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Estruturas de Madeira e Metálicas com BIM Peças Comprimidas Michael Leone Madureira de Souza michael.souza@ibmr.br 1 / 71 Sumário 1 Introdução 2 Flambagem por Flexão 2 / 71 1 Introdução 2 Flambagem por Flexão 3 / 71 Introdução Conceitos Peças comprimidas axialmente são encontradas em componentes de treliças, sistemas de travejamento e contraventamento, em pilares de sistemas contraventados de edif́ıcios com ligações rotuladas, etc. Ao contrário dos esforços de tração, que tendem a retificar as peças reduzindo o efeito de curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a acentuar esse efeito. Os deslocamentos laterais produzidos compõem o processo conhecido por flambagem por flexão, reduzindo a capacidade de carga. As chapas componentes de um perfil comprimido podem estar sujeitas à flambagem local que é uma instabilidade caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais à chapa na forma de ondulações. A ocorrência de flambagem local depende da esbeltez da chapa. 4 / 71 Introdução Conceitos 5 / 71 Introdução Conceitos 6 / 71 Introdução Conceitos 7 / 71 Introdução Flambagem Local 8 / 71 Introdução Flambagem Global x Local 9 / 71 1 Introdução 2 Flambagem por Flexão 10 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Os primeiros resultados teóricos sobre instabilidade foram obtidos pelo matemático súıço Lonhardt Euler (1070-1783) que investigou o equiĺıbrio de uma coluna comprimida na posição deformada com deslocamentos laterais. A coluna de Euler, tida como idealmente perfeita, foi obtida a partir das seguintes premissas: * coluna isenta de imperfeições geométricas e tensões residuais; * material de comportamento elástico linear; * carga perfeitamente centrada. Nestas condições, a coluna inicialmente reta mantém-se com deslocamentos laterais nulos (δ = 0) até a carga atingir a carga cŕıtica, dada por Ncr = π2E I l2 . 11 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos A partir da carga cŕıtica Ncr não é mais posśıvel o equiĺıbrio na configuração retiĺınea. A tensão cŕıtica é obtida a partir da divisão da carga cŕıtica pela área da seção reta da barra, A, a saber: fcr = Ncr A = π2E (l/i)2 onde l/i é o ı́ndice de esbeltez da peça e i = √ I/A é o raio de giração em relação ao eixo de flambagem. Colunas reais em geral possuem imperfeições geométricas (δ0), tais como desvios de retilinidade oriundas dos processos de fabricação e nem sempre pode-se garantir na prática a perfeita centralização do carregamento, ou seja, a carga é excentrica (e0). 12 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos 13 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos 14 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Para a coluna imperfeita de material elástico (curva 1) observa-se a ocorrência de flexocompressão em toda a extensão do caminho de equiĺıbrio com as tensões máximas na seção dadas por: σ = N A ± N δt W onde N δt representa o momento fletor atuante na seção no meio do vão e W = I/y é o módulo elástico a flexão. Se o material da coluna for elastoplástico, a máxima tensão solicitante obtida σ atinge o escoamento fy no ponto E e a coluna experimenta uma redução de rigidez devido à plastificação progressiva da seção mais solicitada, passando a seguir o caminho 2. Além de imperfeições geométricas as colunas estão sujeitas a tensões oriundas do processo de fabricação, denominadas tensões residuais σr. 15 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos As tensões residuais σr somam-se às tensões devidas ao carregamento induzindo o ińıcio da plastificação correspondente ao ponto D, passando a seguir o caminho da curva 3. A carga Nc é denominada carga última ou carga resistente podendo ser bem menor que a carga cŕıtica. Portanto, a tensão última é dada por fc = Nc A A tensão última também é função da esbeltez l/i da coluna em torno do eixo em que ocorre a flambagem. Nesse sentido, quanto mais esbelta a coluna, mais deformável será seu comportamento e menor será a tensão última. 16 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos 17 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos É posśıvel fazer uma análise da resistência de um gráfico com a razão fc/fy em função da esbeltez da peça comprimida l/i. 18 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos A curva tracejada poderia representar um critério de resistência para colunas geometricamente perfeitas com material elástico-perfeitamente plástico, onde se notam duas regiões: * fcr < fy a tensão última fc é a própria tensão cŕıtica fcr; * fcr > fy a tensão última fc pode ser tomada igual a fy; Porém, devido aos efeitos de imperfeições geométricas e de tensões residuais o conjunto de valores de tensões últimas obtidos experimentalmente ficam abaixo da curva da coluna perfeita. A curva em linha cheia (curva de flambagem) representa o critério de resistência de uma coluna considerando-se os efeitos de imperfeição e tensão residual. São observadas três regiões: * Colunas muito esbeltas: onde ocorre flambagem em regime elástico fcr < fy e onde fc ≈ fcr; * Colunas medianamente esbeltas: há maior influência das imperfeições geométricas e das tensões residuais; * Colunas curtas: a tensão última é igual à de escoamento fc = fy. 19 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Para permitir a comparação entre as resistências de perfis com diferentes aços a curva de flambagem é apresentada com as coordenadas fc/fy e o ı́ndice de esbeltez reduzido λ0: λ0 = k l/i (π2E/fy)1/2 = k l i √ fy π2E = √ Ag fy Ncr onde k é o comprimento de flambagem. É posśıvel estimar o ı́ndice de esbeltez reduzido para os aços mais utilizados: * MR250: λ0 = 0, 0113(k l/i); * AR350: λ0 = 0, 0133(k l/i); * ARCOR415: λ0 = 0, 0145(k l/i); 20 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos O comprimento de flambagem é dado pela distância entre os pontos de momento nulo da peça comprimida deformada lateralmente. Nesse sentido k l = lef denominado comprimento efetivo de flambagem. 21 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Para qualquer elemento comprimido, a carga cŕıtica é dada em regime elástico pela fórmula de Euler reescrita: Ncr = Ne = π2E I l2ef 22 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Devido à dificuldade prática de se materializarem as condições de apoio ideais, especialmente o engaste, recomendam-se valores de k superiores aos teóricos. 23 / 71 Flambagem por Flexão Fórmula de Dimensionamento O esforço resistente de projeto para peças de aço sujeitas à compressão axial, sem efeito de flambagem local, é dada por: Nd res = Nc γa1 = Ag fc γa1 onde fc é a tensão resistente (tensão última) à compressão simples com flambagem por flexão, Ag representa a área da seção transversal bruta da peça e γa1 é o coeficiente para combinações normais. A tensão fc considera o efeito de imperfeições geométricas e excentricidade de aplicação das cargas dentro das tolerâncias de norma, além das tensões residuais existentes. A NBR 8800 adota uma curva de flambagem que é descrita em função de um parâmetro adimensional χ e o ı́ndice de esbeltez reduzido λ0. 24 / 71 Flambagem por Flexão Fórmula de Dimensionamento O parâmetro adimensional χ é dado por: χ = fc fy Porém, esse parâmetro varia de acordo com o valor do ı́ndice de esbeltez reduzido λ0 segundo o critério: * χ = 0, 658λ 2 0 para λ ≤ 1, 50; * χ = 0, 877 λ20 para λ > 1, 50; As normas fixam limites superiores do coeficiente de esbeltez (k l/i) com a finalidade de evitar grande flexibilidade de peças excessivamente esbeltas: * Edificações: 200; * Pontes: 120. 25 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos 26 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos 27 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local Em uma coluna esbelta composta de chapas esbeltas, os processos de flambagem por flexão (global) e de flambagem local (das chapas) ocorremde forma interativa reduzindo a carga última da coluna sem consideração da flambagem local Nc. Se a placa é compacta (baixa relação b/t), o encurtamento ∆ aumenta linearmente com a carga P até a plastificação da seção P = Py. Se a chapa é esbelta (elevado valor b/t) ocorre a flambagem local, P = Pcr, caracterizada por deflexões laterais e redução de sua rigidez. A tensão cŕıtica de flambagem local de uma placa perfeita é dada por: σcr = π2E 12(1− ν2)(b/t)2 , onde k é função do apoio da placa e suas dimensões. 28 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos Figure: Placa isolada, comprimida uniformemente sob cargas crescentes e apoiada em seus bordos laterais. 29 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local No caso de uma placa isolada perfeita, o valor limite de esbeltez (b/t)r para impedir que a flambagem local ocorra antes da plastificação da seção é dado igualando a tensão cŕıtica elástica à tensão de escoamento, resultando: (b/t)r = √ k π2E 12(1− ν2) fy = 0, 95 √ k √ E fy onde k = 4 para bordos apoiados e k = 0, 425 para um bordo apoiado e outro livre. Para considerar os imperfeições e tensões residuais as normas apresentam valores limites de b/t menores que (b/t)r de acordo com a tabela abaixo. 30 / 71 Flambagem por Flexão Conceitos O coeficiente kc dos elementos do Grupo 5 é dado por: kc = 4√ h/tw onde 0, 35 ≤ kc ≤ 0, 76. 31 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local Flambagem Local não interfere na resistência da Flambagem Global?? A redução na capacidade de carga das colunas devido à ocorrência de flambagem local é considerada pelas normas mediante aplicação do coeficiente Q. As placas que compõem um perfil são classificadas como: * Placa não-enrijecida: com um bordo apoiado e outro livre. Grupos 3 a 6 da Tabela F.1. (AL: apoio-livre); * Placa enrijecida: com dois bordos apoiados. Grupos 1 e 2 da Tabela F.1. (AA: apoio-apoio). 32 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local 33 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local O esforço axial resistente de cálculo em elementos com efeito de flambagem local é então dado por: Nd res = QAg fc γa1 onde Q = Qa ·Qs representa o coeficiente de redução, aplicável a seções em que uma ou mais placas componentes tem relação b/t superior aos dados na Tabela F.1 e fc a tensão resistente da coluna que é função do ı́ndice de esbeltez reduzido λ0 modificado pelo fator Q: λ0 = k l i √ Qfy π2E 34 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local - Coeficiente Q para Placas Não-Enrijecidas 35 / 71 Flambagem por Flexão Flambagem Local Nas placas enrijecidas o cálculo é realizado admitindo-se uma largura efetiva be, trabalhando conservadoramente com a tensão de escoamento do material σ = fy: be = 1, 92 t √ E σ [ 1− C b/t √ E σ ] ≤ b onde C = 0, 34 para placas enrijecidas em geral e C = 0, 38 para mesas ou almas de seções tubulares retangulares ou quadradas. Nas seções contendo placas enrijecidas e não-enrijecidas, quando da ocorrência de flambagem local, o coeficiente Q é dado pela equação: Q = Qa ·Qs 36 / 71 Flambagem por Flexão Resumo 37 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W 150x37,1 kg/m de aço ASTM 36 com comprimento de 3 m, sabendo-se que as extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a flambagem em rotno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. 38 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Propriedades do perfil: Ag = 47, 8 cm 2; alma: tw = 8, 1 mm, hw = 139 mm; mesa: tf = 11, 6 mm, bf = 154 mm; fy = 250 MPa; ix = 6, 85 cm, iy = 3, 84 cm, l = 300 cm, k = 1, 0. Verificação do efeito da flambagem local: Limite mesa (Tabela F.1): 0, 56 √ E fy = 0, 56 √ 200.000 250 = 15, 84 Perfil (mesa): bf/2 tf = 154/2 11, 6 = 6, 6 < 15, 84 Ok! Limite alma (Tabela F.1): 1, 49 √ E fy = 1, 49 √ 200.000 250 = 42, 14 Perfil (mesa): hw tw = 139 8, 1 = 17, 16 < 42, 14 Ok! Não há efeito de flambagem local, Q = 1. 39 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Índice de esbeltez rotação em x: λ = k · l ix = 300 · 1 6, 85 = 43, 8 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l ix ) = 0, 0113 · 43, 8 → λ0 = 0, 49 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,49 2 → χ = 0, 904 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 904 · 250 → fc = 226, 1 MPa = 22, 61 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 47, 8 · 22, 61 1, 1 → Nres d = 982, 5 kN 40 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Rotação em y (́ındice de esbeltez): λ = k · l iy = 300 · 1 3, 84 = 78, 13 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l iy ) = 0, 0113 · 78, 13 → λ0 = 0, 88 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,88 2 → χ = 0, 723 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 723 · 250 → fc = 180, 8 MPa = 18, 08 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 47, 8 · 18, 08 1, 1 → Nres d = 785, 7 kN 41 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Calcular o esforço normal resistente no mesmo perfil do problema anterior sem contenção lateral, considerando-o 1) engastado numa extremidade e livre na outra e 2) engastado numa extremidade e rotulada na outra. Compare os resultados obtidos. O que é posśıvel verificar? 42 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo 1) Rotação em y (́ındice de esbeltez): λ = k · l iy = 300 · 2 3, 84 = 156, 25 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l iy ) = 0, 0113 · 156, 25 → λ0 = 1, 77 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 877 λ20 = 0, 877 1, 772 → χ = 0, 280 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 280 · 250 → fc = 69, 98 MPa = 7, 0 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 47, 8 · 7 1, 1 → Nres d = 304, 2 kN 43 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo 2) Rotação em y (́ındice de esbeltez): λ = k · l iy = 300 · 0, 7 3, 84 = 54, 69 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l iy ) = 0, 0113 · 54, 69 → λ0 = 0, 618 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,618 2 → χ = 0, 852 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 852 · 250 → fc = 213, 1 MPa = 21, 31 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 47, 8 · 21, 31 1, 1 → Nres d = 926 kN 44 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Abaixo estão detalhados perfis com diferentes geometrias e mesma área Ag = 41, 2 cm 2. Admitindo-se o comprimento de flambagem lef = 350 cm nos dois planos de flambagem, compare a eficiência das seções em hastes submetidas à compressão. Adote aço ASTM A36. 45 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo 46 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Calcular o esforço resistente de projeto à compressão em dois perfis H 152x40,9 kg/m, sem ligação entre si, e comparar o resultado com o obtido para os perfis ligados por solda longitudinal. Considerar uma peça de 4 m, rotulada nos dois planos de flambagem, nas duas extremidades. Aço ASTM A36. 47 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Propriedades do perfil: Ag = 52, 1 cm 2; alma: tw = 11, 13 mm, hw = 140, 6 mm; mesa: tf = 11, 8 mm, bf = 154 mm; fy = 250 MPa; ix = 6, 27 cm, iy = 3, 57 cm, l = 400 cm, k = 1, 0. Verificação do efeito da flambagem local: Limite mesa (Tabela F.1): 0, 56 √ E fy = 0, 56 √ 200.000 250 = 15, 84 Perfil (mesa): bf/2 tf = 154/2 11, 8 = 6, 52 < 15, 84 Ok! Limite alma (Tabela F.1): 1, 49 √ E fy = 1, 49 √ 200.000 250 = 42, 14 Perfil (mesa): hw tw = 140, 6 11, 13 = 12, 63 < 42, 14 Ok! Não há efeito de flambagem local, Q = 1. 48 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Rotação em torno de y, imin = iy: λ = k · l iy = 400 · 1 3, 57 = 112 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l iy ) = 0, 0113 · 78, 13 → λ0 = 1, 27 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6581,27 2 → χ = 0, 509 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 509 · 250 → fc = 127, 3 MPa = 12, 73 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 52, 1 · 12, 73 1, 1 → Nresd = 603 kN Como os perfis estão separados, Nres d = 2 · 603 = 1206 kN. 49 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Considerando o perfil soldado único. Inicilmente é necessário obter Ix e Iy para prever a orientação da flambagem e realizar os demais cálculos. Teorema dos Eixos Paralelos: Se o momento de inércia de uma área em torno de um eixo centróide for conhecido é posśıvel determinar o momento de inércia da área em torno de um eixo paralelo correspondente. Esse teorema é usado em figuras compostas quando o centróide das figuras isoladas forem diferentes entre si e diferentes do contróide total. 50 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Momentos de inércia: Ix = [2050 + 52, 1 · (−0)2] + [2050 + 52, 1 · (+0)2] → Ix = 4100 cm4 Iy = [ 664 + 52, 1 · ( −15, 2 2 )2] + [ 664 + 52, 1 · ( +15, 2 2 )2] Iy = 7346, 6 cm 4 A flambagem ocorrerá em torno do eixo x. Cálculo do raio de giração: i = √ I A = √ 4100 2 · 52, 1 → ix = 6, 27 cm. Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l ix ) = 0, 0113 · ( 400 · 1, 0 6, 27 ) → λ0 = 0, 72 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,72 2 → χ = 0, 805 51 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Tensão última: fc = χ · fy = 0, 805 · 250 → fc = 201, 25 MPa = 20, 13 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 2 · 52, 1 · 20, 13 1, 1 → Nres d = 1907 kN Portanto, verifica-se que a utilização de um perfil composto pode resultar em um elemento de maior resistência quando comparado com os respectivos perfis utilizados isoladamente. 52 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Calcular o esforço de compressão resistente de projeto de duas cantoneirass 203x102x55,66 kg/m trabalhando isoladamente e comparar com o resultado obtido para os perfis ligados por solda formando um tubo retangular. Admita lef = 300 cm nos dois planos de flambagem e aço MR250. 53 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Propriedades do perfil: Ag = 70, 97 cm 2; t = 25, 4 mm, h1 = 203 mm, h2 = 102 mm; fy = 250 MPa; ix = 6, 39 cm, iy = 2, 61 cm, iz min = 2, 16 cm. Verificação do efeito da flambagem local: Limite mesa (Tabela F.1): 0, 56 √ E fy = 0, 45 √ 200.000 250 = 12, 7 Perfil (h1): h1 t = 203 25, 4 = 7, 99 < 12, 7 Ok! Perfil (h2): h2 t = 102 25, 4 = 4, 02 < 12, 7 Ok! Não há efeito de flambagem local, Q = 1. 54 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Rotação em torno de z: λ = k · l imin = 300 2, 16 = 138, 9 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l i ) = 0, 0113 · 138, 9 → λ0 = 1, 57 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 877 λ20 = 0, 877 1, 572 → χ = 0, 356 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 356 · 250 → fc = 89 MPa = 8, 9 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 70, 97 · 8, 9 1, 1 → Nres d = 574 kN Como os perfis estão separados, Nres d = 2 · 574 = 1148 kN. 55 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Considerando o perfil soldado único. Inicilmente é necessário obter Ix e Iy para prever a orientação da flambagem e realizar os demais cálculos. Teorema dos Eixos Paralelos: Se o momento de inércia de uma área em torno de um eixo centróide for conhecido é posśıvel determinar o momento de inércia da área em torno de um eixo paralelo correspondente. Esse teorema é usado em figuras compostas quando o centróide das figuras isoladas forem diferentes entre si e diferentes do contróide total. 56 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Momentos de inércia: Ix = [2897 + 70, 97 · (−2, 4)2] + [2897 + 70, 97 · (+2, 4)2] Ix = 6612 cm 4 Iy = [ 482, 8 + 70, 97 · (−2, 43)2 ] + [ 482, 8 + 70, 97 · (2, 43)2 ] Iy = 1804 cm 4 A flambagem ocorrerá em torno do eixo y. Cálculo do raio de giração: i = √ I A = √ 1804 2 · 70, 97 → iy = 3, 57 cm. Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l i ) = 0, 0113 · ( 300 3, 57 ) → λ0 = 0, 95 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,95 2 → χ = 0, 685 57 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Tensão última: fc = χ · fy = 0, 685 · 250 → fc = 171, 25 MPa = 17, 13 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 2 · 70, 97 · 17, 13 1, 1 → Nres d = 2210 kN Portanto, verifica-se que a utilização desse perfil composto resulta aproximadamente no dobro da resistência quando comparada com a dos respectivos perfis utilizados isoladamente. 58 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Uma coluna é engastada na base nos dois planos de flambagem e no topo tem condições diferentes em cada plano: rotulado em xz e livre em yz. Admitindo-se um perfil soldade CS, posicionar o perfil da melhor maneira (Posição 1 ou Posição 2)? 59 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo 60 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo 61 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Selecionar um perfil soldado CS de aço A36 para a coluna descrita abaixo, sabendo que esta é solicitada pelas seguintes cargas: Permanente Ng = 300 kN e Utilização Nq = 300 kN. 62 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Cálculo da carga axial: NSd = 1, 4 · 300 + 1, 5 · 300 → NSd = 870 kN. Comprimento de flambagem e esbeltez: Flambagem no plano yz (em torno de x): lef = 2, 1 l Flambagem no plano xz (em torno de y): lef = 0, 8 l Ao analisar ix/iy para os perfis soldados CS verifica-se que essa razão é da ordem de 1,7. Portanto: ix = 1, 7 iy( lef i ) y = 0, 8 l iy → ( lef i ) x = 2, 1 l 1, 7 iy = 1, 2 l iy Dessa análise verifica-se que a esbeltez em torno do eixo x é cerca de 50 % superior, ( 1, 2 l iy ) , quando comparada à esbeltez em torno de y, ( 0, 8 l iy ) . Portanto, conclui-se que a flambagem em torno de x é determinante. 63 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Adotando Nres d = NSd = 870 kN, χ = 0, 65 calcula-se a área do perfil: Ag = Nres d · γa1 χ · fy = 870 · 1, 1 0, 65 · 25 → Ag = 59 cm2 Perfil CS 250x52. Verificação do efeito da flambagem local: Limite mesa (Tabela F.1): 0, 56 √ E fy = 0, 56 √ 200.000 250 = 15, 84 Perfil (mesa): bf/2 tf = 250/2 9, 5 = 13, 2 < 15, 84 Ok! Limite alma (Tabela F.1): 1, 49 √ E fy = 1, 49 √ 200.000 250 = 42, 14 Perfil (mesa): hw tw = 231 8 = 28, 9 < 42, 14 Ok! Não há efeito de flambagem local, Q = 1. 64 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Em função das condições de apoio, flambagem em torno de x: λ = k · l iy = 400 · 2, 1 10, 8 = 77, 8 cm Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l iy ) = 0, 0113 · 77, 8 → λ0 = 0, 879 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,879 2 → χ = 0, 724 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 724 · 250 → fc = 180, 9 MPa = 18, 1 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = Ag fc γa1 = 66 · 18, 1 1, 1 → Nres d = 1086 kN O perfil CS 250x52 satisfaz os requisitos de projeto. 65 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Uma coluna tem seção em forma de perfil H fabricado com duas chapas 8 mm x 300 mm para as mesas e uma chapa 8 mm x 400 mm para a alma, todas em aço ASTM A36. O comprimento de flambagem lef = 980 cm. Calcular a resistência de cálculo para compressão axial, considerando flambagem em torno do eixo mais resistente x. Admita que a peça tenha contenção lateral impedindo a flambagem em torno do eixo y. 66 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Área da seção transversal: Ag = 2 · 0, 8 · 30 + 0, 8 · 40 → Ag = 80 cm2 Momento de inércia em x: Ix = 30 · 41, 63 12 − 2 (15− 0, 4) · 40 3 12 Ix = 24245 cm 4 Raio de giração: ix = √ Ix Ag = √ 24245 80 → ix = 17, 4 cm Verificação do efeito da flambagem local: Limite mesa (Tabela F.1): 0, 64 √ E fy/kc ≤ 1, 17 √ E fy/kc kc = 4√ h0/t0 = 4√ 400/8 → kc = 0, 566 Limite: 0, 64 √ 200.000 250/0, 566 = 13, 62 67 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Perfil (mesa): bf/2 tf = 300/2 8 = 18, 8 > 13, 62 Flambagem local! Limite alma (Tabela F.1): 1, 49 √ E fy = 1, 49 √ 200.000 250 = 42, 14 Perfil (alma): hw tw = 400 8 = 50 > 42, 14 Flambagem local! Há efeito de flambagem local, Q 6= 1. No caso de placas não enrijecidas (mesa) não existe reserva de resistência após a flambagem.O coeficiente Qs é dado, para esse perfil, por: Qs = 1, 415− 0, 65 b t √ fy kcE = 1, 415− 0, 65 150 8 √ 250 0, 566 · 200000 Qs = 0, 842 68 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo No caso de placas enrijecidas (alma) a redução de rigidez da coluna é considerada através do coeficiente Qa, baseado no conceito de largura efetiva, Qa = Aef Ag = be t Ag . be = 1, 92 t √ E σ [ 1− C b/t √ E σ ] ≤ b Para estimar be tomaremos inicialmente Q = 1 e portanto, σ = fc. Então: Índice de esbeltez reduzido: λ0 = 0, 0113 ( k · l i ) = 0, 0113 · ( 980 17, 4 ) → λ0 = 0, 636 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,636 2 → χ = 0, 844 69 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Tensão última: fc = χ · fy = 0, 844 · 250 → fc = 211, 1 MPa = 21, 11 kN/cm2 Adotando, C = 0, 34, σ = 211, 1 MPa, a largura efetiva é dada por: be = 1, 92 · 0, 8 √ 200000 211, 1 [ 1− 0, 34 40/0, 8 √ 200000 211, 1 ] be = 37, 38 cm ≤ 40 cm Ok! Área efetiva: Aef = 2 · 0, 8 · 30 + 0, 8 · 37, 38 → Ag = 77, 9 cm2 Qa = Aef Ag = 77, 9 80 → Qa = 0, 97 Parâmetro de flambagem local corrigido: Q = Qa ·Qs = 0, 97 · 0, 842 → Q = 0, 817 70 / 71 Flambagem por Flexão Exemplo Índice de esbeltez reduzido: λ0 = k l i √ Qfy π2E = 980 17, 4 √ 0, 817 · 250 π2 · 200000 → λ0 = 0, 573 Curva de flambagem normalizada: χ = 0, 658λ 2 0 = 0, 6580,573 2 → χ = 0, 872 Tensão última: fc = χ · fy = 0, 872 · 250 → fc = 218 MPa = 21, 8 kN/cm2 Carga axial resistente: Nres d = QAg fc γa1 = 0, 817 · 80 · 21, 8 1, 1 → Nres d = 1295 kN 71 / 71 Introdução Flambagem por Flexão
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