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Resumo de Microbiologia Microrganismo: Os micróbios, também chamados de microrganismos, são seres vivos minúsculos que são, em geral, individualmente muito pequenos para serem visualizados a olho nu. O grupo inclui bactérias, fungos (leveduras e bolores), protozoários e algas microscópicas. Também inclui os vírus, entidades acelulares muitas vezes consideradas como o limite entre o vivo e o não vivo. Apenas uma minoria dos microrganismos é patogênica (causadora de doenças). Nomenclatura: O sistema de nomenclatura (nomeação) para organismos em uso atualmente foi estabelecido por Carolus Linnaeus em 1735. Os nomes são escritos em latim; para a nomeação do organismo são utilizados dois nomes, o primeiro corresponde ao Gênero, sendo sempre iniciado com letra maiúscula; o segundo nome corresponde ao epíteto específico (nome das espécies), escrito sempre em letra minúscula. Exemplo: Staphylococcus (gênero) aureus (espécie). Vale lembrar que a nomenclatura deve ser escrita em itálico quando digitada e sublinhada quando escrita manualmente. Exemplo: Escherichia Coli Pode-se ainda abreviar por convenção um nome científico, quando este já fora mencionado anteriormente. A abreviação é feita utilizando a primeira letra do gênero em maiúsculo e seguida pela espécie em minúsculo. Exemplo: E. coli Pergunta: Diferencie gênero de espécie. Visão geral sobre as bactérias: • As bactérias são organismos relativamente simples e de uma única célula (unicelulares). Podem apresentar várias formas diferentes como: bacilos (semelhantes a bastões), cocos (esféricos ou ovoides) e espirais (espiralados ou curvados) estas são as formas mais comuns das bactérias que podem ser vistas em uma microscopia óptica. Porém, algumas possuem forma de estrela ou quadrado. • As bactérias são envoltas por uma parede celular que é praticamente composta por um complexo de carboidrato e proteína, chamado de peptideoglicano. • As bactérias geralmente se reproduzem por divisão em duas células iguais; esse processo é chamado de fissão binária. Classificação dos microrganismos: Em 1978, Carl Woese desenvolveu um sistema de classificação com base na organização celular dos organismos. Todos os organismos foram agrupados em três domínios: Bacteria: (as paredes celulares contêm peptideoglicano). Archaea: (as paredes celulares, quando presentes não possuem peptideoglicano). Eukarya: que inclui os seguintes grupos: • Protistas (micetozoários, protozoários e algas). • Fungos (leveduras unicelulares, bolores multicelulares e cogumelos). • Plantas (musgos, samambaias, coníferas e plantas com flores). • Animais (esponjas, vermes, insetos e vertebrados). Pergunta: Quais são os três domínios? R: Os três domínios desenvolvidos por Woese são bacteria, archea e eukarya. Microbiota Normal: a microbiota normal não nos faz nenhum mal, podendo em alguns casos ser benéfica. Por exemplo, algumas bactérias que habitam nosso trato gastrointestinal quebram moléculas vindas da alimentação em moléculas menores para serem melhor absorvidas. Isto só é possível, pois tais bactérias dispõem de enzimas específicas que conseguem quebrar essas moléculas. Biofilme: é chamado de biofilme, uma complexa agregação de micróbios. Por exemplo, o lodo cobrindo uma rocha em um lago é um biofilme. Os biofilmes podem ser benéficos, pois são capazes de proteger as membranas mucosas de microrganismos nocivos (também estão presentes na microbiota). Como também, podem ser nocivos. Por exemplo, quando um biofilme cresce sobre implantes médicos, como próteses articulares e cateteres, têm a capacidade de causar infecções. Outro ponto interessante é que as bactérias nos biofilmes são frequentemente resistentes a antibióticos, pois os biofilmes oferecem uma barreira protetora contra a ação antibiótica. Pergunta: Por que os biofilmes são importantes? R: as bactérias pertencentes a biofilmes dispõem de um complexo sistema de comunidade biológica. A colônia formada pode trocar informações genéticas, plasmídeos através da conjugação e fornecer nutrientes para manter o crescimento microbiano. Revisão para estudo: 1- Qual dos seguintes nomes é um nome científico? a. Mycobacterium tuberculosis b. Bacilo da tuberculose. 2- Qual das seguintes características não é típica de bactérias? a. são procarióticas. b. possuem paredes celulares de peptideoglicano. c. possuem a mesma forma. d. crescem por fissão binária. e. possuem a habilidade de se moverem. Coloração: significa simplesmente corar os microrganismos com um corante que enfatize certas estruturas. Porém, antes de corarmos um microrganismo devemos fixa-lo a lâmina. A fixação simultaneamente destrói os micróbios e preserva suas estruturas para que possamos visualiza-las microscopicamente. Na maioria dos procedimentos de coloração, a lâmina é fixada pela passagem, várias vezes, sobre um bico de Bunsen. É importante prestar atenção pois não se deve deixar a lâmina por muito tempo sobre a chama, afinal o calor excessivo poderá degradar as estruturas, assim impossibilitando a microscopia. Sem a etapa de fixação a coloração poderia lavar os micróbios da lâmina. Pergunta: Por que a etapa de fixação é necessária para a maioria dos procedimentos de coloração? R: Sem a etapa de fixação do esfregaço poderiam ocorrer diversos erros que impossibilitariam a visualização do microrganismo em questão. Caso a amostra não seja fixada com calor, exemplo mais usual, ao corar a lâmina a amostra poderia ser lavada e perdida; a fixação por calor ajuda a manter a morfologia da bactéria com mínimas distorções. Tipos de colorações: Coloração simples: uma coloração simples é composta por solução aquosa ou alcoólica de um único corante. O objetivo primário de uma coloração simples é destacar todo o microrganismo, para que as formas celulares e as estruturas básicas fiquem visíveis. Algumas vezes, uma substância química é adicionada à solução para intensificar a coloração; esta substância é conhecida como mordente. Uma função do mordente é aumentar a afinidade de uma coloração por uma amostra biológica; outra é revestir uma estrutura (como um flagelo) para torná-la mais espessa e mais fácil de ser vista após ser corada. Colorações diferenciais: Ao contrário das colorações simples, as colorações diferenciais reagem de forma diferente com diferentes tipos de bactérias e, assim, podem ser utilizadas para realizar a distinção entre elas. As colorações diferenciais mais frequentemente utilizadas para bactérias são a coloração de Gram e a coloração acidorresistente. Coloração de Gram: é um dos procedimentos de coloração mais úteis, pois classifica as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas. Método de coloração de Gram: 1. Um esfregaço fixado em calor é coberto com um corante básico púrpura, geralmente cristal violeta. Uma vez que a coloração púrpura colore todas as células, ela é denominada coloração primária. 2. Após um curto período de tempo, a corante púrpura é lavada com água destilada, e o esfregaço é recoberto com iodo ou lugol, ambos são substâncias mordentes. Quando o iodo é lavado, ambas as bactérias Gram+ e Gram- aparecem em cor violeta-escura ou púrpura. 3. A seguir, a lâmina é lavada com álcool ou com uma solução de álcool- acetona. Essa solução é um agente descolorante, que remove a coloração violeta das bactérias Gram-. 4. O álcool é lavado, e a lâmina é então corada com Safranina ou fucsina, ambas são corantes básicos e possuem a cor vermelha. O esfregaço é lavado novamente, seco com papel e examinado microscopicamente. Explicação sobre a coloração de Gram: A corante púrpura e o iodo se combinam no citoplasma de cada bactéria, corando-a de violeta-escuro ou púrpura. As bactérias que retêm esta cor após a tentativa de descoloração com o álcool são classificadas como Gram+;as bactérias que perdem a coloração após a descoloração são classificadas como Gram-. A diferença principal entre uma bactéria Gram+ e Gram- está relacionada a suas paredes celulares e suas respectivas composições. A Gram+ possui uma parede celular de peptideoglicano mais espessa do que as Gram-. Além disso, as Gram- contêm além do peptideoglicano uma camada de lipopolissacarídeo (lipídeos e polissacarídeos) como parte de sua parede celular. Quando coradas as células Gram+ e Gram-, o cristal violeta e o iodo penetram facilmente nas células. No interior das células, o cristal violeta e o iodo se combinam, formando o complexo CV-I (cristal violeta-iodo). Esse complexo é maior do que a molécula de cristal violeta que entra nas células. Devido ao seu tamanho, a molécula não pode ser lavada pelo álcool para fora da camada de peptideoglicano intacta das células Gram+. Consequentemente, as células Gram+ retêm a cor do corante cristal violeta. Nas células Gram-, contudo a lavagem com álcool rompe a camada externa de lipopolissacarídeo, e o complexo CV-I é removido através da camada delgada de peptideoglicano. Por isso, as células Gram- permanecem incolores até serem contracoradas com a Safranina ou Fucsina, e então tornam-se cor-de-rosa. Vale ressaltar que, a coloração de Gram é mais consistente quando utilizada em bactérias jovens, em crescimento. Pergunta: Por que a coloração de Gram é tão útil? R: a coloração de Gram permite classificar uma ampla variedade de espécies de bactérias em apenas dois tipos: Gram+ e Gram-. Além disso, componentes bioquímicos pertencentes as suas paredes celulares são essenciais para a metodologia se Gram seja aplicada. Desta forma, poderemos entender sua morfologia com auxílio dos corantes e classifica-las eficientemente. Coloração acidorresistente: Os microbiologistas utilizam essa coloração para a identificação de todas as bactérias do gênero Mycobacterium, incluindo os dois patógenos importantes Mycobacterium tuberculosis, o agente causador da tuberculose, e Mycobacterium leprae, o agente causador da Hanseníase. Essa coloração também é utilizada na identificação de linhagens patogênicas do gênero Nocardia. Procedimento de coloração acidorresistente: 1. Um corante vermelho de carbolfucsina é aplicado a um esfregaço fixado, e a lâmina é aquecida levemente por vários minutos. (O calor aumenta a penetração e a retenção do corante.) 2. A seguir, a lâmina é resfriada e lavada com água. O esfregaço é tratado com álcool-ácido, um descolorante, que remove o corante vermelho das bactérias que não são acidorresistentes. 3. Em seguida, o esfregaço é corado com um contracorante azul de metileno. As células que não são acidorresistentes aparecem azuis após a aplicação do contracorante. Explicação da coloração acidorresistente: Os microrganismos acidorresistentes retêm a cor vermelha ou rosa, pois a carbolfucsina é mais solúvel nos lipídeos (os microrganismos do gênero Mycobacterium possuem em sua parede celular o ácido micólico) da parede celular do que no álcool-ácido. Em bactérias que não são acidorresistentes, cujas paredes celulares não possuem os componentes lipídicos (ácido micólico), a carbolfucsina é rapidamente removida durante a descoloração, deixando as células incolores. Pergunta: Qual coloração poderia ser utilizada para identificar micróbios dos gêneros Mycobacterium e Nocardia? R: A coloração acidorresistente também conhecida como coloração de Ziehl-Neelsen (foi desenvolvida por Franz Ziehl e posteriormente melhorada por Friedrich Neelsen) pode corar bactérias cujas paredes celulares são altamente hidrofóbicas e não se aderem aos corantes aquosos. Por conseguinte, o uso da carbolfucsina aliada a uma fixação por calor poderia corar de maneira eficiente tais bactérias, afinal a carbolfucsina é solúvel nos componentes lipídicos, no caso o ácido micólico que está presente nas paredes celulares das bactérias do gênero Mycobacterium e linhagens patogênicas do gênero Nocardia. Colorações Especiais: As colorações especiais são utilizadas para corar porções dos microrganismos, como endósporos, flagelos ou cápsulas. Coloração negativa para cápsulas: Muitos micróbios contêm uma cobertura gelatinosa, chamada de cápsula. Na microbiologia médica, a demonstração da presença de uma cápsula é um modo de determinar a virulência do organismo. Método de coloração negativa para cápsulas: Deve-se misturar as bactérias em solução contendo uma fina suspensão coloidal das partículas coradas (geralmente com tinta da Índia ou nigrosina), a fim de fornecer um fundo contrastante e, então, corar as bactérias com uma coloração simples, como a Safranina. Explicação da coloração de cápsulas: A coloração de cápsulas é mais complexa do que outros procedimentos, pois uma vez que os materiais capsulares são solúveis em água e podem ser desalojados ou removidos durante a lavagem rigorosa. Devido à sua composição química, as cápsulas não reagem com a maioria dos corantes, como a Safranina, e, desse modo, aparecem como halos circundando cada célula bacteriana. Coloração para endósporos (esporos): Um endósporo é uma estrutura especialmente resistente, dormente, formada dentro de uma célula que protege a bactéria de condições adversas. Procedimento: A coloração de endósporos mais comumente utilizada é a coloração de Schaeffer-Fulton. O verde de malaquita é aplicado sobre um esfregaço fixado com calor e aquecido em vapor por cerca de 5 minutos. O calor auxilia a coloração a penetrar na parede do endósporo. Então, a preparação é lavada por cerca de 30 segundos com água, para remover o verde malaquita de todas as partes da célula, exceto dos endósporos. A seguir, a Safranina, um contracorante, é aplicada ao esfregaço para corar as porções da célula que não os endósporos. Esta coloração é especial, pois os corantes simples e a coloração de Gram não conseguem penetrar nas paredes dos endósporos. Coloração dos Flagelos: Os flagelos bacterianos são estruturas de locomoção muito pequenas para serem vistas ao microscópio óptico sem coloração. Para o procedimento de coloração é utilizado um mordente (iodo ou lugol) para aumentar os diâmetros dos flagelos até que se tornem visíveis microscopicamente quando corados com carbolfucsina. Pergunta: Qual a importância das cápsulas, dos endósporos e dos flagelos para as bactérias? R: As cápsulas estão diretamente ligadas virulência das bactérias e podem ajudar as bactérias a fugir dos mecanismos de fagocitose e inibir o sistema complemento do hospedeiro. Os endósporos são utilizados em momentos onde os nutrientes estão escassos ou a temperatura está afetando divisão bacteriana, desta forma ela entrará em um estado de dormência até que as condições do ambiente voltem a ser minimante aceitáveis. Os flagelos conferem motilidade a bactéria de modo que se movem de forma helicoidal (como uma hélice de avião) e propelem a bactéria. Revisão: 1- Por que é usado um mordente na coloração de Gram? E na coloração de flagelos? R: o mordente, iodo ou lugol, aumenta a afinidade entre a amostra biológica e o corante, assim intensificando a coloração. Os flagelos por serem extremamente finos não podem ser visualizados microscopicamente e o uso de uma substância mordente se faz necessária para aumentar a espessura do flagelo e assim permitindo sua visualização. 2- Qual o propósito do uso de um contracorante na coloração acidorresistente? 3- Qual o objetivo do uso de um descolorante na coloração de Gram? E na coloração acidorresistente? 4- Suponha que você tenha corado uma amostra de Bacillus aplicando uma solução de verde malaquita aquecida e, então, contracorou com safranina. Olhando no microscópio, as estruturas verdes são: a. paredes celulares. b. cápsulas. c. endósporos. d. flagelos. e. impossíveis deserem identificadas. 5- Qual das seguintes opções não corresponde a um par funcionalmente análogo de corantes? a. nigrosina e verde malaquita. b. cristal violeta e carbolfucsina. c. safranina e azul de metileno. d. etanol-acetona e álcool-ácido. e. todos os pares acima são funcionalmente análogos. 6- Imagine que você está observando um campo microscópico de uma amostra corada pelo método de Gram, com cocos vermelhos e bacilos azuis. Você pode concluir com segurança que: a. houve um erro na coloração. b. são duas espécies diferentes. c. as células bacterianas estão velhas. d. as células bacterianas estão jovens. e. nenhuma das alternativas. O tamanho, a forma e o arranjo das células bacterianas: As bactérias poder ter formato de esfera (cocos, que significa frutificação), de bastão (bacilos, que significa bastonete ou bengala) e de espiral. Diplococos: aqueles que permanecem em pares após a divisão são chamados de diplococos. Estreptococos: Aqueles que se dividem e permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia são chamados de estreptococos. Tétrades: aqueles que se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro são conhecidos como tétrades. Sarcinas: os que se dividem em três planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de oito, em forma de cubo, são chamados de sarcinas. Estafilococos: aqueles que se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cacho de uva ou lâminas amplas são chamados de estafilococos. Bacilos: a maioria dos bacilos se apresenta como bastonetes simples. Diplobacilos: se apresentam em pares após a divisão. Estreptobacilos: aparecem em cadeias. Vale ressaltar que alguns bacilos possuem a aparência de “canudinhos”. Outros possuem extremidades cônicas, como charutos. Outros ainda são ovais e tão parecidos como os cocos que são chamados de cocobacilos. Vibriões: As bactérias que se assemelham a bastões curvados são chamadas de vibriões. Espirilos: As bactérias chamadas de espirilos, possuem forma helicoidal, como um saca-rolha, e corpo bastante rígido. Espiroquetas: Têm forma também helicoidal, porém são flexíveis. A forma de uma bactéria é determinada pela hereditariedade. Geneticamente, a maioria das bactérias é monomórfica; ou seja, mantém uma forma única. Pergunta: como você pode identificar os estreptococos em um microscópio? Qual é a característica marcante das bactérias espiroquetas? Estruturas externas à parede celular Entre as possíveis estruturas externas da parede extracelular dos procariotos estão o glicocálice, os flagelos, os filamentos axiais, as fímbrias e os pili. Glicocálice: significa revestimento de açúcar, é o termo geral usado para as substâncias que envolvem as células. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente á parede celular e é composto por polissacarídeo, polipeptídeo ou ambos. Se o glicocálice está firmemente aderido à parede celular, ele é descrito como cápsula. Vale lembrar que podemos ver uma cápsula utilizando a coloração negativa. Porém, se a substância não é organizada e está fracamente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como uma camada limosa. Função das cápsulas: • Em certas espécies, as cápsulas são importantes para a contribuição da virulência bacteriana. • As cápsulas frequentemente protegem as bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas células do hospedeiro. • O glicocálice é um componente muito importante dos biofilmes. Ele auxilia as bactérias a se fixarem em seu ambiente-alvo e também permite que cada uma das bactérias se fixe umas as outras. Um exemplo seria o Streptococcus pneumoniae, que causa pneumonia apenas quando está envolto por uma cápsula. As células não encapsuladas de S. pneumoniae não podem causar pneumonia, sendo rapidamente fagocitadas. Flagelos: Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longos apêndices filamentosos que realizam a propulsão da bactéria. As bactérias que não possuem flagelos são denominadas atríquias (sem projeções). • Os flagelos podem ser peritríquios, distribuídos ao longo de toda a célula. • Polares, em uma ou ambas as extremidades das células. No caso, de flagelos polares, eles podem ser monotríquios, um único flagelo em um polo da célula. • Lofotríquios, um tufo de flagelos saindo de um polo da célula. • Anfitríquios, flagelos em ambos os polos da célula. Pergunta: Como uma bactéria que não possui flagelos é chamada? O movimento de uma bactéria para perto ou para longe de um estímulo é chamado de taxia. Esses estímulos incluem os químicos (quimiotaxia) e os luminosos (fototaxia). Fímbrias e pili: As fímbrias podem ocorrer nos polos da célula bacteriana ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula. As fímbrias têm uma tendência a se aderirem umas às outras e às superfícies. Por isso, elas estão envolvidas na formação de biofilme e outros agregados na superfície de líquidos, vidros e pedras. Já os pili (singular: pillus) normalmente são mais longos que as fímbrias, e há apenas um ou dois por célula. Os pili estão envolvidos na motilidade celular e na transferência de DNA, através da conjugação. Pergunta: Por quê a cápsula bacteriana possui importância médica? Parede Celular: é uma estrutura complexa e semirrígida responsável pela forma da bactéria. A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ela também serve como ponto de ancoragem para os flagelos. Composição e características da parede celular: A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular, denominada peptideoglicano (também chamada de mureína), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. Paredes celulares Gram+: Na maioria das bactérias Gram+, a parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicano, formando uma estrutura rígida e espessa. Além disso, as paredes celulares das bactérias Gram+ contêm ácidos teicoicos, que consistem principalmente em um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Paredes celulares Gram-: As paredes celulares das bactérias Gram- consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicano e uma membrana externa. As paredes celulares Gram- não contêm ácidos teicoicos. A membrana externa da célula Gram- consiste em LPS (lipopolissacarídeo), lipoproteínas e fosfolipídeos. Sua forte carga negativa é um fato importante na evasão da fagocitose e nas ações do sistema complemento. A membrana externa também fornece uma barreira contra a ação de detergentes, metais pesados, sais biliares, determinados corantes, antibióticos (p. ex., penicilina) e enzimas digestórias como a lisozima. Paredes celulares atípicas: Entre os procariotos, certos tipos de células não possuem paredes ou têm pouco material de parede. Estes incluem membros do gênero Mycoplasma. Os micoplasmas são as menores bactérias conhecidas que podem crescer e se reproduzir fora de células vivas de hospedeiros. Devido ao seu tamanho e por não terem paredes celulares, atravessam a maioria dos filtros bacterianos, tenso sido inicialmente confundidos com vírus. Suas membranas plasmáticas são únicas entre as bactérias por possuírem lipídeos denominados esteróis, os quais podem protege-las da lise (ruptura). Paredes celulares acidorresistentes: A coloração acidorresistente é utilizada na identificação de todas as bactérias do gênero Mycobacterium e espécies patogênicas do gênero Nocardia. Essas bactérias contêm alta concentração (60%) de um lipídeo céreo hidrofóbico (ácido micólico) em sua parede que previne a entrada dos corantes, incluindo os utilizados na coloração de Gram. Bactérias acidorresistentes podem ser coradas comcarbolfucsina, que penetra de forma mais eficiente nas bactérias quando aquecida. A carbolfucsina penetra na parede celular, liga-se ao citoplasma e resiste à remoção por lavagem com álcool- ácido. Bactérias acidorresistentes retêm a cor vermelha da carbolfucsina, pois esta substância é mais solúvel no ácido micólico da parede celular do que no álcool-ácido. Estruturas internas a parede celular: Membrana plasmática (citoplasmática): é uma estrutura fina, situada no interior da parede celular, revestindo o citoplasma da célula. A membrana plasmática dos procariotos consiste principalmente em fosfolipídeos, que são as substâncias químicas mais abundantes na membrana, e proteínas. Função: A função da membrana plasmática é servir como barreira seletiva para a entrada de materiais na célula e a saída de materiais da célula. Nessa função, as membranas plasmáticas possuem permeabilidade seletiva (muitas vezes chamada de semipermeabilidade). Essa expressão indica que determinadas moléculas e íons conseguem atravessar a membrana, mas outros são impedidos. Inclusões: Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de reserva, chamados de inclusões. As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente. Grânulos metacromáticos: Os grânulos metacromáticos são grandes inclusões que recebem seu nome pelo fato de que, algumas vezes, coram-se de vermelho com certos corantes azuis, como o azul de metileno. Coletivamente eles são conhecidos como volutina. A volutina consiste em uma reserva de fosfato inorgânico (polifosfato), a qual pode ser utilizada na síntese de ATP. Grânulos polissacarídicos: As inclusões, conhecidas como grânulos polissacarídicos, são caracteristicamente compostas de glicogênio e amido, e sua presença pode ser demonstrada quando iodo é aplicado às células. Na presença de iodo, os grânulos de glicogênio ficam na cor marrom-avermelhada, e os grânulos de amido ficam azuis. Inclusões lipídicas: As inclusões lipídicas aparecem em várias espécies de Mycobacterium, Bacillus, Azotobacter, Spirillum e outros gêneros. As inclusões lipídicas são reveladas pela coloração das células com corantes solúveis em gordura, como os corantes de Sudão. Grânulos de enxofre: Determinadas bactérias – por exemplo, as “bactérias sulfurosas”, que pertencem ao gênero Acidithiobacillus – obtêm energia pela oxidação de compostos que contêm e não contêm enxofre. Essas bactérias podem armazenar grânulos de enxofre na célula, onde eles servem como reserva de energia. Carboxissomos: Os carboxissomos são inclusões que contêm a enzima ribulose- 1,5-difosfato-carboxilase. As bactérias fotossintéticas que utilizam dióxido de carbono como sua única fonte de carbono requerem essa enzima para a fixação do dióxido de carbono. Vacúolos de gás: Cavidades ocas encontradas em muitos procariotos aquáticos, incluindo as cianobactérias, as bactérias fotossintéticas anoxigênicas e as halobactérias, são denominados vacúolos de gás. Cada vacúolo consiste em fileiras de várias vesículas de gás individuais, que são cilindros ocos recobertos por proteína. Magnetossomos: Os magnetossomos são inclusões de óxido de ferro (Fe3O4) circundadas por invaginações da membrana plasmática. Os magnetossomos são formados por várias bactérias Gram-, como Magnetospirillum magnetotacticum, e atuam como ímãs. As bactérias podem usar os magnetossomos para se moverem, para baixo, até atingirem um local de fixação aceitável. Endósporos: Quando os nutrientes essenciais se esgotam, determinadas bactérias Gram+, como aquelas dos gêneros Clostridium e Bacillus, formam células “dormentes” especializadas, chamadas, de endósporos. Exclusivos das bactérias, os endósporos são células desidratadas altamente duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais. Eles são formados internamente á membrana celular bacteriana. Quando liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e exposição a muitas substâncias químicas, tóxicas e radiação. O processo de formação do endósporo no interior de uma célula vegetativa leva várias horas e é conhecido como esporulação ou esporogênese. Células vegetativas de bactérias que formam endósporos iniciam a esporulação quando um nutriente essencial, como uma fonte de carbono ou nitrogênio, torna-se escassa ou indisponível. Os endósporos não realizam reações metabólicas. O cerne altamente desidratado do endósporo contém somente DNA, pequenas quantidades de RNA, ribossomos, enzimas e algumas moléculas pequenas importantes. Esses componentes celulares são essenciais para retornar posteriormente o metabolismo. Um endósporo retorna ao seu estado vegetativo por um processo chamado de germinação. A germinação é desencadeada pelo calor alto, como aquele utilizado na produção de conservas, ou por pequenas moléculas, chamadas de germinantes. Então, as enzimas do endósporo rompem as camadas extras que o circundam, a água entra e o metabolismo recomeça. Como uma célula vegetativa forma um único endósporo que, após a germinação, permanece uma célula única, a esporulação em bactérias não é um meio de reprodução. Pergunta: Qual é a função geral das inclusões bacterianas? Sob quais condições são formados os endósporos? Fatores necessários para o crescimento: Os fatores necessários para o crescimento microbiano podem ser divididos em duas categorias principalmente: físicos incluem temperatura, pH e pressão osmótica. Os fatores químicos incluem fontes de carbono, nitrogênio, enxofre, fósforo, oxigênio, elementos-traço e fatores orgânicos de crescimento. Fatores físicos – Temperatura: A maioria dos microrganismos cresce bem nas temperaturas ideais para os seres humanos. Contudo, certas bactérias são capazes de crescer em extremos de temperatura que certamente impediriam a sobrevivência de quase todos os organismos eucarióticos. Os microrganismos são classificados em três grupos principais, com base na faixa de temperatura que eles preferem: Psicrófilos, micróbios que gostam do frio Mesófilos, micróbios que gostam de temperaturas moderadas. Termófilos, micróbios que gostam de calor. Cada espécie bacteriana cresce a temperaturas mínima, ótima e máxima específicas. A temperatura mínima de crescimento é a menor temperatura na qual a espécie pode crescer. A temperatura ótima de crescimento é a temperatura na qual a espécie cresce melhor. A temperatura máxima de crescimento é a maior temperatura na qual o crescimento é possível. pH: A maioria das bactérias cresce melhor em uma faixa estreita de pH próxima da neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5. Poucas bactérias crescem em pH ácido abaixo de 4. Por essa razão, muitos alimentos, como o chucrute, os picles e muitos queijos, são protegidos da deterioração pelos ácidos produzidos pela fermentação bacteriana. Todavia, algumas bactérias, chamadas de acidófilas, são extraordinariamente tolerantes à acidez. Quando bactérias são cultivadas em laboratório, elas com frequência produzem ácidos que, algumas vezes, interferem com o seu próprio crescimento. Para neutralizar os ácidos e manter o pH apropriado, tampões químicos são incluídos no meio de cultura. As peptonas e os aminoácidos atuam como tampões em alguns meios, e muitos meios também contêm sais de fosfato. Os sais de fosfato têm a vantagem de exibir o seu efeito de tampão na faixa de pH de crescimento da maioria das bactérias. Também não são tóxicos; de fato, eles fornecem fósforo, um nutriente essencial. A maioria dos microrganismos, contudo deve ser cultivada em meio constituído quase que apenas de água. Por exemplo, a concentração de ágar (polissacarídeo complexo isolado de uma alga marinha), utilizada para solidificar os meios de cultura microbianos, normalmente é de aproximadamente 1,5%. Se concentrações bem mais altassão utilizadas, a pressão osmótica aumentada pode inibir o crescimento de algumas bactérias. Se a pressão osmótica é anormalmente baixa (o ambiente é hipotônico) – como na água destilada, por exemplo –, a água tende a entrar na célula, em vez de sair. Alguns microrganismos que têm uma parede celular relativamente frágil podem ser lisados com esse tratamento. Pergunta: Além de controlar a acidez, qual é a vantagem de utilizar sais de fosfato como tampões em meios de cultura? Oxigênio: Os microrganismos que utilizam o oxigênio molecular (aeróbios) produzem mais energia a partir dos nutrientes que os microrganismos que não utilizam o oxigênio (anaeróbios). Os organismos que precisam do oxigênio para viver são chamados de aeróbios obrigatórios. Os aeróbios obrigatórios estão em desvantagem, uma vez que o oxigênio é pouco solúvel na água de seu ambiente. Por isso, muitas das bactérias aeróbias têm desenvolvido, ou mantido, a capacidade de continuar a crescer na ausência do oxigênio. Esses organismos são chamados de anaeróbios facultativos. Em outras palavras, os anaeróbios facultativos podem utilizar o oxigênio quando ele está presente, mas são capazes de continuar a crescer utilizando a fermentação ou a respiração anaeróbia quando o oxigênio não está disponível. Os anaeróbios obrigatórios são bactérias incapazes de utilizar o oxigênio molecular nas reações de produção de energia. O gênero Clostridium, o qual contêm espécies que causam o tétano e o botulismo, é o exemplo mais conhecido. Biofilmes: Na natureza, os microrganismos raramente vivem em colônias isoladas de uma única espécie, como vemos nas placas de cultura no laboratório. Eles normalmente vivem em comunidades chamadas de biofilmes, os quais são uma camada fina e viscosa envolvendo bactérias que se aderem a uma superfície. Porém, o biofilme não é somente uma camada limosa bacteriana, mas sim um sistema biológico; as bactérias são organizadas em uma comunidade funcional coordenada. Na comunidade de um biofilme, as bactérias são capazes de compartilhar nutrientes e são protegidas de fatores danosos do ambiente, como a dessecação, os antibióticos e o sistema imune corporal. A íntima proximidade dos micróbios dentro de um biofilme também pode apresentar a vantagem de facilitar a transferência de informação genética (plasmídeos), por exemplo, por conjugação. Pergunta: Identifique uma razão pela qual os patógenos encontram uma vantagem em formar biofilmes. Por quê a prevenção da formação de biofilmes é importante em um ambiente de cuidados da saúde? Meio de cultura: O material nutriente preparado para o crescimento de microrganismos em laboratório é chamado de meio de cultura. Algumas bactérias podem crescer bem em qualquer meio de cultura; outras requerem meios especiais, e ainda não podem crescer em qualquer dos meios não vivos até agora desenvolvidos. Os microrganismos que são introduzidos em um meio de cultura para dar início ao crescimento são chamados de inóculo. Os micróbios que crescem e se multiplicam no interior ou sobre um meio de cultura são chamados de cultura. Quais critérios um meio de cultura deve preencher? Primeiro, ele deve conter os nutrientes adequados para o microrganismo específico que queremos cultivar. Deve conter também uma quantidade de água suficiente, pH apropriado e um nível conveniente de oxigênio, ou talvez nenhum. O meio deve ser estéril, ou seja, não deve conter microrganismos vivos. Dessa forma, a cultura conterá apenas os microrganismos (e sua descendência) que foram introduzidos. Por fim, a cultura em crescimento deve ser incubada em temperatura apropriada. A maioria dos meios de cultura que estão comercialmente disponíveis, tem componentes pré-misturados e requer somente a adição de água e a esterilização. Quando se deseja o crescimento das bactérias em meio sólido, um agente solidificante, como o ágar, é adicionado ao meio. O ágar, polissacarídeo complexo derivado de uma alga marinha, tem sido muito utilizado como espessante em alimentos, como gelatina e sorvetes. O ágar tem algumas propriedades muito importantes que o tornam valioso em microbiologia, nunca tendo sido encontrado um substituto satisfatório. Poucos microrganismos podem degradar o ágar, o que permite que ele permaneça sólido. Os meios com ágar geralmente são contidos em tubos de ensaio ou placas de Petri. Meio quimicamente definido: Um meio quimicamente definido é aquele cuja composição exata é conhecida. Os organismos que requerem muitos fatores de crescimento são descritos como fastidiosos. Meio complexo: Os meios quimicamente definidos geralmente são reservados para trabalhos experimentais em laboratório ou para o crescimento de bactérias autotróficas. Meios e métodos para o crescimento anaeróbio: Como os microrganismos anaeróbios podem ser destruídos pela exposição ao oxigênio, meios especiais, chamados de meios redutores, devem ser utilizados. Esses meios contêm ingredientes, como o tioglicolato de sódio, que se combinam quimicamente com o oxigênio dissolvido e o eliminam do meio de cultura. Técnicas especiais de cultura: muitas bactérias nunca foram cultivadas com sucesso em meios artificiais de laboratório. Mycobacterium leprae, o bacilo da hanseníase, hoje geralmente é multiplicado em tatus, pois eles têm uma temperatura corporal relativamente baixa, que atende às necessidades do microrganismo. Com poucas exceções, as bactérias intracelulares obrigatórias, como riquétsias e clamídias, não crescem em meios artificiais. Como os vírus, elas apenas podem se reproduzir em célula hospedeira viva. Níveis de Biossegurança: Alguns microrganismos, como o vírus Ebola, são tão perigosos que só podem ser manipulados sob sistemas complexos de contenção, chamados de biossegurança de nível 4 (BSL-4), de biosafety level 4). Os laboratórios de nível 4 são popularmente conhecidos como “zonas quentes”, e há somente alguns desses laboratórios nos Estados Unidos. O laboratório é um ambiente selado dentro de uma construção maior e tem uma atmosfera com pressão negativa, de modo que aerossóis contendo patógenos não podem escapar. As entradas e saídas de ar são filtradas com filtros de ar particulado de alta eficiência; o ar de saída é duplamente filtrado. Todos os materiais residuais que saem do laboratório são desinfetados. A equipe veste “roupas espaciais”, que são conectadas a um suprimento de ar. Organismos menos perigosos são manuseados em níveis de biossegurança menores. Por exemplo, um laboratório de aula de microbiologia básica pode ser BSL-1. Os organismos que apresentam risco moderado de infecção podem ser manuseados em BSL-2, ou seja, em bancadas abertas de laboratório com luvas apropriadas, avental de laboratório e, se necessário, proteção para o rosto e os olhos. Os laboratórios BSL-3 são destinados aos patógenos de ar altamente infecciosos, como o agente de tuberculose. Gabinetes de segurança biológica com aparência similar a de uma câmara anaeróbia, são utilizados. O laboratório em si deve ter uma pressão negativa e ser equipado com filtros de ar para evitar a liberação do patógeno. Meios de cultivo seletivo e diferencial: Os meios seletivos são elaborados para impedir o crescimento de bactérias indesejadas e favorecer o crescimento dos microrganismos de interesse. Os meios diferenciais facilitam a diferenciação das colônias de um microrganismo desejado em relação a outras colônias crescendo na mesma placa. O ágar-sangue (que contém hemácias) é um meio utilizado com frequência pelos microbiologistas para identificar espécies bacterianas que destroem hemácias. Algumas vezes, as características seletivas e diferenciais são combinadas no mesmo meio. Exemplo: Imagine que queiramos isolar a bactéria Staphylococcus aureus, encontrada comumente nas fossas nasais. Esse organismo é tolerante a altas concentraçõesde cloreto de sódio; ele também pode fermentar o carboidrato manitol para formar ácido. O ágar hipertônico manitol contém 7,5% de cloreto de sódio, o que impede o crescimento de organismos competidores e, portanto, seleciona (favorece o crescimento de) S. aureus. Esse meio hipertônico contém um indicador de pH que altera a sua cor se o manitol do meio é fermentado a ácido; as colônias de S. aureus que fermentam o manitol são, então, diferenciadas das colônias de bactérias que não fermentam o manitol. As bactérias que crescem em concentração elevada de sal e fermentam o manitol a ácido podem ser facilmente identificadas pela mudança de coloração. Meios de enriquecimento: Como as bactérias em pequeno número podem ser perdidas, em particular se outras bactérias estiverem presentes em maior número, algumas vezes é necessário utilizar uma cultura de enriquecimento. Com frequência, essa metodologia é empregada com amostras de solo ou fezes. O meio (meio enriquecido) para enriquecer uma cultura geralmente é líquido e fornece nutrientes e condições ambientais que favorecem o crescimento de um microrganismo específico, e não de outros. Nesse sentido, também é um meio seletivo, mas elaborado para amplificar até níveis detectáveis um número muito pequeno do microrganismo de interesse. Obtenção de culturas puras: As bactérias devem ser distribuídas de maneira suficientemente ampla na placa para que as colônias possam ser visivelmente separadas umas das outras. A maioria dos trabalhos de microbiologia requer culturas puras ou clones da bactéria. O método de isolamento mais comumente utilizado para a obtenção de culturas puras é o método do esgotamento em placa. Uma alça de inoculação estéril é mergulhada dentro de uma cultura mista, que contém mais de um tipo de microrganismo, e é semeada em estrias na superfície de um meio nutritivo. Ao longo da estria, as bactérias são depositadas quando a alça entra em contato com o meio. As últimas células a serem depositadas pela alça são afastadas o suficiente para crescer em colônias isoladas. Essas colônias podem ser coletadas com uma alça de inoculação e transferidas para um tubo de ensaio contendo meio nutritivo para a obtenção de uma cultura pura contendo um tipo de bactéria. O método do esgotamento em placa funciona bem quando o organismo a ser isolado está presente em grande número em relação á população total. Contudo, quando o microrganismo a ser isolado está presente em um número muito pequeno, sua quantidade pode ser aumentada por enriquecimento seletivo antes do isolamento pelo método do esgotamento em placa. Pergunta: Uma colônia formada por esgotamento em placa é sempre derivada de uma única bactéria? Por que sim ou por que não? Divisão bacteriana: o crescimento bacteriano se refere ao aumento do número de bactérias, e não a um aumento no tamanho das células individuais. As bactérias normalmente se reproduzem por fissão binária. . Tempo de geração: Para o cálculo do tempo de geração das bactérias, consideraremos somente a reprodução por fissão binária, que é o método mais comum. A divisão de uma célula produz duas células, a divisão dessas duas células produz quatro células, e assim por diante. Quando o número de células em cada geração é expresso na potência 2, o expoente reflete o número de duplicações (gerações) que ocorreram. O tempo necessário para uma célula se dividir (e a sua população dobrar) é chamado de tempo de geração. A maioria das bactérias tem um tempo de geração de 1 a 3 horas; outras requerem mais de 24 horas por geração. Pergunta: Se uma bactéria se reproduz a cada 30 minutos, qual o número de bactérias em duas horas? Fases de crescimento: Quando algumas bactérias são inoculadas em um meio líquido de crescimento e a população é contada em intervalos regulares, é possível representar graficamente a curva de crescimento bacteriano. Há quatro fases básicas de crescimento: a fase lag, a fase log, a fase estacionária e a fase de morte celular. A fase lag: Durante certo tempo, o número de células muda pouco, pois elas não se reproduzem imediatamente em um novo meio. Esse período de pouca ou nenhuma divisão é chamado de fase lag, podendo durar de uma hora a vários dias. Durante esse tempo, contudo as células não estão dormentes. A fase log: Por fim, as células começam a se dividir e entram em um período de crescimento, ou aumento logarítmico, chamado de fase log, ou fase de crescimento exponencial. A reprodução celular é mais ativa durante esse período, e o tempo de geração (intervalo durante o qual a população dobra) atinge um mínimo constante. Como o tempo de geração é constante, uma representação logarítmica do crescimento durante a fase log gera uma linha reta. A fase estacionária: Eventualmente, a velocidade de reprodução diminui, o número de mortes microbianas é equivalente ao número de células novas, e a população se estabiliza. A causa da interrupção do crescimento exponencial não é sempre clara. O esgotamento dos nutrientes, o acúmulo de resíduos e mudanças no pH danosas às células podem ser os motivos. A fase de morte celular: O número de mortes eventualmente excede o número de novas células, e a população entra em uma fase de morte, ou fase de declínio logarítmico. Essa fase continua até que a população tenha diminuído para uma pequena fração do número de células da fase anterior ou até que a população morra totalmente.
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