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01 MA Arte e Educação

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Arte e Educação 
Vera Lúcia de Oliveira Ponciano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
BLOCO 1. ARTE, CULTURA E SUA HISTÓRIA........................................................... 3 
BLOCO 2. ARTE E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO........................................... 26 
BLOCO 3. LINGUAGENS ARTÍSTICAS ....................................................................... 37 
BLOCO 4. ARTE-EDUCAÇÃO: CONCEITO, FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS..... 48 
BLOCO 5. PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DO ENSINO DA ARTE............................ 63 
BLOCO 6. ARTE E INTERDISCIPLINARIDADE............................................................ 73 
 
 
 
 
 
 
3 
 
BLOCO 1. ARTE, CULTURA E SUA HISTÓRIA 
A arte existe para que possamos compreender a natureza do humano, único ser capaz 
de produzir e vivenciar o simbólico. A arte-educação surge com a função de fazer-nos 
compreender a importância da arte para o desenvolvimento cognitivo, social e 
cultural, apenas para mencionar algumas das contribuições da arte. 
Disso resulta a necessidade de compreender termos e respectivos conceitos, por 
exemplo, o que é cultura, o que é arte, o que é estética, além de conhecer o panorama 
da arte no mundo e no Brasil e, ainda, os locais nos quais a arte é veiculada, seja como 
objeto mercadológico, seja como bem simbólico, para fruição. Com isso formará uma 
base de conhecimento para que possa atuar junto a seus alunos, tanto no resgate 
dessa história da arte, fazendo os aproximar do processo de criação em cada época e 
período histórico quanto na valorização da fruição e criação, atividades que 
potencializam o desenvolvimento em todas as suas facetas. 
 
1.1. Arte e cultura 
Vamos começar pela cultura e muitos são os termos utilizados para designá-la: uma 
determinada ciência; o cultivo de um elemento da agricultura (por exemplo, a cultura 
de arroz), quando associamos a cultura ao grau de erudição de uma pessoa, ou ainda 
ligado à antropologia, que é o termo que adotamos aqui, representado por tudo aquilo 
que homem produz, ou seja, “conjunto complexo dos padrões de comportamento, das 
crenças,instituições e outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente 
e característicos de uma sociedade” (COLI, 1995). 
E nesse último sentido, será que a arte se relaciona com a cultura? Seria arte um valor 
material ou imaterial característico de uma sociedade e que se perpetua ao longo do 
tempo? 
Se a cultura é tudo que o ser humano produz, ou cria, por uma capacidade 
exclusivamente humana, aquilo que não é inato, mas adquirido pela aprendizagem, 
transmitido de geração em geração, contempla a multiplicidade e é variável no tempo 
e no espaço, será que a arte, também, satisfaria todos estes critérios? 
Arte é cultura, junto com as demais criações humanas, algo que se contrapõe ao que é 
criado pela natureza, e tanto a arte como a cultura só é possível porque homem tem 
 
 
 
4 
 
um estado para além do natural, pois não se reduz ao biológico, uma vez que é dotado 
da capacidade de produzir a sua existência, de criar, portanto ele é muito mais que um 
estado natural, é um ser cultural, capaz de transformar a natureza. 
Muitos estudiosos afirmam que a condição distinta do homem se dá pela sua 
capacidade de linguagem, outros defenderão que é o trabalho que diferencia o 
homem. Sem entrar nesse debate, vamos ver que as duas dimensões dão ao homem a 
condição de se destacar, dentre outros animais, e que a arte estará presente, tanto 
como forma de comunicação ou para designar o modo como o homem produz sua 
existência, pois os registros ao longo do tempo, expõem a forma com que o homem se 
apropriou e transformou a natureza, revelam o modo de vida que cada um dos 
humanos viveu e que fomos chamando de arte. 
A arte foi tida como um ofício, uma forma especial de saber, uma atividade humana 
ligada à manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, 
emoções e ideias. Ela deriva do termo latino “ars” que significa técnica e/ou 
habilidade), ou seja, ”(...) manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada 
por meio de uma grande variedade de linguagens, tais como: arquitetura, desenho, 
escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema”, ou é concebida como ideia 
de colocar o homem em equilíbrio com seu meio, se caracteriza como um 
reconhecimento parcial da sua natureza e da 
sua necessidade e, ainda, a expressão exterior de um conteúdo interior, uma 
comunicação intersubjetiva. 
Se procurarmos o termo “arte” no dicionário Aurélio, teremos que a “Arte é a 
atividade que supõe a criação de sensações ou de estado de espírito, de caráter 
estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o 
desejo de prolongamento ou renovação. A capacidade criadora do artista expressar ou 
transmitir tais sensações ou sentimentos”. 
E, não se pode negar todas essas definições, de modo que a arte envolve um amplo 
espectro e é inerente ao humano, revela sua capacidade distinta de criação, expressa 
pela produção simbólica, intersubjetiva, que atende necessidades tipicamente 
humanas, tão bem expressa por Nietzsche ao dizer que “A arte existe para que a 
 
 
 
5 
 
realidade não nos destrua”, ou ainda, como tão bem expressou Ferreira Gullar “A arte 
existe porque a vida não basta”, ou seja, ela ultrapassa a própria vida ou existência. 
Coli (1995) trará maior compreensão quando expõe que 
A arte constrói, com elementos extraídos do mundo sensível, um outro 
mundo, fecundo em ambiguidades. Na obra há uma organização astuciosa 
de um conjunto complexo de relações, um mundo único feito a partir do 
nosso (...), capaz de atingir e enriquecer nossa sensibilidade. Ela nos ensina 
muito sobre nosso próprio universo, de um modo específico (...). 
 
Ou ainda, quando expressa que “A arte existe porque faz sentir, reconfigura os 
sentimentos, a não-razão. Ao mesmo tempo que ultrapassa, a arte coexiste com 
a razão como dois irmãos que não necessitam um do outro individualmente para 
existir, mas que se complementam e sustentam a existência humana.” (COLI, 1995) 
Assim é extremamente importante que se reconheça o valor da cultura e da arte e a 
forma com que se relacionam, pois assim podemos compreender a nossa própria 
história. E compreendê-la a partir do conceito de estética, que nos revela e discute 
sobre o belo, sobre o sensível. 
 
1.2. Arte e estética 
A estética dialoga com o belo, com o sensível, mas também diz respeito a um ramo de 
estudos denominado Filosofia da arte, que tem por objetivo discutir e compreender 
sobre a arte, sua finalidade, características, como o homem se relaciona com as 
percepções e sensações que a arte proporciona. A estética, ao tratar do belo, traz ao 
longo do tempo diferentes concepções desse conceito e assim, podemos acompanhar 
como ele se configura em cada época, o que faz nos ligá-la à filosofia. Assim de belo 
sinônimo de verdade, algo que é perfeito e que só está no mundo das ideais, passamos 
ao belo que está contido nas coisas, relaciona-se à perfeita proporção, à simetria, à 
completude. Mas como o mundo não é estático, mas dinâmico, tais concepções se 
rearranjam e o belo que estava associado ao mundo das ideias, passa a ser válido, 
somente quando se aproxima do divino. Veja que o belo é visto do ponto de vista 
religioso, exatamente porque impera nessa época a religião. Mas a dinamicidade do 
mundo faz com que também as concepções de belo se modifiquem e o belo passa a 
 
 
 
6 
 
estar contido no objeto, é belo em si, sem dependência ou necessidade de 
interpretação, seria belo para todos e para qualquer ume nesse momento passa a ser 
diferenciado do sublime, pois o belo estando nos objetos, seria desinteressado, livre. 
Na dinamicidade do mundo passa-se a conviver com a ideia de que o belo acompanha 
e manifesta o espírito de uma época, ou seja, o que é belo muda de tempos em 
tempos a depender da época que vivemos. E hoje como definiríamos o belo? Não se 
pode dizer que todas essas concepções ainda não estejam presentes na 
contemporaneidade e ao adentrarmos no universo da história da arte, 
acompanharemos o conceito de belo, que estará implícito em cada tendência, em cada 
movimento artístico. E isso requer sensibilidade, ser sensível ao que se nos apresenta. 
Isso está ligado à estética, de modo que se é complexo defini-la, ela nos será 
apresentada pelas sensações, pela sensibilidade com que “olhamos” a expressão 
humana da criação ao longo dos tempos. 
 
1.3. Panorama da história da arte no mundo 
É possível conhecer nossa história a partir da arte. E a arte tem uma história e seu 
início é datado. Surge desde que o homem nem assim a denominava e associa-se ao 
ato de simbolizar, marca característica do humano. 
Quando abordamos a arte na pré-história, será que o homem tinha consciência de que 
produzia arte? 
Podemos especular tudo que a arte representou aos homens e mulheres, nossos 
ancestrais. Podemos inferir sobre seu significado, mas é certo que ela foi produzida 
por uma necessidade inerentemente humana e se perpetuou pelos registros e marcas 
deixados pela humanidade. 
Conhecemos o universo que se desvenda por entre tais registros, marca do humano, 
que só pode ser inferida, interpretada, apreciada por outro humano. 
Podemos perpassar a história da humanidade olhando para suas obras e destacar 
aquilo que lhe é mais característico: a arte rupestre; a lei da frontalidade dos egípcios; 
as esculturas gregas que simbolizavam o belo, pela anatomia e proporções; a pintura 
utilizada para decoração nas paredes e os retratos da arte romana; os mosaicos 
coloridos, místicos da arte bizantina; a arte românica usada para narrar histórias 
 
 
 
7 
 
bíblicas e comunicar valores, por meio dos afrescos; o realismo de santos humanizados 
para exaltar a burguesia, mas mantendo a exaltação do divino da arte gótica; a arte 
atrelada aos avanços tecnológicos, com o desenvolvimento da técnica do desenho 
linear, o uso da perspectiva, a pintura a óleo e o uso de tela como suporte, 
característicos da arte renascentista; a arte barroca marcada pelo exagero, pela 
emoção, com traços contorcidos, uso de curvas, relevos e cor dourada; a elegância, e o 
erotismo da arte gótica, de inspiração mundana, com uso de pinceladas rápidas, leves 
e delicadas e desenho decorativo, de cores claras e luminosas, com predomínio de nus 
femininos; o neoclassicismo que se opõe ao barroco e rococó, com a reconstrução da 
arte da antiguidade clássica e da Grécia e de Roma; o destaque para o exótico, o 
pitoresco, o fantástico e o aventuroso, uso da técnica de alto relevo, a exuberância do 
vermelho, contraste de luz e sombra, da composição e pinceladas livres do 
romantismo; o realismo na representação do real, concreto e objetivo, o abando da 
pintura de santos, temas históricos ou literários, para pintar o que se vê; o 
impressionismo despreocupado com as temáticas nobres, mas interessados em captar 
a ação, a luz e o movimento nas pinceladas soltas da arte realizada ao ar livre para que 
se capturasse melhor as variações de cores da natureza; o pontilhismo que se utiliza da 
técnica de pontos coloridos justapostos de modo a formar uma ilusão ótica do todo, 
com temática da natureza e valorização da luminosidade e decomposição de cores; o 
futurismo, que expressa a era da máquina, da velocidade, com novas normas 
composicionais e ideologias distintas, marcado pela exposição de figuras em 
movimento, que quer derrubar o humanismo e o humanitarismo; o expressionismo 
que objetiva captar a expressão da subjetividade, propõe o pacifismo, sentimento de 
fraternidade e desprezo pelo materialismo industrial mecanizado e que apresenta-se 
com linhas e cores vibrantes, numa pintura emocional que reflete as angústias e 
instabilidade da guerra; o Dadaísmo que representa a ausência de sentido da vida 
frente aos horrores da guerra, o sentimento de descrença nos valores humanos, 
expresso pela estética do acaso: a pintura automática e irracional; poesia por colagem 
de recorte de jornais, a escultura pela mistura de materiais diversos; o Surrealismo 
sem preocupação estética ou moral, representa o rompimento das barreiras entre o 
sonho e a realidade, unindo as representações do real com o abstrato, o irreal e o 
 
 
 
8 
 
inconsciente, apoiada no método do automatismo psíquico, baseado nos sonhos e 
suas associações; o cubismo, movimento da vanguarda, cuja técnica pretende 
reproduzir a realidade vista por todos os ângulos simultaneamente, com simplificação 
da forma e geometrização da forma; o fauvismo, caracterizado pela simplificação das 
formas e figuras e a utilização de cores puras, quentes, fortes, agressivas, retornando à 
expressão mais primitiva, não se preocupando em retratar detalhes, nem a realidade, 
mas as sensações, os impulsos vitais, deixando o desenho e a forma em segundo 
plano; o abstracionismo, com obras caracterizadas pela ausência de relação e 
padronização de formas e cores, não mantendo relação com imagens ou aparência da 
realidade exterior, pois a intenção era fazer oposição a toda objetividade artística; a 
Pop art, movimento artístico, que fazia alusão à utilização de objetos considerados 
banais e do cotidiano, atrelado à iconografia da cultura popular, com os símbolos 
fornecidos pelos meios de comunicação, refletia a sociedade de consumo, o conforto 
material e o tempo livre, o vulgarismo dos produtos fabricados e consumidos em 
massa; a Op-Art, tendência que tenta reproduzir a percepção do movimento, ligada ao 
ótico, é rico em figuras geométricas, contrastes. E ela continua cada dia com 
inovações, usa espaços restritos e amplos, formas e materiais os mais diversos. 
Muito se falou da arte e grande parte do que foi dito se referiu as artes visuais, mas ela 
também tem um representante muito eloquente na época atual: o cinema. 
E quais seriam os marcos do cinema? A sétima arte começa na França no século XIX 
(1895), com os irmãos Lumière e a criação do cinematógrafo, que era ao mesmo 
tempo filmador, copiador e projetor. Com eles foram realizados vários curta-
metragens. 
A invenção da fotografia anteriormente foi sua precursora, mas cinema é fruto da 
evolução de muitas técnicas, desde a sensação de movimentos dos desenhos das 
cavernas, passando pelo teatro de marionetes dos chineses, que projetavam sombras 
nas paredes de figuras manipuladas há sete mil anos. 
Leonardo da Vinci também contribuiu, no século XV, com a criação de Câmara escura. 
O alemão Athanasius Kirchner criou a Lanterna Mágica, no século XVII, um objeto 
composto de um cilindro iluminado à vela, para projetar imagens desenhadas em uma 
lâmina de vidro. 
 
 
 
9 
 
Muitos aparelhos que serviam para o estudo da persistência retiniana foram 
desenvolvidos no século XIX. 
Mas isso não para por aqui: foi inventado o Fenacistoscópio, um disco que apresenta 
várias figuras de uma mesma pessoa em posições que formam movimento ao giro do 
disco; após foi criado o Praxinoscópio, um tambor giratório com desenhos colados na 
sua superfície interior, e no centro espelhos, que ao ser girado formavam movimento 
harmonioso; e, ainda, o Cinetoscópio, que era em um filme perfurado, projetado em 
uma tela no interior de uma máquina, na qual só cabia uma pessoa em cada 
apresentação e era vista por umalente de aumento; em 1903, com a apropriação dos 
estilos documentarista dos irmãos Lumière e os filmes de ficção, com uso de 
maquetes, truques ópticos, e efeitos especiais teatrais foi produzido um filme de ação, 
cujo êxito contribuiu para a popularização do cinema e sua entrada na indústria 
cultural. 
De lá para cá veja muita coisa aconteceu no mundo com a sétima arte, por meio de 
seus principais movimentos: Século XX, nos anos 1990, destaca-se o Dogma 95 
(dinamarqueses, criam dez regras para produzir um cinema puro, simples e sem 
gênero, entre as quais a ausência de trilha sonora, de luz artificial e de efeitos 
especiais). Nos EUA, a indústria cinematográfica e Hollywood são fundadas por 
produtores independentes, que deixaram Nova Jersey, em 1912, para fugir da guerra 
judicial promovida por Thomas Edison, que detinha as patentes dos equipamentos de 
filmagem. 
Ainda nos anos de 1910 teremos o cinema mudo, com D.W. Griffith (filmes históricos) 
e Charles Chaplin (comédia burlesca). Nos anos 20, teve muita repercussão o 
Expressionismo Alemão (cinema que se utiliza de sombras, loucura e grotesco para 
representar o clima pós-guerra do país até a ascensão de Hitler, que proibiu as artes 
“degeneradas” e investiu no cinema-propaganda); Avant-Garde Francesa (artistas das 
vanguardas plásticas vão captar todos os detalhes com três câmeras lado a lado e 
utiliza três projetores para captar todas as paisagens, inaugurando o formato de tela 
conhecido hoje); e o Experimentalismo Soviético (estudantes das faculdades de 
Moscou, por falta de película, descobrem a montagem, uso de vários pedaços de 
 
 
 
10 
 
filmes, com a justaposição de imagens e se destacam os filmes ideológicos, 
influenciados pela Revolução Russa). 
Na década de 1930 há destaque para o Cinema de Gênero (Inaugura-se o cinema 
falado e o som se torna fundamental no cinema. Musicais inauguram a época de ouro 
do cinema americano e ao seu lado figuram a ingenuidade das comédias românticas e 
as disputas de faroestes). 
Na década de 40 teremos: o Neo-Realismo Italiano (a realidade do pós-guerra vai para 
o cinema com custos baixos e temas sociais, atores não-profissionais e gravações fora 
de estúdio); Noir (gênero que explora a violência e as regras da máfia, com forte 
influência da literatura policial americana e da estética alemã dos anos 20); Orson 
Welles, estreia no cinema em função de uma rusga com um desafeto e produz um dos 
melhores filmes da história: Cidadão Kane. 
Na década de 50, destaca-se a Exploitation (gênero feito com pouco investimento e 
sem méritos artísticos, exploram a literatura barata, sexo e sangue. O gênero é 
resgatado em nos anos 70 e se populariza nos anos 90, com os filmes de Quentin 
Tarantino); Nouvelle Vague (Críticos da Revista Francesa “Cahiers Du Cinema” colocam 
a câmera nos ombros e criam um estilo único, com histórias simples e Ingmar 
Bergman, diretor sueco, aposta na memória, psique e dores existenciais, que 
acabaram se tornando personagens de sua obra). 
Na década de 70, surge a Nova Geração (Martin Scorcese, Brian De Palma, Steven 
Spielberg e George Lucas), capitaneados por Francis Ford Coppola, invadem 
Hollywood, trazem muito lucro com filmes em que a violência e a rebeldia são a tônica. 
Na década de 80, Pedro Almodóvar usa linguagem televisiva e toques biográficos e o 
tema do desejo em sua filmografia. 
Na década de 90 até adentrarmos ao século XXI, as bilheterias astronômicas, com 
Blockbusters, trazem de volta a fantasia e imaginação ao cinema, em sequências 
milionárias e traça o futuro, com a tecnologia cada vez mais presente nos 
equipamentos e nas telas, usando até atores virtuais. 
 
SAIBA MAIS 
Você sabe quantos profissionais estão envolvidos na produção de um filme? Não são 
 
 
 
11 
 
somente atores e atrizes que efetivamente aparecem na tela, pois a indústria 
cinematográfica envolve profissionais de diferentes áreas do saber. 
Existem diferentes profissionais, como o roteirista, o diretor, diretor de fotografia, o 
artista visual, o iluminador, o sonoplasta, técnico de efeitos especiais, técnico de som, 
operador de câmera, figurinista, editores, coreógrafos, maquiadores, entre outros. 
 
A história da arte não para aqui. A música também tem uma história. Supõe-se que a 
música existe desde a pré-história, embora não se tenha registro fonográfico, as cenas 
de dança registradas nas cavernas fazem supor que eram acompanhadas de música e 
que teria um caráter religioso, ritualístico. Se considerarmos que ainda hoje há tribos 
indígenas que sem contato com a sociedade organizada e letrada têm rituais com 
música, utilizando-se da percussão corporal, da voz e de objetos básicos produzidos 
para esse fim, não é difícil acreditar que também os ancestrais pré-históricos, assim o 
faziam. 
Na antiguidade a música servia aos rituais, como forma de comunicação com os deuses 
e meio para se atingir a perfeição, sendo a voz o instrumento mais utilizado. Estava 
atrelada à dança e ao teatro, sendo a lira, a cítara e outros instrumentos de sopro 
usuais. 
No Egito acreditava-se na "origem divina", servia de culto aos deuses. 
Na Grécia foi incorporada às encenações das tragédias e Pitágoras descobriu as notas e 
os intervalos musicais. Em Roma a música foi influenciada pela música grega, pelos 
etruscos e pela música ocidental. As teorias musicais e as técnicas de execução foram 
incorporadas dos gregos, mas alguns instrumentos como o trompete reto (tuba) foram 
criados pelos romanos. 
A música teve importância fundamental na guerra para sinalizar ações dos soldados e 
tropas e para cantar hinos às vitórias conquistadas, além do uso religioso e em rituais 
sagrados. 
Na China a música era usada em eventos religiosos e civis para marcar momentos 
históricos de imperadores, usavam a cítara, flautas e instrumentos de percussão. 
Na antiguidade, geralmente os instrumentos eram tocados por mulheres. 
 
 
 
12 
 
Nos templos sagrados, os sacerdotes já tinham por hábito treinar coros para as 
festividades religiosas e na corte as pessoas cantavam embaladas pelo som da harpa e 
alguns instrumentos de sopro e percussão. 
A Bíblia Sagrada menciona na Palestina o uso da harpa e o canto como louvor. 
Na Índia a música estava ligada ao processo de vida e os relatos remontam ao século 
XIII a.C. Por volta do século IV a.C. os indianos elaboraram teorias musicais. 
Na idade Média a maior influência na música foi da igreja e muitas restrições eram 
impostas, há predomínio do canto gregoriano, mas a música popular merece destaque 
com os trovadores e menestréis. A pauta musical foi criada por um monge, que definiu 
a altura das notas musicais e as nomeou. 
O Renascimento foi o período em que cresce o interesse pela música profana, embora 
as melhores melodias tenham sido as tocadas nas igrejas. 
A música barroca é marcada pelo aparecimento da ópera e do oratório e contrapunha-
se ao canto gregoriano. 
No classicismo a música instrumental será o maior destaque, caracterizando a 
elegância e a sofisticação, por meio de sons suaves e equilibrados. Cria-se a sonata e as 
óperas e as orquestras serão de grande relevância. 
O romantismo contrapõe-se ao classicismo, na busca por uma liberdade maior da 
estrutura clássica e uma expressão mais densa e viva, carregada de emoções e 
sentimentos, para expressas tudo que está na alma. 
O século XX propiciou uma verdadeira revolução na música e foram realizadas 
inovações, criações, tendências e gêneros musicais surgiram, impulsionados pelo 
aparecimento do rádio e tecnologias para gravar, reproduzir e distribuir. 
Mas nem só de música vive homem, pois ele deixa sua marca em muitas formas deexpressão, caso também do teatro. 
Embora seja impossível precisar quando o teatro tem início, é possível supor que sua 
presença foi marcada desde as cavernas quando homens se vestiam e imitavam 
animais para aproximar-se deles na caça e quando representavam o ocorrido aos 
demais. Assim o teatro, que coexistia junto com a dança e a música, foi marcado como 
ritual de caça, de invocação de deuses e domínio sobre as forças da natureza. 
 
 
 
13 
 
O teatro grego surgiu das cerimônias e rituais religiosos e como só os homens podiam 
atuar o uso de grandes máscaras era corrente. Os dois gêneros que marcam o teatro 
surgiram na Grécia: a tragédia (temas ligados às leis, justiça e destino) e a comédia 
(visavam o riso, satirizavam a vida). 
Na idade média o teatro era usado para encenações bíblicas, mas por medo da perda 
do sagrado foram proibidas na igreja e vão para as praças públicas e inaugura-se a 
farsa com uso de estereótipos. 
No Renascimento surge o teatro popular, com ênfase à improvisação. Os mais famosos 
dramaturgos foram Sheakespeare e Moliére, que escreviam comédias que exploravam 
as fraquezas do ser humano. 
No Romantismo com a ascensão da burguesia o drama substitui a tragédia, e perde o 
cunho social, exaltando as emoções e o ser humano, criando o melodrama. 
No Realismo e Naturalismo, o teatro vai se elitizando, passando a mostrar a vida social 
da burguesia, o dinheiro e casamentos, com representações mais próximas da 
realidade. 
Atualmente muitos gêneros teatrais convivem, como a ópera, o teatro de bonecos, os 
musicais, entre outros, continuando ativo, apesar do aparecimento do cinema. 
Mas não poderíamos encerrar esse capítulo sobre a história do teatro sem mencionar 
o teatro Kabuki, de origem japonesa e conhecido pelo exagero e estilização do drama. 
A dança também não pode ficar de fora, pois também tem uma história. 
Há inúmeros indícios de que a dança acompanha a história da humanidade e ela 
aparece como uma linguagem gestual e ligada à religiosidade. 
Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. 
Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram. Dançaram para 
expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou 
arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver!” (TAVARES, 2005, 
p.93). 
 
A arqueologia, maravilhosa ciência que tanto esclareceu e continua a 
esclarecer sobre o nosso passado próximo ou longínquo, ao traduzir a 
escrita de povos hoje desaparecidos, não deixa de indicar a existência da 
dança como parte integrante de cerimônias religiosas, parecendo correto 
 
 
 
14 
 
afirma-se que a dança nasceu da religião, se é que não nasceu junto com 
ela. (FARO, 1986, p. 13). 
 
A dança envolvia o batuque, o canto e os movimentos corporais, que criavma as 
coreografias e é considerada uma das mais antigas formas de arte, a surge pela 
necessidade do homem de expressar e externar suas emoções e crenças, para mediar 
a interação entre o corpo e a alma. 
A dança se desenvolve ao longo do tempo, de diversas formas, ritmos e estilos e em 
cada cultura tem a sua particularidade e relaciona-se ao culto religioso. 
Nos séculos XV e XVI, no Renascimento, a dança sofre modificações ao ganhar 
importância social, fazendo-se presente em festas, como diversão e entretenimento de 
nobres. 
As camadas populares que tinham sua própria dança, passaram a ter acesso à dança 
nobre, com a junção dos dois tipos, que originaram a dança de salão ou de casais. 
O ballet também nasceu na corte, a partir dos divertimentos da aristocracia. 
Ao longo do tempo muitos estilos são criados e hoje são representados pelo: Ballet 
clássico, Jazz, Contemporâneo, Sapateado, Hip-hop, Break dance, Capoeira, Dança do 
ventre, Dança indiana, Dança flamenca e a Dança de salão que engloba: bolero, samba, 
foxtrote, cha cha cha, forró, salsa, zouk, merengue, valsa, tango, rumba, paso-doble e 
rock. 
A riqueza da cultura e da arte não pode ficar despercebida e os alunos têm direito a 
conhecer o que moveu e move o ser humano desde que passa a existir no mundo. 
Mas conhecer a história da arte universal é importante, porém é fundamental que a 
história da arte no Brasil também se faça presente. 
 
1.4. Panorama da história da arte no Brasil 
Ao pretender abordar a história da arte em nosso país, é importante refletir sobre 
alguns marcos e compreender que a arte, acompanha a nossa história de submissão ao 
estrangeiro e a história contada pela visão colonialista (ABRIL CULTURAL, 1985). 
Os habitantes nativos, os indígenas, contribuíram com a plumária, a cerâmica, o 
trançado, que deixaram marcas em manifestações de arte popular. 
 
 
 
15 
 
Os primeiros acontecimentos artísticos passam por Salvador, Minas e Recife onde 
surgem o que se considerou arte “verdadeira”, notadamente na arquitetura e na 
escultura, em que são expoentes artistas autodidatas que sofrem influência da arte 
europeia. 
Não há destaque para a pintura no Brasil até meados do século XVII, período da 
ocupação holandesa, quando Frans Post, artista realista, retrata a natureza brasileira, 
após o que até o século XIX continua sem proeminência. A pintura fica reduzida a 
artistas autodidatas que pintavam em igrejas, inspirados em gravuras religiosas 
barrocas. 
A arte produzida entre o século XVII e XIX sofre declínio com a chegada da Missão 
Francesa, cujos artistas vieram lecionar na Academia de Belas Artes. Os artistas 
neoclássicos ou acadêmicos imprimiram o tom das artes no Brasil, numa arte 
academicamente convencional e intelectualizada, que sai do recinto das igrejas e 
influencia os artistas brasileiros até o final do século XIX. 
No Brasil predominou o academicismo até o final do século XIX e início do século XX, 
quando há a influência da arte romântica e realista, com destaque para Almeida Júnior 
e Pedro Wengartner, que nacionalizam a temática com costumes e personagens 
regionais, além de artistas neoclássicos como Pedro Américo, Vitor Meireles, Zeferino 
Costa, Rodolfo Amoedo, entre outros. 
A arte até inicio do século XX é uma arte importada, retrata as influências externas e 
três expoentes alcançam originalidade e surgem ligados aos movimentos 
vanguardistas europeus: Castagneto (pinta marinhas), Antonio Parreiras (quadros ao ar 
livre) e Eliseu Visconti (adota o impressionismo). 
A primeira exposição de arte moderna no Brasil ocorreu em 1913, sem conturbações, 
com quadros expressionistas de Lasar Segall. Diferente do que ocorrerá a partir de 
então, quando em 1917 Anita Malfatti expõe em São Paulo, como marco de renovação 
das artes plásticas, que culminará na polêmica Semana de Arte Moderna em 1922, em 
que artistas escandalizam com o rompimento do academicismo. Mas o movimento foi 
insuficiente para romper com a arte importada, o que foi posteriormente tentado com 
o Movimento Pau Brasil (1924) e Antropofagia (1928). 
 
 
 
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No movimento Pau Brasil, Tarsila do Amaral, influenciada pelo cubismo, busca em 
Minas Gerais inspiração para uso de cores livres e puras e predomina o surrealismo e 
arte brasileira passa a retratar o popular. 
Em 1931 é realizada a primeira exposição coletiva de artistas modernos e em 1932 
cria-se o Clube dos Artistas Modernos, que acentua o rompimento com o 
academicismo. 
Em 1937 ocorre o Salão de Maio, com novos artistas (Paulo Rossi, Clovis Graciano, Aldo 
Bonadei, Alfredo Volpi, Rebolo, Cícero Dias, entre outros), constituindo com os demais 
acontecimentos o marco de consolidação do modernismo no Brasil. 
No Rio de Janeiro surgem os artistas como Iberê Camargo, Santa Rosa, Ismael Nery, 
Paulo Werneck, ao lado de Candido Portinari, que se sobressai fazendocom que a arte 
brasileira alcance dimensão internacional. 
Ao final da década de trinta do século XX a arte brasileira caminha independente e 
vinculada a temas populares e à paisagem natural, fazendo sobressaírem artistas como 
Pancetti, Guignard ao lado dos mais antigos como Clovis Craciano, Rebolo e Volpi. 
A década de 40 é também bastante fecunda com instituição de prêmios e museus 
instalados, como o MAM. 
Na década de 50 surge o abstracionismo, com atraso em relação ao resto do mundo de 
mais de trinta anos, mas encontra um terreno apropriado e será retratado em mostras 
sucessivas na Bienal de São Paulo, com repercussão nacional e internacional e com 
destaque para artistas como: Cícero Dias, Volpi, Milton Dacosta, Maria Leontina, 
Samson Flexor, Antonio Bandeira, Ivan Serpa, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Frans 
Krajcberg, Manabu Mabe, Flavio Shiró, Tomie Ohtake. O abstracionismo foi o guarda 
chuva que abrigou diversas tendências: “action painting” e tachismo (Cícero Dias, Lygia 
Clark e Krajcberg); concretismo (Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux). 
Entre os figurativos foram expoentes: Carlos Scliar, Iberê Camargo, Frank Shaeffer, 
Darel Valença. O figurativo ganhou maior expressão regional com Caribé na Bahia e 
Lula Cardoso Ayres, em Pernambuco. Os primitivos destacaram-se na Bahia com 
Raimundo de Oliveira e João Alves. 
Como a criação não cessa, a produção de arte brasileira foi constante, de europeia a 
influência passa a ser norte-americana, com a pop art, com montagens, colagens e 
 
 
 
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materiais diversos e a op art, com efeitos de ilusões óticas. E como a tendência é 
inovar, não é possível classificar, por tendências, os artistas brasileiros de forma tão 
radical, visto que estão sempre dispostos a inovar, o que pode ser visto em artistas 
como: Wesley Duke Lee, Rubens Scherman, Nelson Leiner, Helio Oiticica, Bin Kondo, 
Glauco Rodrigues, Bernardo Cid. 
E a música qual percurso seguiu? 
A música tratou de escrever um dos capítulos mais ricos da nossa história. Assim como 
o povo brasileiro, a formação da música se dará a partir do encontro das culturas 
africana, europeia e indígena, que se somam ao longo da história a outros variados 
estilos musicais. 
A chegada dos portugueses ao Brasil encontra a produção musical indígena 
constituída, pois eram povos que cantavam, dançavam e tocavam instrumentos, como 
os chocalhos, tambores, maracás e flautas. 
A partir de 1549, os jesuítas foram responsáveis por propagar a música, tanto vocal 
quanto instrumental entre os nativos e após dez anos criou orquestras inteiras só com 
membros da tribo dos guaranis. 
Nas Missões os índios eram ensinados e a música teve papel preponderante. 
A cultura musical indígena não se perpetuou, apenas deixou traços em alguns gêneros 
folclóricos, devido à imposição da cultura colonizadora, em que Portugal tem destaque 
até o século XIX, com a música erudita e popular, introduzindo a música instrumental, 
harmônica, a literatura musical e a maior parte dos estilos musicais que percorrerão o 
país por séculos, todos de origem europeia, além de outras contribuições, como a 
ópera italiana e francesa, o bolero e a habanera espanhola, as valsa e polcas alemãs e 
o jazz norte americano. 
Cabe ressaltar que até o século XVIII a música erudita era quase que exclusiva do 
nordeste, mas no final desse século a fusão dos elementos melódicos e ritmos 
africanos vão dar à música popular destaque com uma sonoridade tipicamente 
brasileira e se espalhará por todo o país, com o aparecimento dos primeiros expoentes 
da música brasileira. 
 
 
 
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O classicismo terá destaque com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, e a 
vinda da Biblioteca Musical de Bragança e músicos de Lisboa e da Itália, com modinhas 
e uma das únicas peças de Orquestra de Câmara. 
No Romantismo destacou-se Francisco Manuel da Silva, que fundou o Conservatório 
de Música do Rio de Janeiro e é o autor do Hino Nacional Brasileiro. 
A ópera esteve no auge na transição para o Romantismo, surgindo expoentes 
como Antônio Carlos Gomes, com temas nacionalistas, de estética europeia, que 
conquistou sucesso no exterior, inclusive em teatros exigentes, com as óperas “O 
Guarani” e “O Escravo”. 
Os precursores do nacionalismo introduziram uma música tipicamente brasileira, com 
ritmos e melodias folclóricas em uma síntese inovadora e efetiva com as estruturas 
formais de matriz europeia. Terá destaque Heitor Villa Lobos, que incorporou o 
folclore brasileiro e fez dos elementos nacionais e estrangeiros, eruditos e populares, 
um estilo próprio, com uso de instrumentos solo, e destaque para o violão, e grandes 
recursos orquestrais em poemas sinfônicos, concertos, sinfonias, bailados e óperas, 
passando pelos múltiplos gêneros da música de câmara, vocal e instrumental. 
Conseguiu também introduzir o ensino do canto orfeônico nas escolas de nível 
médio. Além de destacar-se na Semana de Arte Moderna de 1922. 
A partir de 1939 surgiram outras sínteses musicais, que pode ser traduzida pelas 
vanguardas, com respeito à individualidade e estímulo à livre criação, independente 
das regras tradicionais de composição (harmonia, contraponto e fuga), e uma série de 
programas radiofônicos que divulgavam os princípios e obras de música 
contemporânea. 
Na sequência surge um caminho independente e centrado em regionalismos, 
influenciando a música popular brasileira instrumental. 
Na atualidade todas as correntes contemporâneas encontram representantes 
brasileiros e a música erudita segue a tendência mundial, com uso livre de elementos 
experimentais. 
Mas há ainda muito mais a se apreciar na nossa música, e esse ir e vir no espaço tempo 
é fundamental para compreendermos nossa história musical. Então vamos lá. 
 
 
 
19 
 
A música popular sofreu grande influência da cultura africana, que foi educada 
musicalmente dentro dos padrões portugueses, formando orquestras e bandas com 
alta qualidade. 
A partir do século XVII formaram irmandades de músicos, que passaram a monopolizar 
a escrita e execução da música em boa parte do Brasil. 
A partir do século XX verifica-se grande influência africana na construção da música 
brasileira, popular e folclórica, pela diversidade de ritmos, danças e instrumentos, com 
destaque desde o século XVII, com o lundu, uma dança africana, sensual e humorística, 
censurada no início, e que vai incorporar elementos formais e o bandolim e assume 
caráter de canção urbana, tornando-se popular como dança de salão. Além do lundu o 
cateretê foi um ritmo bastante difundido à época, embora de origem indígena sofre 
influência africana. 
A modinha, de origem portuguesa, será destaque entre os séculos XVIII e XiX, com 
elementos da ópera italiana, tem caráter sentimental e de apelo direto, em geral com 
estrutura estrófica, acompanhada apenas de uma viola ou guitarra. 
As polcas, schotischs e tangos, de expressão peculiar no Brasil Colonial e Primeiro 
Império, junto com a herança da modinha deram origem ao Choro, nome vindo pelo 
seu caráter plangente. 
O samba surge por volta de 1838 originado de um ritmo africano, a umbigada, com 
influência da modinha, do maxixe e do lundu. 
Em meados do século XX, a palavra definia diferentes tipos de música introduzidos 
pelos africanos, e sempre conduzidos por diversos tipos de batuques, que assumiam 
características próprias em cada estado brasileiro. 
Em 1917, o samba saiu das rodas de improvisações dos morros cariocas, e foi 
considerada representante da música popular brasileira. 
Com o passar dos anos, surgiram outras vertentes do samba urbano carioca, que 
ganharam denominações próprias como o samba de breque,samba-canção, bossa 
nova, samba-rock, pagode, entre outras. 
Começou com o sucesso internacional de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, depois 
se estendeu através de Carmen Miranda, que levou o samba para os EUA, e consagrou 
 
 
 
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também a Bossa Nova, que inseriu definitivamente o Brasil no cenário mundial da 
música. 
No fim dos anos 30 iniciou a chamada Era do Rádio e até a década de 1950 vai 
consagrar alguns intérpretes de grande audiência nacional, como Dolores Duran, Nora 
Ney, Vicente Celestino e Angela Maria. 
A Bossa Nova surge no fim dos anos 50, como movimento urbano, característica de 
saraus de universitários e músicos da classe média, que incorporam ao samba 
elementos do jazz e do impressionismo musical, com um contorno intimista, leve e 
coloquial, com base na voz solo e no piano, ou violão, para acompanhamento, e com 
refinamentos de harmonia e ritmo. 
 Na década de 60, o samba, com outras experimentações de outros gêneros, como o 
rock e o funk, marca uma afirmação e modernização da música popular, introduzindo 
novos estilos de composição e interpretação. 
Na década de 70 a constante transformação da música vai marcar um período fértil, 
em que as músicas românticas e melódicas recebem a denominação de brega, mas o 
samba continua vivo. 
Nos ano 80, surge o rock, com inúmeros estilos e músicos que vão marcar a história da 
música brasileira e ainda presentes no cenário nacional. 
Nos anos 90, diversos gêneros e subgêneros musicais surgiram em todo o Brasil, como 
pagode, axé, sertanejo, forró, lambada, e outros, com constante renovação. 
Mas não se pode deixar de falar da música folclórica, um gênero constituído por 
expressões musicais duradouras, transmitidas de geração em geração, presente e 
veiculado, principalmente em festividades por todo o país, fruto principalmente de 
lendas e mitos característicos de cada região, com preservação de influências arcaicas, 
em que se detectam traços medievais europeus, indígenas e africanos, ou de 
elementos étnicos que pertencem a regiões de imigração. 
Nas músicas tradicionais podem ser inclusas aquelas praticadas pelas remanescentes 
tribos indígenas, confinadas em reservas, especialmente na região amazônica e centro-
oeste. 
 
 
 
21 
 
Atualmente temos muitos gêneros que convivem e se misturam e, assim, podemos 
experimentar todas as sensações de ritmos, melodias e histórias contadas e apontadas 
pela música brasileira. 
Mas a expressão da arte se manifesta por outras formas e meios e o teatro no Brasil 
também foi e é rico, contribuindo sempre. 
O teatro no Brasil tem suas primeiras manifestações na catequese, século XVI, com 
forma de instrução e colonização e temática religiosa, encenadas em diversos espaços, 
inclusive ao ar livre e espaços públicos Ao lado do teatro de catequese, surge no século 
XVII, o teatro popular para celebrar festas e acompanhar atos políticos, por exemplo, 
em que se saia fantasiadas, ao som de músicas e acompanhadas de dança. 
A partir de 1808, com a chegada da corte portuguesa o teatro se qualifica, os espaços 
teatrais construídos foram destinados somente aos aristocratas. 
No século XIX a representação de tragédias marca os propósitos nacionalistas do 
teatro brasileiro e surgem também as comédias e muitos nomes se destacaram. 
O teatro realista surge em 1855, com temas atuais e problemas sociais e conflitos 
psicológicos, retratando o cotidiano, o amor, adultério, falsidade, após o que se passa 
um longo período sem destaques. 
Em 1943, o teatro escandaliza a sociedade com a peça Vestido de Noiva, mas 
moderniza-se, com destaque para a peça O auto da compadecida, de Ariano Suassuna. 
Destaca-se também o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro de Arena, mas somente 
a partir de 1970, após o golpe militar de 64, o teatro volta a figurar com destaque no 
cenário nacional e hoje abriga diversas produções e gêneros, anda que não seja tão 
popular como se gostaria. 
Mas a pintura, escultura, a música e o teatro não são as únicas formas artísticas que 
fazem parte da história da arte no Brasil, o cinema será também um elemento 
fundamental da criação artística brasileira. E ele chega em 1896, vindo da Europa e 
EUA. 
Nosso primeiro cineasta foi um imigrante italiano, Affonso Segretto, que filmava cenas 
no Rio de Janeiro, a partir do que se formou um grande mercado no início do século 
XX, com filmes produzidos e exibidos para plateias urbanas, que exigiam 
entretenimento. De lá para cá, a idade de ouro do cinema brasileiro se deu entre 
 
 
 
22 
 
1908 e 1911, no Rio de Janeiro, com filmes que reconstituíam crimes, que 
impressionavam a imaginação popular. 
A partir de 1912 em diante, durante dez anos, foram produzidos anualmente apenas 
cerca de seis filmes de enredo, nem todos com tempo de projeção superior a uma 
hora. Os principais realizadores do período foram Francisco Serrador, Antônio Leal e os 
irmãos Botelho. 
A grande crise do cinema nacional se dá entre 1912 e 1922, como resultado de 
problemas de produção e de exibição, ocupadas pelos filmes norte-americanos, 
predominantes no mercado mundial. O cinema nacional ficou restrito a documentários 
e cine-jornais, que garantiam recursos para os filmes de ficção. Destacou-se nessa 
época a produção de documentários institucionais para grandes empresas e a 
filmagem de casamentos ou batizados contratadas por famílias abastadas e 
tradicionais, além dos filmes baseado em obras célebres da literatura. 
A média de produção dobra em meados de 1925, com progresso na qualidade e entra 
para o circuito Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. 
Aproximadamente em 1930 nascem os clássicos do cinema mudo brasileiro, mas 
quando o cinema mudo brasileiro alcança relativa plenitude o filme falado já está 
disseminado. 
A história do cinema falado brasileiro retoma sua produção, a partir de 1930 e 1940, 
com a proliferação do gênero da comédia musical popularesca e vulgar, por meio das 
chanchadas. 
São Paula tenta implantar na década de 50 sua indústria cinematográfica com o 
importante movimento teatral, marcado pela fundação do Teatro Brasileiro de 
Comédia e abertura do MAM (Museu de Arte Moderna). 
O chamado de Cinema Novo, em São Paulo, se caracterizou por ser diferente das 
chanchadas cariocas e o gênero cangaço tem repercussão internacional, com a 
premiação em Cannes. 
Em oposição ao eixo Rio e São Paulo, surgem produtores independentes, que 
garantiria a continuidade dos filmes artísticos, compondo o Cinema Novo, o qual 
representa a maturidade artística e cultural do cinema brasileiro. 
 
 
 
23 
 
Glauber Rocha se projeta na década de 1960 e tem destaque um conjunto de filmes 
realizados na Bahia. 
As décadas ao golpe militar de 1964, os realizadores do Cinema Novo e uma nova 
geração “údigrudi”, continuam a fazer obras críticas da realidade, burlando a censura. 
Hoje temos uma produção nacional, mas ele enfrenta desafios da grande indústria de 
filmes hollywoodianos. 
Veja a riqueza de nossa cultura, que só é possibilitada pela existência da arte, que 
esteve presente em muitas épocas e de muitas formas. 
 
1.5. A espacialidade da arte 
A arte foi criada e esteve disponível para que o homem pudesse apreciá-la, mas e na 
atualidade onde são os espaços da arte? 
É claro que cada uma das manifestações teria apontamentos interessantíssimos a 
serem abordados. Mas vamos nos restringir a alguns deles, pois cada um pode avançar 
nos estudos e procurar saber mais sobre cada linguagem, sobre os espaços em que são 
veiculadas e como hoje ela se presentifica, expressão, criação, objeto, consumo, que 
se associam e se interpenetram para que possamos usufruirde tudo que a arte 
representa. 
O que ocorre quando a arte sai das cavernas, das igrejas, dos mosteiros, da casa dos 
nobres, das catedrais? 
Se antes a arte tinha uma função que agregava ao cotidiano, em uma quase simbiose 
com ele, podia-se fruir a arte de forma quase natural. Qual a razão para que a arte 
passe a ocupar espaços em que a fruição não é mais o ponto básico, mas o consumo. 
O que aconteceu com a arte, de expressão inerente ao humano, para “objeto”? 
Não se pode precisar exatamente o que ocorre com a arte, pois o artista continua 
produzindo por uma necessidade tipicamente humana, mas hoje ela se apresenta em 
espaços, que também servem para apreciação, e em outros, que comercializam a arte 
enquanto objeto, que precisa ser consumido enquanto mercadoria. 
Assim, a arte sai dos espaços em que se associava a uma função estética, cultural, para 
adentrar espaços, tipicamente criados para sua fruição e consumo, restringindo 
públicos. 
 
 
 
24 
 
E quais seriam esses espaços? Por um lado temos espaços mais restritos e específicos 
que abrigam a arte: como museus, centros de arte, centro cultural, galerias. Por outro 
temos outros locais, cuja função principal não é a venda de arte, como espaços 
públicos, câmaras municipais, estações de metrô ou trem, átrios de empresas, espaços 
abandonados, etc. 
Há distinção relevante entre os locais que abrigam as exposições que se destinam à 
venda das obras e aquelas com o intuito educativo e de divulgação? 
Há diferenças, mesmo entre os locais específicos que abrigam arte, pois podem ter 
propósitos totalmente diferentes e por isso constroem cenários de arte diversificados 
e são tomados como “as engrenagens que fazem rodar um calendário de 
programações durante o ano todo nas principais cidades do mundo”. 
Será que entender a diferença entre eles também ajuda na hora de fazer sua crítica 
depois de visitar uma exposição ou ver a arte exposta em diferentes locais que a 
abrigam? 
Um museu tem funções sociais e culturais. Abriga acervos permanentes e recebe 
exposições itinerantes e em função disso tem coleções e também calendários de 
exposições e programação paralela de mediação, e visa preparar o espectador e 
também em aumentar a vida cultural de número maior de pessoas. 
O centro cultural não tem acervo, ou seja, uma coleção de obras, que estão sob sua 
responsabilidade para guarda e manutenção, como o museu. Os diretores e curadores 
não são fixos, mas convidados de acordo com a programação oferecida. 
É comum no Brasil a criação e financiamento de espaços culturais, como é o caso da 
Caixa Cultural, CCBB e Itaú Cultural, entre outros, que abrigam exposições artísticas. 
A galeria está a serviço do mercado de arte, pois comercializam as obras de artistas 
que representam e sobrevivem por conta dos colecionadores. Fazem as obras 
circularem entre acervos, sejam eles privados ou institucionais. Embora seu foco seja a 
comercialização da arte, mantém um papel cultural importantíssimo e suas exposições 
estão abertas para a visitação. 
Os espaços independentes procuram livrar-se de amarras externas, tanto sociais 
quanto políticas, típicas de museus, quanto da mercadológica, típica da galerias, com o 
intuito de promoverem projetos experimentais, debates e residências artísticas. 
 
 
 
25 
 
Mas vale lembrar que temos uma arte urbana que está exposta a céu aberto, nas ruas, 
avenidas, viadutos, impondo sua permanência ou efemeridade por causas artísticas, 
sociais ou políticas e que desconstroem a lógica da espacialidade de espaços internos 
da arte. 
A arte hoje está além do espaço físico, pois é propagada por outros canais, a mídia, por 
exemplo. 
E os próprios canais consagrados para a arte atualizam-se para fazer experimentar a 
arte. Sem contar que vivemos a efemeridade e até a desmaterialização da arte. 
Que espaço abriga a arte desmaterializada? 
É preciso refletir sobre tal questão, pois se perpetuamos nossa história pelo que a arte 
nos legou, por meio de sua materialização, como perpetuaremos nossa história? 
A arte efêmera precisará de outras formas de arte para ser registrada, conhecida, 
apreciada, num outro tempo, hoje, o cinema a fotografia, seriam veículos de registro 
da arte, ainda que efêmera, mas certamente o potencial criativo do homem não se 
acanhará em produzir outros meios, outras formas de arte para registrar a própria 
arte, que se traduzirá ele mesmo numa outra forma de arte, porque criação humana, 
advinda da necessidade inerentemente humana de criar e perpetuar-se que não cessa. 
 
Conclusão do Bloco 1 
A necessidade de criar, inerentemente humana, produziu no Brasil e no mundo, uma 
cultura artística e estética ativa, mas nem sempre reconhecida pelo grande público. 
Por que a história de nossa marca artística, nem sempre é visível? Qual a razão da arte, 
muitas vezes estar presente apenas para grupos restritos? Quem são os apreciadores 
de arte? E os artistas onde se formam? 
É a arte que se elitizou ou os espaços públicos deixam de atuar em prol da arte? 
De que forma a aula de arte contribui para a formação de novos artistas? O ensino de 
arte tem essa função? 
E nossos artistas regionais? Onde estão? E os anônimos? 
Quem irá escrever os demais capítulos da história da arte, em especial da brasileira? 
Todos aqueles que tiverem o privilégio de ter contato com a arte, por meio do ensino e 
que a partir dela desperte seu poder criador e criativo. 
 
 
 
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Veja que você educador tem esse importante papel, não só de usar a arte como meio 
para o desenvolvimento integral do educando, mas também para que mais pessoas 
possam ter acesso aos bens simbólicos produzidos pela humanidade, para que estes 
não fiquem restritos a uma população que tem o privilégio de usufruí-la, visto que têm 
acesso à arte em outros circuitos, que não a escola, mas nos espaços de difusão e 
mercado de cultura. 
 
Referências do Bloco 1 
COLL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo Arte. São Paulo: Ática, 2000. 
COLI, J. O que é Arte. 15. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995 
FARO, A. J. Pequena História da Dança. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986. 
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 
TAVARES, I. M. Educação, corpo e arte. Curitiba: IESDE, 2005. 
 
 
BLOCO 2. ARTE E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
Abordar a arte e a construção do conhecimento pressupõe colocar a arte e o 
conhecimento em diálogo, em interação. Refletir sobre como tais conceitos se 
relacionam para a formação do ser humano será fundamental. Por isso preparamos 
este material, que poderá contribuir para que você, educador, possa atuar de forma 
significativa, elevando a arte no espaço educativo à categoria de objeto de 
conhecimento da maior relevância, que ultrapassa a potencialidade de muitos outros 
objetos, mas que atua em consonância com eles, e que contribui não só para a 
construção do conhecimento artístico, mas para aprendizagem em geral. Para isso é 
imprescindível que se possa compreender os principais aspectos sobre a construção do 
conhecimento e do conhecimento artístico, a espacialidade da educação artística, o 
papel mediador da arte no desenvolvimento cognitivo. Convidamos cada um para 
adentrar nas temáticas que disponibilizamos a seguir. Aceita o convite? 
 
 
 
 
 
 
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2.1. Arte e construção de conhecimento 
Para empreendermos a aventura da descoberta, que envolve a construção do 
conhecimento, é preciso considerar a arte, enquanto um fator que potencializa tal 
construção. Assim, vamos considerar que toda experiência humana possui diferentes 
dimensões, que se colocam como formas de perceber e conhecer o mundo, entre as 
quais destacamosas dimensões éticas e estéticas, que se interrelacionam de forma 
singular, entendendo que uma implica na outra de forma substancial. E de que forma 
isso ocorre? 
Como somos seres sociais, a forma com que nos relacionamos nos faz ter de 
considerar também a ética e a estética, como pilares para a nossa forma de viver e 
perceber o mundo, o que inclui compreender formas variadas de adentramos ao 
universo do conhecimento, entre as quais a arte, que é um dos itinerários do saber. 
Mas será que a arte é a única forma de conhecer? Quais são as demais formas? Que 
possibilidades apresentam? 
Apenas para citar algumas, temos o senso comum, a religião, o mito, a filosofia, 
ciência, a arte, que são formas de conceber, explicar, conhecer o mundo, ressignificar a 
experiência e a vivência e compreender de que atuam na construção do 
conhecimento. Cada um constrói “narrativas” próprias, que se influenciam 
mutuamente, mas é possível que se possa observar cada uma em sua singularidade. 
Muito se pode falar sobre como a arte pode influir na construção do conhecimento. 
Preferimos trazer aqui as contribuições da neurociência e num campo relativamente 
novo que é a neuroestética. 
A neurociência, área de estudos sobre o sistema nervoso, seu funcionamento 
estrutura e desenvolvimento trouxe contribuições significativas para a compreensão 
dos processos envolvidos na aprendizagem, que está ligado à construção do 
conhecimento. 
E é a neurociência que amplia nossa compreensão de como a prática estética e 
artística influi no desenvolvimento da tríade funcional da aprendizagem. Você já ouviu 
falar nela? 
Atualmente entendemos que a aprendizagem é fruto da indissociabilidade e 
interatividade dinâmica da cognição, conação e execução, que caracteriza como a 
 
 
 
28 
 
tríade funcional da aprendizagem, conforme proposta por Fonseca (2014). Veja na 
figura como as funções estão relacionadas e se influenciando mutuamente. 
 
Figura 1. Imagem esquemática das funções envolvidas na Tríade da aprendizagem, baseado em Fonseca 
(2014). 
 
Embora cada função tenha suas especificidades é importante que se tenha claro que 
os componentes que fazem parte de cada uma dessas funções são aprimorados e 
potencializados quando uma pessoa participa de experiências de fruição, reflexão e 
produção artística. Isso equivale a dizer que os componentes que fazem parte de cada 
uma das funções da tríade, ampliam a percepção, a afetividade, a memória, a 
capacidade atencional e de concentração, assim como o planejamento, organização e 
antecipação, expressão, além da imaginação, do sentido estético e da criatividade, que 
são componentes básicos e essenciais para o desenvolvimento, inclusive o cognitivo, 
que atua na construção do conhecimento. 
Para compreendermos que arte tem um alcance maior do que o desenvolvimento 
artístico, vamos demonstrar com um exemplo: a música não desenvolve apenas a área 
musical, pois a neurociência demonstra que ela está ligada à capacidade de 
aprendizagem da matemática e está relacionada ao desenvolvimento das funções da 
linguagem e da expressão verbal. Viram? E isso é só uma ilustração de como um 
aspecto da arte influencia no desenvolvimento. 
A neurociência traz novas luzes para compreendermos o desenvolvimento, o que inclui 
o cognitivo, mas como a ciência avança sempre, há um campo em franca expansão que 
trata das contribuições da arte de forma mais direta e específica, que é a 
neuroestética, que é o estudo dos fundamentos neurológicos da contemplação e 
criação artística e visa explicar como as experiências estéticas são processadas no 
cérebro dos espectadores e do artista no processo de criação e, ainda, como a 
 
 
 
29 
 
experiência artística afeta o cérebro e os mecanismos neuronais implicados na 
contemplação e fruição das artes. Esses estudos partem de alguns pressupostos, entre 
os quais poderíamos citar o processamento da imagem. Vamos conhecer um pouco 
mais sobre isso? 
A formação da imagem é tida como processo cognitivo que envolve processos 
sensoriais, orgânicos, bioquímicos e viscerais, que vão afetar de forma contundente à 
plasticidade cerebral, que se caracteriza pela capacidade do cérebro em se reorganizar 
para cumprir suas funções, incluindo a capacidade de funções serem desenvolvidas por 
mecanismos diferentes daqueles “programados”, quando em situação de perda ou 
comprometimento de funções. 
Pelo exemplo vemos que os estudos da área do córtex cerebral dedicada à visão e à 
recepção de informações oriundas dos processos perceptivos validam aportes da 
neuroestética. Mas é claro que isso não é tudo, apenas ilustrações da improtÂncia da 
arte para o desenvolvimento neuronal. 
 
Neuroestética: curiosidade 
Há trinta mil anos, as células nervosas desenvolveram a capacidade de percepção da 
cor, marco evolutivo para espécie humana que pode selecionar melhor seu habitat e 
também escolher melhor sua comida. 
Assim, a percepção das cores permitiu ao homo-sapiens enriquecer sua dieta e sua 
capacidade de cognição devido à diversidade de nutrientes que passou a atuar na 
neuroquímica cerebral. 
Fonte: Nexojornal.com.br 
 
Mas não é só aí que a arte tem um papel fundamental. 
Refletirmos sobre a importância da integração sensorial para o processo de 
desenvolvimento. Sabe-se que a integração sensorial, responsável pela capacidade do 
organismo se auto-organizar para interagir com o mundo e dar respostas ao ambiente, 
é dependente não só da maturação biológica, mas das experiências e interação. 
O processo pelo qual o sistema nervoso central (SNC) localiza, classifica e 
organiza os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepção para 
 
 
 
30 
 
que o homem possa interagir com o meio é denominada integração sensorial. 
(AYRES apud LORENZINI, 2002, p.6). 
 
A arte seja em qualquer uma de suas linguagens (visual, musical, dramática), seja nos 
processos de fruição ou produção artística, estimula os sentidos, seja auditivo, o tátil, o 
visual e o cinestésico, portanto favorece a integração sensorial. É importante destacar 
que grande parte das ações e atividades acionadas quando há um comprometimento 
na função sensorial, ou seja, há desintegração sensorial, que comprometendo a 
aprendizagem, envolve as atividades artísticas. 
Deste modo é fundamental que se possa considerar a arte como um dos mecanismos 
mais poderosos que atua positivamente para a o desenvolvimento e construção do 
conhecimento. 
Veja que diz sobre a arte os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para as series 
iniciais. 
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento 
artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio 
de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve 
sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas 
artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas 
produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes 
culturas. (BRASIL, 1997, p. 14) 
 
A arte participa da formação integral do ser humano. Por isso é fundamental que a 
educação artística seja um compromisso de todo educador, pois ela contribui 
significativamente para construção de conhecimento como um todo. 
 
2.2. Arte e construção de conhecimento artístico 
Fica patente a importância da arte para a construção do conhecimento em geral, 
porém é importante compreender como se dá a construção do conhecimento artístico, 
visando com isso entender sua importância para a formação cultural e 
desenvolvimento infantil, o que implica entender que a atividade artística é complexa, 
mas aberta, repleta de possibilidades de transformação, desde que tomada de formaadequada, enquanto objeto de conhecimento. 
 
 
 
31 
 
A dramatização, a pintura, a música e a dança, o recorte e a colagem, a 
modelagem podem ser possibilidades ou não. A apropriação mecanicistas, 
utilitarista, dessas atividades programadas, limitadoras, marcam a 
impossibilidade. A arte acontece no processo transformador, mutador, 
atendendo à dimensão do desejo, do lúdico, do espontâneo, do possível. 
(VALENTE, 1989, p.20) 
 
A arte pode ser compreendida como um subsistema simbólico da cultura, assim 
tomada é um bem simbólico representativo do sistema estético, e como tal se 
expressa em manifestações culturais, carregada pelo significado atribuído a ela pela 
vida social. 
A vida social atribui a arte significados diversos, mas no contexto e perspectiva aqui 
assumidos ela se caracteriza como objeto do conhecimento, um campo próprio de 
saber. 
É importante demarcar esta concepção, pois a arte assume ao longo de sua história, 
variadas formas, visto que ela assume diversas atribuições, como expressão estética, 
como marcador cultural, sinalização identitária e objeto de representação de 
identidades, de pertencimento social, refletindo um sistema de códigos que remontam 
a tempos e espaços distintos. 
A essa possibilidade do diverso, é preciso compreender que alguns perigos permeiam a 
ideia de arte como bem simbólico, como qualitativo de cultura. 
Reduzir a cultura à produção artística, remetendo a arte ao ideal kantiano, que a 
defende como “atividade sem fim”, atividade do espírito, pode última instância pode 
colocá-la como inútil, acessória, considerada à luz do sistema capitalista, regido pela 
lógica do mercado. É que nos alerta Adorno e Horkheimer: 
O princípio da estética idealista, a finalidade sem fim, é a inversão do 
esquema que obedece – socialmente – a arte burguesa: a inutilidade 
para os fins estabelecidos pelo mercado. [...] Adequando-se por 
completo à necessidade, a obra de arte priva por antecipação os 
homens daquilo que ela deveria procurar: liberá-los do princípio da 
utilidade (p. 205). 
 
A arte é um bem simbólico que deve ser assumida como um objeto de conhecimento, 
que tem uma lógica própria; é produção e necessidade inerente ao humano, aquilo 
 
 
 
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que nos eleva da condição natural à condição de ser sócio-histórico, regido pelo 
simbólico. Subtrair-nos dessa possibilidade de construção desse bem simbólico que é a 
arte, na sua amplitude, pode-nos alijar da possibilidade de construirmos nossa 
humanidade e nos tornarmos seres que só têm valor quando se mantém produtivo do 
ponto de vista mercadológico no contexto do capital. E isso começa na infância, mas 
nem sempre entendemos isso e depois nos queixamos da situação do mundo. 
A necessidade de compreender a arte como expressão do humano e consolidação da 
humanidade em nós é entender que nossa existência e nossa construção como ser 
sócio-histórico depende de mantermos atividades que nos coloque diante da 
possibilidade de pertencimento como ser de valor, como humano. 
Assim, é importante que a educação da infância, requeira cuidados, e isso depende 
assumir a necessidade da arte, como forma humana de existir e de conhecer e 
interpretar o mundo. Assim não fosse, como explicar as garatujas, a arte Naif, a arte 
rupestre, o grafite? 
Elas são representativas da nossa necessidade de expressão, de comunicação e de 
manifestação, inerente ao humano e requer espaço apropriado para que se 
desenvolva. 
Então vamos abordar cada uma dessas formas e como ela se liga à necessidade de 
assumir a arte como objeto de conhecimento e forma de existir. 
Comecemos pela garatuja! É claro que ela não encontrará utilidade prática, a não ser 
que a concebamos como uma forma da criança existir, interagir e compreender a si e o 
mundo. 
Para entendermos como é importante assumir um posicionamento em relação à 
concepção da arte é fundamental. Assim vamos ver como a garatuja pode ser 
definida? 
Encontramos em diversos dicionários as seguintes definições de garatuja: 
 
Garatuja: substantivo feminino 
 letra ruim, disforme, pouco ou nada inteligível; desenho tosco, malfeito 
(mais us. no pl.). 
 
 
 
33 
 
 trejeito desajeitado ou grotesco do corpo ou da face; esgar, momice, 
careta. 
 bobagem; ação ou comportamento característico de quem é bobo, tolo. 
 
Mas contraponto tal ponto de vista, indo além da compreensão da arte como objeto 
utilitário e que exige virtuosismo técnico, que ficaram bem explícitas nas definições 
acima, as garatujas, hoje, são compreendidas como imprescindíveis para o 
desenvolvimento infantil e assim, compreendê-las como parte da motricidade, da 
atividade sensório-motora é apenas um dos aspectos que a tornam fundamental na 
infância, lembrando que ela pode ser o primeiro registro da criança em relação à sua 
compreensão do mundo, mas que já existe desde o primeiro gesto, balbucio, deguste, 
audição dos sons, que envolve as diferentes linguagens artísticas. 
E é bom ressaltar, que mesmo o virtuosismo técnico pode ser alcançado quando 
conhecemos a atividade artística das garatujas. 
E de que forma a arte infantil se relaciona com a arte rupestre? É possível associar 
ambas, quando refletimos sobre a necessidade inerente ao humano de expressar e 
conhecer o mundo. Podemos ver na garatuja e na arte rupestre, forma de registro da 
existência humana, que precisa ir além do existir. Ambas demonstram que existem e 
se desenvolve, se não cerceada por uma lógica instrumental. 
Da mesma forma o Naif, que é a arte do autodidata, que criam uma forma de 
expressar-se, comunicar e compreender o mundo que os rodeiam, que advém e se 
desenvolve a partir do próprio fazer, de suas experiências estéticas. 
E o grafite, considerado, por muitos, como não arte, entendido muitas vezes como 
pichação, tem um papel fundamental como forma de expressão e como forma de 
manifestação artística, arte urbana que sai dos espaços privados vai para os espaços 
públicos, a rua, as paredes de edifícios, como marca de posicionamento crítico e 
político, muitas vezes. 
Tudo corrobora com a perspectiva que arte é necessária para o desenvolvimento 
humano e se queremos uma educação artística consequente na infância é preciso que 
a educação formal assuma tal responsabilidade, compreendendo que a arte faz parte 
do desenvolvimento humano, necessária e vital na infância. 
 
 
 
34 
 
É importante ressaltar que a educação artística na infância deve ser assumida em 
todas as formas de linguagem (visual, musical, dramática), mas que abordaremos a 
expressão artística do desenho, apenas como forma de exemplificar uma forma e que 
está inserido num dos campos mais estudados e com vasta literatura de apoio. 
O desenho pode-se ser considerado o registro da atividade mental da criança, assim 
deve ser incentivado e ter espaço reservado para o seu desenvolvimento, como 
também as demais formas de expressão artística, representadas pelos diversos 
mediadores artísticos: expressão plástica, musical, dramática e respectivos recursos 
técnicos, relacionados a cada um dos mediadores, como o desenho. 
E para falar em desenho vamos destacar um dos mais expressivos estudiosos do 
grafismo infantil, Viktor Lowenfeld, que o concebe o desenho como parte do 
desenvolvimento infantil, uma forma significativa e reveladora dos processos 
cognitivos e afetivos da criança, do mundo objetivo e subjetivo. 
Lowenfeld parte do princípio que o desenho se desenvolve em etapas, que se 
sucedem, mas não da mesma forma e tempo para cada criança. E descreve as fases: a) 
garatuja: desordenada, ordenada, nomeada; b) pré-esquemática; c) esquemática; d) 
realismo; e) pseudo-naturalista e,por fim, uma fase de decisão. É preciso respeitar, 
valorizar e propor experiências significativas para que haja desenvolvimento de todas 
as fases. 
 
2.3. O desenvolvimento cognitivo e o papel mediador da arte 
O desenvolvimento cognitivo e sua relação com a arte envolvem o desenvolvimento 
das faculdades mentais, ou seja, do raciocínio, da inteligência, assim como o bom 
funcionamento e uso do cérebro, que ocorre, principalmente, em crianças e 
adolescentes. No adulto a relação da arte com o desenvolvimento cognitivo se coloca 
na perspectiva de manutenção das conquistas e na possibilidade de bem estar, que 
caracteriza a saúde mental, que é favorecida de forma relevante pelo fazer estético e 
que se relaciona com a arteterapia. 
Um trabalho em arte que se ligue ao desenvolvimento integral é fundamental, e para 
isso é preciso pensar em conhecer as potencialidades do cérebro. Tal compreensão 
envolve o entendimento de cérebro que se divide em dois hemisférios, um que atua 
 
 
 
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com os aspectos objetivos, o lado esquerdo, que processa a matemática, por exemplo; 
e outro lado, o direito, em que predominam os aspectos subjetivos, que envolvem as 
diversas manifestações artísticas, como nos momentos em que as experiências 
artísticas se concretizam. 
Experiências artísticas favorecem o desenvolvimento neuronal, ou seja, da estrutura e 
funcionamento do cérebro, o que pode ser exemplificado pela experiência musical, em 
propicia o desenvolvimento físico estrutural do cérebro de forma potencializada até 
os seis anos de idade, pois nessa idade se têm “janelas de oportunidades”, defendidas 
pela neurociência, como momentos propícios para a aprendizagem musical, o que não 
se coloca de forma tão favorável em outras idades. As janelas de oportunidades devem 
ser aproveitadas para o melhor desenvolvimento cognitivo, que coloca a necessidade 
de se propiciar experiências artísticas e estéticas que atuam para o desenvolvimento 
ótimo das funções cognitivas, executivas e conativas, que atua positivamente para o 
processo de aprendizagem. 
Isso é similar nos processos de aprendizagem da escrita, que altera a engenharia do 
cérebro. Portanto não é só o desenvolvimento de uma habilidade específica, mas 
envolve o desenvolvimento intelectual, como um todo. 
As artes são elementos pré-verbais, que estão relacionados diretamente à percepção 
visual, ao raciocínio abstrato, atuando em diversas habilidades, que numa educação 
conteudista fica prejudicada. A arte propicia o desenvolvimento da sensibilidade, 
ganho do raciocínio espacial, pelo trabalho ativo com a percepção. 
Ao trabalhar com qualquer elemento do aparato cerebral há uma propagação de seus 
efeitos para todo o cérebro, que vai se promover benefícios mentais, que envolvem a 
percepção e a criatividade, que por sua vez contribuem para o desenvolvimento de 
habilidades para a resolução de problemas de forma mais ágil, da mesma forma 
envolve o desenvolvimento da concentração, que também contribui para o processo 
de aprendizagem, pois atua diretamente na tríade funcional da aprendizagem. 
O aprendizado é altamente favorecido pelo desenvolvimento dos aspectos neuronais, 
e com isso há grande desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender e de 
criar soluções novas. 
 
 
 
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Mas a arte, como forma de mediação no desenvolvimento cognitivo, também é 
importante para a expressão e favorece a socialização, desenvolvendo habilidades 
diferenciais, que não são comuns para todos, visto que muitas pessoas têm 
deficiências nessas áreas, pois dificilmente tem o desenvolvimento artístico valorizado 
durante o seu desenvolvimento. Porém, os benefícios da arte sugerem até que 
otimizar o desenvolvimento, mediado pela arte, favorece inclusive a liderança, que 
envolve a competência para identificar problemas e antever soluções para resolvê-los 
ou minimizar seus efeitos. 
Mas entender as potencialidades da arte envolve a compreensão de que todos têm 
direito de ter seu desenvolvimento otimizado, o que depende ultrapassar a 
perspectiva de ela só é possível a uns poucos, que detêm o dom. O desenvolvimento 
integral, mediado pelas atividades artísticas deve ser promovido para todos, 
ultrapassando o mito do dom, pois é possível que uns tenham mais facilidade em 
determinados aspectos, mas não por causa do dom, visto que a possibilidade de criar 
não se apresenta como pré-requisito para desenvolvimento. 
 
2.4. A espacialidade da Educação Artística 
Para compreender esta seção, confira no COM A PALAVRA a entrevista com Rogério 
Garcia, diretor escolar com amplo conhecimento de Educação Artística. Assim, você 
saberá se os espaços de produção artística se diferenciam ao longo da história e em 
função dos propósitos, tendo em vista que atualmente os espaços de consumo de arte 
são distintos e estão relacionados à ação mercadológica ou de fruição. Você também 
conhecerá sobre: a trajetória do espaço de produção de arte, do ateliê às ruas; se a 
escola é um espaço de produção artística e em que se distingue dos demais espaços; 
qual a importância do ensino da arte na infância; se a arte deve constituir um objeto 
de conhecimento próprio ou se ela serve às demais áreas de conhecimento; qual seria 
a orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais 
para um trabalho significativo em arte. 
 
 
 
 
 
 
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Conclusão do Bloco 2 
É certo que a arte tem um papel fundamental como mediador no desenvolvimento 
cognitivo e mais, atuando para otimizar as funções componentes da tríade funcional 
da aprendizagem, o que faz com que a educação estética e artística seja crucial para a 
educação da infância, reconhecendo as contribuições da neurociência e da 
neuroestética. 
 
Referências do Bloco 2 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte / 
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 130 p. 
FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: 
uma abordagem neuropsicopedagógica. Rev. Psicopedagogia 2014; 31(96): 236-53. 
LORENZINI, M.V. Brincando a brincadeira com a criança deficiente. São Paulo: Manole, 
2002. 
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: Mestre Jou, 1977. 
LOWENFELD, Viktor. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou, 
1970. 
PINO, Angel. Processos de significação e constituição do sujeito. Temas de Psicologia, 
1, p. 17-24. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Psicologia, 1993. 
VALENTE, Tamara da S. Reflexão sobre arte na pré-escola. In: Silva, C. M; Pimenta, I. M; 
Tacts, S. P. (Coord). Discutindo a educação pré-escolar. Vitória: Secretaria de Estado de 
Educação e Cultura do Espírito Santo, 1989. 46 p. 
 
 
 
BLOCO 3. LINGUAGENS ARTÍSTICAS 
Constatada a importância da arte para a defesa do humano e do desenvolvimento 
integral, é preciso conhecer e compreender de que forma ela se manifesta, assim 
como quais são as contribuições específicas na educação da infância. Assim, este 
material apresenta as diferentes linguagens, como a visual, a musical, a dramática e 
 
 
 
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corporal. Merece destaque o desenho, que é um dos aspectos mais estudados dentre 
os que figuram nas diferentes linguagens. 
 
3.1. Linguagem visual 
A linguagem visual está presente no cotidiano nas mais variadas formas, inclusive em 
outras linguagens artísticas. A imagem e a forma são seus componentes primordiais e 
seus elementos constituintes são o ponto, linhas, planos, cor, textura, movimento etc. 
Esses elementos formam a imagem, que constituem-se de formas e esta pode se 
apresentar em duas ou mais dimensões. E assim,

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