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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL E O 
CUIDADO DA PSICOLOGIA 
 
 
Graziely Veríssimo de Melo1 
 
 
RESUMO 
 
Este artigo objetiva apresentar a prática da Psicologia em sua atuação diante de mulheres 
em situação de violência doméstica e familiar, abordando mais especificamente a violência 
psicológica, além de retratar a luta das mulheres na busca de igualdade de direitos entre os 
gêneros. Como importância, o estudo trará dados sobre os números da violência contra a 
mulher no Recife e Região Metropolitana de Pernambuco (PE), além de indicar os locais de 
referência para atendimento psicológico a essas mulheres. A metodologia utilizada foi de 
natureza qualitativa, realizada através de revisão bibliográfica de publicações científicas 
nacionais, artigos que abordam a temática em diversas fontes da internet. Contribuíram para 
o estudo as pesquisas de autores como: Blay (2001), Day et al. (2003), Melo, Silva e Caldas 
(2009) e Ribemboim (2012), entre outros, que nos ajudaram a compreender que é 
praticamente impossível pensar em violência psicológica sem falar da violência física, e que 
devemos proteger as mulheres de toda e qualquer forma de violência e discutir sobre essas 
novas configurações nas quais elas estão atualmente inseridas, onde a atuação do 
profissional da psicologia pode contribuir significativamente nesse processo diante dos 
casos constatados e apresentados no estudo. 
 
Palavras-chave: Mulher; violência psicológica; prática do psicólogo. 
 
 
ABSTRACT 
 
This article aims to present the practice of Psychology in its work before women in situations 
of domestic and family violence, addressing more specifically psychological violence, in 
addition to portraying the struggle of women in the search for equal rights between genders. 
As important, the study will provide data on the numbers of violence against women in Recife 
and the Metropolitan Region of Pernambuco (PE), in addition to indicating the places of 
reference for psychological assistance to these women. The methodology used was of a 
qualitative nature, carried out through a bibliographic review of national scientific 
publications, articles that address the theme in several internet sources. Contributions to the 
study by authors such as: Blay (2001), Day et al. (2003), Melo, Silva and Caldas (2009) and 
Ribemboim (2012), among others, who helped us to understand that it is practically 
impossible to think about psychological violence without talking about physical violence, and 
that we must protect women from any and all form of violence and discuss these new 
configurations in which they are currently inserted, where the work of the psychology 
professional can contribute significantly in this process in the face of the cases found and 
presented in the study. 
 
Key words: Woman; psychological violence; psychologist practice. 
 
1 Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Recife-PE). 
grazielyvm16@gmail.com. 
2 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
 
INTRODUÇÃO 
A violência é uma forma de violação dos direitos humanos que está presente 
em todas as partes do mundo, ocorrendo em sua maioria contra pessoas de grupos 
minoritários socialmente (re)conhecidos como, por exemplo, a população negra, 
pobres, mulheres, entre outros. Dentre as diversas formas de violência, a praticada 
contra a mulher é cometida por vários motivos, tanto de ordem social quanto de 
ordem cultural e/ou religiosa. O mais frequente tipo de violência contra a mulher não 
é realizado em público, mas sim em âmbito privado, geralmente cometida por 
pessoas que a mulher conhece como parentes, amigos, cônjuges ou indivíduos com 
quem ela se relaciona. A violência contra a mulher sempre ocorreu, porém, 
atualmente é algo que tem sido bastante discutido, pois a mulher tem conquistado 
um lugar de destaque na sociedade e, diante disso, vem reconhecendo os seus 
direitos após anos de luta por igualdade de gênero. 
Guimarães e Pedroza (2015) explicam que atualmente a violência contra a 
mulher tem sido um problema cada vez mais em pauta nas discussões e 
preocupações da sociedade brasileira assim como das pesquisas científicas. Apesar 
de se saber que tal violência não é um fenômeno exclusivamente contemporâneo, o 
que se percebe é que a visibilidade política e social desta problemática tem um 
caráter recente, “dado que apenas nos últimos cinquenta anos é que tem se 
destacado a gravidade e seriedade das situações de violências sofridas pelas 
mulheres em suas relações de afeto”. (GUIMARÃES; PEDROZA, p. 257). 
Segundo Manzini e Velter (2018), os atos de violência tendem a abalar a 
qualidade de vida da vítima, sendo a violência psicológica a mais frequente e talvez 
a menos denunciada. Geralmente inicia-se de forma branda, com atos que passam 
despercebidos pela vítima, pois trata-se de uma violência silenciosa, em que a 
mulher sequer percebe a periculosidade dos atos praticados pelo agressor e o 
quanto tais atitudes influenciam em sua forma de ver-se e de viver em sociedade. 
O agressor através de insultos a torna insegura e baixa a sua autoestima, 
pois para partir para a agressão física, ele precisa tornar a mulher fragilizada de tal 
modo que ela aceite a agressão e se sinta culpada pela violência sofrida. Nota-se 
então que a violência psicológica praticada contra a mulher, além de causar danos 
3 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
de grave ou difícil reparação na vida da vítima, podem também resultar em 
consequências irreversíveis. 
A violência sofrida pela mulher pode refletir em numerosos traumas e 
doenças durante sua vida, como não se sentir apta a estudar ou a buscar 
independência por se achar inferior, como explica Mereles (2016). Isso pode gerar 
incapacidades, como a de não conseguir expressar suas opiniões na casa da 
família, ser silenciada frente a outras pessoas ou menosprezada por ser mulher. 
Desta forma, este estudo visa abordar a atuação do profissional de Psicologia 
no acolhimento às vítimas e o entendimento da violência psicológica e das políticas 
públicas de acolhimento às mulheres em situação de violência doméstica na cidade 
do Recife e Região Metropolitana de Pernambuco (PE), Brasil. Os objetivos 
consistem em relatar a luta da mulher em busca da igualdade de direitos entre os 
gêneros; compreender a violência psicológica como um fenômeno causador de 
sofrimento; e descrever o papel do psicólogo quanto à sua atuação frente à mulher 
em situação de violência doméstica. 
A proposta de estudo justifica-se por meio da relevância social e científica em 
relatar a importância da atuação do psicólogo frente a esse tipo de violência, tendo 
em vista que atualmente tais casos têm aumentado e muitas mulheres não têm o 
conhecimento dos seus direitos. Diante disso, é necessário que o profissional 
conheça e entenda o funcionamento das políticas públicas de acolhimento para 
essas vítimas. 
Além disso, como contribuição científica, o trabalho traz também um recorte 
sobre alguns números da violência contra a mulher em Pernambuco, apresentando 
dados estatísticos dos casos na Região Metropolitana do Recife, que apontam que 
os agressores em sua maioria são homens que possuem algum vínculo com estas 
mulheres, desde namorados, noivos, esposos e ex-companheiros. 
A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, acerca dos direitos das 
mulheres afirma no seu Art. 2º que todas as mulheres “goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades 
e facilidades para viversem violência, preservar sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual e social” (BRASIL, 2006, p. 1). 
 
4 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
MÉTODOS 
Quanto aos métodos utilizados, o desenho do estudo é de natureza 
retrospectiva, descritiva, não controlada e qualitativa, realizada através de revisão 
bibliográfica de publicações científicas nacionais. A busca dos dados iniciou-se 
através da base de dados e outras fontes fidedignas da internet, posteriormente, foi 
realizada uma visita ao Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife-PE, 
com uma profissional da psicologia, que disponibilizou 26 materiais bibliográficos 
referentes ao tema abordado no artigo e o período de estudo foi de março a 
dezembro de 2019. A amostragem é não probabilística e por cotas, pois existe uma 
escolha deliberada e imparcial dos elementos que compõem a amostra por estar 
abordando pessoas do sexo feminino. 
Os critérios de inclusão para a pesquisa foram: textos referentes à história de 
luta das mulheres; artigos sobre os tipos de violência doméstica; Lei 11.340/06; 
materiais sobre a prática do psicólogo diante de mulheres em situação de violência e 
artigos contendo dados estatísticos acerca da violência em Recife-PE e os critérios 
de exclusão foram: artigos contendo dados da violência em outros estados e países; 
dados referentes às medidas jurídicas sobre os agressores e as práticas de 
prevenção; considerações sobre o aspecto familiar da mulher em situação de 
violência (filhos, irmãs, mãe e pai). 
Foram utilizados artigos de forma ética, garantindo a discrição dos 
participantes das pesquisas de forma a resguardar o seu anonimato, através dos 
dados coletados no fórum da Região Metropolitana de Recife-PE. 
Os dados coletados por meio do referido percurso metodológico permitiu que 
o estudo proporcionasse a obtenção de conhecimento acerca da Lei Maria da 
Penha, da importância de olhar para as mulheres em situação de vulnerabilidade 
com cuidado, pois como esta se trata de uma violência “invisível”, é preciso estar 
atento aos possíveis sinais. Não houve riscos implicados na presente pesquisa. 
 
1. HISTÓRICO DE LUTA E ORIGEM DA DATA COMEMORATIVA DO DIA 
INTERNACIONAL DA MULHER 
A origem da data escolhida para celebrar o dia internacional das mulheres 
tem algumas explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao 
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E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
incêndio ocorrido em Nova Iorque no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist 
Company, fábrica que, segundo Blay (2001), havia criado em 1909 um sindicato 
interno para seus trabalhadores, no qual, posteriormente as trabalhadoras da 
companhia quiseram retirar alguns recursos do próprio sindicato interno para ajudar 
as companheiras em busca de melhores condições de trabalho, mas não 
conseguiram. Fizeram então piquetes na porta da Triangle em forma de protesto, 
que contratou prostitutas para se misturarem às manifestantes, pensando assim em 
afastá-las de seus propósitos, porém o efeito foi contrário, o movimento se 
fortaleceu. O incêndio ocorrido em 1911 deixou 146 trabalhadores mortos, sendo 
125 mulheres e 21 homens, que trouxe à tona as más condições enfrentadas por 
mulheres na Revolução Industrial (BBC NEWS, 2019). 
No século XIX e no início do XX, nos países que se industrializavam, 
o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crianças, em 
jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e 
freqüentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram 
de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os 
proprietários tratavam as reivindicações dos trabalhadores como uma 
afronta, operárias e operários considerados como as “classes 
perigosas”. Sucediam-se as manifestações de trabalhadores, por 
melhores salários, pela redução das jornadas e pela proibição do 
trabalho infantil. A cada conquista, o movimento operário iniciava 
outra fase de reivindicações, mas em nenhum momento, até por 
volta de 1960, a luta sindical teve o objetivo de que homens e 
mulheres recebessem salários iguais, pelas mesmas tarefas. As 
trabalhadoras participavam das lutas gerais mas, quando se tratava 
de igualdade salarial, não eram consideradas. Alegava-se que as 
demandas das mulheres afetariam a “luta geral”, prejudicariam o 
salário dos homens e, afinal as mulheres apenas “completavam” o 
salário masculino (BLAY, 2001, p. 601). 
 
De acordo com Blay (2001), Clara Zetkin, alemã, membro do Partido 
Comunista Alemão e militante junto ao movimento operário, que se dedicava à 
conscientização feminina, teria, ao participar do II Congresso Internacional de 
Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhagem, Dinamarca, proposto a criação de 
um Dia Internacional da Mulher, a proposta estabelecia que a data fosse um dia de 
mobilizações de mulheres trabalhadoras em todo o mundo, que abordariam tanto a 
pauta da questão das mulheres no trabalho, o direito ao voto feminino, tanto votando 
quanto sendo votadas, porém sem definir uma data específica. 
Foi na década de 60 que a data 8 de março foi sendo constantemente 
escolhida como o dia comemorativo da mulher e se consagrou nas décadas 
6 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
seguintes, sendo instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. 
Certamente esta escolha não ocorreu apenas em consequência do incêndio na 
Triangle (ocorrido no dia 25 de março), embora este fato tenha se somado à 
sucessão de enormes problemas das trabalhadoras em seus locais de trabalho, na 
vida sindical e nas perseguições decorrentes de justas reivindicações. 
No Brasil vê-se repetir a cada ano a associação entre o Dia Internacional da 
Mulher e o incêndio na Triangle, como observa Blay (2001), quando explica que é 
muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado 
ao imaginário coletivo da luta das mulheres. “O processo de instituição de um Dia 
Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e 
europeias há algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin” (BLAY, 
2001, p. 605). 
Girundi (2018) explica que a história do movimento feminista possui três 
grandes momentos. O primeiro foi motivado pelas reivindicações por direitos 
democráticos como o direito ao voto, divórcio, educação e trabalho no fim do século 
XIX. O segundo, no fim da década de 1960, foi marcado pela liberação sexual 
(impulsionada pelo aumento dos contraceptivos). Já o terceiro começou a ser 
construído no fim dos anos 70, com a luta de caráter sindical. 
Tosi (2016) conta que nas primeiras décadas do século XX, o grande tema 
político foi à reivindicação do direito ao voto feminino. Após a conquista do direito ao 
voto, estabelecido pela Constituição Federal em 1932, tendo as mulheres brasileiras 
votado pela primeira vez em 1945, elas passaram a ocupar maior espaço no 
eleitorado do País. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente, 
a participação feminina é de quase 53% do total de 146.470.880 eleitores no Brasil. 
Comemorar o dia 8 de março significa relembrar e voltar às origens do ideal 
socialista de grande parte das mulheres que lutavam por um mundo novo sem 
exploração e opressão do homem pelo homem e especificamente da mulher pelo 
homem (GIANNOTTI, 2006). 
A codificação de 1916 propunha um ordenamento adequado aos 
moldes de uma sociedade patriarcal, do início do século passado, 
com pensamentos individualistas. A Constituição Federal de 1988 
criounormas incompatíveis com o Código de 1916. Além disso, com 
um país mais modernizado, culturalmente evoluído e mais voltado 
para uma visão social, as leis precisavam ser revistas para 
acompanhar as transformações. O novo Código Civil começou a ser 
redigido em 1968 por uma equipe de juristas e advogados. Acolhido 
7 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
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em 1975, tramitou durante 26 anos no Congresso Nacional até ser 
aprovado em 2001. A Lei nº 10.406/2002 trouxe importantes 
mudanças, em especial à mulher, acolheu os preceitos 
constitucionais da igualdade de direitos entre homens e mulheres, 
artigo 5º, inciso I, e na igualdade de direitos e deveres conjugais, 
artigo 226, § 5º, ambos previstos na Lei Maior. Desse modo, 
percebe-se que o novo ordenamento abandonou a visão patriarcal 
presente no Código revogado, no qual o casamento era a única 
forma de constituição da família e nela imperava a figura do marido, 
ficando a mulher em situação submissa e inferiorizada (MATOS; 
GITAHY, 2007, p. 86). 
 
Foi apontada neste estudo, a priori, a história de luta das mulheres, pois, ao 
entender essa luta pelos direitos de igualdade, pode-se começar a ter uma noção de 
como as constituições familiares começariam a mudar nos anos seguintes. Afinal, a 
mulher estava, a partir dos novos direitos adquiridos, mudando do estado de 
submissão ao homem, para alguém que possui voz ativa na sociedade. 
Conforme afirmam Cortez, Souza e Queiróz (2010) é importante destacar 
que, apesar da inserção da mulher no mercado de trabalho não ser uma conquista 
nova, é ainda recente e é um assunto delicado e criticado pelos companheiros, que 
sentem sua função de provedor-chefe da casa ameaçada e ainda imaginam a 
possibilidade de serem traídos (tendo em vista o relacionamento que possuem) por 
suas esposas, que segundo os próprios maridos, agora se expõem no “mundo de 
fora”. 
Os autores avaliaram que as incertezas e tensões que caracterizam esta atual 
condição ilustram um difícil momento de transição para estas mulheres, que tentam 
ultrapassar os limites impostos por um espaço que culturalmente lhes confere certo 
poder e valor, no caso o espaço doméstico-familiar, em busca de mais autonomia, 
buscando por seus próprios objetivos. Existe um conflito entre a “masculinidade 
ideal” compreendida e almejada pelos homens e sinais de empoderamento feminino, 
identificados nas iniciativas de autonomia das mulheres em contextos de trabalho, 
relações com amigos, cuidados consigo e reivindicações sobre o relacionamento. 
Desde que as mulheres conquistaram um novo espaço no mercado de 
trabalho, as constituições familiares começaram a mudar e muitas delas passaram a 
ter mais autonomia nas decisões do lar, com isso, de certa maneira o homem 
passou a sentir sua masculinidade fragilizada, causando neles um sentimento de 
ameaça ao estereótipo de supremacia que o homem sempre carregou 
historicamente. Esse fato fez com que eles buscassem uma forma de intimidação às 
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VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
E O CUIDADO DA PSICOLOGIA 
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA – ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. EDIÇÃO 194. VOL. 01, ANO 2020. 
novas posturas da mulher na sociedade, ocasionando, portanto, um aumento 
significativo nos números de violência conjugal praticada por eles. Porém, 
atualmente percebe-se que, apesar de ainda ter grande evidência, o modelo 
patriarcal tem sido questionado e combatido. O modelo patriarcado consiste em um 
sistema meramente social onde homens mantêm o “poder”, predominando sobre si 
as funções de lideranças políticas, autoriade sobre tudo e privilégio social frente ao 
controle das diversas propriedades. 
A partir do conhecimento sobre a história de luta da mulher e suas novas 
configurações, o presente artigo apresentará adiante a definição de violência 
psicológica, um dos tipos mais comuns de violência sofridas pelas mulheres de uma 
forma que se passa muitas vezes despercebida. 
 
2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: UMA FORMA OCULTA DE AGRESSÃO CONTRA 
A MULHER 
A violência contra as mulheres, segundo Day et al. (2003), é o tipo mais 
generalizado de abuso dos direitos humanos no mundo e o menos reconhecido. A 
Assembleia Geral das Nações Unidas, de 1993, definiu oficialmente a violência 
contra as mulheres como sendo qualquer ato de violência de gênero que resulte ou 
possa resultar em dano físico, sexual, psicológico ou sofrimento para a mulher, 
inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, quer 
ocorra em público ou na vida privada. 
Ainda segundo Day et al. (2003, p. 16) “as consequências negativas da 
agressão atingem a saúde física e emocional das mulheres, o bem-estar de seus 
filhos e até a conjuntura econômica e social das nações, seja imediatamente ou a 
longo prazo”. 
Segundo a Lei Maria da Penha, Art. 7º, uma das formas de violência 
doméstica e familiar é a violência psicológica, que é entendida como: 
Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da 
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância 
constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação (BRASIL, 2006, p. 1). 
9 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
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Como afirma Ribemboim (2012), a violência psicológica é um ato causador de 
danos à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal e 
emocional da mulher. Ela pode se expressar pela tentativa de controlar suas ações e 
valores por meio de intimidação, manipulação, ameaças dirigidas à mulher ou aos 
filhos e pode também ser acarretada por humilhação, isolamento social e familiar, 
rejeição, exploração e agressão verbal, que podem danificar a motivação, a 
autoimagem e a autoestima. 
“Apesar de uma realidade muito presente, a violência psicológica ainda tem 
sido subestimada pela rede de serviços. As delegacias, por exemplo, não registram 
ou oferecem assistência específica a esses casos” (RIBEMBOIM, 2012, p. 67). 
Paralela ou somada a ela, também existe a violência moral, que é a ação que visa à 
calúnia, à difamação ou à injúria contra a reputação da mulher. 
A violência psicológica, segundo Manzini e Velter (2018), embora não 
tipificada pelo código penal, acompanha todos os demais tipos de violência 
dispostos nos incisos do art. 7º, da Lei Maria da Penha, uma vez que interfere na 
saúde mental da mulher, na forma como esta se enxerga física, moral e socialmente. 
Como explica Dias (2010), a violência psicológica tem como base relações 
desiguais de poder entre os sexos. Ele explica que ela é a mais frequente e talvez 
seja a menos denunciada. “A vítima muitas vezes nem se dá conta que agressões 
verbais, silêncios prolongados, tensões, manipulações de atos e desejos, são 
violência e devem ser denunciados”. (DIAS, 2010, p. 48). 
De acordo com Azevedo e Guerra (2001), o termo violência psicológica 
doméstica foi cunhado no seio da literatura feminista como parte da luta das 
mulheres para tornar pública a violência cotidianamente sofrida por elas na vida 
familiar privada. Ainda segundo eles, o movimento político-social que, pela primeira 
vez, chamou a atenção para o fenômeno da violência contra a mulher praticada por 
seu parceiro, iniciou-se em 1971, na Inglaterra, tendo sido seu marco fundamental a 
criação da primeira “casa abrigo” para mulheres agredidas fisicamente, iniciativaessa que se espalhou por toda a Europa e Estados Unidos, por volta de 1970, 
alcançando o Brasil na década de 1980. 
 Day et al. (2003, p. 16) explicam que na maioria das vezes, as sequelas 
psicológicas do abuso são ainda mais graves que seus efeitos físicos. “A experiência 
do abuso destrói a autoestima da mulher, expondo-a a um risco mais elevado de 
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VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: UM MAL INVISÍVEL 
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sofrer de problemas mentais, como depressão, fobia, estresse pós-traumático, 
tendência ao suicídio e consumo abusivo de álcool e drogas”. 
 O conceito de violência, de acordo com Silva, Coelho e Caponi (2007), 
abrange todas as formas de violação dos direitos das mulheres, com especial 
destaque às formas de violência não-físicas, que se manifestam direta ou 
indiretamente e provocam múltiplas consequências, entre elas: depressão, 
isolamento social, insônia, distúrbios alimentares, entre outros. Desta forma, 
segundo as autoras, compreende-se por violência doméstica contra a mulher aquela 
que ocorre entre pessoas que tenham ou já tiveram relacionamento afetivo-sexual. A 
violência tem, como pano de fundo, uma relação que, mesmo desfeita, ainda deixou 
questões inacabadas. Muitas vezes, permanecem vínculos afetivos permeados por 
mágoas, ressentimentos ou dependência psicológica, que impedem ou dificultam 
que a vítima possa identificar uma situação de violência (SILVA; COLEHO; CAPONI, 
2007). 
 O conceito de “mulher vítima de violência” foi substituído por “mulher em 
situação de violência”. Essa transformação deve-se às lutas travadas ao longo dos 
anos pelo movimento de mulheres e por estudiosos. “A explicitação de que a 
situação de violência pode ser rompida não implica necessariamente condição de 
subalternidade, presente no conceito de vítima, e ainda sugere possibilidades de 
saída e resolução do conflito” (RIBEMBOIM, 2012, p. 62). 
 Silva, Coelho e Caponi (2007) explicam que a violência psicológica doméstica 
nem sempre é identificável pelas mulheres, pois a violência pode aparecer de 
maneira camuflada, devido a isso, podem não serem reconhecidas como tal por 
estarem associadas a fenômenos emocionais como: o álcool, a perda do emprego, 
problemas com os filhos, sofrimento ou falecimento de familiares e outras situações 
de crise. 
Cortez, Souza e Queiróz (2010, p. 240) realizaram uma pesquisa com quatro 
casais com histórico de violência, no ano de 2006, cujos resultados trouxeram os 
seguintes dados: 
Avaliamos que os resultados possibilitam verificar que a violência se 
dá na relação, e as agressões são resultado de um jogo de forças 
que ocorre nos relacionamentos de casais nos quais conflitos são 
naturalizados e outros modos de negociação não são considerados 
ou não parecem possíveis. Nas entrevistas analisadas, a transição 
da masculinidade hegemônica, fortemente enraizada em nossa 
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cultura, para a masculinidade que as novas estruturas familiares, 
conquistas e demandas femininas requerem, parece ainda bastante 
difícil. Os “homens de verdade”, sentem-se ameaçados por 
manifestações femininas de autonomia, mostrando-se 
despreparados para transformar suas concepções de masculinidade 
com base em uma nova proposta de feminino (CORTEZ; SOUZA; 
QUEIRÓZ, 2010, p. 240). 
 
 Segundo Silva, Coelho e Caponi (2007), a violência doméstica psicológica 
pode-se considerar como uma categoria de violência que é negligenciada. Esta 
afirmação tem como base dois pilares: um que refere ao que é denunciado nas 
manchetes dos jornais, que destacam a violência doméstica apenas quando 
ocorrem danos físicos importantes ou quando a vítima vai a óbito. Outro mito, 
apresentado reiteradamente pela mídia, é o de que a violência urbana é superior à 
violência doméstica, afinal é difícil entender a ocorrência da violência física sem a 
presença da violência psicológica. A maioria dos casos demonstra que a violência 
psicológica ocorre antes da física, porém, não se descarta a possibilidade da 
ocorrência da violência física sem que a violência psicológica a preceda. 
A Lei Maria da Penha, que recebeu esse nome em homenagem à mulher que 
sofreu violência doméstica por anos, tendo inclusive ficado paraplégica após levar 
um tiro do seu ex-marido em uma tentativa de feminicídio. Essa mulher lutou para 
que o estado brasileiro desse prosseguimento ao seu processo judicial que estava 
para prescrever. Diante da omissão do estado ela formalizou com entidades de 
representação uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da 
Organização dos Estados Americanos (OEA). Logo, ela lutou para que alguma 
medida coibisse a atitude do governo brasileiro em não proteger a sua vida diante da 
violência sofrida. 
Assim, o país adotou medidas de proteção à mulher em situação de violência 
de gênero criando dispositivos legais para combater e erradicar a violência contra 
este grupo historicamente vulnerável. Por isto, a lei leva seu nome para a aprovação 
de alguma medida que coibisse essa atitude. A referida legislação foi então 
decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, tendo entrado em vigor no dia 22 de 
setembro de 2006. Desde a sua publicação, a lei é considerada pela Organização 
das Nações Unidas como uma das três melhores legislações do mundo no 
enfrentamento à violência contra as mulheres. 
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Dados obtidos por Melo, Silva e Caldas (2009), coletados nos fóruns da 
Região Metropolitana de Recife-PE, em processos dos anos de 2004 a 2006, 
apontam os seguintes números com relação a casos de violência contra mulheres: 
a) quanto ao grau de parentesco das vítimas perante seus agressores- parceira ou 
ex-companheira: 86,4%, sogra: 8%, cunhada: 2,7%; b) quanto aos motivos que 
levaram à prática do delito- rompimento da relação: 40,5%, ingestão de bebida 
alcoólica: 24,3%, ciúmes: 10,8%, problemas econômicos: 10,8%, problemas 
mentais: 2,7%, não constam: 10,8%; c) quanto ao tipo de crime sofrido pela vítima- 
homicídio: 62,2%, tentativa de homicídio: 37,8%; d) quanto ao tempo de 
relacionamento entre agressor e vítima- separado: 32,4%, até 2 anos: 24,3%, de 3 a 
5 anos: 18,9%, de 6 a 10 anos: 5,4%, de 11 a 20 anos: 5,4%; e) quanto ao objeto 
(arma) utilizado para a prática do delito- armas brancas (faca, cadeira, fio de 
telefone, escopo e pedaço de ferro): 64,8%, arma de fogo: 32,4%; f) quanto ao local 
do crime- casa: 54%, rua: 37,8%, trabalho: 8%. Em todo o estado de Pernambuco, 
nesses três anos de pesquisa (2004, 2005 e 2006), foram registrados: 276, 282 e 
310 homicídios contra a mulher, respectivamente. 
Melo, Silva e Caldas (2009), falam que tais indicadores formam a ponta de um 
“iceberg” que indica para uma organização familiar adoecida, marcada por múltiplos 
sofrimentos. Em outras palavras, os papeis sociais impostos a homens e mulheres 
reforçados pelo sistema patriarcal, estão certamente na raiz desses comportamentos 
violentos. Porém, mesmo diante disso, faz-se necessário que a vítima tenha 
conhecimento que atos de violência psicológica são práticas de violência doméstica 
previstos em lei e passíveis de aplicação de metidas protetivas a fim de preservar a 
vida e a integridade física, psicológica e moral da mulher. 
 De acordo com o documento intitulado “Orientações para o atendimento a 
vítimas de violência: guia para Profissionais de Saúde”, da Secretaria de Saúde do 
Estado de Pernambuco, em Recife-PE, oslocais de referência para atendimento 
psicológico e apoio à mulher em situação de violência são: Maternidade Bandeira 
Filho, Rua Londrina, s/n, Afogados, fone: (81) 3232-2233; Ambulatório Especializado 
da Mulher – AMEM, Rua Soares Moreno, s/n, Vila dos Comerciários, Tamarineira, 
fone: (81) 3232-4196; Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros – CISAM – 
Maternidade da Encruzilhada, Av. Visconde de Mamanguape, s/n, Encruzilhada, 
fone: (81) 3182-7720; Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa (Hospital Agamenon 
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Magalhães), Estrada do Arraial, 2723, Casa Amarela, fone: (81) 3184-1739 / 3184-
1740; Centro de Referência Clarisse Lispector, Rua Bernardo Guimarães, 470, Boa 
Vista, fone: (81) 3232-5370 / 3232-1663; Ouvidoria da Mulher, Cais do Apolo, 222, 1º 
andar, Recife Antigo, fone: (81) 3224-1514; Central de Atendimento à Mulher 
(Nacional), fone: 180 (GOVERNO DE PERNAMBUCO, 2010). 
 
 
3. O PAPEL ÉTICO DO PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA NO ACOLHIMENTO ÀS 
MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E PSICOLÓGICA 
 O psicólogo exerce um papel fundamental na rede de serviços de atenção à 
mulher. Seja para identificar os sinais de que uma mulher está em situação de 
violência ou para avaliar as possibilidades de que a violência possa vir a ocorrer. 
O trabalho da(o) psicóloga(o) nesses serviços também é oferecer 
informações sobre a rede de atendimento para construir juntamente 
com a mulher um plano de enfrentamento à violência. Além de 
potencializar a crítica social sobre o papel da mulher na sociedade e 
sobre as formas que esta sociedade cria para enfrentar a violência. 
Dentre o trabalho também está a função de fortalecer a subjetividade 
para entender, criticar e enfrentar a sociedade, assim como 
apresentar a esta mulher os dispositivos (institucionais, egóicos e 
comunicacionais) que permitam a produção de mudança, de 
transformação da sua vida e da sociedade, retratando o aspecto 
político do fazer dessa(e) psicóloga(o) (RIBEMBOIM, 2012, p. 65). 
 
 O psicólogo ao fazer esse tipo de atendimento deve ir construindo um vínculo 
com a mulher, de forma que possibilite o acolhimento de suas dores e angústias 
com sutileza e empatia, respeitando a condição de fragilidade na qual ela se 
encontra, fazendo com que ela compartilhe suas experiências de forma que se 
reconheça neste papel de pessoa vitimizada, pois ao falar, ela poderá se escutar e 
refletir acerca do contexto em que se encontra. 
“É preciso ajudá-las a verbalizar, a compreender sua experiência e, então, 
levá-las a criticar essa experiência” (HIRIGOYEN, 2006, p. 183). Diante do 
desenvolvimento da consciência de suas experiências, a mulher poderá se 
resguardar e retomar sua identidade. 
O atendimento psicológico tem como objetivo abordar questões 
como: acolher; orientar; trabalhar a rigidez da vítima; não vitimização; 
trabalhar autoestima; ajudar com que o cliente se conheça; trabalhar 
questões da identidade com a cliente; auto-questionamento; levar a 
reflexão dos seus pensamentos; em casos de reincidência verificar o 
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que leva a vítima a se relacionar com homens muito parecidos; o que 
leva suas escolhas; fazer com que elas resgatem sua condição de 
sujeito; resgatar seus desejos e suas vontades, que ficaram 
encobertos e anulados durante todo o período em que conviveram 
em uma relação marcada pela violência (COMINO, 2016). 
 
O trabalho do psicólogo, como afirma Monteiro (2012), no que diz respeito à 
intervenção profissional em casos de violência doméstica, está vinculado à ação da 
justiça e, portanto, ocorre além do consultório, podendo ser realizado tanto de forma 
individual quanto em intervenções grupais. “Como alternativa à oferta de 
atendimento na modalidade de psicoterapia individual, os espaços grupais de 
assistência têm sido incentivados na APS”- Atenção Primária à Saúde (SOUZA; 
SANTOS, 2012, p. 390). O profissional precisa ter um olhar singular para estas 
mulheres, pois cada uma se adapta melhor em contextos diferentes. Em vista disso, 
como o trabalho é feito em conjunto com a justiça, o psicólogo que atua nessa área 
acaba realizando um trabalho multidisciplinar. 
É fundamental para o psicólogo o processo de escuta ativa, no qual 
possibilitará uma maior atenção aos fatores relatados pela pessoa no processo 
terapêutico, para isso será preciso suspender quaisquer tipos de julgamento e evitar 
distrações, mostrando interesse ao que é expresso pela mulher. 
O andamento do trabalho realizado com mulheres em situação de violência 
pode ocorrer de forma mais lenta, podendo haver recaídas e, durante o tratamento, 
reatarem o relacionamento com o agressor. Nesta situação, o terapeuta precisará 
tomar cuidado para não julgar esta decisão a seu próprio modo. Este é um trabalho 
que exige do profissional bastante serenidade, pois é preciso que ela mude sua 
percepção acerca de tais situações que foram naturalizadas por ela. 
 Monteiro (2012) explica que a partir do momento que a mulher se encontra 
em um processo de psicoterapia, ela começa a recuperar sua capacidade crítica 
sobre as coisas que são boas ou ruins para ela, percebendo então quando começa 
a ocorrer uma violência e quando o homem é violento e também que estes 
comportamentos do homem servem para esconder seus próprios medos e 
fragilidades. 
Portanto, para Ribemboim (2012), cabe aos psicólogos promover alternativas 
que questionem o discurso dominante e as práticas profissionais e situações 
pessoais que exercem esse tipo de padrão social, avaliando os impactos nas 
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subjetividades masculinas e femininas em seus contextos de relações de poder. Há 
um compromisso social dos psicólogos com a defesa dos direitos humanos no 
sentido de desconstruir a ideia da suposta inferioridade das mulheres. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Observa-se neste artigo que a Lei Maria da Penha pode servir como um 
suporte para promover o cuidado e proteção para mulheres em situação de violência 
doméstica e que é de grande enriquecimento profissional entender o funcionamento 
dela e suas atribuições. 
Por meio da crescente participação em movimentos de luta por igualdade nas 
relações de gênero, a mulher pôde então reconhecer sua importância na sociedade 
e refletir acerca dos seus direitos como cidadã, saindo do lugar que o modelo 
patriarcal culturalmente sempre a colocou. 
Além disso, foi visto que através da sua prática, o psicólogo é capaz de 
auxiliar as mulheres em situação de vulnerabilidade, atuando de forma empática e 
ética, de modo a proporcionar uma nova perspectiva na vida delas, propiciando um 
fazer psicológico que as auxilie de uma maneira que proporcione o entendimento de 
sua autonomia, possibilitando que percebam que não estão sozinhas e que poderão 
recomeçar a viver, a partir desses cuidados, de uma forma mais digna e feliz. 
No que toca a reflexão do profissional da psicologia, este estudo contribuiu 
para que possamos entender melhor o quanto é delicado este tema, que existem 
milhares de mulheres passando por situações de violência psicológica, sem nem se 
darem conta de que aquela é também, uma forma de violência. Na mesma ótica, 
destaca-se a importância da realização de novos estudos com o objetivo de mapear, 
discutir e propor soluções acerca dos casos de violência psicológica contra as 
mulheres nos diversos estados e regiões do Brasil, onde os psicólogos poderão 
atuar na minimização ou erradicaçãodo impacto cognitivo causada nessas vítimas. 
Seria impossível falar de violência psicológica sem falar sobre a violência 
física, afinal, as pesquisas realizadas comprovam que na maioria dos casos, a 
agressão física ocorre após a mulher já ter sofrido agressões verbais e outras 
formas de violência psicológica. 
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É possível considerar, através dos dados coletados, que o ciclo de agressão 
ocorre em sua maioria contra companheiras (ou ex-companheiras) dentro da própria 
casa, o que destoa da sensação de proteção que o lar deveria ocasionar. Portanto, 
não apenas como psicólogos, mas, como cidadãos, devemos proteger as mulheres 
de toda e qualquer forma de violência e discutir sobre essas novas configurações 
nas quais elas estão atualmente inseridas. 
 
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