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Reações Adversas a Drogas: Conceito, Epidemiologia e Fisiopatologia

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 1 
 
• Conceito 
Pela OMS, uma reação adversa à droga é qualquer consequência não terapêutica do uso dela, com exceção 
do ABUSO, ENVENENAMENTO e da FALHA TERAPÊUTICA. A reação cutânea adversa à droga é constituinte 
do grupo das reações adversas, sendo a forma MAIS FREQUENTE de reação – é considerada como qualquer 
efeito indesejável na estrutura ou função da pele, dos anexos cutâneos ou das mucosas. 
As reações adversas às drogas (RAD) podem ser dose-dependentes, relacionadas à ação farmacológica já 
conhecida ou podem ser independentes da dose e não associadas à ação farmacológica da droga. A partir 
disso, as RADs foram divididas em: 
Tipo A: dose-dependentes e previsíveis. Representam 85-90% das reações. 
Tipo B: dose independentes e imprevisíveis. Representam 10-15% das reações. 
Algumas características clínicas das RAS ajudam a enquadrá-las como MECANISMO ALÉRGICO ou 
MECANISMO NÃO-ALÉRGICO: as RADs com base alérgica costumam ser precedidas por um período de 
sensibilização, são restritas a um número limitado de SÍNDROMES com mecanismos imunopatológicos 
conhecidos/presumidos (IgE e células T) e remitem com o término da exposição ao fármaco! Assim, quando 
a reação acontece na PRIMEIRA DOSE do fármaco, isso significa que o doente foi previamente sensibilizado 
por uma reação cruzada ou a reação NÃO É IMUNE! 
• Epidemiologia 
Informações precisas sobre as RADs não são fáceis de se obter, principalmente pela dificuldade na 
confirmação da relação causa/efeito. Ainda assim, sabe-se que as RAS do tipo CUTÂNEAS são as mais 
comuns – há um risco de 1-3% na população geral e 6-30% na população hospitalizada. Fatores de risco 
consagrados para uma RAD incluem asma, uso de betabloqueadores, doença cardiovascular, atopia, história 
prévia de RAD (pessoal e familiar). A atopia aumenta a PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA, mas não a 
frequência ou gravidade da reação! 
Já quanto aos fatores relacionados à droga em si, destacam-se: alto peso molecular, capacidade de ligação 
covalente com proteínas carregadoras e o padrão de exposição à droga (pulsos terapêuticos tem maior risco). 
Dentre as drogas com características de maior predisposição a causar uma RAD, existem aquelas com maior 
risco de RAD CUTÂNEA, que são: betalactâmicos, AAS, AINES, anticonvulsivantes, betabloqueadores, ACO, 
diuréticos, antirretrovirais. 
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 2 
 
• Fatores de Risco para RAD 
Serão divididos em fatores relacionados ao medicamento, ao esquema terapêutico e ao doente. 
Relacionados ao Medicamento – Para um composto ser do tipo imunogênico é preciso que haja um PESO 
MOLECULAR FAVORÁVEL (<1000 daltons), o que permite que suas moléculas funcionem como HAPTENOS 
que se ligarão a proteínas carregadoras! Os betalactâmicos, por exemplo, são muito reativos (haptenos), 
enquanto outras drogas, como o sulfametoxazol, necessitam ser CONVERTIDOS em um metabólito reativo 
(pró-hapteno). Além disso, existem as drogas intrinsicamente NÃO REATIVAS (não-hapteno), mas que podem 
se tornar imunogênicas por meio de LIGAÇÕES NÃO COVALENTES com receptores imunes, como os das 
células T. 
Relacionado ao esquema terapêutico – a DOSE e a VIA DE ADMINISTRAÇÃO influenciam na frequência das 
reações adversas – por exemplo: o uso repetitivo e intermitente é mais provável de desenvolver uma RAD do 
que no uso contínuo e ininterrupto. Além disso, a administração PARENTERAL é mais imunogênica do que a 
via ORAL. 
Relacionado ao hospedeiro – São fatores que interferem na forma com a qual a droga é processada. Os 
estudos demonstram que as MULHERES SÃO MAIS ACOMETIDAS por RADs do que os homens (70% vs 30%). 
Além disso, as RADs são mais frequentes já na vigência de alguma doença existente, por exemplo a 
HIPERSENSIBILIDADE A AINEs é mais comum em ASMÁTICOS, enquanto os pacientes HIV positivos têm 10 a 
100x mais reações cutâneas do que um indivíduo HIV negativo. 
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• Fisiopatologia 
1) Mecanismos metabólicos 
Como visto, algumas drogas (pro-haptenos) necessitam da conversão para produtos QUIMICAMENTE 
REATIVOS, que é um processo obtido por meio do metabolismo da droga, geralmente feito em duas etapas: 
➔ Reações de fase I: Oxidação, redução ou hidrólise 
➔ Reações de fase II: Conjugação (glucorinização, sulfatação e acetilação) 
As reações de oxidação (fase I) são catabolizadas por várias enzimas, como citocromo P-450, prostaglandina 
sintetase e as peroxidases teciduais. Já na fase II, as enzimas envolvidas são outras, como epóxi-hidrolase, 
glutatione S-transferase e N-acetil-transferase. A grande maioria das drogas NÃO É REATIVA, necessitando 
um metabolismo inicialmente antes de formar reativos quimicamente instáveis que irão ser conjugados. 
Quando há um desequilíbrio entre a FORMAÇÃO DE METABÓLITOS e a capacidade das enzimas de 
DETOXIFICÁ-LOS, haverá a ligação dos compostos a outras moléculas, podendo causar: 
➔ Morte celular 
➔ Mutações por interações com ácidos nucleicos 
➔ Agir como HAPTENOS e desencadear resposta IMUNOLÓGICA!!! 
Algumas drogas NÃO SÃO capazes de ligar-se a outras moléculas, como as penicilinas e o captopril, que 
serão reconhecidos como ANTÍGENOS pelas células apresentadoras de antígenos, causando ativação das 
CÉLULAS T e/ou B, o que determina uma resposta imunológica ESPECÍFICA. Já as drogas/metabólitos 
capazes de se ligar a moléculas carregadoras, como aquelas que serão conjugadas a receptores de célula T 
ou ao MHC classe I ou I, causarão um reconhecimento imunológico INESPECÍFICO e AMPLO! 
Uma enzima muito importante no processo de formação de metabólitos REATIVOS é o CITOCROMO P450, 
que, inclusive, tem grande relação com a HERANÇA GENÉTICA individual. Por exemplo, a reação de 
HIPERSENSIBILIDADE À SULFA ocorre em 1 caso para cada 10.000 indivíduos da população geral – irmãos 
desses pacientes tem um risco aumentado sendo agora 1 caso a cada 4 indivíduos. Além dessa enzima, 
estudos mostram que aqueles indivíduos com POLIMORFISMO para a a N-acetil-transferase (NAT) os torna 
ACETILADORES LENTOS, podendo conduzir a certas reações bolhosas quando expostos a determinadas 
drogas – esse polimorfismo é fator de risco conhecido para NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA (NET) e 
SÍNDROME DE STEVENS JOHNSON quando expostos a sulfonamidas!! Vale destacar que não é 
UNICAMENTE o padrão de acetilador lento que irá determinar as RADs, é necessária uma associação a 
alterações do citocromo P450 também. 
Entre pacientes HIV positivos, foi percebida uma ALTA FREQUÊNCIA de RADs a sulfonamidas o que levou a 
conclusão, após estudos, que há maior prevalência de ACETILADORES LENTOS nesse grupo de pacientes, 
além de alterações nas VIAS OXIDATIVAS (citocromo P450). 
A pele é o maior órgão do corpo humano e a interface primária entre meio ambiente e organismo. Esse 
órgão também apresenta atividade metabólica, portanto contém as enzimas da fase I e II, além de células de 
Langerhans, linfócitos T e células dendríticas. Essa combinação de fatores pode explicar o porquê da pele ser 
o órgão mais acometido pelas RADs!! 
–
 
 4 
 
2) Mecanismos Imunológicos 
As RADs podem ser divididas em tipos (no quadro do primeiro tópico), sendo as IDIOSSINCRÁTICAS as mais 
relevantes, uma vez que estão relacionadas com fatores INDIVIDUAIS e 
IMPREVISÍVEIS, podendo ser fatais até mesmo com doses mínimas. Desses 
tipos de reações, 30% são alérgicas, enquanto as demais são autoimunes, 
fotossensíveis e as pseudoalérgicas. Para o desenvolvimento clínico das RADs, 
são necessários dois mecanismos: 
➔ A droga deve funcionar como um antígeno 
➔ A droga interfere com mecanismos metabólicos no indivíduo, o que 
desencadeia reações SEMELHANTES às reações imunológicas, embora 
não haja participação do sistema imune → a isso se dá o nome de 
PSEUDOALERGIA. 
As drogas necessitam de associação com um PROTEÍNA/PEPTÍDEO que faça a intermediação para que 
interaja com o sistema imune. Assim, a droga precisa ser processada pelas CÉLULAS APRESENTADORAS DE 
ANTÍGENOS,como a célula de Langerhan, e apresentada ao LINFÓCITO T. Caso o antígeno seja 
reconhecido, haverá uma RESPOSTA IMUNOLÓGICA. Dessa forma, percebe-se que os linfócitos T estão 
diretamente envolvidos na patogênese das RADs. Reações bolhosas mostram predomínio da resposta TH1 de 
citocinas (IL2, IF-gama) e as reações exantematosas mostram predomínio TH2 de citocinas (IL4, IL5, IL13). 
Resumo disso: a manifestação cutânea varia de acordo com o padrão de resposta! 
➔ Reações Imediatas Mediadas por IgE 
1) Fase imediata – As manifestações desse grupo incluem ANAFILAXIA, URTICÁRIA, ANGIOEDEMA, 
ASMA e RINOCONJUNTIVITE. As principais células envolvidas nessas menifestações são os 
MASTÓCITOS e os BASÓFILOS, uma vez que possuem receptores com alta afinidade para IgE. Assim, 
a droga/seus metabólitos se ligam ao IgE que está ligado ao mastócito, o que desencadeia a 
LIBERAÇÃO DE GRÂNULOS ricos em enzimas, histamina, quimiocinas. 
a. Drogas causadoras: betalactâmicos, pirazolonas, sulfonamidas 
2) Fase Tardia – As manifestações desse grupo incluem VASCULITES, PÚRPURAS 
PIGMENTOSAS, ERITEMA MULTIFORME, ERITEMA NODOSO e DOENÇA DO 
SORO, que ocorrem horas ou dias após o uso da droga. O processo 
fisiopatológico aqui envolve a formação de IMUNOCOMPLEXOS com 
consequente ativação do sistema complemento OU com ligação de anticorpos às 
células que já estão ligadas à droga, desencadeando uma cascata citotóxica. 
a. Drogas causadoras: são mais difíceis de serem definidas – Penicilinas, 
sulfonamidas, pirazolonas e contraceptivos. 
 
➔ Reações Retardadas – A base fisiopatológica é a mesma da dermatite de contato, sendo que fatores 
irão definir a intensidade da reação, como: droga utilizada, veículo, área e presença de solução de 
continuidade. Nessas reações, há presença de linfócitos TCD8+ com liberação de citocinas com 
padrão TH1, o que irá ativar os MACRÓFAGOS e LINFÓCITOS T citotóxicos. 
o Drogas causadoras: Betalactâmicos 
 
➔ Erupções Bolhosas – As RADs bolhosas são o tipo mais PERIGOSO para os pacientes, perdendo apenas 
para o choque anafilático em gravidade. Os exemplos desse tipo de reação são as ERUPÇÕES FIXAS 
MEDICAMENTOSAS, a NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA, a SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON. 
Análises histoquímicas dessas lesões demonstram a presença de LTH1 e Linfócitos T citotóxicos contra 
queratinócitos, o que causa a apoptose desses. 
o Drogas frequentes: dipirona, anticonvulsivantes, sulfonamidas, AINEs, alopurinol, 
betalactâmicos. 
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 5 
 
➔ Reações de Fotossensibilidade – são decorrentes da interação entre droga/metabólito e a luz, podendo 
ter efeito tóxico por si só ou mediado pelo sistema imune. 
➔ Autoimunidade induzida por drogas – as drogas podem induzir doenças autoimunes, como pênfigos, 
penfigoides ou lúpus. Anticorpos das classes IgG e IgM anti-histona são observados em paciente com 
lúpus induzido por drogas. Geralmente, a droga/metabólito exercem efeito direto no sistema imune, 
ou há ligação ao DNA ou a proteínas que serão reconhecidos pelo sistema imune 
➔ Reações Pseudoalérgicas – as manifestações clínicas são de alergia, mas são decorrentes da liberação 
de MEDIADORES DE MASTÓCITOS E BASÓFILOS sem que haja participação do sistema imune! A 
pseudoalergia mais conhecida é decorrente do uso de AINEs – as manifestações parecem aquelas 
decorrentes da mediação por IgE, mas são consequência do aumento da formação de 
LEUCOTRIENOS. 
 
• Erupções Medicamentosas Clássicas 
1) Formas clínicas de menor gravidade 
a. Prurido – Costuma ACOMPANHAR a maioria dos outros tipos de RADs, podendo ser, também, de 
forma isolada, como na reação ao ouro, sulfonamidas, ACO, opiáceos, AAS. 
Clinicamente, costuma NÃO HAVER LESÃO CUTÂNEA, podendo existir 
apenas escoriações ou pápulas eritematosas – esse fato permite que haja 
confusão com escabiose. 
i. Tratamento – retirada do fármaco e uso de anti-histamínico para inibir 
o prurido. Esse pode persistir por até 2 semanas após a retirada da 
droga. 
b. Exantemas – Dentre as RADs cutâneas, essa é a MAIS FREQUENTE ocorrendo 
entre 31-95% dos casos – está inclusa no grupo B de RADs, pois é imprevisível 
e em indivíduos susceptíveis. Praticamente qualquer droga pode desencadear o exantema, sendo mais 
comum em betalactâmicos, sulfonamidas, alopurinol, anticonvulsivantes, quinolonas e AINEs. Os 
sintomas costumam ser GENERALIZADOS, SIMÉTRICOS de início no tronco/áreas de pressão/trauma 
entre 4-14 dias após o uso da droga – caso o indivíduo já seja sensibilizado, esse tempo diminui para 
entre 1-3 dias. São lesões que costumam evoluir bem com desaparecimento espontâneo com 1-2 
semanas após a cessação da droga, porém pode evoluir para DERMATITE ESFOLIATIVA se não houver 
essa retirada. 
i. Lesões – são do tipo PLEOMORFICAS (anular, policíclicos, urticariforme) e confluentes em regiões 
intertriginosas. Na face, é edematosa e no tronco é maculopapular. O quadro clínico pode ser 
exantema morbiliforme/escarlatiniforme (DDX com infecções). O exame HISTOPATOLÓGICO é 
valioso nesses casos, pois permite a visualização de dermatite de interface VACUOLAR com 
linfócitos na junção dermoepidérmica onde são observados queratinócitos mortos. 
ii. Tratamento – interrupção da droga e uso de anti histamínico caso haja prurido. Quando houver 
certeza de que não é de origem VIRAL, pode-se utilizar CORTICOIDES tópicos e orais. 
c. Eritrodermias – É a disseminação de um quadro maculopapular para mais de 80% da superfície 
corporal – drogas relacionadas: AAS, sulfassalazina, tetraciclinas, gentamicina, cetoconazole, sulfas, 
captopril, anticonvulsivantes, alopurinol. Após um período de 1-4 semanas do uso da droga surge o 
prurido + eritema difuso + linfadenopatia. DDX com eritrodermias de outras causas. 
d. Urticárias – Está entre as RADs cutâneas mais frequentes e costuma estar acompanhada de 
ANGIOEDEMA, podendo ser resultantes de reações de Gell e Coombs tipo 1 (IgE-mediadas) ou do 
tipo 3 (imunocomplexos), ou ser do tipo pseudoalérgica, como quando ocorre com o AAS. 
i. Drogas causadoras frequentes – AINEs, penicilina, penicilinas semissintéticas, cefalosporinas e 
amoxicilina. Os meios de contraste podem causar urticária por LIBERAÇÃO DE HISTAMINA 
(associação com prurido ou eritema), que costuma iniciar 10-15 mins após administração do 
contraste. 
ii. Fisiopatologia – O principal mediador das urticárias é a HISTAMINA, que irá desencadear o 
prurido e aumentar a permeabilidade capilar. Quando há associação com ANGIOEDEMA, a 
BRADICININA tem papel importante. Existem fármacos que atuam DIRETAMENTE na 
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degranulação dos mastócitos (com consequente liberação de histamina), como os opiáceos, 
tiamina, relaxantes musculares à base de amônio quartenário, ciprofloxacina e vancomicina. 
iii. Clínica – a urticária desenvolve-se cerca de 15 mins após a administração da droga (isso depende 
do mecanismo de liberação de histamina). As placas urticárias são GENERALIZADAS e o 
PRURIDO é constante. Quando há angioedema (60% dos casos), há predileção por olhos, lábios, 
língua, mãos e pés – sendo de maior gravidade o angioedema de GLOTE, que pode levar à 
morte! As lesões costumam involuir entre 2-24h. Atenção para pacientes com urticária crônica, 
pois o uso de AINEs leva a agudização da urticária em 30% dos doentes. 
iv. Tratamento – suspensão imediata da droga, uso de anti-histamínicos por pelo menos 14 dias. O 
angioedema deve ser tratado com corticoesteroides e o paciente deve ser observado em ambiente 
hospitalar. 
 
e. Eritema Multiforme/Polimorfo – O eritema multiforme (EM) tem diversas causas, sendo uma delas a 
RAD. Atualmente, especula-se que o EM seja eventualmente relacionado às drogas, pois é mais comum 
em pacientes jovens que sofrem infecções de repetição pelo Herpes simplex – em crianças tem relação 
com infecções por Micoplasma pneumoniae. O EM é considerado um ESPECTRO de doenças, sendo 
que a maioria dos pacientes desenvolve a forma MINOR, queapresenta lesões típicas da EM limitadas 
a no máximo uma superfície bolhosa. Cerca de 20% evolui para a forma MAJOR ou Síndrome de 
Stevens Johnsons, em que há elevada mortalidade. 
i. Drogas associadas – pirazolonas, penicilinas, ampicilinas, tetraciclinas, sulfas, salicilatos, 
barbitúricos, anticonvulsivantes. Também há relação com algumas VACINAS (dT, hepatite b, 
varicela), infecções por vírus (varicela zóster, hepatite c, CMV, HIV). 
ii. Clínica – as lesões são POLIMÓRFICAS (máculas, pápulas, vesículas, 
bolhas) simetricamente distribuídas pelo tegumento, que persistem por 
semanas e podem causar risco de vida. Tem como característica a 
lesão em ALVO (em superfície extensora), que é uma mácula 
eritematosa cujo centro tem uma vesícula que é circundada por 
discreto halo edematoso e circundado por vesículas menores. Com a 
evolução da lesão, observa-se que o teto das lesões vesicobolhosas 
tornam-se enegrecidos por necrose da epiderme, o que ocasiona 
DESCAMAÇÃO. 
iii. Tratamento – anti histamínicos, corticoide tópico se não extenso e 
sistêmico se extenso. 
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f. Erupções Eczematosas – são erupções desencadeadas quando um paciente já foi PREVIAMENTE 
EXPOSTO por contato (inalação, ingestão ou aplicação), uma vez que essas lesões não costumam ser 
decorrentes de administração sistêmica, exceto por anti-histamínicos ou aminofilina, sais de outo, 
hipoglicemiantes orais. 
i. Sintomas – são iniciados dentro de 2 a 24h após a INGESTÃO do medicamento, podendo ser 
até 3 semanas. Caso ocorra por reação cruzada, as lesões aparecem no sítio da DERMATITE DE 
CONTATO PRIMÁRIA, podendo causar eritrodermia. Quando se fala de um uso TÓPICO, a 
reação eczematosa ocorre no LOCAL de aplicação – a principal droga de uso tópico que 
desencadeia esse tipo de reação é a NEOMICINA, embora corticoesteroides tópicos também 
possam causar isso. Também pode haver irritação da pele pelos VEÍCULOS dos fármacos ou do 
ADESIVO utilizado, o que deve ser suspeitado caso a lesão não melhore com o tratamento com 
determinada droga (significa que o veículo é o problema). 
ii. Tratamento – retirada da droga de suspeita + corticoterapia tópica + anti-histamínicos (para 
alívio do prurido) 
g. Fotodermatoses induzidas por drogas – esse grupo corresponde a cerca de 80% das RADs, sendo as 
lesões em regiões onde há EXPOSIÇÃO SOLAR – reação pode ser do tipo FOTOTÓXICA e 
FOTOALÉRGICA. Sindromicamente, o quadro mais comum é de FOTOTÓXICA, em que se assemelha 
a uma QUEIMADURA SOLAR – surge de 5 a 20h após exposição ao sol e ingestão/contato com a 
droga. Já a forma FOTOALÉRGICA é mais rara e costuma ser deflagrada por reação IMUNOLÓGICA 
tardia induzida por radiação UVB após 24 a 48h 
h. Erupções Liquenoides – São erupções papulares violáceas com ou sem envolvimento oral extensas, mas 
que envolvem mais as EXTREMIDADES e o TRONCO – seu desenvolvimento se dá semanas ou meses 
após o uso da droga (hipersensibilidade retardada). 
–
 
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i. Drogas que causam – antimaláricos, furosemida, ouro, captopril, metildopa, tiazídicos, 
hipoglicemiantes orais, carbamazepina, fenitoína, lítio e betabloqueadores. 
ii. Histologia – observa-se infiltrado inflamatório em faixa em íntima aposição com a epiderme, 
demonstrando variados graus de atrofia e/ou hiperplasia com degeneração epitelial, como 
vacuolização, disceratose e corpos coloides. Esse infiltrado costuma estar repleto de linfócitos com 
eosinófilos de permio, plasmócitos e histiócitos agrupados na DERME! 
i. Erupção Fixa Medicamentosa – é caracterizada pelo surgimento de uma ou mais lesões 
ACASTANHADAS ou ERITEMATOSAS eventualmente com BOLHA CENTRAL CIRCUNSCRITA que tem 
recorrência sempre no MESMO LOCAL após a administração da droga causadora – os locais de 
predileção são regiões periorificiais (face, genital e acral). Pode haver associação a PRURIDO, 
QUEIMAÇÃO ou DOR. Além da forma clássica, pode haver apenas ERITEMA, LESÃO URTICADA, 
HIPERMELANOSE PERIORBITAL. As lesões surgem de 30 mins a 8 horas após administração da droga. 
i. Fisiopatologia – a erupção fixa parece ser decorrente da expressão exacerbada do ICAM-1 pelos 
queratinócitos e expressão de E-selectina e de ADESÃO ENDOTELIAL pelo endotélio vascular. 
ii. Drogas causadoras – fenoftaleína, tetraciclinas, sulfonamidas, penicilinas, amoxicilina, 
trimetropin, antifúngicos... 
iii. Distribuição – pode ser LINEAR com lesões ao longo de estruturas anatômicas, como VASOS 
SANGUÍNEOS ou LINFÁTICOS e NERVOS, bem como o fenômeno de Koebner. 
j. Púpura – geralmente, quando a púrpura é decorrente de uma RAD, ela está acompanhada de OUTRAS 
REAÇÕES cutâneas às drogas, como ERITEMA MULTIFORME, VASCULITE NECROTIZANTE, ERITEMA 
–
 
 9 
 
NODOSO e ERUPÇÃO FIXA. A púpura decorre de VASCULITE ou de TROMBOCITOPENIA com 
mecanismo alérgico ou não alérgico subjacente. 
i. Mecanismo alérgico subjacente – a droga se liga aos TROMBÓCITOS e forma um complexo 
droga + IgE +trombócitos, que irá causar LISE PLAQUETÁRIA, causando as PETÉQUIAS na pele 
e HEMORRAGIAS nas mucosas. 
ii. Púpura não trombocitopênica – é uma coagulopatia causada, por exemplo, por doses 
exacerbadas de anticoagulantes que irão causar (petéquias) que progridem para hemorragias 
difusas (equimoses). 
iii. Drogas causadoras – AAS, AINEs, rifampicina, quinino, fenilbutazona, corticosteroides, heparina, 
cumarínicps 
k. Vasculite cutânea – é um termo HISTOLÓGICO que abrange vários quadros clínicos, podendo ser 
deflagrada por mecanismos imunes ainda não esclarecidos 
i. Quadro clínico – púrpura palpável das extremidades – dependendo da profundidade, podem 
haver máculas eritematosas, erupção purpúrica maculopapulosa, pápula urticada, púrpura. 
ii. Drogas causadoras – virtualmente qualquer droga pode causar vasculite em um paciente 
predisposto. 
l. Vasculite leucocitoclástica – é caracterizada por infiltrado perivascular e intersticial esparso, neutrofílico, 
acompanhado por suave deposição de fibrina nos vasos e hemorragia na derme. 
m. Erupções Acneiformes – é resultado da hiperplasia do folículo pilossebáceo por ação das seguintes 
drogas: andrógenos, ACTH, ACO, corticoterapia sistêmica prolongada, anticonvulsivantes, lítio. Essas 
erupções são MONOMORFAS INFLAMATÓRIAS, o que permite diferenciá-las da acne vulgar. Costuma 
surgir em regiões onde habitualmente não há acne e não tem relação com a idade. 
 
 
 
 
 
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2) Formas Clínicas Graves 
São formas que necessitam de INTERNAÇÃO HOSPITALAR, até mesmo em UTI, com observação dos sinais 
vitais e da função dos órgãos internos. São integrantes desse grupo: ANAFILAXIA, SÍNDROME DE STEVENS-
JOHSON, NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA, SÍNDROME DE HIPERSSENSIBILIDADE À DROGA, 
ERITRODERMIAS, PUSTULOSE EXANTEMÁTICA AGUDA GENERALIZADA. 
a. Anafilaxia 
Ocorre pelas mesmas drogas que causam urticária, porém ocorrem alterações RESPIRATÓRIAS, como 
broncoespasmo, sintomas rinoconjuntivais, angioedema de glote e diminuição da pressão arterial – choque 
anafilático. A anafilaxia costuma ocorrer nos primeiros 30 minutos após ingestão da droga, sendo raras as 
reações TARDIAS. 
b. Espectro clínico ERITEMA POLIMORFO, SÍNDROME STEVENS-JOHNSON e NECÓLISE EPIDÉRMICA 
TÓXICA 
Os autores concordam que o espectro há um espectro contínuo que vai desde ERITEMA MULTIFORME MINOR 
até NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA → eritema multiforme bolhoso, síndrome de Steven-Johnson (SSJ), 
necrólise epidérmica tóxica e necrólise epidérmica tóxica sem máculas. 
➔ Eritema Multiforme – É uma doença aguda, autolimitada e caracterizada por lesões simetricamente 
distribuídas com predomínio acral e com lesões concêntricas em alvo. Assim, foi proposta uma 
classificação em EM MINOR e EM MAJOR. A forma major é constituída de EROSÕES MUCOSAS e 
LESÕES CUTÂNEAS em alvos típicos com ou sem bolhas de distribuição SIMÉTRICA e preferencialmente 
acral. A SSJ é representada por ERUPÇÕES MUCOSAS e MÁCULAS PURPÚRICAS disseminadas e 
confluentes.Sendo assim, a EM seriam os casos recorrentes, pós-infecciosos ou relacionados a 
exposição a fármacos com baixa letalidade. Já a SSJ é uma reação adversa à droga com ALTA 
MORBIDADE e prognóstico reservado. Diante disso, foi realizada uma classificação das lesões: 
o Descolamento epidérmico: perda da epiderme 
o Alvos típicos: lesões com menos de 3cm de diâmetro, em disco, bordas bem definidas com 
pelo menos 3 zonas distintas: 2 halos concêntricos em torno de um disco central. 
o Alvos atípicos planos: lesões sem relevo, redondas ou em disco com duas zonas e/ou bordas 
não bem definidas. 
o Alvos atípicos elevados: lesões redondas ou em disco, palpáveis ou elevadas, sem as duas 
zonas e/ou bordas bem definidas 
o Máculas: máculas eritematosas ou purpúricas, formato irregular com ou sem bolhas. 
 
 
SSJ = casos com erosões mucosas e máculas púrpuricas disseminadas e destacamento da epiderme abaixo 
de 10% 
Sobreposição ou transição SSJ/NET = destacamento epidérmico entre 10-30% da superfície corporal 
NET = casos com máculas purpúricas disseminadas e destacamento epidérmico > 30% 
 
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Síndrome de Steven-Johnson (SSJ) 
Tem incidência estimada de 1-6 casos/milhão de habitantes.ano, 
sendo mais elevada em pacientes HIV positivo. É uma doença 
caracterizada por lesões semelhantes ao eritema polimorfo, porém 
com MÁCULAS PURPÚRICAS e BOLHAS AMPLAMENTE DISTRIBUÍDAS 
ou até mesmo LESÕES EM ALVOS ATÍPICOS na região de dorso das 
mãos, pés, plantas dos pés e mãos, região extensora das 
extremidades, pescoço, face, orelhas e períneo. Quando há BOLHAS, 
não há destacamento epidérmico maior que 10%!! O envolvimento 
MUCOSO ocorre em duas superfícies mucosas distintas e pode 
PRECEDER ou SUCEDER o envolvimento cutâneo. 
O início da SSJ costuma ser com ENANTEMA e EDEMA que originam 
EROSÕES e formações PSEUDOMEMBRANOSAS nos olhos, bocas, 
genitais, faringe e VAS. Cerca de 10-30% dos casos ocorrem com 
FEBRE, LESÕES NO TGI E RESPIRATÓRIO. A mortalidade geralmente 
é INFERIOR A 5%, sendo a principal causa de morte a SEPSE. 
Tratamento – suspensão de qualquer droga não essencial à vida, com 
início da reposição de fluidos EV caso o pct tenha lesão de mucosa 
que impeça a ingestão de líquidos. O paciente deve ser isolado e a alimentação deve ser por SONDA 
NASOGÁSTRICA, pois o paciente apresenta perda calórica e proteica. Os CORTICOESTEROIDES só deverão 
ser iniciados nas PRIMEIRAS 48H!! A observação dos sinais vitais e das perdas hídricas deve ser RIGOROSA! 
 
Necrólise Epidérmica Tóxica (NET) 
É uma doença marcada pelo extenso DESTACAMENTO DA EPIDERME 
por necrose, sendo uma reação RARA na população geral (1,3 
casos/milhão) e mais frequente nos pacientes com SIDA (1 caso/mil) com 
prevalência maior em mulheres. 
Clinicamente, a NET inicia com sintomas inespecíficos – fase prodrômica-
, como febre, dor de garganta, tosse e queimação ocular. Após 1-3 dias 
inicia o quadro CUTÂNEO-MUCOSO geralmente com uma erupção 
ERITEMATOSA na face e na parte superior do tronco, com extensão 
craniocaudal com sintomas de QUEIMAÇÃO DE PELE. As lesões 
individuais costumam ser MÁCULAS ERITEMATOSAS de contornos mal 
definidos com centro PURPÚREO – progressivamente vão para tórax e 
dorso. Depois de 2 a 5 dias, há o estabelecimento completo do quadro 
cutâneo. 
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A epiderme se torna elevada pelo conteúdo SEROSO DAS BOLHAS, as quais irão confluir e provocam 
RUPTURA E DESCOLAMENTO, dando aspecto de grande queimado ao paciente – derme desnuda, sangrante, 
eritemato-purpúrica, com eliminação contínua de serosidade, o que contribui para desequilíbrio 
hidroeletrolítico. As áreas de pele submetidas à pressão, como ombros posteriores, dorso e nádegas são as 
PRIMEIRAS A LIBERAREM O RETALHO DE PELE. 
Febre alta ou hipotermia podem ocorrer pelo desequilíbrio termorregulatório – a queda abrupta da 
temperatura é mais indicativa de sepse do que a própria febre – também pode ser percebido agitação 
psicomotora, confusão mental. 
Comprometimento sistêmico: TGI há erosões no esôfago, estenose esofágica, elevação das transaminases, 
colite pseudomembranosa e pancreatite. Trato respiratório: erosões traqueobrônquicas, edema intersticial 
pulmonar.

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