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TABELA 1 - FARMACODERMIAS

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FARMACODERMIAS 
DEFINIÇÃO
Reações adversas à 
administração de medicamentos, 
vacinas e terapias diversas que 
ocorrem na pele
Reações medicamentosas: Podem 
ocorrer em qualquer 
órgão/sistema, sendo a pele o 
mais atingido.
Síndromes cutâneas relacionadas 
às drogas: Reações 
medicamentosas na pele
Reação Medicamentosa Adversa 
- RMA
EPIDEMIOLOGIA
É dificil precisar. Crianças são 
menos afetadas, por conta da 
imaturidade do sistema 
imunologico. A incidência 
aumenta com a idade. Os idosos 
têm a prevalência, apesar da 
falência imunológica relativa, 
eles tem alterações relacionadas a 
farmacocinética das drogas e ao 
uso de múltiplas drogas. 
Mulheres são mais 
frequentemente acometidas. 
Clima e ambiente tem 
importância no desencadeamento 
das farmacodermias - 
fotossensibilização, por 
prometazina por ex
FÁRMACOS MAIS COMUNS
Penicilinas
Sulfonamidas - sulfadiazina, 
sulfametoxazol e sulfassalazina
Anticonvulsivantes aromáticos - 
fenitoína, carbamazepina e 
fenobarbital
Antiinflamatórios não esteroidais 
(AINE’s) e inibidores da enzima 
conversora de angiotensina - 
IECA 
Alopurinol 
FISIOPATOLOGIA
NÃO IMUNOLÓGICOS:
1- Intolerância: aparecimento de sintomas de toxicidade da droga em
doses normalmente não tóxicas. É considerada uma alteração quantitativa
e pode depender da suscetibilidade individual (como deficientes em certas enzimas para o metabolismo 
da droga)
Exemplo: Dapsona em indivíduos com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD)
2- Idiossincrasia: Efeitos inesperados e diversos da ação farmacológica
da droga; é considerada qualitativa e imprevisível (pode ser na 1ª exposição).
Exemplo: Rash de paciente com mononucleose que ingeriu ampicilina
3- Superdosagem: Quando a dose da medicação ultrapassa o limite de
tolerância orgânica, tornando-se tóxica ao organismo.
Exemplo: Intoxicação por vários comprimidos de acetaminofeno
4- Efeito colateral: surge pela ação Farmacológica normal da droga, mas
sendo ações secundárias na terapêutica desta. 
Exemplo: sonolência dos anti-histamínicos
5- Interação medicamentosa: Quando diferentes drogas são administradas
conjuntamente, interferindo nas ações farmacológicas de cada uma, de forma negativa - antagonismo ou 
positiva - sinergismo
6- Distúrbio ecológico: Alteração da flora normal de micro-organismos,
podendo ocorrer biotropismo (favorecimento para o desenvolvimento
de outros micro-organismos). 
Exemplo: Candidíase com uso de antibióticos de amplo espectro
7- Reação de Jarisch-Herxheimer: Quando o uso de antibióticos promove
a morte de micro-organismos com a liberação de antígenos circulantes;
normalmente, cursa com sintomas sistêmicos (adenomegalia generalizada,
febre, cefaleia, mal-estar geral) e exacerbação de lesões já existentes. 
Exemplo: Tratamento da sífilis com penicilina
8- Degranulação de histamina: Por drogas que o fazem diretamente por
ativação dos mastócitos. 
Exemplos: Contrastes iodados e derivados da morfina
MANIFESTAÇÕES COMUNS
Erupções acneiformes: Devido ao uso de corticoides sistêmicos, vitamina B12,
hormônios androgênios e lítio
Pustuloses generalizadas: Pacientes que receberam antibióticos, principalmente do grupo dos 
betalactâmicos
Eritema nodoso: Associado ao uso de anticoncepcionais e sulfonamidas
Reações fototóxicas: Possivelmente causadas por sulfonamidas, diuréticos
tiazídicos e inibidores da enzima conversora de angiotensina
Eritema pigmentar fixo: Lesão bem caracterizada por mácula eritematoacastanhada que sempre 
recidiva no mesmo local quando o
paciente recebe a medicação, ocorrendo com o uso de dipirona e anti-inflamatórios
Vasculites sistêmicas: Quadros sistêmicos graves que podem ocorrer com propiltiouracila, penicilinas 
e anti-inflamatórios
Lúpus-like: Classicamente implicado com o uso de hidralazina, procainamida
e minociclina
Lesões bolhosas: Possivelmente desencadeadas com o uso de sulfas e
D-penicilamina
QUADRO CLÍNICO 
A manifestação mais comum é o 
rash exantematoso 
maculopapular, muito semelhante 
aos exantemas virais (rubéola, 
sarampo etc.). Nessa forma, o 
grupo de medicações causador 
pode ser mais ou menos 
delimitado entre anti-
inflamatórios, antibióticos, 
anticonvulsivantes e 
psicotrópicos; estes são sempre 
os mais suspeitos, principalmente 
se introduzidos recentemente. 
Porém, vale ressaltar que esse 
padrão clínico é possível e 
imaginável com qualquer 
medicação. Há também como 
chegar ao agente mais suspeito, 
de acordo com o padrão 
dermatológico encontrado.
DIAGNÓSTICO
 Casos agudos e leves são de diagnóstico clínico simplesmente pela 
história
e pelo exame físico. Casos graves e persistentes merecem atenção
especial e acabam requerendo alguns exames:
Biópsia e anatomopatológico: Para casos arrastados que ainda não
têm a etiologia definida;
Hemograma: Pode cursar com leucocitose e eosinofilia ou, em 
casos
graves, leucopenia ou trombocitopenia;
Distúrbios hidroeletrolíticos: Encontrados principalmente entre 
pacientes
graves com NET e SSJ.
O diagnóstico diferencial resultaria em um verdadeiro compêndio 
dermatológico, pois uma droga pode se manifestar com lesões 
diferentes e determinado padrão dermatológico pode ser causado por 
diferentes fármacos
IMUNOLÓGICOS
No grupo imunológico, as reações do tipo IV de Gell-Coombs são as
mais frequentes.
Subtipos que se enquadram na classificação de Gell-Coombs:
Reação tipo I - imediata: A hipersensibilidade imediata depende de IgE e tem
ativação de mastócitos. 
Exemplo: Alergia a penicilina (importante: esse mecanismo se refere a anafilaxia e depende de 
anticorpos da classe IgE)
Reação tipo II - citotoxicidade: Envolve mecanismo celular citotóxico com ativação do complemento. 
Exemplo: Anemia hemolítica
Reação tipo III - imunocomplexos: Tem formação de imunocomplexos à semelhança do que acontece 
na doença do soro.
Exemplo: Vasculites leucocitoclásticas (púrpura de Henoch-Schönlein).
Reação tipo IV - tardia: Também apresenta mecanismo celular (imunidade celular tardia). 
Exemplo: Dermatites de contato com drogas de uso tópico
ERITEMA MULTIFORME 
DEFINIÇÃO: Doença 
inflamatória reacional 
caracterizada pelas lesões “em 
alvo” e que pode ser causada por 
2 mecanismos diferentes: 
erupção por drogas ou infecções, 
principalmente herpes. No 
passado, era considerada dentro 
do espectro das reações a drogas 
graves, porém, hoje se sabe que é 
uma entidade diferente destas 
(SSJ e NET). Na maioria dos 
casos, é breve e autolimitada, 
porém há indivíduos em que é 
recorrente
EPIDEMIOLOGIA:
Não se sabe a incidência exata, 
mas alguns estudos estimam algo 
em torno de 1% dos pacientes 
ambulatoriais. Pode afetar todas 
as idades, no entanto é mais 
frequente em crianças e jovens. 
Não há predileção racial, mas 
afeta mais homens do que 
mulheres. 
FISIOPATOLOGIA: É 
desconhecida, porém já houve 
teorias sobre agressão celular do 
tipo citotóxica contra antígenos 
da pele que são semelhantes a 
antígenos do herpes-vírus. Entre 
as causas, as medicações são as 
mais frequentes, e as drogas mais 
implicadas são 
anticonvulsivantes, antibióticos e 
anti-inflamatórios; as sulfas têm 
importante associação. No que 
tange aos agentes infecciosos, 
além do herpes-vírus, já houve 
relatos de associação a vírus da 
hepatite C, tuberculose, 
Mycoplasma e outros. Há, 
também, casos desencadeados 
por agentes contactantes 
(mercúrio, budesonida, 
capsaicina etc.).
QUADRO CLÍNICO: 
A principal característica do eritema multiforme é a presença das lesões “em alvo”, nas quais há uma 
placa eritematosa circular com o centro mais violáceo, onde surgem as vesículas ou bolhas; essas lesões 
podem surgir em qualquer localização, principalmente face extensora dos membros incluindo a região 
palmoplantar. Porém, como o próprio nome já diz, o quadro pode ser polimórfico, já que, além das 
lesões “em alvo”, os pacientes podem apresentar lesões urticariformes e bolhosas em um mesmo 
evento.
Há uma subdivisão, na qual 2 formas são separadas pelo espectro de gravidade:Eritema multiforme minor: Normalmente, são quadros recorrentes e associados a infecções clínicas 
ou subclínicas pelo herpes-vírus. Nessa forma mais leve, os pacientes não apresentam sintomas 
sistêmicos prodrômicos nem lesões mucosas, e as lesões cutâneas são mais localizadas (menos de 10% 
da superfície corpórea)
Eritema multiforme major: Considerada por muitos uma forma leve da SSJ, portanto muito associada 
ao uso de medicações (farmacodermia). Nela, os pacientes apresentam lesões mucosas e sinais e 
sintomas sistêmicos de inflamação, e as lesões podem acometer mais de 10% da superfície corpórea. As 
lesões mucosas são erosões que podem surgir na cavidade oral, na conjuntiva e na mucosa de genitais. 
A distribuição é simétrica e centrípeta
DIAGNÓSTICO
Clinicamente, pode-se chegar ao diagnóstico devido às lesões “em alvo” características, aliadas às 
lesões mucosas nos casos mais graves. Os exames gerais, como hemograma, função renal e eletrólitos, 
devem ser realizados nas formas major em que o paciente seja internado e servem para controle do 
quadro sistêmico. A biópsia para exame anatomopatológico deve ser realizada em quadros duvidosos 
que podem se assemelhar a urticária, dermatoses neutrofílicas como a síndrome de Sweet, dermatites de 
contato, eritemas figurados e outras. A histopatologia evidencia dermatite de interface com 
vacuolização da camada basal.
TRATAMENTO
É importante estabelecer o agente causal, que pode ser medicamentoso
(afastar a droga implicada) ou infeccioso (tratar o foco correspondente). Via de regra, o tratamento é 
apenas de suporte com loções secativas, antibióticos, em caso de infecção secundária, e anti-
histamínicos para alívio do prurido. O uso de corticoides sistêmicos não é consensual entre os 
dermatologistas e deve ser desencorajado, principalmente em caso de suspeita de foco infeccioso de 
base.
SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON E NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA
DEFINIÇÃO: São doenças 
inflamatórias agudas que cursam 
com quadros graves e 
potencialmente fatais, agrupadas 
sob um mesmo espectro de 
gravidade: em uma extremidade, 
está o eritema multiforme major, 
com lesões bolhosas em menos 
de 10% da superfície corpórea e 
sem lesões mucosas; no centro, 
está a SSJ, com acometimento de 
menos de 10% da superfície 
corpórea e entre 10 e 30% se dão 
formas transicionais (overlaping); 
por fim, a NET, em que mais de 
30% da pele são acometidos com 
bolhas e áreas de descolamento. 
Os pacientes mais graves têm 
comportamento semelhante a 
“grandes queimados”
EPIDEMIOLOGIA
Os estudos mostram incidência anual que pode variar de 0,5 a 7 
casos/ 1.000.000 de habitantes, e felizmente são consideradas 
entidades raras; isso porque os índices de mortalidade são elevados, 
com taxas que chegam a 5% na SSJ e de até 40% na NET. 
Numerosos estudos epidemiológicos mostraram que a incidência é 
maior entre as mulheres, mas não há predileção racial. Pode 
acometer qualquer idade, mas, como a exposição aos fármacos é 
maior com o passar dos anos, acaba sendo mais vista em adultos e 
idosos. Casos associados ao HIV são mais frequentes e responsáveis 
pela diminuição da média de idade acometida. Pacientes com HIV e 
problemas neurológicos são os mais acometidos pela SSJ.
FISIOPATOLOGIA
O mecanismo é desconhecido, apesar de estar bem estabelecida a 
relação
causal com os medicamentos.
Antibióticos: São os mais frequentes, principalmente os derivados 
das sulfas (sulfametoxazol-trimetoprima) e outros em menor escala 
(quinolonas, aminopenicilinas, cefalosporinas)
Alopurinol: Já implicado em alguns estudos como o principal 
agente causador;
Anticonvulsivantes: Carbamazepina, fenitoína e fenobarbital
Anti-inflamatórios: Principalmente do grupo dos “oxicans” 
piroxicam, tenoxicam etc.
QUADRO CLÍNICO
As lesões iniciais são placas lisas 
e eritematosas de contornos 
bizarros e que podem assumir 
coloração mais violácea no 
centro. Nessas placas, podem 
surgir as lesões bolhosas e 
também podem permanecer áreas 
desnudas, pelo desprendimento 
de toda a epiderme pela necrose 
ocorrida. Entre as lesões, 
permanecem áreas de pele 
normal, e nas proximidades das 
lesões pode ser realizado o sinal 
de Nikolsky.
DIAGNÓSTICO
Clinicamente, pode-se chegar ao diagnóstico devido às lesões “em alvo” características, aliadas às 
lesões mucosas que sempre devem estar presentes. Os exames gerais, como hemograma, função renal e 
eletrólitos, devem ser solicitados para monitorizar o estado geral e possíveis complicações, entre elas a 
sepse e a insuficiência respiratória, as principais causas de morte. O exame anatomopatológico mostra 
as mesmas alterações descritas para o eritema multiforme (dermatite de interface com vacuolização), 
porém com maior grau de necrose da epiderme. O diagnóstico diferencial é feito com as lesões bolhosas 
(pênfigos e penfigoides) e, principalmente, a síndrome da pele escaldada estafilocócica. Em nenhum 
desses diferenciais é vista a intensa necrose epidérmica na histopatologia.
TRATAMENTO
Considerada emergência dermatológica, exige internação em UTI, de preferência com manejo para 
“grandes queimados”; isso deve ser proposto mesmo a casos que inicialmente se apresentem de forma 
leve, pois é impossível prever qual evoluirá para óbito. O suporte clínico é, talvez, a melhor terapia, 
pois não há consenso com relação a medicações imunossupressoras, como os corticoides e outros. O 
cuidado com as feridas evita a formação de cicatrizes incapacitantes, e isso é importante principalmente 
no acometimento ocular, no qual podem restar sequelas irreversíveis que levam à cegueira em até 40% 
dos casos. Há uma escala de pontuação denominada SCORTEN, que deve ser feita na admissão e no 3º 
dia de internação com chance de sobrevivência de 65% para pontuação 3 e menos de 10% se maior do 
que 5. O debridamento de áreas de necrose com uso de curativos biológicos é recomendado. Alguns 
trabalhos relatam boa resposta com o uso de imunoglobulina intravenosa, e esse tratamento já está 
incorporado em vários centros de referência. Não é indicado o uso de antibióticos sistêmicos ou tópicos 
(principalmente derivados da sulfa) como medida profilática.

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