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MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Asfixia perinatal é caracterizada pela deficiência no suprimento de oxigênio tecidual. Ocorre geralmente no período que antecede ao parto ou mesmo durante o trabalho de parto. A diminuição da oferta de oxigênio para os tecidos pode ocorrer por meio de dois mecanismos patogênicos: hipoxemia (diminuição da quantidade de oxigênio circulante) e isquemia (diminuição da quantidade de sangue que perfunde determinado tecido). Uma característica adicional da asfixia é a hipercapnia, que resulta de efeitos metabólicos e fisiopatológicos decorrentes da hipoxemia e da isquemia. Clinicamente, a asfixia é caracterizada por uma sequência de eventos que dependem da intensidade e da duração dos fatores desencadeantes. Estes eventos são: • Índice de Apgar baixo no primeiro minuto de vida, não responsivo às manobras de reanimação, mantendo-se persistentemente baixo - menor ou igual a 5 - no 5º, 10º ou 20º minuto de vida. • o exame neurológico alterado nos primeiros dias de vida. • Acidose • Disfunção de múltiplos órgãos. A hipóxia intra-uterina ocorre quando, por algum motivo, houver diminuição ou interrupção do aporte de oxigênio para o feto. Essa diminuição poderá ocorrer por fatores que diminuam o aporte sanguíneo, por alterações diretas na perfusão placentária ou por alterações no fluxo sanguíneo entre a placenta e o feto. O feto depende da placenta para suas trocas gasosas e, embora seus tecidos apresentem baixo conteúdo de oxigênio, seu metabolismo não chega a ser hipóxico, mantendo-se aeróbio por causa da hemoglobina fetal (que tem afinidade elevada por oxigênio) e pelo baixo consumo tecidual de oxigênio (por necessidade de termorregulação e esforço respiratório baixos). As reservas de oxigênio no sangue fetal são suficientes para apenas 1 a 2 minutos de uso e lesões no sistema nervoso central podem ocorrer com períodos relativamente curtos de ausência total de oxigênio. O fluxo sanguíneo placentário, portanto, deve ser contínuo para manter valores normais de oxigênio na circulação fetal. Durante o trabalho de parto, em geral, ocorre algum grau de asfixia, ocasionada pela redução da perfusão sanguínea placentária a cada contração, com consequente queda das trocas gasosas, ocasionando hipoxemia e hipercapnia transitórias. Esses efeitos são recuperáveis a cada intervalo entre as contrações, porém são cumulativos: quanto maior a duração do trabalho de parto, maiores serão a hipoxemia, a hipercapnia e a acidemia resultantes. No processo de adaptação à hipóxia, inicialmente há elevação da frequência cardíaca fetal, objetivando aumentar as trocas metabólicas e a centralização da circulação. O débito cardíaco é mantido ou aumentado pela taquicardia. Persistindo a hipóxia, o consumo de oxigênio diminuirá e o feto irá utilizar uma via alternativa para a geração de energia pela respiração anaeróbica. No entanto, a anaerobiose é um meio ineficiente de geração energética, havendo alto consumo de glicose e glicogênio e o acúmulo de radicais ácidos e de dióxido de carbono, levando à acidose inicialmente metabólica e posteriormente mista. Neste ambiente, o feto lançará mão de mecanismos de proteção e de economia do glicogênio. Este processo geralmente se evidencia na cardiotocografia intraparto pelas desacelerações tardias da frequência cardíaca (DIP II). Persistindo a hipóxia, haverá agravamento da vasoconstricção periférica, perda da variabilidade da frequência cardíaca fetal, bradicardia e queda do débito cardíaco. Finalmente ocorre a perda da capacidade de compensação, levando à hipotensão arterial fetal e redução do fluxo sanguíneo cerebral, que poderá resultar em lesão cerebral ou morte HIPERATIVIDADE UTERINA É secundária ao uso inadequado de ocitocina, à pré- eclâmpsia, à polidramnia, ao parto obstruído ou ao parto prolongado. MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HIPOTENSÃO ARTERIAL MATERNA É secundária à anestesia (peridural, raqui ou geral), hemorragia materna e ao decúbito dorsal (que pode induzir à síndrome de hipotensão supina). ROTURA UTERINA Circunstância rara atualmente, mas de extrema gravidade, secundária frequentemente a assistência obstétrica inadequada. A PREMATURIDADE Implica feto mais frágil e sensível à hipóxia, além de imaturidade nos mecanismos de adaptação perinatal. GRAVIDEZ DE ALTO RISCO Quando o feto apresenta previamente sofrimento crônico ou há insuficiência placentária. DESC. PREMATURO DA PLACENTA NORMOINSERIDA Em que o sofrimento fetal é precoce, agudo e grave por três motivos principais: redução da área de trocas placentárias (pelo descolamento da placenta), hiperatividade uterina (hipertonia ou taquissistolia induzida pela irritação miometrial do coágulo retroplacentário) e posterior hipotensão materna pelo sangramento retroplacentário. DIABETES MATERNA INFECÇÃO MATERNA HEMORRAGIA PLACENTÁRIA ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA O funcionamento adequado dos neurônios depende da oferta de oxigênio e de glicose, que são substratos para a produção de moléculas que mantém diversas funções, como a bomba de sódio e potássio, essencial para a estabilização do potencial elétrico de membrana. Os mecanismos de despolarização e repolarização da membrana neuronal são a base da condução do impulso nervoso que é a essência do funcionamento do SNC. Como as reservas de ATP e fosfocreatina do SNC são limitadas, existe necessidade de reposição contínua dessas moléculas. A produção desses compostos é feita por meio da glicólise, cuja reação possui uma fase anaeróbia e outra aeróbia. Uma molécula de glicose fornece duas moléculas de ATP na fase anaeróbia e 36 na fase aeróbia. Assim, é fácil entender a limitação do rendimento da reação glicolítica determinada pela hipóxia, pois, de um total de 38, a reação produzirá apenas duas moléculas de ATP. Durante a asfixia, hipoxemia e isquemia muitas vezes ocorrem concomitantemente ou em sequência. Os possíveis mecanismos bioquímicos para a alteração inicial da função cerebral durante a asfixia são: • Alterações regionais da formação de ATP • Acúmulo de potássio extracelular • Acidose intracelular • Peroxidação • Fluxo alterado de íons • Fluxo alterado de neurotransmissores Os efeitos bioquímicos são quantitativamente semelhantes na hipoxemia e na isquemia ou em ambos. Inicialmente, o conteúdo da glicose cai rapidamente, ocorre acúmulo de lactato e queda da fosfocreatina. Após um breve período de tempo ocorre maior queda de fosfocreatina e finalmente de ATP. Se for iniciado o suporte ventilatório rapidamente, o metabolismo cerebral pode retornar ao normal em 20 a 30 minutos. A hipercapnia que acompanha a hipóxia pode ser inicialmente benéfica, por manter ou aumentar o fluxo cerebral e também por reduzir o metabolismo cerebral; entretanto, com a maior elevação da hipercapnia, ocorre queda abrupta do pH intracelular. O resultado final é uma cascata de eventos que pode levar à morte cerebral. O teste deve ser realizado no membro superior direito e em um dos membros inferiores, sendo necessário que o RN esteja com as extremidades aquecidas e o monitor do oxímetro evidencie uma onda de traçado homogêneo. Para o resultado sem alterações da saturação de oxigênio (SpO2), o recém-nascido deve apresentar saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. Um resultado anormal consiste em qualquer medida da SpO2 menor que 95% ou diferença igual ou maior que MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTOE DESENVOLVIMENTO 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, nessa situação, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, deve-se realizar um ecocardiograma dentro das 24 horas seguintes. Nessas situações, o RN deverá ser encaminhado para o pediatra cardiologista. Sabe-se que, nas cardiopatias congênitas, ocorre redução na saturação de oxigênio antes do aparecimento de sinais clínicos como cianose, a oximetria de pulso detecta essa diminuição da saturação.
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