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Revisão Bibliográfica: Consumo de Refrigerantes Associado à Obesidade. Literature Review: Consumption of Soft Drinks Linked to Obesity. Thalita Hanna Teixeira Ribeiro1, Tâmires Gomes de Albuquerque1, Deysyane Lopes da Silva1, Kalisa Cristian da Silva Oliveira1, Nilcielen Filgueiras1, Valdelúcia de Souza Mendes1 e Rozilaine Redi Lago2 1Discentes da Universidade Federal do Acre – UFAC, Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva, Rio Branco – AC, Brasil. 2Docente da Universidade Federal do Acre – UFAC, Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva, Rio Branco – AC, Brasil. RESUMO OBJETIVOS: Descrever o consumo excessivo do refrigerante, e sua associação com doenças crônicas não transmissíveis. FONTE DE DADOS: Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed, entre outras. RESULTADOS: Diversos estudos relatam o aumento do consumo de refrigerantes na população em geral, com importante crescimento entre a população brasileira. A preferência das pessoas, começando pelos adultos (pais), as propagandas e o sabor marcante e agradável são alguns aspectos que contribuem para o início precoce do consumo destas na infância, sua perpetuação na adolescência e fase adulta. Este tipo de hábito alimentar acompanha o modelo globalizado de alimentação fast food, o qual tem sido apontado como importante fator de risco para obesidade e doenças cardiovasculares, dentre outros problemas de saúde. CONCLUSÃO: Diversas evidências apontam para a necessidade de reduzir a proporção do consumo de refrigerantes entre crianças e adolescentes, diante dos potenciais danos à saúde gerados precocemente nessas fases de vida. Estratégias educativas operadas no espaço da família e da escola podem contribuir para a prevenção deste problema. Palavras Chave: Obesidade, Adolescente, Refrigerantes. ABSTRACT OBJECTIVES: To describe the excessive consumption of soda and its association with chronic diseases. DATA SOURCES: Scielo, Virtual Health Library, PubMed, among others. RESULTS: Several studies have reported increased consumption of soft drinks in the general population, with significant growth among the Brazilian population. The preference of the people, starting with the adults (parents), advertisements and remarkable flavor and pleasant are some aspects that contribute to the consumption of these early childhood, its perpetuation in adolescence and adulthood. This type of eating habit model comes with globalized supply fast food, which has been considered an important risk factor for obesity and cardiovascular diseases, among other health problems. CONCLUSION: Much evidence points to the need to reduce the proportion of soft drink consumption among children and adolescents, given the potential health damage generated in these early stages of life. Educational strategies operated within the family and school may contribute to preventing this problem. Keywords: Obesity, Teen, Soft Drinks. INTRODUÇÃO Uma das conseqüências do processo de globalização e urbanização acelerada, vivida mais intensamente nos países de baixas e médias rendas, é a modificação dos padrões alimentares das populações. Tais mudanças podem ser traduzidas pela substituição gradual do consumo de alimentos in natura e minimamente processados por alimentos industrializados e altamente processados. O aumento do consumo desse tipo de alimentos associa-se diretamente ao perfil de morbidade e mortalidade que acomete a população mundial, em especial à pandemia de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis. 1 O consumo de refrigerantes vem aumentando no Brasil nos últimos anos. A Pesquisa de Orçamento Familiar - POF de 2002-2003 aponta que, entre os anos de 1975 e 2003, a aquisição per capita de refrigerantes aumentou de 1,29 para 7,65L, o que equivale a 490% de crescimento. O consumo de refrigerantes por crianças e adolescentes é influenciado, principalmente, pelo sabor do produto, além do consumo pelos pais, que se torna modelo para os jovens. 2 A obesidade na adolescência tende a persistir na idade adulta e está associada a graves complicações de saúde. Entre os fatores associados ao aumento da obesidade em crianças e adolescentes, o consumo de bebidas açucaradas tem sido bastante estudado na literatura internacional, com várias pesquisas indicando uma associação positiva entre consumo destas bebidas e ganho de peso. No Brasil, os dados mais recentes da POF 2002-2003 revelaram que o consumo de refrigerantes aumentou em até 400%, na população, no período de 1975-2003. Apesar de esses dados serem preocupantes, a associação entre consumo de bebidas açucaradas e obesidade na adolescência tem sido pouca explorada no país. 3 Estudos indicam que os segmentos de renda mais alta tendem a estabelecer uma relação diferenciada com a alimentação no sentido de valorizar a escolha de alimentos in natura, associada a uma dieta mais saudável4, seja por um nível educacional mais elevado deste grupo populacional ou por uma maior preocupação com beleza e estética. Nestes termos, o consumo de frutas e vegetais na população brasileira é significativamente maior nos segmentos de mais alta renda. 5 As políticas de promoção à saúde incluem diversos componentes referentes à qualidade de vida como: a alimentação saudável e sua relação com as escolhas dos indivíduos, o fornecimento de alimentos em quantidade e qualidade adequadas para todos, incluindo o cuidado com o fortalecimento de alimentos saudáveis e a importância da informação sobre alimentação e nutrição para todos, facilitando a escolha dos alimentos. Portanto, são necessárias ações para a promoção da alimentação saudável e acredita-se que o uso de guias alimentares como a Pirâmide dos Alimentos é adequado, visto que se trata de um instrumento que se baseia nas necessidades nutricionais específicas do adolescente, respeitando-se o número de porções segundo idade, gênero e nível de atividade física, de acordo com a individualidade de cada um. Sendo assim, este estudo tem por objetivo, informar descrever o consumo excessivo do refrigerante, e sua associação com doenças crônicas não transmissíveis. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica com o tema na área de segurança alimentar, mais especificamente voltado para a questão do consumo de refrigerantes entre jovens, na dimensão das estratégias de intervenção. Para realização deste artigo usamos a revisão de literatura camuflada junto a diretórios de pesquisas contendo trabalhos indexados, disponíveis para visualização, de acordo com as seguintes bases de dados: Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed, entre outras. Foram selecionados para esta revisão as publicações que se coadunavam com o objetivo estabelecido pelas autoras. RESULTADOS O mercado brasileiro de refrigerantes é o terceiro em nível mundial, com um consumo de 11 bilhões de litros em 1998, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes de Bebidas Não-Alcoólicas (ABIR) Apresenta um amplo potencial de crescimento, em função do baixo volume de consumo per capita se comparado aos E. U. A e México, países que possuem as maiores demandas de refrigerantes do mundo.6 Segundo a ABIR, “o refrigerante é uma bebida industrializada, não alcoólica, carbonatada, adicionada de aromas, com alto poder refrescante”. Uma lata de refrigerante do tipo cola contém cerca de sete a nove colheres de sopa de açúcar. Daí pode-se dizer que os refrigerantes fornecem calorias vazias, sem qualquer valor nutritivo.2 O decreto nº 2.314, de 4 de setembro de 1997, regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre padronização, classificação, registro, inspeção, produção e fiscalização de bebidas.7 No Brasil, dados de pesquisas nacionais identificaram uma tendência de aumento na prevalência de sobrepeso entre crianças e adolescentes. O inquérito mais recente mostrou que o sobrepeso entre os adolescentes brasileirostriplicou desde 1980, alcançando 17% em 2003.3 A adolescência é uma fase caracterizada por diversas mudanças biológicas, psicológicas e sociais que podem interferir no consumo alimentar. Os estudos sobre alimentação dos adolescentes mostram a inadequação alimentar com excessos de açúcares e gorduras, marcados muitas vezes pela preferência e não pela disponibilidade de alimentos saudáveis. 8 Os adolescentes constituem um grupo nutricionalmente vulnerável, considerando-se suas necessidades nutricionais aumentadas, seu padrão alimentar e estilo de vida, e sua suscetibilidade às influências ambientais. Portanto, acredita-se que o acesso a informações sobre alimentação e nutrição e o monitoramento do consumo alimentar são importantes para a identificação de um comportamento de risco, bem como para garantir o pleno potencial de crescimento e desenvolvimento dos adolescentes. Entre os principais temas polêmicos encontrados no estudo da alimentação do ser humano, um dos mais controversos é o uso do refrigerante por crianças e adolescentes. Nunca, provavelmente, houve tanta discussão entre pediatras, nutricionistas, nutrólogos e outros profissionais da saúde sobre um produto que, seguramente, é de grande aceitação entre os consumidores.9 Os principais períodos de risco associados ao incremento agudo de consumo de lanches, alimentos gordurosos e refrigerantes são a infância, especialmente nos escolares e a adolescência. No entanto, refrigerantes são consumidos em todas as faixas etárias em todo o mundo, sendo que a porcentagem do consumo varia com a idade e o sexo. Dados do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos apontam que 33% do consumo de açúcar provêm de refrigerantes. 9 Segundo CARMO10, dados da USDA (United States Department of Agriculture – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostrou um aumento de consumo de refrigerantes acima de 500% nos últimos 50 anos, atualmente, metade dos americanos e a maioria dos adolescentes consomem refrigerantes diariamente. O uso universalizado dos refrigerantes mostra a aceitação globalizada dessa bebida composta na maior parte das vezes por uma pequena proporção de extrato vegetal ou suco de frutas, gaseificada artificialmente, diluída em água adoçada por açúcar ou edulcorantes. As famílias brasileiras apresentam alto consumo de alimentos ricos em açúcar, principalmente refrigerantes, pouca ingestão de frutas e hortaliças e aumento do número de refeições feitas fora do domicílio.11 Com a inserção na universidade, os jovens oriundos de famílias estruturadas podem sentir dificuldades em prover sua própria alimentação sem a orientação da autoridade parental, pois são influenciados por diversos fatores como novas relações sociais, estresse, instabilidade psicossocial, modismos dietéticos, omissão de refeições, consumo de Fast Food, consumo de álcool e cigarros. 12,13,14 DISCUSSÃO Diversos estudos científicos relacionam o alto consumo de refrigerante ao ganho de peso, o que leva as pessoas a desenvolverem doenças crônicas não transmissíveis. Há autores que defendem a idéia de que, as faixas etárias que são mais propícias a desenvolverem as doenças crônicas, relacionadas ao consumo de refrigerante, são na infância e na adolescência, principalmente entre 15 e 17 anos de idade. Um dos motivos desta facilidade de desenvolverem essas doenças está relacionado à preferência por alimentos industrializados, deixando os hábitos de uma alimentação saudável. Outros motivos que se devem levar em conta, são as condições socioeconômicas, a influência pelos pais ao levarem o produto para dentro da própria residência, de amigos e pela facilidade de acesso ao consumo de refrigerantes, como em escolas, por exemplo. Contudo, apesar das escolas oferecerem alimentação saudável para as crianças e adolescentes, os mesmos preferem pizzas, batata frita, salgados, refrigerantes, enfim, alimentos industrializados, alimentos origem animal e alimentos ricos em gordura e açucares. Estudos mostram que o consumo de refrigerantes por adolescentes aumenta em 1,6 vezes as chances de uma criança ficar obesa, para cada lata ou copo de refrigerante açucarado. Por esta razão, é recomendado que os pais ou responsáveis fiquem atentos ao acesso irrestrito de crianças ao estoque de refrigerantes dentro de casa e às compras em cantinas escolares. Outros autores apontam que hábitos inadequados na infância e na adolescência, podem ser fatores de risco para doenças crônicas na fase adulta. CONCLUSÃO Na busca por hábitos saudáveis a família e a escola têm papéis fundamentais. Em nosso meio, a obesidade infantil é um sério problema de saúde pública, meio que vem aumentando em todas as camadas sociais da população brasileira. Este problema que inicia-se na infância, geralmente aprofunda-se na adolescência e perpetua-se na fase adulta dos sujeitos.. Prevenir significa diminuir, de uma forma racional e barata, a incidência de doenças crônicas não transmissíveis, crônico-degenerativas e as doenças cardiovasculares. Assim, a escola é um grande palco onde esse trabalho de prevenção pode ser realizado em conjunto com a família. Tendo em conta que, tanto o consumo alimentar em casa, quanto a merenda escolar devem priorizar o atendimento às necessidades nutricionais das crianças, não só em quantidade, como também em qualidade, sendo ainda um agente formador de hábitos saudáveis. Estratégias educativas que enfatizem a redução do consumo de refrigerantes e de alimentos com açúcares, devem ser adotadas, por exemplo o incentivo à substituição de refrigerantes e outras bebidas contendo açúcar, por sucos de frutas e outras bebidas naturais e hidratantes, como alternativas nutritivas e menos calóricas. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que mesmo diante dos obstáculos e dificuldades, nada foi maior quanto seu amor; ao prof. Thiago Santos de Araújo e Alanderson Alves Ramalho, que contribuíram para o nosso crescimento durante a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS 1. CARDOSO, L. O. ; ALVES, L. C.; CASTRO, I. R. R.; LEITE, I. C.; MACHADO, C. J. Uso do método Grade of Membership na identificação de perfis de consumo e comportamento alimentar de adolescentes do Rio de Janeiro, Brasil. Use of the Grade of Membership method to identify consumption patterns and eating behaviors among adolescents in Rio de Janeiro, Brazil. Cad. Saúde Pública vol.27 n°. 2 Rio de Janeiro Feb. 2011. 2. ESTIMA, C. C. P.; PHILIPPI, S. T.; ARAKI, E. L.; Leal G. V. S.; Martinez, M. F.; Alvarenga M. S. Consumo de bebidas e refrigerantes por adolescentes de uma escola pública. Consumo de bebidas y refrescos en adolescentes de uma escuela pública Revista Paulista Pediatra. vol.29 no 1 São Paulo Jan./Mar. 20. 3. NOGUEIRA, F. A. M.; SICHIERI, R.Associação entre consumo de refrigerantes, sucos e leite, com o índice de massa corporal em escolares da rede pública de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Association between consumption of soft drinks, fruit juice, and milk and body mass index among public school students in Niteroi, Rio de Janeiro State, Brazil. Caderno Saúde Pública vol.25 n°.12 Rio de Janeiro Dec. 2009 4. LIFCHITZ, J. Alimentação e cultura: em torno ao natural. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 7: 69- 83, 1997. 5. SICHIERI, R. Consumo alimentar e hábitos relacionados ao consumo. Epidemiologia da Obesidade, Rio de Janeiro, EDUERJ, 1998 a. cap. 7. 6. SANTOS, S. R. S.; AZEVEDO, P. F. Concorrência no mercado de refrigerantes: impactos de novas embalagens. Universidade Federal de São Carlos. Disponível:http://www.ufrgs.br/decon/virtuais/eco02003a/ok_03.pdf. Acessado em: 20 de Nov. de 2011, às 14h27min. 7. BRASIL, Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Decreto no 2.314, de 4 de setembro de 1997. Disponível: http://www.anvisa.gov.br/legis/decretos/2314_97.htm. Acesso em: 20 de Nov. de 2011,às 13h52min. 8. OLIVEIRA, A. C. S.; SANTOS, E. P.; SILVA, M. S.;VIEIRA,T. P. R.; SILVA, S. M. O impacto do consumo de refrigerantes na saúde de Escolares do colégio Gissoni. Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2011, v. 12, n. 12, p. 68 – 79 9. TORAL, N.; SLATER, B.; CINTRA, I. P.; FISBERG, M. O uso de refrigerantes e a saúde humana. Resumo de Monografia, disponível: http://br.monografias.com/trabalhos2/uso-refrigerantes-saude/uso-refrigerantes- saude2.shtml. Acessado em: 20 de Nov. ás 15h55min. 10. CARMO, M. B. Consumo de doces, refrigerantes e bebidas com adição de açúcar entre adolescentes da rede pública de ensino de Piracicaba, São Paulo. Revis. Bras. Epidemiologia. vol.9, no.1, p.121-130, 2006. 11. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares. 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Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Revista de Nutrição, Campinas, v. 15, n. 3, p.273-282, 2002. 14. ALVES, H. J. ; BOOG, M. C. F. Comportamento alimentar em moradia estudantil: um espaço para promoção da saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 197-204, 2007.
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