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Tromboembolismo Pulmonar (TEP) é a obstrução parcial ou total da artéria pulmonar ou de seus ramos. O TEP é causado pelo alojamento de partículas, usualmente trombos, oriundas de outra parte do organismo. O TEP costuma ser uma complicação aguda da Trombose Venosa Profunda (TVP) ou um dos espectros da doença chamada de Tromboembolismo Venoso (TEV). Fisiopatologia TVP: Tríade de Virchow: patogênese da formação de um coágulo. Consiste em: Lesão endotelial + Estase venosa + Hipercoagubilidade. Esses fatores levam ao recrutamento de plaquetas e fatores de coagulação ativados, os quais liberam mediadores pró-inflamatórios, desencadeando cascata de reações que resultam em agregação plaquetária e síntese de trombina dependente de plaquetas. Trombos venosos se formam em ambiente de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão de genes pró-inflamatórios. Fatores de risco TVP: Congênitos: Fator V de Leiden Mutação gene protrombina Deficiência anticoagulantes endógenos (Antitrombina, Proteína C, Proteína S) Aumento fatores coagulação (fibrinogênio, fator VIII) Adquiridos: Síndrome do anticorpo antifosfolípide Idade > 65 anos Gravidez e puerpério Procedimentos cirúrgicos Classificação TVP: Acomete membros inferiores em 80 – 95% dos casos Proximal: quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea. Distal: quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea. OBS: Maior risco de embolismo pulmonar na TVP proximal! (calibre maior e proximidade da veia cava). Ainda existe um risco de progressão da trombose distal para segmentos proximais de até 20%, o que faz com que o tratamento da TVP distal seja diferente do TVP proximal. Trombose venosa profunda (TVP): caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores (80 a 95% dos casos). Embolia pulmonar: é o bloqueio de uma ou mais artérias dos pulmões causada pelo coágulo desprendido. A mortalidade é de 5 – 15% dos casos não tratados. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP): https://sanarflix.com.br/portal/trombose-venosa-profunda-tudo-que-voce-precisa-saber/ A literatura existente recomenda a anamnese e o exame físico, combinados com a realização de testes laboratoriais e exames de imagem (achados clínicos se relacionam com a doença em apenas 50% dos casos) Aos sinais clínicos que causem suspeita de TVP, determina- se a probabilidade pré-teste de acordo com o Escore de Wells: Clínica TVP: Edema localizado: O principal exemplo de edema localizado consiste no edema de MMII por dificuldade do sangue em retornar das pernas para o coração O retorno de sangue prejudicado aumenta o volume sanguíneo no capilar, que aumenta também a pressão hidrostática e determina uma maior ultrafiltração. O resultado é uma saída grande de líquido para o interstício e a geração de edema. Assimetria com o membro contralateral Dor local Cianose Engurgitamento da circulação colateral Podem estar associados: febre, taquicardia, mal-estar. Dosagem de d-dímero: D-dímero é um dos produtos da degradação da fibrina no processo de fibrinólise (marcador de coagulação). Não é específico para TVP Marcador plasmático Sensibilidade 97%, especificidade 42% O exame de Dímero-D possui um alto valor preditivo negativo (cerca de 98%) Se positivo, não confirma TVP, mas, se negativo, exclui TVP! Tratamento: O tratamento é feito com anticoagulantes e objetiva prevenir embolia pulmonar, síndrome pós-trombótica e a recorrência TVP. A coagulação é uma série de reações químicas entre várias proteínas que convertem pró-enzimas (zimógenos) em enzimas (proteases), culminando na conversão de uma proteína solúvel do plasma, o fibrinogênio, em um polímero insolúvel, a fibrina. Existem moléculas endógenas (proteína S, proteína C e antitrombina III) que inibem esse processo, o regulando para que não ocorra de forma exacerbada. Heparinas: Heparina não-fracionada (alto peso molecular): o O mecanismo de ação da heparina de alto peso molecular é potencializar a ação da antitrombina III, inibindo o fator Xa, o fator II (pro-trombina) e o fator IIa (trombina) torna a antitrombina III 1000x mais inibitória NÃO é um anticoagulante direto. o Dose ataque 60UI/Kg, seguido por infusão contínua 12 UI/Kg/hora (pelo menos 48 horas até TTPa atingir 1,5 a 2 vezes valor normal) Heparina de baixo peso molecular (Enoxiheparina) e Fondaparinux: o Também agem potencializando a ação da antitrombina III, porém, por tamanho, não conseguem inibir os fatores IIa e II, sendo seu foco a inibição do fator Xa. o Enoxiheparina: dose ataque 30mg (i.v.) seguido por dose 1mg/Kg (s.c.) 8 dias ou até alta do paciente). OBS: todas as heparinas são eficazes, mas em geral, a segurança é maior quanto menor for a heparina. OBS 2: sempre que for usada a heparina de alto peso molecular, existem metas de TTPa para garantir a segurança e monitorar eficácia da medicação. Resultados: Negativo: < 350ng/mL Intermediário: 351 – 500 ng/mL Positivo: > 500ng/mL OU em Pacientes > 50 anos: idade x 10 µg/L Inibidores de vitamina K (Varfarina): A vitamina K reduzida atua como cofator da enzima ɣ-glutamil carboxilase na reação de carboxilação dos fatores de coagulação (protrombina, VII, IX, X) e também proteínas anticoagulantes (proteína C, proteína S e Antitrombina III) Ao atuar nessa reação, a vitamina K passa de sua forma ativa reduzida para sua forma inativa oxidada. O sistema de ɣ-carboxilação modifica as proteínas dependentes de vitamina K de forma essencial para que as desempenhem sua função fisiológica. A Varfarina exerce seu efeito inibindo a enzima vitamina K óxido redutase, interferindo na regeneração da vitamina K de volta para sua forma reduzida (ativa), consequentemente levando a inibição do processo de ɣ-carboxilação e diminuindo a atividade dos fatores, gerando assim efeito anticoagulante. Conduta hospitalar TVP: Pacientes com alta suspeita de TVP, já podem iniciar o tratamento enquanto aguardam o diagnóstico (caso não haja contraindicação). Meta: 1,5-2,5x do valor basal Tempo de protrombina (INR/RNI): Avalia o tempo de coagulação plasmática pela via EXTRÍNSECA (o TTPa mede pela via intrínseca). INR (Indice internacional normalizado): Método de calibração do tempo de protrombina com o objetivo de reduzir a variação no resultado de TP entre os diferentes laboratórios clínicos (reagentes, aparelhos). Referência (normal): 0,8 à 1,0 No TVP a meta é INR 2-3. Tratamento de manutenção TVP: Tempo de terapia com anticoagulante oral (Varfarina): TVP distal: 3 meses TVP proximal: 6 meses (mais prolongado pelo risco de TEP) TVP prévio (reincidente): indeterminadamente TVP prévio em pacientes com síndrome antifosfolipídica: indeterminadamente Se houver persistência fatores desencadeantes: fazer acompanhamento exames imagem No tratamento de manutenção, o doente deve retornar em intervalos curtos para o ajuste do tempo de protrombina (INR). OBS: Gestantes Devido risco teratogênico da Varfarina, a paciente pode fazer o uso continuado da heparina baixo peso molecular (enoxiheparina) na dose terapêutica de 5.000UI 8/8h ou 12/12h do 5° ao 10° dia. Se a TVP for durante a gravidez, manter durante gravidez e continuar por até 6 semanas após o parto. No puerpério, pode tomar antagonista vitamina K (Varfarina). A embolia pulmonar é um bloqueio de uma ou mais artérias dos pulmões causada pelo coágulo desprendido. É a terceira causa de morte por evento cardiovascular, ficando atrás apenas do AVC e da Síndrome Coronariana Aguda. Os sinais e sintomas são muito inespecíficos, logo, o que auxilia na conduta diagnóstica é calcular a probabilidade pré-teste, utilizando dois escores:Geneva modificado ou Wells. OBS: há um achado que SEMPRE deve levantar suspeita de TEP: DISPNEIA SÚBITA! TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP): Manifestações clínicas de TEP: Dispneia Dor torácica pleurítica Tosse Síncope Taquipneia e taquicardia Parada cardiorrespiratória Escore baixo d-dímero. Se vier negativo, descartar TEP, se vier positivo, realizar Angio-TC de Tórax. Escore médio ou alto Realizar Angio-TC de tórax: se vier positivo, confirma-se TEP, se vier negativo, descarta-se TEP. Terapia farmacológica: Suporte hemodinâmico: É feita uma associação de noradrenalina com dobutamina, uma vez que a dobutamina não deve ser utilizada isoladamente. A dobutamina é um fármaco β1-agonista, provocando aumento da contratilidade muscular cardíaca (inotropismo positivo). Entretanto, também possui um efeito agonista fraco sobre os receptores β2, que provoca vasodilatação e pode acabar induzindo hipotensão se usada isoladamente. Para evitar esse efeito, associa-se a noradrenalina (vasopressor inotrópico). Heparinas: No TEP pode-se usar tanto as heparinas de alto peso molecular quanto as heparinas fracionadas (baixo peso molecular e fondaparinux). Novos anticoagulantes (não dependentes de vitamina K): Atuam diretamente na inibição a trombina e do fator Xa da coagulação Não necessitam de ajustes regulares baseados no monitoramento laboratorial A ação é rápida e a meia vida é curta Bom manejo, inclusive a nível ambulatorial DABIGATRAN, RIVAROXABAN, APIXABAN Trombolíticos: Terapia química de reperfusão da artéria obstruída Opcões: Streptoquinase, Alteplase e Tenecteplase Em condições normais, no sistema fibrinolítico, a molécula de plasminogênio é clivada em plasmina, esta que vai atuar na dissolução de trombos Os fibrinolíticos (fármacos) atuam como ativadores do plasminogênio, promovendo esse processo NÃO são agentes fibrinolíticos diretos. OBS: A Streptoquinase é isolada de bactérias beta-hemolíticas, um organismo exógeno, podendo promover formação de anticorpos contra ela, fazendo com que em uma segunda ou posterior administração o tratamento possa ser refratário. Isso não acontece com a Alteplase, pois é uma forma recombinante (mais mimético possível do endógeno). Conduta: Uma vez que haja alta suspeição/chance de TEP, faz-se uma estratificação de risco de mortalidade precoce para aquele paciente. Atualmente existe o Pulmonary Embolism Severity Index (PESI) que nos permite tratar ambulatorialmente os pacientes estáveis com bom prognóstico, o que seria um somatório do PESI <= 85. O paciente deve ser anticoagulado de imediato (mesmo que sem confirmação diagnóstica se houver alta suspeição). Sendo o TEP uma causa de choque hemodinâmico, em pacientes instáveis deve-se estabilizar o paciente e iniciar uma conduta imediata. Recomendações: PESI: Tratamento de manutenção: Seguimento com anticoagulantes orais: Pacientes primeiro TEP secundário a fatores transitórios: até 3 meses Pacientes TEP recorrente, TEP relacionados a fatores não transitório ou com síndrome antifosfolipídica: manter indefinidamente Paciente primeiro TEP com condição persistente identificada: avaliar se 3 meses ou mais
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