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1 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Introdução à patologia A patologia consiste no estudo das doenças (etimologia: estudo = logos; do sofrimento = pathos. Ela aborda as alterações estruturais e funcionais de: • Moléculas; • Células; • Tecidos; • Órgãos. Além disso, os patologistas se dedicam tanto ao entendimento de porquê determinada doença ocorre quanto ao seu diagnóstico. DIVISÃO DA PATOLOGIA A patologia pode ser dividida em: Patologia Geral → estuda reações básicas a estímulos anormais presentes nas diversas doenças (sem se focar com a doença de um órgão específico, lida com reações gerais). Patologia Especial → estuda reações específicas de órgãos ou tecidos individuais a estímulos anormais (exemplo: gastrite). ELEMENTOS BÁSICOS • Etiologia → causa da doença; • Patogênese → mecanismo do desenvolvimento da doença; • Morfologia → alterações visíveis em células, tecidos e órgãos provocados pela doença; • Clínica → repercussão da doença no paciente. ETIOLOGIA (CAUSA DAS DOENÇAS) Intrínsecas: causadas por aquilo que vem “de dentro” do indivíduo. • Genéticas (exemplo: Síndrome de Down). Extrínsecas: causadas por aquilo que vem de fora do indivíduo. • Infecciosas; • Nutricionais; • Químicas; • Físicas. Multifatoriais: diversos agentes agem em conjunto e levam a doença. Podem ter causas intrínsecas e extrínsecas. PATOGÊNESE A patogênese pode ser definida pelo mecanismo pelo qual o agente etiológico causa alterações estruturais e funcionais no indivíduo e pelo conjunto de respostas geradas pelo indivíduo à presença do agente etiológico (o que o agente etiológico faz + o que nós fazemos para reagir). MORFOLOGIA As alterações podem ser: • Alterações Macroscópicas: identificamos a olho nu; • Alterações Microscópicas: identificadas no microscópio (ópticos ou eletrônicos); o Teciduais → Histopatologia; o Celulares → Citopatologia; o Ultraestruturais → Microscopia Eletrônica (aumento muito maior). 2 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 CLÍNICA Como indivíduo manifesta a doença e como ela irá evoluir, prognóstico do indivíduo. As alterações estruturais e funcionais levam aos aspectos clínicos: sinal = tudo que se vê no paciente (exemplo: pressão arterial elevada, febre), sintoma = tudo aquilo que o paciente refere (o que ele sente), evolução = como a doença se comporta ao longo do tempo (se fica branda, benigna ou agressiva, maligna) e prognóstico = quão agressiva ou quão leve a doença pode ser (exemplo: bom prognóstico = evolução leve). O ideal é procurar a cura sem nenhuma sequela para o paciente, se isso não for possível, tenta-se dar o melhor tratamento possível para que o paciente tenha a melhor qualidade de vida. HISTÓRICO • Antonio Benivieni (1443-1502): pai da patologia (um dos primeiros a utilizar autópsia/necrópsia para entender as doenças). Autor de “De Abditis Nonnulus ac Mirandis Morborum et Sanationum Causis” (Sobre as Causas Ocultas das Doenças); • Jean Fernel (1497-1558): colocou a patologia como uma das disciplinas da medicina – “Pathologiae Libri”; • Giovanni Battista Morgagni (1682-1771): “De Sedibus et Causis Morborum per Anatomen Indagatis” (Sobre as Bases e as Causas das Doenças por Meio de Investigação Anatômica); • John Hunter (1728-1793): um dos pioneiros no uso do microscópio; • Carl von Rokitansky (1804-1878): descrição de lesões com uso do microscópio; • Rudolf Virchow (1821-1902): grande pioneiro no entendimento de doença via alterações celulares. Autor de “Die Celularpathologie”. MÉTODOS EMPREGADOS • Autópsia/Necrópsia: estudo dos mortos; • Macroscopia: análise das peças a olho nu. Depois da análise, fragmentos retirados da amostra são submetidos a processamento histológico e vão para máquina onde passam por cubas com álcool e xilol. Depois disso, são colocados dentro de parafina, formando os blocos de parafina a partir dos quais se faz as lâminas; • Histopatologia: análise dos tecidos. Pode lidar com lâminas a partir de grandes peças (lesão pode ser retirada inteira, como biópsia excisional, ressecção), mas também se detém as biópsias incisionais (quando tiramos pequena amostra de lesão/área para análise); • Citopatologia: análise das células. Pode ser esfoliativa (exemplo: Papanicolau, onde se raspa o colo de útero e raspado é colocado em lâmina para análise) ou a partir de punções (inserção de agulha, se chega na lesão e aspira, células são analisadas); • Microscopia Eletrônica: utilização de microscópio eletrônico para mais detalhes; • Imunoistoquímica/Imunocítoquímica/Imunofluoresc ência: análise de moléculas presentes ou ausentes nas células ou tecidos; o Imunohistoquímica: pegamos material utilizado por exame histopatológico (blocos de parafina) e, de acordo com caso que estamos vendo, examinamos se naqueles tecidos são expressas moléculas que nos interessam para o paciente; geralmente molécula interessada se cora de marrom); o Imunocítoquímica: pegamos material utilizado por exame citopatológico para ver se células dispersas expressam molécula que estou testando; o Imunofluorescência: amostra retirada é congelada, a partir do fragmento dela se tiram amostras bem finas, material é colocado na lâmina e se faz reação para saber se as moléculas que estou testando estão presentes ou não – substância desejada fica fluorescente; Alterações estruturais Alterações funcionais Sinais e sintomas Prognóstico Evolução 3 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Patologia Molecular: alterações genômicas das células (FISH é bastante utilizado, PCR também). Homeostase celular Definição: estado de estabilidade no qual a célula mantém a sua integridade estrutural e funcional em situação de diferenciação (célula madura, tem forma específica) e de especialização (neurônio conduzindo impulsos nervoso, célula muscular estriada esquelética contraindo e relaxando, neutrófilo fazendo fagocitose de microrganismos, etc), exercendo suas atividades metabólicas e fisiológicas. INTERFERÊNCIAS SOBRE AS CÉLULAS Como células podem sair do estado de homeostase: • Estímulos fisiológicos e estímulo adversos não- letais: adaptações celulares; o Aumento da demanda: indivíduo que não fazia atividade física passa a se exercitar, célula muscular estriada esquelética sofre hipertrofia; o Aumento de estímulos: durante gestação grandes níveis de progesterona levam células a se adaptarem; o Diminuição da demanda: indivíduo quebra perna e coloca gesso, células musculares estriadas esqueléticas vão ter demanda diminuída; o Diminuição dos estímulos: à medida que menopausa ocorre e níveis hormonais vão caindo, diversas estruturas vão atrofiando; o Escassez de nutrientes: célula, por algum motivo, recebe menos nutrientes e tende a diminuir sua atividade metabólica e tamanho, se adapta; o Irritação crônica (física ou química): provoca adaptação celular; • Estímulos nocivos: dano celular, ultrapassam capacidade da célula de se adaptar; o Transitórios e menos intensos: reversível (exemplo: miócitos cardíacos que recebem menos sangue do que deveriam. Se isquemia dura 20 segundos e passa, dano pode ser revertido e célula volta ao normal); o Persistentes e intensos: irreversível (exemplo: miócitos cardíacos que recebem menos sangue do que deveriam. Se isquemia dura 1 hora, célula não consegue mais voltar ao que era); • Alterações metabólicas: acúmulos intracelulares e calcificações (deposição de sais de cálcios em locais inadequados = patológica).; o Genéticas: como deficiências enzimáticas; o Adquiridas: como diabetes mellitus; • Injúria não-letal vitalícia: envelhecimento celular (conjunto de alterações que ocorrem pelo passar do tempo).Macroscopia: porção de mama de paciente com câncer. lesão Histopatologia: neoplasia benigna de mama. Citopatologia: células dispersas: colo de útero. Microscopia eletrônica: túbulo renal Imunohistoquímica Imunocitoquímica Imunofluorescência: amostra renal Patologia molecular 4 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Esquema: Respostas celulares ao estresse Dano celular: é uma condição na qual a célula é submetida a estresse de origem extrínseca ou intrínseca que ultrapassa a sua capacidade de se adaptar. A lesão pode ser reversível ou irreversível (ocorrendo morte celular, dano mitocondrial severo e alteração profunda da membrana). CAUSAS DE LESÃO CELULAR • Hipóxia/isquemia: privação de O2 (como em pneumonia, infarto do miocárdio); • Agentes físicos: radiação, trauma (acidente automobilístico com lesão em baço, por exemplo); • Agentes químicos: O2, glicose, CO; • Agentes infecciosos: bactérias, vírus, fungos; • Reações imunológicas: doenças autoimunes (como lúpus); • Alterações genéticas: como anemia falciforme; • Desequilíbrios nutricionais; • Envelhecimento nutricional: radicais livres. PATOGÊNESE Mecanismos básicos independentes da etiologia: • Fatores relacionados ao agente e hospedeiro: o Tipo, duração e severidade da injúria = dose pequena de toxina ou de isquemia é reversível; dose grande ou contínua é irreversível, ocorre morte celular; o Estado de adaptabilidade da célula-alvo lesada (suscetibilidade a lesão, estado nutricional e metabólico. Exemplo: músculo esquelético tolera hipóxia por mais tempo, músculo cardíaco em minutos entra em morte celular); • Fenômenos bioquímicos e moleculares intracelulares: dano mitocondrial e diminuição da geração de ATP, danos de membrana celular e geração de radicais livres; • Alterações morfológicas (como edema); • Implicações funcionais e doença (sinais e sintomas). FENÔMENOS BIOQUÍMICOS Depleção celular de ATP – principais causas: hipóxia, isquemia, danos mitocondriais e algumas toxinas. Via aeróbica: defeitos na membrana (permeabilidade seletiva), alteração na bomba Na/K (sódio vai para meio extracelular), influxo de cálcio gera desvio da geração de energia a partir do acúmulo de espécies reativas do oxigênio e dano mitocondrial. Gera implicação funcional no tecido, órgãos ou corpo, gerando a doença. Eventualmente, a lesão celular afeta a função celular de forma adversa, repercutindo em todo o corpo. Célula perde capacidade de manter a homeostasia iônica e líquida, controle eletrolítico é prejudicado. Surgem as características clínicas, sinais e sintomas. A história natural da doença define o prognóstico (resposta ao tratamento e comportamento biológico da doença). A depleção prolongada gera o desprendimento dos ribossomos do RE e dissociação dos polissomos (reduz síntese proteica); Diminuição da geração de ATP: é reversível. Ela pode ocorrer em função de isquemia, hipóxia, toxinas, dano mitocondrial. O ATP é essencial para diversas funções celulares: trocas entre membranas, síntese proteica e lipídica e metabolismo fosfolipídico. Fontes: forsforliação oxidadtiva (respiração aeróbia) e via glicolítica oxidativa; Dano mitocondrial: é irreversível. Pode ocorrer devido a isquemia, hipóxia, toxinas, mutações. A diminuição de O2 gera deficiência na bomba de Na/K, aumentando os níveis de potássio no citosol. O dano mitocondrial também acontece devido a alterações no influxo de cálcio, as espécies reativas intermediárias de oxigênio e a peroxidação lipídica. As consequências podem envolver: poros de transição na membrana mitocondrial, gerando falha na fosforilação oxidativa e depleção progressiva de 5 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 ATP, culminando em necrose e a ativação da via de apoptose; Perda da homeostase do cálcio: consequências do aumento do cálcio no citosol = aumento do cálcio mitocondrial altera a permeabilidade da mitocôndria, diminuindo geração de ATP e gerando ativação enzimática (por estar aumentado no citosol): • Fosfolipases: dano as membranas; • Proteases: quebra proteica em membranas e citoesqueleto; • Endonucleases: fragmentação de cromatina e DNA; • ATPases: aceleração na depleção de ATP; • Caspases: apoptose. Acúmulo de radicais livres intermediários de O2 (estresse oxidativo): os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado na orbita externa, e eles desencadeiam reações autocatalíticas através das quais as moléculas que reagem com eles são convertidas em radicais livres, propagando a cadeia de danos. Produzidos por toxinas, radiação, isquemia-reperfusão, senescência, inflamação, microrganismos, aterosclerose, excesso de produção ou limpeza/neutralização inefetiva de radicais livres (superóxido, peróxido de hidrogênio, radical hidroxila, óxido nítrico, peroxinitrito, clorina, tabáco, poluentes, etc. Eles deveriam ser removidos através de: decomposição espontânea, ligação com proteínas de armazenamento e transporte, antioxidantes ou por enzimas de remoção). Efeitos: • Peroxidação de lipídios = destruição de membranas e organelas, propagação de depósitos de lipídios; • Oxidação de proteínas = alteração do enovelamento, fragmentação; • Oxidação do DNA = quebras, mutações. Consequências: • Lesão e morte celular (necrose e apoptose); • Envelhecimento, doenças degenerativas, câncer. Estresse oxidativo: Alterações diretas em proteínas e no DNA: causadas por drogas, radiação, estresse oxidativo, radicais livres. Causa: • Insuficiência no reparo de DNA; • Defeito no enovelamento de proteínas. Consequência: • Excesso de geração de proteínas do estresse (proteínas de choque térmico, chaperonas) e ubiquitina; • Apoptose. ALTERAÇÕES ULTRAESTRUTURAIS • Membranas: bolhas, irregularidade de microvilosidades, afrouxamento de pontes intracelulares gerando aparecimento de figuras de mielina; • Mitocôndria: rarefação, tumefação, pequenas densidades amorfas; • Retículo endoplasmático: tumefação, separação dos ribossomos. 6 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 MORFOLOGIA LESÃO REVERSÍVEL - INTRODUÇÃO • Degeneração vacuolar (alteração hidrópica). Reflete alterações na ultraestrutura pelo acúmulo de H2O; • Pode ser gerada por bactéria, químicos, queimaduras, febre; • Distúrbio na bomba Na/K (responsável pela manutenção da homeostase isosmótica). LESÃO REVERSÍVEL Processo patológico reversível é caracterizado por alterações bioquímicas e funcionais decorrentes da incapacidade celular de manter sua homeostasia, resultando em alterações físico-químicas, no acúmulo de substância, degenerações ou alterações regressivas. Principais marcos: redução da fosforliação oxidativa (menos energia), depleção do armazenamento de energia na forma de APT e tumefação celular causada por alterações na concentração de íons e influxo de água. Lesão celular e alterações: • Respiração aeróbica (diminuição ATP = alteração da via com diminuição de pH); • Síntese proteica; • Integridade de membrana; • Material genético (falha reparo de DNA). CLASSIF ICAÇÃO 1. Degeneração hidrópica = acúmulo água; 2. Degeneração gordurosa = acúmulo lipídios; 3. Degeneração hialina = acúmulo proteinas; 4. Degeneração glicogênica = acúmulo carboidratos. PATOGÊNESE MORFOLOGIA DAS LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS • Alterações na ultraestrutura; o Organelas, membranas e núcleo; • Alterações microscópicas celulares; o Hidrópica, hialina, mucoide e gordurosa; • Acúmulos intracelulares; • Pigmentações; • Alteração macroscópica nos órgãos. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA • Sinônimos: inchação turva, tumefação (celular, de reticulo endoplasmático, mitocondrial e lisossomal), degeneração vacuolar, edema celular; • Caracteriza-se pelo acúmulo de água no citoplasma, que se torna volumoso e pálido com onúcleo normalmente posicionado; • Órgão fica maior, mais pesado; • Patogênese: ocorre pelo comprometimento da regulação do volume celular controlado pela bomba sódio-potássio. Morfologia: • Degeneração vacuolar – reflete alterações na ultraestrutura pelo acúmulo de H2O; • Alterações membrana: bolhas, apagamento e perda de microvilosidades; • Alteração citoesqueleto e núcleo; • Ocorre em função de: bactéria, químicos, queimaduras, febre; o Distúrbio bomba Na+/K+ (manutenção da homeostase isosmótica). 7 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 DEGENERAÇÃO GORDUROSA • Sinônimo: esteatose; • Acúmulo de vacúolos lipídios no interior das células; • Fígado é o órgão mais afetado (local de metabolismo dos triglicerídeos); • Pode ser causado por: ingestão excessiva de gorduras, diminuição da formação de apoproteínas (desnutrição alcoolismo e agentes químicos tóxicos) e alteração no citoesqueleto (afeta transporte); • Consequências: morte do hepatócito, alteração funcional do órgão e evolução para cirrose. Patogênese: 1. Entrada excessiva de ácidos graxos livres (exemplo: jejum, aumento de hormônios, aumento da ingesta alimentar); 2. Decréscimo da síntese proteica ou da ligação dos lipídios às proteínas (associado a: drogas, agentes químicos, toxinas); 3. Diminuição da oxidação de ácidos graxos (exemplo: anemia, insuficiência cardíaca); 4. Aumento da esterificação de ácidos graxos para triglicerídeos. (ocorre em indivíduos que ingerem muito álcool) 5. Aumento de triglicerídeos plasmáticos (exemplo patológico: diabetes). Fisiopatologia: O normal seria = Esteatose hepática por hipóxia: DEGENERAÇÃO HIALINA Sinônimo: hialinose (hyálinos = vidro). Ocorre alteração da constituição físico-química dos elementos proteicos, com acúmulo citoplasmático, caracterizado à microscopia por presença de material vítreo, amorfo, brilhante e róseo. 8 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Patogênese: • Coagulação focal de proteínas celulares, vista em Corpúsculos de inclusão tipo 1; o Degeneração cérea de Zenker e de Magarinos - Torres; • Penetração no citoplasma (via absorção ou pinocitose) de proteínas complexas, com precipitação ou coagulação das mesmas, vista em Corpúsculos de inclusão tipo 2; o Exemplo: células dos túbulos contornados proximais, nas proteinúrias e células das vilosidades intestinais do intestino delgado no recém-nascido aleitado com colostro; Corpúsculos: • Corpúsculos de Russel em Plasmócitos (tipo 1): Agregação de globulinas (tipo "colar de pérolas"), distendendo as cisternas do RER. É esférico, vítreo, homogêneo, acidófilo e birrefringente, e é visto com frequência na Salmonelose aguda, na osteomielite crônica, etc.; • Corpúsculos de Crookeem Células basófilas da adenohipófise, na Síndrome de Cushing.; • Corpúsculos de Mallory em hepatócitos (tipo 1): Filamentos ou massa eosinofílica perinuclear (complexo insolúvel de fosfolípides e lipoproteínas originando filamentos desordenados devido à alterações no citoesqueleto, a nível de microtúbulos e microfilamentos). É visto no alcoolismo crônico, na hepatite viral A ou B; • Corpúsculos de Zenker: depósito de proteínas em músculos esqueléticos, principalmente no gastrocnemio e diafragma; o corpúsculo de Magarinos-Torres é um depósito de proteínas no miocárdio; • Corpúsculo de Councilman-Rocha-Lima: aparece durante a febre amarela. Classificação: Morfologia: • Não é uma substância especifica; • Aparência vítrea, homogênea e eosinofílica de material proteinaceo; • Intracelular – gotículas túbulos renais, muscular, Mallory no fígado, inclusões virais, corpúsculos de Russell; • Extracelular (conjuntivo) – leiomiomas, cicatriz, glomérulos, vasos, córpora amilácea. Negri: Depósito de proteína no SNC. Degeneração extracelular: depósito de colágeno aparece nos quelóides. 9 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 DEGENERAÇÃO MUCOIDE • Mucina epitelial (exemplo: inflamações em mucosas - trato respiratório, intestino); • Obstrução de ductos (exemplo: mucocele); • Tumores (exemplo: ovário, estômago, mama, cólon). Morfologia: alteração mucoide. • Semelhante a muco, muco produto secreção glândulas; o Proteína + polissacarídeos; • Produção = o células. epiteliais: muco; o células. conjuntivo: mixóide; • Mixóide de tecido conjuntivo: o Tumores (mixoma, neurofibroma, sarcoma); o Mixedema (pele); o Vasos (aneurisma dissecante síndrome Marfan); o Sinovial (articulações, cistos). ACÚMULO DE COLESTEROL E DE ESTERES DE COLESTEROL • Células fagocíticas sobrecarregadas com lipídeos; • Aterosclerose; • Xantomas; • Colesterolose. Colesterolose: EXEMPLOS CLÍNICOS AGENTES FÍSICOS: • Fratura; • Queimadura; • Facada. AGENTES QUÍMICOS: Drogas, medicamentos, veneno de animais, etc. AGENTES BIOLÓGICOS: Bactérias, vírus, fungos, parasitas. Exemplos patológicos: Sífilis, Herpes orofacial, Candidíase. 10 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 DISTÚRBIOS GENÉTICOS Neoplasia. Os defeitos genéticos causam lesão celular devido à deficiência de proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos dos erros inatos do metabolismo ou o acúmulo de DNA danificado ou de proteínas anormalmente dobradas, ambos disparando a morte celular quando são irreparáveis. As variações na sequência de DNA que são comuns nas populações humanas (polimorfismos) também podem influenciar a suscetibilidade das células à lesão por substâncias químicas e outros agressores ambientais. DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS: Os desequilíbrios nutricionais continuam a ser importantes causas de lesão celular. A deficiência proteico-calórica provoca um número impressionante de mortes, principalmente entre as populações desfavorecidas. Deficiências de vitaminas específicas são encontradas em todo o mundo. Exemplo: Escorbuto (falta de vitamina C). DISTÚRBIOS IMUNES E AUTOIMUNES O sistema imune exerce função essencial na defesa contra patógenos infecciosos, mas as reações imunes também podem causar lesão celular. Reações lesivas aos autoantígenos endógenos são responsáveis por várias doenças autoimunes. As reações imunes a muitos agentes externos, tais como vírus e substâncias ambientais, são também causas importantes de lesão celular e tecidual Imunes: correm as reações de hipersensibilidade, doenças autoimunes, inflamação crônica. Autoimunes: DOENÇAS CONGÊNITAS Exemplo: lábio leporino. 11 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 ENVELHECIMENTO/SENESCÊNCIA Ocorre a atrofia muscular. FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS HIPÓXIA E ISQUEMIA Isquemia: redução do fluxo sanguíneo. Causa mais comum de lesão aguda. Ocorre o comprometimento dos substratos, gera acúmulos de metabólitos e lesa mais rápido os tecidos. Hipóxia: produção de energia pela glicólise anaeróbica continua, e mitocôndria continua desenvolvendo suas funções, mas provoca uma diminuição no pH, levando a condensação da cromatina e induzindo a diminuição da síntese proteica. ISQUEMIA • Principais alterações: diminuição ATP, lesão mitocondrial e acúmulo ERRO; • Diminuição ATP; o Falha nas bombas de íons; o Depleção de glicogênio e acúmulo de ácido lático; o Redução da síntese proteica; • Redução ou bloqueio da oferta de O2 aos órgãos; • Pode levar a um infarto, tipos: Isquêmico, hemorrágico, anêmico; • Exemplo: debilidade pulmonar/cardíaca. Lesão isquemia reperfusão: Reperfusão = tentar a restauração das células que estão sofrendo isquemia na área que ocorreu o infarto (que não recebia mais sangue). Quando ele recebe um “boom” de sangue, aumenta muito a produção de radicais livres e processos inflamatórios, paciente pode ter outro infarto em cima do que já teve. Pode haver lesão irreversível.Mecanismos: 1. Lesão por aumento de radicais livres pelas células endoteliais, do parênquima e dos leucócitos infiltrantes (oxidases); 2. Inflamação-influxo de leucócitos e PTN plasmáticas; 3. Ativação do sistema de complemento à medida que tecido vai recebendo mais sangue; 4. Dentro da luz dos vasos os ânions superóxidos estimulam agregação plaquetária e liberação de vasoconstritores (ADP, tromboxano A, serotonina). EXEMPLOS CLÍNICOS Arritmia de reperfusão: • Terapia trombolítica; • Desobstrução mecânica das artérias (cirurgia cardíaca); • Recanalização. Isquemia miocárdica: Cerca de 60 segundos após o início da isquemia, a célula cardíaca para de se contrair, começa a usar glicogênio (glicólise) com consequente produção de ácido láctico e diminuição do pH. Reversíveis até 1 hora após a hipóxia. As alterações morfológicas serão observadas em microscopia de luz depois de 12h da morte celular. 12 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Isquemia reperfusão SNC: • AVE; • TCE; • Cirurgia de aneurisma; • Endarterectomia de carótida. Isquemia reperfusão TGI: • Obstrução intestinal; • Cirurgias vasculares; • Choque hemorrágico; • Mecanismo: alteração da barreira intestinal - bactérias. Efeitos da reperfusão: LESÃO IRREVERSÍVEL - MORTE CELULAR • Morte celular - estado de lesão celular irreversível; • Ocorrência: No organismo vivo (necrose, apoptose): o Alteração local ou focal; o Tipo especial: autólise (necrose que acontece em uma célula fora do corpo); o Alterações após morte celular: gangrena (seca e úmida), calcificação patológica (distrófica e metastática associada a distúrbios do cálcio); No fim da vida; • Morte somática e morte molecular (3 – 4 horas após somática). AUTÓLISE • Desintegração própria celular por enzimas hidrolíticas lisossomais; • Ocorrência; o Alteração pos-mortem sem reação inflamatória; o Reação vital com inflamação; • Extensão: o Rápido em tec. rico em enzimas (pâncreas, estômago); o intermediário (coração, fígado, rim); o lento (tec. fibroso); • Morfologia: o Citoplasma homogêneo (sem detalhes celulares, eosinofílico (atração grande por eosina), perda detalhes, restos celulares. CARACTERÍSTICAS DAS NECROSES • Irreversibilidade; • Parada funcional. Alterações morfológicas: EXEMPLO: INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO • Elevação de enzimas séricas: o Transaminase glutâmico oxalacética- GOT; o Lactato desidrogenase-LDH; o Creatinina quinase-CK (muito usada em emergências, extravasam pela membrana extracelular para o plasma); o Troponinas (permanecem mais tempo elevadas). 13 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Alterações morfolóficas: • Eosinofilia = desnaturação de proteínas-forte afinidade com a eosina • Citoplasma vacuolado = desequilíbrio hidroeletrolítico • Calcificação distrófica = atração por sais de cálcio Alterações nucleares: Consequências: • Fagocitose de restos particulados por leucócitos; • Reparo (tentativa) do tecido cicatricial, tecido de granulação e regeneração • Calcificação; • Paciente que infarta faz cicatriz, fica com área de fibrose. NECROSE • Definição: área localizada de morte tecidual com posterior degradação hidrolítica no organanismo vivo acompanhado de reação inflamatória, ruptura de membranas, alterações nucleares e depósitos de cálcio. É sempre patológica; • Tipos: coagulativa (ou isquêmica), liquefativa, caseosa, gordurosa, fibrinóide e gomosa (acompanha a Sífilis). NECROSE COAGULATIVA • É a mais comum; • Origem isquêmica (redução de O2 e nutrientes), bacteriana, química. Área de infarto geralmente pálida; o Coração, rim, baço; Macroscopia: o Pálido, firme, inchado (infarto); o Amarelado, mole, contraído; Microscopia: o Sombras/silhueta celular por um tempo até tecido ser dissolvido e ter muita fibrina; o Células. inchadas, eosinofílicas; o Núcleo: picnose, cariorexis, cariólise o Inflamação, restos celulares. LIQUEFATIVA • Ação hidrolítica de enzimática degradativa; • Em função de uma necrosa isquêmica e uma ação enzimática, se formam os abcessos; o Cérebro = maior ocorrência; Macroscopia: • Mole (completamente inflamatório), centro liquido, parede fibrosa (pseudocisto). Microscopia: • Restos celulares, macrófagos; • Tecido de granulação, células inflamatórias, fibroblastos. 14 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Processo: CASEOSA • Tuberculose C, fungos e bactérias mais severas; • Ocorre coagulação + liquefação; • Aspecto está relacionado com lipolissacarideos bact;. • Frequentemente acomete o pulmão, mas pode ser intestinal, anal; Macroscopia: • Lembra queijo, mole, granular (faz processo inflamatório, temos linfócitos, macrófagos eptelióides, célula gigante multinucleada (pode ter) e centro necrótico). Microscopia: • Material eosinofílico granular; • Inflamação granulomatosa. Em pacientes HIV positivo, imunossuprimidos, não ocorre a formação de granuloma. GORDUROSA • Mama (pós trauma na mama), pâncreas (liberando enzimas na pancreatite e elas atuam sobre tecido adiposo = destruição dele), mesentério; • Ruptura por hidrolise; • Processo inflamatório associado; • Ácidos graxo livre + cálcio; Macroscopia: • Amarelo-esbranquiçado, firme, giz pálido, gredoso (saponificação); Microscopia: • Sombras célula. Áreas amareladas que contém cálcio, branco-gredosas que se desenvolvem por ação das enzimas hidrolíticas. Exemplo: 15 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 FIBRINÓIDE • Depósito de material semelhante fibrina, complexos Ag-Ac na parede dos vasos; • Acompanha, por exemplo, Lúpus; • Ocorre em reações imunológicas; Microscopia; • Depósito material hialino na parede de vasos; • Periferia com restos nucleares de neutrófilos (leucocitoclase). Acompanha muito as doenças autoimunes. GANGRENA É quando temos a necrose, mais frequentemente de coagulação, e, em cima dela, uma nova infecção ocorre. • Necrose com infecção bacteriana; • Necrose com posterior putrefação (intestino, extremidades); • Inflamação necrotizante/gangrenosa primaria (apendicite); • Tipos: seca, úmida, gasosa; • Calcificação patológica: o Distrófica; o Metastática. Seca: • Ocorre por isquemia (processo de aterosclerose e processo inflamatório associado), vasculites (mais raras), trauma em extremidades; • Seca, pele encolhida, preta, mumificada; • Linha de separação; • Necrose, tecido de Granulação. Úmida: • Orgãos e tecidos úmidos ou ricos em glicose; • Frequentem em: o Intestino, pulmão, boca, o Vulva o Decúbito • Bloqueio venoso e arterial; • Sangue + bactérias; • Septicemia; Macroscopia: mole, inchada, escura, pútrido, linha irregular. Microscopia: necrose, trombose, • Hemorragia, inflamação. Gasosa: • Costridium, forma gases, odor forte; • Feridas abertas, cólon; • Edema, crepitação, necrose. 16 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 APOPTOSE • Definição: via de morte celular controlada e programada internamente, “suicídio celular”; • Apo = separa e ptosis = queda. Do grego: queda de folhas no outono; • Causas fisiológicas: o Desenvolvimento embrionário – involução do timo, do ducto tireoglosso; o Involução fisiológica em tecidos. hormônio dependentes (endométrio - menstruação, mama – pós lactação, timo); o Renovação e substituição celular (epitélios, como criptas intestinais); o Processo de reparo e inflamação (remoção de células inflamatórias após processo). • Patológicas: o Quimioterápicos; o Resposta imune (células T em reações de rejeição); o Depleção celular em infecção crônica (células T CD4+ HIV, hepatite viral); o Atrofia patológica (orquiectomia/próstata,obstrução/rim) o Baixa dose lesional de agentes necrotizantes (radiação, hipóxia, térmica); o Doenças degenerativas (Alzheimer, Parkinson). MECANISMOS BIOQUÍMICOS DA APOPTOSE Caspases* • Proteólise do citoesqueleto; • Ligações cruzadas entre proteínas; • Picnose e fragmentação do núcleo; • Externalização membranosa: fosfaditilserina e trombospondina; • Fagocitose por macrófagos. MECANISMOS MOLECULARES - FASES 1. Iniciadores; 2. Via intrínseca (mitocondrial) 3. Via extrínseca (receptor de morte celular) 4. Ativação de caspases; 5. Membrana expressam ligantes promovendo fagocitose. 17 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 VIA EXTRÍNSECA • Desencadeada pela ligação de ligantes específicos a receptores de membrana –TNF; • Essa ligação é capaz de ativar caspases (iniciadora e efetora); Interação receptor – gene FAS Receptor do TNF Ativação de caspases, iniciadoras/efetoras e endonucleases Colapso do citoesqueleto. Morte iniciada por ativação de P53: • P53 é gene supressor importante no ciclo celular, é o guardião do genoma; • Radiação, toxinas e radicais livres-lesão direta DNA e ativação de P53 – ativa morte celular. Sendo esses últimos genes anti-apoptóticos. Morte iniciada por Linfócito T: • Linfócito T ativado; • Granzima B; • Ativação de caspases efetoras; • Ativação de endonucleases; • Colapso do citoesqueleto; • Ligantes para receptores de células fagocitárias. CONTROLE INTRÍNSECO – VIA MITOCONDRIAL Sinal negativo – impedimento da apoptose Mantida expressão BCL-2 e BCLX (anti-apoptóticos) com perda de BAX, BAK e BIM (pró-apoptóticos) = não há saída do citocromo c, APAF-1 não consegue ativar caspases = impedimento da apoptose. REMOÇÃO DAS CÉLULAS MORTAS • Células apoptóticas têm fosfatidilserina; • Corpúsculos apoptóticos com trombospondina; • Ocorre fagocitose sem inflamação. MORFOLOGIA APOPTOSE Microscopia eletrônica: • Alterações nucleares-condensação e fragmentação nuclear; • Alterações citoplasmáticas; • Alterações de membranas plasmáticas-vesículas; • Separação de células vizinhas; • Formação de corpos apoptóticos; • Fagocitose de corpos apoptóticos. 18 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Microscopia óptica: • Corpos apoptóticos com ou sem material nuclear basofílico; • Corpos de Councilman = fígado; • Corpos cariolíticos = criptas intestinais; • Corpos tingíveis = macrófagos dos centros germinativos de linfócitos; • Corpos de Civatte = líquen plano; • Queimadura solar - radiação UV na pele; • Formação de pigmentos de lipofucsina; • Redução do número de células sem comprometimento da arquitetura tecidual. DOENÇAS ASSOCIADAS COM A DIMINUIÇÃO DA APOPTOSE • Câncer - linfoma folicular, carcinoma mamário, de próstata e ovário • Doenças autoimunes - falhas de células T no timo, LES, glomerulonefrite imuno-mediada • Infecções virais - herpesvírus; • AIDS: o Células invadidas por vírus, deixam de fabricar suas proteínas para fabricar a dos invasores; o Indução da apoptose em células sadias; o A PTN virótica GP120, através do receptor CD4, infecta os linfócitos T auxiliares e induz células sadias a sofrerem apoptose. REVISÃO – APOPTOSE X NECROSE OUTRAS FORMAS DE MORTE CELULAR NECROAPOPTOSE • Híbrido que compartilha aspectos da necrose e apoptose; • Morfologia e bioquímica semelhante a necrose: o Perda de ATP; o Tumefação celular e de organelas; o Geração de ERRO; o Liberação de enzimas lisossômicas; o Ruptura de membrana; • Patogeneticamente semelhante a apoptose; o Morte celular programada; o Independe de caspases; Corpos de Councilman - Hepatite Corpos de Civatte Corpos apoptóticos no centro germinativo 19 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Desencadeada por ligante (TNFR1) ao receptor e sensores de DNA e RNA virais; o Envolve cinases associadas a receptores 1 e 2 (RIP1 e RIP 2); o TNFR-recruta RIP1 e RIP2 (complexo que contém caspase -8); o Reduz geração de ATP, aumenta produção de ERO, aumenta permeabilidade membrana; • Fisiológica - formação da placa de crescimento do osso; • Patológica – esteato-hepatite; o Pancreatite aguda; o Lesão de reperfusão; o Doenças neurodegenerativas; • Mecanismo de apoio contra vírus - CMV. PIROPTOSE • Morte celular programada; • Liberação de IL-1, que causa febre; • Semelhança bioquímica com apoptose; • Ocorre em células Infectadas por micróbios; • Envolve ativação de caspase 1, que cliva IL-1 e gera IL-1 ativa; • Caspase-1 junto com caspase-11 causam morte da célula; RESUMO Respostas celulares ao estresse II • Célula normal – limitada em suas funções e estrutura: o Estado de metabolismo, diferenciação e especialização; o Restrições impostas pelas células vizinhas; o Disponibilidade de substratos metabólicos; • Estado de equilíbrio (respondendo as demandas fisiológicas) = Homeostase; • Estresse = estado de perturbação do equilíbrio dinâmico normal (homeostase) de algum sistema biológico ou o elemento que o provocou. ADAPTAÇÕES Adaptações = respostas estruturais e funcionais reversíveis às alterações fisiológicas ou a alguns estímulos patológicos, estabelecendo novo estado de equilíbrio; • Aumento no tamanho das células = Hipertrofia; • Aumento do número de células = Hiperplasia; • Diminuição do tamanho e da atividade metabólica das células = Atrofia; • Mudança do fenótipo das células = Metaplasia. Quando o estímulo é eliminado, a célula pode retornar ao seu estado original. 20 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Adaptações do crescimento e diferenciação celulares = alterações reversíveis no tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções da célula em resposta a modificações em seu meio ambiente. Exemplo: células miocárdicas. A célula muscular normal, está dinamicamente sendo exposta ao estímulo da contração, da pressão arterial, e, conforme temos aumento da carga de trabalho do miócito, precisamos fazer adaptação da célula. E essa resposta adaptativa, no miocárdio, se da por uma hipertrofia, células aumentam de tamanho e produzem mais proteínas para bombear o sangue com mais força. Conforme isso acontece, todo o tecido cardíaco acaba ficando aumentando pelo aumento individual dessas células. Se os limites das respostas adaptativas forem excedidos e afetarem constituintes celulares essenciais, ocorre uma sequência de eventos denominada lesão celular (nesse caso, infarto do miocárdio). HIPERTROFIA Aumento do tamanho da célula que acaba gerando aumento do tamanho do órgão afetado; • Órgão hipertrofiado não possui novas células – apenas células maiores; o Síntese e incorporação de componentes estruturais intracelulares adicionais são responsáveis por esse aumento de tamanho; • Hipertrofia e hiperplasia podem coexistir, geralmente estímulos são os mesmos, o que diferencia é a capacidade da célula de se dividir; • Hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica. Causas de hipertrofia: • Aumento da demanda funcional; • Estímulo por hormônios e fatores de crescimento. Hipertrofia fisiológica: Exemplo: Útero durante a gestação: • Aumento induzido por hormônios; • Hipertrofia das fibras musculares (miométrio); • Hormônios estrogênicos – receptores de estrogênio no músculo liso. Hipertrofia patológica Exemplo: Células musculares cardíacas: • Capacidade limitada para divisão; • Ocorre devido ao aumento da carga de trabalho (hipertensão, valvulopatia), coração precisa se contrair com mais força; • Sintetizam mais proteínas – miofilamentos; • Aumenta a força do miócito. Mecanismos: • Aumento da produção de proteínas celulares; • Ação de fatores de crescimento e efeitos diretos em proteínas celulares;• Modelo = hipertrofia do coração: Útero normal X gravídico Normal Gravídico 21 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Sensores mecânicos na célula identificam o aumento da carga de trabalho; o Ativação de vias de transdução de sinal (PI3K/AKT, proteína G) que ativam a produção de fatores de crescimento (TGF-β, IGF-1, etc.) e agentes vasoativos; o Ocorre a determinação da ativação de fatores de transcrição (GATA4, NFAT, MEF2); o Aumento da síntese de proteínas musculares; o Troca de proteínas do tipo adultas para isoformas fetais (geram contratividade mais lenta com maior eficiência energética); o Expressão de genes cujos produtos participam na resposta celular ao estresse (FNA = quando músculo cardíaco está sobrecarregado, esse gene ajuda o músculo indiretamente, estimulando secreção de sal pelo rim, o que estimula também a excreção de água e diminui o volume sanguíneo e melhora a performance cardíaca). HIPERPLASIA • Aumento do número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estímulo; • Pode ocorrer concomitantemente à hipertrofia; • Somente ocorre em tecidos que contêm células capazes de se dividir; • Pode ser fisiológica ou patológica (o estímulo que origina). Mecanismos: • Proliferação de células maduras induzida por fatores de crescimento; • Surgimento de novas células a partir de células- tronco teciduais. Hiperplasia fisiológica • Pode ocorrer devido à ação de hormônios: o Quando há a necessidade de aumentar a capacidade funcional de órgãos hormônio-sensíveis; o Exemplo.: proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, aumentando tamanho da mama e sua capacidade funcional; • Devido à ação de fatores de crescimento: o Quando há necessidade de aumento compensatório após lesão ou ressecção; o Ex.: regeneração hepática (hepatectomia parcial) e medula óssea (em resposta a uma deficiência de células sanguíneas maduras – como em hemorragia). Hiperplasia patológica Ação excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de crescimento sobre suas células-alvo; • Exemplos: o Hiperplasia endometrial (estrogênio) – Sangramento Uterino Anormal; o Hiperplasia nodular prostática (andrógenos); • Regridem se o estímulo hormonal for retirado; • Porém constituem um “solo fértil” onde eventualmente um câncer pode surgir 22 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 ATROFIA Redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. Pode ser fisiológica ou patológica; • Alterações celulares – diminuição do tamanho da célula e organelas; • Ocorre para adequar a demanda metabólica da célula com seus “suprimentos”. Mecanismos: • Diminuição da síntese proteica – redução de sinais tróficos; • Aumento da degradação das proteínas celulares – via ubiquitina-proteassomo; • Aumento da autofagia (“comer a si próprio”): o Células privadas de alimento digerem seus próprios componentes; o Vacúolos autofágicos que não são totalmente digeridos restam como corpos residuais – vistos na microscopia como grânulos de lipofuscina – atrofia parda. Fisiológica: • Comum durante o desenvolvimento normal; • Estruturas embrionárias (ex.: notocorda e ducto tireoglosso); • Diminuição do tamanho do útero após o parto. Patológica: • Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso, como gesso pós fratura óssea); • Perda da inervação (atrofia por denervação); • Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia crônica); • Nutrição inadequada (caquexia); • Perda da estimulação endócrina (causa atrofia nos órgãos que respondem aos hormônios); • Compressão (como quando temos nódulo na tireoide e ele vai empurrando parênquima normal que está ali em volta, atrofiando-o). METAPLASIA • Alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular; • Resposta adaptativa – célula mais capaz de suportar ambiente adverso (como em irritação crônica); • Ex.: metaplasia escamosa do trato respiratório e do colo uterino; • Porém as influências que predispõem à metaplasia, se persistentes, podem iniciar uma transformação maligna no epitélio metaplásico. Exemplo: epitélio glandular, em situação de irritação crônica, acaba se transformando em epitélio escamoso, mais resistente para suportar. 23 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Exemplo: Esôfago de Barret: epitélio escamoso se transforma em epitélio glandular intestinal. Isso ocorre em indivíduos que tem refluxo gastroesofágico crônico, já que a secreção ácida do estômago reflui para o esôfago, como o epitélio escamoso não está preparado para isso, enquanto o epitélio glandular sim, ocorre a transformação. Mecanismos: • Reprogramação de células-tronco teciduais (ao invés de se diferenciar em um tipo, se diferenciam em outro); • “Colonização” por células diferenciadas adjacentes; • Citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular – promovem expressão de genes – direcionam célula para linhagem específica. RESUMO ALTERAÇÕES Acúmulos intracelulares • Manifestação de alterações metabólicas nas células, na qual quantidades anormais de diversas substâncias são acumuladas; • Substâncias podem ser inofensivas ou associadas com lesões; • Se acumulam no citoplasma, em organelas (lisossomos) ou núcleo; • Essas substâncias podem ser sintetizadas pela própria célula ou produzidas em outros locais. MECANISMOS REMOÇÃO INADEQUADA DE UMA SUBSTÂNCIA NORMAL • Defeitos nos mecanismos de acondicionamento e transporte (célula produz substância e por determinado defeito essa se acumula); • Ex.: esteatose hepática (acúmulo de gordura nos hepatócitos). ACÚMULO DE SUBSTÂNCIA ENDÓGENA ANORMAL • Defeitos genéticos ou adquiridos no dobramento, acondicionamento, transporte ou secreção (gerando o acúmulo exagerado na célula); • Ex.: formas mutantes da α1- antitripsina. FALHA EM DEGRADAR METABÓLITO • Deficiências enzimáticas hereditárias (falha ou ausência de enzima faz com que substrato complexo não seja degradado e gera acúmulo na célula); • Doenças de depósito (ou armazenamento). 24 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 ACÚMULO DE SUBSTÂNCIA EXÓGENA ANORMAL • Ausência de enzima para degradá-la ou da capacidade para transportá-la; • Ex.: antracose e silicose (acúmulo de partículas de carbono e de sílica). LIPÍDIOS • Podem se acumular na forma de triglicerídeos, colesterol/ésteres de colesterol e fosfolipídios: o Fosfolipídios – figuras de mielina (células necróticas); o Triglicerídeos – esteatose; o Colesterol – aterosclerose, xantomas, colesterolose; • Complexos anormais de lipídios e carboidratos nas doenças de depósito lisossômico. ESTEATOSE (DEGENERAÇÃO GORDUROSA • Acúmulos anormais de triglicerídeos dentro das células; • Fígado principal órgão envolvido, já que é nele que ocorre maior parte do metabolismo lipídico; • Coração, músculos e rins também podem ser acometidos; • Pode ser micro ou macrogoticular; • No microscópio, vacúolos brancos representam o acúmulo de lipídios (os vacúolos lipídicos são dissolvidos na preparação histológica, por isso enxergamos como grandes buracos); • Causas: substâncias tóxicas, desnutrição proteica, Diabetes Mellitus, obesidade (NASH) e anóxia. COLESTEROL E ÉSTERES DE COLESTEROL • Metabolismo celular do colesterol está envolvido na síntese de membranas celulares – sem acúmulo intracelular; • Logo sempre que observamos acúmulos, eles são patológicos; • Se apresentam como vacúolos intracelulares; Doença de Niemann-Pick tipo C = doença de depósito lisossômico = mutações enzima envolvida no transporte do colesterol – acúmulo de colesterolem múltiplos órgãos. ATEROSCLEROSE • Placas ateroscleróticas – células musculares lisas e macrófagos na túnica íntima contém vacúolos lipídicos (colesterol) de aparência “espumosa”; • Ateromas amarelos (contém muitos lipídios); • Células podem romper e extravasar lipídios no espaço extracelular – podem cristalizar na forma de “fendas”. XANTOMAS • Acúmulo intracelular de colesterol nos macrófagos; • Característico de estados hiperlipidêmicos hereditários ou adquiridos; • Frequentemente aparece em Tecido conjuntivo subepitelial da pele e tendões. COLESTEROLOSE • Acúmulos focais de macrófagos cheios de colesterol na lâmina própria da Vesícula Biliar; • Histologicamente, aparece como acúmulos de macrófagos xantomatosos/espumosos. PROTEÍNAS • Gotículas, vacúolos ou agregados arredondados e eosinofílicos (coloração rósea no citoplasma; • À microscopia eletrônica – aparência amorfa, fibrilar ou cristalina; 25 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Em alguns distúrbios (Ex.: amiloidose) – ocorre nos espaços extracelulares. CAUSAS • Doenças renais associadas à perda de proteína na urina (proteinúria); • Aumento da reabsorção de proteína por pinocitose no túbulo proximal; • Gotículas hialinas róseas no citoplasma da célula tubular; • Reversível (ao resolver a proteinúria); • Proteínas normais produzidas em quantidade excessiva: o Plasmócitos com imunoglobulinas – corpúsculos de Russell; • Defeito no transporte intracelular e secreção de proteínas: o Deficiência de α1-antitripsina – acúmulo de intermediários; • Acúmulo de proteínas do citoesqueleto: o Filamentos intermediários de queratina – corpúsculos de Mallory – hepatite alcoólica; o Neurofilamentos – emaranhados neurofibrilares – doença de Alzheimer; • Acúmulo de proteínas anormais – depósitos teciduais - proteinopatias: o Algumas formas de amiloidose. DEGENERAÇÃO HIALINA • Hialino = aparência rósea, vítrea e homogênea (lâminas H&E). Termo descritivo histológico – não indica lesão; • Aspecto produzido por uma variedade de alterações; • Não representa um padrão específico de acúmulo, é a maneira como descrevemos aspecto microscópico; • Gotículas de reabsorção, corpúsculos de Russell e de Mallory são exemplos de acúmulos que identificamos com esse aspecto vítreo; • Eventualmente, pode ser observado no espaço extracelular – hialinização arteriolar nos rins em indivíduos com HAS e DM – extravasamento e depósito de proteínas plasmáticas entre camada íntima e média das .arteríolas renais. GLICOGÊNIO • É a reserva de energia (glicose) prontamente disponível; • Normalmente armazenado no citoplasma de células saudáveis; • Depósitos excessivos – anormalidade no metabolismo da glicose ou do glicogênio – como na diabetes mellitus; • Vacúolos claros dentro do citoplasma – coloração de PAS = violeta; • Visto em células dos túbulos renais, hepatócitos, células β das ilhotas de Langerhans e células musculares cardíacas; • Distúrbios genéticos que promovem o acúmulo de glicogênio = glicogenoses. PIGMENTOS • Substâncias coloridas; • Algumas são constituintes normais das células (ex. melanina); • Outras anormais (acumulam sob circunstâncias especiais); • Endógenos ou exógenos. 26 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Exógenos: • Carbono (poeira de carvão). Poluente do ar ubíquo em áreas urbanas; o Inalados – assimilados pelos macrófagos alveolares – se acumulam nos próprios alvéolos ou são transportados para linfonodos mediastinais; o Histologicamente, vemos como borrões pretos; o Coloração negra (pulmão e linfonodos) = Antracose (inócua); o Pneumoconiose = inalação excessiva de carbono, acomete principalmente trabalhadores de minas de carvão; • Tatuagem – pigmentos inoculados são fagocitados pelos macrófagos da derme e ali permanecem pelo resto da vida da pessoa; • Pigmentos geralmente não incitam resposta inflamatória. Endógenos: • Lipofuscina (latim fuscus = marrom) – pigmento insolúvel – “de desgaste”: o Fosfolipídios e proteínas; o Inócuo; o Sinal de lesão por radicais livres e peroxidação lipídica; o Células sofrendo alterações regressivas lentas (em envelhecimento/senescência); o Fígado e coração de idosos, desnutridos ou caquéticos; • Melanina (grego melas = preto): o Oxidação da tirosina em dihidroxifenilalanina; o Produzida nos melanócitos; o Único pigmento endógeno marrom-negro; o Proteção contra radiação solar; o Melanócitos em geral estão na camada basal da epiderme, entre os queratinócitos basais; • Ácido Homogentístico ocorre apenas na Alcaptonúria – pigmento depositado na pele, tecido conjuntivo e cartilagem = Ocronose.; • Hemossiderina: o Derivado da hemoglobina; o Amarelo-ouro a marrom; o Granular ou cristalino; o Uma das principais formas de armazenamento do ferro; o Agregados de micelas de ferritina observados quando há excesso de ferro local – como em hemorragia (para recuperar ferro do extravasamento de hemácias, macrófagos fagocitam elas e separam fração Heme do ferro da hemoglobina. Ferro acumulado nas micelas de ferritina vai dar acúmulo de grânulos de hemossiderina no citoplasma dos macrófagos; o Excesso sistêmico = hemossiderose (hemocromatose – erro inato do metabolismo em que ocorre aumento de absorção do ferro da dieta, anemias hemolíticas – lise de hemácias e transfusões sanguíneas). Calcificação Patológica Deposição anormal de sais de cálcio nos tecidos. Duas formas: • Em tecidos mortos = Calcificação Distrófica – níveis séricos de cálcio normais; • Em tecidos normais = Calcificação Metastática = – hipercalcemia. CÁLCIFICAÇÃO DISTRÓFICA • Em geral ocorre em áreas de necrose; • Nos ateromas também pode ocorrer (aterosclerose); • Pode estar em valvas cardíacas envelhecidas ou danificadas; • Macroscopicamente (olho nu): grânulos ou grumos brancos, “arenosos” ou petrificados; 27 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Microscopicamente: aparência granular, amorfa e basofílica, intra e/ou extracelulares, configurações lamelares (depósitos concêntricos de cálcio - psamomas); • Sinal indicador de lesão celular prévia; • Pode ser causa de disfunção do órgão – doença valvar e aterosclerose; • Níveis séricos de cálcio normais. CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA • Em tecidos normais; • Associada a hipercalcemia (depósitos anormais de cálcio em tecidos normais). Pode ocorrer por: o Aumento da secreção de PTH (hiperparatireoidismo) – hormônio que induz reabsorção óssea (liberando mais cálcio para o sangue); o Reabsorção de tecido ósseo (tumores primários da Medula Óssea ou metástases); o Distúrbios relacionados à vitamina D; o Insuficiência renal, provoca retenção de fosfato – hiperparatireoidismo secundário; • Pode ocorrem em qualquer lugar do corpo; • Mucosa gástrica, rins, pulmões, artérias sistêmicas e veias pulmonares. CONCEITOS IMPORTANTES Envelhecimento celular • Os indivíduos envelhecem porque suas células envelhecem; • Tem consequências importantes para a saúde; • É fator de risco para muitas doenças crônicas; • Regulado por genes; • Resultado do declínio progressivo da função e viabilidade celulares; • Causado por anormalidades genéticas e acúmulo de danos moleculares e celulares. Que ocorrem devido aos efeitos da exposição a influências exógenas. DANO AO DNA • Variedade de agentes físicos, químicos e biológicos exógenos; • Fatores endógenos (espécies reativas do oxigênio); • Ameaçam a integridade do DNA nuclear e mitocondrial; • Acúmulo de lesões do DNA à medida que a célula envelhece. SENESCÊNCIA CELULAR • Todas as células normais têm uma capacidade limitada de replicação; • Após um número fixo dedivisões – células param em estado “terminal” (sem divisão) = senescência replicativa; • Desgaste do Telômero: o Sequências curtas e repetidas de DNA na extremidade dos cromossomos; o Servem para garantir a replicação completa das extremidades e evitar fusão e degradação dos cromossomos; 28 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Encurtamento progressivo telômeros – interrupção ciclo celular; • Ativação de genes supressores tumorais (locus CDKN2A – p16, proteína relacionada com ciclo celular). HOMEOSTASE DEFEITUOSA DE PROTEÍNA • Proteínas corretamente dobradas – chaperonas. Em deficiência de chaperonas – dobramento anormal de proteínas, que pode levar ao envelhecimento; • Degradação de proteínas mal dobradas, danificadas ou desnecessárias deveria ocorrer por autofagia-lisossomo e ubiquitina-proteassomo. Se demos defeito, ocorre acúmulo que leva ao envelhecimento; • Rapamicina – inibe a via mTOR – múltiplos efeitos – entre eles, a promoção da autofagia; • Acúmulo de proteínas mal dobradas – célula levada a morte celular por apoptose. DETECÇÃO DESREGULADA DE NUTRIENTES • Comer menos aumenta a longevidade; • Restrição calórica aumenta a expectativa de vida em todas as espécies em que foi testada; • ↓ Via de sinalização da insulina e do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1) – produzido em muitos tipos de células em resposta à secreção do hormônio de crescimento – promove estado anabólico, crescimento celular e replicação; • ↑ Sirtuínas – enzimas distribuídas em diferentes compartimentos celulares – adaptar funções corporais a vários estresses ambientais (privação de alimento e dano ao DNA) – promovem expressão de genes cujos produtos aumentam a longevidade. CONCEITOS IMPORTANTES Inflamação Definição: resposta de tecidos vascularizados a infecções, a elementos estranhos (ou reconhecidos como estranhos) e a tecidos lesados que leva moléculas e células do sistema imunológico presentes na circulação para o local no qual se encontra o agente ofensivo como o intuito de eliminá- lo. CAUSAS • Infecções: o Vírus; o Bactérias; o Fungos; o Protozoários; o Helmintos; • Dano tecidual (necrose – gera resposta inflamatória pois ela libera antígenos “escondidos” de dentro das células, contra os quais não há tolerância); • Corpos estranhos (como espinho, caco de vidro); • Substâncias endógenas (anômalas); • Reações imunológicas: o Autoimunidade (antígenos próprios); o Alergia (respostas impróprias a antígenos ambientais que não causam dano nenhum). RECONHECIMENTO DAS CAUSAS • Receptores celulares de agentes infecciosos (células epiteliais, dendríticas, macrófagos e outros leucócitos): o Membrana plasmática; o Endossomos; o Citosol; 29 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Receptores celulares de proteínas circulantes (alguns agentes infecciosos são ligados por algumas proteínas): o Lecitina ligadora de manose; o Colectinas; • Receptores celulares de moléculas “imunológicas”: o Frações do complemento; o Imunoglobulinas; • Sensores citosólicos de dano celular (substâncias que vasam pós necrose – ativam resposta): o DNA; o Ácido úrico; o ATP; o K. FASES • Reconhecimento do agente nocivo; • Recrutamento de moléculas e de células sanguíneas; • Ativação de leucócitos e de proteínas para a eliminação do agente nocivo; • Eliminação do agente nocivo; • Término da reação; • Reparo do dano tecidual. PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS • Componentes: o Células (leucócitos); o Mediadores químicos (como proteínas); o Vasos (fundamentais para a chegada dos outros componentes); • Cronologia: o Aguda; o Crônica; • Reparo tecidual; • Consequências danosas: o Dano tecidual; o Alergia (respostas inflamatórias a antígenos que não seriam agressivos); o Autoimunidade (quando montamos respostas inflamatórias contra nossos próprios antígenos). AGUDA X CRÔNICA Aguda: • Início rápido (minutos a horas) e duração curta; • Neutrófilos são principal tipo de leucócito envolvido; • Dano tecidual leve e autolimitado (geralmente, não dá tempo de causar o dano); • Sinais e sintomas mais proeminentes. Crônica: • Início lento (dias, semanas) e tende a durar bastante tempo; • Linfócitos e monócitos/macrófagos são principal tipo de leucócitos envolvidos; • Dano tecidual severo e progressivo (fica muito tempo); • Sinais e sintomas menos proeminentes. Inflamação aguda Inflamação de início rápido, tendo como principais componentes a vasodilatação (aumenta fluxo sanguíneo, facilita chegada de células e moléculas onde está o antígeno), o aumento da permeabilidade vascular (para células e moléculas conseguirem sair de dentro do vaso e chegar no agente agressor) e a migração de leucócitos (neutrófilos, principalmente) para o local no qual se encontra o agente agressor. VASODILATAÇÃO • Uma das primeiras manifestações da inflamação aguda; 30 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Mediada por diversas substâncias químicas; • Arteríolas e capilares; • Aumento do fluxo sanguíneo; • Eritema (tecido fica avermelhado). AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR Para células e moléculas conseguirem sair de dentro do vaso e chegar no agente agressor. • Contração das células endoteliais: o Causa mais comum; o Histamina, bradicinina e outros.; o Início rápido; o Curta duração; • Lesão endotelial: o Lesão física ou química; o Início imediato; o Longa duração; • Transcitose (não se tem certeza; nela, tanto as células quanto as proteínas atravessariam o citoplasma das células endoteliais); • Exsudato – grande vazamento de fluido para espaço extracelular. Edema rico em proteínas e células. Células endoteliais estão justapostas, umas do lado das outras. Células edoteliais que estavam justapostas vão se contrair, criando intervalo entre elas e permitindo que o plasma flua de dentro do vaso para o tecido, que as moléculas fluam de dentro do vaso para o tecido e leucócitos passem de dentro do vaso para o tecido. É mediada, por exemplo, por histamina e bradicinina e é o principal mecanismo que leva ao aumento da permeabilidade vascular. Tende a ser rápida e de curta duração. Lesões nas células (como perder pedaço do citoplasma) endoteliais que levam ao aumento da permeabilidade celular; elas se tornam mais fragmentadas e criam-se espaços entre elas. Pode ser causado por fenômenos físicos (como traumas) ou agentes químicos (como toxinas bacterianas). Tem início rápido, mas pode durar mais tempo (lesão precisa ser reparada). CONSEQUÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES VASCULARES • Maior aporte de moléculas e de leucócitos (neutrófilos) ao local específico; • Perda de líquido intravascular; • Aumento da viscosidade sanguínea (saída de fluido é muito maior do que de células e moléculas, se torna mais denso); • Diminuição da velocidade da circulação (fluido mais denso) = Estase; o Hiperemia (acúmulo de sangue no vaso dilatado pela diminuição da velocidade); • Acúmulo de leucócitos (neutrófilos) no vaso local. Vaso com aumento da permeabilidade vascular, sai muito fluido, células e moléculas. Aumento de fluido no espaço extracelular = Edema. Quando rico em células e proteínas = Exsudato. 31 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Transudato = edema que ocorre com baixo teor de células e moléculas. RECRUTAMENTO LEUCOCITÁRIO • Fases: o Endoluminal (vênulas, leucócitos ainda dentro dos vasos) - marginação, rolamento e adesão.; o Diapedese ou transmigração: travessia pela parede vascular; o Quimiotaxia: migração para onde está o agente agressor; • Funções: o Fagocitose (neutrófilos e macrófagos); o Reparo tecidual. MARGINAÇÃO • Definição: Leucócitos na periferia da luz vascular, perto do endotélio.; •Causa: estase (diminuição na velocidade do fluxo sanguíneo). ROLAMENTO • Definição: ligação frouxa e transitória entre leucócitos e células endoteliais; • Moléculas de interação: o Syalil-Lewis endotelial e Selectina L leucocitária; o Selectina E endotelial e Syalil-Lewis leucocitária; o Selectina P endotelial e Syalil-Lewis leucocitária; • Causas: o Secreção de TNF, IL-1 e quimiocinas produzidas por macrófagos, células endoteliais e mastócitos que reconhecem antígenos; o Secreção de Histamina. ADESÃO • Definição: o Ligação firme e mais duradoura entre leucócitos e células endoteliais; • Moléculas de interação: o ICAM-1 e ICAM-2 endoteliais e LFA-1 e MAC-1 (integrinas leucocitárias); o VCAM-1 – VLA-4 e α4β7 (integrinas leucocitárias); • Causas: o Secreção de TNF e de IL-1.; o Quimiocinas. DIAPEDESE E TRANSMIGRAÇÃO • Definição: passagem do leucócito através do endotélio.; • Local principal: vênulas (nelas temos a molécula mediadora); • Mediador: CD31 (PECAM-1). QUIMIOTAXIA • Definição: movimento dos leucócitos que saíram dos vasos para o local no qual se encontra o agente agressor; • Mediadores: o Produtos bacterianos; o Citocinas (quimiocinas, como a IL-8); o Frações do sistema complemento (C5a); o Metabólitos do AA (LTB4). LEUCÓCITOS • Neutrófilos (célula predominante em inflamação aguda); • Linfócitos (infecções virais); • Linfócitos, macrófagos e plasmócitos (reações de hipersensibilidade); • Eosinófilos (alergia). 32 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 FAGOCITOSE 1. Reconhecimento e encaixe; 2. Engolfamento; 3. Degradação do material ingerido. RECONHECIMENTO E ENCAIXE • Receptor de manose na superfície dos nossos fagócitos reconhecem a manose presenta nas paredes celulares bacterianas; • Receptores scavenger: fagócitos reconhecem as Bactérias e LDL modificado; • Integrinas macrofágicas (MAC-1): reconhecem bactérias; • Opsoninas (IgG, C3b e lecitina receptora de manose) são moléculas que produzirmos durante processo inflamatório que se ligam na superfície de bactérias (por exemplo) e facilitam a fagocitose. ENGOLFAMENTO • Emissão de Pseudópodos; • Forma-se Fagossomo (agente infeccioso é internalizado) e Fagolisossomo. DEGRADAÇÃO • Local: Fagolisossomo; • Agentes que levam a degradação: o Espécies reativas do oxigênio; o Espécies reativas do nitrogênio; o Enzimas lisossômicas. DANO TECIDUAL • Causadores (que podem vazar do interior dos fagócitos para os tecidos): o Espécies reativas; o Enzimas lisossômicas; • Mecanismos de liberação: o Fagocitose “frustrada” = fagócito identifica agente e se prepara para destruí-lo, mas seus receptores não são suficientes para fazer internalização, não consegue fazer a fagocitose mesmo que já estivesse preparado. Às vezes, por não fagocitar, acaba liberando as substâncias que não foram usadas na fagocitose; o Fagocitose de substâncias tóxicas = fagócito acaba fazendo fagocitose de coisas tóxicas, ele começa a ter falhas na membrana plasmática e espécies tóxicas saem do seu interior e vazam para os tecidos. SINAIS CARDINAIS • Rubor: em função da vasodilatação, mais fluxo sanguíneo = maior presença de sangue, conferindo a tonalidade; • Calor: nossa temperatura do sangue reflete nossa temperatura corpórea; • Tumor: aumento de volume localizado, que ocorre em função da vasodilatação e de Edema; • Dor: durante inflamação temos a liberação de uma série de mediadores químicos que tem capacidade de atuar sobre terminações sensitivas e desencadear dor; • Perda funcional: local inflamado tem vasos com diâmetro excessivo, edema, estase = desvio de funcionamento normal. TÉRMINO DA INFLAMAÇÃO AGUDA • Degradação dos mediadores que tipicamente tem curto período de duração; • Apoptose dos neutrófilos; • Presença de mediadores anti-inflamatórios que inibem inflamação: o Lipoxinas; o TGF-beta; o IL-10; o Impulsos colinérgicos. DESFECHOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA • Resolução completa; 33 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Reparação por deposição de colágeno (fibrose) quando ocorre dano tecidual: o Quando há destruição tecidual extensa; o Quando temos dano em áreas incapazes de regeneração; o Quando há grande exsudação de fibrina (cavidades serosas – como pericárdio, pleura e peritônio. Bastante comum o desencadeamento da cascata da coagulação nesses locais); • Progressão para inflamação crônica (quando não remove o agente agressor de maneira completa). PADRÕES MORFOLÓGICOS • Inflamação serosa; • Inflamação fibrinosa; • Inflamação supurativa; • Inflamação ulcerada. INFLAMAÇÃO SEROSA: • Definição: inflamação aguda não muito intensa, com exsudato pobre em células (quando comparado a outros padrões de inflamação); • Ocorre quando a inflamação aguda acomete cavidades serosas, como Pleura, Pericárdio e Peritônio e quando inflamação leva a bolhas cutâneas; • Temos: o Derrame pleural (excesso de líquido nessa cavidade); o Derrame pericárdico (excesso de líquido nessa cavidade); o Ascite (excesso de líquido na cavidade abdominal); o Bolhas cutâneas. INFLAMAÇÃO FIBRINOSA: • Definição: inflamação aguda mais intensa, com deposição de fibrina resultante de grande permeabilidade vascular e/ou com estímulo pró- coagulante; • Desfechos: o Fibrinólise (fibrina destruída quando inflamação passa); o Organização (deposição de colágeno em cima da fibrina que não foi removida). INFLAMAÇÃO SUPURATIVA: • Definição – inflamação aguda com pus (exsudato contendo neutrófilos, restos de células mortas e fluido); • Necrose liquefativa; • Abscesso: o Coleção delimitada de pus; o Pode ser circundado por cápsula colagênica (quando não está mais nas fases iniciais). 34 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 INFLAMAÇÃO ULCERADA: • Definição: inflamação aguda com destruição de superfície mucosa ou de superfície cutânea, gerando área de escavação; • Gera necrose, que leva a perda de epiderme na pele e perda de mucosa em outras cavidades; • Locais: o Trato Gastrointestinal; o Trato Geniturinário; o Trato respiratório; o Pele; • Cronologia: o Inflamação aguda; o Inflamação crônica (como gastrite crônica induzida); o Reparo tecidual. (geralmente úlcera é reparada). Inflamação crônica Resposta inflamatória tardia de longa duração em resposta à agressão, que pode ou não ser precedida de inflamação aguda. CAUSAS: • Inflamação aguda sem resolução; • Infecções persistentes; • Infecções com alguns vírus, micobactérias, parasitas e fungos (ex: Hepatite C causada por vírus); • Doenças autoimunes (ex: Artrite reumatoide); • Respostas a corpos estranhos (ex: caco de vidro que não foi removido); • Respostas a neoplasias. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS • Inflamação linfomononuclear (padrão mais frequente – linfócitos, plasmócitos, monócitos e macrófagos); • Destruição tecidual (inflamação crônica tende a durar por muito tempo, e esses leucócitos infiltrando tecidos por muito tempo os dá muito tempo para causar dano tecidual); • Fibrose (deposição excessiva de colágeno no tecido – ocorre em função da destruição tecidual, é uma forma de reparo). Nessa imagem de pneumonia crônica, vemos: infiltrado inflamatório linfomononuclear, destruição tecidual e início de fibrose Nessa imagem, vemos linfócito, plasmócito, eosinófilo e macrófago. CÉLULAS CONSTITUINTES • Linfócitos; • Plasmócitos; • Monócitos; • Macrófagos; • Eosinófilos; • Basófilos; • Mastócitos. LINFÓCITOS • Linfócitos B → plasmócitos (secretores de imunoglobulinas); • Linfócitos T: o T-auxiliares: exercem funções que promovem eventos da inflamação crônica; o T-supressores: inibem alguns fenômenos da inflamação crônicapara que ela não 35 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 seja demasiada e tenha muito dano tecidual; o T-citotóxicos: matam outras células (como células infectadas por vírus, células neoplásicas). MACRÓFAGOS • Derivados dos monócitos sanguíneos (quando migram para os tecidos) ou já presentes como macrófagos teciduais do tecido conjuntivo (histiócitos), pulmão (macrófagos alveolares), fígado (células de Kupffer), osso (osteoclastos) e cérebro (micróglia); • Fatores quimiotáticos atraem os macrófagos para o local: C5a, MCP-1, MIP-1-alfa, PDGF e TGF-beta; • Secretam as monocinas: moléculas que podem atrair, por exemplo, neutrófilos para o local de inflamação (principalmente em casos de inflamação crônica ativa); • Podem ser transformados em células epitelioides nos granulomas, quando estão muito ativos. EOSINÓFILOS • Grânulos contêm a proteína básica principal → tóxica para parasitas.; • Atraídos pela Eotaxina para os focos de inflamação; • Envolvidos em parasitoses e em respostas alérgicas. BASÓFILOS E MASTÓCITOS • Liberam histamina; • Envolvidos em reações alérgicas; • Basófilos = presentes no sangue (menos numerosos em hemograma normal); • Mastócitos = presentes no tecido. INFLAMAÇÃO CRÔNICA GRANULOMATOSA Padrão de inflamação crônica que cursa com agregados de macrófagos epitelioides (macrófagos bastante ativos com citoplasma mais amplo, alongado, formam granulomas), podendo ter células gigantes multinucleadas. Mecanismos básicos: • Granulomas por corpo estranho (não são dependentes de ativação de Linfócito T; macrófago que chega no local, não consegue fagocitar corpo estranho e acaba se transformando em célula epitelioide); • Granulomas imunológicos (dependem do Linfócito T para mediar resposta inflamatória.); FORMAÇÃO GRANULOMAS IMUNOLÓGICOS : Alguns microrganismos e doenças de etiologias não muito definidas que podem causar granulomas imunológicos. Exemplo: tuberculose. Indivíduo que tem contato com o agente etiológico da tuberculose inala ele, o bacilo cai na via respiratória e células apresentadoras de antígeno do pulmão fagocitam ele, apresentam para o Linfócito T auxiliar e secretam IL-12 sobre o Linfócito T. Esse Linfócito T acaba secretando, por exemplo, TNF, que leva a atração de monócitos para o foco onde está o bacilo e secretam IFN-γ, o qual acredita-se ser o responsável por atuar sobre os monócitos e faça com que eles se transformem em macrófagos epitelioides. Esses macrófagos epiteliioides começam a se acumular, formam o granuloma (alguns se fundem e formam a célula gigante). As células gigantes multinucleadas dos granulomas imunológicos podem ser chamadas de células de Langerhans. • Podem ser: o Granulomas tuberculoides (com necrose caseosa); o Granulomas sarcoides (sem necrose caseosa); o Granulomas supurativos (com neutrófilos). Granuloma por corpo estranho (fios de sutura) 36 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Granuloma tuberculoide: Principal causa: tuberculose, mas também pode ser causada por alguns fungos (como Histoplasmose). Tem área central com necrose na microscopia, ao redor, macrófagos epitelioides células gigantes, linfócitos e fibroblastos. Na macroscopia, parece um queijo. Usa-se coloração de Ziehl-Nieelsen (na causada por tuberculose), se for fúngica, usa coloração de Grocott (identificar estruturas fúngicas). Granuloma sarcoide: Não tem necrose. Ocorrem em doença cuja causa não se sabe, a Sarcoidose, acometendo qualquer parte do corpo (mas mais frequentemente parênquima pulmonar e linfonodos mediastinais) e na Doença de Crohn (inflamatória intestinal). Granuloma supurativo: Acúmulos de macrófagos epitelioides, podemos ter células gigantes e, no centro, acúmulo de neutrófilos, podendo ou não ter necrose. É causado, por exemplo, por infecções bacterianas (como a da arranhadura do gato). Usa coloração de Warthin Starry. Mediadores químicos da inflamação • Substâncias que iniciam e regulam as reações inflamatórias; • São os alvos de terapias destinadas a limitar a inflamação; • Inflamação aguda, principais mediadores são: aminas vasoativas, produtos lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), citocinas e produtos da ativação do complemento; • Induzem vários componentes da resposta inflamatória por mecanismos distintos, mas com certa sobreposição nas ações; • Secretados pelas células ou produzidos a partir de proteínas plasmáticas. • Principais tipos de células que produzem mediadores de inflamação aguda: células “sentinela” (detectam invasores e dano tecidual) = macrófagos, células dendríticas e mastócitos; • Mediadores derivados do plasma: produzidos no fígado, geralmente presentes na circulação como precursores inativos – ativados por clivagens proteolíticas; • Mediadores ativos: produzidos somente em resposta a estímulos nocivos, como a produtos microbianos e substâncias liberadas de células necróticas; • Maioria tem vida curta – inativados por enzimas, eliminados ou inibidos; • Um mediador pode estimular a liberação de outros (“cascatas”). AMINAS VASOATIVAS: HISTAMINA E SEROTONINA Armazenadas como moléculas pré-formadas nas células (dentro de grânulos). Estão entre os primeiros mediadores liberados na inflamação; HISTAMINA • Produzida por: Mastócitos (no tecido conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos), Basófilos (sangue) e Plaquetas; • Armazenada em grânulos e liberada por degranulação em resposta a estímulos: lesão física (trauma, frio, calor); ligação de antígeno a 37 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 anticorpos IgE (reações alérgicas); produtos do complemento = anafilatoxinas (C3a e C5a); neuropeptídios e citocinas; • Causa dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas; • Ligação a receptores nas células endoteliais (drogas anti-histamínicas = antagonistas do receptor de histamina – se ligam a e bloqueiam o receptor, impedindo a ação da histamina). METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO (AA) • Mediadores lipídicos – Prostaglandinas e Leucotrienos; • Também chamados eicosanoides (derivados de ácidos graxos com 20 carbonos); • Produzidos a partir do ácido araquidônico – presente nos fosfolipídios da membrana; • Estimulam reações vasculares e celulares na inflamação aguda; • Estímulos químicos, físicos e mecânicos ou outros mediadores (C5a) liberam o Ácido Araquidônico da membrana pela ação de fosfolipases celulares; • Enzimas alvo de drogas anti-inflamatórias: o Ciclo-oxigenases – prostaglandinas; o Lipo-oxigenases – leucotrienos e lipoxinas. PROSTAGLANDINAS • Produzidas pelos mastócitos, macrófagos, células endoteliais e outros; • Envolvidas nas reações vasculares e sistêmicas da inflamação; • Geradas pela ação de duas ciclo-oxigenases = COX-1 e COX-2; o COX-1 – Constitutivamente expressa na maioria dos tecidos (por ter funções homeostáticas); também induzida por estímulos inflamatórios; o COX-2 – Expressão restrita a células participando em reações inflamatórias; • Codificadas por letras (PGD, PGE, etc.) e um número subscrito (1, 2 – número de ligações duplas no composto); • Mais importantes = PGE₂, PGD₂, PGF₂ₐ, PGI₂ (prostaciclina) e TxA₂ (tromboxano A2); • Cada qual produzida pela ação de uma enzima específica; • Algumas das quais com distribuição tecidual restrita; o Plaquetas: ação da tromboxano-sintase, que produz TxA₂ = agregante plaquetário e vasoconstritor; o Endotélio vascular: ação da prostaciclina- sintase, que produz PGI₂ - PGF1 ₐ (produto final estável) = vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária, potencializa os efeitos de aumento da permeabilidade e quimiotaxia de outros mediadores; o Mastócitos: produzem PGD₂ (e PGE₂) – vasodilatação e aumento permeabilidade
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