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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período CÂNCER DE PULMÃO O carcinoma pulmonar é a principal causa de morte relacionada com câncer em todo o mundo. Cerca de 85% dos casos estão relacionados com o tabagismo. Dependendo da fase da doença, o tratamento requer cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia. Durante as várias últimas décadas, o prognóstico para um paciente com câncer pulmonar era ruim, com apenas 15% dos pacientes sobrevivendo por > 5 anos a partir do momento do diagnóstico. Em pacientes com estágio IV da doença (metástases), a taxa de sobrevida geral em 5 anos era < 1%. Entretanto, os desfechos melhoraram devido à identificação de certas mutações que podem ser alvo de tratamento; as taxas atuais de sobrevida em 5 anos são de 19% (23% para mulheres e 16% para homens). A causa mais importante do câncer de pulmão, responsável por cerca de 85% dos casos, é o tabagismo: - O risco de câncer difere de acordo com a idade, intensidade e duração do tabagismo. - O risco de câncer de pulmão aumenta com a exposição combinada a toxinas e tabagismo. - O risco de câncer cai após a cessação do tabagismo, mas nunca retorna ao risco inicial de pessoas que nunca fumaram. Cerca de 15 a 20% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão nunca fumaram ou fumaram minimamente. Outros fatores que aumentam o risco de câncer são: inflamação crônica, DPOC, deficiência de alfa1-antitripsina e fibrose pulmonar, poluição atmosférica, fumar maconha, exposição a tabagismo passivo e a agentes carcinógenos (ex: amianto e radiação). As pessoas cujos pulmões são afetados por outras doenças pulmonares (p. ex., tuberculose) têm maior risco de câncer de pulmão. Fumantes at ivos que ingerirem suplementos de betacaroteno podem ter maior risco de desenvolver câncer de pulmão. Fatores Genéticos As células epiteliais respiratórias necessitam de exposição prolongada às substâncias desencadeadoras de câncer e acúmulo de múltiplas mutações genéticas antes de se tornarem neoplásicas (cancerização de campo). Em alguns pacientes com câncer de pulmão, as mutações secundárias ou adicionais nos genes que estimulam o crescimento celular causam anormalidades na sinalização de receptores de fator de crescimento e inibem a apoptose e podem contribuir para a proliferação descontrolada de células anormais. Além disso, mutações que inibem os genes supressores de tumores podem provocar câncer. Esses genes que responsáveis pelo câncer de pulmão são denominados ativadores de mutação (oncogênicos). Classificação do carcinoma pulmonar É classificado em 2 categorias: I. Câncer pulmonar se células pequenas (CPCP), 15%. II. Câncer pulmonar de células não pequenas (CPCNP), 85%. CPCP • Altamente invasivo. • Ocorre quase sempre em tabagistas. • Cresce rapidamente. • Cerca de 80% dos pacientes têm doença metastática no momento do diagnóstico. Subdividido em: limitado e extenso A doença CPCP em estágio limitado é câncer confinado a um hemitórax (incluindo linfonodos ipsilaterais) que pode ser abrangido dentro do acesso tolerável à radioterapia, a menos que haja derrame pleural ou pericárdico. A doença em estágio extensivo é o câncer fora de um único hemitórax ou a presença de células malignas detectadas em derrames pericárdicos. • prognóstico geral é ruim. • O tempo de sobrevida médio para a doença em estágio limitado é de 20 meses, com uma taxa de sobrevida em 5 anos de 20%. • Os pacientes com CPCP em estágio extensivo têm prognóstico muito pior, com índice de sobrevida em 5 anos < 1%. Tem prevalência menor, de 10 a 15% dos O CPCP é altamente invasivo e ocorre quase sempre em tabagistas. Ele cresce rapidamente e cerca de 80% dos pacientes têm doença metastática no momento do diagnóstico. CPNP • Comportamento clínico mais variável e depende do tipo histológico. • Cerca de 40% dos pacientes terão doença metastático fora do tórax no momento do diagnóstico. O CPCNP é dividido em 4 estágios, I a IV (utilizando o sistema TNM). O estadiamento TNM baseia-se no tamanho do tumor, na localização do tumor e dos linfonodos e na existência ou ausência de metástases distantes Tem prevalência de 80 a 85%. O comportamento clínico do CPCNP é mais variável e depende do tipo histológico. Identificaram-se mutações de ativação (oncogênicas) principalmente no adenocarcinoma, e tenha-se tentado identificar mutações semelhantes no carcinoma de células escamosas (p. ex., FGFR1, DDR2 e PI3K). A depender de qual célula se originou, está divido em subtipos: 1. Adenocarcinoma 2. Carcinoma espinocelular 3. Carcinoma de grandes células indiferenciado 4. Carcinoma adenoescamoso (menos comuns) 5. Carcinoma sarcomatoide (menos comuns) Sinais e Sintomas Cerca de 25% dos carcinomas pulmonares são assintomáticos. Podem resultar de progressão do tumor local , disseminação regional ou metástases a distância. Síndromes paraneoplásicas e sintomas constitucionais podem ocorrer em qualquer estágio da doença. Embora os sintomas não sejam específicos da classificação ou da histologia do câncer, algumas complicações podem ser mais prováveis em diferentes tipos: APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período Tumor Local • O tumor local causa tosse e, menos comumente, dispneia em decorrência de obstrução das vias respiratórias; atelectasia pós-obstrutiva ou pneumonia e perda de parênquima devido à disseminação linfangítica. • Pode ocorrer febre na vigência de pneumonia pós- obstrutiva. • Até metade dos pacientes refere dor torácica localizada ou vaga. • A hemoptise é menos comum e a perda sanguínea é mínima, exceto em situações raras em que o tumor corrói uma grande artéria, provocando hemorragia maciça e frequentemente morte por asfixia ou exsanguinação. Hemoptise é o sintoma de apresentação em cerca de 10% dos pacientes; Disseminação regional A disseminação regional pode causar dor torácica pleurítica ou dispneia por derrame pleural, rouquidão decorrente de invasão tumoral do nervo laríngeo recorrente e dispneia e hipóxia em decorrência de paralisia diafragmática pelo comprometimento do nervo frênico. • A síndrome da veia cava superior resulta da compressão ou invasão da veia cava superior e pode desencadear cefaleia ou sensação de “cabeça cheia”, edema facial ou dos membros superiores, rubor e falta de ar quando na posição supina (decúbito dorsal), veias dilatadas no pescoço, face e tronco superior e rubor facial e no tronco (pletora). • A síndrome de Pancoat ocorre quando tumores apicais, geralmente CPCNP (tumor de Pancoast), invadem o plexo braquial, a pleura ou arcos costais, desencadeando dor no ombro ou nos membros superiores e fraqueza ou atrofia da mão ipsolateral. A síndrome de Pancoast também pode incluir a síndrome de Horner. • A síndrome de Horner (ptose - pálpebra caída; miose - constrição da pupila e anidrose - incapacidade de transpirar) surge quando há comprometimento da cadeia simpática paravertebral ou do gânglio estrelado cervical. Obs: A disseminação do tumor para o pericárdio pode ser assintomática ou provocar pericardite constritiva ou tamponamento cardíaco. Em casos raros, a compressão esofágica pelo tumor leva à disfagia. Metástases Seus sintomas variam de acordo com a localização. Podem se disseminar para: - Fígado, causando dor, saciedade precoce, náuseas e, essencialmente, insuficiência hepática. - Cérebro, causando mudanças comportamentais, confusão mental, afasia, convulsões, paresia ou paralisia, náuseas e vômitos e, por fim, coma e morte. - Ossos, causando dor intensa e fraturas patológicas. - Glândulas adrenais, raramente causando insuficiência adrenal. Síndromes paraneoplásicas São sintomas que ocorrem em locais distantes de um tumor ou de suas metástases.Síndromes comuns em pacientes com câncer de pulmão: • Hipercalcemia (em pacientes com carcinoma de células escamosas, que ocorre porque o tumor produz proteína relacionada com o hormônio paratireóideo ou em razão de metástases ósseas extensas que causam a produção de fatores ativadores de osteoclastos). • Síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH). • Baqueteamento digital com ou sem osteoartropatia pulmonar hipertrófica. • Hipercoagulabilidade com tromboflebite superficial migratória (síndrome de Trousseau). • Síndrome semelhante à miastenia (síndrome de Eaton- Lambert). • Síndrome de Cushing. • Várias outras síndromes neurológicas (neuropatias, encefalopatias, encefalites, mielopatias, doenças cerebelares). Diagnóstico O diagnóstico é tipicamente feito por radiografia de tórax ou por tomografia computadorizada (TC) e confirmado por biópsia. - Radiografia de tórax - TC ou tomografia por emissão de pósitrons (PET)–TC combinada - Exame citopatológico do líquido pleural ou do escarro - Normalmente, biópsia guiada por broncoscopia e biópsia de núcleo - Às vezes, biópsia de pulmão aberto Raio-X • Exame inicial. • Pode mostrar anormalidades claramente definidas, como uma massa única ou massas multifocais ou um nódulo pulmonar solitário, hilo aumentado, mediastino aumentado, estreitamento traqueobrônquico, atelectasia, infiltrados parenquimatosos que não desaparecem, lesões cavitárias ou espessamento ou derrame pleural inexplicáveis. • Esses achados são sugestivos, mas não diagnósticos, de carcinoma pulmonar e exigem o seguimento com tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR), TC ou PET-TC combinada e confirmação citopatológica. TC • Tanto a TC como a PET-CT podem ajudar a direcionar a biópsia por agulha de lesões não passíveis de biópsia broncoscópica. Essas imagens por PET também podem detectar doença metastática. Citologia • O método usado para obter células ou tecido para a confirmação depende da acessibilidade do tecido e da localização das lesões suspeitas. PROCEDIMENTOS Biópsia percutânea: próximo procedimento menos invasivo. É mais útil para os locais de metástases (linfonodos supraclaviculares ou outros periféricos, pleura, fígado e adrenais) do que para as lesões pulmonares. Broncoscopia: é o procedimento usado com mais frequência para o diagnóstico de câncer de pulmão. Teoricamente, o procedimento de escolha para a obtenção de tecido é aquele que é menos invasivo; mas, na prática, a broncoscopia é frequentemente realizada em associação ou em substituição a procedimentos menos invasivos, porque os resultados diagnósticos são maiores e porque a broncoscopia é importante para o estadiamento. Tratamento - Cirurgia (dependendo do tipo celular e do estágio) - Quimioterapia - Radioterapia - Imunoterapia APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período O tratamento do câncer de pulmão varia de acordo com o tipo de célula e o estágio da doença. Muitos fatores do paciente sem relação com o tumor afetam a elegibilidade. Baixa reserva cardiopulmonar, desnutrição, fragilidade ou baixo estado de desempenho físico (avaliados, p. ex., pelo estado de desempenho de Karnofsky [KPS] ou estado de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group [ECOGPS]), comorbidades (incluindo citopenias) e doenças psiquiátricas ou cognitivas podem levar à decisão de preferir tratamento paliativo a curativo ou optar por nenhum tratamento, mesmo que a cura seja tecnicamente possível. REFERÊNCIAS: • Carcinoma Pulmonar - Manual MSD
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