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Campos de Aplicação da Psicologia Forense

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Campos de Aplicação da Psicologia 
Forense
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!
A Psicologia é uma ciência que se situa no imenso domínio das ciências exatas, biológicas, 
naturais, humanas e, mais recentemente, na Neurociência. Por essa amplitude de domínios, a 
Psicologia estabelece relações com muitas outras importantes áreas de conhecimento da vida em 
sociedade, como Saúde (Psicologia Hospitalar), Educação (Psicologia Educacional), Trabalho 
(Psicologia Organizacional), Comunidades (Psicologia Comunitária/Social), Justiça (Psicologia 
Jurídica) e outras mais.
O psicólogo especialista em Psicologia Jurídica atua no âmbito da Justiça, colaborando no 
planejamento e na execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da 
violência, centrando sua atuação na orientação de dados psicológicos para auxiliar as decisões 
judiciais.
Nesta Unidade de Aprendizagem, será abordada a atuação do psicólogo nas áreas criminal, 
cível, do trabalho e da família. Na área criminal, sua atuação abrange o apoio às decisões 
judiciais e nos Institutos Psiquiátricos Forenses, na área civil realiza avaliações para subsidiar 
processos de indenização e interdições, na do trabalho faz avaliações para processos que 
necessitem de estudo dos danos pessoais no assédio moral, e na família atua em processos de 
separação e divórcio, disputa de guarda de filhos, entre outros.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a atuação dos psicólogos na área criminal.•
Descrever a participação dos psicólogos nos processos de Direito Civil.•
Relacionar a atuação do psicólogo com as áreas de Direito do Trabalho e Direito de 
Família.
•
DESAFIO
A violência está cada vez mais presente na vida cotidiana, acarretando inúmeros sofrimentos às 
suas vítimas. A violência urbana é hoje um problema de saúde pública de grande magnitude.
O Brasil é o terceiro no ranking mundial de mortes por arma de fogo entre jovens de 15 a 24 
anos, ficando atrás apenas de Colômbia e Porto Rico e superando estatísticas de conflitos como 
o da Palestina. As pessoas cada vez mais ficam expostas a eventos que envolvem a ocorrência 
ou a ameaça consistente de morte e ferimentos graves para si e para outros, o que gera uma 
resposta intensa de medo, desamparo ou horror.
Veja estas duas histórias:
Analisando ambos os casos, qual a hipótese mais provável a ser diagnosticada? Explique.
INFOGRÁFICO
A Avaliação Psicológica é o procedimento realizado na perícia psicológica desenvolvida pelo 
psicólogo jurídico, tendo começo, meio e fim, com recursos peculiares em cada etapa.
 
No infográfico a seguir, observe as etapas de desenvolvimento de uma Avaliação Psicológica. A 
partir disso, é possível que você reflita acerca do trabalho do psicólogo quando está fazendo 
uma investigação psicológica. 
CONTEÚDO DO LIVRO
A Psicologia é uma ciência que se situa no imenso domínio das ciências exatas, biológicas, 
naturais, humanas e, mais recentemente, na Neurociência. Por essa amplitude de domínios, a 
Psicologia estabelece relações com muitas outras áreas de conhecimento, sendo que na área 
jurídica o psicólogo atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e execução de 
políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na 
orientação de dados psicológicos para auxiliar as decisões judiciais.
No capítulo Campos de aplicação da Psicologia Forense, do livro Psicologia e Criminologia, 
você conhecerá melhor a atuação do psicólogo. 
 
Boa leitura. 
PSICOLOGIA E 
CRIMINOLOGIA 
Eliane Dalla Coletta
Revisão técnica:
Caroline Bastos Capaverde
Graduada em Psicologia
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
P974 Psicologia e criminologia [recurso eletrônico] / Eliane Dalla
Coletta... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos 
Capaverde]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-464-9
1. Psicologia. 2. Direito penal. I. Dalla Coletta, Eliane.
CDU 159.9:343.1
Campos de aplicação 
da psicologia forense
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar a atuação dos psicólogos na área criminal.
 � Descrever a participação dos psicólogos nos processos de direito civil.
 � Relacionar a atuação dos psicólogos com as áreas de direito do tra-
balho e de direito de família.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a atuação do psicólogo nas áreas criminal, 
cível, do trabalho e da família. Na área criminal, a atuação desse profissional 
abrange o apoio às decisões judiciais nos sistemas carcerários, nos insti-
tutos psiquiátricos forenses (IPFs) e na área criminalística. A participação 
na área civil ocorre por meio da realização de avaliação para subsidiar 
processos de indenização, interdições (principalmente nas queixas de 
transtorno de estresse pós-traumático), danos neuropsicológicos e dores 
crônicas. No direito do trabalho, a atuação é nas avaliações para proces-
sos que necessitem de estudo dos danos pessoais e no assédio moral. 
Já na área da família, o psicólogo atua em processos de separação e 
divórcio, disputa de guarda de filhos, regulamentação de visitas, guarda 
compartilhada, síndrome de alienação parental, divórcio destrutivo e 
violência intrafamiliar. 
Atuação dos psicólogos na área criminal
Na área forense/jurídica criminal, o psicólogo geralmente trabalha como perito. 
Ele atua em situações que requeiram a avaliação quanto à periculosidade, à 
capacidade de discernimento ou à insanidade mental das pessoas envolvidas 
em algum processo criminal. Sua tarefa é realizar a avaliação psicológica 
para diagnosticar insanidade mental ou dependência toxicológica. A partir 
da Lei de Execução Penal, de 1984, que estabelece a necessidade de haver 
um psicólogo na Comissão Técnica de Classificação, os psicólogos passaram 
a atuar oficialmente na esfera prisional. Com a revisão de 2003, por meio da 
Lei nº 10.792 (BRASIL, 2003), a avaliação técnica passou a ser exigida na 
concessão de benefício legal, porém o psicólogo já atua nessa área há mais 
de 40 anos. 
A atuação nos sistemas carcerários, com avaliações e tratamentos, é mais 
rara em função da superlotação dos presídios brasileiros. Porém, junto aos 
institutos psiquiátricos forenses, os psicólogos trabalham no tratamento psiqui-
átrico e nas avaliações psicológicas, tendo em vista que os presos cometeram 
crime por transtornos de personalidade. Os IPFs prestam serviço em perícias 
oficiais na área criminal e atendimento psiquiátrico na rede penitenciária. 
Com o desenvolvimento dos direitos humanos e as mudanças na legislação 
penal internacional, a atuação do psicólogo passou a abranger intervenções no 
sentido de viabilizar transformação significativa no sistema prisional, como 
também junto aos funcionários e aos familiares. Assim, o psicólogo busca 
atuar para além das questões individuais e se envolver mais na instituição 
prisional e nas políticas públicas.
A psicologia criminal hoje estuda a personalidade e os transtornos que 
levam a uma perturbação grave no comportamento. Os transtornos que evi-
denciam uma ausência de controle emocional com falta de sensibilidade para 
o sofrimento alheio e/ou falta extrema de remorso ou culpa podem levar 
a um comportamento delituoso. Nesse caso, o diagnóstico é de psicopatia 
(transtorno de personalidade, transtorno antissocial, transtorno sociopático 
ou dissocial). Porém, há também as patologias da personalidade que são as 
oligofrenias (deficiência mental, insuficiências congênitas caracterizadas 
pelo não desenvolvimento da inteligência), psicoses (alienação, prejuízo do 
sensopercepção e do juízo crítico, atuação forte do inconsciente), demências 
(deterioração mental) e neuroses (falta de harmonia intrapsíquica gerando 
grande sofrimento a nível consciente). No direito penal, os oligofrênicos são 
caracterizados como inimputáveis,são as pessoas especiais.
Os criminosos em série geralmente são psicopatas que apresentam ausência 
de sentimentos, culpa, tendência à impulsividade, agressividade, falta de 
motivação e intolerância à frustração. Essas pessoas têm como característica 
a necessidade de demonstrar poder (narcisistas, onipotentes e dominadores) 
e são sempre reincidentes, sádicas (sentem prazer em assistir o sofrimento 
alheio). Além disso, não confessam o crime e se o fazem é pelo prazer de reviver 
Campos de aplicação da psicologia forense26
o momento do delito, por isso sempre voltam ao local em que o cometeram. 
Além disso, são muito inteligentes e envolventes. Também são capazes de 
descobrir o “desejo das pessoas” para então as manipular. E, ao contrário 
do que você pode pensar, não são tipos raros. Pesquisas indicam que 40% 
da população é formada por psicopatas. Geralmente eles atacam em lugar 
público, à noite ou durante finais de semana, escolhem vítimas que estejam 
sozinhas, abordando-as para pedir alguma informação ou oferecendo algo 
como atrativo (HUSS, 2010).
A criminologia é uma ciência empírica (baseada em observação e expe­
riência) que analisa o crime e o comportamento do autor do delito e da vítima 
e que busca o controle das condutas criminosas (BERTOLDI et al., 2014, 
documento on­line). Para estudar condutas criminosas, se faz necessário o 
estudo da vida psíquica, procurando entender o motivo que levou a pessoa a 
praticar os delitos. Nesse sentido, não se pode desconsiderar que o homem sofre 
influência do meio social a que pertence e dos elementos socioeconômicos, 
bem como passa por discriminações, situações de abandono e uma gama de 
outros traumas, frustrações e distúrbios.
Na época do positivismo, o criminoso era analisado sob o prisma da biologia, 
que via a tendência ao crime como uma anomalia, uma doença que o indivíduo 
já possuía ao nascer. Portanto, ele nascia criminoso. No desenrolar da história 
da criminologia científica, surge a psicologia, que passou a analisar a perso-
nalidade e a sua estrutura de funcionamento para diagnosticar um transtorno 
ou patologia. Assim, a psicologia avalia se o comportamento é agressivo ou 
não e identifica os reflexos do meio no desenvolvimento do criminoso e da 
sua condição socioeconômica. Afinal, na formação da personalidade atuam 
múltiplas variáveis de origem biopsíquica (constituição biopsíquica) somadas 
às experiências vividas. Com base nisso tudo, o profissional pode entender o 
que levou um indivíduo a cometer delitos criminosos ou não.
O delito é praticado porque o indivíduo é incapaz de controlar suas pul-
sões, ou devido à sua incapacidade de adotar os padrões de comportamento 
socialmente aceitáveis. Nos crimes, misturam-se fantasias pessoais com a 
morte e uma série de rituais. Além disso, podem existir delitos idênticos com 
significados pessoais e julgamentos diferentes. Dessa forma, é imprescindível 
analisar e entender o comportamento de cada infrator, confrontando-o com 
seu meio social.
Para o jurista, um delito é “[...] todo ato (negativo ou positivo) de caráter 
voluntário que descumpre normas estabelecidas pela legislação do Estado, 
transgredindo-as, ficando à mercê do julgamento das leis de caráter penal” 
(BERTOLDI et al., 2014, documento on­line). Para o psicólogo, o objeto é o 
27Campos de aplicação da psicologia forense
estudo dos transtornos de personalidade e o comportamento dos infratores. 
Conforme o Código Internacional de Doenças, o CID–10 (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1993), e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais, o DSM–IV (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002), 
não há uma classificação para o conceito de transtorno mental. Ele é um 
campo de investigação interdisciplinar que envolve as áreas de psicologia, 
psiquiatria e a neurologia. Os termos transtorno, distúrbio e doença, quando 
aliados aos termos psíquico, mental e psiquiátrico, são utilizados para indi-
car uma anormalidade, um sofrimento ou um comprometimento de ordem 
psicológica ou mental.
O crime é o resultado de determinado contexto, que irá sinalizar a fronteira 
limítrofe da inclusão do indivíduo (homem ou mulher) no mundo do crime. 
Esse sujeito que irá para o sistema prisional, que representa um castigo, 
um meio de punição com a privação da liberdade, também terá um grande 
sofrimento, pois necessitará sobreviver à superlotação e viver em um lugar 
conturbado. 
É importante que você reflita sobre o sistema prisional. De um lado, há o criminoso 
que se vê desassistido pelo Estado tomando parte no “bando” que se constituiu 
internamente, com suas próprias leis de sobrevivência. Como você sabe, o presídio 
também é o lugar da glória do crime. De outro lado, há a equipe prisional e o psicólogo, 
buscando entender esse conflito individual e coletivo. Nos cárceres, a atuação do 
psicólogo deve ser focada na saúde mental. Mas como atingir um nível de saúde mental 
se nas prisões acaba o livre-arbítrio e os presos são punidos com castigos corporais, 
morais e psicológicos? Além disso, é impossível desenvolver um trabalho com as 
superlotações, que são extremamente degradantes em todos os sentidos. Como você 
deve saber, elas geram violência sexual, proliferação de doenças graves, drogadição, 
prática de atos violentos, homicídios, espancamentos e extorsões. Infelizmente, é essa 
realidade de impossibilidades que existe desde a implantação das primeiras prisões 
(BERTOLDI et al., 2014).
Na realização das avaliações psicológicas, o psicólogo confecciona laudos, 
pareceres e perícias conforme determinado no art. 6º da Lei nº 4.119, de 27 de 
agosto de 1962. Essa lei regulamentou a profissão de psicólogo, que utiliza 
métodos e técnicas diferenciadas, dependendo dos objetivos de cada caso. 
Como principal instrumento de investigação, há a entrevista psicológica, 
Campos de aplicação da psicologia forense28
que possibilita o estudo mais profundo do comportamento, pois é por meio 
de uma escuta especializada que o psicólogo analisa a personalidade dos 
avaliados. Além disso, com a interação pessoal é possível dirimir dúvidas 
e esclarecer melhor aspectos controversos do discurso daqueles que são 
analisados. Nesse contato ainda é possível observar o comportamento ver-
bal e não verbal, os nervosismos, as inquietações e as angústias. Os testes 
psicológicos são uma fonte de informação que deve ser confrontada com a 
análise da entrevista, corroborando ou não hipóteses sobre algum conteúdo 
psicológico. Com todas as suas estratégias, métodos e técnicas, o psicólogo 
é capaz de elaborar ou dar um parecer sobre o diagnóstico da conduta do 
infrator ou criminoso.
Na atuação do psicólogo no campo jurídico, alguns estudiosos diferenciam 
a psicologia forense e a psicologia criminalística. Assim, a psicologia forense 
é aquela que estuda o comportamento para responder a qualquer dúvida pro-
cedente de juízes, desembargadores e promotores e para subsidiar decisões 
tomadas em situações de tribunais a fim de que elas sejam menos injustas. 
Nesse sentido, o psicólogo atua mais como perito. Já a psicologia crimina-
lística responde a dúvidas sobre como e por que ocorrem determinados atos 
criminosos graves. Porém, ela não é focada somente no crime; o seu campo 
se alonga no estudo das variáveis preditivas. Assim, essa área estuda como 
nasce o comportamento criminoso e tem uma abordagem psicodinâmica, 
social, sistêmica, cognitiva, entre outras. Porém, o Conselho Federal de 
Psicologia (CFP) somente reconheceu uma psicologia, a psicologia jurídica. 
Esta abrange os diversos âmbitos judiciais e legais e, portanto, é um vasto 
campo de atuação. 
Participação dos psicólogos nos processos de 
direito civil
No direito civil, a maior parte dos processos é por atos ilícitos. É ilícito civil 
o que uma pessoa comete contra outra, provocando dano psíquico ou psico-
lógico. Para que seja caracterizado um ato ilícito, é necessário um dever ou 
obrigação a ser cumprida. Além disso, como você deve imaginar, deve haver 
um descumprimentodesse dever que cause danos. Assim, se pode justificar 
um processo civil. 
Você já sabe que todos têm deveres perante a sociedade. Esses deveres são 
obrigações legais como esta: os proprietários têm o dever de manter a calçada 
em perfeitas condições para que os passantes não se desequilibrem e venham 
29Campos de aplicação da psicologia forense
a sofrer algum dano físico. Além disso, os motoristas têm o dever de dirigir 
com responsabilidade para que não aconteça um acidente ou para que não 
atropelem alguma pessoa. 
O dever, para o direito civil, é o ponto inicial a ser considerado num pro-
cesso civil. O descumprimento desse dever é o que caracteriza o ato ilícito. 
E, para caracterizar esse descumprimento, necessita-se verificar se houve 
negligência/imprudência, ou se o ato foi intencional. Considera-se que houve 
negligência se a pessoa não foi suficientemente zelosa para evitar o ato ilícito. 
Para avaliar isso, é necessário analisar seu comportamento e sua conduta, não 
importando sua intencionalidade. Considere, por exemplo, que um corretor 
de imóveis não analise todos os documentos de um imóvel no momento da 
venda. Após o novo proprietário ter tomado posse, aparecem débitos na Receita 
Federal que inviabilizam a venda do imóvel e o negócio deve ser desfeito. Se 
o corretor agisse com zelo, levantando todas as negativas necessárias antes do 
processo de venda, esse fato não teria acontecido. Ou seja, ele violou o dever 
de prestar um serviço adequado. Como exemplos de ato ilícito intencional 
comum, você pode considerar os ataques e as agressões, porém é necessário 
provar a intencionalidade (HUSS, 2010).
Outro aspecto que caracteriza um ato ilícito é a existência de algum dano. O 
dano pode ocasionar prejuízo econômico ou não. O prejuízo econômico é tudo 
o que a pessoa lesada gastou em função do ato ilícito de outro. Já o prejuízo 
não econômico é o sofrimento, a dor física ou emocional ocasionada pelo ato 
ilícito. O processo requer indenizações para compensar os danos sofridos. 
Segundo Huss (2010), na área civil, a atuação do psicólogo ocorre nos casos 
de indenizações e interdições. As indenizações são requeridas sempre que 
houver um dano ou o querelante alegar dano psíquico. O dano psíquico é uma 
sequela emocional ou psicológica de um fato particular traumatizante. Nesse 
sentido, o psicólogo pode ser chamado para realizar uma avaliação psicológica 
que identifique a real presença do dano, ou seja, o nexo causal, caso em que deve 
verificar o estado psicológico anterior ao ato ilícito, precisando a gravidade do 
sofrimento. Ou seja, ele tem de comparar o estado atual com o estado anterior, 
identificando se houve prejuízo. A natureza de qualquer intervenção posterior 
para aliviar ou diminuir o dano será determinante para que haja indenização 
ou alguma compensação pelos prejuízos econômicos ou não. 
Indenização
Como as indenizações financeiras são expressivas, o DSM–IV (AMERICAN 
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002) alerta para as simulações nesse tipo 
Campos de aplicação da psicologia forense30
de avaliação. Alguns estudos apontam que de 20 a 30% dos querelantes 
 simulam danos cerebrais. Além disso, muitos advogados treinam seus clientes 
para que tenham um resultado positivo nos testes psicológicos e neurológi-
cos. De acordo com pesquisas, 50% dos advogados acreditam que devem 
informar aos seus clientes sobre como são os testes e como devem realizá-los. 
Geralmente, os psicólogos identificam as pessoas que foram treinadas, mas 
devem sempre estar atentos quando avaliam os danos pessoais, utilizando 
alguns testes que indicam estilos incomuns de respostas, como o exagero 
e a defensividade.
As queixas mais frequentes sobre danos pessoais que os psicólogos ne-
cessitam avaliar são: transtorno de estresse pós-traumático, danos neuropsi-
cológicos e dores crônicas. Segundo Huss (2010), o dano mais frequente é o 
transtorno pós-traumático. O sofrimento emocional, as depressões e outros 
transtornos emocionais tornam mais tangível o dano pela presença de transtor-
nos psicológicos. Nos critérios diagnósticos do DSM, para ser diagnosticada 
com transtorno pós-traumático, uma pessoa deve apresentar sintomas dos 
critérios A, B, C e D pelo menos há um mês (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2002). 
No critério A, os sintomas da pessoa devem satisfazer duas situações: (1) 
a pessoa vivenciou, presenciou ou foi confrontada com um ou mais eventos 
que envolveram ameaça de morte ou de grave ferimento físico, ou ameaça à 
sua integridade física ou à de outros; (2) a pessoa reagiu com intenso medo, 
impotência ou horror. O critério B consiste em reviver diferentes sintomas, 
como recordações e sonhos angustiantes. No critério C estão os sintomas ca-
racterizados por o sujeito tentar se esquivar de lugares ou de pessoas associadas 
aos traumas e pela sua incapacidade de lembrar informações importantes. No 
critério D, encontram­se as perturbações do sono, a excitabilidade aumentada 
ou a vigilância excessiva do ambiente que cerca o sujeito. Para ser caracterizado 
o transtorno pós-traumático, a pessoa deve apresentar o critério A e vivenciar 
um, três e dois sintomas dos critérios B, C e D, respectivamente. Poderão haver 
eventos pré-trauma e pós-trauma que colaboram para o desenvolvimento de 
estresse pós-traumático. Como eventos pré-trauma, você pode considerar 
a história de outra doença mental e os padrões de personalidade ligados a 
emoções negativas ou ansiedade excessiva. Como exemplos de eventos pós-
-trauma, considere a perda de apoio social e a busca de litígio. Todos esses 
eventos antes do trauma, a partir do trauma e pós-traumáticos devem ser 
diagnosticados pelo psicólogo (HUSS, 2010).
Nos danos neuropsicológicos, há o traumatismo cranioencefálico, devido 
ao qual os neuropsicólogos são chamados para as avaliações forenses. A 
31Campos de aplicação da psicologia forense
gravidade desse traumatismo está ligada ao tempo em que a pessoa fica 
inconsciente, assim como à abrangência da amnésia consequente do trauma 
e de um dano penetrante no crânio. As causas mais comuns são acidentes 
com veículo automotores, queda e agressões com arma de fogo. Nesse tipo 
de trauma, é muito difícil avaliar a situação pré-trauma, a não ser que haja 
testes anteriores. Segundo Huss (2010, p. 326), “[...] mrevisões da literatura 
sugerem que de 2 a 64% dos querelantes de danos pessoais simulam danos 
cerebrais. Em um estudo, Lees­Haley (1997) encontraram que 20 a 30% dos 
querelantes de danos pessoais apresentavam possível simulação”.
A dor crônica é um dano em que os psicólogos forenses se envolvem, pois 
na maioria das vezes a dor é uma experiência psicológica, apesar dos danos 
físicos. Pesquisas apontam a existência de uma variedade de fatores cognitivos 
que podem se relacionar à dor. É um trabalho difícil para o psicólogo, apesar 
de existirem vários testes padronizados de personalidade para pacientes com 
dor crônica. Contudo, não há testes padronizados para a avaliação dos fatores 
cognitivos. Outro fator a ser identificado na dor crônica é a existência de 
ganho secundário. As queixas de dor crônica, principalmente dor na coluna, 
respondem pela maioria dos ganhos de indenizações.
Interdição
A interdição se refere à impossibilidade de uma pessoa exercer por si mesma 
atos da vida civil. Ela está prevista no Código Civil (BRASIL, 2002) e envolve 
casos de debilidade mental ou enfermidade psíquica em que a pessoa não 
tem o discernimento imprescindível para a prática dos atos da vida civil. Ao 
psicólogo nomeado perito pelo juiz caberá a avaliação que corrobore ou não 
a presença da debilidade/enfermidade mental e o seu grau. Para a Justiça, é 
necessário que seja esclarecido se a pessoa é portadora de doença mental que 
a incapacite de reger a si e aos seus bens. Um processo de interdição inclui 
a validade, a nulidade ou a anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos 
e casamentos. É prejudicada também a contratação de deveres e a aquisição 
de direitos, a aptidãopara o trabalho e a capacidade de testemunhar, assumir 
tutela de incapaz e exercer o poder familiar.
Ainda dentro do direito civil, o psicólogo atua nos contextos ligados ao 
direito de família, como você vai ver na próxima seção.
Campos de aplicação da psicologia forense32
Outra área de atuação dos psicólogos judiciais no direito de família são os divórcios 
destrutivos, que englobam grandes disputas e violências. Nesse tipo de divórcio, a 
criança está triangulada numa forma não muito saudável, pois atua como pêndulo 
emocional do conflito numa perspectiva muito perversa na sua vinculação com ambos 
os pais. A formação dessas triangulações e a dificuldade do casal em dissolvê-las 
sustentam anos de brigas em tribunais. 
Para aprofundar esse assunto, leia o artigo As competências da Psicologia Jurídica na 
avaliação psicossocial de famílias em conflito, disponível no link a seguir. 
https://goo.gl/fdzq9k
Atuação do psicólogo nas áreas de direito do 
trabalho e direito de família
Direito do trabalho
O direito do trabalho rege as relações entre empregadores e funcionários 
e visa a estabelecer uma plataforma de direitos básicos. Nesse cenário, o 
psicólogo jurídico pode ser solicitado como perito em processos trabalhistas 
para verificar os danos psicológicos causados por um acidente do trabalho, 
bem como para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e o reflexo na 
saúde mental do funcionário. Também pode atuar em casos de afastamento e 
aposentadoria por sofrimento psicológico e em casos envolvendo indenizações. 
Essas indenizações se diferenciam das indenizações compensatórias do direito 
civil, pois visam a repor a perda salarial e as despesas adicionais geradas 
pelo dano no trabalho que incapacite parcial ou totalmente para a atividade 
laboral. As queixas de danos pessoais sofridas no trabalho são semelhantes 
aos danos do direito civil, como o transtorno de estresse pós-traumático, os 
danos neuropsicológicos e as dores crônicas. A maioria das empresas hoje 
fornece o benefício do seguro, com indenização por acidente do trabalho e por 
morte. Porém, os trabalhadores ainda recorrem às leis de indenização devido 
a incapacidades adquiridas no decorrer do trabalho que os impossibilitem 
de executá-lo. Os cuidados com as simulações ou exageros dos sintomas são 
os mesmos em todas as avaliações que envolvam recompensas financeiras 
(HUSS, 2010).
33Campos de aplicação da psicologia forense
Além dos danos pessoais decorrentes de acidentes, queixas de assédio 
moral e sexual, como também de discriminação de etnia, gênero e/ou reli-
gião, podem surgir nos processos indenizatórios por danos psicológicos. O 
assédio sexual pode ser de um empregador ou de um gestor/supervisor que 
demande satisfações sexuais em troca de segurança no emprego, ou que torne 
o ambiente de trabalho insuportável e hostil para que o funcionário venha a 
ceder às demandas sexuais. 
Nas questões de assédio sexual e discriminação, os psicólogos judiciais 
deverão verificar a existência ou não do assédio e seus efeitos no funcionário. 
Para isso, deverão estar familiarizados com a infinidade de conhecimentos 
sobre as diferenças individuais e o abalo provocado por diferentes formas de 
assédio sexual e discriminações.
Para Schmidt (2013), o assédio moral juridicamente é entendido como um 
abuso emocional no ambiente de trabalho, envolvendo comentários maliciosos, 
boatos, intimidações, humilhações, descrédito e isolamento, de forma a levar 
o funcionário a se desligar do emprego. Esse tipo de assédio às vezes ocorre 
de maneira cruel e é uma forma de prática de bullying. O assédio moral é uma 
das formas de dano aos direitos da personalidade por meio de lesão à honra, 
à intimidade, à privacidade e à imagem. Esses direitos são contemplados na 
Constituição Federal de 1988 (art. 5º, incisos V e X) (BRASIL, 1988) e no 
Código Civil (arts. 11 a 21, Capítulo II — Dos Direitos da Personalidade) 
(BRASIL, 2002). O assédio moral atinge principalmente funcionários em 
alguma situação de vulnerabilidade, como: ter mais de 50 anos, ser estável 
e receber altos salários. O assédio pode ser reconhecido pela duração, pelos 
meios utilizados e pelos efeitos que provoca nas vítimas. A duração refere-se 
à forma repetida e sistemática. 
Os meios utilizados no assédio moral são condutas abusivas, por pala-
vras, atos, gestos. É possível, por exemplo, desconsiderar a vítima, isolá-la, 
impedi-la de se exprimir, desacreditá-la no seu trabalho, acusá-la de paranoia 
quando ela tenta se defender, fazer gozações sobre seu jeito de ser ou sobre 
pequenos defeitos, realizar ridicularizações, bem como obrigá-la a executar 
atividades muito superiores ou muito inferiores à sua capacidade. Ou seja, 
tudo é feito para desestabilizar a vítima e sempre por via oral, nada por es-
crito, de modo que não haja vestígios para serem utilizados como defesa. Os 
efeitos que isso pode provocar nas vítimas vão desde sintomas de depressão 
e fobia social até o suicídio. Muitos desses efeitos podem ser considerados 
doenças profissionais, sendo que as doenças de trabalho se equiparam aos 
acidentes de trabalho. Nesse sentido, o ônus da prova é mais pesado para a 
Campos de aplicação da psicologia forense34
vítima, pois ela teria de demonstrar com testemunhos o assédio e provar o 
nexo causal com a doença. O assédio moral é considerado uma das formas 
mais graves de violência, tão destrutivo quanto o assédio sexual e a dis-
criminação racial. Os processos na Justiça poderiam invocar os arts. 146 
e 147 do Código Penal, que tratam dos crimes contra a liberdade pessoal 
(SCHMIDT, 2013).
Direito de família
O direito de família faz parte do direito civil, que engloba normas jurídicas 
referentes à estrutura, à organização e à proteção da família. Ele trata das 
relações familiares, bem como das obrigações e dos direitos resultantes dessas 
relações. Assim, o direito regula e estabelece as normas do convívio familiar. 
Os artigos 1.511 a 1.783 do Livro IV (Direito da Família) do Código Civil 
(BRASIL, 2002) versam sobre casamento, direito de proteção dos filhos, 
filiação, adoção, poder familiar, direito patrimonial, regime de comunhão, 
entre outros. Você também deve atentar aos artigos 1.784 a 2.046 do Livro V 
(Direito das Sucessões) (BRASIL, 2002).
Segundo Lago et al. (2009), a atuação do psicólogo jurídico destaca­se 
nas áreas de processos de separação e divórcio, regulamentação de visitas, 
disputa de guarda, guarda compartilhada, síndrome de alienação parental, 
divórcio destrutivo e violência intrafamiliar. Assim, esse profissional pode 
atuar como mediador e/ou com avaliação psicológica por solicitação do juiz, 
podendo sugerir encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico 
da(s) parte(s). 
Na separação e no divórcio, quando há necessidade de atuação de um 
psicólogo, é devido à natureza litigiosa. A atuação consiste, então, em uma 
participação nos processos em que as partes não conseguiram acordar em 
relação às questões de guarda dos filhos, partilha dos bens, estabelecimento 
de pensão alimentícia e direito de visitação. O desacordo ocorre em função, na 
maioria das vezes, dos conflitos do rompimento do vínculo afetivo-emocional. 
Na regulamentação das visitas, mesmo após a decisão judicial, podem surgir 
questões de ordem prática ou novos conflitos, e se faz necessário recorrer 
novamente ao judiciário. Nesses casos, os psicólogos jurídicos podem ser 
chamados a contribuir por meio de avaliações com a família para informar 
ao juiz a dinâmica familiar e sugerir medidas conciliatórias. Como mediador, 
eles podem trabalhar os conflitos intrapessoais das relações familiares para 
chegar a um acordo colaborativo.
35Campos de aplicação da psicologia forense
Na disputa de guarda pelos filhos, o psicólogo judicial pode ser requisi-
tado para perícia psicológica, avaliando qual dos cônjuges possui melhores 
condições para exercer esse direito. Para tanto, é necessário que o psicólogo 
tenha profundo conhecimento em psicopatologia,psicologia do desenvolvi-
mento, psicodinâmica familiar e atualização quanto a assuntos como guarda 
compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação 
parental. Quando os pais colocam as suas vaidades e interesses pessoais acima 
do sofrimento dos filhos, tentando atingir ou magoar o(a) ex­companheiro(a), 
demonstram pouca maturidade para exercer a função de cuidador de uma 
criança.
Na guarda compartilhada, ambos os pais mantêm o poder familiar e a 
tomada de decisões, independentemente do tempo que os filhos passem com 
eles. Para chegar a uma decisão sobre a guarda compartilhada, há necessidade 
de muita análise da história do casal, das disputas pré e pós-divórcio, conside-
rando idade dos filhos, estilos de temperamento, qualidade dos relacionamentos 
pais-filhos, habilidades de coping (esforços cognitivos e comportamentais para 
lidar com situações de danos, de ameaça e de desafio quando não se tratar 
de uma situação de rotina) e exercício da copaternidade. Todos esses fatores 
contribuirão para o sucesso ou o fracasso da guarda compartilhada. 
O fenômeno da síndrome de alienação parental é um assunto recente nas 
disputas de guarda. Trata-se do processo de induzir respostas ou atitudes 
automáticas na criança para que ela odeie um de seus genitores. Para que esse 
quadro seja configurado, será necessário ter certeza de que o genitor alienado 
não merece ser odiado pela criança devido a comportamentos depreciáveis. 
Segundo Lago e Bandeira (2009), para o diagnóstico, é importante identificar 
os sintomas, que variam de moderado a grave:
1. campanha de descrédito (manifestada verbalmente e nas atitudes); 
2. justificativas fúteis (o filho dá pretextos fúteis para justificar a atitude);
3. ausência de ambivalência (o sentimento do filho pelo genitor é único: 
ódio); 
4. fenômeno de independência (o filho afirma que ninguém o influenciou); 
5. sustentação deliberada (o filho adota a defesa do genitor alienador); 
6. ausência de culpa por denegrir o genitor alienado;
7. presença de situações fingidas (o filho conta casos que não vivenciou); 
8. generalização de animosidade em relação a outros membros da família 
extensiva ao genitor alienado. O genitor alienador está causando abuso 
emocional no filho, sendo às vezes uma destruição total e irremediável 
do vínculo com o genitor alienado. 
Campos de aplicação da psicologia forense36
Além do diagnóstico, é importante que o psicólogo procure formas de 
intervenção que amenizem os efeitos causados por essa síndrome, sendo 
preciso tratar a psicopatologia do alienador. O mais difícil será a recons-
trução do vínculo com o genitor alienado e a redução dos danos causados 
pelo rompimento. Nessa síndrome, é possível que existam acusações de 
abuso sexual contra um dos genitores envolvidos na disputa judicial (LAGO; 
BANDEIRA, 2009).
As falsas acusações de abuso sexual podem aparecer nas disputas de guarda de filhos 
em função de sentimentos de vingança ou conflitos graves entre os ex-cônjuges. 
Sabe-se que a maioria dos abusos sexuais é intrafamiliar, porém quando se trata 
de disputa de guarda de filhos é necessário um cuidado e uma investigação mais 
apurados, além de um olhar crítico por parte dos psicólogos judiciais que farão a 
avaliação psicológica. 
Estudos indicam que 95% dos casos de acusação de abuso sexual na disputa de 
guarda são falsos. O psicólogo deve explorar e compreender o sistema familiar e a 
validade das queixas, devendo possuir conhecimento de três áreas forenses: as práticas 
e os procedimentos em disputa de guarda, as técnicas de avaliação de abuso sexual 
e a avaliação dos supostos abusadores. Ademais, deve realizar uma investigação com 
uma atitude de respeito e de busca de evidências. 
Os efeitos sobre a criança envolvida nesse processo podem ser semelhantes aos que 
afetam crianças que foram realmente abusadas, levando-as a apresentar patologias 
graves na esfera afetiva, psicológica e sexual. Em alguns casos, elas podem também 
acreditar que realmente foram abusadas (LAGO; BANDEIRA, 2009).
Como você deve ter notado, os assuntos abordados neste capítulo desdo-
bram-se em muitas reflexões que devem ser levadas adiante pelos psicólogos 
que atuam na área judicial do trabalho, criminal e familiar. Esses profissionais 
devem buscar uma atuação na área de promoção de saúde mental, auxiliando 
as pessoas nas suas realizações pessoais e profissionais, de forma que possam 
exercer a sua cidadania com toda a plenitude. Atuar nas políticas públicas para 
humanizar os sistemas carcerários e oportunizar tratamentos àqueles que os 
necessitam, atuando para além da avaliação psicológica, são ações para as 
quais o Conselho Federal de Psicologia e suas entidades de classe buscam 
espaço na esfera judicial. Naturalmente, ainda há muito a ser feito e muitas 
evoluções no caminho da atuação do psicólogo judicial.
37Campos de aplicação da psicologia forense
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV-TR: manual diagnostico e estatístico 
de transtornos mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BERTOLDI, M. E. et al. Psicologia jurídica aplicada à criminologia e sua relação como direito. 
2014. Disponível em: <http://santacruz.br/ojs/index.php/JICEX/article/view/967>. 
Acesso em: 03 mar. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016.
BRASIL, Casa Civil. Lei nº. 4.119 de 27 de agosto de 1962. Regulamentação da profissão 
do psicólogo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
L4119.htm>. Acesso em: 04 mar. 2018
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso 
em: 24 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº. 10.792, de 1º de dezembro de 2003. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2003/L10.792.htm>. Acesso em: 24 mar. 2018.
HUSS, M. T. Psicologia forense: pesquisa, prática clínica e aplicações. Porto Alegre: 
Artmed, 2010.
LAGO, V. M.; BANDEIRA, D. R. A psicologia e as demandas atuais do direito de família. 
Psicologia Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 290-305, 2009. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/pcp/v29n2/v29n2a07>. Acesso em: 04 mar. 2018.
LAGO, V. M. et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos 
de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 26, n. 4, p. 483-491, 2009. Disponível 
em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/98788>. Acesso em: 02 mar. 2018.
SCHMIDT, M. H. F. M. O assédio moral no direito do trabalho. Revista eletrônica [do] 
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, v. 2, n. 16, p. 89-127, mar. 2013. Dis-
ponível em: <https://juslaboris.tst.jus.br/handle/1939/95624>. Acesso em: 04 mar. 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. CID-10: classificação de transtornos mentais e 
de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto 
Alegre: Artmed, 1993.
Leituras recomendadas
BRASIL. Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF, 1940. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. 
Acesso em: 05 mar. 2018.
Campos de aplicação da psicologia forense38
BRASIL. Decreto-lei nº. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, 
DF, 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.
htm>. Acesso em: 06 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sôbre os cursos de formação em 
psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, DF, 1962. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4119.htm>. Acesso em: 06 
mar. 2018.
COSTA, L. F. et al. As competências da psicologia jurídica na avaliação psicossocial 
de famílias em conflito. Psicologia e Sociedade, v. 21, n. 2, p. 233-241, 2009. Disponívelem: <http://www.redalyc.org/html/3093/309326666010/ >. Acesso em: 27 mar. 2018. 
MEDEIROS, A. C. A.; SILVA, M. C. S. A atuação do psicólogo no sistema prisional: anali-
sando e propondo novas diretrizes. Revista Transgressões, v. 2, n. 1, 2014. Disponível em: 
<https://periodicos.ufrn.br/transgressoes/article/view/6658>. Acesso em: 03 mar. 2018.
39Campos de aplicação da psicologia forense
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
No vídeo que será apresentado agora, você terá a oportunidade de conhecer outro ramo da 
Psicologia Jurídica, que é a Psicologia do Testemunho. Como estudado nesta Unidade de 
Aprendizagem, a Psicologia Jurídica estuda comportamentos complexos que ocorrem dentro do 
âmbito jurídico, buscando explicar, clarificar, avaliar, prever e assessorar, com a perspectiva da 
Psicologia, as condutas e relações que incidem no comportamento, dentro da esfera “legal”, 
utilizando técnicas e métodos próprios da Psicologia.
Como uma das ramificações dessa esfera jurídica, temos a Psicologia do Testemunho, que é o 
estudo e a análise da personalidade das testemunhas e sua aptidão para relatar um fato. Todos os 
fatores que medeiam o testemunho são avaliados visando a preservar o modo como a 
testemunha percebeu os fatos que ocorreram e como os armazenou na memória para poder 
manifestá-los adequadamente.
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EXERCÍCIOS
1) Marque a resposta que complemente a frase adequadamente: 
Na área criminal, a atuação do psicólogo tem como principal objetivo a...
A) avaliação e o tratamento de presos no sistema carcerário.
B) avaliação e o tratamento de criminosos em geral nos Institutos Psiquiátricos.
C) a avaliação e o tratamento de criminosos que cometeram crimes por transtornos de 
personalidade nos IPFs.
D) a avaliação de psicopatas.
E) a avaliação psicológica com testes psicológicos dos funcionários do sistema prisional.
2) Qual a diferença entre Psicologia Forense e Psicologia Criminalística, estabelecida 
por alguns estudiosos? Marque a resposta certa.
A) A Psicologia Criminalista investiga o perfil dos criminosos e a Psicologia Forense realiza 
avaliações psicológicas para auxílio das decisões judiciais.
B) A diferença é expressa pelas técnicas psicológicas que são utilizadas.
C) A Psicologia Criminalista estuda como nasce o comportamento criminoso e a Psicologia 
Forense elabora os perfis dos criminosos.
D) A Psicologia Forense estuda o comportamento para responder a qualquer dúvida 
procedente de juízes, desembargadores e advogados e a Psicologia Criminalística estuda 
como nasce o comportamento criminoso.
E) A Psicologia Criminalística estuda como nasce o comportamento criminoso e a Psicologia 
Forense estuda o comportamento para responder a qualquer dúvida procedente de juízes, 
desembargadores e promotores.
3) O psicólogo jurídico atua no âmbito da Justiça assessorando juízes e 
desembargadores na elucidação de processos judiciais que requeiram uma maior 
profundidade na análise das partes envolvidas por meio da avaliação das 
características de personalidade e do levantamento de patologias. Para realizar seu 
parecer, utiliza instrumentos técnicos específicos da Psicologia. Qual o principal 
instrumento em uma investigação psicológica e o que avalia? Marque a resposta 
certa.
A) São os testes psicológicos.
B) São as dinâmicas de grupo.
C) São os testes psicológicos aliados às dinâmicas de grupo.
D) São as entrevistas psicológicas.
E) São as entrevistas de anamnese.
4) Em casos de danos pessoais, as tarefas mais importantes dos psicólogos forenses 
provêm diretamente dos elementos do ato ilícito. Marque a afirmativa certa sobre ato 
ilícito.
A) É qualquer ato que gere um dano físico.
B) É um ato que cause dano econômico.
C) É um ato que uma pessoa comete a outra que lhe cause dano psíquico ou psicológico.
D) É um ato provocado intencionalmente.
E) É um ato que causa um trauma.
5) Ao avaliar danos pessoais/psíquicos como o Transtorno de Estresse Pós-traumático, o 
que o psicólogo deve levar em conta? Marque a resposta certa.
A) As ameaças sofridas.
B) Os sonhos angustiantes.
C) Todos os eventos antes do trauma, a partir do trauma e pós-trauma.
D) Incapacidade de lembrar informações importantes e perturbações de sono.
E) Eventos do trauma.
NA PRÁTICA
A Psicologia Investigativa tem origem em Quântico, na Virgínia, Estados Unidos, pela Unidade 
de Ciência Comportamental da Academia do FBI. Essa prática surgiu com trabalhos de 
elaboração de "perfis criminais", visando à compreensão psicológica de um criminoso para 
apresentação de seu processo de prisão.
Assim como a Psicologia pode ser aplicada em várias áreas, dentro da área da Psicologia 
Jurídica, essa nova especialidade está ligada mais à Polícia, pois visa à elaboração de perfis 
(Profiling) de criminosos. Nos Estados Unidos existe uma categoria de profissionais 
especializados denominados de Profilers, que são experts nesse tipo de análise que busca prever 
a localização dos criminosos.
No campo da Psicologia Jurídica, surge uma nova especialidade, a Psicologia Investigativa, que 
estuda e analisa o comportamento criminoso por meio da formulação de perfis profissionais 
(Profiling), visando à captura destes.
Trazemos, agora, a atuação do psicólogo na esfera judicial como investigador e a técnica do 
“Perfil Criminal Geográfico”.
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Neste estudo, Alfredo se baseou em 4 princípios:
1) Princípio do Mínimo Esforço – Premissa de que, se são dadas duas opções para o ser 
humano, ele preferirá aquela que lhe custará menor esforço; assim, os criminosos, ao analisarem 
as possibilidades de cometerem seus atos infracionais entre duas localidades, tenderão a 
escolher aquela que está fisicamente mais próxima deles.
2) Princípio da Distância – Os ofensores cometerão crimes mais próximos a sua base, seja esta 
sua casa, trabalho ou lazer, e a incidência de suas infrações diminuirá à medida que se afastarem 
mais de sua base.
3) Zona de Segurança – Área extremamente próxima a sua base, onde não serão cometidos 
crimes pelo ofensor devido à alta possibilidade de reconhecimento por testemunhas.
4) Princípio da Familiaridade – Os criminosos cometem crimes em uma área que lhes é 
familiar, o equivalente a uma zona de conforto, onde eles têm maior confiança para atos ilícitos.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Violência contra a mulher – Psicologia Jurídica
Assista a este vídeo sobre violência contra a mulher, com depoimentos de psicólogos jurídicos e 
juízes, delegada de polícia, socióloga, e a Lei Maria da Penha.
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Psicóloga fala sobre assédio moral
Assista à análise de uma psicóloga sobre assédio moral em casa, no trabalho e na escola.
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Psicologia Jurídica (Varas de Família) 1 – A cena jurídica e a outra cena
Confira neste vídeo o trabalho do psicólogo/psicanalista na interface com os processos judiciais 
em Direito de Família.
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