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CCE0255 MECÂNICA DOS SOLOS Unidade 3 - Características Gerais Prof. Dr. Guillermo Ruperto Martín Cortés 1 Unidade 3 - Propriedades e índices dos solos 3.1. Índices físicos 3.2. Granulometria 3.3. Estados de consistência 3.4. Ensaios de laboratório 2 Unidade 3 - Propriedades e índices dos solos. Introdução. Objetivos do estudo dos solos: – conhecer a totalidade de suas propriedades físicas e químicas, por ser nos solos, com os solos e sobre os solos que são efetuadas as construções – como o conhecimento dessa totalidade de propriedades é caro e demorado, procuram-se inferir tais propriedades a partir de outras mais simples, mais gerais e mais facilmente determináveis, denominadas propriedades índices. 3 3.1. Índices físicos Na mecânica dos solos, adotam-se como propriedades índices: – as propriedades físicas dos solos mais imediatas, tais como: granulometria, plasticidade, atividade da fração fina – as propriedades relacionadas à compacidade, à consistência e à estrutura dos solos Através dos resultados obtidos com o uso dos conhecimentos provenientes da mecânica dos solos, pode-se: – inferir propriedades mais particulares dos solos – classificar os solos em grupos, com o objetivo de inferir seu comportamento. Índices Físicos: São relações entre as diversas fases do solo (sólida, líquida e gasosa) em termos de massa e volume; procuram caracterizar as condições físicas em que um solo se encontra. 4 3.1. Índices físicos Relações entre volumes mais utilizadas: porosidade (n): Definida pela relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume total da amostra (V) n = Vv / V índice de vazios (e): Definido pela relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume de sólidos (Vs) e = Vv / Vs grau de saturação (Sr): Representa a relação entre o volume de água (Vw) e o volume de vazios (Vv), para um mesmo volume de solo Sr = Vw / Vv 5 3.1. Índices físicos Relação entre massas mais utilizada: teor de umidade (w): Relação entre a massa da água (Mw) e a massa de sólidos (Ms) presentes na amostra w = Mw / Ms 6 3.1. Índices físicos Relações entre massas e volumes mais utilizadas: massa específica natural ou massa específica do solo (γ): relação entre a massa do elemento (M) e o volume deste elemento (V) γ = M / V massa específica dos sólidos (γs): relação entre a massa dos sólidos (Ms) e o volume ocupado por esses sólidos (Vs) γs = Ms / Vs massa específica da água (γw) γw = Mw / Vw (A massa específica da água é função da temperatura) 7 3.1. Índices físicos Descrição das grandezas básicas descritivas do estado dos solos 8 Na prática se determinam experimentalmente: teor de umidade, peso volumétrico e o peso volumétrico das partículas. 3.2 Granulometria – um solo pode ser considerado como um conjunto formado por partículas de diversos tamanhos – a medida do tamanho das partículas constituintes de um solo é feita por meio da granulometria e para representação dessa medida costuma-se utilizar uma curva de distribuição granulométrica 9 3.2 Granulometria – de acordo com seu tamanho, as partículas de um solo podem ser classificadas como: 10 FRAÇÃO DIÂMETRO DA PARTÍCULA (Φ) (mm) pedregulho 2,0 mm < φ < 76,0 mm areia 0,075 mm < φ < 2,00 mm areia grossa 0,42 mm < φ < 2,00 mm areia fina 0,075 mm < φ < 0,42 mm silte 0,005 mm < φ < 0,075 mm argila φ < 0,005 mm 3.2 Granulometria 27/02/2013 11 3.2 Granulometria ( e composição) Em geral os solos naturais estão constituídos por partículas cujos tamanhos podem variar amplamente, sendo algumas classificadas como argilas, outras a silte, etc. Por isso, as denominações dos solos podem ir de areias siltosas, siltes argilosos, argilosos arenosos e muitos mais. O diagrama de figura a seguir pode ilustrar um procedimento para facilitar a escolha da denominação dos solos naturais após a determinação da curva granulométrica. 12 13 3.2 Granulometria ( e composição) 3.3. Estados de consistência Um determinado solo, dependendo do seu teor de argilas e do seu teor de umidade, pode apresentar iguais características às de um líquido ou de um sólido. Entre esse dois estados limites, o solo passa por um estado plástico e por um estado semi-sólido. São esses os denominados estados de consistência do solo. 14 Estado líquido - o solo apresenta as propriedades e a aparência de uma suspensão. Não possui forma própria e não apresenta nenhuma resistência ao cisalhamento. 15 3.3. Estados de consistência Estado plástico - o solo apresenta a propriedade de plasticidade. Pode sofrer deformações rápidas, sem que ocorra variação volumétrica apreciável, ruptura ou fissuramento. 16 3.3. Estados de consistência Estado semi-sólido - o solo tem a aparência de um sólido, entretanto ainda passa por variações de volume ao ser secado (o solo ainda encontra-se saturado). Estado sólido - o solo não sofre mais variações volumétricas por secagem. 17 3.3. Estados de consistência 3.3. Estados de consistência Limites de consistência ou limites de Atterberg Foram definidos pelo Eng. Atterberg, em 1908, para caracterizar as mudanças entre os estados de consistência. Posteriormente Casagrande apresentou uma padronização da forma de se proceder nos ensaio para a determinação desses limites. 18 3.3. Estados de consistência Limite de Liquidez (LL) - é o teor de umidade que indica a passagem do estado plástico para o estado líquido. – Está relacionado com a capacidade do solo em absorver água. – É realizado no aparelho de Casagrande. – Procedimento: a cuba do aparelho é preenchida com o solo úmido, procurando-se obter uma espessura constante de 1cm, aproximadamente. Com um cinzel é feita uma ranhura no centro. Gira-se então a manivela do aparelho, com uma rotação constante de 2 golpes por segundo, até que a ranhura se feche numa extensão de 1,0 cm; aproximadamente. Anota-se o número de golpes até esse ponto e retira-se uma amostra do local onde o solo se uniu, para determinação do teor de umidade. 19 3.3. Estados de consistência Seqüência do ensaio de limite de liquidez, realizado no aparelho de Casagrande. 20 – O limite de liquidez é igual ao teor de umidade correspondente a 25 golpes. – Para a sua determinação deve-se realizar o ensaio até que se tenha, no mínimo, 4 pontos, 2 acima e 2 abaixo de 25 golpes. 3.3. Estados de consistência Os valores obtidos são lançados em gráfico semi-logarítmico. 21 3.3. Estados de consistência Equipamentos para determinar o Limite de liquidez (LL): a) Casagrande, b) fall – cone test. 22 3.3. Estados de consistência Método do fall – cone test O aparelho consiste num cone metálico com 30º de ângulo no vértice e 35 mm de comprimento ligado a uma haste metálica vertical que pode ser fixada o deixada deslizar.(Fig. slide 19). Com o solo se faz uma pasta para preencher a taça até a borda. O cone ligado à haste é situado ao nível da amostra e deixado cair livre por 5 segundos penetrando a pasta de solo. O ensaio é repetido por 5 vezes. Os resultados da penetração são representados na abscissa (X) em escala logarítmica em tanto que no eixo da ordenadas se coloca o valor do teor de umidade. Considera-se LL o valor do teor de umidade onde a penetração do cone seja 20 mm. 23 3.3. Estados de consistência Limite de Plasticidade (LP) - é o teor de umidade que indica a passagem do estado semisólido para o estado plástico. – Equipamento: placa de vidro com uma face esmerilhada e cilindro padrão com 3 mm de diâmetro. – Ensaio: faz-se uma pasta com o solo passado na peneira 0,42 mm, com um teor de umidade inicial próximo ao limite de liquidez. Em seguida rola-se esta pasta até que duas condições sejam simultaneamente alcançadas: o rolinho tenha um diâmetro igual ao do cilindro padrão, e aparecimento de fissuras. – O teor de umidade do rolinho, nesta condição, representa o limite de plasticidade do solo (LP). – Quando não é possível se obter o LP de um solo, ele é denominado não plástico (NP) 24 3.3. Estados de consistência Seqüência do ensaio de limite de plasticidade 25 Cilindro de solo moldado Retirada de amostra para determinar umidade 3.3. Estados de consistência Limite de Contração (LC) - é definido como a fronteira entre os estados de consistência sólido e semi-sólido. Corresponde ao teor de umidade do solo no momento em que este deixa de apresentar redução de volume, quando submetido à secagem (lenta e à sombra). Índice de Plasticidade (IP) - É calculado pela diferença entre LL e LP IP = LL – LP – Mede a plasticidade dos solos e fisicamente representa a quantidade de água necessária para que um solo passe do estado plástico ao líquido. – Mede a tendência à expansão do solo. 26 3.3. Estados de consistência Classificação USCS (Unified Soil Classification System) – O Sistema Unificado de Classificação de Solos surgiu como uma evolução do “Airfield Classification System” (classificação AC) – Apresenta uma tabela de classificação onde se identificam três principais divisões de solos: solos de granulometria grossa solos de granulometria fina e solos altamente orgânicos – Essas três divisões são ainda subdivididas em 15 grupos básicos – Os parâmetros determinantes para a classificação são a granulometria e os limites de Atterberg 27 3.3. Estados de consistência – Os solos são classificados quanto ao tamanho das partículas em pedregulho, areia, silte ou argila os pedregulhos e as areias subdividem-se em bem graduados, mal graduados, siltosos ou argilosos os siltes subdividem-se em siltes de baixa plasticidade, orgânicos de baixa plasticidade, orgânicos de alta plasticidade ou elásticos as argilas subdividem-se em pouco plásticas, orgânicas e de alta plasticidade. – Processo para classificação inicialmente deve-se determinar se o solo é orgânico, de graduação grossa ou fina em seguida, com os dados de granulometria e com os limites de Atterberg, define-se a que grupo pertence, consultando-se a Tabela de Classificação USCS. para classificação da fração fina, utilizam-se os valores dos limites de Atterberg e o chamado gráfico de plasticidade. 28 29 30 Tabela para classificação de Solos da USCS (ASTM, 1990) (continuação) Tamanho das partículas Fração Limites definidos pela ABNT Matacão De 25 cm a 1m Pedra De 7,6 cm a 25 cm Pedregulho De 0,4 mm a 7,6 cm Areia grossa De 2 mm a 4,8 mm Areia media De 0,42 mm a 2 mm Areia fina De 0,05 mm a 0,42 mm Silte De 0,005 mm a 0,05 Argila Inferior a 0,005 31 32 33 Alguns exemplos de solos Matacão ou boulder. São o primeiro produto do intemperismo e/ou da erosão (pelo desgaste de blocos arrastados por correntes fluviais ). 34 Alguns exemplos de solos Alteração de rochas granitóides (areia Viterbo) Região Parelheiros 32Km ao Sul de SP Desmonte hidráulico Produção de areia bloco de granito e paralelepípedos 35 Mina Viterbo. Parelheiros 36 Desmonte de areia e matacões 37 Blocos de granito e área recuperada 38 PRODUÇÃO DE PARELEPIPEDOS 39 SISTEMA SOLO-ÁGUA-AR Os solos são compostos por partículas sólidas, e espaços vazios, as partículas são referidas no esqueleto mineral e pelos espaços vazios. Os espaços vazios são usualmente preenchidos por ar e/ou água. O solo cujos espaços vazios são totalmente preenchidos com água é chamado de solo saturado. Se algum gás estiver presente nos espaços porosos o solo é chamado como solo não saturado. O termo parcialmente saturado é usado em algumas ocasiões, e quando é empregado em substituição de um ou outro termo, não é um termo satisfatório. 40 3.4. Ensaios de Laboratório Para identificar os solos os principais ensaios de laboratório, são: Granulometria: Peneiramento > 0,075 mm e Sedimentação Índices de consistência. Limites de Atterberg. 41 3.4. Ensaios de Laboratório Em todo solo, geralmente convivem partículas de tamanhos diversos. Para o reconhecimento do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a análise granulométrica, que consiste de duas fases: peneiramento e sedimentação. 42 3.4. Ensaios de Laboratório O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da amostra, é considerado como a “porcentagem que passa”, representado graficamente em função da abertura nominal da peneira em escala logarítmica. A abertura nominal da peneira é considerada como o “diâmetro” das partículas. Trata-se de um diâmetro equivalente, pois as partículas do solo não são esféricas. 43 3.4. Ensaios de Laboratório Quando há interesse no conhecimento da distribuição granulométrica da porção mais fina dos solos, emprega-se a técnica da sedimentação. Ou seja, o ensaio e feito por via a úmido com ajuda da água em peneiras de malha muito mais fina que 0,075 mm (#200). Exemplo pode ser consultado no gráfico do próximo slide. 44 3.4. Ensaios de Laboratório 45 3.4 Ensaios de Laboratório 46 Aparelho de Casagrande para determinar o LL 3.4 Ensaios de Laboratório 1: O Limite de Liquidez é definido como o teor de umidade do solo com o qual uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar numa concha. 2: Diversas tentativas são realizadas com o solo em diferentes umidades: anota-se o número de golpes para fechar a ranhura e obtém-se o limite pela interpolação dos resultados. 3: O Limite de Plasticidade é definido como o menor teor de umidade com o qual se consegue moldar um cilindro com 3 mm de diâmetro, rolando-se o solo com a palma da mão. 47 3.4 Ensaios de Laboratório. Índices de Atterberg de alguns solos brasileiros. A maior LL mais compressíveis os solos, ou seja, apresentam maior recalque para igual carga. 48 SOLOS LL % IP % Residuais de arenito (arenosos finos) 29-44 11-20 Residual de gnaisse 45-55 20-25 Residual de basalto 45-70 20-30 Residual de granito 45-55 14-18 Argilas orgânicas de várzeas quaternárias 70 30 Argilas orgânicas de baixadas litorâneas 120 80 Argila porosa vermelha de São Paulo 85 40 Argilas variegadas de São Paulo 80 45 Areias argilosas variegadas de São Paulo 40 15 Argilas duras, cinzas, de São Paulo 64 42 3.4 Ensaios de Laboratório Determinação da Atividade das argilas A argila presente num solo é considerada normal quando seu índice de atividade situa-se entre 0,75 e 1,25. Quando o índice é menor que 0,75, considera-se a argila como inativa e, quando o índice é maior de 1,25, ela é considerada ativa. 49 3.4 Ensaios de Laboratório Emprego dos índices de consistência Uma primeira correlação foi apresentada por Terzaghi, resultante da observação de que os solos são tanto mais compressíveis (sujeitos a recalques) quanto maior for o seu LL. Com a compressibilidade expressa pelo índice de compressão (Cc), estabeleceu-se a seguinte correlação. Cc = 0,009. (LL-10) 50
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