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Neoplasia maligna de pâncreas Autor: Pedro V.F. Medrado - É a 4ª causa principal de morte por câncer nos EUA, e está associado a um prognóstico reservado - Os adenocarcinomas ductais infiltrantes respondem pela maioria dos casos, e surgem c/ maior frequência na cabeça do pâncreas. - 85-90% dos pacientes tem doença inoperável ou metastática - O câncer pancreático representa 3% de todas as neoplasias malignas recém diagnosticadas nos EUA - Grupo etário 65-84 anos em ambos os sexos - Até 60% dos casos no mundo inteiro são diagnosticados em países desenvolvidos - 8ª causa mais comum de morte por câncer nos homens e a 9ª causa mais comum em mulheres - Fatores de risco · Tabagismo – causa 20-25% de todos os cânceres de pâncreas · Diabetes mellitus tipo 1 ou 2 · Obesidade · Pancreatite crônica · Grupo sanguíneo ABO · Consumo excessivo de álcool que leve à PC BASES MOLECULARES DA NMP - Principais genes mutantes · KRAS – códon 12 – 60-75% dos CAP · gen p16 – deleção em 95% dos tumores · gen p53 – inativação ou mutação em 50-70% dos tumores · SMAD4 – deleção em 55% dos tumores · Padrão de doença metastática disseminada, tumores de estágio avançado e uma sobrevida menos satisfatória - Até 16% podem ser hereditários - Mutação do gene STK11 – síndrome de Peutz-Jeghers 132x risco aumento de CAP em relação a população normal - Mutação BRCA2 – risco aumentado de CA de mama, ovário e pâncreas - Mutação gp16/CDKN2A – melanoma mole múltiplos familiares - Mutação PALB2 – risco aumentado CA de mama e de pâncreas - Mutação hMLH1 e hMSH2 – síndrome de Lynch – risco aumentado de CA de pâncreas e de cólon - Mutação ATM – ataxia e telangiectasia – risco aumentado de CA de mama, linfoma e de pâncreas - Mutação PRSS1 (serina-proteinase 1) – pancreatite familiar e risco aumentado de CA pâncreas - Paciente c/ pelo menos dois parentes de primeiro grau c/ câncer de pâncreas deve-se considerar a presença de CAP familiar até a prova do contrário - Sequência de mutações · 1ª mutação do KRAS seguida da perda do gp16 e por fim alterações de gp53 e SMAD4 · A inativação do SMAD4 está associada a um padrão de doença metastática disseminada - Adenocarcinoma pancreático – célula estrelada do pâncreas ativada e a gPTN SPARC · É expresso em 80% dos ACP · Secreção de um estroma desmoplásico que circunda o ACP funcionando c/ uma barreira mecânica à quimioterapia, progressão e metástase do tumor RASTREAMENTO DO CAP - Não é feito o rastreamento de rotina do CA de pâncreas - O uso do CAE e do CA19-9 tem sensibilidade insuficiente, e a TC é inadequada para encontrar displasia pancreática - USG endoscópico (USE) – é uma ferramenta de triagem promissora - Recomendações off-evidences · Pacientes c/ 2 ou mais parentes de primeiro grau c/ CA de pâncreas · Pacientes c/ síndrome de Peutz-Jeghers · Portadores de mutação BRCA2 e/ou p16 · Pacientes c/ CA colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), com 1 ou + parentes de 1º grau afetados - NIPan (Neoplasic intraductal pancreatic) – lesões precursoras neoplásicas pequenas <5mm, porém não invasivas do epitélio ductal pancreático, c/ displasia discreta, moderada ou grave. · Nem todas irão evoluir p/ neoplasia maligna invasiva franca - Tumores neoplásicos císticos – são assintomáticas, e são detectadas radiologicamente · Neoplasias papilares mucinosas intraductais (NPMIs) · Neoplasias císticas mucinosas (NCMs) · São lesões solitárias da parte distal do pâncreas, que não se comunica c/ o sistema ductal · Distribuição quase que exclusiva em mulheres (95%) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Apresentação clínica · Icterícia obstrutiva – tumor de cabeça de pâncreas · A icterícia é acompanhada de prurido, desconforto abdominal, letargia e perda de peso · Menos comum (compressão do ducto pancreático) – dor epigástrica, lombalgia, diabetes mellitus de início recente e pancreatite aguda (PA) · Náusea e vômitos – em decorrência da obstrução gastroduodenal - Sinais físicos · Icterícia e caquexia · Marcas de arranhadura · Sinal de Courvosier-Terrier – vesícula biliar palpável e indolor em paciente ictérico · Sinal da Irmã-Maria-José – linfadenopatia periumbilical · Nódulo de Virchow – linfadenopatia supraclavicular esquerda (metástases) · Metástases – ascite, hepatomegalia e linfadenopatia DIAGNÓSTICO - Diagnóstico por imagem · Pacientes c/ manifestações clínicas sugestivas são submetidos a exame de imagem p/ avaliar se a massa é de natureza inflamatória ou maligna · Resultados – estadiamento local e metástases (informações prognósticas) · TC helicoidal – é o exame de escolha c/ contraste de dupla fase · Visualização acurada – posso ressecar ou não? · Avalia a infiltração intestinal e metástases · RM – não apresenta vantagem sobre a TC · Casos selecionados podem se beneficiar da RM – pequenas lesões indeterminadas e causas de dilatação biliar não vistas na TC · Colangiopancreatografia retrógada (CPRE) – útil p/ pequenas lesões · Identifica estenose ou obstrução ductal (colédoco e pancreático) · Posso colocar ou não um stent? Tem risco de pancreatite? · Colangiopancreatografia c/ ressonância magnética (CPRM) – é um método não invasivo · Demonstra de modo preciso o nível e o grau de dilatação do ducto pancreático e dos ductos biliares · Ultrassonografia endoscópica (USE) · Altamente sensível p/ lesões <3cm – mais sensível que a TC · Útil p/ estadiamento local – invasão vascular e linfonodal · PET-SCAN c/ flurodesoxiglicose (FDG) · É uma opção antes da QRT (quimoradio) ou Cirurgia p/ detecção de metástases · É superior p/ detecção de metástases à distância - Diagnóstico citológico e histológico · A confirmação histológica pré-operatória nem sempre é necessário em pacientes c/ radiologia compatível · Se houver dúvidas quanto ao diagnóstico – biópsia c/ agulha fina guiada por USE · Acurácia de ~90% · Menor risco de disseminação intraperitoneal em comparação c/ a biópsia percutânea · Paciente c/ lesão inoperável ou metastática – biópsia percutânea pode-se fazer · CPRE – método útil de escovada ductal, porém sensibilidade de 35-70% - Marcadores séricos · O CA19-9 está elevado em cerca de 70-80% dos pacientes com carcinoma pancreático · Mas não é recomendado como: teste diagnóstico ou rotina de rastreamento · Seus níveis tem valor prognóstico após ressecção · Usado como biomarcador de respostas em pacientes c/ doença avançada submetidos à quimioterapia · Nível elevado de CA19-9 antes do tratamento c/ fator prognóstico independente ESTADIAMENTO - Estadiamento TNM da American Joint Committee on Cancer (AJCC) – localização e o tamanho do tumor, comprometimento de linfonodos e a presença de metástases à distância (Padrão) - Dividir em doença: · Ressecável · Localmente avançado – não ressecável, mas sem disseminação à distância · Metastático – não ressecável, e c/ disseminação à distância TRATAMENTO Doença ressecável (10% dos pacientes) - Os doentes devem ser encaminhados para centros especializados em doença pancreática que apresentem menores taxas pós-operatórias de morbidade e mortalidade. - Tumores de cabeça do pâncreas ou do processo uncinado – pancreatoduodenectomia com preservação do piloro (procedimento de Whippler modificado) - Tumores do corpo de da cauda do pâncreas – pancreatectomia distal que inclui rotineiramente esplenectomia - Pós-operatório – melhora resultados a longo prazo · Quimioterapia adjuvante c/ seis ciclos de gencitabina · Gencitabina após ressecção completa – retardou de maneira significativa o desenvolvimento de recidiva da doença em comparação c/ cirurgia apenas · QRT adjuvante – 5-FU + gencitabina antes e depois da radio · Benéfica em tumores volumosos que acometem a cabeça do pâncreas Doença localmente avançada e inoperável (30% dos pacientes) - Sobrevida mediana c/ gencitabina é de 9 meses - Respondedores à quimioterapia ou que alcançam status de doença estável c/ 3-6 meses de gencitabina costumam receber radioterapia de consolidação · Estudos divergem – QRT pós-4 meses não melhora sobrevida (sem benefício) Doença metastática (60% dos pacientes) - Pacientes c/ baixo desempenho geral não se beneficia de quimioterapia- A gencitabina constitui um tratamento-padrão c/ sobrevida mediana de 6 meses e taxa de sobrevida de 1 ano de apenas 20% - Nab-paclitaxel + gencitabina – melhora significativa da sobrevida de 1 ano - Capecitabina + gencitabina – sem melhora em termos de sobrevida global - Erlotinibe + gencitabina – benefício clinicamente marginal na doença avançada - Combinação 5FU/AF + irinotecano + oxaliplatina (FOLFIRINOX) – benefício às custas de aumento da toxicidade
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