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Aula 05_Anestesia geral intravenosa

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Anestesiologia 23 de março de 2022 
 
 
 
 
→ Anestésicos gerais deprimem todos os 
centros do sistema nervoso central 
Inconsciência: indução de sono 
articial/narcose. O paciente se torna 
irresponsivo ao meio ambiente 
Relaxamento muscular: importante para 
procedimentos diagnósticos (radiografia, 
ultrassonografia, ressonância magnética) e 
cirúrgicos (ortopedia) 
Modulação dos reflexos protetores: alguns 
deles inclusive são abolidos, o efeito depende 
da dose. Ex: reflexo oculopalpebral, 
laringotraqueal e de retirada 
Antinocicepção (analgesia): é muito 
desejada, mas não esta presente em todos os 
anestésicos gerais, são fracos analgésicos 
• Para ter a antinocicepção as vias de dor 
precisam estar bloqueadas 
• O animal não sente dor pois o animal não 
tem percepção, ele está inconsciente e o 
córtex está deprimido, mas mesmo assim 
responde 
• Transdução, transmissão, modulação, 
percepção – condução da resposta 
motora. O córtex não reconhece esse 
estímulo, mas o animal responde mesmo 
assim através do aumento da FC e FR, as 
chamadas respostas autonômicas 
• Conforme o efeito anestésico passa, a 
consciência volta e ele pode começar a 
sentir dor 
→ anestesia geral + fármacos analgésicos, 
infusão com opioide, bloqueadores locais 
Período pós operatório sem adição de 
antinociceptivos: dor foi estimulada e o 
animal começa a sentir, por isso requer 
grande quantidade de analgesia e por mais 
tempo quando não há associação 
 
 
 
 
 
 
O que faz com que o estado de anestesia 
geral aconteça? 
 
Receptor complexo GABAa: diferentes sítios 
de ligação 
Assim como as Benzodiazepinas, Anestésicos 
Gerais aumentam influxo de cloreto no interior 
da célula neural, tornando a célula 
hiperpolarizada e impedindo a transmissão 
do impulso 
Receptores NMDA 
Canais de sódio 
→ ainda não se sabe a explicação completa 
do mecanismo de ação de anestésicos gerais 
 
 
Anestesia geral intravenosa: 
Bólus: único ou intermitente 
→ Bólus único: normalmente usado para 
indução anestésica 
 
Características 
Anestesia geral intravenosa 
Mecanismo de ação 
Modalidades 
Anestesiologia 23 de março de 2022 
 
• Catéter não obstrui (gotejamento de 
fluido) e está fixado 
• O acesso está garantido em alguma 
situação de emergência 
o Gato: cefálica 
o Equino: jugular 
• Garantir mais de um acesso: 
- Quando precisa administrar vários fármacos, 
principalmente em grandes animais: 
fluidoterapia, fármaco analgésico, fármaco 
vasopressor (animal hipotenso) ou inotrópico. 
- Usando somente uma via, é possível que, por 
exemplo, o fluido dilua o fármaco e ele se 
perca 
→ Intermitente: mantém a anestesia 
canulando sob demanda e é usado em 
procedimentos curtos 
• Usado no ambulatório para ambientes 
simples. Ex: cachorro com espinhos, 
posicionar para exame de imagem, 
exame de cavidade oral em animal feral 
• 25 a 30% maior quantidade de fármaco 
do que a infusão intravenosa contínua 
Infusão intravenosa contínua 
Manter animal em anestesia geral por mais 
tempo (T > 10min), mais interessante que o 
bólus intermitente pois a dose é menor 
Anestesia geral inalatória: próxima aula 
Associações IV & Inalatória: antinociceptivo e 
hipnose + relaxamento muscular 
 
 
Síntese dos Barbitúricos: revolução na 
anestesia; realizar indução. Alguns tem efeitos 
anticonvulsivante também 
→ segunda guerra mundial 
1882: ácido barbitúrico 
1886: 1º derivado – ácido dietilbasbitúrico 
1930: Pentobarbital sódico 
1935: Tiopental sódico 
1940: chegou ao Brasil 
1946: cirurgião Matera e Tabarelli Neto (não 
existia especialização) 
 
 
“Teoria Compartimental”: divide o corpo em 
compartimentos, sendo que o efeito 
anestésico age no Compartimento de Efeito 
(Sistema nervoso), com aplicação no 
Compartimento Central VI (leito vascular) 
• Compartimento efeito: ricamente 
vascularizado, 70% do débito cardíaco vai 
para esse compartimento 
• Tecidos musculares e ossos seriam menos 
vascularizados 
• Quando joga no compartimento geral, o 
fármaco vai proporcionalmente para 
cada um desses compartimentos 
Para fazer efeito: 
• Atravessar barreira hematoencefálica 
(são muito lipossolúveis) e age no sistema 
nervoso central 
• Da mesma forma, atravessa barreira 
placentária, caindo no sistema nervosos 
central em formação 
• Ao sair do compartimento de efeito, é 
redistribuído 
• Quando isso acontece, o efeito 
anestésico cessa. Por isso, os fármacos tem 
efeito rápido no organismo 
 
Distribuição e redistribuição 
- A maior parte do fármaco é ionizado, e a 
que não é age no sistema nervoso central 
Aspectos históricos 
Farmacocinética 
Anestesiologia 23 de março de 2022 
 
- Acidose: fração não ionizada aumenta, 
potencializando o efeito anestésico 
- Gestantes: requerem protocolo alternativo 
com fármacos de efeito periférico, que não 
agem no sistema central e, 
consequentemente, não atravessa barreira 
placentária 
- Características importantes na 
farmacocinética 
• Lipossolubilidade: a fração não ionizada, 
(membrana lipídica é apolar) atravessa 
barreira hematoencefálica 
• Grau de ionização: cargas ionizadas não 
atravessam barreira hematocefálica, pois 
precisaria ser lipossolúvel e, para isso, ser 
apolar 
• Ligação proteínas plasmáticas: alto grau 
de ligação com proteínas, principalmente 
a albumina. Ele não atravessa barreira 
biológica de forma passiva porque ao 
ligar-se com a proteína, o tamanho é 
muito grande 
- Hipoproteinomia: presente em animais com 
hepatopatia, desnutrição, hematoparasitose. 
Potencializa efeito anestésico 
• Cada fármaco anestésico tem uma taxa 
de ligação a proteínas e, em caso de 
hipoproteinomia, terá uma taxa maior de 
fármacos livres para exercer efeito 
→ Sobredose relativa: efeito anestésico mais 
intenso mesmo com a dose correta, mas 
potencializada pelo caso clínico do paciente 
(acidose, hiproteinomia) – necessidade de 
hemograma 
 
 
• Técnica simples 
• Efeito simples – administrações repetidas 
• Variação concentrações no plasma → 
dose maior 
• Recuperações 
Faixa terapêutica: faixa na qual o paciente 
esta sob efeito desejado 
→ Oscilação paramétrica devido a oscilação 
na concentração plasmática 
 
 
 
Efeitos principais 
• Hipnose e miorrelaxamento 
• Anticonvulsionante 
• Depressão SNC – dose/taxa administração 
dependente 
• Efeitos cardiorrespiratórios (também 
proporcionais a dose) – depressão 
respiratória, ventilação controlada por 
tempo determinado 
• Ultra-curta duração por indução 
anestésica 
• Efeito cumulativo – bólus intermitente: 
aplicar pequena parte mais rápida e tem 
depressão mais intensa 
Cálculo da dose é referencial e nem sempre 
toda ela será usada 
→ Uso na veterinária tem diminuído desde 
2006, é usado atualmente para terapia 
anticonvulsiva. Até pouco tempo era usado 
no protocolo de eutanásia (hipnose rápida). É 
difícil de comprar por conta da pandemia 
(usado na internação humana de Covid) 
→ Abole reflexo traqueolaringeal com muita 
facilidade 
Aplicações e farmacocinética 
• Biotransformação hepática – 
hepatopatias 
• Eliminação renal – nefropatias 
• Barreira placentária – pacientes gestantes 
 
Bólus intermitente 
Tiopental sódico 
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• Alta ligação PP – hipoproteinemia 
• Administração extravascular – pH alcalino 
solução – qualquer aplicação 
extravascular é irritante ao tecido 
Preparo da solução (vem na forma sólida) 
• Cães: 2,5% (1mg + 40mL diluente) 
• Felinos 1,25% (solução 2,5% + diluente – 
proporção 1:1) 
Doses 
• Indução (bólus): 5 a 12,5 mg/kg – IV (c/ 
MPA) 
Técnica de administração: 
• Volume inicial 1/3 a ½ - administração 
rápida (excitação em concentrações 
baixas) 
• Volume restante – administração lenta 
(sinais da anestesia) enquanto avalia sinais 
Administrar lento desde o começo deprime 
centros inibitórios do SNC, e aumento dotônus de centros excitatórios → administrando 
rápido ao início é possível evitar esse efeito 
indesejado 
 
 
 
Composição: Emulsão lipídica – 2,6 Di-
isopropilfenol 
Efeitos principais 
• Hipnótico e miorrelaxante 
• Efeitos cardiovasculares semelhantes ao 
tiopental 
• Depressão respiratória – apneia (mais que 
o tiopental) 
• Biotransformações hepática e extra 
hepática: absorção rápida, hepatopatia 
não pe uma limitação 
• Não apresenta efeito cumulativo – 
indução e manutenção da anestesia – 
adequado para bólus intermitente e 
infusão intravenosa contínua 
→ Recuperação com infusão de propofol: 
aplicação de propofol ao final da cirurgia 
para evitar agitação durante a recuperação 
enquanto o animal acorda. Deve-se tomar 
cuidado com a depressão respiratória 
causada pelo propofol 
Doses 
• Indução (bólus): 4 a 5 mg/kg IV (c/ MPA) 
• Manutenção (IC – infusão contínua): 0,2-
0,4 mg/kg/min IV 
Associações (redução dose propofol): pode 
ser empregado em indução para diminuir o 
propofol, causando menos efeitos 
cardiorrespiratórios 
• Cetamina: 0,5 mg/kg IV 
• Midazolam: 0,25 a 0,5 mg/kg IV 
• Lidocaína: 1,2 a 2 mg/kg IV 
• Fentanil: 2,5 a 5 microgramas/kg IV 
→ Como o propofol é uma emulsão, ele não 
é hidrossolúvel, não sendo usado em 
soluções. Assim, fazem a base de propofol 
com fosfolipídeo de gema de ovo, óleo de 
soja e glicerol, formando uma mistura 
hidrossolúvel (não é estável). Substância 
leitosa administrada por via venosa 
→ Não é recomendado associar propofol na 
mesma seringa por ter essa característica 
Uso – pequenos animais 
• Cães e gatos 
• Alguns casos em potros 
Animais selvagens pequenos (não utilizado 
para captura pois a administração é IV e, 
assim, mas demorado) 
→ Bomba de infusão intravenosa: dá volume 
ao longo do tempo 
Propofol 
Anestesiologia 23 de março de 2022 
 
 
 
 
Efeitos principais 
• Fármaco hipnótico 
• Estabilidade cardiorrespiratória 
• Efeitos adversos: mioclonias, movimentos 
de pedalagem, êmese (vômito) 
Uso: reservado para indução em pacientes 
com cardiopatias específicas (por ser caro) 
Cesariana: indução anestésica em cadelas 
gestantes – menor repercussão na circulação 
do SNC, afetando menos o SNC fetal 
• Poderia causar problemas no sistema do 
neonato além da depressão respiratória, 
podendo levar a morte fetal 
• Etomidato associado a cetamina e 
midazolam 
Características 
• Administração associada a 
benzodiazepínico – relaxamento muscular 
e redução de efeitos adversos 
• Latência e duração curtas 
• Custo elevado 
• Dificuldade de ser encontrado no cenário 
da pandemia 
Doses 
• Indução (bólus): 0,5 a 2 mg/kg – IV (c/ 
MPA) 
Associações 
• Midazolam ou Diazepam: 0,25 a 0,5 mg/kg 
– IV 
• Lidocaína: 1,2 a 2 mg/kg IV 
• Fentanil: 2,5 a 5 micrograma/kg IV 
 
 
 
Características 
• Anestésico geral – molécula esteroide 
• Não está presente no Brasil: não 
necessariamente é melhor que o propofol, 
mas é sempre bom ter mais opções 
• Quando entrar no mercado, 
provavelmente será caro 
• Fármaco relativamente novo (2014) 
• Muito utilizado no Canada, EUA, Japão, 
Austrália 
Efeitos principais 
• Depressão cardiorrespiratória – apneia 
• Indução e manutenção anestésica 
Doses (indução) 
• Cães: 2 mg/kg IV (c/ MPA) 
• Felinos: 4 mg/kg IV (c/MPA) 
o Gatos tem dificuldade de 
biotransformação de compostos com 
anéis aromáticos e esteroides, por isso 
a dose é maior 
 
 
 
Medicação pre anestésica → indução 
anestésica → intubação traqueal → 
manutenção anestésica → recuperação 
anestésica 
Etomidato 
Alfaxalona 
Considerações finais

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