Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAMENTOS DE DIREITO DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA Aula 3: O contrato de trabalho em geral e na segurança privada: Conceito, elementos essenciais, características e espécies Apresentação Uma das principais inovações trazidas pela Reforma Trabalhista é a ampla possibilidade de negociação entre empregador e empregado. A personalização do contrato de trabalho passa a ser uma ferramenta fundamental para estabelecer adequadamente as condições pactuadas e impedir interpretações distorcidas. Estudaremos as espécies, as hipóteses de alteração e as estabilidades dos contratos de trabalho, pois é de grande importância a compreensão dos principais aspectos para a correta aplicação prática. Objetivos Identi�car as espécies de contrato de trabalho; Descrever as hipóteses de alteração do contrato; Identi�car as estabilidades no contrato de trabalho. Relação de trabalho e relação de emprego Como vimos na aula anterior, o termo trabalhador abrange toda e qualquer forma de trabalho humano, de forma que empregado é uma espécie de trabalhador. Trabalhador é gênero do qual empregado é espécie. A expressão empregado se divide em: Empregados típicos Previstos na CLT. Empregados atípicos Que possuem legislação trabalhista própria, como o empregado doméstico e o empregado rural. No que se refere a trabalhadores, diferentes de empregado, temos: 1 Trabalhador autônomo; 2 Trabalhador eventual; 3 Trabalhador avulso; 4 Trabalhador voluntário. Embora sejam trabalhadores, não são empregados e não estão regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Observe a �gura a seguir. Tipos de empregados e de trabalhadores. Fonte: (PIMENTA, 2019). Saiba mais O empregado �ca caracterizado quando prestado por pessoa física, com pessoalidade, em caráter não eventual (habitualidade), de forma onerosa, sob subordinação e com alteridade. Nesse caso, os sujeitos da relação de emprego são empregados (cujo conceito encontra-se no artigo 3º da CLT) e empregador (artigo 2º da CLT). O primeiro requisito para a relação de emprego é que seja prestado por pessoa física, e isso quer dizer que pessoa jurídica não será, em nenhuma hipótese, empregada. A relação de emprego tem que ser prestada pessoalmente, sendo vedada a substituição por outro, ainda que com a anuência do empregador. Clique nos botões para ver as informações. A habitualidade, por sua vez, �ca caracterizada quando o trabalho é prestado repetidamente. O empregado não precisa trabalhar continuamente todos os dias, mas a atividade deve se repetir perante o tomador dos serviços, ainda que de forma intermitente, para �car demonstrada a habitualidade (não eventualidade). Um bom exemplo ó e caso do garçom de uma pizzaria que trabalha apenas aos �nais de semana. Habitualidade Já a onerosidade �cará demonstrada quando do pagamento da remuneração ao empregado pelos serviços prestados e, dessa forma, os serviços a título gratuito não se encaixam na relação de emprego. Vale ainda ressaltar que o não recebimento do salário por atraso ou inadimplemento do empregador não descaracteriza a onerosidade do contrato, haja vista a intenção econômica. Onerosidade A subordinação é o principal traço distintivo entre a relação de emprego e as demais relações de trabalho. Os principais autores brasileiros sustentam a ideia de subordinação jurídica, uma vez que decorre do contrato entre empregado e empregador. Subordinação A alteridade está relacionada diretamente ao fato de que o empregado trabalha por conta alheia, não correndo o risco do negócio. Você deve notar que se não houver alteridade, haverá autonomia, consequentemente, �cará caracterizada mera relação de trabalho. Alteridade No que se refere a trabalhadores, diferentes de empregado, temos o autônomo, o eventual, o avulso, o voluntário, o trabalhador institucional, o estagiário e o trabalhador cooperativado. Embora sejam trabalhadores, não são empregados e não estão regidos pela CLT. Elementos e características do contrato de trabalho O contrato de trabalho também é chamado de contrato individual do trabalho (alguns autores preferem a denominação contrato de emprego para distinguir a relação de trabalho e a relação de emprego). A CLT de�ne o contrato individual de trabalho como “[...] o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” (BRASIL, 1943, art. 442). Não há consenso na doutrina quanto ao conceito de contrato, haja vista a maioria dos doutrinadores ter entendido que o legislador não utilizou as melhores técnicas para a construção desse conceito. Romar de�ne o contrato de trabalho como sendo: "[...] o acordo de vontades, manifestado de forma expressa (verbalmente ou por escrito) ou de forma tácita, por meio do qual uma pessoa física (empregado) se compromete a prestar pessoalmente e de forma subordinada serviços contínuos a uma outra pessoa física, a uma pessoa jurídica ou a um ente sem personalidade jurídica (empregador), mediante remuneração." - ROMAR, 2018, p. 277 O contrato de trabalho possui características que os diferencia dos demais. Entre elas, podemos destacar que o contrato de trabalho é contrato de direito privado, típico, consensual, de execução sucessiva, comutativo, oneroso, sinalagmático, informal e intuitu personae. É um contrato de direito privado uma vez que estão presentes a natureza privada dos interesses envolvidos, a celebração do contrato como resultado da autonomia da vontade das partes, a natureza privada dos sujeitos que estabelecem o vínculo, além da possibilidade de as partes estabelecerem as condições ao �rmar o pacto. As condições �rmadas em contrato entre as partes seguem os termos do artigo a seguir: "Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes." - BRASIL, 1943, art. 444 É típico, pois a CLT trata especi�camente do contrato de trabalho. É contrato consensual uma vez que nasce da manifestação livre da vontade das partes e, como regra, não depende de forma prevista em lei, podendo ser celebrado por escrito, verbalmente e até mesmo tacitamente. Caracteriza-se também por ser comutativo, já que empregador e empregado já sabem de antemão as prestações que vão assumir e as vantagens que poderão auferir por adimplemento do contrato. Trata-se de contrato de execução sucessiva, pois o contrato de trabalho não se exaure no cumprimento de única obrigação. É oneroso porque cria obrigações para ambos os contratantes, ou seja, as obrigações assumidas são economicamente mensuráveis. Sinalagmático porque o pacto estabelecido gera obrigações para ambos os contratantes, provocando um equilíbrio na relação contratual. Informal porque, em regra, não é solene, não exigindo nenhuma formalidade para a sua validade, efetivando-se pela simples manifestação da vontade das partes. É contrato celebrado em razão da pessoa, gera obrigação pessoal em relação a um de seus sujeitos e, por isso, é chamado de intuitu personae. Já os elementos essenciais do contrato de trabalho estão de�nidos no artigo 104 do Código Civil, que exigem para a sua validade agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. Esses são os pressupostos de validade do contrato de trabalho, os quais podem ainda sofrer o acréscimo do consentimento válido como quarto pressuposto. A capacidade trabalhista está diretamente ligada àquela que permite ao indivíduo trabalhar. A capacidade ao empregado está indicada no artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal: "a) Menores de 16 anos – são incapazes para celebrar contrato de trabalho, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. b) Entre 16 e 18 anos – são relativamente incapazes para celebrar contrato de trabalho, necessitando da assistência dos pais ou responsáveis para a prática de talato. c) Maiores de 18 anos – são capazes para a celebração de contrato de trabalho." - DELGADO, 2010, p. 327 Comentário Segundo Romar, em se tratando de trabalho a ser prestado em horário noturno, em condições perigosas ou insalubres, o contrato somente pode ser celebrado com o maior de 18 anos. Já a capacidade do empregador não é diferente da capacidade civil, assim, toda e qualquer pessoa que tem aptidão para exercer direitos e contrair deveres terá capacidade trabalhista. Nesse passo, pode ser empregador o maior de 18 anos. Não será válido o contrato de trabalho que tenha por objeto trabalho ilícito, ou seja, contrário à moral e aos bons costumes, ou que caracteriza crime ou contravenção penal, como o trá�co de drogas, os jogos proibidos e o trabalho de menores em horário noturno ou em condições insalubres. No que se refere à forma, vale ponderar que a lei não exige forma especial para a celebração do contrato de trabalho, podendo inclusive ser verbal, escrito, expresso ou tácito, conforme artigo 442 da CLT. O contrato de trabalho depende de manifestação de vontades recíprocas, consentimento válido, de forma que, havendo vícios, o pacto poderá ser invalidado. Não há consenso na doutrina quanto às formas de classi�cação dos contratos. O contrato pode ser expresso (lei exige formalidade explícita) ou tácito (se revela por um conjunto de atos praticados pelas partes, sem formalização por escrito), no que tange à forma de manifestação de vontades que levou à sua celebração. Pode ser bilateral ou plúrimo (contrato de trabalho por equipe). Bilateral Decorre da manifestação de dois sujeitos (empregado x empregador). Plúrimo Celebrado com diversos empregados ao mesmo tempo. Conforme o artigo 443 da CLT, no que tange à duração, o contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para a prestação de trabalho intermitente. Os contratos por prazo indeterminado (regra geral) não têm duração de�nida; os com prazo determinado �cam caracterizados todas as vezes em que as partes estabelecerem data de início e �m para a duração; e intermitente é o contrato em que a prestação de serviços com subordinação não é contínua, alternando período de prestação de serviços e de inatividade. Tipos de contrato Clique no botão acima. Contrato de trabalho por prazo determinado Segundo o artigo 443, parágrafo 1º da CLT, considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo pre�xado ou da execução de serviços especi�cados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Esse contrato é exceção à regra de contratação por prazo indeterminado e, segundo o artigo 443, parágrafo 2º da CLT, só será válido em se tratando de serviço cuja natureza ou transitoriedade justi�que a predeterminação do prazo, de atividades empresariais de caráter transitório e de contrato de experiência. Considerando o artigo 445 da CLT, o contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451 (o contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo). Segundo o parágrafo único do artigo 445, o contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias. Vale ainda mencionar que a CLT tratou da sucessividade dos contratos e determinou que: [...] considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. (BRASIL, 1943, art. 452) O contrato por prazo determinado pode ser rescindido tanto pelo empregado quanto pelo empregador. Nos casos de dispensa sem justa causa por parte do empregador, o empregado terá direito a verbas rescisórias (13º proporcional, férias proporcionais + 1/3, liberação do FGTS), além de uma indenização nos termos da CLT: Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. Parágrafo único - Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo indeterminado. (BRASIL, 1943, art. 479) (BRASIL, 1943, art. 479) Em relação à rescisão antecipada por parte do empregado, sem justa causa, haverá também a obrigação de indenizar, desde que tenha causado prejuízos ao empregador. Vejamos o que estabelece a CLT: Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. § 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em idênticas condições. (BRASIL, 1943, art. 480) A CLT, ainda de�ne que: [...] aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. (BRASIL, 1943, art. 481). Assim, nesse caso, além do pagamento do saldo de salário, do 13º salário proporcional e das férias proporcionais, acrescidas de 1/3, é devido aviso prévio e, no caso de dispensa sem justa causa, também é devida a indenização de 40% dos depósitos do FGTS. Por �m, segundo a Súmula 14 do Tribunal Superior do Trabalho, reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais. Contrato intermitente A CLT nos ensina que: [...] considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. (BRASIL, 1943, art. 443) Embora haja vínculo de emprego, nesse contrato o trabalhador será convocado conforme a demanda do empregador e a remuneração tem como base apenas as horas efetivamente trabalhadas. O empregado será convocado com três meses de antecedência e nesse momento será informado acerca da jornada a ser cumprida, podendo aceitar ou não a convocação. Nos termos do § 4º do artigo 452-A, aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. Já pelo § 5º, o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. Ao �nal de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I - remuneração; II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; III - décimo terceiro salário proporcional; IV - repouso semanal remunerado; V - adicionais legais (§ 6º). Vale ainda anotar que a cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador (§ 9º). Alterações do contrato de trabalho É natural que as condições de trabalho possam ser alteradas para a adequação à realidade fática e às condições econômicas, técnicas, �nanceiras e sociais. No entanto,nem toda alteração é permitida pela legislação, principalmente quando não for bilateral e provocar prejuízo ao trabalhador. As modi�cações das condições contratadas podem ocorrer para um empregado individualmente considerado (alteração individual) ou afetando todos ou parte dos trabalhadores da empresa (alteração coletiva). Pode ocorrer ainda de ato unilateral do empregador (alteração unilateral) ou em comum acordo entre empregado e empregador (alteração bilateral). Para que a alteração contratual seja considerada lícita é necessário o consentimento mútuo na alteração e ausência de prejuízo para o empregado hipossu�ciente (artigo 468 da CLT). O artigo 468, parágrafo único da CLT trata de alteração contratual em caso de reversão ao cargo efetivo. Já o artigo 469 aborda a transferência de local de trabalho: "Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de con�ança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, �cará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação." - DELGADO, 2010, p. 327 Nos termos do artigo 470 da CLT, as despesas por causa da transferência do empregado correrão por conta do empregador. Já a Constituição Federal de 1988 trata da possibilidade de redução salarial (artigo 7º, inciso VI). A legislação prevê nulidade para a alteração de contrato considerada ilícita. Acontecendo a alteração ilicitamente, prevalecerá as condições anteriormente ajustadas pelas partes ou incorporadas ao contrato de trabalho, por força do conteúdo mínimo do pacto laboral ou do princípio da substituição automática das cláusulas nulas. Temos algumas possibilidades concretas de alteração: Clique nos botões para ver as informações. A remoção ocorre quando há a mudança do local de trabalho dentro do próprio estabelecimento ou entre estabelecimentos situados em uma mesma localidade. A Súmula 29 do TST estabelece que “[...] empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte” (TST, 2003). Remoção A reversão está regulada no parágrafo 1º do artigo 468 da CLT prevendo que “[...] não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de con�ança” (BRASIL, 1943, art. 468). Reversão A promoção, em regra, não constitui alteração contratual ilícita, pois não prejudica o empregado. Isso não acontece no rebaixamento que, na maioria das vezes, vem acompanhado de uma redução salarial e caracteriza uma alteração contratual ilícita. Como exemplo, temos o caso do rebaixamento de um empregado do exercício de uma função técnica para uma que utilize a força física. Promoção Vale ainda anotar que a relação de emprego é caracterizada pela subordinação do empregado em relação ao empregador e este, por sua vez, exerce o poder de direção da atividade econômica. Cria-se o embate: de um lado, temos o empregador com o direito de alterar determinadas condições de trabalho para melhorar o desempenho da atividade; e, de outro, temos o empregado que pode não aceitar determinadas alterações nas condições essenciais para o desenvolvimento da atividade. "O empregado hipossu�ciente não demonstra resistência, na maioria das vezes, para não contrariar o empregador, mas tem a faculdade de requerer a rescisão indireta do contrato quando estiver na iminência de alteração ilícita das condições de trabalho." - BRASIL, 1943, art. 483 Estabilidade no curso do contrato de trabalho O empregador tem o direito de colocar �m ao contrato a qualquer momento, desde que avise previamente o empregado com uma antecedência mínima de 30 dias. Da mesma forma, o empregado tem o direito de pedir demissão, desde que acompanhada da comunicação prévia (aviso prévio) ao empregador. A estabilidade aparece como o direito de o trabalhador permanecer no emprego quando não existir uma causa expressa em lei que lhe permita a dispensa. Assim, a estabilidade �ca caracterizada pela impossibilidade de o empregador exercer o direito de dispensar o empregado a qualquer momento. A estabilidade é a garantia ao empregado contra uma dispensa arbitrária, abusiva, sem motivação. Podemos dividir a estabilidade em geral, especial, de�nitiva e provisória. Estabilidade geral Aplicada a todo e qualquer empregado que preencha uma determinada condição estabelecida na legislação. Estabilidade especial Direcionada a um determinado grupo de empregados em razão de condições a eles peculiares. Estabilidade de�nitiva É aquela para cuja extinção não existe um termo �nal pre�xado. Estabilidade provisória Caracterizada quando se sabe, de antemão, o termo inicial e �nal da referida garantia, persistindo somente enquanto existirem as causas especiais. No Brasil, temos a estabilidade de�nitiva para o servidor público celetista da administração direta (após três anos de efetivo exercício) e, em vias de extinção, a estabilidade prevista pela CLT para os empregados que contavam com mais de 10 anos de serviços à época da promulgação da Constituição Federal. Com o advento da Constituição Federal de 1988, foi extinta a faculdade que o trabalhador tinha de optar entre o regime do FGTS e o sistema de indenização previsto pela CLT. Dessa forma, o empregado do setor privado não pode mais adquirir a estabilidade de�nitiva no emprego desde então. Nesse contexto, nosso ordenamento jurídico atual prevê as seguintes hipóteses de estabilidade provisória no emprego: dirigente sindical, membro de CIPA, gestante, empregado que sofreu acidente do trabalho ou foi acometido de doença ocupacional, empregados eleitos diretores de sociedades cooperativas, membros de comissão de conciliação prévia, entre outras. O artigo 8º, inciso VIII, da Constituição Federal trata da estabilidade provisória do dirigente sindical ao a�rmar que “[...] é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o �nal do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei” (BRASIL, 1988, art. 8º). Deve ser observado que, nesse caso, a estabilidade não é absoluta e o sindicalizado pode ser demitido quando cometer falta grave. A Súmula 379 do Tribunal Superior do Trabalho a�rma que “[...] o dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT” (TST, 2005). O artigo 165 da CLT, por sua vez, garante estabilidade provisória aos membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): "Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou �nanceiro. Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado." - BRASIL, 1943, art. 165 Essa garantia é apenas para a categoria dos empregadose a despedida dos membros não depende de instauração de inquérito judicial. A CIPA é formada por uma comissão mista de empregados que representam o interesse da empresa e daqueles que representam os interesses dos próprios trabalhadores. De acordo com o art. 164 da CLT, ela será presidida pelo representante da empresa, enquanto o representante dos empregados será vice-presidente. O mandato será de um ano e somente é admitida uma recondução. Ainda sobre a estabilidade do membro da CIPA, é importante a análise do item II da Súmula nº 339 do TST. A garantia da gestante se inicia com a con�rmação da gravidez e termina cinco meses após o parto. A Súmula 244 do TST é no sentido de que “[...] o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, ‘b’ do ADCT)” (TST, 2012a). Ela ainda prevê que “[...] a garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade” (TST, 2012a) e que “[...] a empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea ‘b’, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado” (TST, 2012a). O acidentado também tem garantia provisória estabelecida pela Lei n. 8.213/1991 que prevê que “[...] o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz” (BRASIL, 1991, art. 60). E ainda dispõe: "[...] § 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. [...] § 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. [...] Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente." - BRASIL, 1991, arts. 60; 118 A súmula 378 do Tribunal Superior do Trabalho a�rma que “[...] é constitucional o art. 118 da Lei n. 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado” (TST, 2012b). Nos termos da Orientação Jurisprudencial-SDI1-253, o artigo 55 da Lei n. 5.764/1971 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados eleitos diretores de Cooperativas, não abrangendo os membros suplentes. Assim, os empregados eleitos diretor de cooperativa terão direito a estabilidade, nos mesmos termos da estabilidade do dirigente sindical. Cairo Junior (2018, p. 965), por sua vez, sintetiza as hipóteses de estabilidades provisórias: Exemplo de tabelas javascript:void(0); Espécie Trabalho Protegido Tempo Requisito paraextinção do contrato Dirigente Sindical Empregado eleito para o cargo de administração ou representação sindical, inclusive suplente Desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave Membros da CIPA Empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, inclusive suplente Desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato Justificativa, pelo empregador, de moto disciplinar, técnico, econômico ou financeiro Gestante Empregada gestante, inclusive doméstica Desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto Justificativa, pelo empregador, de motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro Acidentado Empregado que sofreu acidente do trabalho Mínimo de um ano, após a cessação do auxílio- doença acidentário Justificativa, pelo empregador, de motivo disciplinar Membro do Conselho Nacional da Previdência Social Trabalhadores indicados pelas entidades sindicais para compor o Conselho Nacional de Previdência Social, inclusive suplente Da nomeação até um ano após o término do mandato Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave Diretores de cooperativa Empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas Desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave Membros de Comissão de Conciliação Prévia Representantes de empregados nas comissões de conciliação prévia, inclusive suplente Até um ano após o final do mandato Justificativa, pelo empregador, de motivo disciplinar Comissão de fiscalização de gorjeta Empregados eleitos para comissão de representantes para acompanhamento e fiscalização da regularidade da cobrança e distribuição de gorjeta Pelo prazo previsto na convenção ou no acordo coletivo de trabalho Justificativa, pelo empregador, de motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro Comissão de representantes dos empregados na empresa Empregado membro da comissão de representantes dos empregados Da candidatura até um ano após o fim do mandato Justificativa, pelo empregador, de motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro Comentário Quanto ao membro do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), a Lei n. 8.213/1991, em seu art. 3º, dispõe que o CNPS será composto, entre outros, por representantes dos trabalhadores que serão indicados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). A esses é assegurada a estabilidade no emprego da nomeação até um ano após o término do mandato, somente sendo possível a demissão em caso de falta grave, regularmente comprovada por meio de inquérito judicial. Quanto ao membro do Conselho do FGTS, de acordo com o art. 3º da Lei n. 8.036/1990, o FGTS é regido por um Conselho Curador composto por representação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais. O representante dos trabalhadores é indicado pela CUT e são nomeados para um mandato de dois anos, sendo possível uma recondução. O § 9º do mesmo dispositivo determina que os representantes dos trabalhadores efetivos e suplentes têm estabilidade da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente sendo possível a demissão em caso de falta grave devidamente comprovada por meio de inquérito judicial para apurar falta grave. Atividades 1. (TRT – 2ª Região – Magistratura – 2014). Quanto à relação de emprego, aponte a alternativa correta. a) Pessoa física que exerce o trabalho pessoalmente com subordinação, mediante salário e com habitualidade. b) Pessoa física que exerce o trabalho pessoalmente de forma eventual, com subordinação, mediante paga remuneratória. c) Pessoa física ou jurídica que exerce atividade com habitualidade e mediante paga remuneratória. d) Pessoa física que exerce labor com total autonomia, mediante paga remuneratória mensal. e) Pessoa física que exerce o trabalho com pessoalidade, subordinação, habitualidade e de forma voluntária. 2. No que concerne à caracterização da relação de emprego, a CLT traz os artigos 2º e 3º, com diversos dos requisitos para a relação de trabalho. Aponte a alternativa que contenha uma hipótese, em virtude do regime legal, de relação de emprego: a) Empreitada, estágio b) Transporte autônomo, atleta de futebol c) Músico profissional, prestação diária de serviços em casa de família d) Representação comercial, jornalista free lance e) Médico de cooperativa, eletricista autônomo 3. Em relação à alteração no contrato de trabalho, considere: I. Ao empregador é proibido transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança de seu domicílio.II. A proibição de transferência de localidade diversa da que resultar do contrato �rmado também se aplica aos empregados que exerçam cargos de con�ança e àqueles cujos contratos tenham como condição implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorrer de real necessidade de serviço. III. É legal a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. IV. Em caso de necessidade de serviço, o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, porém, nesse caso, �cará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 20% dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Está correto o que se a�rma APENAS em: a) I, II e IV b) I e III c) III e IV d) I, II e III e) II e IV 4. (TRT – 2ª Região – Magistratura – 2014) Em relação à rescisão antecipada do contrato de trabalho por prazo determinado, aponte a alternativa correta: a) Empregado não poderá rescindir o contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. b) Empregador que, mesmo na hipótese de justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. c) Havendo cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão, o empregado não poderá rescindir o contrato, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem, até o limite de seu salário. d) A indenização devida pelo empregado ao empregador não poderá exceder àquela a que este teria direito em idênticas condições, salvo se o empregado praticou alguma das faltas graves previstas no art. 482 da CLT. e) Empregado que rescindir o contrato de trabalho por falta grave praticada pelo empregador, terá o direito de receber as verbas rescisórias devidas em caso de pedido de demissão. 5. (TRT – 6ª Região – Magistratura – 2013) De acordo com o entendimento sumulado pelo TST, reconhece-se estabilidade provisória no emprego a) ao dirigente sindical, mesmo tendo ocorrido a extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato. b) ao empregado acidentado que tenha sido contratado por tempo determinado. c) ao membro eleito da CIPA, salvo se suplente. d) à empregada gestante, inclusive a doméstica, desde que contratada por prazo determinado. e) ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, como consequência da admissão mediante aprovação em concurso público. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências BARROS, A. M. de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010. BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em 17 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8036consol.htm. Acesso em 17 jun. 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 17 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. De�ne a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.htm. Acesso em: 17 jun. 2020. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Acesso em: 17 jun. 2020. CAIRO JUNIOR, J. Curso de direito do trabalho. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2018. CISNEIROS, G. Direito do trabalho sintetizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. PIMENTA, A. C. Manual de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. RESENDE, R. Direito do trabalho. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. ROMAR, C. T. M. Direito do trabalho esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. TST. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 379: Dirigente sindical. Despedida. Falta grave. Inquérito judicial. Necessidade. Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. Disponível em: //www.tst.jus.br/web/guest/sumulas. Acesso em: 17 jun. 2020. TST. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 378: Estabilidade provisória. Acidente do trabalho. Res. 185/2012, DEJT 25, 26 e 27.09.2012a. Disponível em: //www.tst.jus.br/web/guest/sumulas. Acesso em: 17 jun. 2020. TST. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 244: Gestante. Estabilidade provisória. Res. 185/2012, DEJT 25, 26 e 27.09.2012b. Disponível em: //www.tst.jus.br/web/guest/sumulas. Acesso em: 17 jun. 2020. TST. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 29: Transferência. Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Disponível em: //www.tst.jus.br/web/guest/sumulas. Acesso em: 17 jun. 2020. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Próxima aula Nulidades do contrato de trabalho; Suspensão e interrupção do contrato de trabalho; Extinção do contrato de trabalho. Explore mais Contrato de Experiência: entenda como funciona esse tipo de contrato de acordo com a lei Novas formas de contratação de trabalho As possibilidades de trabalho intermitente após a reforma trabalhista Da estabilidade provisória do empregado acidentado Gestante dispensada durante contrato de experiência obtém estabilidade provisória javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
Compartilhar