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AV 2 - História da Psicologia (Psicanálise e a história da Psiquiatria)

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Aluna: Sofia Victória Alves Farias 
Questão 6: Quais são os procedimentos que constituem as provas de realidade da 
psiquiatria no século XIX? Como eles são herdados pela psicanálise? 
 As provas de realidade são elementos/componentes decisivos para a constituição e 
justificação do projeto/tratamento psiquiátrico (a objetificação/transformação do louco 
enquanto doente mental, as experiências enquanto sintomas, o estabelecimento da relação 
de poder médico/paciente). A psiquiatria nesse período lida com dois pontos que 
influenciarão todo esse projeto: 
 Centralidade de um diagnóstico absoluto – o principal objetivo seria estabelecer se 
havia ou não o diagnóstico de loucura (o que justificava a internação do louco no 
manicômio). A questão de um diagnóstico diferenciado/específico (que compreende a 
diferença dos transtornos mentais, e possibilita um tratamento adequado ao indivíduo) era 
postergada, não era o foco principal. 
 Ausência do corpo – a medicina moderna tratava a doença pelo conhecimento do 
corpo. Ao reconhecer os processos fisiológicos podia se localizar a doença e trata-la. A 
psiquiatria por lidar com essa “ausência de um corpo”, tentava tratar a loucura e atribuir 
as patologias psicológicas ao corpo. 
 Assim, por não poder lidar com uma observação minuciosa do corpo, a psiquiatria 
vai estabelecer provas de realidade. Essas provas tinham como objetivo principal 
identificar/legitimar o diagnóstico de loucura que possibilitaria a internação e estabelecer 
o poder disciplinar entre psiquiatra e louco. 
 ANAMNESE/INTERROGATÓRIO - Tinha o principal objetivo de investigar o 
passado do louco, tentando estabelecer conexões com a doença e fazendo o indivíduo se 
reconhecer em sua realidade. Era composta por 4 elementos - A) Pesquisa de 
antecedentes: ao tentar estabelecer uma causa biológica para a loucura, essa pesquisa se 
estende para fora do indivíduo e busca conhecer o histórico familiar do paciente tentando 
localizar a doença no interior da família. Essa tentativa de se estabelecer uma 
hereditariedade se dá para lidar com a ausência do corpo (se o indivíduo é doente e a 
família também apresenta o mesmo quadro é por que foi transmitido geneticamente), é 
um meio para “materializar” a doença mental. B) Pesquisa de pródromos: uma 
investigação do passado do indivíduo, muitas vezes buscando na infância, sinais que não 
eram sintomas evidentes, mas sim anomalias que insinuariam a doença mental. 
C) Responsabilidade x subjetividade: vincula o indivíduo a sua identidade de louco. Essa 
conexão faz o louco compreender a sua realidade, reconhecendo as suas experiências 
como sintomas, como um problema. Assim, o mesmo não é mais responsável por si, é 
“eximido” da culpa e precisa ser tutelado pelo psiquiatra. D) Confissão: o louco 
“confessa” suas experiências, que são acolhidas para se tentar chegar ao núcleo da doença 
mental pelo estabelecimento de sintomas. 
 DROGAS/SONHO – Apesar das drogas já serem usadas para tratamento 
psiquiátrico, Moreau de Tours foi o psiquiatra que analisou e formulou hipóteses sobre 
as drogas e o estado de sonho relacionando-os à loucura. Assim, ao se ingerir drogas um 
indivíduo normal apresentaria sintomas coincidentes ao da loucura. Com isso, o poder 
psiquiátrico pode exercer um domínio sobre loucura, pois o psiquiatra poderia 
experimentar as mesmas sensações que o louco. A conclusão encontrada, então, se 
relacionava aos sonhos, pois esse é comum tanto ao louco quanto ao são, o sonho se nutre 
da realidade externa e não obedece às leis da natureza. Desse modo, Moreau de Tours 
formula a hipótese de que a loucura é o estado onde a barreira entre sonho e vigília é 
rompida, é onde o sonho invade a realidade. Um indivíduo são só experimentaria essa 
situação sob o efeito do uso de drogas (permitindo que o sonho rompesse a barreira da 
vigília). 
 MAGNETISMO/HIPNOSE – No magnetismo a hipótese elaborada consiste em 
confiar ao doente o papel do médico no período clássico (conhecer a doença, suas causas 
e sintomas, a forma de combatê-la etc), aqui o psiquiatra perde um pouco do seu domínio 
sobre o louco. Justamente por isso, por essa diminuição do poder do médico, esse método 
perde forças para a hipnose, onde o poder do psiquiatra é quase que total, pois esse é 
quem conduz o louco a uma espécie de adestramento, um adequamento moral e 
intelectual. Assim, a hipnose tinha o objetivo de remir/fazer cessar os sintomas e dominar 
o louco (pois o mesmo ficava sob total dependência dos comandos do psiquiatra). 
 Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise faz uso de muitos desses elementos 
utilizados pela psiquiatria. No início de sua carreira Freud estudou a histeria – sintomas 
que aparentemente não tinham nenhuma causa biológica, não eram encontrados 
“problemas” nas estruturas relacionadas. A ideia que se tinha na época, por não 
conseguirem lidar com essa ausência de corpo, esses sintomas que supostamente não 
podiam ser explicados, era de que as pacientes estariam fingindo. Freud, entretanto, 
utiliza da hipnose para tentar identificar a causa desses sintomas que não estariam 
relacionadas somente ao físico. Esse método foi utilizado por ele para tentar acessar 
memórias/lembranças escondidas – que podiam ter origem na infância – e que eram causa 
do sofrimento (traumas que foram recalcados). Apesar disso, Freud percebe alguns 
problemas com relação ao método, como por exemplo, os sintomas sofriam remissão - 
mas bastava um período de afastamento que eles retornavam -, e nem todos os pacientes 
conseguiam estar sob o controle da hipnose, o que sugeriria a sua ineficácia. 
 Freud observou também que a hipnose necessitava da sugestão (o próprio 
terapeuta deveria sugerir fatores ao paciente, o que o tornava extremamente dependente 
do médico). Desse modo a hipnose vai sendo rejeitada e a psicanálise se aproxima de uma 
nova técnica: a associação livre, que se aproxima da prática do interrogatório. Esse novo 
método defende a “cura pela fala”. A expressão do paciente seria muito mais importante 
do que a sugestão do médico, pois o paciente sabe o que lhe afeta e quase que em uma 
“confissão” vai deixar os conteúdos do inconsciente emergirem. Diferentemente da 
hipnose, a associação livre permitiria uma análise do indivíduo sem interferência – o que 
permitiria que as resistências do sujeito ficassem evidentes por meio de sua fala. 
 Essas resistências são importantes pois apontariam para o inconsciente (o 
conteúdo recalcado que compõe o sujeito) e que posteriormente Freud aprofunda em sua 
teoria sobre os sonhos. Para o psicanalista interessava estudar esse fenômeno comum a 
todos – tanto loucos como sãos - mais por um viés que permitiria a análise do inconsciente 
(o psiquismo, esse mecanismo de constituição e funcionamento do indivíduo) do que por 
um viés puramente interpretativo. Freud defendia que os sonhos eram a expressão do que 
foi recalcado e aparece de maneira absurda e muitas vezes intangível. É uma situação que 
não foi processada e aparece de forma a tentar aliviar, deixar fluir os desejos/pulsões do 
inconsciente.

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