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AULA 6 ETAPA 1 PEDIATRIA OBJETIVOS - Conceito epidemiologia das principais dores recorrentes na infância: cefaleia, dor abdominal e dores em membros - Conceitos de dor abdominal orgânica, funcional, crônica - Critérios diagnósticos de dores abdominais crônicas na infância - Critérios diagnósticos e abordagem de cefaleias crônica na infância - Critérios diagnósticos e abordagem de dores recorrentes em membros CONCEITO - Ocorrência de pelo menos três episódios de dor, durante um período de pelo menos três meses, com intensidade suficiente para interferir nas atividades habituais da criança Algumas dores crônicas o tempo pode ser encurtado para dois meses, como cefaleia EPIDEMIOLOGIA - Brasil: dados de prevalência não são bem estabelecidos, porém estudos extrangeiros mantem: ▪ 20,6% - cefaléia ▪ 15,4% - dor em membros ▪ 14,4% - dor abdominal INTRODUÇÃO “Uma mãe traz seu filho de 7 anos à consulta referindo que o menino queixa de dor abdominal há 2 anos, semanalmente, e que já o levou a muitos médicos, os quais realizaram vários exames de fezes, todos negativos. Ela está muito preocupada, pois ninguém descobre a causa da dor, e, apesar de dizerem que não se trata de nada sério, o menino continua a ter dor.” Caminhos que o médico pode tomar: - Origem funcional em 90% dos casos, significa que em 90% dos casos não se identifica condição patológica subjacente (anatômica, infecciosa, inflamatória, metabólica ou neoplásica). - Pensar sempre em Síndrome de Munchausen por Procuração como um diagnóstico diferencial. - As dores são caracterizadas por períodos assintomáticos entre as crises, quadro clínico crônico não progressivo (vai e volta com características semelhantes). - CPE (crescimento) e DNPM (desenvolvimento) preservados. - Ao primeiro momento tem-se normalidade do exame físico. - Refletir sobre distúrbios emocionais na criança ou na família, ou de relacionamento no âmbito escolar ou familiar. NECESSÁRIO: ▪ Acompanhamento clínico ▪ Analgesia somente se precisar ▪ Acolher a família sem dramatizar ▪ Evitar condutas simplicistas e de supervalorização (evitar solicitação indiscriminada de exames complementares, evitar jornadas exaustivas financeira e emocionalmente) CEFALEIA Queixa frequente em 30 a 50% dos escolares e até 75% dos adolescentes. VER FAIXAS ETÁRIAS • Antes da puberdade mais comum em meninos. • Após puberdade mais frequente em meninas 2:1. • Migrânea: forte componente hereditário Tipos Primária: migrânea (enxaqueca) – causas mais frequentes • Outras: Tensional (), em salvas () e Hemicrania paroxística (dor de um lado só da face) - Prevalência de 7 a 12 anos – 10,5% tem cefaleia primaria Secundárias (a algum processo orgânico): TCE, processos infecciosos (infecções de vias aéreas superiores como otite, faringite, sinusite), doenças sistêmicas como anemia falciforme (vasculopatias, AVCs), doenças metabólicas, hidrocefalia, intoxicações medicamentosas ou de outra natureza, neoplasias ANAMNESE Há quanto tempo elas estão presentes? As dores estão piorando? Qual frequência? Duração? Localização? As dores são precedidas ou acompanhadas por sintoma específico? Há necessidade de interromper as atividades durante a cefaleia? Problemas médicos crônicos concomitantes? Fatores de melhora e piora? Uso crônico de alguma medicação? Antecedentes familiares? EXAME FÍSICO Exame físico é importante para excluir doenças sistêmicas que possam levar a cefaleia. Avaliação pressão arterial. Exame da cabeça: sinusopatia, traumas e patologias do couro cabeludo, odontológicas e musculares (ATM, região cervical). Nível de consciência, pares cranianos, sinais meníngeos, marcha, força, equilíbrio, provas cerebelares, sensibilidade, fala, memória, escrita, reflexos tendinosos profundos – VER ESSA PORRA! Lesões de pele, sopros, pulsos periféricos. Sinais de alerta: apresentação atípica, ausência de história familiar positiva, piora progressiva, ataxia, alteração pares cranianos, estrabismo, nistagmo, diplopia, convulsão, hemiparesia. • Importante: neoplasias cerebrais são raras na infância (mas existem). ... Migrânea infantil Dor moderada a intensa e interrompe frequentemente as atividades • Ocorre de 1 a 4 vezes ao mês • tem duração de 4 a 72 horas; uni ou bilateral • localização frontotemporal • intensifica-se com atividades físicas • fotofobia e fonofobia • fatores precipitantes: privação de sono, jejum prolongado e determinados alimentos (chocolate, corantes, queijos amarelos, glutamato monossódico, nitritos frutas cítricas) - •No tratamento e na profilaxia da migrânea a eliminação de fatores precipitantes da dor deve ser o ponto de partida. •Grande relevância repouso, sono adequado, redução da intensidade luminosa e sonora, e técnicas de relaxamento. Dor de cabeça recorrente em adolescentes Está associada ao excesso de peso, uso de cafeína e álcool, falta de atividade física, maus hábitos de sono e exposição ao tabaco. • A depressão é associada a maior incapacidade da cefaleia em adolescentes. Aura – sentir que vai ter dor de cabeça (??? Sonsa) como escotomas e tonturas, vômitos, náuseas, mal estar, depende da pessoa DIRETRIZES DE ABORDAGEM DE ENXAQUECAS INFANTIS Aconselhamento e educação para crianças e adolescentes com enxaqueca e suas famílias • Recomendação 1: os médicos devem aconselhar pacientes e seus familiares que o estilo de vida e fatores comportamentais podem influenciar a frequência da cefaleia e educar pacientes e seus familiares para identificar e alterar fatores de risco potencialmente modificáveis (Nível B) • Recomendação 2: discutir o papel potencial de medicamentos para prevenção de cefaleia frequente e/ ou com incapacidade relacionada à enxaqueca e o uso excessivo de medicamentos em crianças e adolescentes (Nível B). Tratamento preventivo – informar os pacientes e cuidadores que, em ensaios clínicos de tratamentos preventivos para enxaqueca pediátrica, muitas crianças e adolescentes que receberam placebo melhoraram e a maioria dos medicamentos preventivos não foi superior ao placebo/ O propranolol pode possivelmente resultar em uma redução de 50% na frequência de dor de cabeça em crianças. SINDROMES PERIÓDICAS NAS CRIANÇAS 1. vertigem paroxística benigna 2. torcicolo paroxístico 3. vômitos cíclicos 4. dor abdominal cíclica 5. hemiplegia alterna CEFALEIA TENSIONAL Episódios álgicos mais frequentes, cerca de 5 a 30 vezes/mês • Contração muscular decorrente de estresse • Piora no fim do dia • Intensidade leve a moderada • não costuma interromper as atividades habituais TRATAMENTO Medidas não farmacológicas – afastar das atividades, repouso em ambiente com pouca luminosidade e silencioso, sono, compressa de agua fria nas temporas. Se houver náuseas ou vômitos: domperidona / ondacetrona vonau Fraca – AAS paracetamol dipirona AINE Moderada – AAS AINE ergotamina dihidroergotamina naratriptano sumatriptano zolmitriptano rizatriptano Forte – dipirona EV clonizato de lisina rizatriptano zolmitriptano sumatriptano indometacina clorpromazina dexametasona haloperidol Tensional não melhora com sono mas precisa das técnicas de relaxamento pois está com tensão muscular / universal ou occiptal posterior – bruxismo Migrânea é característica fronto temporal na frente! SINAIS DE ALERTA DE CEFALEIA ▪ Alterações neurológicas ▪ Alterações oculares como edema de pupila, nistragmo, anisocoria, estrabismo instalado, diplopia e diminuição da acuidade visual ▪ Vômitos persistentes com aumento na frequência ou de inicio recente ▪ Cefaleia recorrente matinal ou repetidamente desperta a criança ▪ Crianças com desaceleraçãoda velocidade de crescimento ▪ Diabetes insipido ▪ Crianças com idade inferior a 5 anos ▪ Pacientes com neurofibromatose DOR ABDOMINAL - Dor abdominal crônica (DAC) - quadro de dor abdominal de longa duração (usualmente mais de três meses); - Dor abdominal orgânica (DAO) – quando a dor está associada a uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. Cerca de 5-10% dos casos. - Dor abdominal funcional (DAF) - dor abdominal que ocorre na ausência de uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. DAC – DOR ABDOMINAL CRÔNICA Três episódios de dor intercalados por períodos assintomáticos, com duração superior a três meses, com intensidade suficiente para interromper as atividades habituais. - Grupo heterogêneo em etiologia, fisiopatologia, sintomatologia e manejo. - Essa desordem apresenta-se como importante problema de saúde pública por sua alta prevalência na população, sendo também responsável pela maior parte das queixas dos pacientes avaliados em clínicas e ambulatórios de gastroenterologia. - Prevalência: 0,5% a 19% de acordo com a idade e a definição. - Dois picos: entre 4 e 6 anos; entre 7 e 12 anos de idade. - ETIOLOGIA complexa: ▪ Doenças orgânicas - 10 % dos casos ▪ Processos infecciosos ▪ Inflamatórios ▪ Distensão / obstrução de vísceras ocas ▪ Doenças parasitárias ▪ Constipação - Sinais e sintomas de ALERTA para DAC de origem orgânica, visto que precisamos afastar essa origem: ▪ HF de doença inflamatória intestinal, doença celíaca ou doença péptica ▪ Dor persistente em QS ou QID ▪ Disfagia ▪ Odinofagia ▪ Vômitos persistentes ▪ Sangramento gastrointestinal ▪ Diarreia noturna ▪ Artrite ▪ Doença perianal ▪ Perda ponderal involuntária ▪ Desaceleração do crescimento linear ▪ Atraso de puberdade ▪ Febre sem explicação DAO – DOR ABDOMINAL ORGANICA CONCEITO - Estar atento a: ▪ Lesões orais ▪ Rash cutâneo ▪ Icterícia ▪ Anemia ▪ Hepatomegalia ▪ Dor na coluna ▪ Lesões perianais DAF – DOR ABDOMINAL FUNCIONAL - O mecanismo responsável pela percepção dolorosa é complexo, multifatorial. A dor é real! - Envolvimento do eixo cérebro-intestino – vias autonômicas difusas que não localizam a dor, fazendo irradiar ou sentir em outro local - Hiperalgesia visceral: menor limiar de percepção dos sinais gerados no trato gastrointestinal e enviados por via neural ao cérebro. - Localização periumbilical ou epigástrica, raramente com irradiação. - Pode durar minutos a horas, intercalados por períodos de bem-estar, se acordar durante a noite é um sinal de alerta. - Ocorre durante o dia. - Intensidade suficiente para levar ao choro e interromper atividades. - Palidez, sudorese, náuseas e vômitos podem ocorrer. - EXAME FÍSICO completo e atenção especial: peso, estatura, velocidade de crescimento, estágio puberal | exame abdominal detalhado: localização da dor, massas, fígado, baço, loja renal | avaliação perianal + toque retal. - Roma IV (2016) abrange sob a definição de distúrbios funcionais de dor abdominal as seguintes entidades clínicas: ▪ Dispepsia funcional ▪ Síndrome do intestino irritável ▪ Migrânea abdominal ▪ Dor abdominal funcional não especificada DISPEPSIA FUNCIONAL - Deve incluir um ou mais dos seguintes sintomas ao menos 4 dias por mês: 1. Plenitude pós prandial 2. Saciedade precoce 3. Dor epigástrica que não se associa a defecação 4. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra doença - Esses critérios devem ocorrer por pelo menos dois meses antes do diagnóstico. - Os seguintes subtipos estão agora adotados na Dispepsia Funcional: 1. Síndrome de dificuldade pós prandial inclui desconforto da plenitude pós prandial ou saciedade precoce que impede o término da refeição regular. Os critérios de suporte incluem distensão abdominal superior, náusea pós prandial ou eructações excessivas. 2. Síndrome de dor epigástrica, que inclui todos os seguintes sintomas: dor ou queimação (grave o suficiente para interferir com as atividades) localizada no epigástrio. A dor não pode ser generalizada, nem pode se localizar em outra parte do abdome ou tórax e não é aliviada pela evacuação ou eliminação de flatos. Os critérios que suportam o diagnostico podem incluir: ▪ Dor tipo queimação, mas sem componente retroesternal ▪ Dor comumente induzida ou aliviada pela ingestão de uma refeição, mas pode ocorrer durante o jejum SINDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL - Deve incluir todos os critérios a seguir: 1. Dor abdominal ao menos 4 dias por mês associada com um ou mais sintomas: ▪ Relação com evacuação ▪ Alteração na frequência das fezes ▪ Alteração na aparência das fezes 2. Em crianças com constipação, a dor pode não resolver com a resolução da constipação (crianças nas quais a dor resolve, tem constipação funcional e não síndrome do intestino irritável) 3. Após avaliação adequada os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição médica - Esses critérios devem ocorrer pelo menos dois meses antes do diagnóstico. ENXAQUECA ABDOMINAL DOR ABDOMINAL FUNCIONAL NÃO ESPECIFICADA AVALIAÇÃO LABORATORIAL ▪ Hemograma ▪ Sumário de urina (infecção urinária, causa comum de dor abdominal na infância) ▪ Exame parasitológico de fezes, investigação doença celíaca? - Dependendo da história: ▪ VHS + PCR ▪ Função tireoidiana ▪ Amilase e lipase - Roma IV diz que a realização rotineira de sorologia para doença celíaca é sugerida. Devem ser colhidos ANTES DE ALTERAR DIETA. Pacientes com DAF têm prevalência maior de doença celíaca. Recomenda-se: ▪ Anticorpos anti gliadina ▪ Antitransglutaminase tecidual humana ▪ Antiendomísio - Se sorologia é positiva: realizar biópsias de intestino delgado para confirmar o diagnóstico. ABORDAGEM - Reconhecer a presença de fatores fisiológicos que nesses pacientes causam dismotilidade: alimentos, gases, hormônios, inflamação, estresses psicogênicos. - A melhora dos sintomas com a exclusão da lactose, aponta para má absorção ou intolerância a lactose (dor abdominal + diarreia). - Orientar sobre a importância de observar o aparecimento de sinais de alerta para causa orgânica. - Não agravar ainda mais pedindo inúmeros exames não indicados. - Orientar os pais. - Esclarecer a boa evolução. - Terapia comportamental. - Importante: consultas a cada 6 meses. - A maioria dos agentes farmacológicos visa à diminuição da dor visceral ou à alteração de algum mecanismo fisiopatológico. Não há evidências para apoiar o uso rotineiro habitual e irrestrito no tratamento medicamentoso dos distúrbios funcionais de dor abdominal. O tratamento deve ser individualizado e reavaliado criteriosamente. SINAIS DE ALERTA ▪ Perda de peso ▪ Dor de localização periférica ▪ Dor que irradia para as costas, escapula ou membros inferiores ▪ Dor que repetidamente desperta a criança do sono ▪ Recusa alimentar em função da dor ▪ Presença de sinais / sintomas como febre recorrente, artrite, melena, etc ▪ HF de doença orgânica como anemia falciforme, doença péptica, litíase urinária e biliar ▪ Alterações nos exames laboratoriais EXERCICIOS Escolar de nove anos, sexo feminino, é levada a UBSF devido a quadro de dor abdominal mensal há cerca de seis meses que a faz ausentar-se da escola esporadicamente. A dor é referida na região periumbilical e dura poucas horas. Não surge durante o sono, não se relaciona com alimentação, atividade física ou posição e cede espontaneamente. Não tem alteração do hábito intestinal. Não tem história de alergias. Não faz uso crônico de medicações e calendário de vacinas está atualizado. Não tem antecedentes patológicos ou familiaressignificativos. O exame físico não evidencia alterações. Crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor e puberal adequados para a idade. A hipótese diagnóstica mais provável e a investigação por exames complementares mais pertinente são: a. dispepsia funcional; solicitar pesquisa de sangue oculto nas fezes, endoscopia digestiva alta e ultrassonografia de abdome. b. enxaqueca abdominal; solicitar, função tireoidiana, VHS, PCR, amilase, lipase, USG de abdome total e vias urinárias. c. síndrome do intestino irritável; solicitar hemograma, EAS, parasitológico de fezes, endoscopia, colonoscopia, TC de abdome. d. dor abdominal funcional; solicitar hemograma, EAS, parasitológico de fezes, anticorpos para doença celíaca. ------------------------------------------------------------------- Menina de oito anos de idade é atendida na UBSF com queixa de cefaleia. Apresentou várias crises anteriores nos últimos três meses, interferindo nas suas atividades habituais. A dor é frontotemporal, vezes bilateral, de intensidade moderada. Nega horário preferencial. Relata piora da dor com a atividade física e com o barulho. Quando sente dor deita-se no quarto mais escuro e dorme até melhorar. Há dois dias, a sua mãe foi chamada na escola, pois a paciente apresentou vômito associado à cefaleia quando estava fazendo prova. No momento está sem dor e seu exame físico não evidencia alterações. Não tem história de alergias. Não faz uso crônico de medicações e calendário de vacinas está atualizado. Não tem antecedentes patológicos ou familiares significativos. A hipótese diagnóstica mais provável e o aconselhamento mais adequado são: a. Migrânea infantil, repouso, sono adequado, redução da intensidade luminosa e sonora e técnicas de relaxamento. b. Cefaleia tensional, repouso, analgésico derivado de opioide, redução da intensidade luminosa e sonora. c. Dor psicogênica analgésico potente, antidepressivo, redução da intensidade luminosa e sonora e psicoterapia. d. Migrânea infantil, analgésico potente, antidepressivo, redução da intensidade luminosa e sonora e psicoterapia. ------------------------------------------------------------------- DOR MUSCULOESQUELÉTICA BENIGNA DA INFÂNCIA DOR DE CRESCIMENTO - Queixa comum: essas crises dolorosas podem acontecer de maneira eventual, repetitiva, de curta duração ou ocorrer por vários meses ou anos. - Faixa etária de 3/4 a 10 anos, podendo persistir na adolescência (não só na fase do estirão). - Tem discreto predomínio no sexo feminino. - Origem não orgânica. - Teorias: desequilíbrio no ritmo de crescimento dos ossos, tendões e músculos: um pode se desenvolver de forma mais acelerada que outro | fadiga (em resposta ao super uso da musculatura) | componentes emocionais podem fazer parte do quadro. - Intervalo livre de dor é prolongado, sem critérios estabelecidos. Benigna e auto limitada: não interfere no crescimento da criança! QUADRO CLÍNICO ▪ Dor intensa, recidivante, difusa ▪ Predomínio vespertino ou noturno ▪ Geralmente localizada em membros inferiores (face anterior das coxas e tíbias, próximo aos joelhos, panturrilhas) ▪ Duração breve (minutos a horas) ▪ Resolução espontânea ou com massagens ▪ Evolução benigna e autolimitada FATORES ASSOCIADOS - Perfil psicológico perfeccionista, alto grau de exigência pessoal e/ou familiar. - Queixas prévias ou concomitantes cefaleia e / ou dor abdominal recorrentes. ANAMNESE - Ocorrência prévia de sintomas similares, comorbidades, estresse psicológico e história familiar. EXAME FÍSICO - Manifestações sistêmicas: queda do estado geral, febre, perda de peso, envolvimento de outros órgãos e sistemas, lesões cutâneas, fraqueza muscular, adenomegalia, hepatoesplenomegalia, pulsos periféricos. - Postura, marcha, força, reflexos tendinosos e semiologia articular (artralgia, edema, rubor ou calor articulares, limitação funcional) dor a palpação muscular, pés planos, joelhos, coluna. - Afastar parestesia, formigamento, alterações de sensibilidade. - Avaliação do sistema músculo-esquelético: marcha, postura, simetria dos segmentos corpóreos (simetria altura dos ombros, mamilos e alinhamento da bacia, simetria e eixo MMII e pés), palpação de pontos de fibromialgia, verificação do local da dor e presença de sinais flogísticos, avaliação da articulação coxo femoral (flexão da perna sobre a face posterior da coxa e anterior quando deitado, adução, abdução, rotação interna e externa), aferição do comprimento dos membros inferiores (da crista ilíaca até maléolo medial da tíbia com fita métrica – normal diferença até meio centímetro). - Deve também ser realizada a avaliação circulatória dos membros (medida de pressão arterial e palpação de pulsos nos quatro membros) e avaliação da força muscular através de manobras antigravitacionais e de oposição (lembrando que grau V força normal, grau IV vence gravidade e alguma resistência, grau III vence gravidade, mas não resistência, grau II não vence gravidade nem resistência, grau I fasciculações). DIAGNÓSTICO + EXAMES - Investigação Laboratorial e avaliação por especialista: é indicada apenas na presença de sinais de alarme. - Um protocolo simples de exames complementares, quando houver dúvida diagnóstica: ▪ hemograma completo ▪ VHS ▪ PCR ▪ Eletroforese ▪ Exame de imagem do segmento afetado (RX) - Encaminhamento para ortopedista para investigação mais específica dependendo do caso. - Nos casos em que não houver remissão dos sintomas, está indicado o acompanhamento periódico. FIBROMIALGIA INFANTIL - Caracterizada por dor generalizada (em várias partes do corpo) por um período maior ou igual a 3 meses e pela presença de pontos dolorosos localizados em regiões específicas (occipitais, epicôndilos laterais dos cotovelos, cervicais inferiores, glúteos, músculos trapézios, grandes trocanteres, músculos supra-espinhais, joelhos, segundas costelas). - Pode acometer crianças de várias faixas etárias, no entanto é mais frequente em adolescentes do sexo feminino. - Sintomas associados: ▪ Parestesias, depressão, ansiedade, sono não restaurador, cefaléia e fadiga. - Alguns estudos mostraram maior incidência de fibromialgia em filhas e mães com este quadro. SÍNDROME DA HIPERMOTILIDADE INFANTIL > 5 anos e se for capaz de executar pelo menos 5 de 9 manobras de hipermobilidade. - Diagnóstico diferencial: Sd Marfan e Ehlers- Danlos - Alterações estruturais e posturais: geno varum, geno valgo, pé chato também pode ser associado com dor recorrente de membros ABORDAGEM TERAPEUTICA - Reforçar que apesar de não haver componente orgânico envolvido a princípio, a dor é real e há necessidade de acompanhamento médico para buscar a resolução do quadro, além de orientar vigilância para sinais de alarme. - Orientar: calor local, massagens, eliminação de possíveis conflitos emocionais subjacentes, tranquilização da família quanto a benignidade do quadro. - Não se deve limitar as atividades físicas e esportivas da criança. Causas de dores em membros não associadas a manifestações sistêmicas, bem localizadas - Osteocondrites: crianças de 3-14 anos, mais comum no sexo masculino, geralmente idiopática, pode estar associada a síndrome de super uso e a necrose avascular. ▪ Legg-Calvé-Perthes é a necrose avascular idiopática da cabeça do fêmur, mais comum em meninos de 4-8 anos, com claudicação e dor com limitação dos movimentos do quadril. Diagnóstico: radiografia quadril. - Síndromes dolorosas relacionadas ao superuso: em crianças e adolescentes são associadas às práticas esportivas, ao uso de computadores e videogames. Tratamento: afastar fatores desencadeantes e fisioterapia. Constituem Síndromes de superuso: fasceiíte plantar,tendinite de Aquiles, tibial anterior, Osgood-Schlatter, patelofemoral, epicondilite lateral. - Tumores ósseos benignos: Osteoma osteóide e Osteocondroma. Causas orgânicas de dores em membros associadas a manifestações sistêmicas - Doenças do tecido conjuntivo, como Dermatomiosite juvenil. - Desvitaminoses: carência crônica vitamina C, hipervitaminose A. - Doenças endócrinas que que cursam com desmineralização óssea como hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, doença de Cushing e raquitismo. - Hemoglobinopatias: anemia falciforme, talassemia major, hemoglobinopatia S-C. - Tumores ósseos malignos. Principalmente Sarcoma de Ewing. SINAIS DE ALERTA DOR EM MEMBROS ▪ Dor localizada e fixa ▪ Dor com irradiação para quadril, joelho ou região lombossacra ▪ Acompanhada de parestesias, câimbras ou fraquezas ▪ Presença de pontos dolorosos a palpação ▪ Dor a palpação muscular ▪ Dor a movimentação passiva ▪ Alteração na força muscular ▪ Dificuldades ou alterações à marcha como claudicação ou recusa para andar ▪ Persistência da dor ▪ Sintomas sistêmicos como febre, rash cutâneo, palidez, perda de peso, visceromegalias ou linfonodomegalias EXERCICIOS A queixa de dor em membros é comum na infância e na adolescência e pode ser decorrente de várias doenças. Algumas características da dor alertam para a possibilidade de dor orgânica. Dentre os sinais de alerta a ser orientados para a família no acompanhamento do caso é: a. Dor intermitente b. Dor não articular c. Perda de peso d. Dor em membros inferiores
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