternativas? Quais? Observe que as perguntas também têm uma conotação emocional, ultrapassando a relação de valor monetário. A partir das respostas de Ana, o orientador deve, neste exemplo, analisar se há necessidade de fazer novas perguntas até que ela tenha pensado em muitas alternativas possíveis para realizar ou não o investimento no vestido. No momento de uma orientação financeira, estes aspectos estarão muito presentes, o orientador se deparará com uma diversidade muito grande de pessoas e personalidades. É muito importante que ele se mantenha imparcial e chegue a uma solução junto com o orientando. Existe uma tendência muito forte em querer que o outro solucione ou opte por uma alternativa de acordo com nossa própria forma de pensar, principalmente quando os “valores de vida” do orientando são diferentes dos “valores de vida” do orientador. 2 Motivação e valores No exemplo de Ana e Cláudia, pode-se observar que as prioridades e motivações de cada uma são distintas. Mesmo com este breve relato, é visível que Ana, neste momento, tem uma tendência a decidir por um vestido com preço inferior para ganhar o cachorrinho. Cláudia, por sua vez, neste momento, acredita ser importante “estar mais bonita” e de alguma maneira sua motivação está ligada à sua aparência diante de outras pessoas. Suas escolhas são afetadas a partir destas diferentes motivações. Abraham Maslow, psicólogo americano que realizou pesquisas sobre as necessidades humanas, identificou em suas experiências clínicas que as pessoas possuem motivações distintas a partir destas necessidades: Segundo Maslow, [...] os seres humanos têm vários tipos de necessidades fisiológicas (comida, bebida, desejo sexual); de segurança (estabilidade, proteção, estrutura); de pertencimento e amor (intimidade, contato, família); de estima (autorrespeito e autoestima); de autorrealização (realizar, desenvolver o que a pessoa pode chegar a ser); de conhecimento (entender, explicar, ter iniciativa); e estéticas (busca ativa da beleza). Essas sete necessidades estão ordenadas “segundo um princípio de hierarquia de prepotência relativa”, ou seja, só ascendemos na escala para satisfazer novas necessidades quando as básicas estão satisfeitas (ROS; GOUVEIA, 2006, p. 29). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 7 Desta forma,cada indivíduo vai fazer suas escolhas por motivações daquele momento de vida e estas são reflexo do contexto da necessidade daquele indivíduo. Figura 1 – Pirâmide de Maslow Fonte: baseado na pirâmide de Maslow É importante destacar que existem algumas exceções na teoria de Maslow quanto ao princípio da ordem fixado na hierarquia das necessidades: Para algumas pessoas, a autoestima é mais importante que o amor, mas segundo o autor, a busca da autoafirmação é um meio de conseguir mais amor que autoestima. Para outras pessoas, seu nível de aspiração estará congelado; portanto, elas não sentem forçosamente necessidades de ordem superior, uma vez satisfeitas as de ordem inferior. É o caso de pessoas que passam por situações sociais traumáticas, por exemplo, desemprego duradouro, o que pode levá-las a se sentir satisfeitas por terem suas necessidades básicas atendidas. Pessoas que tiveram uma necessidade satisfeita durante muito tempo tendem a subvalorizá-la (ROS; GOUVEIA, 2006, p. 29). Ainda sobre a teoria: Não é verdade que, para que uma necessidade superior aflore, a anterior tenha de ter sido cem por cento satisfeita. Segundo Maslow, uma descrição mais realista da hierarquia é que os índices de satisfação das necessidades decrescem à medida que a pessoa ascende. De acordo com essa descrição, a emergência de uma nova necessidade não é abrupta, mas gradual, à medida que a necessidade vai sendo satisfeita (ROS; GOUVEIA, 2006, p. 30). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 8 Ao colher as informações, no momento em que estiver fazendo a entrevista, se o orientador desenvolver esta percepção de entender em que fase está o seu orientando, a partir da leitura de suas escolhas pregressas ou de sua narrativa, poderá apoiá-lo nas decisões econômicas de maneira muito mais personalizada e adequada. Para aprimorarmos um pouco mais o entendimento sobre a origem das escolhas das pessoas e suas motivações, é importante conhecer um pouco mais sobre o conceito dos valores humanos. para adaptarem-se à realidade num contexto social, os grupos e indivíduos transformam as necessidades inerentes à existência humana e as expressam na linguagem dos valores específicos a respeito dos quais podem então se comunicar. Mais especificamente, os valores representam, na forma de metas conscientes, as respostas que todos os indivíduos e sociedades devem dar a três requisitos universais: as necessidades dos indivíduos na sua qualidade de organismos biológicos, os requisitos da interação social coordenada e os requisitos para o correto funcionamento e sobrevivência dos grupos (ROS; GOUVEIA, 2006, p. 58). A seguir, estão os tipos motivacionais de valor, organizados no intuito de classificar o conteúdo dos valores humanos, suas definições, exemplos e fontes. Figura 2 – Tipos motivacionais de valor Definição Exemplos de valores Fontes Poder: status social sobre as pessoas e os recursos. Poder social. Autoridade. Riqueza Interação Grupo Realização: sucesso pessoal mediante a demonstração de competência, segundo critérios sociais. Bem-sucedido. Capaz. Ambicioso. Interação Grupo Hedonismo: prazer e gratificação sensual para si mesmo. Prazer. Desfrutar a vida. Organismo Estimulação: entusiasmo, novidade e desafio na vida. Audacioso. Uma vida variada. Uma vida excitante. Organismo Autodeterminação: pensamento independente e escolha da ação, criatividade, exploração. Criatividade. Curioso. Liberdade. Organismo Interação Universalismo: compreensão, apreço, tolerância e atenção com o bem-estar de pessoas e da natureza. Tolerância. Justiça social. Igualdade. Proteção do meio ambiente. Grupo* Organismo Benevolência: preservação ou intensificação do bem- estar das pessoas com as quais se está em contato pessoal frequente. Ajuda. Honesto. Não rancoroso. Organismo Interação Grupo Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 9 Definição Exemplos de valores Fontes Tradição: respeito, compromisso e aceitação dos costumes e ideias oferecidas pela cultura tradicional ou religião. Humilde. Devoto. Aceitar minha parte na vida. Grupo Conformidade: restrição das ações, tendências e impulsos que possam incomodar ou ferir os outros e contrariar expectativas ou normas sociais. Polidez. Obediente. Honra os pais e pessoas mais velhas. Interação Grupo Segurança: segurança, harmonia e estabilidade da sociedade, das relações e de si mesmo. Segurança nacional. Ordem social. Idôneo. Organismo Interação Grupo Fonte: ROS; GOUVEIA, 2006, p. 58-59. Organismo = necessidades universais dos indivíduos com organismos biológicos; Interação = requisitos universais para a coordenação da interação social; Grupo = requisitos universais para o funcionamento tranquilo e a sobrevivência de conjuntos de pessoas. *Emerge quando as pessoas entram em contato com os que estão fora do grupo primário ampliado, reconhecem a interdependência grupal e se conscientizam a respeito da escassez dos recursos naturais (ROS; GOUVEIA, 2006, p. 59). A leitura deste quadro orienta a identificação das prioridades dos indivíduos. Suas escolhas estarão pautadas nestas prioridades. O orientador financeiro vai avaliar as decisões pregressas de seu orientando e em uma conversa ou entrevista pode identificar estas prioridades, desta forma, conhecendo um pouco mais a personalidade, o perfil do orientando. Dar sugestões adequadas de orientação financeira e escolher em seu portfólio de alternativas uma solução consistente. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 10 Considerações finais O desafio para o profissional que orientará pessoas e empresas está na capacidade de exercitar o entendimento dos aspectos do comportamento humano. Quanto mais o orientador financeiro desenvolver a capacidade da leitura do momento do indivíduo que esta recebendo orientação, melhor fluirá o seu trabalho e atenderá às necessidades do seu cliente. Pode-se dizer que é inesgotável o exercício de estudar as questões do repertório humano. Abordamos nesta aula alguns itens deste repertório, dos quais alguns aspectos devem ser lembrados sempre, tais como: • Nossos pensamentos têm uma base emocional; • A percepção da realidade é diferente entre os indivíduos; • Nossas escolhas estão relacionadas à nossa emoção e motivação daquele momento; • Nossas motivações estão relacionadas aos nossos valores; • Percebemos a partir de um contexto do que já conhecemos; • Nossas decisões provêm de pressões internas (vindas de dentro de nós mesmos) e externas (do meio social). Este é o primeiro passo para a compreensão do outro. Respeitar as diferenças e se posicionar de maneira isenta na hora de orientar financeiramente uma pessoa ou empresa é o comportamento ideal de um orientador financeiro. Referências ROS, M.; GOUVEIA, V. V. Psicologia social dos valores humanos: desenvolvimentos teóricos, metodológicos e aplicados. São Paulo: Editora Senac, 2006. FERREIRA, V. R. M. Decisões econômicas: você já parou para pensar? São Paulo: Évora, 2011. Estratégias de Orientação Financeira Aula 02 Percepção e aspectos da inteligência. Objetivos Específicos • Abordar a relação psicológica e social do ser humano com o mundo, sua diversidade e os impactos nas decisões econômicas advindas dessa relação. Temas Introdução 1 Percepção 2 Inteligência emocional Considerações finais Referências Fabíola Camacho Professora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 2 Introdução Para o desenvolvimento de estratégias de orientação financeira, é importante que o orientador esteja apto a conhecer aspectos do comportamento humano e de sua complexidade. Esta aula pretende aproximar o profissional de orientação financeira a conceitos relacionados à percepção humana, provocar uma reflexão sobre a condição de diferentes pontos de vistados indivíduos, bem como apresentar fatores da inteligência emocional, tanto para utilizar estes conceitos na reflexão sobre a forma de lidar com as emoções como desenvolver o olhar para o comportamento e atitudes do “outro”. 1 Percepção Figura 1 – Muro de Berlim Dois homens passeiam por uma exposição de fotografia e se deparam com a imagem de um muro de concreto, totalmente pichado e um pouco destruído. O primeiro observa atentamente e fica por alguns minutos em frente à fotografia: – Nossa, que imagem interessante. Me dá arrepios ao vê-la. Ela me remete a um sentimento de perplexidade. Mas ficaria alguns minutos observando-a. O segundo homem observa a imagem e fica nervoso. – Vamos embora, esta foto me remete a um sentimento de tristeza. Não me sinto confortável ao vê-la. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 3 A imagem vista pelos homens é uma fotografia de uma parte do muro de Berlim. Por que os dois homens perceberam de maneira diferente a mesma imagem? Por causa de nossa percepção, interagimos não com as pessoas ou objetos, mas com a imagem que fazemos deles. Portanto, para compreender o que é visto, é preciso compreender o próprio observador, assim como o que está realmente acontecendo. Estudos do pensamento humano voltaram-se para a análise da percepção, para entender como os múltiplos artifícios sensoriais levam a informação para dentro do cérebro, e da abstração, para entender como a informação acaba emergindo como comportamento e linguagem. Segundo Wilson Bryan Key, todas as pessoas têm no cérebro uma grande quantidade de informação que nunca se tornará conscientemente disponível. Essas informações fluem continuamente dos sentidos ao cérebro, armazenando-se na percepção inconsciente, para futura referência. No entanto, a pequena porção da percepção que se torna consciente opera de modo seletivo e mais lento (MARTINS, 2005, p. 112). Quando vemos uma imagem como a citada no exemplo, algumas sensações acontecem de maneira consciente. Ao ver a foto, sabe-se que é de um local histórico, que representa uma fase histórica entre as Alemanhas ocidental e oriental. Conscientemente, os dois homens que a contemplam têm a mesma informação sobre a imagem. Porém, cada um tem uma percepção diferente quanto ao prazer ou incômodo de observá-la. Outros fatores influenciam essa reação. Se o ambiente estivesse muito quente, o segundo homem poderia estar incomodado com o clima, ou com fome e cansado. E de maneira mais profunda, a imagem pode trazer lembranças agradáveis para um deles e desagradáveis para o outro. A percepção humana é uma ponte de duas vias entre identidade e interações, possuindo, assim, uma característica dinâmica, pois o receptor não faz um registro passivo dos acontecimentos externos; ao contrário, ele interfere em todas as faces do processo de percepção, colocando seus próprios dados internos (MARTINS, 2005, p. 113). Nossa percepção acontece por meio de nossos sentidos: Figura 2 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 4 Segundo George J. Simmons e J. L. McCall, o ser humano avalia pessoas e situações em bases restritivas, tais como: Limites sensoriais: nossos órgãos dos sentidos são limitados em seu alcance. Por exemplo, a visão tem limites de distância e acuidade na percepção dos objetos pequenos. Limites de perspectiva: as percepções também são limitadas simplesmente pela posição física ou social onde o observador está localizado. Limites de percepção seletiva: mais importantes do que as restrições impostas pelos limites sensoriais e de perspectiva, são a atenção e a desatenção seletivas da pessoa que percebe a situação, coisa ou outra pessoa. A tendência é selecionar aquilo que queremos ver e o critério principal é o da relevância que o objeto, a situação e a pessoa têm para nós (MARTINS, 2005, p. 113-114). Como fazer uma leitura das vontades e desejos de outra pessoa, se temos tantas interferências em nossa percepção e somos tão diferentes em nossas conclusões sobre o mesmo objeto ou situação? Para entender a perspectiva da outra pessoa, precisamos conhecer o seu lugar social, suas experiências, desejos, em que trabalha, o que a motiva, seus dramas, enfim, como esta pessoa vive. Esta diversidade de percepções acarreta muitas confusões e desentendimentos no relacionamento entre as pessoas. Levar em conta a existência destas diferenças já pode ser um grande passo para a tentativa do entendimento mútuo. Para entender um pouco mais do “outro”, precisamos nos colocar na perspectiva dele (deste outro). Temos dentro da nossa mente dois quadros de referências: – Realidade – Como as coisas são – Valores – Como as coisas deveriam ser Interpretamos as nossas experiências a partir desses quadros mentais e assumimos que a maneira como vemos as coisas equivale ao modo como elas realmente são ou deveriam ser. A maneira como vemos o mundo é a fonte de nossa forma de pensar e agir (MARTINS, 2005, p. 115). Acesse o link: http://www.mcescher.com/gallery/most-popular/plane-filling-ii e observe a figura. O que você enxerga primeiro? Nessa obra, o artista intercalou imagens brancas e pretas. Dependendo da sua percepção, pode parecer que as imagens pretas se destacam num fundo branco ou que as imagens brancas estão num fundo preto. Algumas pessoas contam que a primeira coisa que veem são as figuras escuras, outras notam primeiro as figuras brancas. http://www.mcescher.com/gallery/most-popular/plane-filling-ii Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 5 Mostre a figura do link indicado a outras pessoas e pergunte o que elas veem na primeira vez. Depois, mostre a figura de novo e conte o que você está enxergando na figura. Na maioria das vezes, a pessoa reparou imediatamente em algo que você não viu e vice-versa. Porém, no momento em que você descreve a sua perspectiva a outra pessoa, ela foca a partir do que lhe foi informado, complementa em sua mente as informações e passa a enxergar como você. A mente estrutura as informações do que vê conforme nossa percepção, ou seja, ela organiza o que observamos montando um quebra-cabeças, sempre a partir dos históricos de estímulos e procura dar sentido a esta nova informação. Assim, cada pessoa terá seu próprio quebra-cabeças montado, com informações advindas de suas próprias experiências. Tornando a percepção única, exclusiva daquele indivíduo. Nossas experiências de vida também determinam nossa percepção e nossos valores: cultura, família, trabalho, educação, religião, motivação e individualidade. Para ver algum objeto ou situação sob outras perpectivas, muitas vezes dependemos de olhares, ideias e visões de outras pessoas. As perspectivas dos outros ajudam a completar e a ampliar o nosso olhar. 2 Inteligência emocional Segundo algumas estimativas, usamos na verdade só dez por cento do nosso poder cerebral. Temos, contudo, um único método formal para ter acesso ao nosso cérebro e aumentar nosso poder cerebral: apenas a inteligência racional tem sito treinada e considerada válida. No entanto, podemos observar facilmente em diferentes indivíduos as capacidades muito diferentes dos seres humanos: raras capacidades visuais e musicais, sensibilidade espiritual, profundidade emocional. Habilidade de agir, mover-se e sobreviver – todas indicando que há muito mais coisas, além da inteligência racional, envolvidas nas habilidades humanas (BEAUPORT, 1998, p. 27). Atualmente, vários estudiosos do comportamento humano consideram a inteligência emocional um dos fatores determinantes para o sucesso dos indivíduos em diversas áreas da vida, principalmente nos relacionamentos pessoais e de trabalho. Sabendo lidar com as emoções, o indivíduo se relaciona com o mundo de forma mais equilibrada e saudável. Para desenvolver a inteligência emocional, o indivíduo deve, necessariamente: • Olhar para si; • Praticar oautoconhecimento emocional (saber identificar um sentimento ou emoção quando esta se manifesta); Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 6 • Desenvolver capacidade de controlar estas emoções (adequar os sentimentos para cada contexto); • Ter a habilidade de se automotivar (orientar suas emoções para o alcance dos seus objetivos), saber lidar com as frustrações; • Reconhecer emoções em outras pessoas; • Capacidade de relacionamento interpessoal. [...] a inteligência emocional envolve a capacidade de raciocinar com as emoções e a seu respeito, incluindo “[1] a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções com precisão; [2] a capacidade de acessar e/ou gerar sentimentos quando estes facilitam o pensamento; [3] a capacidade de entender as emoções e o conhecimento emocional e [4] a capacidade de regular emoções para promover o crescimento emocional e intelectual” (MAYLER; SALOVEY, 1997, apud BAR-ON; PARKER, 2002, p. 243). Desenvolver a inteligência emocional não é tarefa fácil, exige dedicação, persistência e um exercício contínuo de autoconhecimento. Pessoas capazes de desenvolver esses aspectos apresentam melhor qualidade de vida, capacidade de se adaptar aos contextos nos quais transita e, desta forma, conseguem melhores resultados de suas interações e relações com o mundo. A inteligência emocional é composta de aptidões, habilidades ou capacidades mentais: Os fatores intrapessoais da inteligência emocional são: • A habilidade de ser consciente de si mesmo, entender-se, aceitar-se e respeitar-se; • Habilidade de reconhecer e entender os seus próprios sentimentos; • A habilidade de expressar sentimentos, crenças e pensamentos. Fatores interpessoais: • Habilidade de ter consciência dos sentimentos dos outros; • De reconhecê-los e apreciá-los; • Habilidade de se apresentar como membro cooperativo, contributivo e construtivo do grupo social; • Habilidade de estabelecer e manter relacionamentos interpessoais mutuamente satisfatórios, caracterizados por uma proximidade emocional e intimidade e por dar e receber afeto (BAR-ON; PARKER, 2002, p. 105). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 7 Para ilustrar o conceito de inteligência emocional, segue o quadro que ilustra um modelo de quatro divisões. Figura 3 – Uma representação circular do modelo de quatro divisões da inteligência emocional Fonte: MAYER; SALOVEY, 1997, apud REUVEN; PARKER (2002, p. 93). Este modelo considera que a inteligência emocional opera por meio dos sistemas cognitivo e emocional. Ela opera de um modo principalmente unitário, mas ainda é subdividida em quatro (MAYER; SALOVEY, 1997). A primeira dessas divisões, a percepção e a identificação emocional, envolve reconhecer e inserir informações do sistema de emoção. A segunda e a terceira divisões, a facilitação emocional do pensamento e o entendimento emocional, envolvem processar mais informações emocionais, enfocando a resolução de problemas...a quarta divisão, a administração de emoções, diz respeito à autoadministração e à administração de emoções em outras pessoas (BAR-ON; PARKER, 2002, p. 93). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 8 É importante salientar alguns aspectos sobre a administração de emoções: • Sobre a primeira divisão: Percepção Emocional A primeira divisão da inteligência emocional começa com a capacidade de entender e expressar sentimentos. [...] Se a pessoa desviar sua atenção cada vez que um sentimento desagradável surgir, ela não aprenderá quase nada a respeito dos sentimentos. A percepção emocional envolve registrar, prestar atenção e decifrar mensagens emocionais demonstradas em expressões faciais, tons de voz, objetos de arte e outros artefatos culturais. Uma pessoa que vê uma expressão fugaz de deleite no rosto de outra pessoa entende muito mais a respeito das emoções e dos pensamentos da outra do que alguém que não vê esse sinal (BAR- ON; PARKER, 2002, p. 92). • Sobre a segunda divisão: Integração Emocional Diz respeito à facilitação emocional. As emoções são organizações complexas dos aspectos fisiológicos, emocional – experimental, cognitivo e consciente da vida mental. [...] enfoca o modo como as emoções entram no sistema cognitivo e alteram a cognição, de forma a auxiliar o pensamento (BAR-ON; PARKER, 2002, p. 93). • Sobre a terceira divisão: Entendimento Emocional Envolve entender e raciocinar com a emoção. [...] A pessoa capaz de entender as emoções – seus significados, como elas se misturam, como elas evoluem com o tempo – foi realmente abençoada com a capacidade de entender verdades fundamentais da natureza humana e dos relacionamentos interindividuais. [...] Somente tendo uma boa percepção emocional o indivíduo pode fazer uso de alterações de humor e entender as emoções. E somente com esse entendimento, o indivíduo terá a amplitude de conhecimentos necessária para administrar e lidar inteiramente com os sentimentos. De fato, o indivíduo emocionalmente inteligente deve lidar regularmente com estados de instabilidade de humor, e isso exige um entendimento considerável do humor (SALOVEY et al., 1999 apud BAR- ON; PARKER, 2002, p. 94). • Sobre a quarta divisão: Administração Emocional Em parte, como consequência de várias popularizações e em parte como consequência de pressões da sociedade para regular as emoções, muitas pessoas identificam a inteligência emocional, principalmente com sua quarta divisão, a administração emocional. Elas esperam que a inteligência emocional seja uma maneira de livrarem-se de emoções problemáticas ou derrames emocionais em relacionamentos humanos e esperam controlar as emoções. Embora esse seja um resultado possível da quarta divisão, os níveis ótimos de regulação emocional podem ser moderados, e as tentativas de minimizar ou eliminar a emoção podem reprimir a inteligência emocional (BAR- ON; PARKER, 2002, p. 92). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 9 Considerações finais É importante que o profissional de orientação financeira aprimore sua capacidade de se relacionar com as pessoas, pois estará constantemente apoiando e negociando em situações tanto de pessoas em condições de dívida bem como com pessoas em busca de orientação para melhorar seus lucros financeiros. Frequentemente estará a frente de situações de conflitos, de estresse e de contextos emocionais alterados. Conhecer a si mesmo e adquirir capacidade de lidar com suas próprias emoções faz com que o profissional de orientação financeira conquiste melhores resultados em sua atuação. Referências BAR-ON, R.; PARKER, D. A. J. Manual de inteligência emocional. Porto Alegre: Artmed, 2002. BEAUPORT, E.; DIAZ, A. S. Inteligência emocional: as três faces da mente. Brasília: Editora Teosófica, 1998. GOLEMAN, D. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MARTINS, V. Seja assertivo! Como conseguir mais autoconfiança e firmeza na sua vida profissional e pessoal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. Objetivos Específicos Temas • Abordar a relação psicológica e social do ser humano com o mundo, sua diversidade e os impactos nas decisões econômicas advindas dessa relação. Fabíola Camacho Estratégias de Orientação Financeira Aula 03 Professora Inteligência Social Introdução 1 A inteligência nas relações Considerações finais Referência Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 2 Introdução Apresentaremos neste capítulo conceitos sobre a inteligência social. O objetivo é provocar reflexão sobre os aspectos de competências de relação interpessoal e incentivar o profissional de orientação financeira a tomar consciência de que seus comportamentos e atitudes são responsáveis pelo sucesso de suas relações. A partir da teoria de Daniel Goleman, autor dos livrosInteligência Emocional e Inteligência Social, este texto destaca conceitos diretamente ligados às práticas que podem ser desenvolvidas para alcançar melhores resultados no convívio com as pessoas e, por consequência, melhorar consideravelmente as atividades de um orientador financeiro. 1 A inteligência nas relações Duas garotas estão aguardando, com os seus violinos, para a apresentação em um teste. As duas ensaiam juntas. Uma é exímia musicista, tem ouvidos absolutos, toca com maestria, recebe elogios a todo o tempo. A outra tem muita dificuldade com o instrumento, está sempre recebendo broncas da professora de música e o tempo todo precisa refazer os exercícios nas aulas. Na sala de espera para a apresentação, a garota que tem facilidade comenta com a outra (demonstrando um sorrisinho irônico) que vai tocar “Concerto 4 para violino” do compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Diz isso com certa arrogância e em seguida pergunta: - Você veio mesmo fazer o teste? Na última aula você nem conseguiu terminar o ensaio. Em um momento desses, é natural que a raiva da provocação faça com que aconteça uma resposta também com a mesma provocação. A outra garota fecha os olhos, respira fundo e em seguida abre os olhos e diz: - Eu realmente não tenho tanta habilidade quanto você. Aliás, tenho te observado muito e vejo que você toca de forma excelente. Sempre admiro seus ensaios! Queria muito tocar como você, tenho tentado mas não consigo. Tenho mais facilidade nas aulas de xadrez, ganho todas as partidas, tenho medalhas e tudo. Sabe, meu pai é que insiste em me fazer tocar o violino. Talvez eu possa tentar tocar melhor se treinar um pouco mais... A outra garota, um pouco desconcertada, muda o seu tom de voz e de forma mas amável diz: - Você não toca tão mal assim, você consegue melhorar. Se quiser eu posso te ajudar a treinar. Em uma situação que poderia desencadear uma briga, um clima de inimizade, a garota que não tinha tanta habilidade com o violino usou de uma estratégia emocional com muita inteligência. Transformando a química emocional, de hostil para positiva. Uma excelente habilidade de se relacionar. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 3 Daniel Goleman estuda conceitos da inteligência emocional e da inteligência social, e é um dos principais autores sobre esses temas. Com base em suas teorias, exploraremos estes conceitos a seguir. A habilidade emocional faz com que a pessoa lide com eficiência nas relações interpessoais. Há uma discussão sobre as habilidades humanas sociais e as emocionais. “Todas as emoções são sociais”, observa Ricard Davidson, diretor do Laboratório de Neurociência Afetiva na Universidade de Wisconsin. “Não podemos separar a causa de uma emoção do mundo dos relacionamentos – nossas intenções sociais impulsionam nossas emoções” (GOLEMAN, 2006, p. 97). Saber lidar com as pessoas e se relacionar de maneira a reverter situações de conflito, trazendo sofisticação e benefícios ao relacionamento interpessoal, como no exemplo da garota do violino, é uma forma inteligente de tornar relações mais saudáveis. Daniel Goleman (2006, p. 98) organiza os ingredientes da inteligência social em duas categorias amplas: • A consciência social – o que sentimos em relação aos outros, e • facilidade social – o que fazemos de posse dessa consciência. A consciência social refere-se a um espectro que vai de sentir instantaneamente o estado interno do outro e compreender seus sentimentos e pensamentos a “entender” situações sociais complicadas. Inclui: • Empatia primordial: sentir com os outros; sentir os sinais emocionais não verbais. • Sintonia: ouvir com total receptividade; sintonizar-se com o outro. • Precisão empática: entender os pensamentos, sentimentos e intenções do outro. • Cognição social: saber como funciona o mundo social. Facilidade social Não basta sentir como os outros sentem, ou saber o que pensam ou pretendem, para garantir interações produtivas. A facilidade social se baseia na consciência social para permitir interações fluentes e eficazes. O espectro da facilidade social inclui: • Sincronia: interação fluente no nível não verbal. • Apresentação pessoal: apresentar-se de maneira diferente. • Influencia: moldar o resultado das interações sociais. • Preocupação: importar-se com as necessidades dos outros e agir com base nelas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 4 Desenvolver estas duas categorias da inteligência social vai fazer com que o profissional de orientação financeira aprimore seu trabalho e o relacionamento em todas as esferas da vida. Em casa, com os amigos, com os colegas de trabalho etc. A seguir, uma explicação um pouco mais aprofundada destas características. É importante considerar cada uma delas, pois representam um caminho, uma trilha de comportamentos que podem mudar totalmente a forma de se relacionar. São dicas muito valiosas e bastante poderosas. A primeira característica para desenvolver a consciência social é a empatia primordial: Empatia primordial: embora possamos parar de falar, não podemos parar de enviar sinais (nosso tom de voz, nossas expressões momentâneas) sobre o que sentimos. Mesmo quando as pessoas tentam suprimir todos os sinais de suas emoções, os sentimentos encontram formas de “vazar”de qualquer maneira. Nesse sentido, quando se trata de emoções, é impossível não nos comunicarmos (GOLEMAN, 2006, p. 99). A identificação dos sentimentos de uma pessoa, apenas observando os gestos e sinais que esta emite facilita o entendimento imediato sobre o que o “outro” esta pensando. Em uma situação de orientação financeira, o orientador pode detectar alguns sinais emitidos pelo orientando. Em alguns casos de renegociação de dívida, por exemplo, algumas pessoas têm muita vergonha, omitindo algumas informações importantes. No momento de uma conversa com a pessoa, o orientador pode detectar apenas pelo olhar dela se ela está tentando esconder algo ou constrangida com a situação. Observe nas figuras o olhar destas mulheres. Você consegue perceber qual é o sentimento que estas mulheres expressam? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 5 No primeiro exemplo, o olhar demonstrado comunica um sentimento de enfrentamento ou de imposição. A impressão é que esta pessoa está pronta para um embate. Em uma negociação, por exemplo, a pessoa que estiver negociando com ela deve imediatamente fazer a leitura desta expressão e se colocar de maneira firme também. Ou seja, adaptar o seu discurso e a sua forma de se expressar no mesmo ritmo. No segundo exemplo, o olhar demonstra um sentimento de alegria, calma, ou mesmo de que a pessoa está pensando em algo agradável ou engraçado. Se esta pessoa estiver em um momento de negociação, é importante que o interlocutor faça a leitura desta expressão e se adapte ao sentimento dela. No terceiro exemplo, a pessoa exibe um olhar pra baixo, um olhar de reflexão ou até mesmo de tristeza ou vergonha. Durante a conversa, deve-se considerar a expressão apresentada e adequar a forma de lidar com ela. Ao longo da vida, nossa percepção sobre os sinais não verbais vão se sofisticando conforme nossas experiências, mas ter a consciência desta habilidade e praticar técnicas de observação do “outro” aprimora a capacidade de entender e se relacionar melhor. Um profissional apto a identificar sinais não verbais e exercer a empatia primordial tem a possibilidade de melhorar seu desempenho, pois consegue fazer leituras e entender o contexto com mais exatidão. O segundo aspecto do desenvolvimento da consciência social é a “sintonia”. Sintonia é a atenção que ultrapassa a empatia momentânea, transfomando-se em uma presença confirmada e completa que facilita a conexão. Oferecemos a uma pessoa nossa atenção total e a ouvimos até o fim. Procuramos entendê-la, em vez de simplesmente dar nossa opinião. Estacapacidade de ouvir parece ser um dom natural. Mesmo assim, a exemplo do que ocorre com todas as outras dimensões da inteligência social, as pessoas podem melhorar sua capacidade de se sintonizar. E todos nós podemos facilitar a sintonia, bastando prestar mais atenção intencionalmente (GOLEMAN, 2006, p. 101). Saber ouvir é uma das habilidades que deve ser exercitada por todo profissional que trabalha com pessoas. Um professor, um detetive, um médico, por exemplo, necessita ouvir sintonizando-se com o outro, deixando que a pessoa fale e se expresse livremente, sem se antecipar na ansiedade de tirar conclusões ou interrompendo em uma conversa. Sem, portanto, assumir o rumo da conversa, pois desta forma estaria satisfazendo as necessidades próprias ao contrário de tentar entender “de verdade” o que o outro esta querendo comunicar. Da mesma maneira, em uma situação de orientação financeira, é importante que o orientador ouça atentamente o orientando, possibilitando neste momento a sintonia e aprofundando a conexão e estabelecendo confiança, tão necessária para uma negociação financeira, por exemplo. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 6 Além de saber ler as expressões não verbais e saber ouvir, a terceira característica da consciência social é a “precisão empática”, considerada essencial para obter a inteligência social, segundo Goleman, A precisão empática baseia-se na empatia primordial, mas acrescenta um entendimento explícito do que o outro sente e pensa. A percepção consciente das intenções de alguém propicia uma empatia mais precisa; deste modo, é mais fácil prever o que aquela pessoa fará (GOLEMAN, 2006, p. 103). Entender os sentimentos dos outros e conseguir identificar o que a pessoa está pensando, demanda, obviamente, um tempo de convivência com esta pessoa. Nesse aspecto, segundo Goleman, tomar consciência do que o outro tem como intenção é uma característica importante no aspecto da inteligência social. A inteligência social é um exercício de um conjunto de observações, identificação e comportamentos que deve ser praticado cotidianamente. No caso da precisão empática, ela pode ajudar em relacionamentos entre professores e alunos, casais, relacionamentos familiares, amigos ou mesmo de clientes, sempre em situação de relacionamentos mais duradouros e longevos. Uma outra característica da inteligência social, na perspectiva da consciência social, é a cognição social. A cognição social é representada pela pessoa que tem conhecimento de como o mundo social funciona, sabe realizar a leitura de ambientes e imediatamente adapta seu comportamento aos códigos sociais daquele lugar. Também sabe identificar posição social, econômica ou mesmo quem se relaciona com quem em um ambiente. Tal entendimento social pode ser visto naqueles que leem com exatidão as correntes políticas de uma organização, assim como na criança de cinco anos, que pode citar os melhores amigos de cada criança em sua classe do jardim de infância. As lições sociais que aprendemos sobre a política da hora do recreio na escola – como a maneira de fazer amigos e formar alianças – estão associadas a regras implícitas que seguimos para formar uma equipe de trabalho vencedora ou entrar no jogo político do trabalho. [...] Mobilizamos a cognição social para navegar nas correntes sutis e mutáveis do mundo interpessoal e para entender os acontecimentos sociais. A cognição social pode fazer diferença para entendermos por que a observação que uma pessoa considera uma zombaria espirituosa pode parecer um sarcasmo grosseiro aos ouvidos de outra. (GOLEMAN, 2006, p. 103). Esta percepção dos códigos sociais é importante para o “fazer” do profissional que realizará a orientação financeira, pois detectar este aspecto aproxima o orientador de seu orientando e facilita o desenvolviento da empatia. A leitura dos códigos sociais do outro facilitará a adequação da linguagem e comportamento. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 7 Todas as habilidades citadas até agora, referentes à consciência social, interagem entre si para estabelecer empatia. Por exemplo, saber observar e saber ouvir são habilidades essenciais. O segundo aspecto da inteligência social, conforme citamos no início deste texto, é a facilidade social. Para desenvolvê-la, é necessário haver sincronia, apresentação pessoal, influência e preocupação. A sincronia é a habilidade de entrar em conexão com o outro, além de realizar a sua leitura e imediatamente agir e se comportar de acordo com este contexto. Por exemplo, pessoas dispersas e que não percebem quando uma conversa acabou não conseguem realizar a leitura não-verbal do contexto e acabam demonstrando uma desconexão com o todo. Não conseguem observar os sinais implícitos de uma conversa e deixam seus interlocutores inseguros. A sincronia é importante em uma venda de um produto ao cliente, por exemplo, na qual a comunicação precisa ser fluida, conectada. O vendedor precisa entender o momento em que o cliente não tem mais interesse no assunto, muitas vezes demonstrando expressões não verbais, e se o vendedor não consegue ler estas expressões e continua insistindo, o relacionamento se desconecta e a venda não se concretiza. Um outro aspecto da facilidade social é a apresentação pessoal: O carisma é um aspecto da apresentação pessoal. O carisma de um palestrante, um bom professor ou líder inclui sua capacidade de despertar em nós as emoções que exsudam, fazendo-nos embarcar naquele espectro emocional. [...] As pessoas carismáticas têm um instinto para a expressividade que arrebata os outros a entrar em sincronia com seu ritmo e capta seus sentimentos (GOLEMAN, 2006, p. 108). Entrar em sintonia com uma plateia, por exemplo, alterando o ritmo da voz numa cadência específica (adaptando o ritmo com seu público) é também uma forma de conquistar a audiência de maneira emocional. A capacidade de “controlar” e “mascarar” a expressão das emoções às vezes é considerada o segredo da apresentação pessoal. As pessoas adeptas de tal controle são autoconfiantes em qualquer situação em que uma reação com certa nuance seja crucial, de vendas e serviços, passando pela diplomacia e pela política (GOLEMAN, 2006, p. 109). O penúltimo aspecto a ser considerado para o desenvolvimento da facilidade social é a influência: Para obter influência construtiva, precisamos nos expressar de maneira que produza um resultado social desejado, como deixar alguém à vontade. As pessoas expressivas são consideradas pelos outros confiantes e dignas de amor e, em geral, causam impressões favoráveis. Os adeptos do emprego da influência utilizam a percepção social para orientar suas ações. (GOLEMAN, 2006, p. 111). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 8 Por fim, um último aspecto considerado importante para o desenvolvimento da facilidade social é a “preocupação”. Se preocupar verdadeiramente com o outro demonstra compartilhar os sentimentos e emoções com uma outra pessoa ou um grupo. Há pessoas mais suscetíveis a se envolver com as necessidades do outro. Essas possuem capacidade maior de cooperação. A preocupação reflete a capacidade de compaixão da pessoa. Pessoas manipuladoras podem ser hábeis em outras capacidades da inteligência social, mas falham nessa. As deficiências nesse aspecto da facilidade social deveriam ser um forte indicador dos tipos antissociais, que não se importam com as necessidades ou o sofrimento dos outros, e muito menos em ajudá-lo (GOLEMAN, 2006, p. 113). É importante salientar que, ao se apropriar destas técnicas de relacionamento interpessoal, o profissional de orientação financeira precisa tomar cuidado para evitar utilizar estes instrumentos exclusivamente para atingir seus objetivos. A técnicas precisam ser utilizadas com “verdade”, pois do contrário podem reverter a situação e deixar a relaçãodesconectada e fria. Utilizar mecanicamente as técnicas apresentadas neste capítulo pode ser percebido pelos outros e descaracterizar a capacidade de se relacionar. Nem sempre estamos totalmente conectados, não conseguimos esta condição o tempo todo. Porém, o exercício destes fatores citados neste capítulo ajudam de maneira efetiva na vida pessoal e profissional. Considerações finais Na maioria das vezes, em nossas vidas, não temos a oportunidade de estudar os aspectos das inteligências emocionais e sociais. Normalmente, aprendemos a nos relacionar comentendo erros e acertos, e percebendo o que nos aproxima ou o que nos afasta dos outros. A intenção de apresentar estes conceitos a um orientador financeiro é organizar estas informações, a fim de que aconteça o aprimoramento das competências em se relacionar com as pessoas e, consequentemente, torná-lo um profissional preparado. É essencial que o orientador financeiro tenha um posicionamento isento. O intuito desta relação não é se envolver emocionamente com o interlocutor, e sim estabelecer um relacionamento empático para que a comunicação e a negociação aconteçam de maneira fluida e saudável. Pratique diariamente as técnicas de aprimoramento em relacionamento interpessoal. Essa atitude sofisticará seu contexto profissional e social. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 9 Referência GOLEMAN, D. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006. ROS, M.; GOUVEIA, V. V. Psicologia social dos valores humanos: desenvolvimentos teóricos, metodológicos e aplicados. São Paulo: Editora Senac, 2006. FERREIRA, V. R. M. Decisões econômicas: você já parou para pensar? São Paulo: Évora, 2011. Objetivos Específicos Temas • Compreender que o relacionamento humano evolui em função da melhoria do processo de comunicação. Fabíola Camacho Estratégias de Orientação Financeira Aula 04 Professora Conceitos de comunicação Introdução 1 Conceito de comunicação Considerações finais Referências Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 2 Introdução Para atuar com excelência, é essencial que um orientador financeiro desenvolva a capacidade de se comunicar, tanto para ser entendido quanto para entender a pessoa que está na condição de orientando. A comunicação é tão importante que, quando errada, não entendida, pode causar uma guerra. Quando acontece de maneira fluida e sem muitos atropelos, ela pode até aproximar casais ou promover a paz. Em um ambiente corporativo, pode até ser uma vantagem competitiva, se administrada e desenvolvida de forma adequada. Tal é a importância deste tema que esta aula foi preparada para apresentar aspectos importantes da comunicação, conceitos básicos que podem dar subsídios para reflexão, mas também para provocar aprimoramento na atuação do orientador financeiro. Quando uma pessoa procura um orientador financeiro para uma sugestão de investimentos ou mesmo para uma orientação sobre sua condição de dívida financeira, a competência de comunicação do orientador vai fazer a diferença para o sucesso do trabalho. Leia o texto, pense no assunto e mude o que precisar mudar em seu comportamento para desenvolver cada vez mais a sua comunicação. 1 Conceito de comunicação A comunicação é uma capacidade de se fazer entender, saber dialogar, transmitir uma mensagem ou uma intenção para uma outra pessoa ou grupo. Para nos comunicar, utilizamos recursos físicos (fala, visão e audição, por exemplo) mas também lançamos mão de recursos técnicos como símbolos (ex. placas informativas), escrita (e-mail), entre outros. Como objetivo da comunicação, o filósofo Aristóteles definiu: Aristóteles definiu o estudo da retórica (comunicação) como a procura de “todos os meios disponíveis de persuasão”. Discutiu outros possíveis objetivos de quem fala, mas deixou nitidamente fixado que a meta principal da comunicação é a persuasão, a tentativa de levar outras pessoas a adotarem o ponto de vista de quem fala (BERLO, 1989, p. 18). Todos temos uma intenção ao nos comunicar, fazendo com que o outro aceite a nossa ideia. Para um diálogo claro, é preciso transmitir e se certificar de que o interlocutor entendeu. Aristóteles também considera: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 3 [...] que devemos olhar para três ingredientes na comunicação: quem fala, o discurso e a audiência. Quis dizer que cada um destes elementos é necessário à comunicação e que podemos organizar nosso estudo do processo sob estes três títulos: 1) a pessoa que fala, 2) o discurso que faz, 3) a pessoa que ouve (BERLO, 1989, p. 38). Parece simples este processo de comunicação, mas sabemos que não é tão fácil assim. Existe uma complexidade muito intensa que permeia toda essa sequência. O contexto da pessoa que fala muitas vezes não é o mesmo do receptor da informação. As diferenças humanas, psicológicas, culturais etc. estão presentes nesse processo. Entre outros entraves de comunicação, este é um dos mais impactantes. Em inúmeras ocasiões, sabemos que a comunicação falhou. Desde uma simples placa de aviso até contratos jurídicos mais extensos, sempre haverá maneiras diferentes de interpretar a mensagem. Vejamos um exemplo de caso ocorrido em uma grande loja de produtos de varejo. O estabelecimento possuía 120 funcionários, que trabalhavam em três turnos. O gerente deixou a seguinte mensagem no quadro de avisos do refeitório: Figura 1 ‒ Aviso de uma empresa Lendo o enunciado, você acha que houve alguma dúvida por parte dos funcionários? O aviso está claro? A intenção do gerente era fazer uma reunião com toda a equipe, incluindo as pessoas que trabalhavam no setor de limpeza, os caixas, os funcionários do estoque, as encarregadas e os vendedores de todos os turnos (a loja tem três turnos). A reunião só poderia acontecer na parte da manhã, pois o objetivo era preparar os funcionários para uma visita que o diretor da empresa faria naquele dia à tarde. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 4 No dia seguinte, às sete horas da manhã, foram à reunião apenas 60% dos vendedores da loja. Os outros 40% compareceram às sete horas da noite. Apenas uma encarregada compareceu à reunião e nem todos os caixas compareceram. Porque você acha que nem todos foram a esta reunião importante? O que aconteceu? Porque alguns apareceram de manhã e outros à noite? Existem muitos problemas nesse inocente enunciado: • Não foi detalhado o dia exato (afinal, os funcionários não sabiam quando o anúncio havia sido colocado no quadro de avisos do refeitório). • Nem todas as pessoas passaram pelo refeitório naquele dia. • Escrever 7:00 apenas não indica se é de manhã ou à noite, pois pode confundir os funcionários, ainda mais no caso desta empresa que possui três turnos de entrada. • Todas as reuniões da gerência são cotidianamente realizadas apenas com os vendedores da loja. Mesmo colocando a palavra “todos”, muitos funcionários deduziram que não precisariam participar, pois não era uma rotina da loja. Um simples enunciado provocou o equívoco e a desorganização para receber o diretor na empresa naquele dia. O diretor da loja esperava, neste exemplo, ouvir algumas pessoas, analisar o cotidiano da loja, verificar se todos os procedimentos estavam sendo cumpridos etc. Pode parecer óbvio para o gerente que a informação foi dada corretamente, mas quem lê o anúncio pode tirar suas próprias conclusões, de acordo seu próprio contexto, e entender de maneira diferente. Esse aspecto é muito importante e deve ser salientado sobre a comunicação. Qualquer que seja a mensagem, a forma (neste caso, a escrita) e o meio (neste caso, o quadro de avisos), devemos efetivamente nos preocupar em como ela pode ser entendida e interpretada pelos outros. Quem deseja ser entendidoprecisa refletir sobre todos os vieses de possível entendimento ou desentendimento e perceber o contexto de quem está recebendo a mensagem, estudar seu público e adaptar sua comunicação a ele. Houve prejuízos neste pequeno exemplo, pois a mensagem não foi completamente enviada a todos. Alguns funcionários ausentes não se prepararam para a visita do diretor, as pessoas que compareceram às 7:00 da noite perderam tempo e o que o gerente queria evitar aconteceu, pois quando o diretor chegou, na parte da tarde, muitos funcionários ficaram surpresos pela visita, causando um certo burburinho e prejudicando as vendas. Existem muitos exemplos parecidos com esse em nosso cotidiano. Diariamente nos deparamos com confusões de informação que causam prejuízo de tempo, dinheiro, estresse etc. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 5 Este é o ponto focal para um orientador financeiro, deve-se estudar e compreender o “universo” da pessoa que estará recebendo a orientação. Deve-se tomar muito cuidado, pois entraves de entendimento causam desgaste e até ruptura da relação, neste caso, perda de clientes e até prejuízos financeiros. Mas, afinal, de quem é a responsabilidade pelo sucesso da comunicação? Figura 2 ‒ Ingredientes da comunicação Fonte: BERLO (1989, p. 38). Esse modelo representa os aspectos envolvidos no processo de comunicação. Vejamos a sequência: • A fonte, que podemos considerar como o emissor da informação (aquele que tem a intenção de comunicar algo), possui suas próprias habilidades comunicativas, sua forma de agir (atitude), os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, sua forma de se relacionar, ou seja, o sistema social que vive e seu repertório cultural. • A fonte, ao querer se comunicar com o receptor, envia uma mensagem. Essa mensagem possui elementos, estrutura, conteúdo, tratamento da mensagem, o código... Ou seja, se a fonte tem o interesse de mandar um e-mail para alguém, por exemplo, ela está escolhendo a forma como passará esta mensagem, por meio dos códigos da língua portuguesa (no caso, da escrita do e-mail). • Os canais da comunicação são os sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Todos os sentidos estarão presentes simultaneamente, mesmo que a escolha seja uma mensagem por e-mail. Outro canal, como o gosto, estará participando deste processo e pode influenciar drasticamente no sucesso ou não do entendimento da mensagem. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 6 • Por fim, o receptor recebe a mensagem, passando por todos os elementos citados. E este também a recebe embuído de suas características, de habilidades comunicativas, de atitudes, de conhecimentos adquiridos, do sistema social em que vive e do repertório cultural que possui. Desta forma, observe que o processo de comunicação compreende inúmeros aspectos, portanto, todo e qualquer tipo de informação vai transitar por estes elementos. A intenção de apresentar este complexo sistema de comunicação é ampliar o entendimento do processo e, mais do que isto, se conscientizar que se comunicar e ser entendido não é tarefa simples, mas se cuidarmos de todo o processo é possível se fazer entender de maneira mais eficiente. É essencial salientar que a fonte (o emissor) codifica a mensagem e os receptores possuem suas próprias características (habilidades comunicativas, atitudes, conhecimentos, sistema social e repertório cultural). Estas interferem diretamente na forma como esses irão perceber a mensagem enviada, decodificar a mensagem conforme suas próprias características e compreender à sua própria maneira. Ao receber a mensagem, automaticamente o receptor transmite um feedback (o retorno da mensagem), que vai acontecer por meio de um gesto, falando, escrevendo etc. e no retorno desta mensagem o receptor também irá interpretar da sua própria maneira, como num processo de retroalimentação. Observemos que o entendimento da mensagem vai passando por um processo de interpretação, tanto pelo emissor quanto pelo receptor, e neste processo existem alguns componentes que podem atrapalhar a eficácia desta comunicação: os ruídos da comunicação. Ruído é todo e qualquer elemento que interfere na comunicação entre emissor e receptor. No exemplo do gerente que escreveu o aviso, um dos ruídos de comunicação foi escrever o horário 7:00, que pode ser interpretado como sete horas da manhã ou sete horas da noite. Outro ruído foi a falta da data no aviso, bem como a palavra “todos”, por conta dos hábitos já adquiridos pelos funcionários da loja de que só os vendedores participavam das reuniões. Existem inúmeros ruídos presentes no processo de comunicação. Alguns são muito frequentes: • Texto com erros ortográficos e escrita incorreta ou falta de vírgula. • Distração por estar preocupado ou pensando em outra coisa. • Fofocas. • A famosa expressão “telefone sem fio”, que acontece quando uma mensagem é repassada de pessoa a pessoa, por exemplo, e cada um conta da sua maneira, mudando todo o conteúdo inicial da mensagem. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 7 • Barulhos no ambiente. • Linguagem não verbal em contradição com a verbal. Exemplo de pessoa movimentando a cabeça para cima e para baixo, e dizendo que não. • Linguagem com códigos específicos. Quando o orientador financeiro fala com códigos específicos de sua área de investimentos, como CDB, CDI e renda fixa. Se o cliente não estiver familiarizado com estes códigos, o entendimento é prejudicado. Usar termos técnicos é um dos ruídos mais frequentes. Para que estes contratempos não aconteçam, é muito importante que no momento de qualquer tipo de comunicação haja uma preocupação do emissor em certificar-se de todo este processo. Ou seja, buscar entender e perceber o receptor da mensagem e procurar todas as formas possíveis de se aproximar de seu receptor. E, além disso, tentar eliminar os ruídos que podem interferir na comunicação ou, pelo menos, tentar minimizá-los. Existem algumas competências que, se desenvolvidas, tornam a comunicação mais eficiente: • Clareza • Objetividade • Empatia • Saber ouvir • Flexibilidade • Responsabilização • Coerência • Respeito pelo outro • Transparencia de linguagem Existem algumas palavras que podem influenciar fortemente no sentido do que se pretende expressar. A palavra “não”, por exemplo, quando utilizada tem um efeito interessante. Quando você diz a uma criança: “Não corra”, o que imediatamente ela vai fazer? Normalmente ela irá correr. Por que isso acontece? Quanto a pessoa ouve o comando, ela imediatamente ativa na mente a mensagem positiva primeiro, depois que já pensou na forma positiva, ela ativa a mensagem negativa. Neste caso, muitas vezes o que fica é exatamente o que não deveria ficar na mente. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 8 Portanto, no lugar de dizer, por exemplo: • Não esqueça, diga: lembre-se. • Não fique nervoso, diga: fique calmo. • Não corra, diga: ande devagar. Uma outra palavra que faz a diferença e usamos muito é a palavra “mas”. Quando utilizamos o “mas”, tudo o que havia antes do “mas” perde o efeito. Por exemplo: • “Você está muito bonita, mas...” Qual é a sua impressão quando você ouve esta frase? Mesmo que a pessoa queira dizer, “Você está muito bonita, mas seria interessante colocar o brinco verde”, normalmente a pessoa entende que não está bonita, que algo está errado, que virá algo muito negativo em seguida. Por isso, substitua a palavra “mas” pela expressão “e” se você não quiser dar essa impressão de negatividade: “Você está muito bonita e seria interessante colocar o brinco verde”. Veja como muda o tom. Você deu o seu recado e não deu a impressão negativa no contexto. Estas dicas parecem simples, mas no conjunto de sua comunicação a soma dos detalhes pode fazer uma grande diferença. Dascaracterísticas citadas, quais você tem mais desenvolvidas e precisa desenvolver? Faça uma autoanálise e dê uma nota para cada competência. Faça este exercício de autorreflexão e identifique quais você precisa desenvolver. Se puder, solicite também para um amigo, um parceiro de trabalho ou mesmo o seu líder de trabalho que dê notas para estas competências para você, também de 0 a 10. Desta forma, você pode também ter uma visão de como os outros estão percebendo a sua comunicação. Analise os resultados e trace um plano de ação para a melhoria das competências que você identificou. E tome a atitude de melhorá-las. Este exercício vai fortalecer a sua capacidade de comunicação e melhorar automaticamente a sua relação com seus pares, familiares e clientes. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 9 Considerações finais Nessa aula, abordamos as bases do conceito de comunicação. Este assunto não esgota nesse texto, pois como vimos é um tema bastante complexo. Por virtude também da capacidade do ser humano de utilizar seus recursos mentais, psíquicos, de sentido, percepção e de interpretação, a comunicação torna-se uma das principais possibilidades de evolução da nossa espécie. Estudar este tema certamente será mais um passo para tornar-se um melhor profissional. E no nosso contexto de orientador financeiro, o conhecimento e a habilidade de se comunicar e se fazer entender é essencial. Referências BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Estratégias de Orientação Financeira Aula 05 Linguagem corporal e comunicação não-verbal Objetivos Específicos • Compreender que o relacionamento humano evolui em função da melhoria do processo de comunicação. Temas Introdução 1 Linguagem corporal e comunicação não-verbal 2 Decodificando pistas verbais Considerações finais Referências Fabíola Camacho Professora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 2 Introdução É importante que o orientador financeiro aprimore a capacidade de entender aspectos do comportamento humano. No exercício de sua profissão, quanto melhor desenvolver a competência de fazer a leitura do “outro”, melhor realizará o seu trabalho. Um dos aspectos importantes para aprender a compreender as pessoas é a leitura de sinais da comunicação não-verbal. A linguagem corporal é reconhecida como a principal fonte de expressão das pessoas, muito além do que se fala ou se escreve, os gestos e expressões são a representação das nossas emoções, do que sentimos. Desta forma, esta aula foi elaborada com o objetivo de apresentar alguns aspectos sobre a importância da linguagem corporal, trazendo algumas dicas que irão ajudar o orientador financeiro a identificar sinais emitidos pelas pessoas e assim compreender de imediato as vontades e desejos de seus orientandos. 1 Linguagem corporal e comunicação não-verbal Melhorar a comunicação significa melhorar a qualidade de vida. Dependemos da interação com as pessoas para viver, o indivíduo que possui uma boa capacidade de se relacionar conquistará melhores resultados em todos os campos da vida. Para melhorar a comunicação, é importante que se estude os sinais não-verbais emitidos pelas pessoas. Estes sinais irão contar muito mais sobre o que a pessoa sente do que sinais que ela emite através da linguagem falada ou escrita. Uma curiosidade do tema é que alguns gestos e expressões são comuns em diversas culturas, o sorriso para expressar felicidade, o levantar de sobrancelhas para expressar espanto, o balançar da cabeça para representar uma situação de negação, por exemplo, são encontrados em praticamente todas as civilizações e culturas humanas. Mover a cabeça para baixo é um gesto quase que universalmente utilizado para indicar “sim”. Este gesto é provavelmente inato, por ser também usado em cegas de nascença. Balançar a cabeça de um lado para o outro para indicar “não” é também um gesto universal que provavelmente se aprende na infância. Quando já se fartou de mamar o bebê vira a cabeça de um lado para outro para rejeitar o seio da mãe. (PEASE; PEASE, 2005, p. 25) Allan e Barbara Pease, um casal de especialistas em relacionamento humano e linguagem corporal, escreveram o livro “Desvendando os segredos da Linguagem Corporal” e afimam que: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 3 Os atores do cinema mudo, como Charles Chaplin, foram os pioneiros das técnicas de linguagem corporal, então o único modo de comunicação disponível na tela. A técnica de um ator era considerada boa ou má à medida que ele fosse capaz de usar gestos e sinais corporais para se comunicar com o público. Com a popularização do cinema falado e a consequente perda de importância dos aspectos não-verbais da representação, muitos atores do cinema mudo caíram na obscuridade. So sobreviveram os que eram dotados de talentos verbais e não-verbais. (PEASE; PEASE, 2005, p. 17) Fazemos, hoje em dia, esta leitura da comunicação não-verbal, porém, somos mais estimulados a nos comunicar muito mais pela linguagem falada e escrita, ainda assim, nossas emoções e sentimentos são altamente representados pelos nossos gestos e expressões. A maioria das pessoas acredita que a fala é ainda a nossa principal forma de comunicação. Em termos evolucionários, a fala só passou a fazer parte do nosso repertório de comunicação em tempos recentes, usada fundamentalmente para transmitir fatos e dados. Estima-se que ela tenha se desenvolvido há cerca de 2,5 milhões de anos, tempo durante o qual o nosso cérebro triplicou de tamanho. Antes disso, a linguagem corporal e o sons produzidos pela garganta eram as principais formas de transmissão de emoções e sentimentos humanos – e continuam sendo até hoje, embora a excessiva atenção dada às palavras faça com que sejamos profundamente desinformados a respeito da linguagem do corpo e da importância que ela tem em nossas vidas. (PEASE; PEASE, 2005, p. 16-17) Tal importância é tão impactante que 93% do entendimento da comunicação está relacionado à linguagem não-verbal. Albert Mehrabian, pioneiro da pesquisa da linguagem coporal na década de 1950, apurou que em toda comunicação interpessoal cerca de 7% da mensagem é verbal (somente palavras) 38% é vocal (incluindo tom de voz, reflexão e outros sons) e 55% é não-verbal. (PEASE; PEASE, 2005, p. 25) Figura 1 - Impacto da comunicação não verbal Fonte: o autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Estratégias de Orientação Financeira 4 Jo-Ellan e Mark Mazzarella, ela como uma das consultoras de júri de tribunal mais respeitadas dos Estados Unidos e ele com mais de 20 anos de experiência em advocacia, escreveram um livro chamado “Decifrar Pessoas: como entender e prever o comportamento humano”, livro que apresenta muitas dicas recolhidas durante muitos anos de estudos sobre como identificar sinais de comunicação, principalmente comunicação não-verbal, que no caso de Jo-Ellan era utilizado para ajudá-la a prever o comportamento e prever as atitudes dos jurados, advogados e juízes. No livro, citam: Minha experiência me ensinou que decifrar as pessoas não é uma ciência nem um dom inato. É uma questão de saber o que olhar e ouvir, de ter a curiosidade e a paciência para reunir a informação necessária, e saber como reconhecer os padrões na aparência, linguagem corporal, na voz e na conduta de uma pessoa. (DIMITRIUS; MAZZARELLA, 2000, p. 13) Existe a possiblidade de obsevar e identificar padrões de personalidade e de crenças das outras pessoas realizando a leitura das expressões corporais, existem técnicas que ajudam nesta leitura e o que é muito interessante
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