Buscar

DIREITO DO CONSUMIDOR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SEMANA DA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL
 daniel.venturine
30 ANOS DO CÓDIGO DE CDC: AVANÇOS E PERSPECTIVAS.
Direito do Consumidor
INTRODUÇÃO:
Partindo do pressuposto que vivemos em um modo de produção capitalista, não há dúvida de que o consumo é o único fim e propósito de toda a rede de produção. Isto é, TODOS SOMOS CONSUMIDORES em algum momento, assumindo esse papel social/econômico. 
Em assim sendo é possível questionar: 
QUAL É O IMPACTO DA INCIDÊNCIA DO CDC NAS RELAÇÕES JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO? 
HÁ MODIFICAÇÃO NO TRATAMENTO JURÍDICO?
2
Direito do Consumidor
O Direito do Consumidor é ramo de Direito Público ou de Direito Privado? (contém normas de natureza civil, administrativa, penal e até mesmo processual)
Modernamente: O direito público é aquele que regula as relações em que o Estado é parte, ou seja, rege a organização e atividade do Estado considerado em si mesmo, em relação com outro Estado, e em suas relações com os particulares, quando procede em razão de seu poder soberano e atua na tutela do bem coletivo. Enquanto que o direito privado é o que disciplina as relações entre particulares, nas quais predomina, de modo imediato, o interesse de ordem privada.
Cláudia Lima Marques: O direito do consumidor é uma disciplina transversal entre o direito privado e o direito público, que visa proteger um sujeito de direitos (consumidor) em todas as relações jurídicas frente ao fornecedor, em caráter individual e coletivo.
3
Destaques do CDC
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO CDC:
 
Tradicionalmente, a responsabilidade civil, quanto à origem, é divida em responsabilidade contratual e extracontratual (ou aquiliana – lex aquilia de damno). Aludida sistematização, inclusive, foi mantida no atual Código Civil.
 
No CDC houve uma superação desse modelo dual, em que a responsabilidade civil é tratada de forma unificada, pouco importando se decorre de um contrato ou não.
 
O CDC, apenas, trata de forma diferenciada a responsabilidade civil entre produtos e serviços.
Destaques do CDC:
O CDC consagra como regra a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores de produtos e prestadores de serviços, frente aos consumidores. Tal opção visa a facilitar a tutela dos direitos do consumidor, em prol da reparação integral dos danos.
Não tem o consumidor o ônus de comprovar a culpa dos réus nas hipóteses de vícios ou defeitos dos produtos ou serviços. Essa modalidade de responsabilidade encontra previsão no parágrafo único, do artigo 927, do Código Civil.
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Destaques do CDC:
Vícios decorrentes de disparidade: o produto ou serviço não apresentam defeito intrínseco. O vício é configurado objetivamente pela desconformidade entre os dados informados e os efetivamente existentes. Não há necessidade de demonstrar a impropriedade ou a inadequação do produto ou serviço ao uso a que se destinam ou mesmo a diminuição do seu valor, bastando a disparidade.
Art. 18 (...)
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Consumidor – CF/88
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL:
 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
V - defesa do consumidor;
Obs.: intervenção do Estado na atividade econômica – Ex.: Operadora de Planos de saúde.
7
Consumidor – CF/88
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL (cont...):
Art. 48/ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. 
O direito do consumidor é um reflexo do direito constitucional, de modo que houve uma introdução sistemática da proteção afirmativa no ordenamento jurídico vigente, através do triplo mandamento constitucional.
Promover significa assegurar afirmativamente que o Estado-juiz, que o Estado-Executivo e Estado-Legislativo realizem positivamente a defesa dos interesses dos consumidores, o qual passa a ser considerado como um direito público subjetivo, não só de proteção contra as atuações do próprio Estado, mas sim do Estado em favor dos consumidores.
8
Consumidor – CF/88
DIREITO PRIVADO SOLIDÁRIO: 
A CF/88 passou a ser o centro irradiador e o marco de reconstrução de um direito privado mais social e preocupado com os sujeitos de direito mais vulneráveis nas relações econômicas. Significa que o direito privado não pode ser interpretado “contra”, mas sim “a favor” do sujeito de direitos identificado pela Constituição como vulnerável (consumidor).
Observa-se o fenômeno da CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO (força normativa constitucional), acompanhada pela consequente edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078/1990), o qual foi inteiramente mantido após a entrada em vigor do Código Civil (Lei n.º 10.406/2002), o qual unificou as obrigações civis e comerciais.
Os preceitos constitucionais passam a ser as diretrizes internas do direito civil, tendo em vista uma sociedade de consumo.
9
Consumidor – CF/88
Com a migração dos princípios do direito do direito para o âmbito constitucional, constata-se a eficácia do direito fundamental como garantia da segurança jurídica, em que se observa, dentre outras características, a vedação ao retrocesso.
Criou-se uma nova ordem pública, de modo que as relações particulares, antes deixadas ao arbítrio da vontade das partes, passam a sofrer um controle estatal no que se refere à posição jurídica do consumidor, sendo mais um exemplo do fenômeno da PUBLICIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO (v. direito de família), em que é levado em consideração a sua função social e a prevalência dos interesses coletivos.
Obs.: CC/1916 x CC/2002 – relativização dos antigos dogmas do direito civil e comercial (individualismo – patrimonialismo).
10
Consumidor – CF/88
QUAL É A FUNÇÃO SOCIAL DO NOVO DIREITO PRIVADO? 
É a proteção da pessoa em face dos desafios da sociedade massificada, globalizada e informatizada.
Não há dúvida quanto à função econômica das relações jurídicas de consumo, sobretudo no sentido de promover a circulação de riquezas. Mas é necessário que se reconheça a vulnerabilidade da pessoa humana em seus vários papéis, inclusive no de consumidor.
Vivemos em mundo onde é os bens (mercadorias) ultrapassam mais fronteiras do que o próprio homem. E, muitas vezes, é preciso que o sujeito tenha que consumir algo, para que seus direitos sejam reconhecidos.
Ex. Direito Fundamental Social ao Lazer – estímulo ao consumo.
11
Direito do Consumidor
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMO MICROSSISTEMA:
Não há dúvida de que o CDC – Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078/90) contém normas de ordem pública (direito privado indisponível e direito público). Esta ordem pública possui natureza econômica e de interesse social (cumprindo seu papel de lei de função social, em atendimento ao comando constitucional).
Art. 1°/CDC: O presente código estabelecenormas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
O CDC foi criado para ter “vida própria”, figurando como um subsistema autônomo e vigente dentro do sistema constitucional brasileiro, tratando-se de uma lei principiológica.
12
Direito do Consumidor
Lei Principiológica: aquela que ingressa no sistema jurídico, atingindo toda e qualquer relação jurídica que possa ser considerada como sendo de consumo, independentemente de também estar sujeita ao regramento de outra norma jurídica infraconstitucional.
Por se tratar de um “Código”, significa ser um sistema, construído de forma lógica e estruturada com base em princípios que indicam em seu próprio texto os objetivos a serem perseguidos.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:       
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
13
Direito do Consumidor
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
14
Direito do Consumidor
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
O CDC é visto como um microssistema jurídico, por conter:
 Princípios que lhe são peculiares;
 Por ser interdisciplinar (relaciona-se com diversos ramos do Direito).
 Por ser multidisciplinar (contem em seu bojo normas de caráter variado).
15
Diálogo das Fontes
DIÁLOGO DAS FONTES: 
Segundo Erik Jayme (v. Cláudia Lima Marques), há na pós-modernidade um pluralismo de fontes legislativas, a partir do que surge a necessidade de coordenação entre as lei no mesmo ordenamento, como exigência para um sistema eficiente e justo.
No contexto de suposta colisão ou derrogação de leis, a expressão “diálogo das fontes” representa uma tentativa de expressar a necessidade de uma aplicação coerente das leis do direito privado, coexistente no sistema.
É uma coerência derivada e restaurada, procurando eficiência não só hierárquica, mas sobretudo, funcional, levando em consideração a pluralidade e complexidade do sistema jurídico, a fim de evitar a antinomia, a incompatibilidade e a “não coerência”
16
Diálogo das Fontes
Esse diálogo seria caracterizado por influências recíprocas, viabilizando a aplicação conjunta de duas normas ao mesmo tempo e ao mesmo caso, permitindo a adoção de uma solução flexível e aberta de interpretação, no sentido de favorecer a parte mais fraca na relação jurídica.
“Entendo que o regramento do sistema financeiro e a disciplina do consumo e da defesa do consumidor podem perfeitamente conviver. Em muitos casos, o operador do direito irá deparar-se com fatos que conclamam a aplicação de normas tanto de uma como de outra área do conhecimento jurídico. Assim ocorre em razão dos diferentes aspectos que uma mesma realidade apresenta, fazendo com que ela possa amoldar-se aos âmbitos normativos de diferentes leis.(...) Não há que se falar em exclusão formal entre essas espécies normativas, mas, sim e, “influências recíprocas”, em ´aplicação conjunta de duas normas ao mesmo tempo e ao mesmo caso, seja complementarmente, seja subsidiariamente, seja permitindo a opção voluntária das partes sobre a fonte prevalente.´” (ADIn 2.591 – Min. Joaquim Barborsa)
17
Diálogo das Fontes
O Código Civil/2002 é um diploma legal para as relações entre iguais, relações entre civis e relações entre empresários. Somente excepcionalmente e quando assim expressamente permitido pela lei, é que o Código regula a proteção de agentes que merecem tutela através de leis especiais, fazendo menção a elas (v. art. 2.043/CC).
A relação entre dois “civis”, sem habitualidade, continuidade ou fim econômico ou de lucro é uma relação civil stricto sensu e será regulada pelo Código Civil de 2002 (relação entre iguais).
O CDC se concentra no sujeito de direitos (e não em atos de consumo), protegendo este sujeito identificado no âmbito constitucional como sendo vulnerável e, digno de proteção especial, sendo tratado de modo “diferente” na sociedade de consumo.
18
Função Social do Contrato
 No Código Civil (redação original)
TÍTULO V
Dos Contratos em Geral
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Seção I
Preliminares
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica (Redação dada pela Medida Provisória n.º 881, de 2019).
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. (incluído pela Medida Provisória n.º 881, de 2019).
 
19
Função Social do Contrato
Código Civil atualmente vigente (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 421.  A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 
Art. 421-A.  Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
20
Função Social do Contrato
Qual conclusão se obtém comparando a leitura dos artigos 421 e 421-A do Código Civil e os artigos 5º, XXXII e 170, V, da Constituição Federal, no que se refere ao questionamento acerca do papel a ser desempenhado pelo Estado na consecução da função social do contrato?
21
Relação Jurídica de Consumo
Localizando as definições no CDC:			
					CONSUMIDOR (art. 2º, caput)	
ELEMENTOS SUBJETIVOS 
(da relação de consumo)
					FORNECEDOR (art. 3º)
					PRODUTO (art. 3º, §1º)				
ELEMENTOS OBJETIVOS
(da relação de consumo)
					SERVIÇO (art. 3º, §2º)
22
Consumidor
Inicialmente, verifica-se que o CDC trazno caput do artigo 2º a definição do sujeito a proteger:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. (consumidor standard)
Entretanto, o CDC complementa a referida definição em mais 03 (três) dispositivos, quais sejam:
a) Parágrafo único, do art. 2º:
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (coletividade)
b) Art. 17:
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. (acidente de consumo)
23
Consumidor
c) Art. 29:
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
No CDC, o consumidor não é definido apenas sob a ótica individual, como sujeito de direitos individuais, mas também sob a ótica transindividual, sejam interesses difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.
DIFUSOS: dispersão dos interessados; circunstância fática; indivisibilidade - ex.: propaganda enganosa.
COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO: interesses identificáveis; relação jurídica comum (categorias, grupos e classes); indivisibilidade – ex.: aumento abusivo de plano de saúde.
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: interesses identificáveis; divisibilidade; união fática – ex.: compradores de carro do mesmo lote com mesmo defeito de fabricação.
24
Teoria Finalista:
TEORIA FINALISTA:
Quando se cogita a proteção do consumidor, tem-se em mente o não profissional que contrata ou se relaciona com um profissional/empresário, o que exclui os contratos em que figuram dois profissionais, ou pessoas jurídicas comerciais, uma vez que estariam atuando com o objetivo de lucro. Trata-se de uma noção subjetiva do consumidor.
Já na definição contida no artigo 2º, caput/CDC, o que se verifica é uma noção mais objetiva do consumidor, eis que a única característica restritiva seria a “utilização do produto/serviço como destinatário final”.
Ser destinatário final é retirar o bem do mercado. Mas, daí já surge uma questão a princípio não respondida: AQUISIÇÃO DO BEM PARA UTILIZAÇÃO VISANDO LUCRO CARACTERIZA DESTINAÇÃO FINAL?
25
Teoria Finalista:
DESTINAÇÃO FINAL FÁTICA - o consumidor é o último da cadeia de consumo, ou seja, depois dele não há ninguém na transmissão do produto ou do serviço.
DESTINAÇÃO FINAL ECONÔMICA – o consumidor não utiliza o produto ou serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa.
Trata-se de uma interpretação teleológica, viabilizando a proteção em caráter especial para uma parcela da sociedade efetivamente vulnerável. 
Possíveis exceções: De acordo com a doutrina consumerista, caberia ao Poder Judiciário reconhecer a vulnerabilidade de uma pequena empresa, ou de um profissional que adquiriu o bem de consumo, a justificar a outro de proteção jurídica a estes.
26
Teoria Finalista (visão restritiva) no STJ:
DIREITO DO CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR E DE FORNECEDOR. NÃO CARACTERIZAÇÃO EMPRESA DE TRANSPORTE. RELEVÂNCIA, PARA A CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO, DA DISPARIDADE DE PORTE ECONÔMICO EXISTENTE ENTRE PARTES DO CONTRATO DE FORNECIMENTO DE PEÇAS PARA CAMINHÃO EMPREGADO NA ATIVIDADE DE TRANSPORTE. IMPORTÂNCIA, TAMBÉM, DO PORTE DA ATIVIDADE PRATICADA PELO DESTINATÁRIO FINAL. SITUAÇÃO, ENTRETANTO, EM QUE, INDEPENDENTEMENTE ADEMAIS, DE RELAÇÃO DE CONSUMO, HÁ ELEMENTOS DE PROVA A EMBASAR A CONVICÇÃO DO JULGADOR DE QUE PEÇAS AUTOMOTIVAS FORNECIDAS E A CORRESPONDENTE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NÃO TÊM DEFEITOS. I - Não enquadrável como relação de consumo a prestação de serviços entre empresas de porte, não se caracterizando hipossuficiência da contratante de conserto de caminhão de transporte de cargas, situação em que não se tem consumidor final, mas, apenas, intermediário, afasta-se a incidência do Código de Defesa do Consumidor. II - Ainda que se aplicasse o Código de Defesa do Consumidor, a regra da inversão do ônus da prova (CDC, art.6º, VIII) não seria suficiente para afastar a prova contrária à pretensão inicial, tal como detidamente analisada, inclusive quanto à perícia, pela sentença e pelo Acórdão. 
27
Teoria Finalista (visão restritiva) no STJ:
III - O Código de Defesa do Consumidor define consumidor como a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, noção que, como a de fornecedor, é idéia-chave para a caracterização da relação de consumo. IV - O fato de a pessoa empregar em sua atividade econômica os produtos que adquire não implica, por si só, desconsiderá-la como destinatária final e, por isso, consumidora. No entanto, é preciso considerar a excepcionalidade da aplicação das medidas protetivas do CDC em favor de quem utiliza o produto ou serviço em sua atividade comercial. Em regra, a aquisição de bens ou a utilização de serviços para implementar ou incrementar a atividade negocial descaracteriza a relação como de consumo. Precedentes. V - O reconhecimento da existência da relação de consumo, por si só, não implica presunção de prova. Presentes elementos de prova a indicar que as peças automotivas fornecidas e a prestação do serviço correspondente não são defeituosos, pode o Juiz concluir em favor do fornecedor a despeito da inversão do ônus da prova. VI - Recurso Especial improvido (REsp 1.038.645-RJ, j. 19.10/2010) 
28
Teoria Finalista (visão restritiva) no STJ:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA. REDUÇÃO DA MULTA MORATÓRIA. DESCABIMENTO. 1.- O critério adotado para determinação da condição de consumidora da pessoa jurídica é o finalista. Desse modo, para caracterizar-se como consumidora, a pessoa jurídica deve ser destinatária final econômica do bem ou serviço adquirido. 2.- Na hipótese, o Acórdão recorrido, examinando o contrato firmado pelas partes, conclui que a Cédula de Crédito Comercial teve por finalidade o fomento da atividade empresarial do recorrente. Consequentemente, a ele não se aplicam os ditames contidos no art. 52, § 1º da Lei consumerista. 3.- Não havendo relação de consumo entre as partes, não cabe a redução da multa moratória com fundamento no Código de Defesa do Consumidor. 4.- Agravo Regimental improvido (AgRg no REsp 1.386.938/DF, j. 17.10.2013)
29
Teoria Maximalista
Para os maximalistas o CDC representa o novo regulamento do mercado de consumo, não se tratando apenas de um conjunto de normas voltadas somente à proteção do consumidor não profissional.
Sob esta ótica, sendo considerado como um Código voltado para a sociedade de consumo em geral, o CDC seria aplicável a todos os agentes do mercado, os quais poderiam assumir em momentos distintos a posição jurídica de consumidores, e de fornecedores.
Propõe que a definição contida no artigo 2º, caput, do CDC seja interpretada da forma mais ampliativa possível (a fim de permitir uma maior aplicação do Código), considerando-a como objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica teria ou não finalidade lucrativa ao adquirir um bem ou serviço.
Consumidor é o destinatário fático apenas (retira do mercado e consome).
30
Teoria Maximalista
De acordo com a Teoria Maximalista, o questionamento acerca da vulnerabilidade perderia relevância no caso concreto, na medida em que diante das contratações em massa, sobretudo através da utilização de contratos de adesão, todo e qualquer contratante seria considerado vulnerável.
Obs.: Consumidor equiparado – art. 29/CDC (expostos às práticas comercias) - De acordo com a interpretação semântica deste receito, poderia se cogitar, em tese, que a qualquer contratante seria possível a aplicação das normas dos artigos 30 a 54 do CDC, ainda que não se tratassem de contratos de consumo.
A doutrina consumerista (Antonio Herman Benjamin) defende que enquanto o artigo 2º, caput, do CDC estabelece o conceito de consumidor in concreto, o artigo 29 o faz de formaabstrata, permitindo o controle das práticas comerciais via tutela coletiva.
31
Teoria Maximalista
Não há dúvida de que a presença do artigo 29 do CDC, e a sua definição de consumidor equiparado a todos os que estejam expostos às práticas previstas na norma, abre possibilidade para a aplicação extensiva das normas do CDC a outros contratos (que até então estariam regulados apenas pelo Código Civil).
Entretanto, não há como se aplicar referido conceito de consumidor equiparado nos termos do art. 29/CDC, como paradigma e controle para todos os contratos no direito privado brasileiro. O que se propõe através dessa equiparação é aplicar as regras sobe contratos e práticas comerciais do CDC, quanto estiver presente a vulnerabilidade do contratante, a fim de assegurar o equilíbrio no memento em que se verifica a desigualdade das partes.
A crítica que se faz em relação a esta teoria maximalista a de que, com base em sua interpretação ampliativa, passaria o CDC a regular toda e qualquer relação jurídica de direito privado entre iguais, esvaziando o objeto do Código Civil, no que se refere aos contratantes realizam o consumo intermediário.
32
Finalismo Aprofundado
Em meio às duas principais correntes de interpretação do conceito de consumidor (FINALISTAS X MAXIMALISTAS), tem-se uma terceira forma de se olhar para a questão, a qual vem ganhando força e também se consolidando na jurisprudência dos nossos tribunais.
A doutrina tem denominado essa nova vertente como “finalismo aprofundado”, ao passo que os acórdãos tem utilizado a expressão “teoria finalista mitigada”. A interpretação finalista aprofundada se baseia nos seguintes critérios: 
a) a extensão do conceito de consumidor por equiparação é medida excepcional no regime do CDC e; 
b) é requisito essencial para esta extensão conceitual, por intermédio da equiparação de que trata o artigo 29/CDC, o reconhecimento da vulnerabilidade da parte que pretende ser considerada consumidora equiparada.
33
Teoria Finalista Mitigada - STJ
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INFORMATIZADOS PELA INSTITUIÇÃO AGRAVADA. EMISSÃO DE BOLETOS PARA PAGAMENTO DE MENSALIDADES ESCOLARES DOS ALUNOS DOS INSTITUTOS AGRAVANTES. SEGUNDO AGRAVO INTERNO. NÃO CONHECIMENTO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. INOVAÇÃO RECURSAL EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SOLUÇÃO DE TODAS AS QUESTÕES PERTINENTES AO LITÍGIO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. DETERMINAÇÃO DE RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA NOVO EXAME DO RECURSO DE APELAÇÃO. DEMAIS TÓPICOS DO RECURSO ESPECIAL PREJUDICADOS. APRECIAÇÃO DO MÉRITO DO RECURSO ESPECIAL. OBSERVÂNCIA DE TODOS OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. RELAÇÃO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA. TEORIA FINALISTA MITIGADA. AUSÊNCIA DE QUALQUER TIPO DE VULNERABILIDADE. VALORAÇÃO DAS PROVAS. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. NÃO INCIDÊNCIA. DECISÃO MANTIDA. 1. Diante da ocorrência de preclusão consumativa, não merece conhecimento o segundo agravo interno interposto. 2. É inviável a análise de tese apresentada apenas em embargos de declaração, por caracterizar inovação recursal. Precedentes. 3. Não há falar em omissão da decisão monocrática se as questões pertinentes ao litígio foram solucionadas, ainda que sob entendimento diverso do perfilhado pela parte.
34
Teoria Finalista Mitigada - STJ
4. Sendo afastada a incidência do CDC e determinado o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a fim de que aprecie novamente o recurso de apelação, os demais tópicos constantes das razões do recurso especial ficam prejudicados. 5. "A apreciação do mérito do recurso especial decorre, naturalmente, do implícito reconhecimento de que todos os requisitos de admissibilidade recursal foram observados, não se fazendo presente, propriamente, omissão, contradição ou obscuridade, mas apenas inconformismo com o desfecho dado à causa por esta Turma julgadora, o que refoge, a toda evidência, do perfil integrativo dos embargos de declaração" (EDcl no REsp n. 1.758.746/GO, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/2/2019, DJe 21/2/2019). finalista. Somente em situações excepcionais essa teoria pode ser mitigada, para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte, embora não seja a destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade (técnica, jurídica, fática ou informacional) ? 6. A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista mitigada. Precedentes. 7. Na hipótese dos autos, as instituições de ensino utilizavam o software com o escopo de implementar suas atividades comerciais, facilitando o pagamento das mensalidades pelos alunos, não existindo qualquer vulnerabilidade técnica, jurídica, fática ou informacional. 8. O enquadramento jurídico da moldura fática exposta no acórdão estadual prescinde do reexame de fatos e provas dos autos, não esbarrando no óbice da Súmula n. 7 do STJ.
9. Agravo interno de fls. 1.288/1.350 (e-STJ ? Petição n. 00348946/2020) a que se nega provimento e agravo interno de fls. 1.353/1.419 (e-STJ ? Petição n. 00357943/2020) não conhecido. (AgInt nos EDcl no AREsp 615.888/SP, Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, j. 14/09/2020).
35
Teoria Finalista Mitigada - STJ
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. EMPREENDIMENTO HOTELEIRO. ATRASO NA ENTREGA DAS UNIDADES. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICABILIDADE. INVESTIDOR. TEORIA FINALISTA MITIGADA. VULNERABILIDADE. AFERIÇÃO. NECESSIDADE. 1. Ação de rescisão contratual cumulada com indenização por danos materiais e compensação por danos morais em razão de atraso na entrega de unidades de empreendimento hoteleiro objeto de promessa de compra e venda. 2. O adquirente de unidade imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final do bem, poderá encontrar abrigo na legislação consumerista com base na teoria finalista mitigada se tiver agido de boa-fé e não detiver conhecimentos de mercado imobiliário nem expertise em incorporação, construção e venda de imóveis, sendo evidente sua vulnerabilidade. Precedentes. 3. Agravo interno no recurso especial não provido. (AgInt no REsp 1865765/RJ, Min. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, j. 21/09/2020).
36
Vulnerabilidade
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE:
É o princípio básico que fundamenta a existência e aplicação do direito do consumidor. Neste sentido, o artigo 4º, I, do CDC estabelece os princípios informadores da Política Nacional das Relações de Consumo, estabelecendo que:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:             
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
A vulnerabilidade do consumidor constitui presunção legal absoluta (jure et de jure - “de direito e por direito”), não admitindo prova em contrário.
37
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade é uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação de equilíbrio na relação de consumo. É a característica do sujeito mais fraco, que enseja a sua proteção em caráter especial.
A doutrina e a jurisprudência entendem que existem 03 (três) tipos de vulnerabilidade: a técnica, a jurídica, e a fática:
VULNERABILIDADE TÉCNICA: O comprador não possui conhecimentos específicos sobre o objeto que está adquirindo podendo ser enganado em relação às suas qualidades e utilidade, o mesmo ocorrendo em relação aos serviços. Neste aspecto, a vulnerabilidade de profissional possui caráter excepcional (dependendode prova no caso concreto), a fim de afastar a aplicabilidade do Direito Civil, viabilizando a aplicação do CDC.
38
Princípios Aplicáveis ao Contrato de Consumo
VULNERABILIDADE JURÍDICA (ou científica): É a falta de conhecimento jurídico específico, ou conhecimentos de contabilidade ou de economia, sendo presumida no consumidor não profissional e para o consumidor pessoa natural. Já em relação ao consumidor profissional e a pessoa jurídica, presume-se que possuam conhecimentos técnicos mínimos, como quem devem e podem consultar profissionais técnicos especializados, o que afasta a alegação de vulnerabilidade.
VULNERABILIDADE FÁTICA (ou socioeconômica): É espécie ampla que abrange, genericamente, diversas situações concretas de reconhecimento da debilidade do consumidor, sendo a mais comum a de natureza econômica em relação ao fornecedor. Leva-se em consideração a figura deste último, que por sua posição de monopólio fático, seja por conta de seu grande poder econômico ou em razão da essencialidade do serviço, impõe sua superioridade ao consumidor que com ele contrata. Mas também se reconhece essa vulnerabilidade em crianças e idosos, em razão de seu próprio contexto fático mais agravado.
39
Princípios Aplicáveis ao Contrato de Consumo
Há também menção de uma vulnerabilidade informacional, que nada mais é do que a vulnerabilidade básica do consumidor, em uma sociedade em que o consumo se torna cada vez mais visual, rápido e arriscado, sem que haja a correlata observância do dever informacional.
Ex.: pandemia – aquisição de bens e serviços pela internet.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO. 1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propaganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura de doenças malignas, dentre outras funções. 2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
40
Princípios Aplicáveis ao Contrato de Consumo
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado de perigo (art. 156 do Código Civil). 4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulnerabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilíbrio entre as partes. 5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumidor. 6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso especial provido. (REsp 1329556/SP, Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, j. 25/11/2014)
41
Vulnerabilidade x Hipossuficiência
É necessário distinguir os conceitos de VULNERABILIDADE e HIPOSSUFICIÊNCIA, eis que ambas as expressões se encontram presentes no CDC. 
No caso da hipossuficiência, presente no artigo 6º, VIII, do CDC, a noção aparece como critério de avaliação judicial para a decisão sobre a possibilidade ou não de inversão do ônus da proava em favor do consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Envolve a discricionariedade do juiz, no sentido de identificar a existência ou não de debilidade que dificulte ao consumidor, no processo, sustentar suas alegações com provas que demonstrem a veracidade das suas alegações, o que não precisa necessariamente estar relacionado com sua situação econômica.
42
Vulnerabilidade x Hipossuficiência
Ao se cogitar da hipossuficiência para fins de facilitação da defesa no processo e, consequente inversão do ônus probatório, não há que se exigir que a parte seja “pobre na acepção jurídica do termo”, eis que sua hipossuficiência pode ser de ordem técnica.
Ex.: responsabilidade civil – transporte aéreo – acidente de consumo – falha de da aeronave durante o vôo durante viagem internacional.
Do Saneamento e da Organização do Processo
Art. 357/CPC. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
43
Vulnerabilidade x Hipossuficiência
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
44
Fundo de investimento – CC/2002
Art. 1.368-D.  O regulamento do fundo de investimento poderá, observado o disposto na regulamentação a que se refere o § 2º do art. 1.368-C desta Lei, estabelecer: 
I - a limitação da responsabilidade de cada investidor ao valor de suas cotas; 
II - a limitação da responsabilidade, bem como parâmetros de sua aferição, dos prestadores de serviços do fundo de investimento, perante o condomínio e entre si, ao cumprimento dos deveres particulares de cada um, sem solidariedade; e
III - classes de cotas com direitos e obrigações distintos, com possibilidade de constituir patrimônio segregado para cada classe.
§ 1º  A adoção da responsabilidade limitada por fundo de investimento constituído sem a limitação de responsabilidade somente abrangerá fatos ocorridos após a respectiva mudança em seu regulamento. 
§ 2º  A avaliação de responsabilidade dos prestadores de serviço deverá levar sempre em consideração os riscos inerentes às aplicações nos mercados de atuação do fundo de investimento e a natureza de obrigação de meio de seus serviços.
§ 3º  O patrimônio segregado referido no inciso III do caput deste artigo só responderá por obrigações vinculadas à classe respectiva, nos termos do regulamento. 
A doutrina faz crítica ao art. 1.368-D, no que se refere à possibilidade de limitação de responsabilidade.

Continue navegando