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CASO 3
ADULTO: “EU NÃO CONSIGO ME LEMBRAR”
Descrição da demanda
Augusta, 52 anos, nível escolar técnico (técnica em enfermagem), viúva, mãe de três filhos. Encaminhada pela psicóloga do hospital em que trabalha para avaliação das funções cognitivas, por dificuldades de memória. O encaminhamento foi feito após seus superiores se queixarem a respeito de seu desempenho deficitário, pois estava deixando de cumprir diversas tarefas (por esquecimento). Essa queixa foi entendida pela paciente como um alerta sobre sua permanência no emprego.
História clínica
A paciente relatou que sempre teve dificuldades de memória e que, durante todo o período de escolarização formal, nunca conseguiu obter notas médias nas disciplinas, tendo progredido nos anos escolares iniciais graças aos trabalhos extras que os professores ofereceram. Contou que era muito agitada na escola (brigava verbal e fisicamente com os colegas), que sempre teve problemas de aprendizagem, mas que era muito boa em esportes. Segundo ela, colegas e alguns professores a chamavam de “burra”. Disse que a família nunca procurou ajuda profissional e que a mãe a agredia fisicamente pelo baixo desempenho escolar e pelos problemas de comportamento na escola. Augusta repetiu a 6a série (atual 7o ano do ensino fundamental) e desistiu de estudar quando ingressou no ensino médio. Somente concluiu a educação básica aos 28 anos, por meio do programa de educação de jovens adultos (EJA), após ter concluído um curso técnico em Enfermagem.
Augusta contou que seus relacionamentos familiares e sociais lhe proporcionavam mais desprazer do que prazer. Relatou importantes dificuldades de relacionamento com a mãe, citando, por exemplo, um quadro de enurese (com frequência quase diária até seus 13 anos) em que esta a agredia fisicamente a cada episódio. Segundo ela, a mãe tinha preferência por alguns filhos (tinha um total de oito irmãos) e ela não era um desses. Disse que, na escola, somente conseguiu se relacionar com os colegas mais
fracos e mal adaptados e que, aos 14 anos, começou a namorar um garoto com quem veio a se casar aos 16 anos (ele tinha 22 anos). Contou, ainda, que encontrou no casamento a oportunidade para sair do ambiente familiar que lhe gerava sofrimentos.
Contudo, em suas palavras: “Eu saí de um inferno para entrar em outro”, pois logo após o casamento descobriu os problemas do marido com o álcool. Augusta teve três filhos com ele e separou-se aos 26 anos. Após a separação, começou a trabalhar em dois empregos simultaneamente para sustentar as crianças, pois não contou com o apoio financeiro do ex-marido. Ela disse ter tido um relacionamento frágil e distante com os filhos. Supria sua ausência comprando aparelhos eletrônicos modernos para eles.
Também contou que sempre teve problemas em administrar as contas da casa, pois costumava contrair muitas dívidas com artigos desnecessários. Aos 30 anos, iniciou um novo relacionamento amoroso, interrompido após quatro anos de duração, segundo ela, por dificuldades de conciliar trabalho, família e relacionamento.
 Ela ainda contou que seu ex-marido faleceu aos 39 anos devido a complicações do uso abusivo de álcool. Augusta se queixou de sua memória, dizendo que nunca conseguiu ler um livro completo: “Eu começo lendo uma página e, quando chego ao fim dela, já me esqueci de tudo o que li acima, e daí volto e começo de novo e esqueço de novo... sempre foi assim”. Ela fez uma série de consultas e exames neurológicos, tendo trazido para a avaliação psicológica os resultados de seis exames neurológicos realizados entre os seus 38 e 51 anos (todos com resultados sem alterações, sugerindo normalidade). Iniciou um acompanhamento psicológico no hospital em que trabalha após seus superiores se queixarem de seu deficitário desempenho profissional decorrente de esquecimentos. Sua psicóloga fez, então, o encaminhamento para a avaliação psicológica.

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