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2018_ O impacto dos brinquedos adaptados no desenvolvimento psicomotor de crianças com necessidades educativas especiais_Alves, Ana Rita Silva

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+ 
 
 
O impacto dos brinquedos adaptados no 
desenvolvimento psicomotor de crianças com 
necessidades educativas especiais 
Universidade de Lisboa 
Faculdade de Motricidade Humana 
 
Tese elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre em 
Reabilitação Psicomotora 
Orientadora: Professora Doutora Ana Cristina Guerreiro Espadinha 
 
Júri: 
Presidente: 
Professora Doutora Maria Teresa Perlico Machado Brandão 
Vogais: 
Professora Doutora Ana Cristina Guerreiro Espadinha 
Professora Doutora Célia Maria Adão de Oliveira Aguiar de Sousa 
 
Ana Rita Silva Alves 
2018 
− i − 
Agradecimentos 
… aos meninos que participaram neste estudo, por toda a compreensão, momentos de 
aprendizagem e brincadeira que me proporcionaram e, às respetivas famílias pela 
oportunidade. 
… a toda a comunidade escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Correia Mateus, em 
especial às professoras Graça Morgado e Sandra Gonçalves por me terem acompanhado 
ao longo deste processo, por todos os contributos essenciais ao estudo, por todas as 
oportunidades de aprendizagem e crescimento pessoal proporcionado. 
… ao Diretor António Oliveira e à Subdiretora Irene Vieira pelo apoio prestado ao projeto. 
… à Professora Doutora Cristina Espadinha por toda a orientação ao longo deste percurso 
de aprendizagem, conselhos e confiança. 
… à Professora Doutora Célia Sousa por toda a sua disponibilidade. 
… ao CRID (Centro de Recursos para a Inclusão Digital) que gentilmente cedeu alguns 
brinquedos e switches e, aos alunos do IPL (Instituto Politécnico de Leiria) que adaptaram 
os brinquedos necessários para o projeto. 
… à minha família e amigos pelo apoio incansável que sempre me prestam, pessoal e 
profissionalmente. 
Muito obrigado a todos. 
 
− ii − 
Índice Geral 
Agradecimentos ................................................................................................................... i 
Índice Geral .......................................................................................................................... ii 
Índice de Tabelas .................................................................................................................. iii 
Índice de Figuras .................................................................................................................. iv 
Enquadramento ................................................................................................................... 1 
Lista de referências ............................................................................................................... 3 
I A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura .. 5 
Resumo:................................................................................................................................. 5 
Abstract: ................................................................................................................................. 5 
I. Introdução ....................................................................................................................... 6 
I. O Brincar ......................................................................................................................... 7 
I. Relação entre a Escola e o Brincar de Crianças com Deficiência .............................. 12 
I. O Papel das Tecnologias de Apoio no Brincar ............................................................ 15 
I. Conclusão ..................................................................................................................... 17 
I. Lista de Referências ..................................................................................................... 20 
II O Papel dos Brinquedos Adaptados na Aquisição de Aprendizagens em Crianças 
com Multideficiência: Estudo Exploratório .................................................................... 25 
Resumo:............................................................................................................................... 25 
Abstract: ............................................................................................................................... 25 
II. Introdução ..................................................................................................................... 26 
II. Método .......................................................................................................................... 27 
II. Amostra ............................................................................................................................... 27 
II. Implementação do Estudo ................................................................................................... 29 
II. Protocolo de Avaliação ........................................................................................................ 36 
II. Resultados .................................................................................................................... 37 
II. Entrevista Realizada às Crianças ........................................................................................ 37 
− iii − 
II. Avaliação Realizada pelos Técnicos e Educadores ............................................................ 38 
II. Observação – Objetivos específicos avaliados pelo programa ........................................... 46 
II. Perceção dos Técnicos e Educadores ................................................................................ 55 
II. Perceção do Encarregado de Educação ............................................................................. 56 
II. Discussão de Resultados ............................................................................................. 56 
II. Conclusão ..................................................................................................................... 60 
II. Lista de Referências ..................................................................................................... 62 
Anexo A: Pedido de Colaboração ................................................................................... 65 
Anexo B: Consentimento Informado .............................................................................. 66 
Anexo C: Entrevista para Docente e Auxiliares de Ação Educativa ........................... 67 
Anexo D: Grelhas de observações .................................................................................. 68 
Anexo E: Entrevista para a criança ................................................................................. 72 
Anexo F: Entrevista para o Encarregado de Educação ................................................ 73 
Índice de Tabelas 
Tabela 1 - Crianças e alunos com Necessidades Educativas Especiais, retirado de Direção Geral de 
Estatísticas da Educação e Ciência (2018, p. 1) ............................................................................. 14 
Tabela 2 - Atividades selecionadas para as sessões do Nuno para cada objetivo do CEI ............. 32 
Tabela 3 - Atividades selecionadas para as sessões do Dário para cada objetivo do CEI ............. 33 
Tabela 4 - Atividades selecionadas para as sessões do Manuel para cada objetivo do CEI .......... 34 
Tabela 5 - Atividades selecionadas para as sessões do João para cada objetivo do CEI .............. 35 
Tabela 6 - Análise da Entrevista realizada às crianças ................................................................... 38 
Tabela 7 - Grelha de observações - objetivo 1 – “Demonstrar interesse na atividade” ou “Ser capaz 
de seguir o objeto” ........................................................................................................................... 47 
Tabela 8 - Grelha de observações - objetivo 2 – “Ser capaz de manipular o switch” ...................... 48 
Tabela 9 - Grelha de observações - objetivo 3 – “Diminuir o reforço necessário para iniciar ou manter 
a tarefa” ...........................................................................................................................................49 
Tabela 10 - Grelha de observações - objetivo 4 – “Diminuir a frequência com que sai da tarefa” .. 50 
Tabela 11 - Grelha de observações - objetivo 5 – “Melhorar a capacidade de comunicação” ........ 51 
Tabela 12 - Grelha de observações - objetivo 6 – “Melhorar a capacidade de memorização de 
conceitos, Obter maior controlo voluntário da cabeça/ mãos ou Levantar mais vezes o objeto” .... 52 
Tabela 13 - Grelha de observações - objetivo 7 – “Melhorar o conhecimento numérico/ realização 
de operações ou Melhorar a manipulação de objetos” .................................................................... 53 
Tabela 14 - Grelha de observações - objetivo 8 – “Melhorar a utilização de conceitos espaciais, 
Melhorar a capacidade de memorização de informação ou Melhorar a reação ao som” ................ 54 
− iv − 
Tabela 15 - Grelha de observações - objetivo 9 – “Melhorar a capacidade de nomear a igualdade e 
diferença” ........................................................................................................................................ 55 
 
Índice de Figuras 
Figura 1 – Modelo de Atividade Humana com Tecnologia de Apoio (traduzido de Cook e Polgar, 
2012, p. 7) ....................................................................................................................................... 15 
Figura 2 – Componentes do Modelo de Atividade Humana com Tecnologia de Apoio (adaptado de 
Cook e Polgar, 2012) ...................................................................................................................... 16 
Figura 3 – Exemplo de um manípulo de pressão (retirado de Encarnação, Azevedo e Londral, 2015, 
subcapítulo 5.3) ............................................................................................................................... 17 
Figura 4 - Brinquedos adaptados e utilizados no estudo ................................................................. 30 
Figura 5 - Comparação dos resultados de desempenho da criança (0= não se aplica, 1= baixo, 2= 
médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na perspetiva das diferentes 
profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) ........................................................... 39 
Figura 6 - Comparação de resultados do interesse demonstrado pelo brinquedo (0= não se aplica, 
1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na perspetiva das 
diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) ........................................... 40 
Figura 7 - Comparação de resultados da permanência da criança na atividade (0= não se aplica, 1= 
baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na perspetiva das 
diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) ........................................... 41 
Figura 8 - Comparação de resultados da frequência de estereotipias durante a atividade (0= não se 
aplica, 1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na perspetiva 
das diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) .................................... 42 
Figura 9 - Comparação de resultados de satisfação demonstrada pela criança durante a atividade 
(0= não se aplica, 1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na 
perspetiva das diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) .................. 43 
Figura 10 - Comparação de resultados de apresentação do tónus muscular da criança durante a 
atividade (0= não se aplica, 1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na 
sessão 10 na perspetiva das diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares)
 ........................................................................................................................................................ 44 
Figura 11 - Comparação de resultados do controlo motor exibido pela criança durante a atividade 
(0= não se aplica, 1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na 
perspetiva das diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) .................. 45 
Figura 12 - Comparação de resultados da capacidade de realização de movimentos finos da mão 
(0= não se aplica, 1= baixo, 2= médio e 3= alto) durante a atividade na sessão 1 e na sessão 10 na 
perspetiva das diferentes profissionais (valor médio da resposta das duas auxiliares) .................. 46 
file:///C:/Mestrado%20RP%202016-2018/2ºano/Dissertação%20final-%20Ana%20Alves%20%202018.docx%23_Toc527385502
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file:///C:/Mestrado%20RP%202016-2018/2ºano/Dissertação%20final-%20Ana%20Alves%20%202018.docx%23_Toc527385504
file:///C:/Mestrado%20RP%202016-2018/2ºano/Dissertação%20final-%20Ana%20Alves%20%202018.docx%23_Toc527385504
file:///C:/Mestrado%20RP%202016-2018/2ºano/Dissertação%20final-%20Ana%20Alves%20%202018.docx%23_Toc527385505
− 1 − 
Enquadramento 
Sendo o brincar um direito da criança, quando uma criança tem algum tipo de deficiência 
esse direito é comprometido, daí a necessidade de adaptar o brinquedo através das 
tecnologias de apoio e, a ligação feita entre todos os conceitos. 
Tendo este trabalho como principal objetivo avaliar a potencialidade de um 
brinquedo adaptado no desenvolvimento psicomotor de uma criança com multideficência, 
pretende-se proporcionar às crianças com deficiência a possibilidade de brincar e, assim 
desenvolver competências com ela relacionada. 
Este documento está organizado em dois artigos distintos, o primeiro de caráter 
teórico, dada a necessidade de melhor compreender os conceitos separadamente e, o 
segundo de caráter teórico-prático centrado no estudo elaborado. 
O primeiro artigo, de cariz teórico, revê noções essenciais para a compreensão dos 
conceitos de brincar, deficiência e tecnologias de apoio, desde os testemunhos mais 
antigos até aos mais recentes. 
O brincar define o ser humano, é extremamente importante para perceber a relação 
causa-efeito, sendo uma ação livre que ajuda o ser humano a ser sociável, justo, empático 
e não tendo um objetivo propriamente dito, torna-se difícil de definir (Ellis, 2011; Brown e 
Vaughan, 2009). 
Aprender através do brincar é uma abordagem que utilizada em tenras idades, 
promove o desenvolvimento da personalidade, estimulando funções sociais, educacionais, 
cuidados pessoais, comportamentos adaptativos e promovendo a criatividade (Ciolan, 
2013). 
Quando a criança não brinca não exercita os músculos, logo o sistema músculo-
esquelético fica afetado e, cognitivamente como não existem determinados estímulos 
também o mesmo fica comprometido (Brown, 2012). 
Como através do brincar pode obter-se uma perceção do nível de desenvolvimento 
da criança, se temos uma criança com diferentes tipos de incapacidades que não a 
permitem brincar sozinha, diminuindo as expectativas para a mesma, reduzindo assim as 
oportunidades da mesma de demonstrar o contrário (Besio e Carnesecchi, 2014). 
Behnke e Fetkovich em 1984 conseguiram perceber que as crianças com 
incapacidades tendem a ter padrões diferentes das crianças sem quaisquer incapacidades 
no que toca ao brincar. A criança com deficiência demonstra mais interesse na interação 
− 2 − 
com os pais, depois com brinquedos e por fim com os seus pares, sendo o maior desafio 
a execução de atividades (Field, Roseman, De Stefano e Koewler, 1982). Ao adaptar o 
brinquedo estará a facilitar-se a vida da criança com deficiência uma vez que, a seguir à 
família o brinquedo é aquilo com que a criança mais se identifica. 
O brinquedotorna-se um meio para aprender novos conceitos e facilitar a interação 
com o meio envolvente, simplificando a exploração e descoberta do mundo ajudando a 
criança com deficiência a transformar-se num ser humano dinâmico (Anderson, Hinojosa 
e Strauch, 1987). 
O brinquedo adaptado permite à criança com deficiência desenvolver aptidões 
funcionais, académicas e vocacionais. Serve como treino na interação com sistemas de 
comunicação alternativa/aumentativa, manipulação de cadeiras de roda elétricas, sistemas 
de controlo do meio ambiente e utilização de computadores em diferentes contextos futuros 
(Williams e Matesi, 1988). 
Quando a criança tem algum tipo de deficiência, e.g. paralisia cerebral, podem ficar 
afetadas algumas áreas, tais como, sensorial, motora, cognitiva, afetiva ou social (Oliveira, 
Paixão e Cavalcante, 2009). Estas implicações dificultam a interação com o mundo 
exterior, com os pares e qualquer outra pessoa ou objeto, o que irá comprometer o seu 
desenvolvimento típico. Ao adaptar o brinquedo está a proporcionar-se as mesmas 
oportunidades e experiências a uma criança com deficiência, que a uma criança sem 
deficiência. 
O segundo artigo, de cariz teórico-prático, foca-se na implementação do estudo, 
que ocorreu em contexto escolar, direcionado a crianças com multideficiência, em idade 
escolar e com o objetivo de avaliar o impacto do brinquedo adaptado no desenvolvimento 
psicomotor da criança. 
Após a adaptação de brinquedos, realização das atividades, entrevistas às 
docentes e técnicas, estabelecimento de objetivos adaptados a cada criança, 
preenchimento de grelhas de observação e análise quantitativa e qualitativa, foi possível 
concluir que, de uma forma geral, as quatro crianças envolvidas apresentaram melhorias 
no seu desenvolvimento, e.g. progressos a nível da concentração, comunicação, controlo 
voluntário de membros e maior destreza manual na manipulação de objetos. 
Assim deduz-se que o estudo cumpriu todas as suas metas, uma vez que se provou 
que o brinquedo teve um impacto positivo no desenvolvimento das crianças em diversas 
− 3 − 
áreas, nomeadamente na área psicomotora, existindo também áreas que não estavam a 
ser trabalhas diretamente e, que na avaliação final demonstraram melhorias. 
Como qualquer estudo feito, deparámo-nos com algumas limitações, daí a 
necessidade de reforçar as investigações na área, contudo o balanço do projeto é muito 
positivo. 
Lista de referências 
Anderson, J., Hinojosa, J. e Strauch, C. (1987). Integrating play in neurodevelopmental 
treatment. American Journal of Occupational Therapy, 41(7), 421-426. doi: 
10.5014/ajot.41.7.421 
Behnke, C. J. e Fetkovich, M. M. (1984). Examining the reliability and validity of the play 
history. American Journal of Occupational Therapy, 38(2), 94-100. doi: 
10.5014/ajot.38.2.94 
Besio, S. e Carnesecchi, M. (2014). The challenge of a research network on play for children 
with disabilities. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 146, 9-14. doi: 
10.1016/j.sbspro.2014.08.079 
Brown, F. (2012). Playwork, play deprivation, and play. American Journal of Play, 4(3), 268-
284. 
Brown, S. e Vaughan, C. (2009). Play: How it shapes the brain, opens the imagination and 
invigorates the soul. New York: Penguin Group 
Ciolan, L. E. (2013). Play to learn, learn to play. Creating better opportunities for learning in 
early childhood. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 76, 186-189. doi: 
10.1016/j.sbspro.2013.04.096 
Ellis, M. J. (2011). Why people play. Urbana, USA: Sangamore Publishing. 
Field, T., Roseman, S., De Stefano, L. J. e Koewler, J. (1982). The play of handicapped 
preschool children with handicapped and nonhandicapped peers in integrated and 
nonintegrated situations. Topics in Early Childhood Special Education, 2(3), 28-38. 
doi: 10.1177/027112148200200307 
Oliveira, A. I. A. D., Paixão, G. M. e Cavalcante, M. V. C. (2009). Brinquedos adaptados 
para crianças com Paralisia Cerebral. Revista do NUFEN, 1(1), 171-186. 
Williams, S. E. e Matesi, D. V. (1988). Therapeutic intervention with an adapted toy. 
American Journal of Occupational Therapy, 42(10), 673-676. doi: 
10.5014/ajot.42.10.673 
 
− 4 − 
 
Artigo I 
A Importância do Brincar de Crianças 
com Deficiência: Revisão da Literatura 
 
− 5 − 
I A Importância do Brincar de Crianças com 
Deficiência: Revisão da Literatura 
Resumo: 
Este artigo visa apresentar uma introdução geral ao conhecimento e promoção do brincar 
em crianças com deficiência. Assim, são discutidas diversas abordagens sobre a definição 
de brincar, a evolução do conceito ao longo do tempo e os efeitos que o brincar tem no 
desenvolvimento psicomotor da criança, a privação do brincar e as barreiras que podem 
impedir a mesma de brincar. É também abordado o conceito de deficiência e a relação 
entre a Escola e o Brincar de Crianças com Deficiência. De forma a combater a lacuna da 
incapacidade de brincar das crianças com deficiência de forma autónoma, surgem as 
Tecnologias de Apoio. Após definidas, mostra-se como podem intervir na adaptação de um 
brinquedo e contribuir para que a criança adquira novas competências, a nível, social, 
emocional, cognitivo e físico. 
Palavras-chave: Brincar, Deficiência, Brinquedo, Tecnologias de Apoio 
 
Abstract: 
This article aims to present a global vision about play of children with disabilities and its 
promotion. Thus, several approaches are discussed about what play means, the evolution 
of the concept over time, the importance of play to child’s psychomotor development, the 
play deprivation’s effects and the barriers that children with special educational needs face 
during play time. It also addresses the concept of disability and the relationship between 
the school and the play of children with disabilities. In order to promote autonomy of children 
with disabilities through play, the assistive technologies are the solution. Once defined, it’s 
presented how these technologies can make a toy more suitable for a child with some 
specific difficulties, and how it’s contributed to the child’s acquisition of new social, 
emotional, cognitive and physical´s competences. 
Keywords: Play, Disability, Toy, Assistive Technologies 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 6 − 
I. Introdução 
O brincar tem sido estudado ao longo dos anos e dada a falta de documentação recente 
sobre o assunto, surgiu a necessidade de abordar o conceito. 
Este artigo pretende relacionar diferentes abordagens de diversos autores sobre a 
definição de brincar, pretende mostrar como a sua estrutura cerebral pode ser influenciada 
quando a criança brinca, como a componente física e emocional se molda, os efeitos que 
pode trazer para o desenvolvimento psicomotor e, que traz mais tarde no bem-estar e no 
seu percurso pessoal e profissional. 
Quando não estão reunidas condições para a criança brincar, no caso concreto 
abordado no artigo, crianças com deficiência, cabe ao adulto adaptar a situação à realidade 
da criança, seja na escola, em casa ou noutro local. Ao adaptar, neste caso, o brinquedo, 
através de Tecnologias de Apoio, está a possibilitar à criança brincar de forma mais natural 
e, consequentemente permitir que a mesma aprenda com o brinquedo. Seja na área 
académica, funcional ou social, a Tecnologia de Apoio permite ao indivíduo uma 
independência que anteriormente não era possível. 
Tudo isto com o intuito de tentar perceber como é que uma criança com deficiência 
pode brincar, quando não estão reunidas condições para o fazer, perceber como é que o 
brincar pode influenciar as suas aprendizagens, utilizando no dia-a-dia o brinquedo 
adaptado, relacionando o mesmo com conceitos já conhecidos, perceber se o individuo irá 
aprender novos conceitos e capacidades. 
Posto isto, o brincar é um direito da criança, defendido pelos membros do Fundo 
das Nações Unidas para a Infância(UNICEF), através da Convenção sobre os Direitos da 
Criança (UNICEF, 1989), possui caraterísticas que incluem liberdade, liderança na 
atividade e, tudo apenas pelo prazer de brincar. Sempre que estes aspetos estão 
presentes, está a proporcionar-se uma melhoria na qualidade de vida e no 
desenvolvimento da criança. A criança pode assim ensinar e aprender a brincar com os 
seus pares (Encarnação, Ray-Kaeser, Bianquin e Besio, 2018). 
Ao imitar os comportamentos dos adultos, ao repetir movimentos, gerir emoções e 
aprender sobre o mundo, o brincar torna-se o principal ingrediente da aprendizagem na 
vida de um ser humano (Hirsh-Pasek e Golinkoff, 2013). Estando diretamente relacionados 
com o desenvolvimento académico e social. Através do brincar a criança aprende a 
respeitar regras, a ter comportamentos corretos em sociedade e relacionar-se com os 
outros. 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 7 − 
O desenvolvimento ideal da criança consegue-se incluindo o brincar, um ambiente 
seguro, oportunidades sociais e académicas enriquecedoras, evitando assim efeitos 
negativos a nível fisiológico e psicológico (Brown, 2012; Lauer, 2011). 
Ao brincar a criança constrói a sua identidade, aumentando a sua capacidade 
adaptativa tanto biologicamente como socialmente, o que por si só, a longo prazo irá fazer 
da criança um adulto com maiores níveis de autoestima, sucesso e capacidade de 
autorregulação (Neto, 2015). 
Quando uma criança não consegue brincar porque tem algum tipo de deficiência, 
cabe ao adulto o papel de acabar com as barreiras existentes (institucionais, sociais, 
físicas) e, permitir a igualdade de oportunidades. O brincar tem um papel fundamental na 
vida de todas as crianças, permite a inclusão entre pares e, possibilita à criança com 
deficiência trabalhar áreas que estão atrasadas no seu desenvolvimento. Não existindo 
brinquedos, jogos adequados a todas as crianças, cabe também ao adulto, proporcionar o 
desafio suficiente para a criança estar motivada e envolvida na atividade (Encarnação et 
al., 2018; Lynch e Moore, 2018). 
Quando os brinquedos não estão adequados, as Tecnologia de Apoio permitem à 
criança manipular o objeto sem ser necessária ajuda de uma terceira pessoa, tornando-a 
um indivíduo mais autónomo (Besio, 2018). 
I. O Brincar 
Desde os primatas, há mais de 30000 de anos, existem pinturas rupestres que demonstram 
o brincar como aquilo que se conhece hoje (Besio, 2018). 
Ao longo das últimas décadas foram existindo diversas teorias sobre o que era o 
brincar, para Brodin (1999, 2005) destacam-se três: 
− A primeira de Piaget que defendia de uma forma geral que a criança ao brincar 
estava a ser estimulada sensorialmente e, que ao repetir o processo promovia o 
seu desenvolvimento. 
− A segunda de Winnicott que dizia que os materiais com que a criança brincava eram 
ferramentas e auxiliavam o indivíduo a estabelecer relação com o mundo exterior. 
− A última teoria seria a de Vygotsky que declarava que o brincar era fundamental 
para a aprendizagem e que o adulto tinha um papel crucial nesse aspeto. Todas 
elas relacionadas umas com as outras e com pontos em comum. 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 8 − 
Brodin (2005) afirmou que para Piaget brincar, numa fase inicial, é uma atividade 
na qual a criança não carece de limitações ou regras. Numa fase mais tarde quando a 
criança brinca socialmente começa a reproduzir situações da vida real, imitando episódios 
do quotidiano e, começa a ser necessário impor algumas regras, o que contribui para a 
promoção do desenvolvimento cognitivo pois auxilia na assimilação de ideias e conceitos. 
Sendo que a imitação funciona como uma adaptação e o brincar a assimilação, assim 
quanto mais a criança brincar melhor consegue adaptar-se à realidade em que vive e 
melhor consegue lidar com os seus sentimentos. 
Para poder considerar-se que a criança está a brincar tem de haver 
espontaneidade, prazer, aparente falta de organização e existir liberdade de conflitos 
(Kernan, 2007). Apesar do brincar ainda ser visto como uma perda de tempo, é a brincar 
que a criança relaxa, gasta energias e reproduz situações desagradáveis ocorridas no 
passado para que esses sentimentos dolorosos possam tornar-se suportáveis, assim 
sendo o brincar torna-se numa forma de expressão para a criança (Piaget, 1999). 
O brincar tem presente uma multidimensionalidade que abrange uma combinação 
de funções sensoriais, mentais e neuromusculares, investigação, repetição de 
experiências, tempo e limites pessoais, isto tudo consoante o estado de desenvolvimento 
da criança (Florey, 1981). 
A Convenção dos Direitos da Criança (UNICEF, 1989) identifica que é direito da 
criança ter momentos de repouso e tempos livres, brincar e participar em atividades 
recreativas adaptadas à idade. Não discriminando de qualquer forma, nomeadamente não 
discriminar a criança por qualquer incapacidade que possa ter. Tendo em conta o superior 
interesse da criança, assegurando o desenvolvimento e tendo em consideração a opinião 
da mesma. Também está descrito que brincar é fundamental para a promoção de um 
desenvolvimento saudável, para o bem-estar, qualidade de vida, resiliência, criatividade e 
é essencial para a criança interagir com o mundo. 
Em Portugal é o Instituto de Apoio à Criança (s.d.) que desde 1983 defende e 
promove os direitos da criança, também declara que o brincar promove o desenvolvimento 
da memória, atenção, imaginação, imitação, curiosidade, autonomia, autoconfiança, 
linguagem, concentração e pensamento. Todas estas caraterísticas permitem à criança 
compreender a cultura e todo o meio em que estão inseridas permitindo um 
desenvolvimento saudável, um conhecimento de si mesmo e do outro. 
Se os direitos da criança forem respeitados, a própria transforma-se num ser 
resiliente e protagonista do seu processo de desenvolvimento, com a vontade que tem de 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 9 − 
querer saber mais torna-se construtor do conhecimento, um ser sociável e investigador 
nato graças à sua eterna curiosidade (Besio, 2018). 
Ao brincar a criança cria a sua própria cultura, definida por rotinas, valores, 
preocupações derivadas das relações estabelecidas com os seus pares (Corsaro, 2012). 
Besio e Carnesecchi em 2014 diziam similarmente que brincar é imprescindível na 
vida de uma criança e daí toda a sociedade estar dependente disso, pois é um dos fatores 
que torna os seres humanos mais sociáveis, saudáveis e inclusivos. 
Corroborando com tudo já referido, Smith e Pellegrini em 2013 defenderam que 
brincar vale por si só, isto é, o processo é mais importante do que o resultado propriamente 
dito. Caracterizando-se pela sua flexibilidade e pelo efeito positivo que tem no bem-estar 
da criança, distanciando-se da simples exploração de brinquedos, do trabalho que tem um 
determinado objetivo e, dos jogos que, por norma, são estruturados e implicam um 
vencedor implícito. 
Carlos Neto em 2015 afirmou que, para além da utilização de brinquedos, brincar é 
estar em contato com a natureza, em confronto com aventura, com o imprevisível e com 
os riscos do dia-a-dia. É dando autonomia à criança para brincar livremente que a mesma 
se torna um ser humano, saudável mentalmente e fisicamente. A criança ao procurar no 
brincar o prazer, gozo, a imprevisibilidade, a superação e gasto de energias está a 
transformar-se num indivíduo empreendedor, a aumentar as suas capacidades de 
aprendizagens escolares, harmonia familiar, a tornar a sua vida mais feliz e com melhor 
qualidade. Quanto maior for o tempo despendido no brincar, com maior atenção e 
concentração a criança irá estar nas aulas. No caso de existir falta de tempo para brincar, 
pouca liberdade para agir, pouco tempo de recreio nas escolas ou mesmo superproteçãodos pais, a criança irá ter diminuída as suas capacidades de resiliência, resolução de 
problemas, entre outras. 
Existindo uma necessidade intrínseca de brincar uma vez que traz benefícios 
imediatos e até a longo prazo, cabe aos adultos fornecer atividades livres e também 
estruturadas promovendo um ambiente estimulante, para a criança se desenvolver feliz e 
capaz de resolver problemas (Kernan, 2007). É fundamental ainda que os adultos 
respeitem o ritmo e brincar de cada criança, ponderem a potencialidade de ambientes 
diferentes e ricos em experiências, seguros e desafiantes e que providenciem alicerces 
físicos e emocionais que promovam um desenvolvimento saudável. 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 10 − 
Para que a criança se possa desenvolver de forma saudável a nível físico e 
biológico, criando mecanismos mentais próprios e de segurança emocional, a criança 
precisa de espaço e tempo para brincar espontaneamente, precisa de se sentir segura, de 
liberdade e de risco, de partilha, oportunidades para a colocar em prática a sua capacidade 
de resolução de problemas, saber estar individualmente e com os outros, necessita de 
aventura, de autocontrolo e de iniciativas diferentes dia após dia (Neto e Malho, s.d.). 
Falando em termos académicos, ao brincar a criança trabalha conceitos 
relacionados com a matemática, alfabetização e linguagem e, constrói estratégias para 
aprendizagem dos mesmos (Hirsh-Pasek e Golinkoff, 2013). Para que a criança consiga 
ser bem-sucedida é necessário que a mesma trabalhe em equipa, comunique, seja criativa 
e confiante e, que lhe sejam fornecidas experiências com conteúdo. Sendo assim é 
fundamental que a criança brinque para que possa ter um bom desempenho escolar. Seja 
no recreio ou numa sala de aula, brincar deve ser sempre o ponto fulcral da educação, 
aprender a brincar, ou brincar a aprender, é o alicerce do desenvolvimento académico e 
socioemocional do indivíduo. 
Uma criança que brinca, é uma criança motivada, consegue controlar a atividade e 
os seus resultados, consegue lidar com a realidade e interagir com os seus pares (Bulgarelli 
e Caprino, 2018). 
Enquanto brinca a criança está concentrada, sente-se feliz, intercala a realidade 
com a fantasia o que, durante a atividade, resulta num estado de alheamento do mundo 
exterior (Besio, 2018). Quando a criança brinca com os seus pares, refugia-se em conjunto, 
num mundo onde não há barreiras ou diferenças entre todos os elementos. À medida que 
a criança vai crescendo e se vai desenvolvendo, também a forma de brincar se vai 
modificando, abordando temáticas diferentes, interpretando de forma diferente o mundo e 
tornando a atividade mais complexa. Para o autor dependendo de diversos fatores, 
nomeadamente tipo de brincar, contexto em que se brinca, entre outros, pode afirmar-se 
que existe a possibilidade de a criança desenvolver capacidades psicomotoras, cognitivas, 
sociais ou emocionais enquanto brinca. 
O cérebro começa a desenvolver-se quando o indivíduo ainda se encontra dentro 
do útero materno, continua durante a infância e adolescência, e durante estes períodos, 
reúne informações do mundo exterior para criar as suas estruturas internas (Cioni e 
Sgandurra, 2013). O ambiente em que está envolvido tem a capacidade de alterar 
comportamentos da pessoa, que envolvam funções cognitivas complexas e, para além 
disso auxilia nas aprendizagens e na memória, reduzindo o declínio cognitivo. Para estes 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 11 − 
autores, ao longo de toda a sua vida o ser humano adquire novas capacidades e 
conhecimentos. A aquisição de novas capacidades envolve fatores motores, sociais, 
culturais, idade mental e cronológica e interesse da criança, podendo assim afirmar-se que 
os períodos sensíveis de aprendizagem variam de indivíduo para indivíduo. 
O desenvolvimento psicomotor é um processo dinâmico, do qual fazem parte 
algumas oscilações na aquisição de novas aprendizagens, este processo inclui áreas 
correspondentes à linguagem, ao desenvolvimento cognitivo e comportamental e à 
motricidade global e fina (Cioni e Sgandurra, 2013). 
Tendo em conta que a criança ainda não tem as suas estruturas cerebrais 
completamente formadas, é considerada como imatura, logo quando realiza uma tarefa a 
sua atenção não será a mesma de um jovem ou adulto (Pellegrini e Bjorklund, 1997), por 
exemplo ao fazer uma pausa para brincar na escola, quando a criança voltar para a sala 
de aula, o seu nível de concentração/ atenção irá melhorar e, consequentemente o seu 
nível de aprendizagem melhora também. 
Sabendo de antemão que o brincar pode ajudar a desenvolver competências 
psicomotoras e, sendo a intervenção psicomotora uma forma de ver o indivíduo de forma 
holística /integrada entre mente e corpo, integra as áreas cognitiva, emocional e física em 
diferentes contextos (Probst, Knapen, Poot e Vancampfort, 2010). A mesma procura 
promover as relações sociais, a autoconfiança, controlo do movimento, foco da atenção, 
comunicação verbal, relaxamento, trabalhando a motricidade fina e grossa, coordenação 
oculomanual, equilíbrio, perceção de tempo e espaço, interação com diversos materiais, 
resposta a estímulos, proatividade, alteração de comportamentos incorretos, aprender a 
colaborar, aprender a ser responsável, aprender a colocar-se na posição do outro, 
aprender a relaxar, ser ativo e aprender as regras básicas de comunicação. 
A intervenção psicomotora auxilia a criança utilizando as suas capacidades 
pessoais e melhorando as áreas que representam maior dificuldade, permitindo que haja 
um equilíbrio entre o corpo da criança, os outros e o meio envolvente, promovendo uma 
melhoria no desenvolvimento global e nas aprendizagens da mesma (Almeida, 2013; 
Associação Portuguesa de Psicomotricidade, s.d.). O comportamento do indivíduo é 
interpretado em diversos contextos nas diferentes áreas já mencionados e envolve 
conceitos tais como, equilíbrio postural, tonicidade, coordenação motora, noção corporal, 
estruturação espácio-temporal, lateralidade, praxia fina e global. Sendo o brincar o meio 
pelo qual a criança comunica, torna-se uma ferramenta de extrema importância na 
resolução dos problemas do indivíduo. 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
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Ao brincar a criança movimenta-se, o seu corpo torna-se uma forma de expressão, 
o que auxilia no conhecimento de si própria, do outro e do mundo exterior (Neto e Malho, 
s.d.). Através do corpo o indivíduo integra-se no mundo. Tudo isto envolve espaço e tempo, 
quanto mais a criança vivenciar momentos de brincadeira maior será o seu 
desenvolvimento corporal, mental e social. 
A privação de brincar ocorre quando a criança não tem oportunidade de brincar. 
Quando a situação se repete várias vezes, pode trazer consequências tais como, 
alterações nas estruturas cerebrais e fibras musculares, dificuldades na resolução de 
problemas e aptidões sociais, aumento de criminalidade, comportamentos agressivos, 
aumento do risco de obesidade e insegurança (Brown, 2012; Lauer, 2011). 
Podem existir diversas barreiras que impeçam a criança de brincar, tais como, 
limitações impostas por cuidadores, limitações físicas ou pessoais da criança, barreiras 
ambientais e sociais (Missiuna e Pollock, 1991). Se esses aspetos impedirem a criança de 
brincar normalmente, podem existir, tal como referido anteriormente, repercussões sociais, 
emocionais e psicológicas. 
Atualmente está a verificar-se um decréscimo tanto no tempo que as crianças 
passam a brincar em casa, como na escola e em espaços exteriores o que traz 
consequências, uma vez que ao brincar a criança desenvolve capacidades de exploração, 
adaptação, aprendizagem e regulação (Neto, 2017). Tal como referido anteriormente o 
brincar traz diversas vantagens tanto a nívelda estruturação do cérebro e mecanismos 
neuronais, como na estruturação cognitiva, desenvolvimento da linguagem, construção da 
própria imagem, adaptação física e motora. 
No caso da existência de limitações motoras, vão existir comprometimentos ao nível 
da aquisição de determinadas capacidades, cognitivas, sociais, motoras e linguísticas que 
poderiam ser adquiridas através do brincar. Contudo uma criança com uma deficiência não 
é uma criança menos motivada, daí haver a necessidade de adaptar brinquedos para que 
ambas possam vivenciar as mesmas experiências (Cook, Encarnação e Adams, 2010; 
Missiuna e Pollock, 1991; Proença, Quaresma e Vieira, 2014). 
I. Relação entre a Escola e o Brincar de Crianças com 
Deficiência 
A Convenção sobre os Direitos das pessoas com Deficiência (2009) defende que toda a 
pessoa com deficiência, seja ela qual for, tem os mesmos direitos duma pessoa sem 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
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deficiência. Exemplos desses direitos são: liberdade de expressão, liberdade de escolha, 
direito à educação, entre outros. Nesta convenção define-se pessoa com deficiência, 
qualquer ser humano que tenha uma incapacidade intelectual, física ou sensorial, 
consequentemente que a impeçam de desempenhar um papel ativo na sociedade. 
Falando mais especificamente, tal como Pereira (2008, p. 9) definiu, com base no 
trabalho de Orelove, Sobsey e Silberman (2004) e Saramago et al (2004), as crianças com 
multideficiência: 
apresentam acentuadas limitações no domínio cognitivo, associadas a limitações 
no domínio motor e/ ou no domínio sensorial (visão ou audição), e que podem ainda 
necessitar de cuidados de saúde específicos. Estas limitações impedem a interação 
natural com o ambiente, colocando em grave risco o acesso ao desenvolvimento e 
à aprendizagem. 
Souza e Batista em 2008 defendiam que crianças com incapacidades na maioria 
das vezes ficam isoladas pois, não conseguem relacionar-se com os seus pares, daí 
recorrerem ao adulto para conseguirem atingir um determinado objetivo. 
As crianças que vivenciam qualquer tipo deficiência enfrentam diversos desafios 
quando brincam tais como, dificuldade em iniciar/manter a brincadeira, entender/seguir 
regras, medo de experimentar atividades diferentes ou mais complexas e, muitas dessas 
crianças sentem-se mesmo excluídas (Besio e Stancheva-Popkostadinova, 2018). 
Tal como previsto no Decreto de Lei n.º 3/2008 pretende-se que a escola funcione 
como um sistema que garanta a equidade entre crianças com e sem incapacidades 
permanentes, possibilitando que as mesmas, sempre que necessitem, tenham o apoio 
especializado e individualizado de modo a responder às mais diversas dificuldades que 
possam surgir ao longo do seu percurso escolar, permitindo assim que exista uma 
igualdade de oportunidades para todos. A fim de conseguir ultrapassar determinadas 
barreiras e promover o sucesso de todos os alunos, as avaliações são adaptadas 
consoante o indivíduo em causa, como por exemplo o Currículo Específico Individual (CEI) 
que consiste em alterações ao currículo comum, alterando objetivos e conteúdos em 
função da criança em questão. 
A Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (2018), elaborou um 
questionário a nível nacional, onde um dos seus objetivos era obter uma estimativa do 
número de alunos com necessidades educativas especiais, nos quais estão incluídos 
alunos com deficiência e, tal como exibido na tabela 1, é possível observar que, para além 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 14 − 
de existirem cerca de 87 mil alunos referenciados com necessidades educativas especiais, 
esse número aumentou face ao ano anterior. Todas as crianças podem brincar 
independentemente do facto de ter deficiência ou não, basta para isso que os fatores 
ambientais e pessoais contribuam (Besio e Stancheva-Popkostadinova, 2018). Brincar 
pode considerar-se uma forma de inclusão, graças ao seu contexto natural, promove a 
sociabilidade, o respeito, a aceitação de diferenças, a liberdade de escolha e de 
oportunidades. Ao brincar todas as crianças partilham, imitam e testam as suas 
capacidades. Assim sejam quais forem as capacidades da criança todas têm oportunidade 
de brincar, negociar, ganhar, perder, colaborar e discutir durante a atividade. 
Tabela 1 - Crianças e alunos com Necessidades Educativas Especiais, retirado de Direção Geral de Estatísticas da 
Educação e Ciência (2018, p. 1) 
 
Mais uma vez Convenção dos Direitos da Criança (UNICEF, 1989) defende que as 
crianças com deficiência têm de ter iguais oportunidades de brincar, participar em 
atividades recreativas, desportivas e de lazer, inclusive em contexto escolar. 
Uma vez que o brincar é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da 
criança, num indivíduo que tenha algum tipo de deficiência brincar é ainda mais importante 
pois, vai auxiliar nas aprendizagens da mesma (Brodin, 1999, 2005). Tendo os mesmos 
direitos e interesses que os outros indivíduos, têm de ser fornecidas as mesmas 
oportunidades a fim de contribuir para esse progresso, adaptando brinquedos à medida 
das necessidades individuais de cada criança. De realçar que quanto mais cedo a criança 
tiver acesso a esses estímulos, maior impacto irá ter no seu desenvolvimento, 
principalmente em indivíduos com deficiência, ao terem acesso a estímulos adequados ao 
seu nível de desenvolvimento tornam-se sujeitos mais ativos. Tendo tudo isto em conta, o 
brincar em crianças com deficiência pode permitir ao profissional avaliar a mesma em 
diversos campos, pois fomenta o treino de diferentes funções e, é de extrema importância 
que seja incentivado. 
Sendo necessário cada vez mais um acompanhamento personalizado nas áreas da 
psicologia, académica, social e clínica, procurando por exemplo adaptar materiais 
curriculares (Correia e Tonini, 2012). 
Nível de Ensino/ciclo de estudos 2016/2017 2017/2018 Variação (%) 
Educação pré-escolar 3 463 3 559 3% 
Ensino Básico 65 132 58 465 5% 
 1.º Ciclo 21 214 21 246 1% 
 2.º Ciclo 17 816 18 757 5% 
 3.º Ciclo 26 102 28 282 8% 
Ensino Secundário 13 077 15 015 15% 
Total 81 672 87 039 7% 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
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Tendo em conta o aumento do número de crianças com incapacidades e, dada a 
falta de políticas públicas que apoiem esses mesmos alunos, só quando for permitida uma 
educação mais inovadora, prestando mais apoios e apoiando a criança durante todo o seu 
percurso, só assim é que tanto na educação, como na sociedade poderão ser combatidas 
as desigualdades (Rodrigues, 2014, 2018). 
Só se consegue uma educação de qualidade quando esta é uma educação 
inclusiva (Rodrigues, 2015). Para este autor uma educação que cria ambientes sociais 
idênticos ao que a criança possa experienciar no futuro, uma educação heterogénea, de 
forma estruturada e organizada, para que os alunos com dificuldades possam aprender 
com os alunos sem dificuldades e vice-versa, o que irá promover uma maior autonomia e 
inclusão social para todos. 
I. O Papel das Tecnologias de Apoio no Brincar 
As Tecnologias de Apoio são equipamentos que 
permitem ajudar e ensinar o indivíduo com algum tipo de 
incapacidade a desenvolver uma competência, 
auxiliando a pessoa a preencher a lacuna entre as suas 
capacidades e os requisitos da atividade a realizar (Cook 
e Polgar, 2012). 
No modelo de Atividade Humana (ilustrado na 
figura 1 e na figura 2) é exposta a forma como todos os 
elementos, Homem, Atividade, Tecnologia de Apoio e 
Contexto, estão interligados (Cook e Polgar, 2012). Para 
os autores, conseguir desenvolver uma tecnologia de 
apoio que consiga combater a lacuna anteriormente referida e, que ajude o indivíduo a 
realizar as atividades para as quais este necessita de apoio, tem de ser tido em conta as 
necessidadesda pessoa e as suas capacidades que, quando conjugadas irão ditar o 
sucesso na execução de determinada tarefa. 
Contexto 
Tecnologia 
de Apoio 
Atividade 
Homem 
Figura 1 – Modelo de Atividade Humana 
com Tecnologia de Apoio (traduzido de 
Cook e Polgar, 2012, p. 7) 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
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Sendo sempre necessárias informações sobre a pessoa que irá receber a 
tecnologia de apoio nomeadamente, registos médicos, nível de escolaridade obtida até à 
data, necessidades específicas do indivíduo na realização de diferentes tarefas, sendo 
para isso crucial observar o indivíduo em diversos contextos. Neste sentido, a tecnologia 
de apoio é qualquer equipamento que seja modificado/adaptado tendo como objetivo 
manter ou melhorar capacidades funcionais do individuo com deficiência (Encarnação, 
Azevedo e Londral, 2015). 
De frisar ainda que uma tecnologia de apoio pode funcionar com um indivíduo com 
determinada incapacidade e não funcionar com outro que tenha uma incapacidade 
semelhante pois as adaptações feitas são personalizadas, requerem treino na sua 
utilização e estão dependentes de fatores ambientais e pessoais, nomeadamente a 
motivação da mesma que poderá ditar o sucesso da tecnologia de apoio (Cook e Polgar, 
2012). 
Logo as tecnologias de apoio procuram satisfazer necessidades importantes na 
vida da pessoa em causa como por exemplo, na melhoria da execução de cuidados 
pessoais, estado emocional e cognitivo, melhoria na produtividade e melhorias 
socioemocionais, devendo sempre pensar no futuro fornecendo uma tecnologia de apoio 
que seja tão funcional hoje como num futuro próximo (Cook e Polgar, 2012). 
• Componente Física
• Componente Cognitiva
• Componente Emocional
• Inexperiente vs experiente
• Cuidados pessoais 
• Profissional
• Lazer
• Interface Homem/Tecnologia
• Processador
• Interface com envolvimento
• Resultado da atividade
• Contexto físico
• Social
• Cultural
• Institucional
Contexto
Tecnologia 
de Apoio
HomemAtividade
Figura 2 – Componentes do Modelo de Atividade Humana com Tecnologia de Apoio (adaptado de Cook e Polgar, 2012) 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 17 − 
Um exemplo de tecnologia de apoio são os switches/manípulos (figura 3) que 
permitem ao utilizador controlar o objeto a que está conectado, através de sinal binário 
(ativar ou desativar). O switch vai facilitar a ativação do objeto, uma vez que é versátil ao 
ponto de poder ser colocado em qualquer sítio pretendido, com um braço articulado ou 
simplesmente com velcro (Encarnação et al., 2015). 
Quando o brincar envolve a 
manipulação de objetos (e.g. 
brinquedos), torna-se um desafio 
para crianças com deficiência. 
Neste caso pode optar-se por 
switches que irão permitir à criança 
controlar o brinquedo. Todo o 
processo de adaptação do 
brinquedo tem de ir ao encontro dos 
interesses da criança e, não pode 
atrapalhar o prazer que a criança 
possa vir a tirar do brincar 
(Encarnação e Jansens, 2018). 
Sempre que uma criança com deficiência não consegue sozinha ativar, manipular, 
explorar o brinquedo, a mesma não está a usufruir do brinquedo. Por isso, no caso dos 
brinquedos com baterias integradas, o processo mais utilizado é a colocação do switch, 
que funciona como interruptor, para ligar e desligar o brinquedo sempre que a criança 
assim o desejar (Ray-Kaeser et al., 2018). 
I. Conclusão 
Apesar das dificuldades encontradas em definir o brincar, uma vez que não existe um 
consenso por ser algo tão autêntico, continua a afirmar-se tal como Piaget (1999) defendia 
que brincar é o trabalho da criança. Foi possível entender que a definição tem vindo a sofrer 
pequenas alterações ao longo dos anos, contudo o cerne da questão mantém-se, isto é tal 
como diversos autores já referidos defendem, brincar promove o desenvolvimento 
psicomotor do ser humano e, tal como Neto (2017) referiu que o brincar permite à criança 
desenvolver capacidades motoras, emocionais, cognitivas e sociais. 
Também foi possível apurar que, a brincar a criança aprende novos conceitos, 
sejam eles relacionados com matemática, português ou estudo do meio. Ao brincar a 
Figura 3 – Exemplo de um manípulo de pressão (retirado de 
Encarnação, Azevedo e Londral, 2015, subcapítulo 5.3) 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 18 − 
criança passa a gostar de aprender. Através do brincar, repetidas vezes a criança aprende 
a sentir expectativa e a influenciar o ambiente e, no que toca à criança com deficiência, 
brincar permite avaliar, tratar e treinar funções executivas, tornando-se assim numa 
ferramenta basilar. Brodin (2005) defende que existem semelhanças e diferenças no 
brincar de crianças com e sem deficiência, ressalva ainda que nas crianças com 
multideficência, o brincar baseia-se numa fase inicial no treino de determinadas funções, 
no estímulo e no auxílio que um adulto possa fornecer e, numa segunda fase no brincar 
propriamente dito. 
É importante realçar que, muitas vezes, é necessário que seja o adulto a 
proporcionar o material necessário para estimular corretamente as crianças com 
deficiência e, sobretudo estar presente nos momentos de brincadeira, proporcionando uma 
melhoria das suas funções executivas permitindo que a mesma se relacione mais 
facilmente com o exterior (Brodin, 1999). 
Já em 1976 Woodroffe e Willatt diziam que os brinquedos eram um reflexo da 
cultura da sociedade e proporcionavam às crianças oportunidades de progredir nas 
diversas etapas da sua vida. Também Brodin (1999) defendia que na última década, os 
brinquedos começaram a ter um papel crucial a nível educacional a fim de melhorar as 
aprendizagens do dia-a-dia. O brinquedo para além de ser uma ferramenta de 
aprendizagem, consegue ter a capacidade de juntar pais e filhos a brincar (Hamm, Mistrett 
e Ruffino, 2005). 
Assim como Probst e seus colaboradores em 2010 defendiam que a intervenção 
psicomotora atua em áreas cognitiva, emocional e física, concluímos que também o brincar 
promove essas mesmas competências psicomotoras. 
Tendo em conta o que Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (2018) 
apurou, quanto ao facto de o número de alunos com necessidades educativas especiais 
ter vindo a aumentar com o passar dos anos, podemos constatar que é necessário 
combater o isolamento que as crianças com incapacidades experienciam. Como Field e os 
seus colaboradores em 1982 declaravam que no indivíduo com deficiência, a seguir aos 
pais é o brinquedo que chama mais a sua atenção. 
Logo, no caso de uma criança com deficiência que não consegue brincar devido a 
uma incapacidade, através da adaptação do brinquedo consegue combater-se o 
isolamento anteriormente referido. Adaptando o brinquedo em questão através de 
tecnologias de apoio, com um simples switch, conseguimos ir de encontro aos interesses 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
− 19 − 
da criança e das suas necessidades, tal como Encarnação e Jansens (2018) já haviam 
referido. 
Sabendo que as tecnologias de apoio têm como objetivo auxiliar o indivíduo com 
qualquer tipo de incapacidade, é possível desenvolver uma competência que irá combater 
essa “falha” (Cook e Polgar, 2012). 
Quando a criança com deficiência não consegue brincar, faz todo o sentido fornecer 
um brinquedo adaptado com um switch. Tendo em mente que a principal função desta 
tecnologia de apoio é a criança conseguir brincar de forma autónoma, considera-se o 
brinquedo como tecnologia de apoio e não somente o switch. 
Sendo assim foi possível concluir que, ao adaptar um brinquedo cria-se 
oportunidades de a criança interagir com o mesmo e com outros indivíduos, promovendo 
novas aprendizagens, promovendo capacidades de autorregulação, controlo emocional, 
autoestima e criatividade. Tendoem consideração que não existem muitas ocasiões para 
a criança com deficiência brincar, uma vez que estando na escola a prioridade é aprender 
conceitos novos presentes no currículo, em terapia se trabalham questões terapêuticas em 
concreto ou, em casa onde os pais já se sentem tão esgotados que apenas se restringem 
aos cuidados básicos da criança, passando assim o brincar para segundo ou terceiro plano. 
Passa a existir uma necessidade de criar oportunidades para a criança com deficiência 
brincar, seja em que contexto for. Promovendo a inclusão, ao observar a criança, 
recolhendo toda a informação necessária, criando e adaptando materiais, criamos 
oportunidades iguais para crianças diferentes. 
Revelou-se um grande desafio encontrar referências que relacionassem os temas 
principais, Brincar, Deficiência, Brinquedo e Tecnologias de Apoio e, por este motivo é 
necessário reforçar os estudos nestas áreas e, demonstrar que quando todas relacionadas 
torna-se fundamental trabalhar para melhorar as soluções para as crianças que 
necessitam. 
Uma criança que brinca e é feliz na infância, é um adulto de sucesso (Neto, 2017). 
 
 A Importância do Brincar de Crianças com Deficiência: Revisão da Literatura 
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I. Lista de Referências 
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− 24 − 
 
Artigo II 
O Papel dos Brinquedos Adaptados na 
Aquisição de Aprendizagens em Crianças 
com Multideficiência: Estudo 
Exploratório 
− 25 − 
II O Papel dos Brinquedos Adaptados na 
Aquisição de Aprendizagens em Crianças com 
Multideficiência: Estudo Exploratório 
Resumo: 
Cada vez mais se tem falado do brincar como forma de a criança obter novos 
conhecimentos, promovendo áreas educativas e áreas do desenvolvimento psicomotor. 
Como tal, este artigo apresenta um estudo sobre o impacto do brinquedo adaptado na 
aquisição de novas aprendizagens. Esta implementação realizou-se em contexto escolar, 
teve como aliada uma abordagem psicomotora e da qual fizeram parte 4 crianças. Avaliou-
se o impacto do projeto de forma quantitativa e qualitativa, com base em entrevistas e 
grelhas de observação, recolha de dados junto das crianças, professores, auxiliares de 
ação educativa e encarregados de educação. Os principais resultados obtidos refletem 
melhorias em diversas áreas do desenvolvimento das crianças, nomeadamente, na 
comunicação, praxia global e fina, tonicidade e coordenação motora, parecendo 
demonstrar a importância do brincar na aquisição das suas aprendizagens. 
Palavras-chave: Brincar, Desenvolvimento Psicomotor, Brinquedo Adaptado 
 
Abstract: 
Play is now known for its role in promoting child’s development, both educational and 
psychomotor abilities. In face of this fact, this article presents a study about the impact of 
adapted toy in acquisition of new learning. The program in question was implemented in the 
classrooms, with a psychomotor approach and included 4 students. The impact of the 
program focuses on quantitative and qualitative form of evaluation, based on interviews and 
observational grids, data collection from children, teachers, educational assistants and 
parents. The main results reveal positive improvements in several areas of child’s 
development, such as, communication, global and fine praxis, tone and motor coordination, 
seeming to demonstrate the importance of playing in their learning. 
Keywords: Play, Psychomotor Development, Adapted Toy 
 
O Papel dos Brinquedos Adaptados na Aquisição de Aprendizagens em Crianças com 
Multideficiência: Estudo Exploratório 
− 26 − 
II. Introdução 
Para poder ter-se resultados positivos, em crianças com deficiência, provenientes do 
brincar é para isso necessário, brinquedos apropriados, intervenção junto do indivíduo, 
reforço de comportamentos desejados e treino de novos comportamentos (Malone e 
Langone, 1994). 
A seleção dos brinquedos é feita de acordo com as capacidades, interesses, 
contexto e objetivos a trabalhar na criança sendo que, optando por brinquedos mais 
reativos está a criar-se uma relação de causa efeito para servir de estímulo à criança, uma 
vez que a criança vê o resultado do comportamento incentivado (Ray-Kaeser et al., 2018). 
O mesmo autor refere ainda que deve ser tido em consideração os requisitos motores, 
sensoriais, cognitivos, percetivos, socio-emocionais e psicológicos da criança, para que os 
mesmos possam ser trabalhados. 
Observar a criança a brincar é o primeiro passo para conseguir auxiliar todo o 
processo. Torna possível compreender o comportamento da criança em diferentes 
contextos e permite recolher mais informações sobre as mesmas em caso de despiste de 
algum problema (Bulgarelli e Caprino, 2018). 
A criança quando brinca pode ou não utilizar brinquedos. Quando usa brinquedos, 
os mesmos vão aproximá-la à realidade em que vive, sendo mediadores entre a criança e 
o meio envolvente, são uma excelente ferramenta social, e de partilha (Ray-Kaeser et al., 
2018). Estabelecem ainda uma ponte entre a realidade e a representação simbólica que a 
criança faz do mundo e, através dos mesmos a criança expressa sentimentos, 
preocupações e problemas. 
É mais importante a forma como o brinquedoé utilizado do que o brinquedo em si, 
não é preciso ser complexo, ter diversas funções ou utilidades, é sim fundamental que 
permita à criança brincar, socializar e aprender com o uso do mesmo, o que no caso de 
crianças com deficiência se torna ainda mais relevante (Woodroffe e Willatt, 1976). 
Os brinquedos e jogos inclusivos tornam o brincar uma troca de experiências entre 
crianças e, transmitem ao indivíduo um sentimento de pertença à sociedade. Quando 
esses brinquedos são adaptados de forma a que todos os sujeitos com ou sem deficiência 
possam brincar, está a criar-se uma igualdade de oportunidades (Ray-Kaeser et al, 2018). 
Ao longo deste artigo iniciado com um breve enquadramento teórico sobre o tema 
abordado e, será seguido pela descrição do estudo desenvolvido com quatro crianças do 
O Papel dos Brinquedos Adaptados na Aquisição de Aprendizagens em Crianças com 
Multideficiência: Estudo Exploratório 
− 27 − 
1.º ciclo do Ensino Básico, dada a necessidade de estudar o impacto que o brinquedo 
adaptado pode ter nas aprendizagens da criança com multideficiência. 
Tendo presente o desafio de, em primeiro lugar permitir a crianças com deficiência 
brincar, perceber como isso pode influenciar o seu desenvolvimento psicomotor, após a 
recolha de todas as autorizações necessárias e a integração no ambiente das crianças. 
Foram adaptados os brinquedos, aplicando um switch que permite às crianças manipular 
os brinquedos, implementado um programa de atividades de acordo com as características 
e objetivos de aprendizagem de cada uma, e por fim avaliado o seu impacto, tendo em 
atenção algumas questões já enumeradas. 
Levando tudo em consideração, foi estabelecido contato com a professora Célia 
Sousa responsável por um projeto de adaptação de brinquedos do Instituto Politécnico de 
Leiria, com o responsável pelo agrupamento de escolas onde se ia realizar o estudo e com 
as docentes das crianças que participaram. Foram adquiridos e adaptados brinquedos, 
consoante as caraterísticas dos indivíduos e depois foram elaboradas sessões baseadas 
nos objetivos do currículo específico individual de cada criança. Após a realização de 
entrevistas a todo o pessoal docente, técnico, encarregados de educação e realização de 
todas as atividades (com recurso a gravações), registaram-se os dados que mais tarde 
foram tratados com o IBM SPSS Statistics (Statistical Package for the Social Science) na 
sua 25.ª versão de 2017 (ao longo do artigo identificado apenas como SPSS), e, daí 
analisados os resultados do projeto. 
II. Método 
II. Amostra 
A amostra do presente estudo é constituída por 4 crianças, o Dário, o João, o Manuel e o 
Nuno (nomes fictícios), com idades compreendidas entre 9 e 10 anos, no 3.º e 4.º ano de 
escolaridade do ensino básico, a frequentar uma Unidade de Multideficiência numa escola 
pública no distrito de Leiria. Todos os indivíduos frequentam sessões de Terapia da Fala, 
Terapia Ocupacional e Fisioterapia concedidas pelo CRI (Centro de Respostas Integradas 
da Administração Regional de Saúde do Centro) e pela Associação Portuguesa de 
Paralisia Cerebral. 
Os quatro alunos têm diagnósticos diferentes o que em cada caso, implica 
repercussões diferentes a nível psicomotor. 
O Papel dos Brinquedos Adaptados na Aquisição de Aprendizagens em Crianças com 
Multideficiência: Estudo Exploratório 
− 28 − 
O Dário apresenta um diagnóstico de paralisia cerebral espástica bilateral com 
epilepsia, atraso global do desenvolvimento e hipertonia generalizada. O Dário exibe 
dificuldades na comunicação e cognição, pelo que o objetivo com o mesmo foi para 
melhorar a sua capacidade reter/memorizar as informações para facilitar a aquisição de 
mecanismo de leitura, consequentemente conseguir ter a perceção da igualdade e 
diferença entre figuras e objetos. 
O João tem paralisia cerebral de forma distónica com comprometimento na 
mobilidade. Demonstra dificuldades na comunicação e cognição, nomeadamente de 
conceitos espaciais como, perto/longe, cima/baixo, ao lado/entre, para além disso também 
mostra dificuldades no cálculo, conceito numérico e uso de operações, sendo estes os 
objetivos a treinar para o mesmo. 
A paralisia cerebral define-se como uma lesão no cérebro aquando do seu 
desenvolvimento, falta de controlo de movimentos e postura tais como falar, andar, 
alteração do tónus muscular, entre outros (Baumann, 2013). Sendo do tipo distónica 
carateriza-se por variações do tónus muscular e movimentos involuntários; sendo do tipo 
espástica descreve-se com aumento do tónus muscular e paralisia de determinados 
músculos. 
O Manuel com Síndrome de West, exibe atraso global do desenvolvimento e 
demonstra um nível baixo de comportamento adaptativo. O Manuel mostra dificuldades a 
nível motor e a nível da perceção, os objetivos para o mesmo são, levantar/transportar e 
manipular objetos, seguir o trajeto do objeto, discriminar objetos luminosos e dirigir o olhar 
para a fonte sonora. A síndrome de West define-se como uma encefalopatia epilética que 
se manifesta no primeiro ano de vida, com a presença de espasmos, alterações no EEG 
(eletroencefalograma) e atraso ao nível da psicomotricidade (Zeka, Guerguri, Bejiqi, 
Retkoceri e Vuciterna, 2017). 
Por fim o Nuno diagnosticado com Síndrome Prader-Willi apresenta dificuldades 
intelectuais e desenvolvimentais, défice cognitivo e motor. Demonstra dificuldades na 
comunicação e cognição e pretende-se que sejam trabalhados objetivos como noção de 
número e aumento progressivo de vocabulário. A síndrome de Prader-Willi carateriza-se 
pela alteração do cromossoma 15, atraso cognitivo e no desenvolvimento, problemas 
comportamentais, falta de perceção de saciedade originando obesidade, tónus muscular 
diminuído, entre outros (Schongar, 2013). 
Todas as crianças são acompanhadas diariamente na sala da unidade de 
multideficiência por duas professoras e duas auxiliares de ação educativa: 
O Papel dos Brinquedos Adaptados na Aquisição de Aprendizagens em Crianças com 
Multideficiência: Estudo Exploratório 
− 29 − 
− A professora Sandra é Educadora de Infância de formação base, fez uma 
especialização em Educação Especial e tem um Mestrado em Ciências de 
Educação/ especialização em utilização pedagógica das TIC. Está na Unidade de 
Multideficiência há 6 anos e tem 25 anos de tempo de serviço no total. 
− A professora Graça tem formação de base Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, é 
licenciada em História, na área da Educação Especial tem um Mestrado em 
Reabilitação e Educação Especial. Foi a pessoa responsável por criar as duas 
Unidades de Multideficiência no agrupamento em questão (1.º ciclo em 2006, 2.º e 
3.º ciclo em 2007), que em 2008 passou a ser Unidade especializada de apoio à 
Multideficiência e Surdo cegueira congénita. Acompanha os alunos das mesmas há 
já 12 anos. Tem 32 anos de serviço em Educação Especial e 36 no total. 
− A auxiliar Isabel fez formação dada pelo Ministério da Educação e trabalha na 
Unidade desde a sua criação, há 12 anos. 
− A auxiliar Sandra é licenciada em Serviço Social, trabalha na Unidade há 4 anos. 
Durante o estudo a investigadora, também acompanhou as crianças durante as 
sessões, licenciada em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, com o 
primeiro ano de Mestrado em Reabilitação Psicomotora concluído e com outras 
experiências no que diz respeito ao acompanhamento de crianças com necessidades 
educativas especiais em contexto de sala de aula. 
II. Implementação do Estudo 
Numa primeira instância foi estabelecido contato com a professora Célia Sousa do Instituto 
Politécnico de Leiria, coordenadora do projeto “Mil brinquedos, mil sorrisos” que tem como 
principal objetivo a recolha de brinquedos, adaptação e entrega a crianças com 
multideficência. Depois de explicar em que consistia o estudo e quais eram os objetivos 
para o mesmo, a professora Célia esclareceu quais

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