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AULA 03 - CIA - Leasing e Factoring

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Contratos Atípicos e (I)nominados
Prof. Me. Cristiane Dalla Valle
Aula 03: Leasing e Factoring
Parte I - Leasing
1. Arrendamento Mercantil - “Leasing”
1.1. Conceito
“TO LEASE” = Locar, arrendar
Contrato por meio do qual o locador/arrendador adquire um bem jurídico junto a
um fornecedor/3º com a finalidade de cedê-lo onerosamente ao
locatário/arrendatário, a quem será concedida a opção de compra ao término do
contrato.
É CONTRATO ATÍPICO MISTO!
Sua estrutura mistura contratos de locação, promessa de compra e venda e
empréstimo (mútuo) e não possui legislação regulamentadora.
QUAL SUA FUNÇÃO?
Colabora com a economia fomentando a produtividade das empresas, permitindo
que o empresário tenha sempre bens jurídicos modernos a sua disposição, sem
imobilizar seu capital.
a) Partes: 
- LOCADOR/ARRENDADOR: quem adquire o bem jurídico e o cede onerosamente
ao locatário, devendo ser PESSOA JURÍDICA, com autorização do Banco Central
para operar.
- LOCATÁRIO/ARRENDATÁRIO: quem loca e faz uso do bem jurídico, com opção
posterior de compra, pode ser PESSOA FÍSICA ou PESSOA JURÍDICA.
- FORNECEDOR/3º: quem vende o bem jurídico ao locador/arrendador.
DESMEMBRAMENTO DA PROPRIEDADE...
LOCADOR/ARRENDADOR: tem o direito de fruir e fica com a posse indireta
LOCATÁRIO/ARRENDATÁRIO: tem o direito de usar e fica na posse direta
b) Objeto
- BENS MÓVEIS: maquinário, carros, etc.
- BENS IMÓVEIS: terrenos, depósitos de armazenagem, etc.
c) Prazo
Sempre DETERMINADO, ou seja, é fixado um período para o parcelamento do bem 
jurídico. Este prazo pode ser RENOVADO, não havendo impedimento de que 
perdure por maior ciclo.
d) Forma
Sempre por ESCRITO, devendo conter pelo menos prazo, preço e a opção de
compra ao final.
e) Tratamento Legal
Lei n. º 6.099/74: Regulamenta o Leasing apenas nos seus aspectos tributários. Na
sua origem era operação permitida apenas entre pessoas jurídicas. Com a alteração
vinda da Lei 7.132/83 as pessoas físicas passaram a poder integrar a relação jurídica
na qualidade de locatários/arrendatários.
1.2 – Espécies:
a) Tradicional: o locador/arrendador adquire um bem jurídico junto a um
fornecedor/3º com a finalidade de cedê-lo onerosamente ao
locatário/arrendatário, a quem será concedida a opção de compra ao término do
contrato.
b) Lease Back: o bem jurídico pertence ao locatário/arrendatário que o vende ao
locador/arrendador e passa a locá-lo. Esta modalidade só ocorre entre pessoas
jurídicas, necessitando que ambas sejam instituições autorizadas pelo Banco
Central.
c) Operacional: O fabricante/terceiro é também o locador/arrendador. Aqui não há
instituições financeiras envolvidas. Muito utilizado por locadoras de veículos. Nesta
modalidade não precisa haver previsão de cláusula de opção de compra ao final.
d) Self Leasing: Seria o leasing entre pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico
ou empresas coligadas. Esta modalidade é proibida pelo ordenamento jurídico.
1.3 – Obrigações das Partes
- LOCADOR/ARRENDADOR: garantir o uso manso e pacífico do bem jurídico.
- LOCATÁRIO/ARRENDATÁRIO: pagar as parcelas mensais, guardar o bem,
responder por impostos e infrações, fazer o seguro do bem jurídico.
1.4 – Execução
a) Adimplemento - adimplindo as parcelas o locatário/arrendatário poderá:
- COMPRAR O BEM, pagando o VALOR REAL DO BEM (VRB)
- DEVOLVER O BEM
- RENOVAR O CONTRATO
** Purga da Mora: locatário poderá pagar o débito e seguir na posse do bem
jurídico, mas tal condição deverá ser EXPRESSA em Contrato.
TERMINOLOGIAS...
- VRB: Valor real base, que é o valor a ser pago pelo locatário caso exerça a opção
de compra do bem ao término do contrato.
- VRG: Valor residual garantido, que é o valor mínimo a que o arrendador tem
direito caso o locatário/arrendatário NÃO exerça a opção de compra e devolva o
bem.
Caso o valor de venda do bem a terceiro seja inferior ao VRG estipulado, pagará o
arrendatário a diferença. Se for superior, o arrendador restituirá a diferença. Se for
igual, estão quites.
b) Inadimplemento - inadimplindo as parcelas o locador/arrendador poderá:
- REQUERER A RESOLUÇÃO DO CONTRATO, acrescida do pedido de pagamento do
saldo e perdas e danos
- REINTEGRAÇÃO NA POSSE do bem
** Se não houver cláusula resolutória expressa: em contrato, o
locatário/arrendatário deverá ser NOTIFICADO PREVIAMENTE acerca dos efeitos do
inadimplemento.
** Retomada pelo locador/arrendador: retomado o bem jurídico, cessam as
parcelas vincendas.
c) Término do prazo contratual: findo o prazo de contrato sem que o
locatário/arrendatário pague o valor residual, renove o contrato ou devolva o bem
o locador/arrendador poderá a REINTEGRAÇÃO NA POSSE do bem.
O LOCADOR/ARRENDADOR pode dispor do bem a terceiros durante o curso da
ação, desde que esteja na posse direta do bem jurídico?
Sim! Mediante autorização judicial ou prestação e Caução.
1.5 – Extinção
Cumprimento do contrato, morte das partes (em caso de pessoas físicas), caso
fortuito e força maior, fim do prazo e rescisão (sempre mediante intervenção
judicial).
SUMULAS 263 e 293, STJ
Sumula 263, STJ/2002: A cobrança antecipada do valor residual (VRG)
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra
e venda a prestação. (CANCELADA!)
Sumula 293, STJ/2004: A cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG)
não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. (VIGENTE!)
Parte II – Factoring
2. Fomento Mercantil – “Factoring”
2.1. Conceito
Contrato por meio do qual o factor adquire créditos junto ao factorizado que os
cede onerosamente ao primeiro, assumindo o fator os riscos e a responsabilidade
pela cobrança dos créditos.
É CONTRATO ATÍPICO MISTO!
Sua estrutura mistura contratos de mandato, financiamento e prestação de serviços
e não possui legislação regulamentadora.
QUAL SUA FUNÇÃO?
Colabora com a economia fomentando o capital de giro para empresas de pequeno
e médio porte.
a) Partes: 
- FACTOR: quem adquire o crédito e antecipa os valores ao factorizado,
onerosamente, se responsabilizando e assumindo os riscos pela cobrança,
devendo ser PESSOA JURÍDICA.
- FACTORIZADO: cede onerosamente os créditos que possui junto aos seus clientes,
ao factor, obtendo a antecipação dos valores, devendo ser PESSOA JURÍDICA.
- 3º: é o devedor original
b) Objeto
- Créditos de curto prazo, representados por cheques, boletos, duplicatas, etc.
c) Forma
- Livre, podendo ser verbal ou escrito.
d) Remuneração
Taxa de Deságio: máximo juros legais (1% a.m), pois NÃO SE TRATA DE OPERAÇÃO
BANCÁRIA, já que não ocorre entre INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS (art. 17, Lei n. º
4.595/64)
e) Tratamento Legal
Código Civil: Arts 286-298, CC (Cessão de Créditos)
Lei n. º 4.595/64
PL 230: Em andamento no Congresso Nacional
2.2 – Espécies:
a) Convencional: é a aquisição dos direitos de créditos através de contrato de
fomento.
- Com recursos: há a responsabilidade subsidiária da fomentada pelo
adimplemento do devedor, isso é, se ela vendeu a empresa factoring um cheque e,
na data de vencimento, o cliente não adimpli-lo, a fomentada deverá honrar o
compromisso (custo menor).
- Sem recursos: A responsabilidade subsidiária não existirá, restando à empresa
fomentadora o risco do inadimplemento (custo maior).
- Com notificação: os devedores são informados que os pagamentos devem ser
remetidos para a entidade financeira responsável pelo crédito factoring (custo
menor)
- Sem notificação: para quando a empresa não deseja informar aos seus credores
que utiliza factoring (custo maior)
b) Maturity: é a administração das contas a receber da empresa que será
fomentada, nesse sentido, não há a venda da conta em si, mas a busca pelo seu
recebimento pela empresa fomentadora.
c) Trustee: a empresa de factoring adquire os créditos e também administra o
contas a receber.
d) Matéria-prima: a empresa fomentadora irá atuar entre a produtora de matéria-
prima e a fomentada, a fim de garantir o reembolso do valor referente aos lucros
da transformação desse material.
2.3 – Extinção
Cumprimentodo contrato, caso fortuito e força maior, fim do prazo e rescisão
(sempre mediante intervenção judicial).

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