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Administração da Produção II Autoria Paulo César da Silva ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II SEJA BEM-VINDO! ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: Paulo César da silva suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: ana lúCia do nasCiMento Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / MiGuel José de andrade Carvalho diagramação e tratamento de imagens: MiGuel José de andrade Carvalho revisão textual: ana lúCia do nasCiMento Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu SILVA, Paulo César da. Administração da Produção II. / Paulo César da Silva. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 144 p. ISBN: 1. Administração da produção. 2. Planejamento. 3. Estratégia. 4. Administração científi- ca. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Prezado estudante, é com imenso prazer que lhe convido a embarcar em um processo histórico atual da administração da produção. Nesse módulo serão apresentados os principais nomes da administração cientifica e como a administração da produção foi impactada por suas técnicas. Teorias que possuem mais de 100 anos de história, que, no entanto, continuam atuais. Outrora também serão apresentadas novas técnicas, tendências e formas de produção. O módulo está recheado de assuntos interessantes, onde iremos perceber de que forma é possível administrar uma produção, tornando a empresa mais lucrativa e fazendo disso um diferencial no mercado. Você é nosso convidado para embarcar nessa história. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. Conceito de custos e derivados .............................. 8 2. Diferença entre custos, despesas e investimentos 12 3. Custeio baseado em atividades ........................... 13 4. Análise do ponto de equilíbrio ............................... 29 5. Impostos, obsolescência e depreciação................ 32 5.1. Obsolescência ................................................ 32 5.2. Depreciação .................................................. 35 6. Avaliação de investimentos ................................... 35 Referências ............................................................... 41 01 1. Planejamento de recursos ..................................... 44 1.1. Planejamento de recursos por toda a organização .................................................. 45 2. Capacidade produtiva............................................ 49 3. Sistemas integrados de gestão ............................. 52 2.1. Sistemas de planejamento............................ 59 2.2. Planejamento de recursos para fornecedores de serviços .................................................... 66 Referências ............................................................... 72 02 PLANEJAMENTO DE RECURSOS ANÁLISE FINANCEIRA EM ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1. Eventos-chave da administração da produção ... 110 1.1. Administração científica – Frederick Winslow Taylor ................................................................... 111 1.2. Produção em massa – Henry Ford ............... 120 1.3. Planejamento centralizado e controle descentralizado – Alfred Sloan ............................ 125 2. Sistema de produção enxuta/sistema Toyota de produção .............................................................. 128 2.1. Sistemas de produção enxuta por toda organização/Just in Time (JIT)............................. 130 2.2. Melhoria contínua com a utilização do sistema de produção enxuta ................................ 136 3. Estudo de caso .................................................... 138 Referências ............................................................. 142 04 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA/PRODUÇÃO ENXUTA 1. Conceito de estoque.............................................. 76 2. Objetivos do estoque ............................................. 86 3. Gestão do estoque ................................................ 88 3.1. Custo do estoque ......................................... 93 3.3. Custo do estoque (Fórmula) ......................... 97 4. Gestão de custos nos três processos logísticos: suprimento, manufatura e distribuição física ......... 98 5. Custos de estoques, baseados no modelo ABC . 100 Referências ............................................................... 73 03 ESTRATÉGIA DE ESTOQUE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 109| Apresentação A administração da produção vem se moldando ao mercado conforme as mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Novas técnicas, novas formas de se realizar o processo e também novas preferências dos clientes fazem com que a administração da produção seja uma ciência vibrante e não estática. Essas situações ficarão muito claras nesta unidade, pois estudaremos desde o surgimento da administração cientifica, passando pelo fordismo, até as novas técnicas propostas por Alfred Sloan. Em todas elas a administração da produção se movimentou em direção ao futuro. No entanto, quando se imaginava que a administração da produção havia alcançado um elevado grau de maturidade com o fordismo, novas técnicas provenientes, agora do oriente, mais precisamente da Toyota, apresentaram novas tendências e também novas técnicas para se produzir algo novo, em um terreno em que se achava que não havia espaço para novidades. Essa é uma característica basilar da administração da produção, pois o seu processo de flexibilidade com o mercado é constante. Unidade 04 AdministrAção científicA/ produção enxutA 110 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Entender os eventos-chave que foram propulsores da administração cientí- fica; • Conhecer os primeiros pensadores da administração e as suas visões sobre o processo produtivo; • Entender o sistema de produção enxuta ou sistema Toyota de produção e a sua aplicabilidade; • Conhecer o processo das técnicas de “just in time” e de "jidoka" e as suas ligações com o processo de produção enxuta. 1. eventos-chAve dA AdministrAção dA produção Alguns eventos foram fundamentais para que o processo da administração da produção fosse de fato implementada. O primeiro deles foi com o surgimento da máquina a vapor, quando teve o início da transição entre o processo artesanal e o processo industrial. Foi quando também se percebeu que um novo formato de produção de bens e materiais estava sendo moldado. Após isso, o processo produtivo continuou em mudança, agora fomentados pela Revolução Industrial e pelos novos formatos que eram adicionados à indústria. Por todo esse processo, a administração de produção surgiu e se aperfeiçoou de forma técnica. Além de se moldar aos novos métodos de produção, também molda esses métodos por meio dos seus estudos e descobertas. É um processo de troca com o sistema produtivo, onde ambas saem ganhando. O objetivo dessa unidade é analisar alguns desses eventos, entender como eles aconteceram e verificar as consequências deles até hoje. Em conjunto também será analisado o sistema enxuto de produção, tendo como base as técnicas desenvolvidas pelo sistema Toyota de produção.ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 111| 1.1. Administração científica – Frederick Winslow Taylor A administração científica surgiu no final do século XIX, principalmente pelo fato do surgimento da indústria de produção em massa. O mundo produtivo estava passando por uma transição que se iniciou com a máquina a vapor em 1763, por James Watt. Essa foi uma das principais invenções da humanidade, pois conseguiu transformar o calor em energia mecânica, substituindo a tração animal. Após a descoberta da máquina a vapor, deu-se início a Primeira Revolução Industrial, que ocorreu entre os anos de 1760 a 1840. A Revolução Industrial se deu pela soma de um conjunto de fatores que substituíam o trabalho artesanal pelo trabalho industrial, onde o artesão era trocado pelas máquinas. Até o final do século XVIII, boa parte da população da Europa vivia nos campos, efetuando trabalhos artesanais, mas devido ao processo da revolução, começou a haver o êxodo rural para os grandes centros, devido aos empregos oferecidos pela indústria. A Revolução Industrial também ocorreu em uma segunda etapa, entre 1860 e 1900, quando países como França, Alemanha, Rússia e Itália entraram no processo de industrialização. Essa segunda etapa também foi originada pela utilização do aço, petróleo e outros combustíveis derivados do petróleo, inclusive dando surgimento ao motor de combustão. Também nesse tempo, no final do século XIX, os Estados Unidos estavam se reconstruindo como país, após passarem pela Guerra Civil Americana (1861 a 1865). Após a guerra civil, as indústrias estavam sendo erguidas, superando o mercado da agricultura e pecuária, que até então liderava o cenário econômico. Como em outros países, o êxodo rural também aconteceu nos Estados Unidos, onde no final da guerra, havia 25% da população vivendo em cidades, e no início do XX, aproximadamente 50% dos americanos viviam em grandes centros. Com o crescimento vertiginoso da indústria e com a busca por lucros maiores, o processo administrativo começava a dar os primeiros passos. Grandes indústrias começaram a surgir com um número elevado de trabalhadores. A dificuldade de se administrar era grande, devido à falta de técnicas administrativas, pois naquela época, as empresas trabalhavam em 112 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| todas as frentes de produção, isto é, não existiam parceiros industriais, era a empresa que fabricava todos os itens dos produtos de ponta a ponta, por isso o tamanho das indústrias era elevado. Figura 01: Fábrica da Ford, em River Rouge (aprox. 1927). Fonte: <http://bit.ly/2Eaxd6F>. Em todas essas fábricas, o empresário buscava maximizar o seu lucro, e para isso, fixava grandes cargas de trabalho, em torno de 15 horas por dia. Nessa época, tanto na Europa como nos Estados Unidos, as indústrias vendiam com facilidade tudo que produziam, de forma que eram pressionadas pelos clientes para produzirem ainda mais. Para se ter noção da busca pelo aumento da produtividade, algumas empresas contratavam capatazes que “incentivavam” os trabalhadores a produzir ainda mais, nem que para isso fosse necessário a utilização da força bruta. Devido a todas essas situações citadas, surgiu a administração cientifica, tendo como precursor o pensador Frederick Winslow Taylor, sendo ele considerado o pai da administração cientifica. Taylor nasceu na Filadélfia, em 1856, fazia parte de uma família abastada e influente. Estudou na França, Alemanha e, em 1872, foi aceito para estudar direito em Harvard, porém, decidiu-se por outra formação, dando início à sua carreira na indústria Enterprise Hydraulic Works, ficando até 1878. Depois foi para a indústria Midvale Steel Company, onde começou como escriturário, maquinista, contramestre (gerente), até chegar ao cargo de engenheiro-chefe. Foi nessa época que suas teorias começaram a ganhar forma. Entre os anos de 1890 e 1893, Taylor atuou na Manufacturing Investment Company, onde de forma mais profunda continuou aplicando algumas de suas teorias, tanto que ele decidiu sair da empresa para abrir o seu escritório de consultoria. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 113| A primeira obra de Taylor é o livro A piece rate system (Um sistema de preço por peça), publicado em 1895. O segundo livro, chamado Shop management (Direção de oficinas), data de 1903, tendo como pano de fundo, o tema da racionalização do trabalho. Nessas duas obras, Taylor já ditava as suas principais ideias. Figura 02: Frederick Winslow Taylor. Fonte: <http://bit.ly/2Ys8uCE>. Entretanto, sua principal e mais conhecida obra, escrita em 1911, chama-se Principles of Scientific Management (Princípios da Administração Científica), com foco principalmente na questão da eficiência do trabalho, e afirma que atividades inteligentes são possíveis com economia de esforço. A primeira etapa do processo era selecionar o melhor trabalhador e desenvolver um processo de treinamento. Atualmente, esse processo é usual em todas as empresas, mas à época era visto com muita resistência. Ainda nessa obra, no seu ponto mais polêmico, propunha melhores salários, com intuito claro de motivar os trabalhadores. Taylor morreu quatro anos após a publicação desse livro, aos 59 anos, vítima de uma pneumonia. Entretanto, os princípios da administração científica propostos por ele, influenciaram não apenas uma geração de pensadores, mas também a forma de administrar as empresas. 114 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| CURIOSIDADE Além de estudioso da área de administração e ser conhecido no mundo inteiro pelos seus estudos, Taylor também foi um grande jogador de tênis, tor- nando-se, em 1881, o primeiro Aberto dos Estados Unidos, quando fazia dupla com Clarence Clark. Taylor acreditava que as organizações da sua época padeciam de alguns males que prejudicavam o aumento da produtividade. O primeiro deles era o conhecido como vadiagem sistêmica, que se originava no nível de produtividade dos funcionários. Os trabalhadores produziam muito menos que de fato poderiam produzir, pois acreditavam que se produzissem tudo que eles conseguiriam haveria demissão. Por isso, eles trabalhavam em um ritmo lento de produção, para que não houvesse demissão e para que todos os trabalhadores fossem fundamentais. Outra situação era o pouco ou quase nenhum conhecimento que os gerentes possuíam das rotinas de trabalho. Dessa forma, os gerentes não conseguiam exigir níveis de produtividade, pois não conheciam a atividade. Sendo assim, os trabalhadores alegavam que estavam fazendo o seu máximo, mas na realidade estavam trabalhando de forma lenta. Também ocorria de forma frequente a produção com base no achismo, sem nenhum conhecimento técnico empregado. Isso fazia com que cada um trabalhasse da forma que melhor conviesse, fazendo com que não existisse nenhum tipo de padrão no processo produtivo. A consequência disso eram produtos sem nenhum padrão e, consequentemente, reclamação por parte dos clientes. Desta forma, Taylor desenvolveu os princípios fundamentais para que houvesse uma administração cientifica de fato, sendo eles: princípio do planejamento, princípio do controle e princípio da execução. O primeiro dos princípios consistia em substituir o conhecimento empírico/prático pelo processo científico, sendo que o planejamento da ação deveria ser da gerência. Ao trabalhador, caberia apenas executar a tarefa conforme o direcionamento da gerência. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 115| O segundo princípio era do controle, que era utilizado para verificar se as tarefas estavam sendo executadas conforme os princípios científicos. Além de haver um método cientifico para desenvolver qualquer tarefa, faz-se necessário que também se tenha um controle. A produção deve ocorrer da forma correta e também do jeito correto. Por fim, o princípio da execução, que tinha como objetivo distribuir de forma igualitária as responsabilidades do processo de trabalho (CHIAVENATO, 2004). Um dos principais objetivos propostos por Taylorfoi trocar o empirismo pela ciência nos processos produtivos. Taylor acreditava que um dos principais problemas da indústria estava embasado no processo do “achismo”. Cada trabalhador acreditava que tinha que efetuar uma tarefa de uma determinada maneira, sem que existisse nenhum protocolo ou mesmo padrão de produção. Essa situação de “achar” que estava fazendo o melhor passava longe do processo que Taylor mencionava como sendo cientifico. Figura 03: Princípios secundários propostos por Taylor. Seleção cientí�ca do trabalhador Divisão do trabalho Lei da fadiga Estudo dos tempos e movimentos Supervisão funcional Maiores lucros e maiores salários Condições ambientais de trabalho Plano de incentivo salarial Fonte: CHIAVENATO, 2004 (Adaptada). O processo de desenvolver uma maneira correta de executar cada tarefa passava antes por um processo de análise profunda, a fim de encontrar qual a melhor forma de desenvolver uma tarefa. Após essa análise cientifica para encontrar o melhor caminho, com o menor custo e com o menor esforço, essa forma de se efetuar uma tarefa era padronizada. Taylor afirmava que era fundamental que toda organização que tivesse o desejo de se desenvolver de forma eficiente trocasse a improvisação pelo planejamento e controle em todas as suas atividades. Hoje em dia, parece impensável que uma organização tenha condições de atuar com base na improvisação e sem planejamento, no entanto, ainda existem empresas que não seguem os preceitos publicados por Taylor há mais de 100 anos. O resultado disso é que existem muitas empresas procuram inventar a “roda” em questão de gestão, porém, relegam lições simples e centenárias. 116 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Os primeiros estudos desenvolvidos por Taylor ocorreram por meio do processo da observação. Ele começou a perceber que os trabalhadores aprendiam com mais facilidade com os colegas de trabalho, com explicações básicas. Começou a observar também que muitos movimentos dos trabalhadores eram inúteis e não auxiliavam no processo de trabalho. Eram movimentos que atrapalhavam e tornavam o processo ineficiente. Desta forma, ele desenvolveu o que foi chamado de estudo de tempos e movimentos. CURIOSIDADE O filme Tempos Modernos, de 1936, tem como base um trabalhador que atua em uma fábrica e que não pode ter movimentos fora dos padrões, pois es- ses movimentos podem atrapalhar toda a produção. O filme é dirigido e atuado por Charles Chaplin. Por meio da análise do tempo e dos movimentos que cada trabalhador fazia, era possível verificar quais os movimentos eram mais precisos e, desta forma, aumentar a produtividade. Se, por exemplo, um trabalhador de uma indústria metalúrgica pegasse o aço, pintasse, depois levasse até a máquina de dobrar, esse poderia ser um movimento incorreto. O ideal seria dobrar o aço e apenas depois de finalizado, pintá-lo. Esse é apenas um exemplo hipotético para demonstrar que por meio da observação, Taylor analisou quanto tempo durava cada movimento, e criou uma forma de se produzir eficiente, onde cada colaborador fazia apenas os movimentos corretos, com menor custo e benefício. Um produto qualquer levava 10 minutos para ser produzido com os movimentos corretos, antes levava em torno de 15 minutos com um custo maior. Isso fez com que houvesse uma padronização do processo e aumento da produtividade. Os benefícios dos tempos e movimentos faziam com que os movimentos inúteis fossem descartados ou alterados, também racionava a utilização da mão de obra, além de eliminar o desperdício humano, fazendo com que os funcionários de adaptassem às suas tarefas, criando uma padronização das normas de trabalho. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 117| Em conjunto com os tempos e movimentos, houve a situação da divisão do trabalho. Taylor percebeu que apenas ter os tempos e movimentos corretos não resolveria o problema, pois ele também acreditava que era necessário dividir as tarefas, sendo cada trabalhador responsável por uma etapa do processo. Na realidade, a divisão do trabalho foi uma consequência do estudo dos tempos e movimentos. Além de possuir o movimento correto, quando uma tarefa era dividida cada trabalhador tinha a sua parcela de responsabilidade no processo. Essa divisão do trabalho fez com que houvesse também um número maior de especialistas, já que os trabalhadores atuavam apenas em uma área. Figura 04: Divisão racional do trabalho. Fonte: <http://bit.ly/2Hrzuv8>. Outra situação que Taylor acreditava que poderia aumentar a eficiência produtiva era se houvesse uma seleção adequada de candidatos, e se após a seleção, os mesmos participassem de um treinamento. Conforme já frisado, esse é um processo usual de qualquer empresa hoje em dia, porém Taylor questionou essa situação há mais de 100 anos atrás. Uma seleção realizada de forma científica, baseada em critérios que sejam fundamentais para a empresa e não em base de “compadrio”, faz com que os melhores sejam selecionados. Outro estudo que Taylor desenvolveu foi o da fadiga humana. Nesse estudo fisiológico, Taylor percebeu que quando o trabalhador alcançava a fadiga, a sua produção e a qualidade do trabalho diminuíam consideravelmente. Para isso, Taylor desenvolveu três situações para diminuir a fadiga humana. O primeiro era a economia de movimentos, embasados no estudo dos tempos e movimentos. O segundo era com relação ao local de trabalho e o terceiro com relação ao desempenho do equipamento. 118 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Por fim, para maximizar a produção, Taylor frisou que era fundamental que houvesse um plano de incentivo salarial. Ele acreditava que salários estáticos não criavam uma atitude colaborativa por parte dos funcionários. Dessa forma, propôs que os funcionários recebessem por sua produção, a partir de metas. Toda vez que ela fosse ultrapassada, os colaboradores, além do salário, teriam direito a um valor adicional. Em um primeiro momento, o processo deu bons resultados aos patrões e empregados, no entanto, em pouco tempo apareceram alguns problemas. Taylor acreditava no que era chamado de homo economicus, isso é, toda e qualquer pessoa é influenciada apenas pelos valores financeiros. Sendo assim, a pessoa procura um emprego não por afinidade ou realização, e sim, apenas pelos ganhos financeiros. Uma das situações que o princípio do homo economicus não levava em conta era que um trabalhador precisava também de condições de trabalho que o auxiliassem ao aumento da produtividade, desde equipamentos adequados, disposição de máquinas, melhora no ambiente de trabalho, tudo isso também era importante para o aumento e manutenção da produção em níveis elevados. Um dos problemas da época, que até hoje perduram, era o processo de centralização de tomada de decisões. Isso fazia com que o processo se tornasse ainda mais moroso e de baixa qualidade. Dessa forma, ele recomendava que houvesse a supervisão funcional, por meio da figura de um gerente que ficasse responsável por uma determinada área. Além de dividir o trabalho, ainda era possível cobrar de forma mais precisa os supervisores para que as suas linhas produzissem o esperado. Entretanto, apesar de todas as inovações que Taylor propunha aos novos métodos de trabalho, muitas críticas surgiram com relação aos seus princípios. Uma das primeiras críticas é com relação ao mecanicismo da administração cientifica. Nos estudos de Taylor, a eficiência ocupou todo o espaço, dando pouca vazão ao elemento humano. Para a administração cientifica, o funcionário era apenas como uma peça de uma máquina. Outra situação era com relação à especialização de funcionários, pois em um primeiro momento pode até parecer algo bom um funcionário ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 119| extremamente especializado, no entanto, um funcionário com essas características não tem condições de efetuar outras tarefas. A situação se agravará ainda mais quando houver a falta desse funcionário, sem que não se tenha ninguémpara substitui-lo. As tarefas simples poderiam ser ensinadas, mas as mais complicadas necessitariam de mais tempo. Taylor também via o funcionário como alguém que estava disposto a obedecer apenas por meio dos valores obtidos. Relegava-se o processo humano de cada pessoa. A administração cientifica também foi bastante criticada por ser incompleta, pois ela abrange apenas a produção, e esta é apenas uma das partes da organização. Uma empresa é formada por muitas outras partes que podem influenciar diretamente na produção, como logística, financeira, pessoas, e também as áreas externas. A abordagem da administração cientifica também era criticada porque é fechada, isto é, ela analisava apenas os vieses internos da organização, no entanto, é de conhecimento que toda organização sofre influências externas de vários pontos. Os princípios recaem apenas sobre as situações prescritivas e normativas, mas em uma organização existem muitos outros princípios além desses. Toda a abordagem do processo, baseado no princípio da obediência, deixa pouco ou quase nenhum espaço para o processo criativo. Eram processos repetitivos, que deixavam a empresa quase sem nenhum dinamismo. Uma organização sem nenhum processo criativo pode estar fadada ao fracasso no curto tempo, por isso é importante que as pessoas tenham espaço para explanarem as suas ideias. Outro ponto de dificuldade da administração cientifica era a dificuldade na sua implementação, visto que essa técnica não levava em conta os princípios comportamentais que regem as relações de trabalho. Embora, naquela época, os princípios de relações fossem mínimos, eles existiam (PORTAL ADMINISTRAÇÃO, 2018). O taylorismo, como era citado por alguns, ganhou repercussão em todo o mundo, tendo uma série de divulgadores. Até mesmo na União Soviética houve grande aceitação, sendo um dos seus principais defensores Vladimir Lenin. Para ele, o taylorismo deveria ser adotado de qualquer maneira, com o intuito de maximizar a produtividade da indústria soviética (PORTAL ADMINISTRADORES.COM, 2019). 120 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| 1.2. Produção em massa – Henry Ford Henry Ford foi um dos empresários mais marcantes na vida dos Estados Unidos. É devido ao seu sucesso que muitos tinham o pensamento de que “tudo era possível na América”. Ford nasceu em 1863, na zona rural de Detroit. Foi na fazenda, por meio da manutenção das máquinas agrícolas, que ele teve o primeiro contato com o funcionamento das máquinas. Após passar por várias empresas, Ford foi contratado pela Edison Illuminating Company, que era a companhia elétrica criada por Thomas Edison. Nessa companhia, após alcançar o cargo de engenheiro-chefe, ele conseguiu recursos para tirar do papel uma ideia antiga de criar um carro, com motor de combustão. Dessa forma, criou um quadriciclo que se movia por um motor alimentado com gasolina. Na sequência, criou um outro veículo corrigindo a falha do anterior, que conseguiu chegar até a 147 km/h. Esse feito chamou a atenção de muitas pessoas, entre os quais alguns investidores, e dessa forma surgia, em 1903, a Ford Motor Company, tendo Ford como seu fundador, aos 40 anos de idade. O primeiro veículo, conhecido como Ford T, saiu da linha de montagem somente após cinco anos da fundação da empresa. Esse carro possuía algumas singularidades, como o volante do lado esquerdo, sendo um carro simples de usar e de baixa manutenção. O modelo Ford T possuía uma mística em torno de si, pelo fato de todos os veículos serem na cor preta. Existiam duas variações de cores: o verde e o azul, no entanto, essas cores eram tão escuras que pareciam pretas. Figura 05: Ford Modelo T. Fonte: <https://bit.ly/35Ul9D3>. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 121| Devido aos princípios administrativos propostos por Ford, como veremos a seguir, o veículo baixava o seu preço todo ano. Em 1908, o veículo custava $ 825,00, chegando no ano de 1920 a custar $ 260,00. No entanto, por volta da década de 20, as vendas começaram a cair muito por causa da concorrência, capitaneada principalmente pela General Motors, encabeçada por Alfred Sloan, que estudaremos na sequência. CURIOSIDADE Henry Ford tinha uma grande tendência de pintar os carros nas cores es- curas, mas isso não tinha nada a ver com a preferência. Ford escolhia as cores por duas situações: o primeiro fato era que as cores escuras secavam de forma muito mais rápida, aumentando a velocidade da produção. O segundo fato era que Ford recolhia todas as fuligens das chaminés da fábrica e misturava na tinta para aumentar a quantidade, em busca de uma maior economia. Tudo era simplesmente por estratégia! Em 1913, Henry Ford adotou o sistema de montagem por meio de esteiras em movimento, conhecido como linha de produção ou linha de montagem. Era um sistema onde o trabalhador ficava parado e o produto é que se movimentava em torno dele. Esse sistema produtivo fez com que a empresa conseguisse aumentar a sua produção e, consequentemente, fez o preço do Ford T cair. Para se ter uma ideia do quanto a agilidade desse processo fez o tempo de produção cair de forma vertiginosa, antes dele, um Ford T levava em torno de 12,5 horas para ser produzido, após a implantação desse sistema, apenas 93 minutos eram necessários para produzi-lo. Outro dado surpreendente é que após a implementação do processo da linha de produção, a Ford, em 1914, conseguiu fazer com que os seus 13 mil trabalhadores produzissem 300 mil veículos. Era a mesma quantidade que todas as outras 300 concorrentes conseguiam fazer com os seus mais de 66 mil funcionários. Essa foi considerada uma das maiores inovações da história, entretanto, ela não foi inventada por Henry Ford. Antes dele, Frederick Taylor já havia mencionado o processo que ocorria nos frigoríficos de suínos, em 122 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Chicago. O que Henry Ford fez foi adaptar para um processo produtivo de maior complexidade. A vantagem de uma produção em massa é que o produto é padronizado com relação a todos os seus itens, como material, mão de obra, custo e design. Nesse tipo de produção, o processo é planejado e ordenado, sendo que a tarefa é entregue ao trabalhador, ao invés de ir buscar. A Ford, devido ao grande sucesso do modelo T, acabou por um tempo ficando na zona de conforto. Mesmo com as vendas em queda e com um grande número de concorrentes entrando no mercado e oferecendo produtos diferentes, com formas de pagamento mais sedutoras, ele insistia nas suas ideias iniciais. Mesmo Henry Ford não sendo mais o presidente da companhia, pois seu filho, Edsel Bryant Ford, assumiu a companhia, em 1919, ele ainda mantinha o controle da companhia com mão de ferro, e centralizava as decisões mais estratégicas. No entanto, após muita insistência, Edsel convenceu seu pai a alterar algumas situações na empresa. Dessa forma, em 1927, surgia o Ford modelo A, que possuía um sistema de transmissão deslizante, e que foi produzido até 1931, com um total de 4 milhões de veículos produzidos. Com o desenvolvimento desse método produtivo de alta eficiência, Henry Ford teve no seu nome um sinônimo de técnica produtiva, chamada fordismo. Porém, essa técnica tinha outros princípios além da linha de montagem. O fordismo era baseado em um sistema de produção em massa, constituído por uma linha de montagem, embasado nos princípios da intensificação, produtividade e economicidade. CURIOSIDADE Edsel Ford era o único filho de Henry Ford e morreu em 1943, acometido por um cancro do estômago, aos 49 anos. Na década de 50, após o falecimen- to de Henry Ford, os executivos resolveram fazer uma homenagem póstuma a Edsel, criando o Ford Edsel. O veículo foi um dos maiores fiascos da indústria automobilística, sendo considerado o carro mais feio da história. No auge do insucesso de vendas, a Ford comprou uma hora da TV em horário nobre para ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 123| exibir o “The Edsel Show”. O programa foi ainda mais desastroso, quandoum dos convidados, Frank Sinatra, foi apresentar o carro, e ao abrir a porta, ficou com a maçaneta do carro na mão. Figura 06: Ford Edsel conversível – 1958. Fonte: <https://bit.ly/2BzZqCq>. O princípio da intensificação tinha como objetivo diminuir o tempo de duração da produção do produto, bem como diminuir o uso da matéria-prima e de mão de obra, colocando esse produto de forma mais rápida possível no mercado. Outro princípio de Henry Ford era a diminuição dos estoques de matérias-primas, pois ele acreditava que muito capital ficava parado. Anos depois, os japoneses atualizaram esse termo, ao qual chamaram de just in time, que significa que tudo pode ser produzido, transportado ou comprado na hora exata, sem deixar capital “empatado”. O desejo de Henry Ford era produzir um veículo de forma tão rápida, desde a chegada da matéria-prima até a venda e recebimento do valor do veículo, que ele não precisasse investir o seu próprio dinheiro. Pode até parecer estranho, mas a estratégia de Ford era produzir e vender e receber os valores do veículo de forma tão rápida que somente depois disso ele pagasse os seus fornecedores. Por exemplo, se Ford levasse 20 dias entre o prazo de chegada da matéria-prima até o prazo para o recebimento do valor da venda, ele combinava de pagar os fornecedores em 28 dias. Dessa forma, ele “trabalhava” com o dinheiro do cliente. A esse princípio, Ford chamou 124 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| de economicidade, ou seja, economia + velocidade. Essa técnica é muito utilizada por comerciantes que compram produtos para pagamento em média de 28 dias, e tentam vender antes para não tirarem dinheiro do bolso. Com relação ao princípio da produtividade, a função era aumentar a capacidade de produção de cada homem, tudo isso embasado na linha de produção e na especialização de cada trabalhador. Ford procurava sempre contar com os melhores operários, até por isso ofertou um salário de 5 dólares, o dobro que os concorrentes pagavam. O salário de 5 dólares, proposto por Ford, fez com que no dia seguinte da divulgação houvesse mais de 10 mil candidatos na porta da fábrica, na cidade de Highland Park, em Michigan. Henry Ford contratou apenas 5 mil funcionários, houve, inclusive, uma revolta na porta da fábrica, por parte dos funcionários que não foram admitidos. CURIOSIDADE Para receber os 5 dólares de salário, Henry Ford ocultou algumas in- formações que eram requisitos para receber esse salário: não ser mulher, ter uma conduta ilibada na sociedade, não ingerir bebidas alcóolicas e destinar o seu dinheiro para a família. Existia até um departamento de benefício social que controlava essa situação, onde, no primeiro ano, 28% dos funcionários não receberam esses 5 dólares. O fordismo começou a ter o seu declínio na década de 70, onde o processo de produtividade não era mais tão fundamental, pois as empresas alcançaram certo grau de produtividade, e produzir ainda mais, não se justificava pela demanda. Some-se a esse fator o choque do petróleo de 1973, quando a rentabilidade das empresas foi ainda mais pressionada. O crescimento da economia mundial, ao longo dos anos 60, estava entre 6% e 7% ao ano, no entanto, na década de 70 tinha uma taxa média de 2,5%. A Toyota também surgiu com um novo formato produtivo chamado de produção enxuta, que demonstrou um novo formato de se produzir. Em 2007, o fordismo foi extinguido, dando lugar ao toyotismo. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 125| 1.3. Planejamento centralizado e controle descentralizado – Alfred Sloan Dentre os principais pensadores da administração no início do século XX, Alfred Sloan se diferenciou de vários deles. Alfred Pritchard Sloan nasceu em 1875 e se formou em engenharia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Figura 07: Alfred Sloan. Fonte: <http://bit.ly/2vYnps5>. Alfred Sloan começou a trabalhar como desenhista em uma oficina mecânica chamada Hyatt Roller Bearing. Devido ao seu conhecimento de todo o processo, logo se tornou presidente da empresa. No entanto, em 1916, a Hyatt se fundiu com a United Motors Corp, onde Sloan também foi presidente. Dois anos depois, a empresa foi comprada pelo General Motors, e Sloan foi novamente convidado para ser o presidente da companhia. Ele presidiu a empresa entre os anos de 1923 e 1937, ficando 23 anos na presidência da companhia, sendo um concorrente direto de Henry Ford. Alfred Sloan pegou uma indústria em frangalhos, que para alguns tinha tudo para falir. No entanto, ele aceitou o desafio de colocar a empresa nos trilhos, dando início a um processo de mudança. 126 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Sloan trabalhava com alguns princípios de administração em suas empresas. O primeiro era a liberdade que os executivos e gerentes possuíam. Ele deixava o corpo gerencial livre para tomar decisões. Dessa forma, cada executivo tinha a possibilidade de desenvolver o trabalho dentro dos seus departamentos da maneira que melhor conviesse. Além de produzir um sentimento de pertencimento por parte da equipe gerencial, essa liberdade instigava ainda o processo de criatividade dentro das equipes. Figura 08: Departamentos da General Motors. General Motors Peças Ac es só rio s Ca rro s Diversos Fonte: PORTAL ADMINISTRAÇÃO, 2018 (Adaptada). Outra situação era que a liberdade proposta tinha uma camuflagem de uma cobrança maior ainda, pois os gerentes podiam escolher entre as estratégias que desejassem, no entanto, precisavam responder com produção. Sloan também criou conselhos interdepartamentais, onde os executivos podiam discutir problemas e soluções criadas por eles, para solucionar os problemas do dia a dia. Apesar de embrionária, essa era uma espécie de reunião de brainstorming realizada na época. Alfred Sloan formatou uma matriz básica de posicionamento, em que a organização foi dividida em quatro departamentos centrais, entre os quais, um departamento não prejudicasse a autonomia do outro. Cada um era formando por gerentes que, por sua vez, precisavam da concordância do conselho daquele departamento para tomar as decisões necessárias. Era uma corrente, onde um dependia diretamente do outro. Essas unidades eram autônomas, sujeitas apenas ao controle financeiro e político de uma pequena equipe central. Para Sloan, os executivos deveriam se concentrar nos resultados. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 127| Entretanto, algumas estratégias de marketing, utilizadas por Alfred Sloan, fizeram com que a companhia crescesse de maneira vertiginosa. Em 1921, a General Motors possuía 12,7% do mercado, e em 1940, possuía 47,50% do mercado. Muito disso se deve ao fato de Sloan ter percebido algo que Henry Ford não observou, que é a preferência do cliente. Figura 09: As diferenças dos modelos administrativos. SISTEMA FORD DE PRODUÇÃO FORD • Linha de montagem móvel • Especialização do trabalhador • Sistema produtivo administrado de forma sistêmica • Verticalização (controle de todos os fornecimentos) ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA TAYLOR • Ênfase na eficiência do processo produtivo e economia de recursos ORGANIZAÇÃO DA GENERAL MOTORS SLOAN • Um projeto para cada tipo de cliente • Divisões autônomas (unidades de negócios) para cada projeto • Administração central define objetivos e cobra resultados. Fonte: MAXIMIANO, 2000, p. 81 (Adaptada) . Enquanto Ford tinha a visão de que o modelo T era um carro irreparável, e que o sucesso inicial se manteria, por isso não via razão para mudar, Sloan foi na contramão desse pensamento. Em um primeiro plano, Alfred Sloan acreditava que para cada bolso existia um tipo de carro. Ele acreditava que, conforme a preferência dos clientes, um tipo de carro poderia lhe servir melhor. Dessa forma, criou uma linha com quatro veículos para atender todo o mercado. O primeiro veículo que Sloan criou foi o Chevrolet, que era um carro para concorrer diretamente com o Ford T. Era um carro similar em preço, com o emprego da mesma tecnologia e com umamanutenção barata. A única e importante diferença do modelo T era que o cliente tinha uma opção maior de cor. 128 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Figura 10: Modelos de carros da General Motors. Fonte: <http ://bit.ly/2Hlmokb>. O outro modelo desenvolvido foi o Buick, um carro que possuía uma segurança maior, com mais conforto. Sloan também pensou em carros para a família, no caso, o Oldsmobile e o Pontiac, para as pessoas de classe média alta. Contudo, com apenas dois lugares. Por fim, ele criou o Cadillac, que era o carro mais luxuoso e confortável de toda linha. Com essas divisões, Sloan entendeu os clientes, e percebeu que o gosto deles era diferente. Esse tipo de estratégia fez toda a diferença no crescimento da General Motors. Após essas mudanças no processo de marketing, a General Motors conquistou uma parcela considerável do mercado, ultrapassando a Ford em número de vendas e, até o hoje, ela ainda não foi alcançada. Perceba como a administração da produção precisa olhar além das suas linhas de produção. Entender o cliente com as suas preferências pode fazer toda a diferença em um mercado altamente competitivo. No caso da Ford, devido à sua visão apequenada de mercado, o preço pago foi muito alto. 2. sistemA de produção enxutA/sistemA toYotA de produção Muitas vezes, uma empresa é analisada pela sua capacidade de atender o cliente da forma mais rápida possível. Para isso, ela precisa ter um estoque com vários itens que consiga atender a demanda. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 129| • Essa é uma empresa eficiente? • Que empresa sadia financeiramente é aquela que possui um es- toque alto? Nem sempre uma empresa que possui um estoque elevado é eficiente, do ponto de vista financeiro, como vimos no tópico sobre os estoques. Por vezes, uma empresa dessa maneira investe muito dinheiro no seu estoque e tem pouco retorno. Parece até irônico, mas às vezes uma empresa que possui um estoque de elevada quantidade pode se tornar engessada, fazendo com que o estoque se torne um custo. Alguns especialistas, pensando em uma forma de tornar uma empresa mais ágil, desenvolveram um conceito chamado de produção enxuta. O Japão sempre foi um país com o anseio de dominar o mundo. Tentou por meio de diversas guerras, até que deu seu passo mais ousado na Segunda Guerra Mundial, atacando os Estados Unidos. Por fim, perderam a guerra, foram humilhados e passaram a viver durante alguns anos sob a vigilância e monitoramento dos Estados Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão estava se reconstruindo, no entanto, a escassez de material era grande, pois os Estados Unidos, até com receio do Japão se organizar e criar um novo exército, controlava a entrada de matéria-prima no país. Para piorar a situação, o Japão possui um solo pobre de minérios, fazendo com que todo o ferro e aço necessários viessem de fora do país. Dessa forma, todo o material que o Japão recebia era utilizado totalmente, tendo um desperdício mínimo. Sendo assim, surgiu o conceito da produção enxuta, também conhecido como sistema Toyota de produção. O conceito da produção enxuta é desenvolver o produto de forma correta, no momento adequado, que esteja em sintonia com o cliente. Quadro 01: Diferenças entre as técnicas de produção. Comparativo Sistemas de produção Elementos Artesanal Em massa Manufatura enxuta Mão de obra Trabalhadores altamente qualificados Trabalhadores pouco qualificados Equipes de trabalhadores multiqualificados 130 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Equipamentos Simples, com ferramentas flexíveis Máquinas caras e com objetivos únicos Máquinas flexíveis Produtos Produtos únicos, customizados e individualizados Produtos padronizados Alta variedade de produtos Produtividade Baixa produtividade e alto custo Alta produtividade e alto custo Alta produtividade e busca de redução do alto custo Qualidade Baixa qualidade devido alta variação do processo Alta qualidade devido padronização Alta qualidade, apesar da flexibilidade Fonte: PORTAL ENGENHARIA LEAN, 2019. Para Ohno (1997, p. 34), “A eliminação de desperdícios e elementos desnecessários, a fim de reduzir custos; a ideia básica é produzir apenas o necessário, no momento necessário e na quantidade requerida”. Shinohara (1988) conceitua produção enxuta como uma tecnologia de produção que utilize a menor quantidade de equipamentos e o menor custo de mão de obra, para produzir um produto sem defeito, entendendo como desperdício todo e qualquer elemento que não contribua para o atendimento ao cliente com relação a preço, prazo e qualidade. 2.1. Sistemas de produção enxuta por toda organização/ Just in Time (JIT) O sistema de produção enxuta está embasado em alguns princípios. A base de todo um sistema de produção enxuta deve ser a estabilidade. Todo o fluxo de produção necessita que haja estabilidade em todo o processo com relação aos fornecedores, a mão de obra, ao processo e também com relação aos equipamentos necessários. Isso significa que para todo processo de produção enxuta funcione, a mão de obra deve ser composta por profissionais que tenham a capacidade de realizar o trabalho e que possuam baixo nível de absenteísmo. A matéria-prima deve estar disponível no momento e na quantidade adequada e com a qualidade solicitada. Para isso, os processos de negociação com os fornecedores devem ser estáveis, em uma parceria de confiança e ganha- ganha. O processo deve ser confiável e padronizado, com o intuito claro de manter a qualidade dos produtos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 131| Acima dessa base, existem três princípios fundamentais nesse processo: nivelamento, trabalho padronizado e melhoria contínua. A palavra japonesa para nivelamento é a heijunka, que significa que o nível de produção e o mix de produto devem ser constantes. A intenção desse princípio é balancear os recursos de produção com a demanda, evitando ao máximo os desperdícios e os estoques de produtos. O trabalho padronizado é uma forma de manter uma qualidade contínua dos produtos, aumentado o conhecimento no processo produtivo. Um processo produtivo padronizado é realizado tendo como base que o ritmo da produção deve ser calculado com a demanda. Também deve haver processos explicando a forma como determinada tarefa é realizada. Por fim, deve possuir um estoque mínimo, porém, que seja suficiente para que o fluxo contínuo de produção permaneça. O último princípio dessa segunda base está focado no processo de kaizen (palavra de origem japonesa) ou melhoria contínua. Esse processo tem o seu foco na inquietação dos processos, isto é, por mais que determinada ação esteja dentro dos padrões de qualidade, sempre existe espaço para a melhora nessa ação. Sendo assim, o kaizen procura de forma incessante e contínua o processo de melhoria no sistema produtivo. Figura 11: Esquematização da produção enxuta. Objetivo: a melhor qualidade, o menor custo e lead time mais curto Heijunka Trabalho padronizado Kaizen Estabilidade Just in time • Fluxo contínuo • Tempo takt • Sistema puxado • Parar e notificar anormalidades • Separar o trabalho humano do trabalho das máquinas Jidoka Fonte: <http://bit.ly/2VC7gb0>. 132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Após esses princípios, existem dois pilares do processo de produção enxuta: o jidoka e o just in time. A palavra jidoka significa automação ao toque humano, ou seja, é a junção da automação com a inteligência humana. Por meio do jidoka é possível detectar um erro no processo de produção e interromper o trabalho imediatamente. O jidoka está embasado em 4 passos, conforme veremos a seguir. Figura 12: Processo jidoka. DETECTAR A FALHA ENCONTRAR A CAUSA CORRIGIR PARAR IMEDIATAMENTE Fonte: Elaborada pelo autor. A primeira parte do processo é detectar uma falha ou anormalidade no processo, e para isso, deve-se verificar se o processo produtivo está seguindo os padrões estabelecidos. Se por ventura o protocolo deprodução não estiver sendo seguido, o processo deve ser parado de forma imediata. O próximo passo é corrigir a anormalidade, para que o processo volte ao normal e, por fim, deve-se procurar a causa do problema, procurando evitar a incidência do mesmo. O segundo pilar do processo, o just in time, por vezes tem o seu conceito confundido com o da produção enxuta, no entanto, enquanto este está focado na produção, o processo de just in time está focado principalmente com relação ao estoque, produção e também administrativo. O objetivo do just in time é o desenvolvimento de um sistema, onde seja utilizado o menor recurso de matéria-prima e de mão de obra, bem como de utilização de equipamentos. O JlT é um sistema muito difundido pela indústria, e hoje é até uma filosofia gerencial que procura não apenas eliminar os des- perdícios, mas também colocar o componente certo, no lugar certo e na hora certa. O JIT leva a estoques bem menores, cus- tos mais baixos e melhor qualidade do que os sistemas conven- cionais. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 133| Além de eliminar desperdícios, a filosofia JlT procura utilizar a capacidade plena dos colaboradores, pois a eles é delegada a autoridade para produzir itens de qualidade para atender, em tempo, o próximo passo do processo produtivo. Em um sistema JIT, em que a qualidade é essencial, o colaborador deve eliminar os problemas assim que eles surgem. (MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 415) Ou ainda: O just in time (JIT) é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade correta, no momento e lo- cais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. O JIT é dependente do balanço entre a flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário. Ele é alcançado por meio da aplicação de elementos que re- querem um envolvimento total dos funcionários e trabalho em equipe. (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2008, p. 482). Para Slack (1996, p. 355), just in time significa que “Em seu aspecto mais básico, pode-se tornar o conceito literal do JIT – o JIT significa produzir bens e serviços necessários – não antes para que não formem estoques, e não depois para que seus clientes tenham que esperar”. Por isso, a filosofia just in time tem como base fazer as coisas certas no momento certo desde a primeira vez, ao invés de investir tempo depois, corrigindo possíveis falhas. Figura 13: Diferenças entre o processo tradicional e o JIT. Abordagem tradicional Abordagem JIT Foco na alta utilização de capacidade Mais produção em cada estágio Produção extra forma estoque devido a contínuas paradas nos estágios Alto estoque representa menos chances de expor e resolver problemas Mais paradas devido a problemas Foco na produção apenas quando necessário Menor utilização da capacidade, mas Sem excesso de produção para formação de estoque Baixo estoque facilita a exposição e a solução de problemas Menos paradas Fonte: SLACK, 1996, p. 359 (Adaptada). 134 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Por vezes, em uma empresa, parece que o problema de qualidade é responsabilidade apenas do departamento de qualidade, e muitos erros só são verificados depois que uma elevada quantidade é produzida. Tanto a jidoka quanto o just in time prezam pela parada imediata da produção, por isso o processo deve ser ágil. Uma fórmula utilizada dentro da filosofia just in time é o chamado Tempo Takt ou Takt Time (TT). Por meio dessa fórmula é possível determinar a velocidade de produção da organização ou o ritmo de produção para atender o cliente. Tempo Takt (TT) Tempo de trabalho disponível/dia Demanda do mercado/dia Para encontrar o Takt Time (TT), divide-se o tempo de trabalho disponível da produção, pela demanda que o mercado tem exigindo por dia. Se a produção da organização for mais rápida que o Takt Time (TT), haverá uma superprodução, por outro lado, se for menor, ocorrerá atraso e congestionamento na entrega de mercadoria. Outra técnica utilizada pelo processo de just in time é o fluxo contínuo. Esse, no entanto, não é um conceito novo, pois foi introduzido por Henry Ford em suas fábricas e depois refinado no sistema Toyota de produção. O sistema de fluxo contínuo procura diminuir as paradas constantes para mudanças de equipamentos e de mão de obra. Esse procedimento diminui o tempo de produção e também diminui o tempo de produtos em fase de processamento em estoque. O fluxo contínuo exige a produção de um item por vez, sendo que a produção em lote pode aumentar os estoques. Algumas etapas importantes para efetuar um fluxo contínuo na produção é definir as famílias de produtos a serem produzidos. Na maioria das vezes, os itens de uma mesma família de produtos podem utilizar mão de obra, matéria-prima e equipamentos similares. O que não se pode é mudar de família de produtos a todo momento, pois isso acarreta em mudanças de equipamentos, processos e mão de obra. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 135| Figura 14: Fluxo contínuo x fluxo normal. Fonte: <http://bit.ly/2VC7gb0> (Adaptada de LIKER, 2005). Para manter o fluxo contínuo é preciso investigar também se houver alguma parada no processo, e buscar a raiz do problema. Observar o tempo Takt, para que não haja superprodução ou falta de produção. O último princípio que faz parte do just in time é o processo de produção puxada. O conceito de produção puxada é que todo e qualquer produto só será produzido após acionado pelo seu cliente. Assim é possível comprar a matéria-prima no momento adequado, planejando as etapas de produção até o momento do recebimento do pagamento do produto. Esse é um dos sistemas que mais exige da organização para a sua implementação, pois todo o processo da empresa deve estar em conformidade para que o sistema funcione. Existem três formas de sistemas de produção puxada. O primeiro sistema é conhecido como sistema de reposição. Nesse tipo de sistema, a empresa trabalha com o estoque mais baixo possível, fazendo com que quando esse produto for comercializado, outro produto igual entre em seu lugar. O outro sistema é o puxado sequencial. Esse tipo de sistema é utilizado quando existe uma elevada variedade de peças, onde os pedidos dos clientes devem ser estudados para que as entregas sejam realizadas a tempo. Importante lembrar que nesse sistema, o tempo de produção deve ser curto, inclusive, menor que o tempo de entrega do pedido. 136 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Por fim, existe o sistema puxado misto. Esse modelo atua com os dois sistemas mencionados. Assim que um produto é consumido, a fábrica é informada, e logo fabricará um produto igual ao vendido, para que seja reposto, mantendo o estoque mínimo. Sendo assim, a empresa se sente mais livre e confiante para trabalhar com a reposição de produtos de fato que foram vendidos, sem precisar trabalhar com previsões mercadológicas que falham por uma série de fatores. 2.2. Melhoria contínua com a utilização do sistema de produção enxuta O sistema de produção enxuta, como visto no tópico anterior, é um processo de manter a eficiência em todo o processo produtivo. No entanto, esse sistema produtivo ainda pode receber incrementos nos processos de melhoria continua, entre eles o “fazer certo na primeira vez”. Uma das formas para desenvolver um processo de melhoria contínua é tentar diminuir ao máximo os erros. Para isso ser desenvolvido, o ideal é fazer certo da primeira vez. Philip Bayard Crosby, um dos principais gurus da qualidade, batia muito nessa tecla, pois o fato de fazer certo da primeira vez, evita principalmente o retrabalho. O retrabalho é uma deficiência produtiva que pode gerar não só custos financeiros como também custos intangíveis. Um retrabalho pode acarretar em um custo financeiro em toda a ordem de produção. Um produto que possuía um determinado custo de produção pode ter noseu custo um adicional de 5%, 10% ou até um percentual maior, fazendo com que o retrabalho consuma toda a margem de lucratividade, e em algumas situações, gerando até prejuízo financeiro. Por isso, desenvolver uma técnica correta em uma primeira situação é o caminho ideal para fortalecer a saúde financeira da empresa. Outro custo que pesa, até mesmo mais que o financeiro, é o custo intangível da marca, ou seja, é quando uma empresa fica marcada por desenvolver um produto de baixa qualidade ou por ser desorganizada, demora muito na entrega do produto, fazendo até mesmo com que os clientes a levantem alguma suspeita a respeito da sua idoneidade. Vamos dar como exemplo um produto muito comum, como uma grade ou cerca feita por uma serralheria. O retrabalho pode começar antes mesmo do produto começar a gerar lucro. Leia o exemplo e você vai perceber. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 137| Um cliente está construindo a sua casa e procura uma serralheria para que possa fazer um portão ou grade para a frente da sua casa. Ele encontra uma no mesmo bairro onde mora, e quando vai até lá para conversar com os vendedores, acaba por não encontrar nenhum. Segundo a recepcionista estão todos fora atendendo clientes, dessa forma, a recepcionista anota o seu telefone. Quando o vendedor chega, a recepcionista apenas anotou o telefone e nenhuma outra informação que possa ajudar ao vendedor construir uma venda. Então, o vendedor entra em contato com o cliente e marca uma visita. Ele vai até lá, faz a medição e pronto. No entanto, o vendedor, com receio de perder a venda, faz uma proposta para que o cliente pague pelo produto apenas depois de pronto. Dessa forma, a empresa começa a construir a grade, porém, no dia que foram instalar a grande, ela era menor do que o acertado. Houve um erro na medição pelo vendedor, que não se atentou para o fato de o cliente ter lhe avisado que o portão deveria ser maior. Após esse problema, a grade volta para a empresa e recebe o ajuste necessário. Porém, quando vão entregar novamente, não se atentam ao fato que o vendedor explicou que o material deveria ser pintado na cor verde e não em branco. Sendo assim, a grade volta uma terceira vez para a empresa para ser repintada. Pronto o material, mais uma vez, ele é encaminhado para o cliente, que já está muito chateado com a desorganização da empresa e, desta vez, a grade vem sem o lugar para colocar cadeados. Nesse tempo, o cliente já está com a casa toda aberta e pede para instalar dessa forma mesmo, e depois ele coloca uma corrente no portão. Nessa altura, o cliente não quer nem ver a empresa, e quer apenas que instalem a grade. Perceba quantos erros poderiam ter sido evitados, mas pelo fato de existir uma comunicação falha, todo o processo foi desorganizado. Esse cliente provavelmente não vai mais comprar nenhum produto dessa empresa e, tampouco, indicar para a sua lista de amigos. Ainda como se não bastasse tudo isso, essa foi uma venda que teve toda a sua margem de lucratividade sugada pela desorganização, e chegado até gerar prejuízo. Além disso, deve ter gerado uma série de problemas internos, como desgastes e conflitos. Fazer certo da primeira vez é o melhor caminho que deve ser procurado por todos na organização. Entretanto, esse é um processo que deve ser desenvolvido como um hábito em toda a organização. Os colaboradores devem ter isso como um processo de cultura organizacional, a fim de fazerem da forma correta, para que o trabalho seja mais eficiente e rápido. 138 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| 3. estudo de cAso O nosso estudo de caso é o resultado da análise do processo de produção enxuta em uma empresa do ramo alimentício, onde o principal problema é a falta de padronização nas gramaturas dos seus produtos, o que tem ocasionado um índice elevado de retrabalho nessa empresa. Uma questão importante é que o peso maior que o registrado em embalagem nos produtos gera um maior custo de produção para a empresa, pois ela vende um produto com um peso maior e não cobra nenhum valor adicional sobre esse peso extra. Esse artigo vai se debruçar sobre os conceitos teóricos sobre o tema, como também fará uma análise da empresa e principalmente do biscoito, onde existe uma variação de mais de 10% por produto. O artigo irá analisar todo o caminho do produto, para verificar as suas possíveis falhas e apontar soluções para os problemas apresentados. Para ler o artigo completo, acesse o link: <http://bit.ly/2vZIrXt>. PRATIQUE 1. Por que surgiu a administração científica? 2. O que significa vadiagem sistêmica e qual a sua consequência nas organiza- ções? ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 139| 3. O que significa a mudança do processo produtivo embasado no empirismo, para o processo produtivo baseado em conhecimentos e padrões científicos? 4. Como funciona e quais os benefícios de uma linha de produção em massa? 5. Qual era o objetivo do estudo sobre o tempo e movimento? 6. Por que a visão da preferência do cliente, segundo Alfred Sloan, era importan- te? E qual a diferença que isso fez na GM? 140 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| 7. Qual o conceito de um sistema de produção puxada? 8. Quais as bases de um sistema de produção enxuta? 9. O que significa heijunka no sistema de produção? 10. Qual o conceito de just in time? ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 141| RELEMBRE Chegamos ao final da nossa última unidade, onde ficou claro o movimento de crescimento e maturidade pelo qual a administração da produção passou, desde os seus primórdios, em conjunto com a administração cientifica proposta por Taylor. Passou também pelo vento da progressão imposta por Ford, princi- palmente por sua linha de produção em massa. Essa foi sem dúvidas uma das maiores inovações no processo produtivo. Ainda nesse primeiro período, estudamos sobre a visão aguçada de Al- fred Sloan, demonstrando que um processo de administração da produção não pode ser isolado do resto da organização, pois a administração da produção precisa estar junto com toda a empresa, principalmente no tocante da principal lição desse pensador que é o de “entender os clientes”. Após o entendimento que Sloan teve dos clientes, ele conseguiu desen- volver veículos diferentes, que atendiam preferências diferentes e, consequente- mente, clientes diferentes. Desta forma, a administração da produção teve que entender e participar desse processo de mudança na produção. Com o fim do fordismo, surgiram os novos métodos produtivos, provenien- tes do toyotismo. Algumas situações expressas no fordismo foram atualizadas para atender as novas demandas do mercado. A filosofia do sistema Toyota de produção procurava como base produzir o melhor produto com o menor investi- mento de tempo, mão de obra, equipamentos e matéria-prima, contudo, com a melhor qualidade. Com relação ao processo derivado do sistema Toyota de produção, a fi- losofia do “just in time” demonstrou que é possível produzir o produto correto, utilizando os meios adequados e no prazo correto. Todas essas situações demonstraram como é largo o caminho de con- ceitos e de técnicas que envolvem o processo da administração da produção. A intenção desse material não foi de forma alguma esgotar o tema em questão, porém, auxiliar a entender que essas técnicas são importantes, mas que existem ainda várias outras que podem ser úteis na sua organização. Por isso, ao finali- zar o estudo desse conteúdo, saiba que existe mais conteúdo sobre o tema, que surge todos os dias. 142 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| REFERÊNCIAS ABEPRO. Estudo de caso: a aplicação da produção enxuta em uma indústria do ramo alimentício através do mapeamento de perdas com sobrepeso e reprocesso. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_ STO_227_328_30691.pdf>. Acesso em: 20 out. 2019. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: 2.ed. Campus, 2004. LIKER, J. K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão damaior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005. MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. OHNO, T. O sistema Toyota de produção: além da produção em larga escala. 1.ed. Porto Alegre: Bookman, 1997. PORTAL ADMINISTRADORES.COM. Administração científica: um breve histórico. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ negocios/administracao-cientifica-um-breve-historico/48755/>. Acesso em: 08 jan. 2019. PORTAL ENGENHARIA LEAN. Lean manufacturing: comparativo entre sistemas de produção. Disponível em: <https://engenharialean.wordpress. com/2016/11/20/lean-manufacturing-comparativo-com-entre-sistemas-de- producao/>. Acesso em: 08 jan. 2019. PORTAL SISTEMAS PRODUTIVOS. Sistema de produção enxuta. Disponível em: <https://sistemasprodutivos.wordpress.com/sistema-de- producao-enxuta/>. Acesso em: 08 jan. 2019. PORTAL ADMINISTRAÇÃO. Administração científica: a obra de Taylor. Disponível em: <http://www.portal-administracao.com/2017/09/ administracao-cientifica-principios.html>. Acesso em: 08 jan. 2019. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II 143| SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008. SLACK, Nigel. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1996. SHINOHARA, I. New Production System: JIT Crossing Industry Boundaries. Productivity Press, 1988. ANOTAÇÕES 144 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II| Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Capa_ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II-compactado ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO II Contra-capa-compactado