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Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - Aula 8

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- -1
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA 
PORTUGUESA
MOÇAMBIQUE
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar aspectos históricos, políticos e culturais de Moçambique;
2- Identificar o início da literatura moçambicana;
3- Analisar sua produção poética e em prosa por meio de autores significativos;
4- Identificar os temas fundamentais da literatura moçambicana.
- -3
1 Panorama histórico e geográfico
Voltado para o Oriente, banhado pelo Oceano Índico, Moçambique está localizado na parte da África austral. A
origem da sua sociedade remonta aos séculos III ou IV d.C., quando os povos bantos ali chegaram e se fixaram na
costa oriental entre o lago Niassa e o Índico, no norte.
Os portugueses que vinham explorando a costa africana desde 1415 fizeram os primeiros contatos com a terra
ao aportarem em Ceuta, sob o comando de Vasco da Gama, em 1498.
Até a metade do século XVIII os portugueses deram prioridade à exploração de riquezas locais, primeiramente o
ouro, depois o marfim.
Voltados para esse comércio, os conquistadores, entre 1502 e 1752, deixaram a administração de Moçambique a
cargo da Índia portuguesa (Goa), fato que explica o grande número de indianos em regiões moçambicanas.
Com a intensificação do tráfico negreiro, entre 1750 e 1860, a extração de minerais diminuiu.
Em meados do século XX, mais especificamente no fim dos anos 1940, a conscientização das injustiças sofridas,
que vinha se desenvolvendo desde o período da chegada do europeu, se agudiza, apoiada por reações em outros
espaços africanos, que apontavam para a urgência da valorização das culturas locais.
Em 1962, Eduardo Mondlane fundou a FRELIMO (Frente pela Libertação de Moçambique). O dia 25 de setembro
de 1964 marca o início da luta pela libertação, o que foi obtida em 25 de junho de 1975.
- -4
As disputas políticas entre a FRELIMO e a RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique) desencadearam, após
a independência de Portugal, uma guerra civil que durou até 4 de outubro de 1992, quando foi assinado um
tratado de paz.
2 Pontos legais e societários da combinação de negócios
A imprensa moçambicana foi criada no século XIX.
Como suas realizações, citamos:
O Africano (1908-1920), fundado pelos irmãos José e João Albasini.
O Brado Africano (1918), dos mesmos fundadores, que se mantinham muito presos à tradição romântica.
Os primeiros textos poéticos só foram publicados a partir da década de 1940, como (1943) e Os Sonetos Poesia
 (1951), de Rui de Noronha.em Moçambique
Ainda nesta fase, a revista marca uma transição, pois ainda que não trouxesse textos literários e simItinerário
textos de natureza social, vai interrogar a colonização portuguesa que passa a administrar, de fato, o território
moçambicano.
Percurso literário
Em 1952, foi publicado o primeiro e único número de (Representa o canto do povo chope, etnia do sul deMsaho 
Moçambique.), cujo objetivo era o de abarcar questões autenticamente moçambicanas, marcando
definitivamente a valorização da terra e da cultura local. Nesta fase eclodiram os primeiros ecos da negritude, o
que vai ser um dos elementos de propulsão para a Guerra Colonial (1961-1974). Os principais representantes
deste momento são Noêmia de Sousa e José Craveirinha.
Poemas dispersos, alguns anônimos, reunidos em O Canto Armado – antologia Temática da Poesia Africana
(1979), de Mário de Andrade (autor africano) dão conta da luta pela libertação, como esse, de nome .FRELIMO
FRELIMO 
Durante séculos esperámos
Saiba mais
É com , que vai veicular textos literários de jovens autores africanos e deBrado Africano
descendentes de colonos nascidos em Moçambique, que verificamos os ecos das manifestações
nativistas e de resistência cultural.
- -5
Como dizer-vos o tamanho do nosso sonho?
Durante séculos esperámos que um Messias viesse libertar-nos...
Até que compreendemos.
Hoje a nossa Revolução é uma flor imensa em que cada dia se acrescentam novas pétalas.
As pétalas são a terra reconquistada, o povo libertado,
os campos cultivados, as escolas, os hospitais.
O nosso sonho tem o tamanho da Liberdade.
(anônimo, 1969)
Noêmia de Sousa
Dentre os autores e os textos da literatura de Moçambique do século XX, destacamos a poeta Noêmia de Sousa, a
primeira mulher moçambicana a publicar um texto. Sua estreia foi na revista Mensagem, em Angola, que já
estudamos.
Noêmia de Sousa escreve todos os seus poemas conhecidos entre 1948 e 1951, quando já conhecia o movimento
de negritude americano. Publicou um livro com o tema da raça denominado Sangue Negro (1951).
Seu texto é muito interessante por trazer uma leitura sobre a mulher negra a partir do próprio olhar. Isto
porque, na Literatura, os poetas europeus, ao entrarem em contato com as africanas, as descreviam de modo
exótico.
“Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos quiseram cantar teus encantos
[...]
Teus encantos profundos de África. Mas não puderam. Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade”
- -6
Ela mesma deixa de ser objeto mal cantado pelos versos europeus para cantar sua própria história
sem “palavras vistosas e vazias”, podendo cantar a África:
“Ainda bem que nos deixaram a nós, [...] Cantar, Com emoção verdadeira E radical, a glória comovida
De te cantar, toda amassada, Moldada, vazada nesta sílaba Imensa e luminosa: MÃE”
Saiba mais
Negra
Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos
quiseram cantar teus encantos
para elas só de mistérios profundos,
de delírios e feitiçarias...
Teus encantos profundos de África.
Mas não puderam.
Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade,
quedas-te longínqua, inatingível,
virgem de contatos mais fundos.
E te mascararam de esfinge de ébano, amante sensual,
jarra etrusca, exotismo tropical,
demência, atração, crueldade,
animalidade, magia...
e não sabemos quantas outras palavras vistosas e vazias.
Em seus formais cantos rendilhados
foste tudo, negra...
menos tu.
E ainda bem.
Ainda bem que nos deixaram a nós,
do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,
sofrimento,
a glória única e sentida de te cantar
com emoção verdadeira e radical,
a glória comovida de te cantar, toda amassada,
moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE
Fonte: DE SOUSA, Noêmia. Negra. Disponível em:
http://www.revista.agulha.nom.br/no01.html
Acesso em: 10.08.2007.
http://www.revista.agulha.nom.br/no01.html
- -7
Da poesia moçambicana, o nome de maior destaque é o de José Craveirinha, o “poeta nacional moçambicano”,
autor que, como muitos outros, foi perseguido e feito prisioneiro pela PIDE, polícia portuguesa da época da
ditadura salazarista.
Destacam-se as obras:
Chigubo (1964; 1980);Xigubo,
Karingana ua karingana (1974, “Era uma vez...” em língua ronga); e
Cela 1 (1980, poemas de prisão).
Grito Negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
• O poema Grito negro, pode ser considerado como um exemplo não só da denúncia, que começa a ficar mais
evidente na década de 1960, como também um exemplo da negritude, ao caracterizar seu grito como negro.
• Pela complexidade e completude da obra de José Craveirinha, Pires Laranjeira considera quatro fases na
produção literária do autor, as quais seguem uma proposta temática não cronológica.
- -8
Mia Couto
Na literatura moçambicana contemporânea, o nome que se destaca é o de Mia Couto.
O autor iniciou sua vida literária com a publicação de poemas no jornal Notícias da Beira, quandotinha 14 anos.
Sua primeira obra é o livro de poemas Raiz de Orvalho (1983). Publicou, também, dois livros de contos que lhe
deram grande notoriedade: Vozes anoitecidas (1986) e Cada homem é uma raça (1990).
Seu primeiro romance é Terra Sonâmbula (1992).
Pela diversidade temática e inventividade literária, Mia Couto tornou-se o autor africano mais lido na atualidade,
bem recebido em toda Europa e no Brasil.
Atenção
São temas essenciais na obra de Mia Couto: a criatividade e a inventividade da língua, elaborando uma discussão
sobre o instrumento de dominação colonial, do que o autor se apropria para inverter a ordem de submissão
(Cronicando, de 1988); o realismo, que o leva a discutir de forma impressionante os quadros sociais de sua terra;
o imaginário e o fantástico fundamentados no conceito de ancestralidade; o humor, presente tanto em situações
adversas transformadas pelo homem moçambicano, quanto na construção dos personagens e na enunciação
(pela reconstrução da linguagem).
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre:
• Na próxima aula, a última das cinco nações a ser estudada por nós: São Tomé e Príncipe.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu um pouco de Moçambique e de sua literatura. Estando neste ponto de seus estudos, já pode 
comparar as literaturas africanas de língua portuguesa conhecidas até aqui;
• Relacionou aspectos e percebeu que há semelhanças e diferenças entre elas, e que a África não é um 
continente todo igual, como alguns pensam.
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	Olá!
	1 Panorama histórico e geográfico
	2 Pontos legais e societários da combinação de negócios
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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