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Ginecologia – Amanda Longo Louzada 1 HPV E ALTERAÇÕES PRÉ-MALIGNAS E MALIGNAS DO COLO UTERINO TRANSMISSÃO: A infecção é transmitida por contato, e não apenas pelo coito. O uso regular de preservativo pode conseguir algo em torno de 60% de proteção, mas áreas não protegidas podem estar associadas à transmissão. Há grande possibilidade de transmissão genital sem que tenha havido a coitarca, apenas com o contato pele a pele dos genitais dos parceiros Pode haver passagem de HPV de mãe para o concepto, em especial em casos de lesões genitais na passagem do canal de parto, o que pode causar a papilomatose respiratória EPIDEMIOLOGIA: O HPV é um vírus presente em todo o mundo. A maior incidência ocorre em jovens, entre mulheres especialmente, de 15 a 19 anos. Considera-se ainda que há um novo pico na incidência, embora menor que o primeiro, na faixa dos 50 anos de idade, talvez por conta de novos parceiros sexuais e da menor resposta imunológica MANIFESTAÇÕES ASSOCIADAS: O vírus tem predileção por células imaturas em divisão celular. A infecção pode ocorrer em células da camada basal do epitélio escamoso, células subcilíndricas de reserva, células reparativas e, mais recentemente, foi descrito um tipo específico de células originalmente da junção escamocolunar denominado de células juncionais Dependendo da forma em que o vírus interaja com a célula e com o tipo celular, podem aparecer, ou não, lesões morfológicas diagnosticadas clinicamente ou por citologia ou biópsia. A maioria das infecções será identificada apenas por métodos de detecção do DNA viral (por biologia molecular), não havendo lesão morfologicamente detectável. São as infecções latentes. Tendem a desaparecer espontaneamente em cerca de dois anos Por fim, a infecção pode se manifestar clinicamente, ou seja, com lesão visível a olho nu. A maioria desses casos é de lesões verrucosas genitais e associadas a HPV de baixo risco. NOMENCLATURA DAS LESÕES: Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (do inglês LSIL) e lesão intraepitelial escamosa de alto grau (do inglês HSIL) Nessa nova visão, o que antes era diagnosticado como neoplasia intraepitelial grau 1 e condiloma seria reclassificado com LSIL e como de grau 3, passando a ser HSIL. Casos diagnosticados como grau 2 (ou para o colo NIC2) devem ser reavaliados após imunoistoquímica para o marcador de supressão tumoral p16ink4a. Se o marcador for positivo, a lesão será classificada como HSIL e se for negativo, como LSIL DIAGNÓSTICO: TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR: É importante entender que as técnicas de detecção do DNA-HPV diagnosticam a infecção, mas não a lesão. É um recurso que tem um custo, por isso deve ser usado apenas em situações com evidência de benefício para a paciente Correntemente duas plataformas têm sido utilizadas: a captura híbrida de segunda geração e a técnica de PCR (reação de cadeia de polimerase). Esta última, considerada padrão- ouro, permite a genotipagem viral, embora em alguns casos apenas para os tipos 16 e 18 CITOPATOLOGIA: O exame citopatológico é um método de estudo morfológico de alterações celulares, em esfregaços, que, no caso do epitélio escamoso, podem ser classificadas conforme o tipo de lesão causada pelo HPV, como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) e lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). A infecção, no entanto, pode ocorrer e o exame de citologia não ter alteração ou ter alterações ditas como equívocas e denominadas de células escamosas de significado indeterminado (ASC- US), células escamosas atípicas, em que não é possível afastar lesão de alto grau (ASC-H), e células glandulares endocervicais atípicas COLPOSCOPIA: A colposcopia é um método de magnificação que exige habilidade do examinador para determinar, em caso de anormalidade, o sítio adequado para a realização de biópsia, se indicada. Tem nomenclatura própria e define lesões de maior relação com HSIL no colo. Além disso, a colposcopia tem sido útil para os outros sítios como vulva, vagina, pênis e ânus HISTOPATOLÓGICO: O exame histopatológico é considerado o padrão-ouro no diagnóstico das lesões induzidas pelo HPV, mas não do HPV. O padrão-ouro para diagnóstico da infecção é a biologia molecular, pesquisa do DNA do vírus. Conforme já discutido anteriormente, as lesões escamosas passaram a ter nomenclatura única e bimodal. O diagnóstico das lesões glandulares endocervicais Ginecologia – Amanda Longo Louzada 2 HPV E ALTERAÇÕES PRÉ-MALIGNAS E MALIGNAS DO COLO UTERINO (adenocarcinoma) não mudou em termos de nomenclatura, mantendo-se em dois estágios o adenocarcinoma in situ e o adenocarcinoma invasor, que pode ser subclassificado conforme o tipo IMUNOISTOQUÍMICA: A grande ajuda desse método veio pela inclusão na rotina, para casos de dúvida, do marcador p16ink4a . Esse marcador deve ser utilizado pelo patologista para casos mimetizadores de HSIL e quando da presença de NIC2 TRATAMENTO: Infecção latente em qualquer sítio: conduta expectante. Lesão subclínica: LSIL: pode ser expectante com seguimento até sua involução. Quadros persistentes podem ser tratados com métodos destrutivos, imunomodulação ou exérese dependendo do sítio; HSIL: dependendo da idade pode ser seguimento (≤ 24 anos) ou tratamento (> 24 anos). Lesão clínica: pode ser por imunomodulação, exérese ou destruição conforme o sítio, número de lesões e experiência do especialista PROFILAXIA: Desde de 2008 estão disponíveis no mercado brasileiro as vacinas contra o HPV, especificamente contra os tipos 6, 11, 16 e 18 (MSD®) e 16 e 18 (GSK®) (Giraldo et al., 2008). Em 2013, o Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente para a rede pública. Ambas as vacinas têm demonstrado alta eficácia e efetividade contra a infecção por HPV NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL: A neoplasia intraepitelial escamosa cervical é um termo que engloba as lesões precursoras do câncer escamoso, as quais são classificadas em graus de 1 a 3. As alterações são limitadas ao epitélio escamoso acima da membrana basal, incluem pleomorfismo nuclear, com perda da polaridade, mitoses anormais, e perda da diferenciação à medida que as células progridem da membrana basal até o epitélio superficial, ou seja, sem invasão de estroma. CLASSIFICAÇÃO: O sistema de Bethesda de nomenclatura para citologia cervical, definido em 1988, nomeia e classifica essas lesões em lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LIEBG) e lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (LIEAG), que substituíram o termo neoplasia intraepitelial escamosa graus 1 e 2/3, respectivamente. Achados histológicos de lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau são NIC1 e HPV e de alto grau são NIC2 ou NIC3 Possui 3 tipos (NIC1, NIC2 e NIC3) A lesão epitelial de baixo grau corresponde à atipia glandular não neoplásica COLPOCITOPATOLOGIA: A detecção do DNA-HPV de alto risco oncogênico pode ser aplicado em quatro situações clínicas: Teste de triagem primária para detecção de lesões precursoras e do câncer do colo uterino; Teste de triagem para selecionar quais mulheres devem ser encaminhadas para colposcopia por alterações citológicas, como ASCUS possivelmente não neoplásicas e lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL); Teste para acompanhamento de mulheres com alterações citológicas cuja colposcopia ou biópsia foi negativa; Teste de seguimento para mulheres tratadas por lesão escamosa intraepitelial de alto grau (HSIL), por métodos excisionais eletrocirúrgicos ou convencionais CONDUTA: NIC 1: conduta expectante NIC 2: NIC 3: CÂNCER DE COLO UTERINO: EPIDEMIOLOGIA: O câncer de colo do útero é a quarta neoplasia maligna mais frequente em mulheres, excluindoo de pele não melanoma A quase totalidade dos canceres do colo do útero é de carcinomas que têm sua origem na junção escamocolunar e pode envolver células do epitélio escamoso, glandular, ou ambos. O carcinoma invasivo é precedido por neoplasia intraepitelial cervical escamosa (NIC) ou adenocarcinoma in situ (AIS), que podem evoluir para invasão, num processo geralmente lento. As lesões pré-cancerosas mais frequentes são relacionadas a células escamosas, as NICs, que são graduadas de acordo com a proporção de epitélio anormal. A NIC1 indica uma infecção ativa por papilomavírus humano (HPV) e é Ginecologia – Amanda Longo Louzada 3 HPV E ALTERAÇÕES PRÉ-MALIGNAS E MALIGNAS DO COLO UTERINO considerada lesão de baixo grau com índice muito alto de regressão espontânea. SINTOMAS: Pode levar a sangramento vaginal anormal, sinurragia, corrimento vaginal, dor pélvica e dispaurenia Sintomas são incomuns na fase inicial FATORES DE RISCO: O principal fator de risco para o carcinoma do colo do útero é a infecção por HPV de alto risco oncogênico Alta paridade, tabagismo, imunossupressão e idade precoce de início de atividade sexual são fatores de risco independentes para a progressão para câncer. A exposição intraútero ao dietilestilbestrol (DES) é um fator de risco para adenocarcinoma de colo e vagina, não associado ao HPV PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Vacinação: o esquema para meninos (11 – 14 anos) e meninas (9 – 14 anos) altera apenas a idade, sendo a quantidade de doses e intervalo o mesmo Quadrivalente, contempla os sorotipos 6, 11, 16 e 18 Meninos e homens com HIV devem ser vacinados de 11 – 26 anos PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: As lesões precursoras são geralmente assintomáticas e detectadas por rastreamento por colpocitologia isolada ou em protocolos que associam detecção de HPV e colpocitologia. O objetivo da prevenção secundária é detectar lesões de alto grau, NIC2 ou NIC3. Como as NIC2 ou 3 são mais frequentes em mulheres em torno de 35 e 40 anos, e o carcinoma invasor é extremamente raro em mulheres com 25 anos ou menos, em mulheres imunocompetentes recomenda-se o início do rastreamento a partir dos 21 ou 25 anos de idade O exame citopatológico coletado do colo uterino é o mais utilizado em todo o mundo. Quando as alterações do exame citopatológico forem sugestivas de infecção por HPV e lesões de baixo grau, a coleta pode ser repetida em alguns meses ou pode se triar as mulheres com maior risco por meio do teste de HPV. Diante de lesões citológicas maiores, a colposcopia está indicada e determinará o local e a extensão da biópsia. A biópsia pode ser de fragmento ou colpodirigida quando o câncer é clínica e francamente invasor. Na presença de carcinoma oculto ou carcinoma minimamente invasor, a excisão da zona de transformação com alça ou a conização a frio são necessárias. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico do câncer do colo do útero é realizado pela história e exame físico Quando invasivo, o carcinoma do colo do útero pode levar a sangramento vaginal anormal, sinusorragia, corrimento vaginal, dor pélvica, dispareunia e, em estádios avançados, quando há invasão do paramétrio com compressão dos ureteres, insuficiência renal pós-renal. Os seguintes exames são utilizados para diagnosticar carcinoma de colo do útero invasor: anamnese e exame físico geral, especular com colposcopia para visualização da lesão e biópsia, toque vaginal para avaliar o volume do colo, fundos de saco e paredes vaginais, toque retal para avaliar as mucosas, o esfíncter anal e os paramétrios
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