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TRATAMENTO CONSERVADOR DA POLPA É a manutenção total ou em parte da polpa dentária, objetivando manter a integridade da polpa remanescente. O tecido pulpar remanescente é protegido por um material capeador que preserve sua vitalidade, estimulando o processo de reparo e a formação de tecido mineralizado sobre o mesmo, mantendo o tecido pulpar com estrutura e função normais Devemos considerar: • Diagnóstico do estado de saúde pulpar (não pode ser irreversível) • Capacidade de resposta pulpar (idade) • Estrutura coronária remanescente (uso de pino radicular contraindica) • Estágio de rizogênese • Área pulpar envolvida (menor exposição maior chance de sucesso) • Contaminação por microrganismos Complexo dentino-pulpar • INTEGRAÇÃO POLPA-DENTINA: Prolongamentos dos odontoblastos no interior dos túbulos dentinários • Agentes agressores: físicos, químicos e biológicos • Idade do paciente: alterações fisiológicas reduzem sua capacidade de resposta (menor volume pulpar, menos células e mais fibras). • Independentemente de sua natureza, o fator irritante provoca reações defensivas, indo desde a esclerose dentinária e a formação de dentina reacional/reparadora até a inflamação pulpar e sua necrose. Tipos de tratamento TRATAMENTO ENDODÔNTICO RADICAL→Exceto rizogênese incompleta • Pulpite irreversível sintomática • Pulpite irreversível assintomática • Necrose pulpar TRATAMENTO CONSERVADOR DA POLPA • Polpa saudável • Pulpite reversível →Deve ter: • Com consistência (corpo) • Com resistência ao corte • Hemorragia suave • Sangramento vermelho-vivo Materiais capeadores Capacidade de induzir a formação de barreiras de tecido mineralizado Hidróxido de cálcio Forma uma dentina osteoíde após 30-60 dias após o tratamento. O aumento do PH e dissociação de íons CA e OH, gera uma desnaturação proteica superficial (necrose pulpar devido a alcalinidade), a interação do CO2 e Ca forma CaCO2 em grânulos que induz odontoblastos. • Cimento de hidróxido de cálcio • Pasta de hidróxido de cálcio • Hidróxido de cálcio em pó p. a. (pró-análise) Desvantagens: • Não apresenta boa capacidade de selamento: infiltração coronária • Análise histológica: barreiras porosas e incompletas Agregado trióxido mineral (MTA) • Cimento de Portland: (mistura de silicato dicálcico, silicato tricálcico, aluminato tricálcico, aluminoferrita tetracálcico e sulfato de cálcio dihidratado - gesso) + Radiopacificador (originalmente: óxido de bismuto, responsável pelo escurecimento dentário) → igual ao de construção • Pó alcalino formado por finas partículas hidrofílicas. Ao ser hidratado, origina hidróxido de cálcio, tendo um efeito biológico semelhante sobre o tecido pulpar → Considerado o “padrão-ouro” entre os materiais capeadores. • A habilidade seladora do MTA tem sido relacionada a maiores percentuais clínicos de sucesso nos tratamentos conservadores Desvantagens: • Consistência arenosa (difícil manipulação) • Potencial de escurecimento dentário • Custo elevado O novo MTA REpair HP tem maior plasticidade e substitui o radiopacificador →Alteração no radiopatizante: tungstato de cálcio →Adição de cloreto de cálcio: melhora a manipulação (plasticidade) MATERIAIS BIOCERÂMICOS • Cimentos à base de silicato de cálcio • Exemplo: biodente • Boa consistência e formulação pronta para o uso • Custo elevado • Tomam presa com a umidade dos túbulos • Efeito biológico semelhante ao MTA, tem menor escurecimento dentário e melhor consistência comparando ao MTA Capeamento pulpar indireto: Consiste na aplicação, sobre a dentina, de materiais que visam proteger o tecido pulpar, em cavidades profundas sem exposição pulpar. Quando realizar: • Cavidades profundas, próximas ao teto da câmara pulpar onde não há exposição pulpar (camada sadia de tecido dentinário protegendo a polpa); • Fratura da coroa sem exposição pulpar (traumatismo dentário); • Polpas jovens, sadias e assintomáticas ou quando há inflamação reversível, ou seja, quando não há dor espontânea. • 1,1 mm ou mais - Processo inflamatório pulpar ausente ou insignificante • 0,5 mm ou menos - Processo inflamatório pulpar mais avançado • Estima o grão do dano de sofrimento no tecido pulpar Qual material aplicar? • Forrador: cimento de hidróxido de cálcio • Base: cimento de ionômero de vidro • Material restaurador: resina composta ou amálgama TRATAMENTO EXPECTANTE • Indicado em lesões profundas com risco de exposição pulpar • Pacientes jovens, com lesões de cárie aguda e rápida evolução • Duas etapas • Remoção parcial de tecido cariado (dentina afetada) Objetivos: • Bloquear a penetração de agentes irritantes que podem atingir a polpa através da lesão cariosa; • Interromper o aporte de nutrientes dos fluidos bucais às bactérias remanescentes no assoalho da cavidade; • Inativar tais bactérias pela ação bactericida ou bacteriostática dos materiais odontológicos; • Remineralizar a dentina “afetada" remanescente no assoalho da cavidade; • Hipermineralizar a dentina sadia subjacente; • Estimular a formação de dentina terciária. Passo a passo: • Anamnese e diagnóstico clínico-radiográfico da condição pulpar; • Anestesia e isolamento absoluto; • Remoção do tecido cariado com colher de dentina e broca esférica em BR; • Limpeza da cavidade com bolinhas de algodão embebidas em água de cal; • Aplicação de cimento de hidróxido de cálcio; • Selamento da cavidade para impedir a infiltração marginal (OZE ou CIV). Segunda sessão • Após 45 a 60 dias, repetir os testes clínicos e o exame radiográfico; • Remove-se a restauração temporária (após anestesia/isolamento); • Inspeção do assoalho e complementação da remoção da dentina não remineralizada (colher de dentina ou brocas esféricas em BR); • O assoalho deve estar seco, sem exposição pulpar e resistente à escavação; • Restaura-se o dente com os critérios de proteção para cavidade profunda (cimento de hidróxido de cálcio + CIV + material restaurador definitivo). Capeamento pulpar direto É a aplicação, sobre a dentina e a polpa, de materiais que visam proteger o tecido pulpar, em cavidades profundas com exposição pulpar de pequena amplitude e livre de infecção Indicações: • Exposição acidental pequena durante o preparo cavitário; • Fraturas da coroa, com exposição pulpar pequena (24h); • Polpas jovens, sadias e assintomáticas; • Paciente não relatou sintomatologia espontânea; • Clinicamente a polpa mostra-se com uma coloração vermelho vivo. Contraindicação: Exposição pulpar por cárie→ contaminação maior e menor chance de sucesso Materiais indicados Hidróxido de cálcio p.a. (pó ou pasta, cimento não é indicado) Agregado trióxido mineral (mta) cimentos biocerâmicos (MTA→ CIV→ RC) Passo a passo: • Limpeza da região com água de cal/soro fisiológico • Aplicar o material (pó de CaOH) • Cimento dical • CIV • Resina Curetagem pulpar/pulpotomia parcial É a remoção parcial da polpa coronária contígua à lesão de cárie, seguida da aplicação de materiais que visam proteger o tecido pulpar, em cavidades profundas com exposição pulpar de média amplitude e possível infecção superficial. Indicações: • Exposição acidental de média amplitude durante o preparo cavitário; • Fraturas da coroa, com exposição pulpar de média amplitude (24h); • Polpas jovens, sadias, assintomáticas, com boa capacidade reacional; • Clinicamente a polpa mostra-se com uma coloração vermelho vivo. →Clinicamente não é possível avaliar a intensidade e a extensão do processo inflamatório da polpa, no momento de receber o tratamento conservador, então maior segurança é fornecida pela remoção total da polpa coronária, por meio da pulpotomia Pulpotomia É a remoção de toda a polpa coronária mantendo-se a integridade do(s) filete(s) da polpa radicular. Haverá a formaçãode uma barreira de tecido duro que irá proteger a polpa isenta de inflamação. Indicações: • Dentes com rizogênese incompleta (pulpites reversíveis e irreversíveis, em polpa vital para manter a bainha epitelial de hertwng); → apicigênese • Fraturas da coroa, com exposição pulpar (mais de 24h); • Dentes com destruição coronária, mas sem necessidade de pino intracanal. • Uma indicação importante da pulpotomia está relacionada ao seu alcance social, em situações onde o tratamento conservador é a única opção de manter o órgão dental em boca, sem chance de fazer o TE radical TÉCNICA IMEDIATA→ Realizada em 1 sessão, aplica-se o material capeador imediatamente. • ANESTESIA (evitar intrapulpar) • ISOLAMENTO DO CAMPO OPERATÓRIO (absoluto preferencialmente) • ABERTURA CORONÁRIA • REMOÇÃO DA POLPA CORONÁRIA • HEMOSTASIA- irrigação abundante (soro fisiológico/água de cal) • APLICAÇÃO DE OTOSPORIN (5 a 10 min) • APLICAÇÃO DO MATERIAL CAPEADOR (HC, MTA OU BIOCERÂMICO) • SELAMENTO PROVISÓRIO OU DEFINITIVO TÉCNICA MEDIATA→Realizada em 2 sessões, aplica-se Otosporin (48h) e depois o material capeador. 1ª SESSÃO: - Anestesia (evitar intrapulpar) - Isolamento do campo operatório (absoluto preferencialmente) - Abertura coronária - Remoção da polpa coronária - Hemostasia (soro fisiológico/água de cal) - Curativo de demora em bolinha de algodão (Otosporin - 48h) - Pode usar guta-percha para segurar o algodão protegido da broca - Selamento provisório 2ª SESSÃO: - Anestesia (evitar intrapulpar) - Isolamento do campo operatório (absoluto preferencialmente) - Remoção do selamento provisório - Irrigação (soro fisiológico/água de cal) - Aplicação do material capeador (HC, MTA OU BIOCERÂMICO) - Selamento provisório ou definitivo Como avaliar: • Após a técnica de pulpotomia, a resposta ao teste de sensibilidade pulpar geralmente é NEGATIVA, pela ausência da polpa coronária, mas isso não indica insucesso do tratamento. • Ausência de dor provocada ou espontânea; • Ausência de fístula ou edema; • Complementação radicular nos casos de rizogênese incompleta; • Ausência de processo inflamatório apical visível ao RX. Possíveis sequelas • Calcificação distrófica da polpa • Reabsorção interna • Necrose pulpar
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