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Administração pública brasileira

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Administração Pública brasileira
Referencial teórico
O Estado brasileiro vem se dispondo a reformas administrativas desde a década de 30, mas com posicionamentos mais relevantes desde a década de 90, via Lei da Reforma do Estado Brasileiro.
Inicialmente com a administração pública burocrática, trouxe ideias de profissionalização, de hierarquia e de formalismo. Seu ponto forte seria a efetividade no controle dos abusos; e seu ponto fraco seria a ineficiência na incapacidade de voltar-se para o serviço aos seus cidadãos.
A partir da reforma iniciada no governo Vargas, a administração pública passa por um processo de racionalização que fez surgir as primeiras carreiras burocráticas e deu-se a tentativa de adoção do concurso como meio de acesso ao serviço público.
Em 1967, há uma reforma, operada através do Decreto-Lei nº 200, constituindo um marco na tentativa de superação da rigidez burocrática, iniciando a administração gerencial no Brasil, a partir disso houve a transferência de atividades para autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, objetivando maior dinamismo operacional por meio da descentralização e flexibilização da administração pública, objetivando atribuir maior operacionalidade às atividades econômicas do Estado.
Já na década de 1970, houve a criação da SEMOR – Secretaria da Modernização, buscando implantar novas técnicas de gestão, de administração de recursos humanos, na administração pública federal.
E início dos anos 80, houve nova tentativa de reformar a burocracia no sentido da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização – PrND, objetivando a revitalização e a agilização das organizações do Estado, a fim de descentralizar a autoridade.
Mas, a Constituição de 1988, acabou promovendo o engessamento do aparelho estatal, ao estender para os serviços do Estado as mesmas regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado, acarretando na perda de autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos, e retirando da administração indireta a sua flexibilidade operacional.
Na década de 1990, mas especificamente na Reforma do Estado, implementada em 1995, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento, repassando à iniciativa privada o que esta pode executar sob o controle do Estado. 
Com a reeleição de FHC em 1999, reafirmando o Plano Real como estratégia para a estabilidade econômica, o governo propõe a estruturação das atividades de administração pública federal objetivando assegurar transparência e responsabilização gerencial. 
Com relação ao governo Lula as iniciativas de reforma propostas seguem as políticas e ações empreendidas na reforma de 1995, mas com uma maior ênfase a programas sociais, tendo como intermediadores os Estados, e realizadores locais os municípios.
Mais recentemente, começa a se consolidar uma nova perspectiva de administração pública, a “vertente alternativa”, em que há um maior envolvimento da população na definição da agenda política e um maior controle social sobre as ações estatais. 
Mas essa vertente depende da criação de condições sociais e de arranjos institucionais que estimulem o diálogo livre e aberto entre cidadãos. Dentre experiências participativas, podem ser citadas: os fóruns temáticos, conselhos gestores, conselhos de órgãos e de administrações públicas, uma vez que colocam em questão a prerrogativa do executivo no controle das políticas públicas. 
O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a globalização da economia, assistidos no final do século XX, constituíram um cenário de mudanças rápidas e contínuas, no qual a competitividade, a flexibilidade e a busca da eficiência e da eficácia se tornaram essenciais, e para sobrevivência nesse ambiente dinâmico e com elevado nível de incerteza, são estabelecidas novas estruturas organizacionais.
Em relação ao Estado, uma nova forma institucional surge para se adequar aos desafios contemporâneos, com ênfase na descentralização, em que o Estado substitui o modelo de provedor por um modelo de coordenador e fiscalizador de serviços.
O esforço de reforma administrativa do Estado enfatizado na descentralização, consistiu-se na reestruturação das intervenções estatais, na busca de uma maior inserção na comunidade internacional e da população no processo de tomada de decisões governamentais, maior eficiência administrativa, melhor distribuição de recursos e o estabelecimento de uma nova arquitetura de ação administrativa, na solução de demandas sociais.
Algumas experiências no Brasil, a partir da década de 90, empregam esse enfoque sistêmico: o Sistema Único de Saúde – SUS (Lei nº 8.080/90): 
O SUS foi criado em 1988, que garante acesso integral, universal e igualitário para toda a população brasileira, desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, oferecendo consultas, exames e internações, o sistema também promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e de vigilância sanitária.
Os municípios possuem secretarias específicas para a gestão de saúde, coordenando e planejando o SUS em nível municipal, de acordo com a normatização federal e o planejamento estadual, formulando suas políticas de saúde em parceria com as políticas estaduais e nacionais de saúde.
Já a gestão federal é realizada pelo Ministério da Saúde, tendo a União a função de planejar, orientar, criar normas, avaliar e controle do SUS. 
O SUS é um sistema integrado de gestão, em que o Governo Federal fórmula as políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações, sendo que a realização dos projetos depende dos parceiros.
Um segundo exemplo é o Programa Territórios da Cidadania do Governo Federal, de 2008, para melhoria da qualidade de vida dos que vivem no meio rural, para gerar trabalho e renda no meio rural e promover o desenvolvimento econômico alicerçado em diferentes programas complementares.
O enfoque desse programa está na base da participação social e na integração de diferentes ações entre o Governo Federal, estados e municípios.
 
Fonte: Portal da Cidadania (2010)
Fonte: Portal da Cidadania (2010)
A reforma das estruturas do Estado e novas práticas de gestão pela Constituição Federal de 1988, e depois pela Reforma do Aparelho do Estado, perfazem um novo conceito de Estado, que se privilegia a realização de parcerias internas e externas, em níveis de governo (vertical), quanto entre as esferas de mesmo âmbito (horizontal) e para com outros parceiros, articulados em prol de um problema de interesse público. Como consequência, há uma nova relação entre Estado e sociedade civil, o qual pressupõe um Estado mais flexível e descentralizado, existindo a participação de diversos atores. Enfatizou-se a trajetória da administração pública brasileira desde o início do século XX até os dias atuais, em que um Estado busca novas soluções, configurando-se em rede entre as três esferas de governo, entidades e sociedade civil.

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