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venunes@brazcubas.edu.br www.professoravanessanunes.com.br https://www.youtube.com/channel/UCrYwavgmsoKeSmKOFqorbbg/featured Centro Universitário Braz Cubas CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1 Trabalho (conteúdo abaixo) - até 0,5 ponto – 06/04/2022 1 Atividade teste - até 1 ponto – 04/05/2022 A2 - Avaliação – até 3,5 pontos – 18/05/2022 A1 - Avaliação – Prova Globalizada – Até 5 pontos – 01/06/2022 Conteúdo do trabalho Ações Especiais: Conceito / hipóteses de cabimento / previsão legal / prazo e competência: a) Ação Rescisória. b) Inquérito para apuração de falta grave e c) Ação de consignação em pagamento. ORIENTAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DOS TRABALHOS Seguir as regras ABNT para trabalhos acadêmicos (independente se for manuscrito ou digitado). Textos extraídos da internet ou na íntegra de livros sem a devida citação são considerados plágios. Utilize citações diretas e indiretas para usar textos que não sejam de sua autoria. Obrigatório REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Digitado em excelente formatação. Coerente, coeso e completo. Erros de português serão descontados pontos. INDIVIDUAIS / MANUSCRITOS OU DIGITADOS 3 REGRAS DE ACESSO E CONDUTA: As aulas, inicialmente, serão realizadas de modo virtual no horário regular, a princípio, através da plataforma ZOOM. O link estará no Blackboard. Organize-se, separe o material com 10 minutos antes do horário de início da aula. Durante as aulas virtuais peço que, preferencialmente, mantenham as câmeras ativas, microfones desligados. Peço que todos estejam sempre com o material em mãos: caderno, lápis/caneta, legislação. Nossa comunicação ocorrerá em aula, por e-mail (venunes@brazcubas.edu.br) e via representante de sala. Desejo um excelente semestre! NOSSO CONTEÚDO TEORIA GERAL DOS RECURSOS TRABALHISTAS Classificação dos recursos Princípios recursais Efeitos dos recursos Juízo de admissibilidade Pressupostos recursais RECURSOS EM ESPÉCIE a) Embargos de declaração (art. 897-A da CLT). b) Recurso ordinário (art. 895 da CLT). c) Agravo de instrumento (art. 897, “b”, CLT). d) Agravo regimental (art. 709, § 1º, da CLT). e) Agravo de petição (art. 897, “a”, CLT). f) Recurso de revista (art. 896 da CLT). g) Embargos em recurso de revista (art. 894 da CLT). h) Recurso extraordinário (CF, 102, III). EXECUÇÃO TRABALHISTA Liquidação de sentença / Penhora Embargos à Execução Exceção de pré-executividade Desconsideração da personalidade jurídica 5 6 Fonte: Noemia Cosermelli VAMOS RELEMBRAR? Vamos assistir um vídeo? 7 JUSTIÇA DO TRABALHO https://www.youtube.com/watch?v=ZpI50swu_Tc Fonte: http://myrtestst.blogspot.com/2012/06/procedimento-trabalhista-em-dissidio.html FASE DE CONHECIMENTO Teoria Geral dos Recursos Trabalhistas Etimologicamente, a palavra “recurso” provém do latim (recursus), dando-nos a ideia da repetição de um caminho anteriormente percorrido. Na Antiguidade, a Justiça era uma emanação do poder real. Nessa época, havia a previsão para a parte, inconformada com a decisão de quem julgasse o feito, recorrer ao rei, que era o órgão supremo do Estado. Surgia, então, o instituto do recurso. O juiz é um ser humano, e como tal não recebeu o dom divino da infalibilidade. Esse fato, que não é ignorado pela sociedade, permite àquele que se sentiu injustiçado com determinada decisão judicial o direito de vê-la reexaminada por um juízo colegiado, composto de julgadores presumivelmente mais experientes e capacitados. Os recursos são comumente os remédios mais utilizados para impugnar decisões judiciais. Mas não são os únicos. Existem, também, as chamadas ações autônomas de impugnação contra atos decisórios, como o mandado de segurança, a ação rescisória, os embargos do devedor e os embargos de terceiro. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. CONCEITO DE RECURSO É "o poder de provocar o reexame de uma decisão, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter a sua reforma ou modificação". (SANTOS, 2010, p. 84) Em sentido restrito, é a provocação de um novo julgamento, na mesma relação processual, da decisão pela mesma ou por outra autoridade judiciária superior. (LEITE, 2019, p. 879). 10 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 84 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.879. NATUREZA JURÍDICA DOS RECURSOS TRABALHISTAS RECURSO COMO PROLONGAMENTO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO. Sendo essa a corrente majoritária, defende que recurso é a continuação do procedimento, atuando como prolongamento do exercício do direito de ação dentro do mesmo processo. Por essa razão, doutrina Nelson Nery Junior que recurso não é, em sentido estrito, o próprio direito de ação, já que pressupõe a existência de lide pendente sobre a qual ainda não se formou a coisa julgada. São adeptos dessa corrente, além do precitado autor, Rocco, Schlosser, Kisch, Rosemberg, Schwab, Barbosa Moreira, Manoel Antonio Teixeira Filho, Sergio Bermudes, José Janguiê Bezerra Diniz e outros. Podemos dizer, então, que: a) qualquer recurso constitui o prolongamento do exercício do direito de ação; b) essa concepção é aplicável tanto no processo civil quanto no processo trabalhista. 11LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.881. Os recursos constituem também uma forma de controle dos atos jurisdicionais pelas instâncias superiores. A doutrina costuma apontar como fundamento dos recursos: a) aprimoramento das decisões judiciais; b) inconformismo da parte vencida; c) falibilidade humana. (SCHIAVI, 2017, p. 875). CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS A) À AUTORIDADE À QUAL SE DIRIGEM Os recursos podem ser próprios (julgados por órgão de jurisdição superior, como o recurso ordinário, a apelação cível, o recurso de revista, os agravos, o recurso extraordinário etc.) ou impróprios (dirigidos e julgados ao mesmo órgão prolator da decisão impugnada, como os embargos de declaração, os embargos infringentes); B) À MATÉRIA São ordinários os recursos que têm por escopo a tutela do direito subjetivo das partes, pois visam obter a revisão da matéria fática e/ou jurídica contida na decisão recorrida. Os recursos ordinários, portanto, atendem ao direito (ou garantia) constitucional ao duplo grau de jurisdição, uma vez que “devolvem” ao Tribunal ad quem o exame completo da matéria impugnada, como o recurso ordinário trabalhista ou a apelação cível. São extraordinários os recursos que têm por escopo a tutela do direito objetivo e, por isso, não se destinam a corrigir a injustiça da decisão recorrida, nem permitem rediscussão de matéria fática ou reexame de provas, como ocorre com o recurso de revista, o recurso de embargos (no TST), o recurso especial, o recurso extraordinário (ver Súmula 126 do TST e Súmula 279 do STF); 12 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.882. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS C) À EXTENSÃO DA MATÉRIA O recurso pode ser total (quando ataca todo o conteúdo impugnável da decisão judicial) ou parcial (quando ataca apenas parte ou partes da decisão hostilizada); D) À FORMA DE RECORRER O recurso pode ser principal (interposto no prazo comum por uma ou ambas as partes, na hipótese de “sucumbência recíproca”) ou adesivo (interposto no prazo alusivo a contrarrazões, nos termos do art. 997, §§ 1º e 2º, do CPC (art. 500 do CPC/73) e Súmula 283 do TST. 13 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.882. SISTEMAS RECURSAIS SISTEMA AMPLIATIVO O sistema ampliativo é aquele que admite inúmeros recursos, de maneira a assegurar aos litigantes o amplo direito de impugnação das decisõesjudiciais. Dito de outro modo, no sistema ampliativo não existe decisão irrecorrível. Este sistema constitui corolário do princípio do duplo grau de jurisdição, e seu escopo consiste, basicamente, em outorgar maior segurança jurídica aos julgados. SISTEMA LIMITATIVO No sistema limitativo, nem todas as decisões judiciais são impugnáveis por recurso. No caso das decisões proferidas pelas Varas do Trabalho no procedimento sumário, por exemplo, o art. 2º, § 4º, da Lei n. 5.584/70 deixa transparecer que a legislação processual trabalhista brasileira adota parcialmente o sistema limitativo, ao estabelecer que: Salvo quando versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das decisões proferidas nos dissídios de alçada a que se refere o parágrafo anterior (valor da causa fixado em dois salários mínimos), considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação. O sistema limitativo, portanto, tem por escopo conferir maior celeridade ao processo trabalhista, máxime se considerarmos a natureza nitidamente alimentícia dos créditos vindicados nos dissídios individuais trabalhistas. 14 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO • Princípio do duplo grau de jurisdição Consiste “em estabelecer a possibilidade de a sentença definitiva ser reapreciada por órgão de jurisdição, geralmente de hierarquia superior à daquele que a proferiu, o que se faz necessário pela interposição de recurso”. O princípio do duplo grau de jurisdição é “garantia fundamental de boa justiça”. (NERY JUNIOR, 1997, p.41) 15 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios fundamentais – teoria geral dos recursos. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 41. É um direito humano conferido a toda pessoa de interpor recurso das decisões judiciais para um juiz ou um tribunal superior. Também é um direito fundamental, já que recepcionado pelos §§ 2º e 3º do art. 5º da CF/88. Embora humano e fundamental, o direito de recorrer não é absoluto. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.887. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO • PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS Também chamado de princípio da concentração. Diferente do processo civil, cujas decisões interlocutórias proferidas no curso do processo podem ser impugnadas por agravo de instrumento, o direito processual do trabalho não admite recurso específico contra tais espécies de atos judiciais, salvo situações muito específicas. 16 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.888. EXCEÇÕES - SÚMULA 214 - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE – NOVA REDAÇÃO. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de TRT que contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do TST; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da preclusão Pode ser encontrado tanto no CPC (arts. 188 e 278) quanto na CLT (art. 795), e diz respeito às nulidades relativas ou anulabilidades. Vale dizer, tratando-se de nulidade absoluta decorrente de inobservância de norma de ordem pública, conhecível, portanto, ex officio pelo juiz, não há lugar para a preclusão. A preclusão pode ser lógica, consumativa e temporal. 17 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.891. Preclusão lógica quando a parte pratica ato incompatível com o anteriormente praticado. Exemplo: a parte que ofereceu exceção de incompetência não poderá suscitar o conflito de competência (CLT, art. 806 e CPC, art. 952). Preclusão consumativa ocorre, por exemplo, quando a parte apresenta contestação e, estando no prazo, intenta apresentar nova resposta. Preclusão temporal, que é a mais comum, na hipótese de perda de prazo para a prática de algum ato processual a cargo da parte. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da proteção ou do interesse O princípio da proteção ou do interesse, que é aplicável na hipótese de nulidade relativa, previsto no art. 796, b, da CLT e no art. 276 do CPC. À luz do princípio em tela, a nulidade só deve ser decretada quando não for possível suprir- se a falta ou repetir-se o ato, sendo certo que, por ser o processo um meio ético de solução de conflitos, a nulidade não pode ser alegada por quem lhe deu causa. Afinal, nemo allegans propriam turpitudinem auditur (ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza). 18 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.892. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da transcendência Também chamado de princípio do prejuízo (referente as nulidades relativas). Só devem ser declaradas em grau recursal se e quando acarretarem manifestos prejuízos aos direitos fundamentais das partes. Trata-se da aplicação da parêmia francesa pas de nullité sans grief (não há nulidade sem prejuízo). Está consagrado no art. 794 da CLT e no art. 282, § 1º, do CPC. 19 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.892. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da convalidação O silêncio de uma das partes faz gerar a aceitação do ato praticado pelo adversário, ou induz à veracidade das alegações feitas por este. O silêncio da parte tem eficácia convalidadora do ato praticado pelo adversário ou pelo juiz, exceto no que dizem respeito às normas de ordem pública. Assim, se a nulidade for relativa, o silêncio da parte a convalidará; se for absoluta, não. 20 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Curso de processo do trabalho: perguntas e respostas sobre assuntos polêmicos em opúsculos específicos, n. 7: nulidades. São Paulo: LTr, 1997. p. 26. Exemplo: Da incompetência relativa. Se o réu não oferece, no prazo legal, a exceção, a competência territorial se convalida, em função de seu silêncio. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da causalidade, utilidade ou aproveitamento Art. 798 da CLT. Por estarem os atos processuais em estado de dependência recíproca, ou seja, por dependerem uns dos outros, sempre que possível serão aproveitados os atos que não foram contaminados pela invalidação de outro ato. Assim, se o provimento de um recurso implicar a nulidade de um determinado ato, os demais atos processuais praticados que puderem ser aproveitados não serão invalidados. 21 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da manutenção dos efeitos da sentença Expõe o art. 899 da CLT que os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo. Por essa razão, não há necessidade de o juiz declarar o efeito em que recebe o recurso para, só então, remetê-lo ao juízo ad quem. No silêncio, pois, incide a regra legal, em função do que não precisaria o juiz pronunciar o óbvio. Vê-se, assim, que nos domínios do processo do trabalho a regra é a não suspensão dos efeitos da sentença. Dito doutro modo, no processo do trabalho a regra é a permissão para o cumprimento provisório da sentença. Pode a parte extrair carta de sentença, e proceder, a qualquer tempo, ao cumprimento (execução) provisório do julgado (CLT, art. 899) ou a execução definitiva (cumprimento definitivo) das parcelas incontroversas (CLT, art. 897, § 1º), se for o caso. 22LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Princípio da tipificação ou taxatividade (previsão legal): somente são admitidos os recursos previstos na legislação processual. No processo do trabalho, são previstos os seguintes recursos: a) embargos de declaração (art. 897-A da CLT); b) recurso ordinário (art. 895 da CLT); c) agravo de instrumento (art. 897, “b”, CLT); d) agravo regimental (art. 709, § 1º, da CLT); e) agravo de petição (art. 897, “a”, CLT); f) recurso de revista (art. 896 da CLT); g) embargos em recurso de revista (art. 894 da CLT); h) recurso extraordinário (CF, 102, III). 23 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE A possibilidade de recebimento de um recurso por outro, quando houver erro material na nomenclatura do recurso, desde que obedecidos todos os pressupostos do recurso correto, e ainda, que haja dúvida razoável quanto ao recurso cabível e que não haja erro grosseiro ou má-fé. a) inexistência de erro grosseiro; b) dúvida na doutrina ou jurisprudência quanto ao recurso apto a reformar certa decisão judicial; c) o recurso erroneamente interposto deve obedecer ao prazo do recurso adequado. 24 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE: Cada decisão cabe um único recurso: a) para cada tipo de decisão há previsão de um recurso específico (tipificação); b) a parte só pode interpor um recurso contra a decisão – preclusão consumativa – de modo que, uma vez apresentado o recurso (protocolizado), não pode a parte, ainda que esteja dentro do prazo, alterar o seu recurso, exceto se houver decisão superveniente em embargos declaratórios a qual tenha sido atribuído efeito modificativo, hipótese em que a parte poderá aditar seu recurso apenas quanto ao objeto inovador da decisão dos embargos declaratórios. 25 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: É vedado à instância revisora proferir decisão que agrave mais a situação do recorrente, sem que haja recurso da parte contrária quanto ao mesmo tema. 26 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO PRINCÍPIO DA SUCUMBÊNCIA: A parte, para recorrer, deve ter sido vencida quanto ao objeto do recurso, pois se a parte saiu vencedora, não terá interesse em recorrer. 27 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p.893. UNIFORMIDADE DO PRAZO RECURSAL Determina o art. 6º da Lei 5.584/1970 que o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso trabalhista é de 8 (oito) dias. Alguns recursos possuem prazos diferenciados: Embargos de declaração, que serão opostos no prazo de 5 (cinco) dias (art. 897-A da CLT); Recurso extraordinário para o STF, cujo prazo legal é de 15 (quinze) dias; Nos dissídios de alçada (sumário) temos o pedido de revisão, cujo prazo é de 48 horas. É importante enfatizar que a regra estabelecida no art. 229 do CPC/2015, que estabelece o prazo recursal em dobro nos casos em que os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, não é aplicável no âmbito processual trabalhista, conforme estabelece a OJ 310 da SDI-I do TST, por sua incompatibilidade com a celeridade buscada no processo do trabalho: 28 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PECULIARIDADE DOS RECURSOS TRABALHISTAS Orientação Jurisprudencial 310 da SDI - I do TST - LITISCON-SORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 229, CAPUTE §§ 1°E 2°, DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1 ° e 2°, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente. EFEITOS DOS RECURSOS EFEITO DEVOLUTIVO Estabelece o art. 899 da CLT que os recursos trabalhistas serão dotados, em regra, de efeito meramente devolutivo, sendo possível a execução provisória até a penhora. Por meio do efeito devolutivo, a matéria impugnada pelo recorrente será reexaminada pelo órgão superior hierárquico. O efeito devolutivo devolve o exame da questão impugnada ao órgão superior. Trata-se do brocardo latino tantum devolutum quantum appellatum. Em outras palavras, o Tribunal Regional deverá restringir-se ao que foi objeto no recurso interposto. É o próprio recorrente que delimitará a matéria que o órgão superior examinará no recurso. Consiste, portanto, em devolver ao grau superior de jurisdição a análise do caso concreto. 29 https://youtu.be/PMwU1rAR6jQ CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE Com o efeito devolutivo do recurso ordinário o TRT deverá restringir-se ao que foi objeto no recurso ordinário. O efeito devolutivo em profundidade, que se extrai do art. 1.013, § Io, do CPC/2015, transfere ao Tribunal Regional, além da análise dos pedidos formulados no recurso, a análise de todos os fundamentos relacionados à matéria impugnada. Sobre o tema Súmula 393 do TST, Resolução 208/2016: SÚMULA 393 - RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. ART. 1.013, § 1o, do CPC DE 2015. ART. 515, § Io, DO CPC de 1973 I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1o do art. 1.013 do CPC de 2015 (art 515, §1°, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. II -Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3odo art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos. 30 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITO SUSPENSIVO O efeito suspensivo impede a produção imediata dos efeitos da decisão. Em outras palavras, podemos dizer que, uma vez interposto o recurso, dotado desse efeito, a execução da sentença ficará suspensa. Recebido um recurso no efeito suspensivo, a decisão impugnada não poderá ser executada, devendo a parte interessada aguardar o julgamento do recurso pela instância superior. Nos domínios do processo do trabalho, poderá ser atribuído efeito suspensivo às decisões das Turmas dos Tribunais do Trabalho no julgamento de processos coletivos, em conformidade com o art. 9º da Lei 7.701/1988. Não obstante, em regra, os recursos trabalhistas possuem unicamente o efeito devolutivo, permitindo a execução provisória até a penhora, ou seja, não se admite o efeito suspensivo. Caso a parte pretenda a obtenção de efeito suspensivo, deverá elaborar requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5o, do CPC de 2015, como ensina a parte final da Súmula 414,I, do TST. 31 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. • Súmula nº414 do TST • MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 • I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do • tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. 32 EFEITO TRANSLATIVO O efeito devolutivo impede que o juízo profira julgamento além, aquém, ou fora do pedido formulado nas razões recursais. No entanto, o sistema autoriza o juízo a decidir questões que não foram suscitadas nas razões recursais. São as matérias de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Assim, o efeito translativo consiste na capacidade que o tribunal possui de avaliar matérias que não tenham sido objeto do recurso, por se tratar de matéria de ordem pública. 33 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITO SUBSTITUTIVO O efeito substitutivo dos recursos consiste na substituição da decisão recorrida pela decisão proferida em sede recursal. O efeito substitutivo faz com que a decisão do juízo ad quem substitua a decisão recorrida, nos termos do art. 1.008 do CPC/2015. Assim, caso o recurso seja, ao menos, conhecido, independentemente de ser dado ou não provimento, opera-se o efeito substitutivo do recurso. Dessa forma, havendo reforma da decisão de 1º grau, valerá o acórdão; caso não haja reforma, valerá a confirmação da sentença. 34 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITO REGRESSIVO É aquele que possibilita a retratação ou reconsideração da decisão impugnada pelo mesmo juízo prolator da decisão. Esse efeito possui incidência no agravo de instrumento e no agravo regimental. Ademais, a regra disposta no atual art. 485, § 7º, do CPC/2015 possibilita a retratação por parte do juiz recorrido prolator de decisão de extinção do processo sem resolução de mérito, norma que se mostra compatível com o sistema recursal trabalhista, devendo ser aplicada ao processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT e art. 15 do CPC/2015, nos termos do art. 3o, VIII, da IN 39 TST. 35 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITO EXTENSIVO Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. 36 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E PRESSUPOSTOS RECURSAIS A admissibilidade da matéria impugnada no recurso está condicionada ao preenchimento de determinados pressupostos, conhecidos como requisitos de admissibilidade. Tais pressupostos dizem respeito tanto ao próprio recurso em si, conhecidos como pressupostos objetivos ou extrínsecos, e àqueles pressupostos ligados ao sujeito recorrente, os pressupostos subjetivos ou intrínsecos. O não atendimento a esses pressupostos ensejará a inadmissibilidade ou não conhecimento do recurso, prejudicando a análise do seu mérito, ou seja, a análise da matéria impugnada. 37 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E PRESSUPOSTOS RECURSAIS Esse exame de admissibilidade será realizado em dois momentos distintos. Os recursos passam, em regra, por dois juízos de admissibilidade: O primeiro exercido pelo juiz que proferiu a decisão (juízo a quo), O segundo exercido pelo juízo a quem o recurso é dirigido (juízo ad quem). Serão verificados se os pressupostos intrínsecos e extrínsecos foram observados, em alguns recursos, também tem-se os pressupostos específicos, por exemplo no Recurso de Revista. 38 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. O relator poderá julgar monocraticamente o recurso, na forma do art. 932 do CPC. É o que determina a Súmula 435 do TST: SÚMULA 435 TST - DECISÃO MONOCRÁTICA. RELATOR. ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC DE 1973. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO TRABALHO Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973). Pressupostos subjetivos ou intrínsecos Dizem respeito à pessoa recorrente: Legitimidade, capacidade e interesse. LEGITIMIDADE Em conformidade com o estabelecido no art. 996 do CPC/2015,0 recurso pode ser apresentado pela parte vencida, qualquer terceiro prejudicado e, ainda, pelo Ministério Público naqueles processos em que figurar como parte ou em que atuar como fiscal da lei (custos legis), nos termos do art. 83, VI, da Lei Complementar 75/1993. CAPACIDADE Não basta a parte ter legitimidade, é necessário que no momento da interposição do recurso ela seja plenamente capaz, isto é, deve encontrar-se no pleno exercício de suas capacidades mentais, observados os arts. 3º, 4º e 5º do Código Civil. INTERESSE Para se qualificar o interesse recursal, a parte deve demonstrar que o recurso é útil e necessário, sob pena de não ser conhecido. O interesse não significa mera sucumbência, mas sim o binômio NECESSIDADE E UTILIDADE. Suponha-se que em uma reclamação trabalhista o reclamado conteste o pedido alegando prescrição (matéria que extingue o processo com resolução do mérito e que impede que o reclamante ingresse com nova reclamação trabalhista), o juiz do trabalho extinga o processo por qualquer das hipóteses previstas no art. 485 do CPC/2015, ou seja, sem resolução do mérito (o que permite ao reclamante o ajuizamento de nova reclamação trabalhista). Nesse caso, mesmo não sendo perdedor da reclamação, há interesse recursal objetivando uma decisão de mérito, o que impedirá a propositura de nova ação. 39 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Pressupostos objetivos ou extrínsecos Os pressupostos objetivos ou extrínsecos dizem respeito a aspectos dos recursos em si: representação, recorribilidade do ato, adequação, tempestividade e preparo. A) REPRESENTAÇÃO Se a parte for assistida por advogado, deverá este estar regularmente representado através de instrumento de mandato (procuração). Na Justiça do Trabalho admite-se o mandato tácito, constituído por meio da procuração apud acta, que é aquela constituída na própria ata da audiência. Os tribunais não admitem o recurso apócrifo, ou seja, aquele que não possui assinatura. Todavia, constatada a total falta de assinatura no recurso, ou seja, ausência de assinatura na peça de interposição e na peça de razões recursais, deverá o relator conceder prazo de 5 dias para regularização, sob pena de o recurso não ser admitido. Contudo, havendo ao menos assinatura na peça de interposição do recurso ou nas razões recursais, o recurso será considerado válido, em conformidade a Orientação Jurisprudencial 120 da SDI 1 do TST e SÚMULA 383 TST . 40 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. B) RECORRIBILIDADE DO ATO O ato deve ser recorrível. Os atos do juiz, nos termos dos arts. 203 e 204 do CPC/2015 compreendem: despachos, decisões interlocutórias e sentenças, compreendidos, nessas últimas, os acórdãos. Os despachos são irrecorríveis dada sua natureza, por não possui caráter decisório. Já as decisões interlocutórias, nos domínios do processo do trabalho, salvo as exceções previstas na Súmula 214 do TST, são irrecorríveis de imediato. Portanto, salvo as exceções que admitemrecurso contra decisão interlocutória, os atos recorríveis na Justiça do Trabalho são sentenças e acórdãos. Dessa forma, não sendo o ato judicial passível de impugnação via recursal, este não será conhecido por ausência desse pressuposto. C) ADEQUAÇÃO Não basta que o ato seja recorrível, o recurso utilizado deve estar em conformidade com a decisão, ou seja, para cada ato processual há um recurso adequado e próprio para atacá-lo. No entanto, existe a possibilidade de o órgão julgador conhecer de um recurso inadequadamente interposto por outro previsto em lei. Trata-se do princípio da fungibilidade que será aplicado desde que vislumbrados 3 requisitos: a) inexistência de erro grosseiro; b) dúvida na doutrina ou jurisprudência quanto ao recurso apto a reformar certa decisão judicial; c) o recurso erroneamente interposto deve obedecer ao prazo do recurso adequado. 41 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. D) TEMPESTIVIDADE O recurso deve ser interposto no prazo legal, sob pena de não ser conhecido por intempestividade. A Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, no seu art. 3º admite a interposição de recurso por meio eletrônico. Nos termos da lei, será considerado tempestivo o recurso enviado até as 24 horas do último dia do prazo. E se for interposto antes da publicação do prazo? O próprio TST por meio da Súmula 434 chegou a sustentar que o recurso interposto antes da publicação do acórdão seria considerado extemporâneo e, portanto, não seria conhecido. Contudo, por meio da resolução 198/2015 o TST cancelou a Súmula 434 passando a admitir, inclusive sob o fundamento da ampla defesa, a interposição de recurso antes mesmo de aberto o prazo recursal. 42 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. E) PREPARO Para o preenchimento desse pressuposto, exige-se que o recorrente recolha as custas e, em se tratando da reclamada, efetue o depósito recursal, sob pena do recurso ser considerado deserto. CUSTAS (art. 789 da CLT) DEPÓSITO RECURSAL (art. 899, § 1º, da CLT). 43 https://youtu.be/MWcCFr1VCs8 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. As CUSTAS, que correspondem a 2%: a) do valor da causa (na hipótese de improcedência ou extinção sem resolução de mérito) ou b) da condenação (quando procedente ou procedente em parte) Deve ser comprovado o pagamento por ocasião da interposição do recurso (art. 789, § 1º, CLT). A partir da vigência da lei 13.467/17, as custas estarão limitadas ao quádruplo do teto da previdência geral (atualmente em 2022, R$ 7.087,22, ou seja: R$ 28.348,88). São isentos do pagamento das custas (art. 790-A da CLT): 1. beneficiários da justiça gratuita; 2. a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; 3. Ministério Público do Trabalho. 44 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. 2- DEPÓSITO RECURSAL O depósito recursal não possui natureza jurídica de taxa de recurso, mas sim de garantia do juízo recursal, que pressupõe decisão condenatória ou executória de obrigação de pagamento em pecúnia, com valor líquido ou arbitrado. Consequentemente, o depósito recursal apenas será devido pelo empregador que queira interpor recurso. Dada sua natureza jurídica somente é exigido quando houver condenação em dinheiro, em conformidade com a Súmula 161 do TST. Como o depósito recursal tem natureza de garantia da execução, além de pressuposto recursal, determina a CLT que após o trânsito em julgado o depósito deve ser liberado à parte vencedora, por mero despacho. O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança, em conformidade com o art. 899, § 4º, da CLT, e comprovado seu recolhimento no prazo alusivo ao recurso, nos termos da Súmula 245 do TST, podendo ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial, art. 899, § 11, da CLT. É importante frisar que uma vez depositado o valor total da condenação, nenhum depósito será exigido nos recursos decisões posteriores, salvo se o valor da condenação vier a ser ampliado. Havendo acréscimo ou redução da condenação em grau de recurso, o juízo prolator da decisão arbitrará novo valor à condenação, quer para a exigibilidade de depósito ou complementação do valor já depositado, para o caso de novo recurso, quer para liberação do valor excedente decorrente da nova decisão. Sobre depósito recursal é imprescindível a leitura da Sumula 128 do TST. O valor do depósito recursal é reajustado anualmente pelo TST, no mês de julho, com vigência a partir do dia primeiro de agosto. Os valores atuais do depósito recursal são: a) recurso ordinário: R$ 10.986,80; b) recurso de revista, embargos em recurso de revista e extraordinário: R$ R$ 21.973,60. 45 https://youtu.be/1Ojl8XnlOtw CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Depositado o valor total da condenação, nenhum depósito será exigido nos recursos das decisões posteriores, SALVO se o valor da condenação vier a ser ampliado - artigo 1º, inciso II, alínea b, da Instrução Normativa nº 3/TST. Atualmente, são dispensados do depósito recursal: a) MASSA FALIDA (Súmula 86 do TST), b) os entes elencados no artigo 790-A da CLT: a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica + Ministério Público do Trabalho c) beneficiários da justiça gratuita; d) entidades filantrópicas*; e) empresas em recuperação judicial (art. 899, § 10, CLT). *entidades sem fins lucrativos, que prestam serviços gratuitos (total ou parcialmente) de assistência social, saúde ou educação a pessoas carentes. A qualidade de beneficente de assistência social da entidade é certificada pelo Ministério da Assistência Social e Combate à Fome (MDS), Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Educação (MEC), conforme sua área de atuação. Para receber a certificação a entidade deve cumprir os requisitos estabelecidos pelos artigos 3º ao 20º da lei 12.101/2009. Os empregadores domésticos, entidades sem fins lucrativos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, são beneficiados com redução de 50% do valor (art. 899, § 9º, CLT). 46 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Insuficiência no valor do preparo do recurso Nos termos do art. 10 da IN 39/2016 do TST aplicam-se ao Processo do Trabalho as normas do parágrafo único do art. -52 do CPC, §§ 1º a 4º do art. 938 e ainda os §§ 2º e 7º do art. 1007. Em outras palavras, antes de considerar inadmissível: recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Assim, a insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção do recurso caso o recorrente, devidamente intimado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3º - É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. Nos domínios do processo do trabalho, seguindo a orientação do TST a norma em apreço se aplica às custas e ao depósito recursal. Nessa linha, o TST por meio da OJ 140 da SDI 1 firmou entendimento: OJ 140 SDI 1 TST - DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrentenão complementar e comprovar o valor devido. Assim, caso os valores das custas ou do depósito recursal sejam insuficientes, antes de não conhecer do recurso por deserção, deverá intimar a parte para complementação no prazo de 5 dias. 47 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. DESISTÊNCIA É lícito ao recorrente, a qualquer momento, desistir do recurso, independentemente de concordância da parte contrária, desistir do seu recurso. Nesse sentido, o artigo 998 do Código de Processo Civil: CPC, Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. 48 RECURSOS EM ESPÉCIE Fonte: https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/796106650/agravo-de-instrumento-trabalhista São cabíveis para impugnar quaisquer decisões (interlocutórias, sentenças, acórdãos e decisões monocráticas) quando for verificada a ocorrência de omissão, contradição ou obscuridade, ou ainda, para corrigir erro material. OMISSÃO: ocorre quando o julgado deixa de se manifestar sobre ponto que deveria ter abordado na decisão, tal como na hipótese de deixar de analisar um dos pedidos cumulativos ou uma das preliminares defensivas; a “omissão” do juiz na análise de determinada prova (análise subjetiva da parte sucumbente que não se conforma com a decisão), não enseja embargos declaratórios, tratando-se de hipótese de revisão do julgado, que deve ser buscado pela via recursal adequada. CONTRADIÇÃO: a contradição a ensejar os embargos de declaração é aquela existente na própria decisão e não entre o que restou decidido e a prova produzida nos autos, que desafia recurso próprio. Pode ocorrer entre tópicos da sentença (ex: acolhimento de justa causa e rejeição de pedidos de aviso prévio, décimo terceiro salário e férias proporcionais, multa de 40% do FGTS, e acolhimento do pedido de horas extraordinárias, com reflexos em aviso prévio indenizado, décimo terceiro salários, férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço constitucional, depósitos do FGTS com a respectiva multa rescisória) ou entre o decidido na fundamentação e a condenação imposta no dispositivo (ex: acolhimento de justa causa e rejeição de pedidos de aviso prévio, décimo terceiro salário e férias proporcionais, multa de 40% do FGTS, e condenação no dispositivo para pagar aviso prévio indenizado, décimo terceiro salários, férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço constitucional, depósitos do FGTS com a respectiva multa rescisória). 51 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Art. 897-A da CLT e nos arts. 1.022 e seguintes do CPC, aplicados subsidiariamente https://youtu.be/55fE7TBWVCg CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 5 DIAS! OBSCURIDADE: falta de clareza na redação da decisão que dificulta a compreensão do julgado; a dificuldade de compreensão da sentença pela parte (advogado), por falta de conhecimento da linguagem técnica, não caracteriza obscuridade. Um exemplo comum, em razão do uso da informática em grande escala, se dá com o recurso “copia e cola” ou utilização de autotexto, pelo qual é inserido um texto na decisão, porém sem excluir os “excessos”, ou incluir algo importante que ficou faltando, deixando a decisão sem sentido. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL NA DECISÃO: Há controvérsia quanto a utilização dos embargos declaratórios para essa finalidade, posto que o § 1º do artigo 897-A da CLT prevê que “os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes”, de modo que, havendo erro material na decisão (p.ex., erro na grafia do nome da parte), o pedido de correção pode ser feito por mera petição, a qualquer momento, não necessitando a utilização dos embargos. Um embargo com alegação de erro material, pelo princípio da fungibilidade, pode ser recebido como mera petição, afastando o efeito da interrupção do prazo. 52 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Vale frisar que os embargos de declaração não estão sujeitos ao juízo de admissibilidade recursal, sendo essa uma das razões pelas quais se discute sua natureza jurídica. A doutrina dominante sustenta possuir natureza de recurso. Além de serem opostos contra decisões omissas, contraditórias e obscuras, hipóteses em que será requerido o esclarecimento ou complementação do julgado, admite-se a oposição de embargos de declaração para a obtenção de efeito modificativo do julgado, em casos de omissão, contradição ou, ainda, manifesto equívoco no exame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos. Admite-se, ainda, a oposição de embargos de declaração para fins de prequestionamento para os recursos de revista, embargos no TST e recurso extraordinário. 53 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO POR MANIFESTO EQUÍVOCO NO EXAME DOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO Não obstante sejam feitos dois juízos de admissibilidade para os recursos, pode ocorrer também de um recurso ser recebido após os exames de admissibilidade e, ao ser levado a julgamento pela turma, não ser conhecido. Em outras palavras, pode o Tribunal em decisão colegiada não conhecer de um recurso. 54 EXEMPLO: em uma reclamação trabalhista foi pelo reclamante, o que motivou a interposição de recurso indeferido o processamento de um recurso ordinário interposto de agravo de instrumento. Todavia, o último dia do prazo para a interposição do referido agravo de instrumento coincidiu com o dia 25 de janeiro, feriado municipal na cidade de São Paulo, devidamente demonstrado no recurso (veja Súmula 385 do TST), de modo que o agravo de instrumento somente foi apresentado no dia seguinte, ou seja, 26 de janeiro. Depois de ultrapassados os juízos de admissibilidade, a Turma do Tribunal Regional proferiu decisão, não se recordando, por lapso, da existência do feriado municipal no dia 25 de janeiro, que considerou o agravo de instrumento intempestivo e dele não conheceu. Nesse caso, o Tribunal caso profira decisão (acórdão) não conhecendo do recurso por manifesto equívoco no exame de seus pressupostos extrínsecos (recorribilidade do ato, representação, adequação, tempestividade e preparo), ela será impugnável via embargos de declaração. O recurso cabível é o recurso de embargos de declaração, com pedido de efeito modificativo, nos termos do art. 897-A, da CLT, pelo manifesto equívoco do julgado no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso de agravo de instrumento. CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM FINS DE PREQUESTIONAMENTO O prequestionamento é um pressuposto recursal específico dos recursos de natureza extraordinária, ou seja, aqueles recursos que não se prestam para o exame de matérias fáticas, mas apenas para questões de direito, como no caso do recurso de revista, embargos no TST e recurso extraordinário para o STF. Prequestionamento é a efetiva apreciação de uma matéria pelo órgão julgador. Nos termos da Súmula 297, item I, do TST, diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. Nessa linha, admite-se a oposição de embargos de declaração para prequestionamento de matéria não apreciada na decisão, objetivando-se futura interposição de recurso de natureza extraordinária. Sobre o tema, cabe trazer a Súmula 98 do STJ: SÚMULA 98 STJ - Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório.A respeito do prequestionamento para os recursos de natureza extraordinária, é importante destacar o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial 62 da SDI 1 do TST, que diz ser necessário o prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta. Contudo, havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, é desnecessário que contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestionado. É o que dispõe a Orientação Jurisprudencial 118 da SDI 1 do TST. 55 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EFEITO INTERRUPTIVO A oposição de embargos de declaração interrompe o prazo para a propositura de outros recursos para ambas as partes, em conformidade com o art. 1.026 do CPC/2015. Vale destacar que apenas quando conhecidos os embargos de declaração interrompem o prazo recursal. Nessa linha, dispõe o art. 1.026, § 2o, do CPC/2015, que, quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 2% (dois por cento) sobre o valor atualizado da causa. NA REITERAÇÃO DE EMBARGOS PROTELATÓRIOS, A MULTA É ELEVADA ATÉ 10% (DEZ POR CENTO), FICANDO CONDICIONADA A INTERPOSIÇÃO DE QUALQUER OUTRO RECURSO AO DEPÓSITO DO VALOR RESPECTIVO, ART. 1.026, § 3O, CPC/2015. 56 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. • Art. 897-A, CLT com a alteração atribuída pela Lei 13.015/14 acabou com a discussão sobre a interrupção do prazo para os demais recursos, o novo artigo diz : “§ 3o Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando: intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EFEITO MODIFICATIVO O efeito modificativo consiste no pedido de procedência dos embargos que acarretará não apenas a complementação ou o aclaramento da decisão, mas também, e principalmente, a reforma do ato judicial embargado. É importante destacar que, em regra, não há a oposição de "contrarrazões" ou "manifestação" aos embargos de declaração. Porém, determina o art. 897-A, § 2o, da CLT que eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e intimação da parte contrária que deverá ser ouvida no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de nulidade. Na mesma linha, determina o art. 1.023, § 2o, do CPC/2015, aplicável de forma supletiva e subsidiária do CPC ao Processo do Trabalho, nos termos do art. 15 CPC/2015 e art. 769 da CLT. Dispõe a OJ 142 da SDI 1 do TST, com a redação dada pela resolução 214/2016: É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária. 57 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. RECURSO ORDINÁRIO Previsto no art. 895 da CLT, o recurso ordinário é cabível não somente de sentenças, sendo possível, também, sua interposição contra acórdãos proferidos pelos TRTs em sua competência originária, tanto nos dissídios individuais, em ação rescisória, por exemplo, como nos dissídios coletivos. • HIPÓTESES DE CABIMENTO (895 CLT): contra decisões definitivas ou terminativas: a) das Varas ou b) do tribunal em ações de sua competência originária (ação rescisória, mandado de segurança etc). 58 https://youtu.be/R2gBZ_IAbgM CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 8 DIAS! RECURSO ORDINÁRIO De acordo com a redação do art. 895 consolidado, o recurso ordinário é cabível das decisões definitivas (processos extintos com resolução do mérito) e decisões terminativas extintos sem a resolução do mérito). Assim, havendo indeferimento da petição inicial pela ausência das condições da ação será possível a interposição de recurso ordinário. As decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato, em conformidade com o art. 893, §1º, da CLT. Todavia, as decisões interlocutórias terminativas de feito admitem interposição de recurso ordinário: a) Decisão que declara a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho e determina a remessa dos autos à Justiça Comum, em conformidade com o art. 799, § 2º, da CLT. b) Decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, (Súmula 214, item "c", do TST). 59CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. RECURSO ORDINÁRIO - INDEFERIMENTO LIMINAR DA PETIÇÃO INICIAL A decisão que indefere a petição inicial possui natureza terminativa, na medida em que extingue o processo sem resolução do mérito. Por essa razão, tal decisão desafia a interposição de recurso ordinário, nos termos do art. 895 da CLT. Aplicável a regra disciplinada disposta no art. 331 do CPC/2015, que faculta a retratação do juiz no prazo de 5 dias, no caso de interposição de recurso pela parte. Desta forma, uma vez indeferida a petição inicial, poderá o autor interpor recurso ordinário no prazo de 8 dias, facultando a retratação do juiz acerca dessa decisão, deferindo o recebimento da petição inicial dando regular andamento ao processo. 60 RECURSO ORDINÁRIO O efeito será o devolutivo. No entanto, para a obtenção de efeito suspensivo o TST admite, por meio da Sumula 414,I, parte final, requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015 SÚMULA 414 TST - MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA I - A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5o, do CPC de 2015. 61 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento do Recurso Ordinário O recurso será elaborado por meio de duas peças. A primeira peça é a de interposição do recurso, que será endereçada ao juízo que proferiu a decisão, ou seja, ao juízo a quo, qualificando o recorrente, indicando o endereço do seu procurador, manifestando o interesse em recorrer, requerendo o envio do recurso ao tribunal competente e demonstrando o pagamento das custas e depósito recursal, quando necessários. A segunda peça consiste nas razões recursais, que serão dirigidas ao juízo hierarquicamente superior àquele que proferiu a decisão, o juízo ad quem. Interposto o recurso no juízo a quo, promoverá este o Io juízo de admissibilidade, examinando a presença de todos os pressupostos recursais. Feito o exame e constatada a inobservância de um dos pressupostos recursais, será negado seguimento ao recurso, hipótese em que poderá ser interposto agravo de instrumento. Conhecido o recurso, deverá o juiz conceder prazo para apresentação de contrarrazões ao recurso ordinário (8 dias). Recebida as contrarrazões, o juízo a quo poderá proceder outro exame de admissibilidade do recurso, podendo, inclusive, reconsiderar a decisão que o admitiu e dele não conhecendo. 62 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento doRecurso Ordinário Mantida a decisão, os autos serão remetidos ao Tribunal superior, o juízo ad quem. Lá, após parecer do Ministério Público do Trabalho, quando necessário, o recurso será distribuído a um juiz relator que fará o 2º juízo de admissibilidade, podendo conhecer ou não do recurso. Após a vista do juiz relator, o recurso será enviado ao juiz revisor e, em seguida, será colocado em pauta para julgamento. No julgamento, após a leitura do relatório os advogados do recorrente e do recorrido poderão efetuar sustentação oral. Após a sustentação oral o recurso será submetido a julgamento, votando o relator, o revisor e os demais juízes. 63 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o processo será imediatamente distribuído ao juiz relator, sem revisor, podendo o Ministério Público do Trabalho, caso entenda pertinente, emitir parecer oral na própria audiência de julgamento. Após a leitura do relatório os advogados poderão realizar sustentação oral e em seguida será realizado o julgamento. RECURSO ADESIVO O recurso adesivo será cabível das decisões de procedência parcial, ou seja, quando houver sucumbência recíproca. O recurso adesivo deverá ser interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no mesmo prazo das contrarrazões ao recurso, e ficará vinculado ao recebimento daquele. É importante lembrar que o recurso adesivo não será conhecido se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. Assim, caso o recurso principal não seja aceito, o recurso adesivo também não será. O TST, por meio da Súmula 283, entendeu que o recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. Por último, vale dizer que, em conformidade com o art. 997, § 2o, do CPC/2015, o recurso adesivo se sujeita ao recolhimento de custas e depósito recursal, se for o caso. 64 Não há previsão do recurso adesivo na CLT, sendo aplicado subsidiariamente o art. 997 do CPC/2015, por força do art. 769 da CLT e art. 15 CPC/2015. CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 8 DIAS! AGRAVO DE INSTRUMENTO Previsto no art. 897, "b", da CLT, o agravo de instrumento é cabível, no prazo de 8 (oito) dias, para impugnar os despachos proferidos pelo juízo a quo no 1º juízo de admissibilidade recursal que negarem seguimento a recursos. Cabe agravo de instrumento em face de decisões que negarem seguimento a recurso ordinário, recurso de revista, recurso adesivo, agravo de petição, recurso extraordinário e, inclusive, ao próprio agravo de instrumento, no 1º juízo de admissibilidade. 65 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 8 DIAS! O agravo de instrumento será processado em autos apartados e deverá ser interposto perante o juízo que não conheceu do recurso, admitindo-se o juízo de retração. Assim, interposto o agravo de instrumento, o juiz poderá reconsiderar a decisão agravada, conhecendo do recurso principal, remetendo-o à instância superior para sua apreciação. Sendo mantida a decisão, o juiz deverá intimar o agravado para apresentação das contrarrazões ao agravo de instrumento e ao recurso principal, nos termos do art. 897, § 6º, da CLT. A Lei 12.275/2010, incluiu o § 7º no art. 899 da CLT, criando a necessidade de depósito recursal para a interposição de agravo de instrumento, restrito ao Judiciário Trabalhista. Por meio do dispositivo legal, no ato de interposição do agravo de instrumento, a parte agravante deverá efetuar o depósito recursal, que corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. 66 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Obrigatório para a parte recorrente recolher e comprovar o recolhimento do depósito recursal no ato de interposição do recurso, (afasta a aplicação da Súmula 245 do TST). No entanto, o §8º do mesmo dispositivo, de acordo com a redação dada pela Lei 13.015/2014 quando o agravo de instrumento tiver a finalidade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do TST, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito suprarreferido. O agravo de instrumento será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer do recurso trancado, em conformidade com o art. 897, § 4o, da CLT. Portanto, primeiramente o Tribunal apreciará o agravo de instrumento e, entendendo por seu provimento, passará a julgar o recurso principal. 67 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento do Agravo de Instrumento As partes, agravante e agravado, deverão instruir a petição do agravo de instrumento e suas contrarrazões com as peças necessárias para o julgamento de ambos os recursos. Nos exatos termos do art. 897, § 5º, da CLT, sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição obrigatoriamente com cópias: DA DECISÃO AGRAVADA, DA CERTIDÃO DA RESPECTIVA INTIMAÇÃO, DAS PROCURAÇÕES OUTORGADAS AOS ADVOGADOS DO AGRAVANTE E DO AGRAVADO, DA PETIÇÃO INICIAL, DA CONTESTAÇÃO, DA DECISÃO ORIGINÁRIA, DA COMPROVAÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL E DO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS, E FACULTATIVAMENTE, PEÇAS QUE ENTENDEREM NECESSÁRIAS PARA O JULGAMENTO DO APELO. 68 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento do Agravo de Instrumento O agravo de instrumento possui efeito devolutivo, limitando-se a matéria que será analisada pelo juízo ad quem à validade ou não da decisão denegatória do recurso. Desta forma, somente se o agravo de instrumento for provido poderá o Tribunal examinar o recurso que foi trancado. 69 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. AGRAVO REGIMENTAL O agravo regimental encontra-se previsto no art. 709, § 1º, da CLT, na Lei 7.701/1988 e, ainda, nos regimentos internos dos Tribunais Regionais e do Tribunal Superior do Trabalho. O agravo regimental é cabível em face das decisões monocráticas dos juízes relatores dos Tribunais Regionais ou do Tribunal Superior do Trabalho que negarem seguimento a recursos no 2º juízo de admissibilidade. O prazo para interposição do agravo regimental varia de acordo com o regimento interno de cada Tribunal, que, de modo geral, fixam o prazo de 5 dias para sua interposição. No TST, de acordo com o art. 235 de seu regimento interno, o prazo é de 8 dias para a interposição do agravo regimental para o Tribunal Pleno. Não está sujeito ao recolhimento de custas e depósito recursal, não havendo o pressuposto extrínseco do preparo. Em caso de agravo regimental com caráter procrastinatório, casos em que o recurso se mostra manifestamente inadmissível ou infundado, aplica-se a multa entre 1% e 10% do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor, conforme art. 1.021, §§ 4o e 5o, do CPC/2015. 70 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. AGRAVO DE PETIÇÃO Previsto no art. 897, "a", da CLT, o agravo de petição é o recurso cabível, no prazo de 8 (oito)dias, em face das decisões do Juiz do Trabalho proferidas na fase de execução de sentença. Desta forma, não existe agravo de petição na fase de conhecimento. Embora o texto da lei não especifique qual tipo de decisão poderá ser impugnável, a doutrina dominante sustenta que somente decisões definitivas (art. 487 do CPC/2015) ou terminativas de feito (art. 485 do CPC/2015) podem ser impugnadas via agravo de petição. Essa doutrina se baseia no princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, que não admite a imediata interposição de recurso contra essas decisões. No entanto, admite-se a interposição de agravo de petição contra decisão interlocutória, desde que terminativa de feito. Desta forma, as decisões interlocutórias, que não sejam terminativas de feito, estão sujeitas ao apelo no momento processual adequado por meio dos embargos à execução. Ademais, o art. 855-A, § Io, II, da CLT determina que a decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica proferida na fase de execução, independentemente de garantia do juízo, será recorrível de imediato via agravo de petição. No entanto, caso a decisão ocorra na fase cognitiva, não ensejará a interposição de recurso imediato, nas linhas do art. 893, § 1º, CLT. 71 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 8 DIAS! Delimitação de matérias e valores O art. 897, § Io, da CLT traz em seu bojo um requisito especial de admissibilidade do agravo de petição. Trata-se da delimitação de matérias e valores. Dispõe o art. 897, § Io, da CLT: Art. 897 (...) § Io - O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença. Desse modo, para que o recurso seja admitido, deverá o agravante delimitar as matérias impugnadas e os valores controversos, a fim de que se proceda a execução definitiva da parte não impugnada. SÚMULA 416 TST- MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI 8.432/1992. ART. 897, § 1 °, DA CLT. CABIMENTO Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. 72 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PROCESSAMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO Deverá ser interposto no prazo de 8 (oito) dias na vara do trabalho em que estiver tramitando a execução. O recurso consiste na peça de interposição, bem como as razões recursais, não se esquecendo da delimitação de matérias e valores. Para a interposição não há o requisito do preparo, na medida em que as custas serão pagas apenas ao final do processo, nos termos do art. 789-A, IV, da CLT. Já o depósito recursal somente será exigido caso a execução não esteja devidamente garantida. Nesse sentido é a súmula 128, II, do TST: SÚMULA 128 TST (...) II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5o da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. 73 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. 74 FONTE DA IMAGEM: https://www.manualdoadvogado.com.br/2021/03/passo-passo-execucao-trabalhista.html RECURSO DE REVISTA Previsto no art. 896 da CLT, É um recurso de natureza extraordinária que visa a atacar decisões proferidas pelos TRTs em dissídios individuais em grau de recurso ordinário. Tem como objetivo uniformizar a interpretação jurisprudencial dos Tribunais acerca da legislação constitucional, federal e estadual e, ainda, a aplicabilidade de determinados instrumentos normativos como acordo coletivo, convenção coletiva, sentença normativa e regulamento de empresa. Deverá ser interposto no prazo de 8 (oito) dias, dirigido ao Presidente do Tribunal recorrido, estando sujeito ao pagamento de custas e depósito recursal. Por possuir natureza extraordinária, o recurso de revista não admite o reexame de matéria fática e probatória, em conformidade com a Súmula 126 do TST. 75 SÚMULA 126 TST-RECURSO. CABIMENTO. Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas. CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 8 DIAS! Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea “a”. c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. 76 PRESSUPOSTOS EXTRINSECOS INTRINSECOS ESPECIAIS Representação Legitimidade Prequestionamento Recorribilidade do ato Capacidade Transcendência Adequação Interesse Tempestividade Preparo 77 RECURSO DE REVISTA Requisitos especiais Ao interpor o recurso de revista, além dos pressupostos gerais de admissibilidade dos recursos, exige-se, ainda, que o recorrente demonstre o preenchimento de mais dois pressupostos especiais, quais sejam, a transcendência e o prequestionamento. Para que a questão esteja devidamente prequestionada, exige-se que a matéria já tenha sido objeto de debates no acórdão guerreado. É importante lembrar que, de acordo com a Súmula 98 do STJ, admitem-se os embargos de declaração exclusivamente com fins de prequestionamento. Nos termos da Súmula 297 do TST, diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada tiver sido adotada, explicitamente, tese a respeito. Já transcendência nos remete a repercussão, ou seja, a questão debatida no recurso deverá ter repercussão nos aspectos econômicos, jurídicos, políticos e sociais. 78 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Mais detalhes e hipóteses de cabimento • O cabimento do recurso de revista merece ser estudado com maior enfoque. Isso porque as hipóteses de cabimento do recurso em estudo variam de acordo com o procedimento adotado- vamos ver no anexo. 79 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EMBARGOS NO TST O recurso de embargos no TST é, na verdade, gênero do qual são espécies os embargos infringentes e os embargos de divergência, de acordo com a redação do art. 894 da CLT dada pela Lei 11.496/2007. Art. 894. NoTribunal Superior doTrabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias: 1 - de decisão não unânime de julgamento que: a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculantedo Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Lei 13.015/2014) 80 PRAZO DE 8 (OITO) DIAS EMBARGOS INFRINGENTES Nos termos do art. 894, I, a, da CLT, cabem embargos infringentes das decisões não unânimes proferidas pela seção especializada em dissídios coletivos, no prazo de 8 (oito) dias, contados da publicação do acórdão, nos PROCESSOS DE DISSÍDIOS COLETIVOS de competência originária do Tribunal. Os embargos infringentes possuem natureza ordinária, podendo ser apreciadas matérias fáticas e jurídicas. Vale destacar que os embargos infringentes não serão cabíveis caso a decisão guerreada estiver em consonância com precedentes jurisprudenciais ou súmula do TST. Contra o despacho do Presidente do Tribunal que denegar seguimento aos embargos infringentes caberá a interposição de agravo regimental, no prazo de 8 (oito) dias, para o Órgão Especial, Seções Especializadas ou Turmas, observada a competência dos respectivos órgãos, em conformidade com o Regimento Interno do TST. Em conformidade com o art. 70, II, "c", do Regimento Interno do TST, os embargos infringentes serão julgados pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST. 81 PRAZO DE 8 (OITO) DIAS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Desta forma, serão cabíveis embargos de divergência em 4 situações: a) das decisões das Turmas do Tribunal Superior do Trabalho que divergirem entre si; b) se houver divergência entre decisões de uma Turma e a Seção Especializada em Dissídios Individuais; c) se houver divergência entre uma Turma do Tribunal Superior do Trabalho e súmula ou orientação jurisprudencial do próprio Tribunal Superior do Trabalho; d) se houver divergência entre uma Turma do Tribunal Superior do Trabalho e súmula vinculante do STF. 82 Previsto no art. 894, II, da CLT, caberá embargos, por divergência jurisprudencial, das decisões entre as Turmas do Tribunal Superior do Trabalho ou forem contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, em dissídios individuais, no prazo de 8 (oito) dias, contados de sua publicação. Os embargos de divergência, que objetivam a uniformização da jurisprudência interna do TST, que julga os recursos nos dissídios individuais, possuem natureza extraordinária, não se sujeitando, portanto, à apreciação de matéria fática, nas linhas da súmula 126 do TST, necessitando, ainda, que a matéria esteja prequestionada. PRAZO DE 8 (OITO) DIAS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Para o conhecimento do recurso, a lei exige que a divergência apta a ensejá-lo deve ser atual, não se considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. A atual legislação prevê, ainda, em seu art. 894, § 3o, CLT que o Ministro Relator denegará seguimento aos embargos: a) se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo--lhe indicá-la e; b) nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade. Dessa decisão do Ministro Relator que denegar seguimento aos embargos caberá agravo regimental, no prazo de 8 (oito) dias, é o que determina o § 4o do art. 894 da CLT. 83 Importante a leitura da nova redação da Súmula 353 do TST dada pela resolução 208/2016: SÚMULA 353 TST - EMBARGOS. AGRAVO. CABIMENTO - Não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; e) para impugnar a imposição de multas previstas nos arts. 1.021, § 4o, do CPC de 2015 ou 1.026, § 2o, do CPC de 2015 (art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973, ou art. 557, § 2o, do CPC de 1973). f) contra decisão de Turma proferida em agravo em recurso de revista, nos termos do art. 894, II, da CLT. RECURSO EXTRAORDINÁRIO O recurso extraordinário está previsto no art. 102, III, da CF, que assim dispõe: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) III -julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Lembre-se: as sentenças da vara do trabalho em procedimento sumário (Lei 5.584/1970), desde que as decisões violem literalmente norma da CF. Tem essa determinação por objetivo o interesse público e não os interesses das partes que estão em litígio, pois visa a segurar o primado da CF e a unidade de interpretação do direito material e processual em todo o território nacional. O STF já firmou posicionamento no sentido de que somente as decisões que contrariarem a CF são impugnáveis via recurso extraordinário. Nesse sentido é a SÚMULA 505 DO STF: Salvo quando contrariarem a Constituição, não cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal, de quaisquer decisões da Justiça do Trabalho, inclusive dos Presidentes de seus Tribunais. Por possuir natureza extraordinária, não se admite a interposição de recurso extraordinário para o simples reexame de provas, nos termos da Súmula 279 do STF. 84 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO - 15 DIAS! No exame de admissibilidade, além dos pressupostos genéricos, o recorrente deve observar, ainda, os seguintes pressupostos específicos: a) existência de uma causa: deve haver uma questão submetida à decisão judicial; b) decisão de única ou última instância: no sentido de que não e cabível nenhum outro recurso, DESDE QUE TRATE DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. No recurso extraordinário exige que a matéria esteja prequestionada, que pode ser entendida como sendo aquela matéria que foi amplamente debatida no processo. Dessa forma, deve existir no acórdão impugnado tese explícita acerca da questão debatida, sob pena de não ficar configurado o prequestionamento, possibilitando à parte, nesse caso, a oposição de embargos de declaração para esse fim. Recurso repetitivo Nos termos do art. 19 da Instrução Normativa 38 do TST aos recursos extraordinários interpostos perante o Tribunal Superior do Trabalho será aplicado o procedimento previsto no Código de Processo Civil para o julgamento dos recursos extraordinários repetitivos, cabendo ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. A IN 39/2016 do TST determina a aplicação dos arts. 976 a 986 do CPC que regem o incidente de resolução de demandas repetitivas - IRDR. 85 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Repercussão geral Aos recursos extraordinários interpostos perante o Tribunal Superior do Trabalho será aplicado o procedimento previsto no art. 1.036 do CPC/2015, que trata da causa de repercussão geral, cabendo ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-losao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte, na forma do § Io do art. 1.036 do CPC/2015. A repercussão geral deve ser demonstrada preliminarmente no recurso extraordinário e constitui uma condição de admissibilidade. Assim, como no recurso de revista deverá tratar de questões relevantes do ponto de vista jurídico, econômico, social e político, que ultrapassarem os interesses das partes. O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho poderá oficiar os Tribunais Regionais do Trabalho e os Presidentes das Turmas e da Seção Especializada do Tribunal para que suspendam os processos idênticos aos selecionados como recursos representativos da controvérsia e encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, até o seu pronunciamento definitivo. 86 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. REEXAME NECESSÁRIO No direito processual do trabalho, o instituto do reexame necessário não segue, em princípio, as regras do CPC, mas sim o Decreto-lei 779/1969, o qual ensina em seu art. 1º, V, ser "privilégio" da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica, "o recurso ordinário ex officio das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias". Note que o dispositivo legal em debate trata, somente, do recurso ordinário ex officio, não abrangendo, portanto, o recurso de revista e outros. Dessa forma, as pessoas jurídicas de direito público interno, em qualquer processo onde seja proferida sentença, ainda que em parte, contrária aos seus interesses, estarão amparadas pelo recurso ordinário ex officio. Importante assinalar que não apenas as sentenças desfavoráveis às pessoas indicadas no art. 1º do Decreto-Lei 779/1969, mas também os acórdãos proferidos em ações ajuizadas originariamente nos Tribunais, que seriam impugnados via recurso ordinário (art. 895, II, da CLT), estarão sujeitos ao reexame necessário. Não comporta apresentação de contrarrazões, tampouco de recurso adesivo. OJ 334 da SDI 1: nos casos em que o ente público não tenha interposto recurso ordinário voluntário, não poderá interpor recurso de revista contra a decisão do Tribunal que manter ou confirmar a sentença. A exceção seria apenas no caso de a decisão do Tribunal agravar a condenação do ente público, pois nessa hipótese haveria interesse recursal. LEITURA OBRIGATÓRIA: Orientação Jurisprudencial 334 da SDI 1 do TST e SÚMULA 303 TST. 87 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. 88 VARA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SENTENÇA STF - ACÓRDÃO TRT - ACÓRDÃO TST ACÓRDÃO RECURSO ORDINÁRIO AGRAVO DE PETIÇÃO - EXECUÇÃO RECURSO DE REVISTA RO (AÇÕES ORIGINÁRIAS) RECURSO EXTRAORDINÁRIO AGRAVO DE INSTRUMENTO1º JUIZO DE ADMISSIBILIDADE 2º JUIZO DE ADMISSIBILIDADE AGRAVO REGIMENTAL 8 DIAS 8 DIAS 8 DIAS DEPENDE 15 DIAS RECLAMAÇÃO TRABALHISTA NOTIFICAÇÃO RÉU AUDIÊNCIA CONTESTAÇÃO PRODUÇÃO DE PROVAS EM B A R G O S D E D EC LA R A Ç Ã O – 5 D IA S EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO 90 A fase de execução é composta por 3 (três) partes: a fase de quantificação, a fase de constrição e a fase de expropriação. Fase de quantificação consiste em fixar o montante da obrigação devida pelo devedor ao credor. Em outras palavras, significa tornar líquido o quantum a ser executado. Fase de constrição indica que, tornado líquido o quantum devido, o devedor será intimado para satisfazer a obrigação no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Vencido esse prazo, o devedor está sujeito a ter seus bens penhorados. Serão penhorados tantos bens quanto bastarem para a garantia da obrigação. Fase da expropriação, que visa à alienação dos bens penhorados por meio da praça ou leilão, para a satisfação do crédito do exequente. 91 https://www.youtube.com/watch?v=dgEC-R267Q4 https://www.youtube.com/watch?v=b2OMAUDQAhE&list=RDCMUClZhH6gwt1AEJNpF8TdeL-Q&index=9 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. As sentenças na esfera laboral estão sujeitas a fase de execução, diferentemente do processo comum em que se tem a fase de cumprimento da sentença. Na fase de conhecimento, nas lacunas da norma consolidada, aplicamos o Código de Processo Civil, em conformidade com o art. 769 da CLT. Na fase de execução a aplicação é diversa. Isso porque, em primeiro plano, devemos aplicar, havendo omissão da norma consolidada, a Lei 5584/1970 (Dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho), persistindo a omissão, aplicaremos a lei de execução fiscal (Lei 6.830/1980); sendo esta também omissa, aplicar-se-á por último o CPC, art. 889 da CLT. Legitimidade ativa A legitimidade ativa (art. 878 da CLT) a execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. Dessa forma, a execução se iniciará de ofício pelo juiz somente quando as partes não estiverem representadas por advogado, fazendo uso do jus postulandi. No entanto, estando as partes representadas por advogado, deverão elas dar início à execução. 92 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Legitimidade passiva Poderá figurar no polo passivo da execução tanto empregador, o que é mais comum, como empregado, por exemplo, nas hipóteses em que este causou dano ao seu empregador. Podem figurar como sujeito passivo na execução o espólio, herdeiros e sucessores, fiador, o novo devedor que assumiu a dívida, desde que com consentimento do credor, e o responsável tributário. 93 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. TÍTULOS EXECUTIVOS O processo do trabalho admite os seguintes títulos executivos: A) TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS a) sentenças ou acórdãos condenatórios transitados em julgado ou que tenham sido impugnados com recurso no efeito devolutivo; b) decisões que homologam acordo entre as partes. Cabe destacar que nos termos do art. 884, § 5o, da CLT é considerado inexigível o título judicial fundado em Lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. B) TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS a) os termos de compromisso de ajuste de conduta com conteúdo obrigacional firmados perante o MPT; b) os termos de conciliação celebrados perante a Comissão de Conciliação Prévia; c) certidões da dívida ativa, decorrentes das multas aplicadas pelo MTE, de acordo com a redação do art. 114, VII, CF Importante novidade foi trazida pelo art. 13 da IN 39/2016 do TST que por aplicação supletiva do art. 784,1 (art. 15 do CPC), reconhece o cheque e a nota promissória emitidos em reconhecimento de dívida inequivocamente de natureza trabalhista como títulos executivos extrajudiciais para efeito de execução perante a Justiça do Trabalho, na forma do art. 876 e segs. da CLT. 94 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Liquidação de sentença 95 Para iniciar execução é necessário um título líquido certo e exigível. Caso a sentença não seja líquida utiliza se da liquidação de sentença. Sendo a sentença ilíquida, deve ser realizada sua prévia liquidação, que, nos termos do art. 879, poderá ser feita por cálculos, por arbitramento e por artigos. CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Fonte: https://www.manualdoadvogado.com.br/2017/03/passo-passo-execucao-trabalhista.html Liquidação de sentençaLiquidação por cálculos A liquidação por cálculos será utilizada quando a determinação do valor da condenação depender de cálculos meramente aritméticos, ou seja, quando todos os elementos necessários para se chegar no valor devido já estiverem nos autos. A liquidação por cálculos se iniciará com petição do credor, que a instruirá com a respectiva memória de cálculos devidamente atualizados dos valores que julgar devidos. Em regra, todas as sentenças dependem da liquidação por cálculos, ainda que a sentença tenha sido líquida em relação aos valores das parcelas deferidas, eis que necessária a apuração da atualização monetária, juros, contribuições fiscais e previdenciárias incidentes sobre as parcelas. Nessa fase calculam-se, também, a correção monetária e os juros, esses últimos devidos a partir do ajuizamento da ação, ainda que omisso o pedido na reclamação trabalhista ou na sentença, nos termos da Súmula 211 do TST. 97 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. 98 A liquidação por arbitramento se dá quando não é possível estabelecer valores para os títulos, ou determinado título, deferido em sentença, por ausência de parâmetros na coisa julgada. A liquidação será feita por arbitramento se determinado pela sentença, se convencionado pelas partes ou caso a natureza do objeto exigir, nos termos do art. 509,I, do CPC/2015. Nessa modalidade de liquidação, as partes ou o próprio juiz designará um árbitro para que mensure os valores dos direitos assegurados ao exequente na sentença judicial. De acordo com o art. 879, § 6o, da CLT, tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com observância dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. 99 Liquidação por arbitramento CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. O CPC/1973 denominava a atual liquidação pelo procedimento comum em "liquidação por artigos". Prevista no art. 509, II, do CPC/2015, será realizada a liquidação pelo procedimento comum sempre que houver a necessidade de provar fatos novos que servirão de base para apuração do valor devido ao credor. Vale ressaltar que nessa modalidade de liquidação não é permitida a iniciativa do juiz ex officio. Um exemplo clássico de liquidação por artigos é o caso da sentença que, embora reconheça o pedido de horas extras, não as quantifica. Nesse caso, o exequente deverá apresentar uma petição inicial alegando os fatos a serem provados, sendo a parte contraria intimada para responder o pedido e posteriormente proferida uma sentença. Nota-se que com a liquidação por artigos se inicia um novo processo, que será submetido ao procedimento ordinário, contando, inclusive, com a produção de provas. 100 Liquidação pelo procedimento comum (liquidação por artigos) CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Segundo Sérgio Pinto Martins “Utiliza-se da liquidação por artigos quando haja necessidade de prova de fatos novos para a fixação do quantum debeatur. Pressupõe- se, porém, já provada a obrigação, mas não ainda sua extensão. Na liquidação por artigos, os elementos não estão integralmente nos autos, sendo que alguns estão fora dos autos, mas podem ser obtidos”. 101 Liquidação pelo procedimento comum (liquidação por artigos) CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO Elaborada a conta é tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. O INSS também deve ser intimado sobre os cálculos, para que no prazo de 10 dias se manifeste, sob pena de preclusão, conforme determina o art. 879, § 3º, da CLT. Vale dizer que a sentença de liquidação, para a doutrina dominante, possui natureza jurídica de decisão interlocutória, não ensejando a interposição de recursos, em face da previsão legal do art. 893, § Io, da CLT, e tampouco permite o ajuizamento de ação rescisória. 102 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. A execução contra devedor solvente tem por objetivo expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor. Inicia-se com a expedição do mandado de citação, nos termos do art. 880 da CLT. Na fase de execução de sentença, diferentemente de como ocorre na fase de conhecimento, A CITAÇÃO DEVE SER PESSOAL (oficial de justiça), ou seja, deve ser realizada na pessoa do executado. Não basta a mera notificação (que pode ser entregue a qualquer funcionário da empresa), como ocorre na fase de conhecimento. O executado será citado para no prazo de 48 (quarenta e oito) horas pagar a quantia devida. NÃO ENCONTRADO POR DUAS VEZES, FAR-SE-Á A CITAÇÃO POR EDITAL. 103 EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR SOLVENTE CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Nesse ponto, muito se discute sobre a possibilidade de aplicação do art. 523 do CPC que prevê uma multa de 10% caso o devedor não efetue o pagamento da condenação no prazo legal. O TRT da 2a Região por meio da súmula 31 entende ser inaplicável a referida multa ao processo do trabalho. De forma geral, entendem os Tribunais que o processo do trabalho possui norma específica para a execução de título, não havendo omissão do texto consolidado, tampouco compatibilidade com os princípios trabalhistas. Todavia, está sub judice no TST a possibilidade de imposição de multa pecuniária ao executado bem como a liberação de depósito em favor do exequente, na pendência de recurso, o que impede saber sobre a incidência no Processo do Trabalho das normas dos arts. 520 a 522 e § Io do art. 523 do CPC de 2015 0 executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 835 do CPC/2015. 104 EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR SOLVENTE CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Dispõe o art. 835 do CPC/2015: Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre; V- bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos. Caso o devedor não pague, não nomeie bens ou não deposite o valor executado em juízo, garantindo-o, serão penhorados seus bens tantos quanto bastarem para a garantia da execução. 105 EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR SOLVENTE https://youtu.be/WQo5xhDVMl4 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. O devedor poderá ainda, em conformidade com o art. 3º, XXI, da IN 39/2016 do TST optar pelo parcelamento judicial previsto no art. 916 do CPC/2015. Assim, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de 30% do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, quando cabíveis, o executado poderá requerer que lhe seja permitidopagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de 1% ao mês. 106 EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR SOLVENTE https://youtu.be/68iCneiz4Do https://youtu.be/unsxyyyZg1k CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL No processo de conhecimento, ao ter reconhecido seu crédito e tornado líquido, deverá o credor promover a execução do julgado, nos termos dos arts. 880 e seguintes da CLT, denominada execução judicial. Por outro lado, admite-se na seara trabalhista, em algumas hipóteses, que o credor promova a cobrança do seu crédito imediatamente, ou seja, sem a necessidade de um processo de conhecimento. Nesses casos, o credor poderá promover a execução de título executivo extrajudicial, que pressupõe processo autônomo, com citação do devedor para cumprimento da obrigação. Parte da doutrina sustenta que as hipóteses previstas no art. 876 da CLT são meramente exemplificativas, pois não poderia o legislador excluir da competência da Justiça do Trabalho títulos legitimamente conhecidos pelo legislador no âmbito do Direito Civil, como o cheque, por exemplo. Nessa linha, para aqueles que advogam essa ideia, como a legislação trabalhista autoriza o pagamento de salários e verbas rescisórias através de cheques, que muitas vezes são devolvidos sem fundos, poderia o trabalhador, nesse caso, executar o título na Justiça do Trabalho. Colocando um ponto final nessa discussão doutrinária e jurisprudencial o TST por meio do art. 13 da IN 39 entende que por aplicação supletiva do art. 784,1 (art. 15 do CPC), o cheque e a nota promissória emitidos em reconhecimento de dívida inequivocamente de natureza trabalhista também são títulos extrajudiciais para efeito de execução perante a Justiça do Trabalho, na forma do art. 876 e segs. da CLT. 107 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento Art. 889 da CLT, aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não violarem os princípios processuais trabalhistas, os preceitos que regem o processo de execução fiscal disposto na Lei 6.830/1980. O Código de Processo Civil será aplicado apenas na omissão da Lei de executivos fiscais. A competência territorial será determinada de acordo com a regra estabelecida no art. 877-A da CLT, ou seja, pelo juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria. Desta forma, nos termos do art. 6º da Lei 6.830/1980, a petição inicial deverá ser instruída com o título executivo extrajudicial, devendo indicar o Juiz a quem é dirigida, o pedido e, por último, o requerimento de citação do devedor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida ou garanti-la, sob pena de penhora. Feita a citação, o devedor poderá adotar 4 condutas: a) efetuar o pagamento do valor executado; b) depositar em juízo o valor, informando que irá apresentar embargos à execução: c) oferecer bens à penhora para garantia do juízo e apresentar embargos; d) não efetuar o pagamento, nem garantir a dívida, hipótese em que se procederá à penhora. Importante dizer que nos termos do art. 3º, XXI, da IN 39/2016 do TST a regra do parcelamento judicial prevista no art. 916 do CPC/2015 é perfeitamente aplicável. Assim, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de 30% do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, quando cabíveis, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de 1% ao mês. Nas execuções de título executivo extrajudicial, o executado poderá alegar como matérias de defesa: nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; penhora incorreta ou avaliação errônea; excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa; ou qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. 108 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PENHORA É ato de império do Estado que introduz no patrimônio do devedor, vinculando determinados bens que serão destinados a satisfazer o crédito do exequente. A partir da penhora, tanto a execução de título judicial como a execução de título extrajudicial obedecerão às mesmas regras estudadas. A partir daqui os estudos podem ser aplicados tanto para a execução de título judicial como de títulos extrajudiciais. Por não existirem normas expressas no texto consolidado, serão aplicadas as regras pertinentes ao processo civil A penhora deverá obedecer à regra de nomeação imposta no art. 835 do CPC/2015, podendo a parte impugnar aquela que não obedecer a essa ordem, nos exatos termos do art. 848,1, do CPC/2015. Realizada a penhora, o exequente deverá ser intimado para manifestar sua concordância ou não com relação ao bem oferecido à penhora pelo próprio devedor ou penhorado por determinação judicial. A não aceitação deverá ser: fundamentada. 109 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EFEITOS DA PENHORA: Individualiza determinados bens do devedor, ficando sujeitos à atividade executiva; Garantia do juízo: significa que, sendo os bens penhorados suficientes para o pagamento do crédito do exequente e das despesas processuais, o futuro da execução estará garantido; Gera direitos de preferência ao credor: havendo mais de uma penhora sobre o bem, o credor que, primeiramente, obteve a penhora tem preferência quanto aos demais; Retira do devedor (executado) a posse direta do bem; Torna ineficaz os atos de alienação e oneração dos bens penhorados: o executado, após a penhora, poderá alienar os bens, mas ela não produzirá efeitos para a execução, ou seja, é como se não tivesse sido realizada. Para a pesquisa de bens, atualmente existem vários mecanismos de pesquisa eletrônico postos à disposição do Judiciário (que poderão ser requeridos pela parte): a) BACENJUD – conhecido como “penhora on line”, é utilizado para bloquear valores e aplicações financeiras através do CNPJ/CPF do devedor, rastreando-se todas as contas em nome do devedor; b) RENAJUD – pesquisa e bloqueio de veículos junto a base do RENAVAM, também pelo CNPJ/CPF; c) ARISP - pesquisa e registro de penhora/arresto de imóveis, pelo CNPJ/CPF, abrangendo não só o Estado de São Paulo, como também outros Estados conveniados; d) INFOSEG – rede de integração nacional de informações de segurança pública e justiça; e) INFOJUD – informações ao Poder Judiciário (Receita Federal); f) SIMBA – sistema de investigação de movimentação bancária; g) CNIB (cadastro nacional de indisponibilidade de bens). Após a penhora, sendo o caso, deve ser efetuado o registro da penhora (notadamente em se tratando de imóvel, para constar na matrícula do Registro de Imóveis), bem como ser efetuada a avaliação do bem, intimação do devedor acerca da penhora e nomeação de um depositário do bem penhorado. 110 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Ordem de penhora: art. 835, CPC. Bens impenhoráveis: art. 833 do CPC. BENS IMPENHORÁVEIS Nos termos do art. 833 do CPC/2015, são considerados absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. 111 https://youtu.be/yKE06ZoGhdQ Embora não estejam elencados no rol do art. 833 do CPC, os bens públicos também são considerados absolutamente impenhoráveis. Também são considerados impenhoráveis os bens de família previstos na Lei 8.009/1990. No entanto, não serão considerados como bens de família: os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos. Isso porque esses bens são considerados como bens ostentação, desnecessários para a sobrevivência da pessoa. Dispõe o art. 834 do CPC/2015 que, na falta de outros bens os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis. 112 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Impenhorabilidade de salários/conta salário O art. 833, § 2o, CPC determina que a impenhorabilidade dos salários não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem. Art. 833... § 2°. O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8°o, e no art. 529, § 3º. (destaques) Por isso, entendemos que ao fazer constar no texto do supracitado dispositivo legal a expressão "independente de sua origem" o legislador aponta para a possibilidade de penhora para pagamento de qualquer tipo de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, englobando, portanto, o crédito trabalhista. Esse entendimento se coaduna com a regra disposta no art. 100, § Iº, da CF que dispõe: § 1o. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2° deste artigo. Desta forma, de acordo com o atual dispositivo legal é possível a penhora do salário do executado em 2 casos: a) penhora de importâncias excedentes a 50 salários mínimos mensais; b) se a verba for de natureza alimentar, independentemente de sua origem, limitado a 50% do montante mensal. Esse limite se justifica a teor do § 3º do art. 529 do CPC/2015, que assim dispõe: § 3º. Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos. 113 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PROTESTO DE DECISÃO JUDICIAL Nos termos do art. 883-A da CLT a decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo. 114 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE Com relação à prescrição disposta no art. 884, §1º, da CLT, refere à prescrição intercorrente. A reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) cuidou de inserir no texto consolidado o art. 11-A para por fim ao entendimento jurisprudencial existente entre a súmula 114 do TST e a súmula 327 do STF e aplicar na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente. Nessa linha, a fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. Ademais, a declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. 115 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. https://youtu.be/dWOrgEh3jLc Embargos à execução Os embargos à execução possuem natureza de ação de cognição incidental em que o executado/ réu requer a extinção total ou parcial da execução, atacando o próprio conteúdo do título. Matérias arguíveis As matérias arguíveis por meio dos embargos à execução estão elencadas no art. 884, § 1º, da CLT. Contudo, esse rol não é exaustivo, aplicando-se subsidiariamente as matérias elencadas no art. 525, § 1º, do CPC/2015 e, ainda, aquelas matérias apontadas no art. 917 do CPC/2015. 116 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS Processamento Nos termos do art. 884 da CLT, os embargos à execução devem ser opostos no prazo de 5 (cinco) dias, contados da ciência da garantia do juízo. Assim, no processo do trabalho é condição sine qua non para a apresentação dos embargos à execução a prévia garantia do juízo, exceção feita à Fazenda Pública e às entidades filantrópicas e aos seus sócios ou diretores, art. 884, § 6o, da CLT (regra aplicável somente em processos com execuções iniciadas após 11 de novembro de 2017, art. 16 da IN 41/2018). Pela incompatibilidade entre os institutos e por possuir regra específica, pensamos não ser aplicável ao processo do trabalho a disposição contida no caput do art. 525 do CPC/2015 que admite, independentemente de penhora, que o executado apresente embargos à execução. Os embargos à execução serão processados nos mesmos autos da execução, sendo recebidos com efeito suspensivo (SARAIVA, 2007, p. 587). Assim, uma vez apresentados, a execução será imediatamente suspensa até o julgamento dos embargos. "Em linha de princípio, o recebimento da impugnação por simples despacho não implica a suspensão do processo. Para que o juiz possa emprestar efeito suspensivo à impugnação apresentada pelo devedor é preciso que o magistrado, valendo-se do seu poder geral de cautela, profira decisão interlocutória, fundamentando a existência de fumus boni iuris e periculum in mora“ (LEITE, 2009, p. 832). Para essa corrente doutrinária, poderá o juiz, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. Por fim, vale ressaltar que nos termos do art. 918 do CPC 2015, os embargos à execução poderão ser liminarmente indeferidos quando intempestivos, nos casos de indeferimento ia petição inicial e de improcedência liminar do pedido, ou, ainda, quando manifestamenteprotelatórios. 117 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 831 e 832 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: Método, 2007. p. 587) CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS Exceção de pré-executividade Embora não esteja prevista em nosso ordenamento jurídico, admite-se na Justiça do Trabalho para questões processuais e para matérias que visem a invalidar o título executivo. Deverá ser proposta entre a data da citação e antes da penhora, portanto não necessita da garantia do juízo. Sua propositura não suspende, tampouco interrompe, o prazo para oferecimento de bens à penhora pelo executado. Sendo a exceção rejeitada pelo juiz, não caberá recurso algum, por ser uma decisão interlocutória, podendo a matéria ser rediscutida em sede de embargos à execução. No entanto, se for acolhida a exceção, total ou parcialmente, a decisão será terminativa de feito, desafiando a interposição de agravo de petição. 118 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Embargos de terceiros Os embargos de terceiro encontram-se previstos nos arts. 674 a 681 do CPC/2015. Podem ser opostos tanto no processo de conhecimento, antes do trânsito em julgado da sentença ou acórdão, como no processo de execução, até 5 (cinco) dias após a lavratura do termo de penhora com a assinatura do termo de compromisso. Sendo opostos, a execução será suspensa. Os embargos de terceiros deverão ser distribuídos por dependência ao juízo do processo que originou o ato de constrição e por ele será apreciado. Com relação aos embargos de terceiros realizados via carta precatória, serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta (art. 676, parágrafo único, do CPC de 2015), nos termos da Súmula 419 do TST. A decisão proferida nos embargos de terceiro poderá ser impugnada via agravo de petição nos termos do art. 897, "a", da CLT. 119 https://youtu.be/AAS9flSXe78 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Atos de encerramento da execução Devidamente julgados os embargos à execução, o procedimento executório seguirá para a arrematação dos bens eventualmente penhorados. Assim, em observância ao princípio da publicidade, há necessidade de publicação do edital de praça e leilão, em jornal da localidade, com antecedência mínima de 20 (vinte) dias, devendo o devedor ser intimado, nos termos do art. 888 da CLT. A arrematação é a venda do bem penhorado realizada pelo Estado através da praça ou leilão àquele que oferecer maior lance, não se admitindo a venda por preço vil, entendido como aquele de valor desprezível, que não guarda sintonia com o valor constante no edital. O arrematante deverá garantir seu lance com o sinal de 20% do valor do bem no prazo de 24 horas da arrematação, sob pena de perder esse valor em favor da execução. Uma vez arrematado os bens penhorados e sendo suficientes para o pagamento da dívida, os valores serão repassados para o credor com o consequente encerramento da execução trabalhista. 120 https://www.youtube.com/watch?v=uvRw3Chxi-M CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. EXPROPRIAÇÃO DE BENS Momento em que os bens penhorados são alienados (vendidos) para o pagamento da execução (CLT, art. 888). Depois de julgados os recursos da fase de execução, se ainda houver penhora sobre bens móveis ou imóveis, o juiz designará leilão judicial para a arrematação desses bens. O leilão judicial é realizado por leiloeiro público nomeado pelo juiz, podendo ser promovido de forma eletrônica ou presencial. A arrematação é o ato processual pelo qual se faz a transferência coercitiva dos bens penhorados do devedor para um terceiro, o arrematante. É formalizada pelo auto de arrematação, antes do qual é oportunizada, ao credor, a adjudicação dos bens, e, ao devedor, a remição de sua dívida. A adjudicação é o ato processual pelo qual o credor recebe o bem penhorado como forma de pagamento. Se o valor do bem for superior ao crédito, ele deverá depositar em juízo o valor da diferença. A remição é o ato processual pelo qual o devedor paga o valor integral e atualizado da condenação, acrescido de juros, custas e honorários advocatícios, para os seus bens penhorados serem liberados. No leilão judicial, os bens penhorados são vendidos ao terceiro que der o maior lance, mas o credor tem preferência para a adjudicação em igualdade de condições, ou seja, pelo maior preço ofertado. O dinheiro arrecadado com a arrematação é depositado em uma conta bancária, colocada à disposição do juízo. 121 Desconsideração da personalidade jurídica É sabido que o patrimônio dos sócios da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio da empresa. No entanto, aplicando a desconsideração da personalidade jurídica os sócios passam a responder pelas dívidas da empresa. Ela está prevista em nosso ordenamento jurídico em diversos diplomas legais, como no art. 28 do Código de Defesa do Consumidor e art. 50 do Código Civil. Também temos a previsão legal no art. 34 da Lei 12.529/2011 e art. 4o da Lei 9.605/1998. Referidos dispositivos legais nos mostram a aplicação de duas teorias: a) Teoria subjetiva: adotada pelo Código Civil, essa teoria ensina que para que os bens dos sócios possam ser atingidos, é necessária a comprovação de fraude, abuso de direito ou confusão patrimonial; b) Teoria objetiva: para essa teoria, adotada pelo Código de Defesa do Consumidor, basta a insolvência da empresa, ou seja, basta a constatação de inexistência de bens da empresa suficientes para o cumprimento de suas obrigações. No CPC o incidente de desconsideração da personalidade jurídica está previsto nos arts. 133 e seguintes, aplicados no processo do trabalho, nos termos do art. 855-A, da CLT. É importante destacar que o CPC não trouxe as hipóteses em que se admite a desconsideração, ele apenas cuidou de apontar o processamento desse incidente. Por não tratar das hipóteses em que a desconsideração poderá ser aplicada, o CPC remete às legislações acima tratadas, em conformidade com o art. 133, § 1º. 122 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. No processo do trabalho é aplicada a teoria objetiva da desconsideração da personalidade jurídica, com fulcro no art. 28 do CDC, baseando-se no princípio protetor do trabalhador, atribuindo responsabilidade aos sócios pelas dívidas da pessoa jurídica, na medida em que foram eles os beneficiários dos lucros auferidos pela empresa, fruto do trabalho dos seus empregados. Considerando que na fase de execução no processo trabalhista, nos termos do art. 889 da CLT temos que na omissão da CLT a lei dos executivos fiscais (Lei 6.830/1980) servirá como fonte subsidiária, podemos dizer que, ainda assim, o incidente do CPC/2015 terá aplicação no processo do trabalho, calcado na própria teoria objetiva. Isso porque, o art. 4º, § 3º, da Lei 6.830/1980 nos ensina que a execução poderá ser dirigida contra o sócio, bastando que os bens do devedor, ou seja, da empresa, não sejam suficientes para satisfação do débito. Portanto, tendo em vista o princípio protetor do direito do trabalho, que pode inclusive ser aplicado no campo processual, a aplicação da teoria objetiva da desconsideração da personalidade jurídica baseada no art. 28 do CDC e, ainda, a regra esculpida no art. 4º, § 3º, da Lei 6.830/1980, não há motivo para que a desconsideração da personalidade jurídica da empresa necessite de requerimento da parte ou do Ministério Público. Assim, podemos concluir de acordo com o art. 855-A da CLT, o incidente de desconsideração da personalidade jurídicaregulado no CPC/2015 (arts. 133 a 137) será aplicável ao Processo do Trabalho, com as adaptações pertinentes ao processo trabalhista, sendo assegurada a iniciativa também ao juiz do trabalho na fase de execução, na forma do art. 878 da CLT. 123 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, também conhecida como teoria da penetração, é utilizada no processo do trabalho por aplicação subsidiária, permitida em razão da norma esculpida nos arts. 8o e 769 da CLT e, ainda, pelo princípio da alteridade. O art. 855-A da CLT traz ao processo do trabalho a permissão para aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica prevista nos arts. 133 a 137 do CPC/2015 ao processo do trabalho. Nesse sentido, o TST vem aplicando a desconsideração da personalidade jurídica com apoio no art. 28, § 5o, do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual a personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Afirma-se que por ser a personalidade jurídica uma criação da lei concedida pelo Estado, que tem como objetivo a realização de um fim, nada mais lógico do que conferir ao Estado, por meio do órgão jurisdicional, a capacidade de verificar se esse direito está sendo utilizado de forma adequada e, não estando, atingir os responsáveis. Assim, a teoria deve ser utilizada para impedir a fraude ou abuso por meio da personalidade jurídica. Dessa forma, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada de forma ampla quando for apurada a insuficiência do patrimônio da empresa para honrar as dívidas contraídas, independentemente de fraude ou simulação, ou seja, basta a insolvência da empresa para que o Estado-juiz autorize a execução dos bens dos sócios considerados individualmente de forma solidária e ilimitada até o pagamento integral dos créditos trabalhistas. 124 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. Processamento do pedido de desconsideração da personalidade jurídica O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, sendo cabível em todas as fases do processo de conhecimento, bem como do processo de execução. Será dispensável a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. Uma vez instaurado o incidente por petição específica, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para no prazo de 15 (quinze) dias apresentar manifestação e eventual requerimento de produção de provas. Terminada a instrução, quando necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente, na fase de conhecimento, não será cabível recurso de imediato, art. 893, § Io, da CLT. No entanto, se a decisão for proferida na fase de execução de sentença, será cabível a interposição de agravo de petição, independentemente de garantia do juízo, no prazo de 8 dias. Caso a decisão seja proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal, caberá a interposição de agravo interno (recurso cabível contra decisão monocrática interlocutória (individual) do Relator). 125 CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRAMACON, Hermes. Direito Processual do Trabalho. In Doutrina Completa para OAB. 11.ed. São Paulo: Foco, 2021. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2014. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho . ed. 17. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. LINHARES Aryanna e Saraiva, Renato. Trabalho e Prática – OAB 2 fase. 9 ed. Salvador: Juspodivm, 2017. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2014. NERY JUNIOR, Nelson. Princípios fundamentais – teoria geral dos recursos. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. ed. 24. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 84 SCHIAVI, MAURO. Manual de Direito Processual do Trabalho. ed.12. São Paulo, LTr, 2017 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Curso de processo do trabalho: perguntas e respostas sobre assuntos polêmicos em opúsculos específicos, n. 7: nulidades. São Paulo: LTr, 1997. Imagens: Aplicativo Bitmoji 126