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Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - Aula 4

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- -1
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA 
PORTUGUESA
A LITERATURA ANGOLA NO SÉCULO XIX
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Listar autores significativos da Literatura Angolana;
2- Identificar o diálogo existente entre as culturas brasileira e africana na literatura angolana.
1 Panorama histórico e geográfico
Situada na África Ocidental, banhada pelo Oceano Atlântico, a atual República de Angola alcançou a sua
Independência de Portugal em 11/11/1975.
A chegada dos portugueses às terras angolanas data de 1482, com a expedição de Diogo Cão. A luta pela
libertação tem como marca o dia 04/02/1961 – para todas as nações africanas de língua portuguesa, a saber:
Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Guerra Civil
Tendo se iniciado em 1975, a guerra civil só terminou em 4 de abril de 2002, quando um tratado de paz foi
assinado. Desde então, os angolanos tentam viver dignamente, em meio às explosões das minas que mutilam ou
matam a sua população (há cerca de uma para cada habitante angolano), herança da UNITA.
Atenção
Importante lembrar que a Guerra Colonial desenvolvida nas cinco nações africanas no período de 1961 a 1974
teve o apoio da extinta URSS (União Soviética) em termos de armamento e de treinamento de guerrilha,
contando também com o auxílio de Cuba, que objetivavam ampliar o comunismo no mundo. Este, entretanto, não
se consolidou naquelas nações após a década de 1980, e isso pode ser muito bem entendido na leitura de obras
literárias como em Quem me dera ser onda, do angolano Manuel Rui.
Uma das causas para o sucesso do movimento guerrilheiro se deveu ao apoio da população local e ao fato
de um dos instrumentos de luta ter sido o poema cantado, passado de boca em boca, que levava a
conscientização dos motivos da guerra à população, como veremos oportunamente.
Língua
O português é a única língua oficial de Angola, no entanto o país conta com cerca de duas dezenas de línguas
nacionais, das quais 6 com maior expressão:
• quicongo (ou kikongo)
• quimbundo (ou kimbundu)
• chocué (ou tchokwe)
- -3
• chocué (ou tchokwe)
• umbundo
• mbunda
• cuanhama (kwanyama ou oxikwnyama)
A esmagadora maioria dos angolanos - perto de 90% - é de origem bantu.
O principal grupo étnico bantu é o dos ovimbundos que se concentra no centro-sul de Angola e se expressa
tradicionalmente em umbundo, a língua nacional com maior número de falantes em Angola. Por seu lado, os
ambundos, falando quimbundo (ou kimbundu), a segunda língua nacional com mais falantes, estabelecem-se
maioritariamente na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Quanza-Sul.
O quimbundo é de grande relevância, por ser a língua tradicional da capital e do antigo reino dos N'gola. Legou
muitas palavras à língua portuguesa e importou desta, também, muitos vocábulos.
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No (Uíge e Zaire) concentram-se os bacongos de língua (ou kikongo) que tem diversos dialetos.norte quicongo
Era a expressão do antigo Reino do Congo.
Os quiocos ocupam o leste, desde a Lunda Norte ao Moxico, e expressam-se tradicionalmente em (ouchocué
tchokwe), forma linguística que se tem vindo a sobreposto a outras da zona leste do país.
Por último, cerca de 3% da população atual é (Maioritariamente de origem portuguesa.) ou mestiça,branca
população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna.
De referir, ainda, a existência de um número considerável de falantes das línguas francesa e lingala, explicada
pelas migrações relacionadas com o período da luta de libertação e pelas afinidades com as vizinhas República
do Congo e República Democrática do Congo.
Produção literária
A literatura angolana tem na década de 1940 o seu período de consolidação, embora no século XIX tenhamos já
algumas publicações, como (1849), o primeiro livro de poemas publicado naEspontaneidades da minha alma
África de língua portuguesa, de José da Silva Maia Ferreira.
Nele, encontramos uma curiosa paródia de a Canção do Exílio, do nosso Gonçalves Dias, embora em nada os
versos se assemelhem ao nacionalismo do brasileiro, visto que o autor angolano, ainda sob a forte marca do
eurocentrismo, pode ser caracterizado como um aculturado, apesar de já esboçar alguns indícios regionais e de
sentimento nacional.
No poema ao lado, retirado de Espontaneidades da minha alma, você perceberá no trecho extraído que o
sentimento nacional presente nos versos se refere ao fato de o poeta reconhecer que nasceu em Angola.
Este poema já traz ambientes típicos do país, embora o poeta compare (Que tambémAngola a Portugal
identifica como sendo sua pátria.) e também ao Brasil, comparação que deixa Angola sempre em desvantagem
em termos de belezas naturais.
Isso acontece porque, os autores desse momento são aculturados, afastados da sua cultura, projetando a cultura
europeia na sua.
À MINHA TERRA !
A minha terra
José da Silva Maia Ferreira
Minha terra não tem os cristais
Dessas fontes do só Portugal
Minha terra não tem salgueirais,
Só tem ondas de branco areal.
- -5
Em seus campos não brota o jasmin,
Não matiza de flores os seus prados,
Não tem rosas de fino carmim,
Só tem montes de barro escarpados.
(...)
Não tem frutos por Deus ofertados,
Qual mimoso torrão português,
Não tem rios por Bardos cantados
Qual Mondego, nos fatos de Inês.
(...)
Não tem virgens com faces de neve
Por quem lanças enriste Donzel,
Tem donzelas de planta mui breve,
Mui airosas, de peito fiel.
(...)
Mesmo assim rude, sem primores da arte,
Nem da natura os mimos e belezas,
Que em campos mil a mil vicejam sempre,
É minha pátria!
Minha pátria por quem sinto saudades,
(...)
Deu-me o berço, e nela vi primeiro
A luz do sol embora ardente e forte
(...)
Análise do poema
Neste poema, vemos como o eu-lírico compara a sua terra com a terra portuguesa em muitos momentos do
poema, mostrando que as belezas de Portugal são superiores as de Angola: (“Minha terra não tem os cristais
/Dessas fontes do só Portugal” (...) “Não tem rosas de fino carmim,/Só tem montes de barro escarpados”).
- -6
Figura 1 - Luís de Camões
No poema, há a primeira menção à cor negra, nestes versos: “Não tem Virgens com faces de neve”. Embora se
sentindo inferiorizado, como consequência do complexo provocado pelo colonizador, o autor reconhece que
nasceu em Angola: “Deu-me o berço”.
Interessante é o diálogo que desde cedo as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa realizam com a 
.Literatura Brasileira1
1Veja esse exemplo, no qual o Brasil é citado também como modelo de beleza, além de estar clara a referência ao
poeta Gonçalves Dias, do Romantismo: “Também invejo o Brasil/Sobre as águas a brilhar,/Nesses campos mil a
mil,/Nesses montes d’além-mar/Invejo a formosura/Desses prados de verdura,/Inspirando com doçura/O Poeta
a descantar”.
Saiba mais
Podemos observar as referências à cultura e literatura portuguesas – episódio de Inês de
Castro, citado em “Os Lusíadas”, de (“Não tem rios por Bardos cantados/ QualLuís de Camões
Mondego, nos fatos de Inês”.).
Saiba mais
É importante lembrar que neste momento as Literaturas Africanas não apresentam estilos
literários, como a Literatura Brasileira, a Literatura Portuguesa e a Literatura Hispano-
Americana. Assim, não podemos afirmar que o poema “A minha terra” ou o seu autor sejam
românticos.
- -7
Literatura feita em África
Com José da Silva Maia Ferreira, inaugura-se uma literatura feita em África, por africanos. Entretanto, também
houve uma literatura em África, feita por portugueses. Convém, aqui, abrirmos um parêntese para lembrar que a
África nunca foi considerada um lugar bom para os portugueses.
Feita essa observação, resta afirmar que o português , texto que leremos aAlfredo Troni, autor de Nga Muturi
seguir, também pode se juntar aos nomes de Gregório, Bocage e Tomás Antônio, pois que também era mal visto
pelas autoridades portuguesas.
Colaborador da imprensa, ao publicar Nga Muturi no seu jornal, mostrará a modificação que a civilizaçãoeuropeia trouxe para Angola, na presença de uma escrava que vai se descaracterizando aos poucos, porém sem
perder verdadeiramente as suas raízes étnicas.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre:
• Um novo momento da literatura angolana, no qual os autores assumem para si a busca pela liberdade de 
seu povo e da sua cultura.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu um pouco mais de Angola, da sua localização no mapa e suas línguas, que existem paralelas 
à Portuguesa. Também percebeu que há uma diferença entre a literatura feita em Angola por estrangeiros 
e a literatura de Angola feita por angolanos. Reconheceu, também, alguns versos tirados do primeiro livro 
Saiba mais
Algumas palavras dos textos africanos foram tiradas das línguas nacionais, como o quimbundo,
por exemplo. As edições dos livros portugueses costumam trazer um glossário para elas. As
edições brasileiras – ou reproduções – nem sempre o fazem. O conto Nga Muturi foi retirado
do livro da Professora Maria Aparecida, o qual não traz a tradução destas palavras. Isso não
atrapalha o entendimento global do texto de Troni. É bom saber que “Nga Muturi” significa
“Senhora Viúva”.
•
•
- -8
e a literatura de Angola feita por angolanos. Reconheceu, também, alguns versos tirados do primeiro livro 
publicado na África de língua portuguesa e um pequeno trecho de uma prosa muito significativa para esta 
literatura.
	Olá!
	1 Panorama histórico e geográfico
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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