Buscar

Direito do consumidor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito do consumidor:
* Evolução histórica das relações de consumo:
- Decreto-lei 869: foi decretado em 1938 os crimes contra a economia popular, sua guarda e seu emprego
- Lei de Usura: legislação que definia como sendo ilegal a cobrança de juros superiores ao dobro da taxa legal ao ano (atualmente a taxa SELIC) ou a cobrança exorbitante que ponha em perigo o patrimônio pessoal, a estabilidade econômica e sobrevivência pessoal do tomador de empréstimo.
· Foi revogada por um outro decreto, pois gerou problemas econômicos e financeiros. Mas, posteriormente, a CF de 88 em seu art. 192 acabou por aprovar uma limitação aos juros, o que levou a uma nova polêmica nos meios legais e econômicos a respeito dessa aplicação.
· Súmula vinculante n° 7, STF: “A norma do § 3º do art. 192 da constituição, revogada pela emenda constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar.”
- Art. 5°, XXXII: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” ~> direito do consumidor como um direito fundamental.
- Código de defesa do consumidor: é uma norma de ordem pública, de interesse social, geral e principiológica (diante da proteção constitucional dos consumidores, que consta, especialmente, do art. 5º, XXXII).
· Norma de proteção de vulneráveis ~> visa a pacificação social, na tentativa de equilibrar a díspar relação existente entre fornecedores e prestadores.
· É prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que com ela colidirem. Tem eficácia supralegal, ou seja, está em um ponto hierárquico intermediário entre a Constituição Federal de 1988 e as leis ordinárias.
+ CDC x Tratados Internacionais: é possível que a norma mais favorável ao consumidor esteja fora da própria Lei Consumerista, podendo o intérprete fazer a opção por esse preceito específico.
· Recurso Extraordinário 636.331 com Agravo 766.618: 
Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. CONFLITO ENTRE LEI E TRATADO. INDENIZAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL PREVISTO EM CONVENÇÃO INTERNACIONAL. APLICABILIDADE.
1. Salvo quando versem sobre direitos humanos, os tratados e convenções internacionais ingressam no direito brasileiro com status equivalente ao de lei ordinária. Em princípio, portanto, as antinomias entre normas domésticas e convencionais resolvem-se pelos tradicionais critérios da cronologia e da especialidade.
2. Nada obstante, quanto à ordenação do transporte internacional, o art. 178 da Constituição estabelece regra especial de solução de antinomias, no sentido da prevalência dos tratados sobre a legislação doméstica, seja ela anterior ou posterior àqueles. Essa conclusão também se aplica quando o conflito envolve o Código de Defesa do Consumidor.
3. Tese afirmada em sede de repercussão geral: “Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”.
· STF: normas e tratados internacionais têm prevalência sobre o CDC.
· Nesse mesmo caso citado, em 2006 (antes da repercussão geral), tinha decidido que em casos de extravio de bagagem durante o transporte aéreo, há relação de consumo entre as partes, devendo a reparação ser integral.
* O problema das relações de consumo no Brasil:
- Cultura consumerista: desconfiança e insegurança jurídica ~> as empresas não confiam no consumidor e o consumidor não confia na empresa.
· Poder judiciário como estabilizador das relações de consumo no Brasil, há uma banalização das ações judiciárias.
-> Abuso de direito e o CDC ~> o CDC também trata do ato lícito
-> Ato ilícito por equiparação e ato ilícito propriamente dito
-> CDC e os contratos eletrônicos (ex: termos e condições)
· O CDC cumpre o seu papel? Cumpre. As empresas e os fornecedores estão mais preocupados em prestar um serviço melhor.
* Princípios: têm posição especial no ordenamento jurídico. Eles não só instituem normas a serem aplicadas diretamente às relações de consumo, como também orientam a aplicação das outras normas previstas no CDC e nos contratos de consumo.
- Regras x Princípios: para Ronald Dworkin regras têm aplicabilidade obrigatória, enquanto princípios não, pois não possuem uma sanção. Os princípios também possuem uma maior dimensão, se aplicam a mais casos. Princípios não se diferenciam hierarquicamente, não se sobrepõem, muito menos são exceções aos outros. Quando há dois princípios que se aplicam ao caso, é só fazer uma ponderação em relação ao valor. Já na colisão entre regras, o afastamento se dá pela cláusula de exceção: onde uma se aplica, a outra não será aplicada; onde uma vale, a outra não vale.
- Da vulnerabilidade do consumidor: impõe o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (previsto no art. 4º, I, CDC).
+ Presunção absoluta da vulnerabilidade do consumidor
a) Vulnerabilidade no aspecto econômico (ex: consumidor x poder econômico do banco)
b) “ “ “ físico (ex: consumidor x riscos de acidente aéreo);
c) “ “ “ informativo (ex: consumidor x desconhecimento das condições reais de financiamento);
d) “ “ “ técnico (ex: consumidor x ignorância sobre o funcionamento de equipamentos eletrônicos)
e) “ “ “ científico (ex: consumidor x ignorância dos efeitos de um medicamento). 
· Tal princípio se relaciona com os princípios da igualdade, do equilíbrio e do protecionismo.	
- Da transparência: art. 6º, inc. III, CDC: são direitos básicos do consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. 
· A menção aos tributos foi introduzida pela Lei 12.741, de 2012, que visa dar maior transparência a respeito dos impostos pagos pelos consumidores, o que deve ser informado de forma detalhada.
· As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser regidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
- Da segurança: o consumidor tem o direito básico à proteção de sua vida e de sua saúde. Assim, o fornecedor não pode colocar no mercado produtos ou serviços que possam oferecer riscos ao consumidor. Os riscos devem ser claramente advertidos, inclusive, com orientações seguras de como minimizá-los.
- Do equilíbrio nas relações de consumo: são inválidas as disposições que ponham em desequilíbrio a equivalência entre as partes. Se o contrato situa o consumidor em situação inferior, com nítidas desvantagens, poderá ter sua validade judicialmente questionada, ou, em sendo possível, ter apenas a cláusula que fere o equilíbrio afastada.
- Da reparação integral: impõe reparação de todos os danos causados ao consumidor. O princípio, que decorre do disposto no art. 6º, VI, do CDC, tem as seguintes consequências:
+ Há de se reparar os danos patrimoniais e morais (art. 6°, inciso VI);
+ Há de se reparar os danos individuais, coletivos e difusos (art. 6°, inciso VI).
· Por conta desse princípio, o STJ entendeu que não poderia haver tabelamento para fixação de danos materiais e morais.
· Entrou em choque com a decisão do STF em relação a indenização tarifada que estão nos tratados internacionais de Montreal e Varsóvia.
- Da solidariedade: regra geral de responsabilidade solidária de todos os agentes envolvidos na atividade de colocação de produto ou serviço no mercado de consumo. Portanto, a responsabilização abrange não apenas o vendedor ou comerciante, que manteve contato direto com o consumidor, mas também os demais fornecedores intermediários que tenham participado da cadeia de produção e circulação do bem, como por exemplo, o fabricante, o produtor, o construtor, o importador e o incorporador.
+ Consequências práticas do princípio:
a) O plano de saúde responde por dano causado por médico conveniado;
b) A agência de turismo responde por dano causado em hotel por elarecomendado;
c) A empresa área responde junto com a fabricante de um avião que tiver caído por problema na fabricação deste;
d) A concessionária de veículos responde junto com a montadora pelo conserto de veículo vindo com vício de fabricação. 
- Da interpretação mais favorável ao consumidor: em relação às normas ~> o intérprete, diante de um contrato de consumo, deverá atribuir às suas cláusulas conexões de sentido que atendam, de modo equilibrado e efetivo, aos interesses do consumidor, parte vulnerável da relação.
- Do adimplemento substancial: repele a resolução do negócio se o adimplemento foi realizado de modo substancial, ou seja, se a parte inadimplida é mínima em relação ao todo ~> contrato quase concluído, onde paguei quase todas as parcelas, então preservo a essência da obrigação contraída.
· Visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença.
- Da reparação objetiva: a responsabilidade civil por danos causados a consumidor é objetiva, isto é, independe do elemento culpa ~> basta que a vítima prove o dano sofrido e o nexo causal.
+ Art. 14, CDC: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
· A responsabilidade no CC é, em regra, subjetiva. Já no CDC, objetiva.
- Da boa-fé objetiva: trata-se do dever imposto, a quem quer que tome parte na relação de consumo, de agir com lealdade e cooperação, abstendo-se de condutas que possam esvaziar as legítimas expectativas da outra parte. Daí decorrem os múltiplos deveres anexos, deveres de conduta que impõem às partes, ainda na ausência de previsão legal ou contratual, o dever de agir lealmente.
· Honestidade, lealdade e informação antes, durante e depois do contrato ~> art. 422, CC.
+ Venire contra factum proprium: proibição de comportamento contraditório, ou seja, não posso entrar em contradição com um comportamento assumido anteriormente ~> não posso me beneficiar com a minha própria torpeza.
+ Supressio: observa-se a supressão de um direito pelo seu não exercício ~> posição jurídica que não é exercida por um período de tempo contínuo e que posteriormente não poderá ser mais cumprida por violar a boa-fé que se instalou.
· Renuncia tácita de determinada posição jurídica
- Modificação das prestações desproporcionais: é direito do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou a sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas, dando ensejo ao desequilíbrio contratual. 
- Harmonia das relações de consumo: visa à harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e à compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico.
· STJ: “É admissível a extinção prematura de contrato de promessa de compra e venda de unidade imobiliária decorrente de distrato ocasionado pela incapacidade econômica superveniente do promissário comprador, que não mais reúne condições de arcar com o pagamento das prestações avençadas.”
- Equidade nas relações de consumo: necessidade de equilíbrio material entre as prestações, aliada à ampla utilização de cláusulas abertas e conceitos jurídicos indeterminados, faz com que a equidade seja amplamente valorizada no sistema de proteção ao consumidor. 
· Qualquer cláusula que contrarie a equidade será considerada nula. 
- Informação: é dever do fornecedor manter o consumidor informado permanentemente e de forma adequada sobre todos os aspectos da relação contratual.
· Visa assegurar ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualificada.
+ Informação-conteúdo: características intrínsecas do produto ou serviço.
+ Informação-utilização: instruções para o uso do produto ou serviço.
+ Informação-preço: o custo, as formas e condições de pagamento.
+ Informação-advertência: riscos do produto ou serviço.
· Art. 31, CDC
- Princípios do art. 4°, CDC.
* Fornecedor: art. 3°: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”
· Exemplos: pessoa física (empresário individual ~> senhora que fabrica chocolate em sua casa e vende na rua); pessoa jurídica (empresas que atuam no mercado de consumo); ente despersonalizado/ despersonificado (massa falida, sociedade irregular ou sociedade de fato ~> pessoas jurídicas de fato, caso de um camelô).
· Para ser considerado um fornecedor deve-se realizar uma atividade habitual, tipicamente profissional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas ~> se alguém atuar de forma isolada, em um ato único, não poderá se enquadrar como fornecedor ou prestador, como na hipótese de quem vende bens pela primeira vez, ou esporadicamente, com ou sem o intuito concreto de lucro.
- Fornecedor equiparado: intermediário na relação de consumo, com posição de auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de serviços, caso das empresas que mantêm e administram bancos de dados dos consumidores.
· Órgão público (não é PJ) pode ser fornecedor? Depende do tipo de atividade que ele está prestando ~> se for serviços essenciais que não podem ser delegados, não pode ser considerado fornecedor.
· As plataformas são consideradas fornecedoras? Depende ~> o mercado livre sim, pois o negócio se efetiva por lá, já a OLX não.
* Consumidor: art. 2°: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
· O consumidor pode ser pessoa natural ou jurídica, ente despersonalizado, pessoa de Direito Privado ou de Direito Público, pessoa nacional ou estrangeira.
· Destinatário fático: o consumidor é o último da cadeia de consumo, ou seja, depois dele, não há ninguém na transmissão do produto ou do serviço.
· Destinatário econômico: o consumidor não utiliza o produto ou o serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa.
- Teoria finalista: é a adotada expressamente pelo art. 2º do CDC, defende que o consumidor (destinatário final) seria apenas aquela pessoa física ou jurídica que adquire o produto ou contrata o serviço para utilizar para si ou para outrem de forma que satisfaça uma necessidade privada, e que não haja, de maneira alguma, a utilização deste bem ou deste serviço com a finalidade de produzir, desenvolver atividade comercial ou mesmo profissional.
· Faz uma interpretação restritiva da figura do consumidor ~> para os finalistas, o campo de aplicação do CDC deve restringir-se àqueles que necessitam de proteção.
· O consumidor além de ser o destinatário fático, é também o destinatário econômico.
- Teoria maximalista: defende que o consumidor (destinatário final) seria toda e qualquer pessoa física ou jurídica que retira o produto ou o serviço do mercado e o utiliza como destinatário final ~> sem importar se a pessoa adquire ou utiliza o produto ou serviço para o uso privado ou para o uso profissional, com a finalidade de obter o lucro.
· A definição de consumidor é puramente objetiva ~> a aplicação do CDC deve ser a mais ampla possível.
· O consumidor é o destinatário fático do produto, aquele que o retira do mercado e o utiliza (sem importar o que ele faz com o produto).
- Teoria finalista aprofundada ou mitigada: o consumidor (destinatário final) seria aquela pessoa que adquire o produto ou o serviço para o uso privado, porém, admitindo-se esta utilizaçãoem atividade de produção, com a finalidade de desenvolver atividade comercial ou profissional, desde que seja provada a vulnerabilidade desta PF ou PJ que está adquirindo o produto ou contratando o serviço ~> Ex: padaria que compra um veículo automotor para utilizá-lo na entrega das encomendas e este apresenta diversos vícios de produção.
-> Amplia o conceito de consumidor ~> inclui todo aquele que possua vulnerabilidade em face do fornecedor. 
+ Vulnerabilidade técnica: ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo;
+ Vulnerabilidade jurídica: falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo;
+ Vulnerabilidade fática: situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor;
+ Vulnerabilidade informacional: dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra. 
- Teoria minimalista: não vê a existência da relação de consumo em casos em que ela pode ser claramente percebida. Ex: entendem que não haveria uma relação de consumo entre banco e correntista.
· Súmula 297, STJ: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras." ~> a corrente minimalista restou, assim, totalmente derrotada no âmbito dos nossos Tribunais.
- Consumidor equiparado/bystander: conceito retirado dos arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 da Lei 8.078/1990.
+ Art. 2°, parágrafo único: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
+ Art. 17: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.” ~> quando são vítimas de um acidente de consumo.
+ Art. 29: "Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. "
* Conceito de produto: art. 3°, § 1°: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.”
* Conceito de serviço: art. 3°, § 2°: “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
* Contratos eletrônicos: 
- Transformação nas experiências de consumo: as experiencias nas relações de consumo mudaram muito. Hoje em dia, antes de comprar algo, nós fazemos uma pesquisa na internet pra saber os preços.
· Ambiente desmaterializado e ubíquo, com um fornecedor sem representação física.
- Marketing viral: venda de dados ~> técnicas de marketing que tentam explorar redes sociais pré-existentes para produzir aumentos exponenciais em conhecimento de marca, com processos similares à extensão de uma epidemia.
- Perfil do consumidor: pesquisamos uma coisa em um dia e no outro o facebook, Instagram tá mostrando essa coisa.
- Termos e condições de uso das redes sociais e demais ferramentas na internet: 
+ Contratos existenciais: pelo menos uma das partes é uma pessoa natural, visando ao atendimento de suas necessidades existenciais
- Economia compartilhada: 3 tipos de interações que são consideradas integrantes
+ Aquelas que se referem a relações sem natureza lucrativa ou econômica, normalmente baseadas na possibilidade de cooperação para troca de favores ou até para ações solidárias.
+ Aquelas que abarcam interações econômicas entre partes com igual poder de barganha, facilitadas por plataforma virtual que possibilite a conclusão do negócio jurídico.
+ Aquelas que abrangem relações econômicas protagonizadas por um agente empresarial, cujo papel não apenas possibilita negócios jurídicos por meio de plataforma virtual, mas também controla o conteúdo dos negócio jurídico e, portanto, limita o grau de autonomia dos usuários.
- Plataforma digital: modelo de negócio que permite e estimula a interação entre duas partes ou múltiplos grupos de usuários ~> interação de pelo menos duas partes ou polos, que ficam agregados e em contato um com o outro.
· Exs: google, facebook, amazona, mercado livre, twitter, waze, uber, etc.
+ As plataformas são, na verdade, o próprio modelo de negócio ~> realiza-se pagamentos, presta-se serviços, investimentos, venda de produtos, comunicação...
+ Finalidade: apenas viabilizar a conexão entre os agentes e não de possibilitar operações econômicas (isso é finalidade da economia de compartilhamento).
- Jurisprudência: RECURSO ESPECIAL Nº 1.444.008 – RS:
Diante de todo o exposto acima, conclui-se que o provedor do serviço de busca de produtos – que não realiza qualquer intermediação entre consumidor e vendedor – não pode ser responsabilizado pela existência de lojas virtuais que não cumprem os contratos eletrônicos ou que cometem fraudes contra os consumidores, da mesma forma que os buscadores de conteúdo na Internet não podem ser responsabilizados por todo e qualquer conteúdo ilegal disponível na rede.
Em consequência, pela natureza do serviço prestado pela recorrente, não incide na hipótese dos autos os art. 3º e 7º do CDC, devido à impossibilidade de considerá-la participante na cadeira do fornecimento do produto à recorrida, sequer como fornecedor equipado, por não deter qualquer posição de poder ou influência sobre o consumidor no momento do aperfeiçoamento do contrato eletrônico.
- Lei 13.709: dispõe sobre a proteção de dados pessoais e altera a Lei nº 12.965 (marco civil da internet).
* Lei 12.965/2014: marco civil da internet ~> estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil.
- Art. 2°: “A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade de expressão, bem como:
I - o reconhecimento da escala mundial da rede;
II - os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania em meios digitais;
III - a pluralidade e a diversidade;
IV - a abertura e a colaboração;
V - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e
VI - a finalidade social da rede.”
- Art. 7º: “O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet.
- Art. 8º: (...) Parágrafo único: “São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que violem o disposto no caput, tais como aquelas que: I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações privadas, pela internet;”
* Caso Cielo: 
- A cielo é uma plataforma digital (intermediária), não é instituição financeira e nem empresa administradora/operadora de cartão!
- Em relação à sua responsabilidade, há divergências. Teve decisões que reconheceram a responsabilidade solidária, mas também teve as que não reconheceram.
· Dívida de cartão de crédito, quem responde? O banco ou a operadora de cartão? Os dois têm responsabilidade solidária, mas hoje em dia estão tirando a responsabilidade do banco.
- Quem controla o crédito é a administradora de cartão (visa, master...)
- Caso 1 (porcelanato):
+ Defesa: a Cielo não é detentora da bandeira estampada nos cartões e tampouco administra cartões, sendo de sua responsabilidade tão somente instalar as máquinas nos estabelecimentos comerciais, para que estes passem a operar com o sistema de cartões de crédito e débito, não possuindo a Demandada qualquer relação com a emissão dos cartões, cobrança ou restituição de valores
Em um primeiro momento a Demandada agiu como se fosse resolver a questão do Demandante, posto que ao ser provocada quanto ao pedido de cancelamento dos débitos, a mesma, através dos e-mails colacionados com a inicial, solicitou diversos documentos ao Demandante
Os procedimentos para o estorno dos valores são de responsabilidade da operadoras de cartão de crédito e, solidariamente da Demandada CIELO S.A., haja vista serem de vossas responsabilidades as falhas na prestação do serviço perante o consumidor, nos termos do artigo 18, caput, do CDC, responsabilidadeque é solidária, da operadora do cartão e da instituição financeira que o emitiu, nos casos de lançamento de cobranças indevidas.
Desta feita, configurada a responsabilidade da Demandada CIELO S.A., impõe-se à esta o dever de ressarcir os danos causados ao Demandante, cabendo à esta o direito de regresso contra a administradora de cartão de crédito, se assim entender.
- Caso 2 (sapato loubotin): 
+ Defesa: a CIELO não é a detentora da bandeira estampada nos cartões - e tampouco a administradora de cartão! A CIELO simplesmente instala máquinas em estabelecimentos comerciais para que estes passem a operar com o sistema de cartões de crédito e débito.
Assim, justamente em razão do objeto de sua atividade fim consistir no fornecimento da tecnologia (maquinetas) que viabilizam a utilização dos cartões de crédito/débito emitidos pelas instituições financeiras, a Cielo não possui qualquer relação com a emissão dos cartões, cobrança ou restituição de valores.
A dedução ou estorno de valores da fatura de portadores de cartões é atividade pertencente exclusivamente à instituição administradora de seu cartão. A Cielo não possui capacidade para deduzir ou restituir valores na fatura de quem quer que seja.
Desse modo, sendo certo que se o administrador do cartão (e conta) do Autor não realizou o estorno dos valores mesmo após o EFETIVO cancelamento da venda este, obviamente, é a única parte legítima para figurar no polo passivo desta ação, nos termos do artigo 339, caput, do Código de Processo Civil.
Ademais, na própria solicitação de cancelamento da compra, resta claro que o crédito ao portador, após o cancelamento, depende única e exclusivamente do banco emissor do cartão, qual seja o seu Banco.
+ Decisão da juíza:
Por outro lado, a fim de se evitar diligências e atos desnecessários e em nome da celeridade, urge reconhecer, desde já, da preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela segunda requerida, Cielo S/A em sua defesa. 
A uma porque a compra foi realizada exclusivamente junto à primeira requerida. Dessa forma, o pedido de rescisão contratual cumulado com restituição de valores deve ser dirigido unicamente em desfavor da comerciante. 
A duas porque o pedido de reparação moral foi dirigido unicamente em desfavor da primeira requerida, conforme rol da petição inicial de ID 5418463, p. 4. 
A três porque a jurisprudência do TJDFT é cristalina no sentido de que a CIELO S/A não é a instituição financeira responsável pela emissão do cartão de crédito pertencente à requerente, tampouco pode ser considerada uma empresa administradora de cartões (veja-se que o cartão da requerente é da bandeira Mastercard!), pois a segunda requerida apenas instala e mantém equipamentos destinados a operar o cartão de crédito e, por isso, não possui qualquer tipo de relação jurídica com o consumidor final, ainda que sob a ótica da legislação consumerista. Não se pode falar, portanto, em solidariedade, a qual fica afastada desde logo.
CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA E VENDA REALIZADA EM ESTABELECIMENTO COMERCIAL. CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA EM DUPLICIDADE. EMPRESA CIELO S/A. ILEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. 1 A Ré CIELO S/A não possui pertinência subjetiva com o direito material controvertido, uma vez que o interesse que se pretende tutelar em Juízo não lhe diz respeito pessoalmente, já que a eventual cobrança indevida de valores em virtude de transação efetuada através de cartão de crédito não lhe pode ser imputada. E isso porque não é a instituição financeira responsável pela emissão do cartão de crédito pertencente ao Autor, tampouco pode ser considerada uma empresa administradora de cartões, pois a Ré apenas instala e mantém equipamentos destinados a operar o cartão de crédito, não possuindo qualquer tipo de relação jurídica com o consumidor final, ainda que sob a ótica da legislação consumerista. (...) 
* A teoria do diálogo das fontes e o CDC: as normas jurídicas não se excluem, se completam.
· Art. 7°, CDC: “Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.” ~> nesse contexto, é possível que a norma mais favorável ao consumidor esteja fora da própria Lei Consumerista, podendo o intérprete fazer a opção por esse preceito específico.
· No Brasil, a principal incidência da teoria se dá justamente na interação entre o CDC e o CC/2002.
- Três diálogos possíveis: segundo Cláudia Lima Marques 
+ Havendo aplicação simultânea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para a outra, estará presente o diálogo sistemático de coerência. Exemplo: os conceitos dos contratos de espécie podem ser retirados do Código Civil, mesmo sendo o contrato de consumo, caso de uma compra e venda (art. 481 do CC).
+ Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma pode completar a outra, de forma direta (diálogo de complementaridade) ou indireta (diálogo de subsidiariedade). O exemplo típico ocorre com os contratos de consumo que também são de adesão. Em relação às cláusulas abusivas, pode ser invocada a proteção dos consumidores constante do art. 51 do CDC e, ainda, a proteção dos aderentes constante do art. 424 do CC.
+ Os diálogos de influências recíprocas sistemáticas estão presentes quando os conceitos estruturais de uma determinada lei sofrem influências da outra. Assim, o conceito de consumidor pode sofrer influências do próprio Código Civil. Como afirma a própria Claudia Lima Marques, “é a influência do sistema especial no geral e do geral no especial, um diálogo de doublé sens (diálogo de coordenação e adaptação sistemática)”.
* Revogação da Súmula 603, STJ:
- Súmula 603-STJ: “É vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial consignável, com desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico e admite a retenção de percentual.”
- Por que a súmula foi cancelada em tão pouco tempo? O STJ entendeu que a redação dada à súmula não foi a mais adequada e que ela estava gerando interpretações equivocadas por partes dos juízes e Tribunais.
- O que o STJ queria dizer com a Súmula 603? Que o banco não pode “invadir” a conta do correntista e se apropriar do salário/remuneração ali depositado para salvar uma dívida que esse cliente tenha com a instituição financeira.
· A conduta de instituição financeira que desconta o salário do correntista para quitação de débito contraria o art. 7º, X, da Constituição Federal e o art. 833, IV, do CPC, pois estes dispositivos visam à proteção do salário do trabalhador, seja ele servidor público ou não, contra qualquer atitude de penhora, retenção, ou qualquer outra conduta de restrição praticada pelos credores, salvo no caso de prestações alimentícias.
· A instituição financeira teria que buscar a satisfação de seu crédito pelas vias judiciais próprias (ajuizar ação de cobrança, monitória ou de execução, a depender do caso concreto).
- Como a súmula estava sendo interpretada? Os juízes e Tribunais estavam entendendo que a súmula proibiu todo e qualquer desconto realizado em conta corrente, mesmo em conta que não é salário, mesmo que exista prévia e atual autorização concedida pelo correntista.
- Exemplo do que a súmula NÃO queria proibir, mas que estava sendo vedado com base nela: João é servidor público aposentado e recebe seus proventos no banco “BB”. João fez contrato de mútuo com o banco e as parcelas são descontadas diretamente de conta-corrente todas as vezes em que é depositado algum dinheiro.
· Diante dessa polêmica, o STJ resolveu cancelar a súmula.* Política nacional das Relações de consumo: conglomerado de unidades, entidades e órgãos que vão atuar em defesa do consumidor.
- Art. 4º, CDC: “A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:  
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
        a) por iniciativa direta;
        b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
        c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
        d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
- Art. 5°, CDC: “Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
        I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
        II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
        III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
        IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
        V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
* Direitos básicos do consumidor: art. 6° do CDC
- A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
- A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
- A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;  
· Tributos como parcela importantíssima no preço do produto ~> quanto eu pago de tributo? Isso não fica tão claro.
- A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; ~> propaganda enganosa (mente) e abusiva (vai além dos limites de determinado contexto social)
· “É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.”
· “É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.”
- A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
- A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
- O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
· A inversão do ônus da prova não é automática!! Só ocorre quando é pedida e quando estão presentes a verossimilhança de suas alegações (aparência da verdade) ou sua hipossuficiência perante a parte contrária.
- A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
* Proteção à saúde e segurança:
- Art. 8°, CDC: “Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
        § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.    
        § 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.”    
- Art. 9°, CDC: “O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.”
- Art. 10, CDC: “O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
        § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
        § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
        § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.”
* Aspectos constitucionais de proteção ao consumidor:
· Soberania, dignidade da pessoa humana, liberdade, justiça, equidade e isonomia, livre iniciativa e livre concorrência, solidariedade, intimidade...
- Art. 5°, XXXII, CF: o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
+ Prestação protetiva pelo Estado, incluindo as três esferas do Poder.
+ Proteção contra as atuações do Estado (direito de liberdadeou direitos civis, direito fundamental de primeira geração), mas também impõe uma atuação positiva (protetiva, tutelar, afirmativa, de promoção) do Estado em proteção dos consumidores (direito fundamental de segunda geração).
+ Princípio constitucional impositivo.
* Aspectos administrativos de proteção ao consumidor: sistema nacional de defesa do consumidor
· Poder de polícia.
- Decreto n° 2.181 de 1997: 
+ Art. 2°: “Integram o SNDC a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e os demais órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal, municipais e as entidades civis de defesa do consumidor.”
· Procons, Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacias de Defesa do Consumidor, Juizados Especiais Cíveis e Organizações Civis de defesa do consumidor, que atuam de forma articulada e integrada com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
· Todos atuam de forma conjunta e concorrente ~> analisam e formulam estratégias de ação, tais como fiscalizações conjuntas, harmonização de entendimentos e elaboração de políticas públicas de proteção e defesa do consumidor.
- PROCONS: órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa do consumidor, com competências, no âmbito de sua jurisdição, para exercer as atribuições estabelecidas pela Lei nº 8.078, e pelo Decreto nº 2.181/97.
· São órgãos que atuam no âmbito local, atendendo diretamente os consumidores e monitorando o mercado de consumo local.
+ Punições que o PROCON pode aplicar: art. 18 do Decreto 2.181: “A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078, de 1990, e das demais normas de defesa do consumidor constituirá prática infrativa e sujeitará o fornecedor às seguintes penalidades, que poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente no processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas:
I - multa; II - apreensão do produto; Ill - inutilização do produto; IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V - proibição de fabricação do produto; VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviços; VII - suspensão temporária de atividade; VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI - intervenção administrativa; XII - imposição de contrapropaganda.”
+ Processo administrativo junto ao PROCON:
· Reclamação -> investigação preliminar -> defesa escrita -> audiência -> decisão administrativa -> recurso.
a) Art. 33: “As práticas infrativas às normas de proteção e defesa do consumidor serão apuradas em processo administrativo, que terá início mediante:
I - ato, por escrito, da autoridade competente;
I - lavratura de auto de infração;
III - reclamação.
· Art. 34: “O consumidor poderá apresentar sua reclamação pessoalmente, ou por telegrama carta, telex, fac-símile ou qualquer outro meio de comunicação, a quaisquer dos órgãos oficiais de proteção e defesa do consumidor.”
b) Art. 39: “O processo administrativo de que trata o art. 33 deste Decreto poderá ser instaurado mediante reclamação do interessado ou por iniciativa da própria autoridade competente.
Parágrafo único. Na hipótese de a investigação preliminar não resultar em processo administrativo com base em reclamação apresentada por consumidor, deverá este ser informado sobre as razões do arquivamento pela autoridade competente.”
c) Art. 40: “O processo administrativo, na forma deste Decreto, deverá, obrigatoriamente, conter: I - a identificação do infrator; II - a descrição do fato ou ato da infração; III - os dispositivos legais infringidos; IV - a assinatura da autoridade competente.”
d) Art. 41: “A autoridade administrativa poderá determinar, na forma de ato próprio, constatação preliminar da ocorrência de prática presumida.”
e) Art. 42: “A autoridade competente expedirá notificação ao infrator, fixando o prazo de dez dias, a contar da data de seu recebimento, para apresentar defesa, na forma do art. 44 deste Decreto. 
§ 1º A notificação, acompanhada de cópia da inicial do processo administrativo a que se refere o art. 40, far-se-á: 
I - pessoalmente ao infrator, seu mandatário ou preposto;
II - por carta registrada ao infrator, seu mandatário ou preposto, com Aviso de Recebimento (AR). 
§ 2º Quando o infrator, seu mandatário ou preposto não puder ser notificado, pessoalmente ou por via postal, será feita a notificação por edital, a ser afixado nas dependências do órgão respectivo, em lugar público, pelo prazo de dez dias, ou divulgado, pelo menos uma vez, na imprensa oficial ou em jornal de circulação local.”
f) Art. 43: “O processo administrativo decorrente de Auto de Infração, de ato de oficio de autoridade competente, ou de reclamação será instruído e julgado na esfera de atribuição do órgão que o tiver instaurado.” 
g) Art. 44: “O infrator poderá impugnar o processo administrativo, no prazo de dez dias, contados processualmente de sua notificação, indicando em sua defesa: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; Ill - as razões de fato e de direito que fundamentam a impugnação; IV - as provas que lhe dão suporte.”
h) Art. 45: “Decorrido o prazo da impugnação, o órgão julgador determinará as diligências cabíveis, podendo dispensar as meramente protelatórias ou irrelevantes, sendo-lhe facultado requisitar do infrator, de quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou entidades públicas as necessárias informações, esclarecimentos ou documentos, a serem apresentados no prazo estabelecido.”
i) Art. 46: “A decisão administrativa conterá relatório dos fatos, o respectivo enquadramento legal e, se condenatória, a natureza e gradação da pena.”
j) Art. 49: “Das decisões da autoridade competente do órgão público que aplicou a sanção caberá recurso, sem efeito suspensivo, no prazo de dez dias, contados da data da intimação da decisão, a seu superior hierárquico, que proferirá decisão definitiva.”
* Tutela penal de proteção ao consumidor:
- Lei nº. 8137/90: define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
-> SLIDE
* Responsabilidade civil: obrigação de reparar o dano moral ou patrimonial causado a alguém. O dever de indenizar/reparar um dano pode decorrer de:
· Uma conduta comissiva ou omissiva (quando tenho que fazer algo por lei e não faço).
· Art. 927, CC: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” ~> responsabilidade subjetiva é a regra do CC e objetiva é a exceção.
- Ato ilícito: art. 186, CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
- Contrato
- Ato ilícito por equiparação: abuso de direito. Ex: cobrar alguém de modo vexatório ~> teoria da perda de uma chance.
+ Art. 187, CC: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
- Elementos da resp. Civil: conduta, nexo causal, dano e dolo/culpa (negligência, imprudência e imperícia).
- Espécies:
+ Subjetiva: depende de dolo ou culpa.
· É a regra do Código Civil.
+ Objetiva: prescinde de dolo e culpa, apenas tenho que provar a conduta, o nexo e o dano.
· É a regra do Código de Defesa do Consumidor.
* Responsabilidade civil no CDC:
- É objetiva e solidária: devido aos seguintes fatores:
+ Produção em massa.
+ Vulnerabilidade do consumidor ~> hipossuficiência.
+ Insuficiência da responsabilidade subjetiva.
+ Fornecedor há de responder pelos riscos que seus produtos acarretam.
+ Em decorrência de antecedentes legislativos.· Exceção: profissionais liberais (profissionais, trabalhadores, que podem exercer com liberdade e autonomia a sua profissão, decorrente de formação técnica ou superior específica, legalmente reconhecida) ~> art. 14, §4°, CDC: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
- Teoria do risco da atividade ou do empreendimento: todo aquele que fornece produto ou serviço no mercado de consumo cria um risco de dano aos consumidores. Todo prejuízo é imputado ao seu autor e reparado por quem o causou, independentemente de se cogitar da ideia de culpa. 
+ Teoria do risco integral: é a espécie mais extremada das teorias do risco ~> para seus defensores, proclama-se que qualquer fato, culposo ou não, deve impor ao agente a reparação, desde que cause um dano, sendo-lhe suficiente, até mesmo quando se dê o rompimento do nexo causal. Assim, esta espécie afasta qualquer hipótese de trabalho com as excludentes de responsabilidade civil.
· Resp 81.101/PR: 
CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO (RESPONSABILIDADE CONTRATUAL OU OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
I - Contratada a realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação de resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade.
II - Cabível a inversão do ônus da prova.
III - Recurso conhecido e provido.
- Espécies de responsabilidade: 
+ Responsabilidade pelo fato do produto/serviço: 
a) Fato do produto/serviço: quando o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do consumidor, atinge sua incolumidade física ou psíquica ~> quando o defeito exorbita a esfera do bem de consumo, passando a atingir o consumidor.
· É o mesmo que acidente de consumo. 
· Exemplos: bateria de telefone explodir; carro cujo freio não funcionou e causou um acidente; uma dedetização cuja aplicação de veneno foi feita em dosagem acima do recomendado, causando intoxicação no consumidor.
b) Art. 12, CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
        § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - sua apresentação;
        II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi colocado em circulação.
        § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
        § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
c) Art. 13: “O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
        I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
        II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
        III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
        Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.”
d) Art. 14, CDC: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - o modo de seu fornecimento;
        II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi fornecido.
        § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
        § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
        § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
+ Responsabilidade por vício do produto/serviço: 
a) Vício do produto/serviço: quando o defeito atingir meramente a incolumidade econômica do consumidor, causando-lhe tão somente um prejuízo patrimonial ~> o problema é intrínseco ao bem de consumo.
· Exemplos: uma TV nova que não funciona; um computador cujo HD não armazena os dados; dedetização que não mata ou afasta insetos; película automotiva mal fixada, que vem a descascar.
b) Art. 18, CDC: professor não falou
c) Art. 19, CDC: professor não falou
* Inversão do ônus da prova:
- Art. 373, CPC: “O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
 - Teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova: § 1° Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2° A decisão prevista no §1° deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
· Inversão legal e judicial.
- Inversão convencional: § 3° A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
· § 4° A convenção de que trata o §3° pode ser celebrada antes ou durante o processo.
- Momento da inversão: na fase de saneamento do processo.
+ Art. 357: “Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373.” 
· Necessidade de fixar qual será o objeto da prova (isto é, quais são os pontos de fatos controvertidos) permite determinar como se distribuem, no processo, os ônus probatórios.
- Perguntas do slide:
+ Concepção subjetiva ou objetiva do ônus da prova? Em regra, objetiva. Mas o juiz pode decidir de forma subjetiva.
+ A inversão consiste em regra de julgamento ou de procedimento? Procedimento, pois preciso saber quem vai provar o que para depois julgar.
+ Qual o momento da inversão do ônus da prova? No momento do Despacho Saneador.
+ Inversão ope legis e ope judicis do ônus da prova? Depende. Se for uma inversão que decorre da lei, é ope legis. Mas se for uma inversão decorrente de decisão judicial, é ope judicis.
- Distribuição do ônus da prova no CDC: é uma regra de inversão legal, que depende do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor.
· Não há a inversão automática do ônus da prova!! 
+ Art. 6º, VIII: “São direitos básicos do consumidor: a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.”· A verossimilhança das alegações é aparência da verdade, não exigindo sua certeza. Já a hipossuficiência é examinada através da capacidade técnica e informativa do consumidor, de suas deficiências neste campo para litigar com o fornecedor que por sua condição é detentor das técnicas.
+ Art. 12, §3°, CDC: é ônus do fornecedor provar que não colocou o produto no mercado, que ele não é defeituoso ou que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros pelos danos gerados.
+ Art. 14, §3°, CDC: é ônus do fornecedor provar que o serviço não é defeituoso ou que há culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro nos danos gerados.
+ Art. 38, CDC: “O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.” 
+ Art. 51, VI, CDC: é nula de pleno direito cláusula contratual que estabeleça inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor.
- Recurso Especial n° 720.930 – RS:
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. GRAVIDEZ ALEGADAMENTE DECORRENTE DE CONSUMO DE PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS SEM PRINCÍPIO ATIVO ("PÍLULAS DE FARINHA"). INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ENCARGO IMPOSSÍVEL. ADEMAIS, MOMENTO PROCESSUAL INADEQUADO. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE A GRAVIDEZ E O AGIR CULPOSO DA RECORRENTE.
1. O Tribunal a quo, muito embora reconhecendo ser a prova "franciscana", entendeu que bastava à condenação o fato de ser a autora consumidora do anticoncepcional "Microvlar" e ter esta apresentado cartelas que diziam respeito a período posterior à concepção, cujo medicamento continha o princípio ativo contraceptivo.
2. A inversão do ônus da prova regida pelo art. 6º, inciso VIII, do CDC, está ancorada na assimetria técnica e informacional existente entre as partes em litígio. Ou seja, somente pelo fato de ser o consumidor vulnerável, constituindo tal circunstância um obstáculo à comprovação dos fatos por ele narrados, e que a parte contrária possui informação e os meios técnicos aptos à produção da prova, é que se excepciona a distribuição ordinária do ônus. 
3. Com efeito, ainda que se trate de relação regida pelo CDC, não se concebe inverter-se o ônus da prova para, retirando tal incumbência de quem poderia fazê-lo mais facilmente, atribuí-la a quem, por impossibilidade lógica e natural, não o conseguiria. Assim, diante da não-comprovação da ingestão dos aludidos placebos pela autora - quando lhe era, em tese, possível provar -, bem como levando em conta a inviabilidade de a ré produzir prova impossível, a celeuma deve se resolver com a improcedência do pedido.
4. Por outro lado, entre a gravidez da autora e o extravio das "pílulas de farinha", mostra-se patente a ausência de demonstração do nexo causal, o qual passaria, necessariamente, pela demonstração ao menos da aquisição dos indigitados placebos, o que não ocorreu.
5. De outra sorte, é de se ressaltar que a distribuição do ônus da prova, em realidade, determina o agir processual de cada parte, de sorte que nenhuma delas pode ser surpreendida com a inovação de um ônus que, antes de uma decisão judicial fundamentada, não lhe era imputado. Por isso que não poderia o Tribunal a quo inverter o ônus da prova, com surpresa para as partes, quando do julgamento da apelação.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido.
· Para o STJ a inversão do ônus da prova é regra de instrução, sua inversão deve preceder a fase probatória, sendo realizada de preferência no saneamento do processo ou, quando excepcionalmente realizada após esse momento procedimental, deverá ser reaberta a instrução para a parte que recebe o ônus da prova caso pretenda produzir provas.
file:///C:/Users/Tain%C3%A1%20Tavora/Downloads/JURISPRUDENCIA_EM_TESES_STJ_UNIFICADO_CONSUMIDOR_pdf.pdf

Continue navegando