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LÍQUIDOS CAVITÁRIOS OU SEROSOS PROF. DRA ELAINE CAMPANA SANCHES BORNIA (Líquido pleural, pericárdico e peritoneal ) • • • DEFINIÇÃO: As cavidades fechadas do organismo (pleural, pericárdica e peritoneal) são revestidas por duas membranas conhecidas como serosas. Uma delas reveste as paredes da cavidade (parietal) e a outra cobre os órgãos do interior da cavidade (membrana visceral). O líquido situado entre essas duas membranas recebe o nome de líquido seroso ou cavitário. MEMBRANAS SEROSAS Membrana Pleural Membrana Pericárdica Membrana Peritoneal MEMBRANAS SEROSAS • • • • FUNÇÃO DOS LÍQUIDOS SEROSOS "lubrificação" das superfícies das membranas (parietal e visceral) evitando o atrito entre membranas quando ocorre a movimentação dos órgãos (ex. movimentação dos pulmões). VOLUME NORMAL Líquido pleural: 30 mL Líquido pericárdico: 10-50 mL Líquido peritoneal: 100 mL Formação • • • Os fluidos serosos são formados como ultrafiltrados de plasma, sem que nenhum material seja adicionado pelas células mesoteliais que revestem as membranas. A produção sofre influência das pressões hidrostáticas e coloidosmótica (oncótica) dos capilares que servem a cavidade, bem como da permeabilidade capilar das membranas serosas. Perturbações dos mecanismos de formação, reabsorção e drenagem dos fluidos serosos provocam aumento de líquido entre as membranas, o que é denominado de derrame. • - - - - Principais causas de derrame: 1) Aumento da pressão hidrostática capilar Insuficiência cardíaca; Retenção hidrosalina. 2) Diminuição da pressão oncótica (casos de hipoproteinemia) Síndrome nefrótica; Cirrose hepática; Desnutrição. 3) Obstrução Linfática Tumores malígnos, Linfomas; Infecção e Inflamação; Lesão do ducto torácico. 4) Aumento da permeabilidade capilar das membranas serosas Infecções microbianas das membranas; Inflamações das membranas; Neoplasia das membranas; Formação e drenagem dos líquidos serosos Pressão hidrostática Pressão oncótica Drenagem linfática Folha parietal Folha visceral Vasos linfáticos estomas Capilares sistêmicos Capilares viscerais FORMAÇÃO: pressão hidrostática REABSORÇÃO: pressão oncótica DRENAGEM: vasos linfáticos Pressão hidrostática Pressão oncótica Drenagem linfática 1) Derrame por aumento da pressão hidrostática em capilares viscerais Exemplos: Hipertensão portal (cirrose, ICC) Hipertensão pulmonar (ICC) Líquido seroso Capilares sistêmicos Capilares viscerais Normal Anormal Pressão hidrostática Pressão oncótica Drenagem linfática Líquido seroso 2) Derrame por diminuição da pressão oncótica Exemplos: - síndrome nefrótica - desnutrição - cirrose avançada -doenças intestinais perdedoras de proteínas Capilares sistêmicos Capilares viscerais Normal Anormal Pressão hidrostática Pressão oncótica Drenagem linfática Líquido seroso 3) Derrame por obstrução linfática Exemplos: linfomas traumas Capilares sistêmicos Capilares viscerais Normal Anormal Ducto torácico: é um grande tubo linfático que se estende do abdômen ao pescoço, é o maior ducto linfático do corpo, é o responsável por coletar a maior parte da linfa e realizar a drenagem dos líquidos cavitários ou serosos. 4) Aumento da permeabilidade capilar Pode ser produzida por infecções da membrana serosa, inflamações ou neoplasias. Ex. neoplasia (mesotelioma pleural) derrame pleural. O mesotelioma que seria o tumor primário é de ocorrência rara. A maioria dos derrames malignos tem origem de tumores metastáticos Asbesto=Amianto Coleta e Manuseio da Amostra • - - - COLETA: aspiração com agulha estéril das respectivas cavidades. Toracocentese: aspiração do líquido pleural. Pericardiocentese: aspiração do líquido pericárdico. Paracentese: aspiração do líquido peritoneal ou ascítico. Coleta e Manuseio da Amostra PARÂMETROS ANALISADOS CONTAGEM DE CÉLULAS E DIFERENCIAL: frasco com anticoagulante (citrato de sódio ou EDTA) BIOQUÍMICA: frasco sem anticoagulante ou heparinizados. MICROBIOLOGIA E CITOLOGIA: frasco estéril e heparinizado ou diretamente em frascos de hemocultura. pH: seringa heparinizada mantida em gelo. - Os testes bioquímicos dos fluidos cavitários ou serosos são comparados com as concentrações plasmáticas porque tais líquidos são um ultrafiltrado do sangue, deste modo, uma amostra de sangue deve ser obtida no momento da coleta. Transudatos e Exsudatos • • A classificação geral da causa de um derrame pode ser realizada pela separação dos fluidos na categoria de transudato ou exsudato. TRANSUDATOS: Acúmulo de líquido secundário a doenças sistêmicas. (ex: Insuficiência Cardíaca Congestiva, Hipoproteinemia e Cirrose hepática). EXSUDATOS: Acúmulo de líquido devido ao acometimento direto das membranas das cavidades por processos infecciosos (tuberculose, pneumonia bacteriana e viral ou por micoplasma), neoplasias, doença inflamatória não infecciosa envolvendo a pleura (doença reumatóide ou LES)) . IMPORTÂNCIA DA DIFERENCIAÇÃO: orientar a investigação etiológica dos derrames de causa desconhecida, indicar a necessidade de outros testes laboratoriais. Diferenciação Laboratorial de Transudatos e Exsudatos. Transudatos e Exsudatos Transudato Exsudato Aspecto Límpido Turvo Relação de proteína fluido: soro < 0,5 >0,5 Relação DHL fluido:soro <0,6 >0,6 Contagem de GBs <1000/μL >1000/μL Contagem de GVs <100.000/μL >100.000/μL Coagulação espontânea Não Possível Colesterol no Líquido Pleural <45-60 mg/ml >60 mg/ml Relação de Colesterol fluido: soro <0,3 >0,3 Relação de bilirrubina fluido: soro <0,6 >0,6 • • • • Os testes que são realizados em todos os fluidos serosos incluem: avaliação do aspecto diferenciação entre transudato e exsudato Em fluídos transudatos geralmente não há necessidade de testes adicionais. Efusões de origem exsudativas são examinadas para a presença de anormalidades microbiológicas e citológicas. Testes adicionais são realizados com base em sintomas clínicos específicos e de acordo com a particularidade de cada líquido (pleural, pericárdico e peritoneal). Contagem global de Células (Geralmente realizada em câmara de Neubauer) • • Importante para fazer a diferenciação entre transudato e exsudato. Os tipos celulares que podem ser encontrados nos líquidos serosos são: Leucócitos Células mesoteliais Hemácias • • • • • Contagem global de Células Leucócitos e Células Mesoteliais: são contadas nos quatro quadrantes laterais da Câmara de Neubauer e o resultado é multiplicado pelo fator de correção para μl que é de 2,5. Amostras com elevada celularidade devem ser diluídas em solução aquosa de fucsina 0,2% na proporção de 1:20. A solução de fucsina otimiza a contagem por corar o núcleo das células e lisar as hemácias que dependendo da quantidade podem prejudicar a contagem. Se a diluição com fucsina (1:20) for utilizada o fator de conversão da câmara é multiplicado por 50 Resultado: N0 de leucócitos/μl N0 de células mesoteliais/ μl Contagem global de Células HEMÁCIAS: são contadas no quadrante central e o resultado multiplicado por 10 como fator de correção para μl. Resultado: N0 de hemácias/μl •A contagem diferencial deve ser realizada a partir de amostra centrifugada e corada com corante hematológico, a lâmina deve ser analisada para leucócitos (tipo) e outros tipos celulares, quando células com suspeita de malignidade foram encontradas, a amostra deve ser encaminhada para análise patológica. CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS 1) Líquido Pleural • É obtido através da cavidade pleural, situada entre a membrana pleural parietal da parede torácica e a membrana pleural visceral que recobre o pulmão. • • •Toracocentese: é indicada tanto para diagnóstico, como para fins terapêuticos (alívio). Colher com heparina para evitar a coagulação e uma amostra com EDTA, para citologia. Em geral é possível colher volumes elevados (100 ml ou mais). • 1.1) Aspecto A observação do aspecto do líquido pleural pode fornecer importantes informações clínicas sobre a etiologia do derrame pleural. Correlação do Aspecto do Líquido Pleural e Doenças 1) Líquido Pleural Aspecto Doença Claro/amarelo pálido Normal Turvo Infecção bacteriana (tuberculose, pneumonia) Sanguinolento Hemotórax (lesão traumática) Lesão da membrana (embolia pulmonar, tuberculose, neoplasia) Leitoso Material quiloso do ducto torácico Material pseudoquiloso de inflamação crônica Marrom Ruptura de abscesso amebiano hepático Preto Aspergilose Viscoso Mesotelioma maligno (aumento de ác. hialurônico) • - - - • • • 1.1) Aspecto Líquido pleural sanguinolento A presença de sangue no Líquido Pleural pode significar: Hemotórax (lesão traumática) Lesão da membrana (neoplasias, infecções) Aspiração traumática (pode ser diferenciada das demais por irregularidade na distribuição entre os tubos de análise). Para fazer a diferenciação entre o sangramento ocasionado por hemotórax ou lesão de membrana pode ser realizado o hematócrito do líquido pleural e do sangue. Hemotórax: hematócrito do fluido > que 50% do valor do hematócrito do sangue (o derrame está acontecendo devido ao sangramento da lesão). Lesão da membrana: hematócrito do fluido < que 50% do valor do hematócrito do sangue (além do sangue ocorre também aumento de líquido pleural porque há comprometimento da permeabilidade da membrana). 1) Líquido Pleural Distribuição homogênea de sangue 1) Líquido Pleural • - • • 1.1) Aspecto Líquido pleural leitoso Pode ser causado por: - Material quiloso: proveniente do ducto torácico. Material pseudoquiloso: produzido em condições inflamatórias crônicas das membranas pleurais. Material quiloso: altas concentrações de triglicerídeos (coloração Sudan III fortemente positiva). Material pseudoquiloso: grande concentração de colesterol, podendo aparecer também cristais de colesterol. 1) Líquido Pleural 1.1) Aspecto Diferenciação entre Derrame Pleural Quiloso e Pseudoquiloso Efusão Quilosa Efusão Pseudoquilosa Causa Lesão de ducto torácico Inflamação crônica Aspecto Leitoso/branco Leitoso/tonalidade verde Leucócitos Predominantemente linfócitos Misto de células (predomínio de neutrófilos) Cristais de colesterol Ausente Presente Triglicérides >110 mg/dL < 50 mg/dL Coloração com Sudam III Fortemente positiva Negativo/fracamente positiva • 1.2) Testes Hematológicos A contagem diferencial de células é o teste hematológico mais significativo, pois a celularidade da amostra pode dar informações importantes a respeito da causa do derrame pleural. Importância da células vistas no Líquido Pleural 1) Líquido Pleural Células Significado Neutrófilos Infecções bacterianas (Pneumonia) e derrames devido à Pancreatite e Infarto Pulmonar. Linfócitos Tuberculose, Infecção Viral, Doença Autoimune (LES, Artrite Reumatóide), Neoplasias. Células Mesoteliais (Por serem pleomórficas podem ser confundidas com linfócitos, células plasmáticas e células neoplásicas). Formas normais e reativa s não tem significado clínico. Podem estar aumentadas em pneumonias e neoplasias. Redução de células mesoteliais esta associada a tuberculose. Plasmócitos Tuberculose Células Neoplásicas Carcinoma primário (mesotelioma), Carcinoma metastático. Eosinófilos Maior que 10%: trauma que resulta na presença de ar ou de sangue (pneumotórax e hemotórax) na cavidade pleural. Em reações alérgicas e infecções parasitárias. Células mesoteliais, linfócitos e monócitos em Líquido Pleural normal (X500) Maioria são células mesoteliais, e alguns segmentados em Líquido Pleural normal (X500) Macrófago carregado de hemossiderina, indicando exsudato hemorrágico (x1000). Célula mesotelial reativa (em inflamação) em líquido seroso.Observe também a presença de eosinófilos, monócitos, neutrófilos e linfócitos. • • 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 1.2) Testes Hematológicos A principal preocupação do exame citológico diferencial em todas as efusões serosas é detectar a presença de células neoplásicas. Características das Células Neoplásicas Aumento da relação núcleo:citoplasma Cromatina nuclear irregularmente distribuída Variação no tamanho e forma dos núcleos Número e tamanho de nucléolos aumentados Nucléolos hipercromáticos Células gigantes e multinucleação Citoplasma vacuolizado Aglomerados celulares 1) Líquido Pleural 1) Líquido Pleural Células de carcinoma da mama metastático no líquido pleural, observe a presença de nucléolos (X1000) Células de adenocarcinoma no líquido pleural que demonstram vacuolização do citoplasma (X1000) - • 1.3) Testes Bioquímicos Glicose Valor de referência: 60 mg/dL Valores reduzidos são observados na tuberculose, inflamação reumatóide e infecções purulentas. Lactato Valores superiores a 90 mg/dL aparecem em infecções bacterianas. pH pH<7,0: pode indicar necessidade de drenagem da cavidade pleural além do uso do medicamento (ex. pneumonias). Um pH <6,0 : indica ruptura esofágica que está permitindo o afluxo de líquido gástrico. 1) Líquido Pleural • • • 1.3) Testes Bioquímicos Enzimas Amilase Níveis elevados estão associados a pancreatite, ruptura esofágica e em neoplasias. ADA (adenosina deaminase) Níveis acima de 40 U/L são altamente indicativos de tuberculose, como também em neoplasias. Triglicerídeos podem ser pedidos para confirmar a presença de derrame quiloso. 1) Líquido Pleural • - - - - • - - - 1.4) Testes Microbiológicos Microorganismos rotineiramente associados aos derrames pleurais: Staphylococcus aureus Enterobacteriaceae Anaeróbios (Prevotella; Bacterióides sp, Fusubacterium sp) Mycobacterium tuberculosis Dependendo do microorganismo suspeito podem ser realizadas no líquido pleural: Coloração de Gram Cultura (anaeróbios e aeróbios) Coloração para BAAR 1)Líquido Pleural • - - • - - - - 1.5) Testes Sorológicos São utilizados para diferenciar as efusões de origem imunológicas dos processos não inflamatórios. Testes de anticorpos antinucleares (FAN) Fator reumatóide Detecção de marcadores tumorais em casos de derrames de origem neoplásica: Antígeno carcinoembrionário (CEA) – câncer colorretal, gástrico, pâncreático. CA 125 (câncer uterino metastático) CA 15.3 e CA549 (câncer de mama) Cyfra 21-1 (câncer de pulmão) 1)Líquido Pleural Algorítmo de testes no Líquido Pleural Relação de proteínas fluido:soro>0,5 Relação de DHL fluido:soro>0,6 DHL no fluido > 2/3 do limite superior de referência no soro Algum Positivo Não Sim Transudato Exsudato Glicose ADA GBs/Diferencial Amilase pH ADA>40 U/L GBs/Dif. Linfócitos Neutrófilos Tuberculose Inf. bacteriana Amilase Elevada Pancreatite pH <7,0 <6,0 Possível necessidade de drenar Ruptura do esôfago Algorítmo de testes no Líquido Pleural Aspect o Sanguinolento Leitoso Hematócrito Triglicérides > 50% do valor do hematócrito do sangue Hemotórax < 50% do valor do hematócrito do sangue Lesão da Membrana Colesterol Material Quiloso Material Pseudoquiloso Lesão do Ducto Torácico Inflamação crônica 2)Líquido Pericárdico • Normalmente pequena quantidade de fluido (10-50 ml) é encontrada entre as membranas serosas do pericárdico. 2)Líquido Pericárdico • O derrame pericárdico é causado por processos infecciosos, malignos, hemorrágicos ou metabólicos. - - - Processos Infecciosos -Pericardite bacteriana Tuberculose Pericardite fungica Pericardite viral - - Processos Neoplásicos Carcinoma metastático Linfoma - - - Processos Hemorrágicos Trauma Terapia anticoagulante Extravasamento de aneurisma da aorta - - - - Processos Metabólicos Uremia Mixidema Doença reumática LES Infarto doMiocárdio Relacionados a AIDS 2.1) Aspecto 2)Líquido Pericárdico Aspecto Significado Claro, amarelo pálido Normal, transudato Turvo Infecção e neoplasia Laivos de sangue Neoplasia Macroscopicamente sanguinolenta Punção cardíaca, medicação anticoagulante Leitoso Material quiloso e pseudoquiloso 2)Líquido Pericárdico • 2.2) Coleta O líquido pericárdico é obtido por pericardiocentese (punção com agulha e seringa) ou pericardiotomia após uma toracotomia limitada. Pericardiocentese • • • 2.3) Testes Laboratoriais Exame Microscópico Contagem global de leucócitos acima de 1.000/μL são sugestivas de pericardite bacteriana, tuberculosa ou maligna. O predomínio de neutrófilos na contagem diferencial reforça a suspeita de pericardite bacteriana. A presença de células neoplásicas estão associadas a metástase de carcinoma de pulmão e mama. 2)Líquido Pericárdico 2)Líquido Pericárdico 2.3) Testes Laboratoriais Exame Microscópico Líquido Pericárdico: exsudato maligno com nucléolos hipercromáticos (X1000). • - - - - 2.3) Testes Laboratoriais Exame Bioquímico Os parâmetros bioquímicos deste líquido ainda não foram estudados no mesmo nível que os de outros líquidos e devem ser usados com precaução. Proteínas > 3g/dL: sugestivo de exsudato, porém uma relação proteína líquido/ soro > 0,5 tem maior valor discriminativo. Glicose < 40 mg/dL: sugestivo de derrames bacterianos, reumáticos ou malignos. Desidrogenase Lática (DHL) > 300 U/dL ou a relação de DHL líquido/plasma >0,6: sugestivo de exsudato. A atividade da ADA (>40 U/L): é um teste útil quando a baciloscopia em amostras suspeitas de tuberculose se mostram negativas. 2)Líquido Pericárdico • • • 2.3) Testes Laboratoriais Exame Microbiológico Culturas bacterianas e coloração de Gram são realizadas em fluidos concentrados quando se suspeita de endocardite ou pericardite (sensibilidade de 50 a 80%). As infecções são, em geral, causadas por infecções respiratórias prévias, incluindo, Haemophilus, Streptococcus, Staphylococcus e adenovírus. Os derrames pericárdicos de origem tuberculosa estão aumentando devido a AIDS, deste modo coloração para BAAR (sensibilidade de 50%) e teste de adenosina deaminase (ADA) são frequentemente solicitados em derrames pericárdicos de pacientes com HIV. 2)Líquido Pericárdico • • • O acúmulo de líquidos entre as membranas do peritôneo é chamado de ascite, e o fluido é, normalmente, referido como fluido ascítico em vez de líquido peritoneal. A cavidade peritoneal pode conter em torno de 100 ml de líquido. Como os líquidos pleural e pericárdico, o líquido ascítico é produzido como um ultrafiltrado do plasma. 3)Líquido Peritoneal • Causas de Efusões Peritoniais 3)Líquido Peritoneal - - - Transudatos: pressão hidrostática aumentada ou pressão oncótica plasmática reduzida. ICC Cirrose hepática Hipoproteinemia (ex. Síndrome Nefrótica) • - - - • - - - - • • • Exsudatos: permeabilidade capilar das membranas aumentada ou reabsorção linfática reduzida. Infecções: Tuberculose Peritonite bacteriana primária Peritonite bacteriana secundária (ex. ruptura de apêndice; perfuração intestinal). Neoplasias: Hepatoma Carcinoma metastático Linfoma Mesotelioma Trauma Pancreatite Peritonite por rompimento da bile • Efusões Quilosas: Dano ou obstrução ao ducto torácico (ex. trauma, linfoma, carcinoma, tuberculose, infestação parasitária). • • • • TRANSUDATOS X EXSUDATOS Os critérios laboratoriais para dividir líquidos ascíticos em transudatos e exsudatos, não estão bem definidos como para o líquido pleural. O gradiente de albumina soro:ascite (GASA) é o mais recomendado para transudatos de origem hepática. A concentração de albumina é medida simultaneamente no soro e no fluido; o nível de albumina do soro é, então, subtraído do nível de albumina do fluido. A diferença (gradiente) de 1,1 ou maior sugere uma efusão transudato de origem hepática, e gradientes menores estão associados com efusões exsudativas. 3)Líquido Peritoneal Exemplo: Albumina no soro = 3,8 mg/dL Albumina no soro = 3,8 mg/dL Albumina no fluido = 1,2 mg/dL Albumina no fluido = 3,0 mg/dL Gradiente = 2,6 Gradiente = 0,8 Transudato Exsudato • • • • 3.1) Coleta da amostra Paracentese É realizada na maioria dos pacientes com ascite recente, ou quando ocorre uma mudança no quadro clínico do paciente com ascite (aumento rápido do volume e febre). Para um exame de rotina são necessários 30 ml e pelo menos 100 ml para um diagnóstico citológico. Para a contagem de células: colher em tubo com EDTA. Para cultura: colher em frasco de hemocultura. 3)Líquido Peritoneal 3.2) Aspecto 3)Líquido Peritoneal Aspecto Significado Claro, amarelo pálido Normal Turvo Infecção bacteriana Verde Doença da vesícula, pâncreas Laivos de sangue Trauma, infecção ou neoplasia Leitoso Trauma e obstrução linfática Lavado peritoneal * > 100.000 GVs/μl indica lesão traumática, contusão. * A salina pode ser introduzida na cavidade peritoneal para lavagem e detecção de lesões abdominais que ainda não resultaram em acúmulo de líquido. * O lavado peritoneal é um teste sensível para a detecção de sangramento intra-abdominal nos casos de contusão, e os resultados da contagem de GVs podem ser utilizados, juntamente com procedimentos radiográficos. 3)Líquido Peritoneal • - • • • 3.3) Testes Laboratoriais Exame Citológico A contagem diferencial de leucócitos é útil na distinção da ascite produzida por cirrose da causada por uma peritonite bacteriana (migração de bactérias do intestino para o líquido ascítico). Contagem Global de GBs: Líquido ascítico normal: < 500 GBs/μl Peritonite Bacteriana ou Cirrose: > 500 GBs/μl Contagem diferencial Peritonite bacteriana: quando os neutrófilos representam mais de 50 % da contagem global dos GBs. Cirrose: neutrófilos representam menos que 50% da contagem global dos GBs. Linfócitos são as células predominantes na tuberculose. 3)Líquido Peritoneal • • • 3.3) Testes Laboratoriais Exame Citológico Neoplasia As neoplasias mais comuns são de origem gastrointestinal, próstata ou ovário (células vacuolizadas). A medida de marcadores tumorais CEA (câncer gastrointestinal) e CA 125 (câncer ovariano) é valiosa para identificar a fonte primária dos tumores produtores de ascite exsudativa. A presença do antígeno CA 125 com CEA negativo sugere que a fonte seja ovários, trompas ou endométrio. Células de carcinoma de colon com vacúolos de mucina e irregularidades nucleares. Carcinoma ovariano, que mostra limites comunitários, irregularidade nuclear e nucléolos hipercromáticos. 3)Líquido Peritoneal • • • 3.3) Testes Laboratoriais Exame Citológico Linfócitos são as células predominantes na tuberculose. Macrófagos podem também estar presentes. Microorganismos como bactérias, leveduras e Toxoplasma gondii podem, também estar presentes. Fungos que gemulam no líquido peritoneal Líquido peritoneal: macrófagos • - - - 3.3) Testes Laboratoriais Exame Bioquímico Consiste basicamente na análise de glicose, amilase e fosfatase alcalina. - Glicose: abaixo dos níveis séricos na peritonite bacteriana, tuberculosa e neoplasias. Amilase: aumentada em casos de pancreatite e perfurações gastrointestinais. Fosfatase Alcalina: elevada em casos de perfuração intestinal. Medidas de nitrogênio ureico e creatinina no líquido ascítico são solicitados quando ruptura vesical ou punção acidental da bexiga ocorrem durante a paracentese. 3)Líquido Peritoneal - - - • • • 3.3) Testes LaboratoriaisExame Microbiológico Coloração pelo Gram e Culturas Bacterianas para aeróbios e anaeróbios são realizadas quando existe suspeita de peritonite bacteriana. A inoculação de líquido ascítico em garrafas de hemocultura à beira do leito aumenta a recuperação de anaeróbios. Na suspeita de tuberculose: Coloração de Ziehl Neelsen (BAAR) Cultura para Mycobacterium tuberculosis Adenosina deaminase (ADA) 3)Líquido Peritoneal Exercícios 1) a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) O principal propósito do fluido seroso é: Remoção de produtos residuais Abaixar a pressão capilar Lubrificação de membranas serosas Nutrição da membranas serosas 2) A membrana que recobre a parede de uma cavidade é: Visceral Peritoneal Pleural Parietal 3) A produção de fluido seroso é controlada por: Pressão oncótica capilar Pressão hidrostática capilar Permeabilidade capilar Todas as anteriores Exercícios a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) 4) O aumento na quantidade de fluido seroso é chamado de: Exsudato Transudato Efusão Mesotelioma 5) O líquido pleural é coletado por: Pleurocentese Paracentese Pericentese Toracocentese 6) As relações proteína e desidrogenase láctica entre fluido e soro são calculadas em fluidos serosos: Quando se suspeita de neoplasia Para classificar transudato e exsudato Para determinar o tipo de fluido seroso Quando ocorre punção traumática Exercícios A) B) 7) Coloque as letras à frente das seguintes afirmações que descrevem transudatos e exsudatos. Transudato Exsudato ____Causada pelo aumento da permeabilidade capilar ____Causada pelo aumento da pressão hidrostática ____Causada pela diminuição da pressão oncótica ____Causada por insuficiência cardíaca congestiva ____Relacionado à neoplasia ____Relacionado à tuberculose ____Relacionado à síndrome nefrótica ____ Aspecto turvo Exercícios a) 8) Qual da opções a seguir melhor representa o hemotórax? Hematócrito sangue: 42 Hematócrito fluido: 15 b) Hematócrito sangue: 42 Hematócrito fluido: 10 c) Hematócrito sangue: 30 Hematócrito fluido: 10 d) Hematócrito sangue: 30 Hematócrito fluido: 20 Exercícios a) b) c) d) a) b) c) d) 9) Outro nome para efusão peritoneal é: Peritonite Lavagem Ascite Cirrose 10) Qual é o teste recomendado para determinar se um líquido peritoneal é transudato ou exsudato? Relação albumina fluido:soro Gradiente de albumina soro:ascite Relação de desidrogenase láctica fluido:soro Contagem absoluta de neutrófilos REFERÊNCIAS • • HENRY,John Bernard; BIANCO, Andrea, trad. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. São Paulo: Manole, 21o ed., 2012. STRASINGER, Susan King; DI LORENZO, Marjorie Schaub. Urinálise e fluidos corporais. São Paulo, SP. Livraria Médica Paulista, 2009.
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