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Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 B264l Baronett, Stan. Lógica : uma introdução voltada para as ciências / Stan Baronett ; tradução Anatólio Laschuk. – Porto Alegre : Bookman, 2009. 568 p. : il. ; 25 cm. ISBN 978-85-7780-537-2 1. Lógica. I. Título. CDU 164 visão geral Uma parte importante da análise lógica de inferências envolve a elucidação das possíveis condições sob as quais as proposições individuais que constituem a inferência podem ser verdadeiras ou falsas. Para demonstrar que uma inferência é válida ou inválida, você deve compreen- der os requisitos lógicos das proposições individuais en- volvidas e ser capaz de analisar a relação lógica entre as premissas e a conclusão da inferência. O fundamento da nossa discussão neste capítulo é a lógica das proposições categóricas. 3.1 PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS Uma proposição categórica expressa uma relação específica en- tre classes de objetos. Uma classe é definida como um grupo de objetos que têm algumas características comuns reconhecíveis. As classes também podem ser referidas como categorias ou con- juntos. Usaremos S para a classe designada pelo termo sujeito de uma proposição categórica e P para a classe designada pelo termo predicado. Toda proposição categórica ou afirma que o termo su- jeito relaciona-se parcial ou totalmente com o termo predicado, ou nega que o termo sujeito relaciona-se parcial ou totalmente com o termo predicado. Em outras palavras, podemos expressar qualquer uma das seguintes possibilidades em relação a S e P: 3.1 PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS 3.2 SILOGISMOS CATEGÓRICOS 33capítulo 122 Lógica Todos S são P Nenhum S é P Alguns S são P Alguns S não são P A primeira proposição categórica, “Todos S são P”, é denominada proposição universal afirmativa, porque declara que todos os membros do termo sujeito são membros do termo predicado. Essas declarações são ou verdadeiras ou falsas, mas isso só pode ser decidido quando os S e os P são substituídos por termos reais da classe, por exemplo, “Todas as árvores são decíduas”*. Podemos ver nesse exemplo a asserção de que toda árvo- re (a classe designada pelo termo sujeito) é decídua (a classe designada pelo termo predicado). Como sabemos que há, no mínimo, uma classe de árvores que não é decídua (pinheiros etc.), o conteúdo de verdade dessa instância particular de uma proposição universal afirmativa é falsa. * N. de T.: Em biologia, o termo decíduo indica a queda de folhas. No caso, todas as árvores perdem as folhas. Proposição ca- tegórica: Uma proposição que usa conjuntos, cate- gorias, ou grupos de objetos (reais ou imaginários) para substituir as variáveis em uma das quatro formas específicas seguin- tes – “Todos S são P”, “Nenhum S é P”, “Alguns S são P” e “Alguns S não são P”. Classe: Um gru- po, conjunto ou coleção de objetos que têm uma ca- racterística comum atribuída a cada membro. Termo sujeito: A classe designada pelo primeiro termo de uma proposição categórica. Termo predicado: A classe designada pelo segundo ter- mo de uma propo- sição categórica. Proposição uni- versal afirmativa: A forma de propo- sição “Todos S são P”, a qual declara que todos os mem- bros do termo sujei- to são membros do termo predicado. BIOGRAFIA ARISTÓTELES Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) é frequentemen- te considerado como o criador do estudo da ló- gica. As suas ideias dominaram o pensamento ocidental por dois mil anos e os seus escritos in- fluenciaram todos os aspectos da cultura euro- peia: metafísica, ética, política, estética e episte- mologia. Tão dominante eram as ideias de Aristóteles que todo o pensamento subsequente, científico e lógico, tinha que estar de acordo com o seu trabalho. O sistema de lógica de Aristóteles baseia-se nas relações entre ter- mos. As proposições categóricas, como “Todos os homens são mortais”, contêm um termo sujeito (“homens”) e um termo predicado (“mor- tais”). Isso é um exemplo de uma proposição universal afirmativa. Ela faz a asserção de que a classe inteira dos homens está incluída na classe dos seres mortais. Aristóteles queria que a lógica e a ciência se com- plementassem mutuamente, de modo que não surpreende que a sua lógica foi desenvolvida, em grande parte, para solidificar o raciocínio científico. A ciência de Aristóteles baseava-se na ideia de classificação. O conhecimento científico é obtido por meio da capacidade de classi- ficar um grupo de objetos como subclasse de uma classe que já é bem compreendida. Essa disposição científica significava que Aristóteles en- tendia que ao menos algumas proposições universais assumem que a classe de objetos que está sendo referida têm membros que realmente existem. Para analisar algumas inferências, isso requer que o conteúdo de verdade de certas proposições seja investigado. Entretanto, as ideias lógicas modernas têm enfatizado a separação entre conteúdo de verda- de e componente lógico das inferências. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 123 Se substituirmos os termos sujeito e predicado por “árvore” e “de- cídua” nas três proposições categóricas restantes, obteremos os seguintes resultados: “Nenhuma árvore é decídua”, “Algumas árvores são decídu- as” e “Algumas árvores não são decíduas”. A primeira dessas, “Nenhuma árvore é decídua”, é denominada proposição universal negativa porque declara que nenhum membro do termo sujeito é membro do termo pre- dicado. Essa proposição afirma que não existe nem ao menos um mem- bro de S que seja membro de P. Entretanto, como algumas árvores são decíduas, o conteúdo de verdade dessa proposição é falso. O próximo exemplo, “Algumas árvores são decíduas”, é denomina- do proposição particular afirmativa porque declara que alguns membros do termo sujeito são membros do termo predicado. Em outras palavras, essa proposição declara que ao menos um membro de S é membro de P.* O nosso conhecimento anterior sobre árvores diz-nos que essa pro- posição é verdadeira. O exemplo seguinte, “Algumas árvores não são decíduas”, é de- nominado proposição particular negativa porque declara que alguns membros do termo sujeito não são membros do termo predicado. Em outras palavras, essa proposição declara que, no mínimo, um membro de S não é membro de P.** O nosso conhecimento anterior sobre árvores diz-nos que essa proposição também é verdadeira. Quando uma proposição categórica refere-se a objetos, tais como “pinheiros”, parece ser natural a referência ao conteúdo de verdade da proposição. Entretanto, considere esta proposição: “Todos os unicórnios são criaturas de um chifre”. Como interpretaremos o conteúdo de ver- dade dessa proposição? De um lado, poderíamos dizer que a proposição é verdadeira por definição (o termo “unicórnio” é definido como sen- do “uma criatura de um chifre”). Por outro lado, poderíamos dizer que a proposição é falsa porque não existe nenhum unicórnio. Isso levanta uma questão importante em relação à interpretação de proposições ca- tegóricas universais. Diz-se que uma proposição tem importação exis- tencial quando ela declara a existência de objetos. A partir disso, deve-se assumir que toda proposição universal tem importação existencial? Se a resposta for “sim”, então a proposição “Todos os unicórnios são criaturas de um chifre” será falsa, já que não existe nenhum unicórnio. Se a respos- ta for “não”, então a proposição “Todos os unicórnios são criaturas de um chifre” será verdadeira por definição, mesmo que não haja unicórnios. Assim, é claramente óbvio que algumas proposições categóricas universais têm importação existencial (“Todas as árvores são decídu- as”), ao passo que outras não (“Todos os unicórnios são criaturas de um chifre”). Entretanto, se tivermos que decidir em cada instância se uma proposição categórica universal individual tem importação existencial, * N. de T.: Caso particularizado como “Algum S é P”. ** N. de T.: “Algum S não é P.” Proposição univer-sal negativa: A for- ma de proposição “Nenhum S é P”, a qual declara que nenhum dos mem- bros do termo sujei- to são membros do termo predicado. Proposição parti- cular afirmativa: A forma de pro- posição “Alguns S são P”, a qual declara que alguns (pelo menos um) dos membros do termo sujeito são membros do termo predicado. Proposição par- ticular negativa: A forma de pro- posição “Alguns S não são P”, a qual declara que alguns (pelo menos um) dos membros do termo sujeito não são membros do termo predicado. Importação exis- tencial: Em uma proposição, a asser- ção da existência de objetos de algum tipo. 124 Lógica então estaremos fazendo análise do conteúdo de verdade ao invés de análise lógica. Assim, uma proposição que tem a estrutura “Todos S são P” é entendida como afirmando que “Se alguma coisa for um S, então também será um P”. Uma proposição que tem a estrutura “Nenhum S é P” é entendida como afirmando que “Se alguma coisa for um S, então não será um P”. Essa interpretação coloca de lado a questão do conteúdo de verdade relacionado com a existência dos objetos referidos pela pro- posição. Como a frase “Se alguma coisa for um S,” não implica a existên- cia de membros da classe S, essa interpretação pode ser usada para fazer diagrama do requisito lógico da proposição. Os diagramas das proposi- ções categóricas serão discutidos após a próxima seção. Referência Rápida 3.1 • As quatro proposições categóricas Todos S são P Universal afirmativa Nenhum S é P Universal negativa Alguns S são P Particular afirmativa Alguns S não são P Particular negativa Os quatro tipos de proposições categóricas incluem duas proposi- ções universais e duas proposições particu- lares. Traduzindo sentenças ordinárias em proposições categóricas No Capítulo 2, vimos que as informações faltantes exigiram que nós reconstruíssemos as inferências com base em nossa compreensão do contexto no qual as informações foram apresentadas. De modo similar, muitas sentenças da linguagem ordinária não espelham a estrutura dos quatro tipos de proposições categóricas. Esses casos requerem que nós façamos a reconstrução e a tradução das sentenças nas estruturas que estivemos usando. As traduções são úteis porque elucidam o significado e revelam os requisitos lógicos das proposições. A linguagem ordinária contém um número ilimitado de sentenças possíveis, de modo que exploraremos apenas umas poucas das ocorrências mais comuns. Por exemplo, a sentença comum “Todos os tubarões caçam” pode ser facilmente traduzida pela proposição categórica universal afir- mativa “Todos os tubarões são caçadores”. A sentença comum “Nenhum tubarão caça” é traduzida pela proposição categórica universal negativa “Nenhum tubarão é caçador”. De modo similar, a sentença “Algumas pes- soas jogam boliche” pode ser traduzida pela proposição categórica parti- cular afirmativa “Algumas pessoas são jogadoras de boliche”, e “Algumas pessoas não jogam boliche” pode ser traduzida pela proposição categórica particular negativa “Algumas pessoas não são jogadoras de boliche”. A tradução de algumas sentenças da linguagem ordinária requer uma interpretação da referência que normalmente é feita às classes men- C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 125 cionadas. Por exemplo, a sentença “Um golfinho é um mamífero” é me- lhor traduzida como sendo a proposição universal afirmativa “Todos os golfinhos são mamíferos”, já que normalmente estamos nos referimos à classe inteira de golfinhos ao classificá-los como mamíferos. Pela mesma razão, traduziríamos a sentença “Um golfinho não é um peixe” como sendo a proposição universal negativa “Nenhum golfinho é peixe”. Por outro lado, a sentença “Um golfinho vive no aquário local” seria tradu- zida pela proposição particular afirmativa “Alguns golfinhos vivem no aquário local”, já que certamente a sentença não está se referindo a todos os golfinhos. (O uso de “alguns” é apropriado nesta tradução porque seu uso em proposições categóricas significa “no mínimo um”.) A sentença “Todo computador é uma máquina complexa” refere- se a todos os computadores, de modo que é traduzida pela proposição universal afirmativa “Todos os computadores são máquinas complexas”. BIOGRAFIA JOHN VENN Embora muitas pessoas tenham expandido as ideias da álgebra booleana, talvez a mais útil dessas expansões é a que começou a ser usada por John Venn (1834–1923), ao criar o que veio a se tornar conhecido como diagramas de Venn. Esses diagramas distinguem-se dos cír- culos de Euler por alguns poucos e importan- tes modos de uso. Se quisermos analisar silo- gismos categóricos usando o sistema de Venn, sempre começaremos desenhando três círcu- los sobrepostos de mesmo tamanho. Cada cír- culo é, então, designado conforme qual dos três termos do silogismo está sendo representado pelo círculo: o termo sujeito da conclusão, o termo predicado da conclusão, ou o termo médio, que é o termo que ocorre apenas nas premissas. Quando usado em análise lógica, as dife- rentes áreas recebem então anotações para mostrar todas as asserções possíveis, de inclusão e exclusão de classe, das três proposições categó- ricas que constituem o silogismo categórico. O sombreamento de uma área indica que a classe é vazia e é usado nas proposições categóricas universais. A presença de um “X” indica que a classe não está vazia e ele é usado nas proposições categóricas particulares. Essas anotações são usadas com ambas as proposições afirmativas e negativas. A uniformidade dos diagramas de Venn oferece um método per- feitamente mecânico para determinar a validade ou invalidade de qual- quer silogismo categórico. Além disso, os diagramas de Venn são usa- dos frequentemente em análise matemática para representar a união e interseção de conjuntos. 126 Lógica A mesma tradução é válida para a sentença “Qualquer computador é uma máquina complexa”. Entretanto, a sentença “Nem todo computa- dor é caro” deve ser traduzida pela proposição particular negativa “Al- guns computadores não são caros”, porque é improvável que a sentença esteja declarando que nenhum computador é caro. Por outro lado, a sentença “Todo computador não é caro” deve ser traduzida pela pro- posição universal negativa “Nenhum computador é caro”, porque ela se refere à classe inteira dos computadores. Referência Rápida 3.2 • Traduzindo sentenças ordinárias em proposições categóricas Sentença ordinária Tradução Todos os tubarões caçam. Todos os tubarões são caçadores. Nenhum tubarão caça. Nenhum tubarão é caçador. Algumas pessoas jogam boliche. Algumas pessoas são jogadoras de boliche. Algumas pessoas não jogam boliche. Algumas pessoas não são jogadoras de boliche. Um golfinho é um mamífero. Todos os golfinhos são mamíferos. Um golfinho não é um peixe. Nenhum golfinho é peixe. Um golfinho vive no aquário local. Alguns golfinhos vivem no aquário local. Qualquer computador é uma máquina complexa. Todos os computadores são máquinas complexas. Nem todo computador é caro. Alguns computadores não são caros. Qualquer computador não é caro. Nenhum computador é caro. Uma sentença ordinária pode ser traduzida por uma das quatro pro- posições categóricas depois de ser recons- truída. Construindo diagramas de proposições categóricas: os diagramas de Venn Quando fazemos diagramas para as proposições categóricas, usamos os diagramas de Venn. Um diagrama de Venn consiste em círculos sobrepos- tos que designam classes, juntamente com anotações específicas associadas aos círculos. Como uma proposição categórica contém duas classes, dese- nharemos dois círculos que se intersecionam e então faremos anotações nos desenhos dependendo do que é dito na proposição. A estrutura básica do diagrama de Venn de uma proposição categórica está mostrada abaixo. 1 S P 2 3 4 Diagrama de Venn: Um diagra- ma que usa círculos sobrepostos para representar propo- sições categóricas e para ilustrar a vali- dade ou invalidadede uma inferência categórica. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 127 A Área 1 designa aqueles membros de S que não são membros de P. A Área 2 designa aqueles membros de S que são membros de P. A Área 3 designa aqueles membros de P que não são membros de S. Finalmente, na Área 4 não há nenhum membro nem de S nem de P. Todos S são P Os nossos diagramas precisam incluir os requisitos lógi- cos expressos pelas proposições categóricas. Na proposição “Todos S são P ”, a palavra “Todos” liga-se diretamente a S e não a P. A proposição está expressando alguma coisa definitiva sobre S (que todo membro dessa classe é membro de P), mas deixa em aberto a questão da extensão do domínio P. Tendo isso em mente, podemos produzir o diagrama de Venn dessa pro- posição. 1 S P 2 3 4 Todos S são P Como a Área 1 designa aqueles membros de S que não são membros de P, o diagrama deve mostrar que essa área está vazia, que ela não contém nenhum membro de S. Para mostrar que uma área está vazia, ela é som- breada. Portanto, o diagrama ilustra aquilo que a proposição expressa: se qualquer objeto for um membro de S, então ele será um membro de P. Esse diagrama pode ser usado para ilustrar os requisitos lógicos de qualquer proposição categórica universal afirmativa. O diagrama de Venn anterior fornece o mecanismo necessário para fazer análises simples de inferências. Para demonstrar a validade ou invalidade, precisamos apenas consultar os diagramas da proposição envolvida em uma inferência. Por exemplo, Todos S são P Todos P são S Se assumirmos que a premissa é verdadeira, poderemos usar o diagrama de Venn para representá-la. Então, o diagrama revelará se a premissa fun- damenta logicamente ou não a conclusão. O diagrama completo revelará se a conclusão deve ser verdadeira (caso em que teremos demonstrado que a inferência é válida) ou revelará a possibilidade de uma conclusão falsa (caso em que teremos demonstrado que a inferência é inválida). 128 Lógica Esse método visual de análise capacita-nos a ver a lógica das inferências. Assim, na inferência anterior, podemos fazer a seguinte pergunta: é pos- sível que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa? Usando o diagra- ma anterior da premissa “Todos S são P ”, teremos a resposta. Premissa: Todos S são P = Verdadeira Conclusão: Todos P são S = Falsa Essa figura é tudo de que precisamos para demonstrar que a inferência é inválida. Tudo que tivemos que mostrar foi a possibilidade de termos uma premissa verdadeira e uma conclusão falsa, e isso foi feito. Nenhum S é P O nosso diagrama dessa proposição precisa incluir os requisitos lógicos expressos pela proposição. A asserção é que nenhum membro da classe S é membro da classe P. Isso está expresso no seguinte diagrama de Venn: 1 S P 2 3 4 Nenhum S é P Como a Área 2 designa aqueles membros de S que são membros de P, o diagrama deve mostrar que essa área está vazia, de modo que ela está sombreada. Esse diagrama pode ser usado para ilustrar os requisitos ló- gicos de qualquer proposição categórica universal negativa. Novamente, uma inferência simples pode ser construída e analisa- da usando-se essa estrutura de proposição. Nenhum S é P Nenhum P é S É possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa? Acontece que isso não é possível. O diagrama mostra a única maneira da premissa ser verdadeira. Premissa: Nenhum S é P = Verdadeira Conclusão: Nenhum P é S = Verdadeira Como o diagrama ilustra, se tornarmos verdadeira a premissa, então automaticamente também tornaremos verdadeira a conclusão. Como é impossível tornar verdadeira a premissa dessa inferência e falsa a con- clusão ao mesmo tempo, demonstramos que essa inferência é válida. Alguns S são P Nós estipularemos que “alguns” significa no mínimo um, de modo que a proposição diz que no mínimo um membro de S é C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 129 membro de P. Diferentemente das proposições universais, as proposi- ções categóricas particulares sempre são entendidas como tendo impor- tação existencial. Portanto, a proposição “Alguns S são P” está na verda- de dizendo que existe no mínimo um S e que ele é um P. Se for dito que existe no mínimo um membro em uma classe de objetos, então um X será colocado dentro do círculo. 1 S P 2 3 4 Alguns S são P X Como a Área 2 designa aqueles membros de S que são membros de P, o diagrama deve mostrar que essa área tem no mínimo um membro. Esse diagrama pode ser usado para ilustrar os requisitos lógicos de qualquer proposição categórica particular afirmativa. Agora, usando essa estrutura de proposição, poderemos analisar uma inferência simples em relação à validade. Alguns S são P Alguns P são S O diagrama mostra a única maneira da premissa ser verdadeira. Premissa: Alguns S são P = Verdadeira Conclusão: Alguns P são S = Verdadeira Como o diagrama ilustra, se tornarmos verdadeira a premissa, então automaticamente também tornaremos verdadeira a conclusão. Como, nessa inferência, é impossível ao mesmo tempo tornar a premissa verda- deira e a conclusão falsa, demonstramos que essa inferência é válida. Alguns S não são P Essa estrutura de proposição está fazendo uma de- claração a respeito da classe de S – que existe no mínimo um membro de S e que ele não é membro de P. Como vimos antes, se for dito que existe no mínimo um membro em uma classe de objetos, então um X será colocado dentro do círculo. 1 S P 2 3 4 Alguns S não são P X 130 Lógica Como a Área 1 designa aqueles membros de S que não são membros de P, o diagrama deve mostrar que essa área tem no mínimo um membro. Esse diagrama pode ser usado para ilustrar os requisitos lógicos de qual- quer proposição categórica particular negativa. Agora, usando essa estrutura de proposição, poderemos analisar uma inferência simples em relação à validade. Alguns S não são P Alguns P não são S O diagrama mostra a única maneira da premissa ser verdadeira. Premissa: Alguns S não são P = Verdadeira Conclusão: Alguns P não são S = Falsa Para que a conclusão fosse verdadeira, deveria haver um X na Área 3 do círculo P. Entretanto, a informação da premissa não nos permite colocar um X nessa área. Como já mostramos claramente que é possível haver uma premissa verdadeira e uma conclusão falsa, então demonstramos que a inferência é inválida. Vamos trabalhar passo a passo em uma inferência simples, mas interessante. Todos S são P Alguns S são P Como antes, uma proposição universal afirmativa pode usar o diagrama de Venn para representar a informação da premissa. S P Premissa: Todos S são P = Verdadeira Conclusão: Alguns S são P = Falsa A inferência é inválida. Isso ilustra a importância de se compreender a importação existencial. As proposições universais são interpretadas como não fazendo nenhu- ma declaração existencial. É por isso que o diagrama de “Todos S são P ” e “Nenhum S é P ” usam apenas o sombreamento de áreas. Os dia- gramas dessas proposições não contêm nenhum X para indicar que um objeto existe verdadeiramente em uma área dada. Entretanto, proposi- ções particulares são sempre entendidas como declarando existência (é por isso que se usa um X para ilustrar que no mínimo um dos objetos C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 131 existe realmente). Assim, de fato é verdade que “Todos os unicórnios são criaturas de um chifre” (por definição), e é falso que “Alguns unicórnios são criaturas de um chifre”, porque isso afirma que existe no mínimo um unicórnio. No diagrama anterior, para a conclusão ser verdadeira, deveria haver um X na área onde S e P se sobrepõem, mas não há ne- nhum X porque uma premissa universal não nos permite colocar um X em lugar algum, somente uma proposição particular permite isso. Ao declarar que essa inferência é inválida, estamos apenas expressando a possibilidade de uma premissa ser verdadeira e a conclusão ser falsa, o que é revelado pelo diagrama de Venn.A Referência Rápida 3.3 mostra os diagramas de Venn das propo- sições categóricas. Referência Rápida 3.3 • Os diagramas de Venn são usados para ilustrar os quatro tipos de proposições categóricas Todos S são P Nenhum S é P Alguns S são P Alguns S não são P S P S P S P S P X X Os diagramas de Venn são usados para ilustrar os quatro tipos de pro- posições categóricas. CONJUNTO DE EXERCÍCIOS 3.1 Exercícios 1–20 Traduza as seguintes sentenças para estruturas de proposições categóricas, estipulando o que S e P representarão em cada caso. A seguir, dese- nhe diagramas de Venn para representar a lógica de cada proposição. 1. Alguns bonecos de neve são elementos decorativos permanentes de gra- mados. Resposta: S = “bonecos de neve”, P = “elementos decorativos permanentes de gramados” S P X 2. Nenhuma sanguessuga é advogado. 3. Alguns apresentadores de notícias da televisão são bons atores. 4. Todas as rosquinhas fazem parte da culinária sem gordura. 5. Todas as pessoas paranormais são impostoras. 132 Lógica *6. Algumas crianças não estão seguindo os passos de seus pais. 7. Atualmente, nenhum vulcão é uma estrutura geológica ativa. 8. Todos os patos são criaturas tolas. 9. Todos os professores são coitados miseráveis. 10. Alguns poemas são obras de literatura belamente escritas. *11. Alguns vírus não são letais para o homem. 12. Nenhum laureado com o prêmio Nobel é campeão olímpico. 13. Todas as criaturas marítimas são bivalvares. 14. Algumas estrelas do rock são bons pais. 15. Todos os condimentos são grátis. *16. Alguns vegetais exóticos não são comestíveis. 17. Algumas pesquisas científicas são fraudulentas. 18. Nenhum comercial de televisão merece a nossa atenção. *19. Todos os instrumentos bem afinados são calmantes para o ouvido. 20. Alguns disquetes são defeituosos. Exercícios 21–35 Traduza as seguintes sentenças ordinárias em proposições ca- tegóricas. 21. Uma maçã está no refrigerador. Resposta: Algumas maçãs estão no refrigerador. Embora a sentença esteja se referindo a uma maçã em particular, o uso de “al- gumas” é apropriado nessa tradução porque foi estipulado que significa “no mínimo uma”. 22. Qualquer médico é bem-educado. 23. Nenhum inseto canta. 24. Uma flor é uma planta. 25. Todas as pessoas felizes dançam. *26. Alguns ursos hibernam. 27. Alguns carros não poluem. 28. Uma manga (fruta) não é um vegetal. 29. Nem todo cão é amigável. 30. Todo funcionário de escritório está sob pressão para produzir. *31. Um tsunami é perigoso. 32. Algumas pessoas não atravessam distraidamente as ruas. 33. Não é verdade que todos os exames finais de cálculo são fáceis. 34. Toda ópera é fácil de entender. 35. Nem todo romance é uma sátira. Exercícios 36–67 Desenhe diagramas de Venn para demonstrar se cada inferên- cia é válida ou inválida. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 133 36. Todos S são P Todos P são S Resposta: S P Todos S são P Premissa: Todos S são P = Verdadeira Conclusão: Todos P são S = Falsa A inferência é inválida. 37. Todos S são P Todos S são P 38. Todos S são P Nenhum S é P 39. Todos S são P Nenhum P é S 40. Todos S são P Alguns S são P *41. Todos S são P Alguns P são S 42. Todos S são P Alguns S não são P 43. Todos S são P Alguns P não são S 44. Nenhum S é P Todos S são P 45. Nenhum S é P Todos P são S *46. Nenhum S é P Nenhum P é S 47. Nenhum S é P Nenhum S é P 48. Nenhum S é P Alguns S são P 49. Nenhum S é P Alguns P são S 50. Nenhum S é P Alguns S não são P 134 Lógica *51. Nenhum S é P Alguns P não são S 52. Alguns S são P Todos S são P 53. Alguns S são P Todos P são S 54. Alguns S são P Nenhum S é P 55. Alguns S são P Nenhum P é S *56. Alguns S são P Alguns P são S 57. Alguns S são P Alguns S são P 58. Alguns S são P Alguns S não são P 59. Alguns S são P Alguns P não são S 60. Alguns S não são P Todos S são P *61. Alguns S não são P Todos P são S 62. Alguns S não são P Nenhum S é P 63. Alguns S não são P Nenhum P é S 64. Alguns S não são P Alguns S são P 65. Alguns S não são P Alguns P são S *66. Alguns S não são P Alguns S não são P 67. Alguns S não são P Alguns P não são S 3.2 SILOGISMOS CATEGÓRICOS Nesta seção, a discussão das proposições categóricas será ampliada para incluir a análise dos silogismos categóricos. Um silogismo é uma infe- rência que tem exatamente duas premissas e uma conclusão. Um silogis- mo categórico é uma inferência construída inteiramente de proposições Silogismo: Qual- quer inferência que tem exatamente duas premissas e uma conclusão. Silogismo cate- górico: Uma infe- rência construída inteiramente de proposições cate- góricas. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 135 categóricas. Se assumirmos que as premissas de uma inferência são ver- dadeiras, então poderemos usar um diagrama de Venn para represen- tar uma premissa e, em seguida, acrescentar uma segunda premissa ao nosso desenho. O diagrama completo revelará se a conclusão deverá ser verdadeira, caso em que teremos demonstrado que a inferência é válida, ou revelará a possibilidade de uma conclusão falsa, caso em que teremos demonstrado que a inferência é inválida. Esse método visual de análise usando diagramas de Venn capacita-nos a ver a lógica das inferências. O uso de figuras para revelar a validade ou a invalidade é útil por- que nos dá algo para ver. Para ilustrar com mais detalhes as questões lógicas que estamos indagando, será útil mostrar o quanto o conteúdo de verdade de uma inferência pode ser confuso e desorientador quando estamos fazendo uma análise de inferência lógica. Por exemplo, conside- re a inferência do Exemplo 3.1A. Exemplo 3.1A Conteúdo de Verdade Todos os quadrados são triângulos = Falso (F) Todos os triângulos são retângulos = Falso (F) Todos os quadrados são retângulos = Verdade (V) Os conteúdos de verdade dessas proposições estão sendo mostrados para ajudar a ilustrar como essa informação não nos ajuda a decidir se a inferência é válida ou inválida, porque a questão lógica é algo completa- mente diferente. A análise lógica começa vendo que todo silogismo cate- górico contém exatamente três termos, cada um dos quais é usado duas vezes. Os dois termos da conclusão são referidos como sendo os termos sujeito (S) e predicado (P) da inferência. O termo que ocorre apenas nas premissas é denominado termo médio (M). Com isso, podemos mostrar a estrutura da inferência fazendo S = “quadrados”, P = “retângulos” e M = “triângulos”. Exemplo 3.1B Estrutura Todos S são M Todos M são P Todos S são P Como os silogismos categóricos têm três termos, teremos que acrescen- tar um círculo ao nosso diagrama de Venn básico. O diagrama seguinte é o modelo para a análise lógica dos silogismos categóricos. 136 Lógica S P M Nesse diagrama de Venn, S representa o termo sujeito da conclusão, P, o termo predicado da conclusão, e M, o termo médio, o qual é encontrado apenas nas premissas. Como o interesse lógico é a validade, precisamos ver o que acontece quando tornamos verdadeiras ambas as premissas. Agora, podemos completar o diagrama de Venn com as anotações apro- priadas. Começamos desenhando a informação dada na primeira pre- missa como se ela fosse verdadeira. Ela diz que qualquer área do círculo S fora de M está vazia, de modo que sombreamos a área correspondente. S P M O próximo passo é marcar o diagrama desenhando a informação da segunda premissa. Ela diz que qualquer área do círculo M fora de P está vazia, de modo que, novamente, sombreamos as área correspondente. S P M O diagrama está completo quando contém as informações dadas nas duas premissas. Para decidir se a inferência é válida ou inválida, verifi- camos se a conclusão deve ser verdadeira. No nosso exemplo, a conclusão declara que a classe S está completamente contida na classe P. No diagra- ma de Venn, isso pode ser verificado, de modoque a inferência é válida. Vamos analisar uma inferência similar à do Exemplo 3.1A. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 137 Exemplo 3.2A Conteúdo de Verdade Todos os quadrados são triângulos = Falso (F) Todos os retângulos são triângulos = Falso (F) Todos os quadrados são retângulos = Verdade (V) O conteúdo de verdade dessa inferência corresponde ao da infe- rência do Exemplo 3.1A; isto é, ambas tem premissas falsas e uma con- clusão verdadeira. Se a validade dependesse disso, poderíamos concluir que, como a primeira inferência foi válida, então esta também deve ser válida. Podemos mostrar a estrutura da inferência fazendo S = “quadra- dos”, P = “retângulos” e M = “triângulos”. Exemplo 3.2B Estrutura Todos S são M Todos P são M Todos S são P Novamente, começamos desenhando a informação dada na primeira pre- missa como se ela fosse verdadeira. Ela diz que qualquer área do círculo S fora de M está vazia, de modo que sombreamos a área correspondente. S P M O próximo passo é marcar o diagrama desenhando a informação da segunda premissa. Ela diz que qualquer área do círculo P fora de M está vazia, de modo que, novamente, sombreamos a área correspondente. S P M 138 Lógica O diagrama estará completo quando contiver as informações dadas nas duas premissas. Para decidir se a inferência é válida ou inválida, verifi- camos se a conclusão é verdadeira. A conclusão diz que a classe S está completamente contida na classe P, mas o diagrama de Venn mostra claramente que a conclusão é falsa. Portanto, demonstramos que essa inferência é inválida. Depois de mostrarmos que uma inferência é inválida, saberemos que é logicamente possível substituir cada símbolo por alguma coisa e obter premissas verdadeiras e uma conclusão falsa. Considere as seguin- tes substituições dos símbolos do Exemplo 3.2B – Estrutura: S = “ho- mens”, P = “mulheres” e M = “seres humanos”. Exemplo 3.3 Conteúdo de Verdade Todos os homens são seres humanos = Verdade (V) Todas as mulheres são seres humanos = Verdade (V) Todos os homens são mulheres = Falso (F) Esse exemplo ilustra que, como as inferências inválidas permitem que haja premissas verdadeiras e uma conclusão falsa, elas não podem garantir que a verdade será preservada do começo ao fim em uma inferência. Para mostrar que nós não estamos enganando o leitor, podemos substituir os símbolos pelas mesmas palavras no Exemplo 3.1B – Es- trutura (que mostrou ser uma inferência válida). Novamente, S = “ho- mens”, P = “mulheres” e M = “seres humanos”. Exemplo 3.4 Conteúdo de Verdade Todos os homens são seres humanos = Verdade (V) Todos os seres humanos são mulheres = Falso (F) Todos os homens são mulheres = Falso (F) Lembre-se do que a validade garante – se as premissas forem verdadeiras, então a conclusão não poderá ser falsa. Para conseguir mais prática, vamos analisar uma outra inferência. Exemplo 3.5A Todas as pessoas que dirigem carros compactos são pessoas de egos bem-ajustados. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 139 Nenhuma pessoa que deseje ser muito rica é uma pessoa de ego bem-ajustado. Nenhuma pessoa que dirige carros compactos é uma pessoa que deseja ser muito rica. Se fizermos S = “pessoas que dirigem carros compactos”, P = “pessoas que desejam ser muito ricas” e M = “pessoas de egos bem-ajustados”, obteremos a seguinte estrutura de inferência: Exemplo 3.5B Estrutura Todos S são M Nenhum P é M Nenhum S é P Podemos começar a nossa análise tornando verdadeiras ambas as pre- missas, como se mostra a seguir: S P M Premissa 1: Todos S são M = Verdadeira Premissa 2: Nenhum P é M = Verdadeira O diagrama de Venn completo confirma que, se as premissas forem ver- dadeiras, então a conclusão, “Nenhum S é P ”, será verdadeira. Portanto, demonstramos que a inferência é válida. Iremos trabalhar agora passo a passo na análise de mais duas infe- rências para nos familiarizarmos com o uso das proposições “Alguns S são P ” e “Alguns S não são P ”. Desta vez, começaremos com a estrutura da inferência. Exemplo 3.6 Todos S são M Alguns M são P Alguns S são P 140 Lógica Iremos tratar uma premissa de cada vez porque a análise dessa inferên- cia revelará a necessidade de uma nova técnica para fazer o diagrama das proposições categóricas particulares. Começaremos desenhando a informação da primeira premissa como se ela fosse verdadeira. S P M O próximo passo é marcar o diagrama desenhando a informação da segunda premissa. Essa é uma proposição particular, a qual declara que existe ao menos um M que é um P. Assim, devemos colocar um X em algum lugar das áreas onde M e P se sobrepõem. Vamos considerar três possibilidades, que são denominadas (a), (b) e (c). (a) S P M X (b) S P M X Nas ilustrações (a) e (b), o X representa um objeto que é M e P, como requerido pela proposição “Alguns M são P ”. Entretanto, em (a), o X está expressando um objeto que também é um S, ao passo que em (b) o X está indicando que o objeto não é um S. Embora ambos os diagramas C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 141 representem possibilidades lógicas desde que a segunda premissa seja verdadeira, os objetos referidos pelos Xs nos dois diagramas não são os mesmos. De fato, ambas os diagramas “dizem demais”. A informação da segunda premissa não nos permite escolher uma das possibilidades em detrimento da outra. Resolveremos esse problema fazendo o diagrama da segunda premissa como se mostra na ilustração (c). (c) S P M X A razão da colocação do X em (c) é que não pode haver mais de um X para representar o que está sendo expresso por qualquer uma das pro- posições em particular. Assim, em (c), o X está colocado na linha que separa as duas áreas nas quais o objeto poderia existir. Essa localização do X informa-nos que ele pode estar localizado na área mostrada ou em (a), ou em (b). Entretanto, ele não pode estar em ambas ao mesmo tempo. A ilustração final (c) mostra a seguinte possibilidade: Premissa 1: Todos S são M = Verdadeira Premissa 2: Alguns M são P = Verdadeira Conclusão: Alguns S são P = Falsa Como é possível o X referido na premissa 2 existir apenas na área mos- trada em (b), a análise lógica revela que é possível haver premissas ver- dadeiras e uma conclusão falsa. Portanto, a inferência é inválida. O Exemplo 3.7 apresenta a última análise de inferência desta seção. Exemplo 3.7 Alguns P não são M Todos S são M Alguns S não são P Iremos tratar uma premissa de cada vez porque a análise dessa infe- rência revelará uma nova estratégia para fazer o diagrama das proposi- ções categóricas particulares. Começaremos desenhando a informação dada na primeira premissa, “Alguns P não são M”, como se ela fosse verdadeira. 142 Lógica S P M X O próximo passo é marcar o diagrama desenhando a informação dada na segunda premissa, “Todos S são M ”. S P M X Como agora uma das áreas possíveis para a colocação do X foi elimina- da, o X deve ser deslocado para a única possibilidade que restou. S P M X Para evitar que tenhamos de alterar a localização do X no diagrama, poderíamos ter começado a análise desenhando a segunda premissa. Assim, sempre que uma inferência tiver uma pre- missa particular e uma universal, a estratégia a ser empregada é sempre fazer primeiro o diagra- ma da premissa universal. Frequentemente, isso eliminará a necessidade de se alterar a localização do X dentro do diagrama de Venn. Agora, a análise final da inferência pode ser completada. Estratégia Em uma inferência que contém uma premissa universal e uma premis- sa particular, sempre faça primei- ro o diagrama da premissa universal. C A P Í T U L O 3 • Proposições Categóricas e Inferências 143 S P M X Premissa 1: Alguns P não são M = Verdadeira Premissa 2: Todos S são M = Verdadeira Conclusão: Alguns S não são P = Falsa O diagrama de Venn completo demonstra que a inferência é inválida, porque ela revela a possibilidade de premissas verdadeirase uma con- clusão falsa. CONJUNTO DE EXERCÍCIOS 3.2 ��� Exercícios 1–20 (1) Substitua os símbolos para descobrir a estrutura lógica das inferências categóricas e, então, (2) demonstre que as inferências são ou válidas ou inválidas. Use o seu conhecimento de proposições categóricas e diagramas de Venn para ajudar a desenvolver as suas demonstrações. 1. Todos os personagens de desenhos em quadrinhos são criações fictícias. Algumas criações fictícias são objetos possíveis. Alguns personagens de desenhos em quadrinhos são objetos possíveis. Resposta: Inválida Sejam S = “personagens de desenhos em quadrinhos”, P = “objetos possíveis” e M = “criações fictícias”. A estrutura da inferência é: Todos S são M Alguns M são P Alguns S são P S P M X 2. Nenhuma estrela de cinema é ganhadora do prêmio Pulitzer. Nenhum ganhador do prêmio Pulitzer é analfabeto. Nenhuma estrela de cinema é analfabeta. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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