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Universidade Federal Fluminense Centro de Estudos Gerais Departamento de Educação Física e Desportos Programa de Pós-Graduação ANAIS XI ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR - XI EnFEFE - A educação física contribuindo para os processos políticos na escola Niteroí - R.J. Outubro de 2007 Ribeiro, Tomaz Leite (Org.) XI ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 2007, Niteroí. Anais... Niteroí: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, Departamento de Educação Física e Desportos, 2007. 1. Apresentação; 2. Programação; 3. Comunicações livres; 4. Pôsteres, 5 Palestras; Departamento de Educação Física e Desportos Universidade Federal Fluminense R. Visc. Rio Branco s/n CEP:24020-150 - Centro - Niteroí - Rio de Janeiro - Brasil email: gefpos@vm.uff.br mailto:gefpos@vm.uff.br UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE REITOR Prof. Dr. Robeerto de Soujza Salles PRÓ - REITOR DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA Prof. Dr.Humberto Fernando Machado PRÓ - REITOR DE EXTENSÃO Prof. Dr. Sidio Werbes Machado DIRETOR DO CENTRO DE ESTUDOS GERAIS Prof. Dr. Antonio de Pádua Serbeto CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS Prof. Dr. Waldyr Lins de Castro COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Prof. Ms. Nelson Teixeira de Carvalho COORDENADORES DO ENCONTRO Prof. Ms. Aurélio Pitanga Vianna. COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Edmundo de Drummond Alves Jr. Prof. Dr. Waldyr Lins de Castro Prof Ms Aurélio Pitanga Vianna Prof Ms Luiz Tadeu Paes de Almeida Prof Ms Martha Lenora Queiroz Colillo Prof Ms Nelson Teixeira de Carvalho Prof Ms Neyse Luz Muniz Prof. Ms. Paulo Antonio Cresciulo de Almeida Prof Ms Tomaz Leite Ribeiro COMISSÃO CIENTÍFICA Prof Dr Edmundo de Drummond Alves Jr. Prof Dr Waldyr Lins e Castro Prof Ms Luís Tadeu Paes de Almeida Prof Ms Martha Lenora Queiroz Copolillo Prof Ms Nelson Teixeira de Carvalho Prof Ms Neyse Luz Muniz (Presidente) Prof Ms Paulo Antonio Cresciulo de Almeida Prof Ms Tomaz Leite Ribeiro APOIO OPERACIONAL Equipe de funcionários do Departamento de Educação Física e Desportos Assessoria de Comunicação Social Pró- Reitoria de Extensão Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa Alunos e Ex-alunos dos Cursos de Especialização do Dept de Educação Física e Desportos Alunos do Curso de Licenciatura em Educação Física do Dept. de Educação Física e Desportos - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 i EDITORIAL Mais uma vez bem vindos a este nosso espaço. É com muito prazer que recebemos os nossos amigos e parceiros, ampliados agora com os alunos do curso de licenciatura em educação física da UFF. Este Enfefe com algumas novidades. A primeira é o novo formato do EnFEFE, agora com Mesas Temáticas ao invés dos Temas Livres, que eram apresentados em salas separadas. Com isto diminuímos os locais de apresentação de 12 para 4, além de juntar 4 apresentadores em cada mesa. Com isto procuramos evitar a movimentação entre as salas, unindo as mesas por temas, o que acreditamos trará benefícios inclusive para os debates. Por questões financeiras resolvemos não editar os Anais sob forma impressa. A sua distribuição agora será por CD-ROM, além de estarem disponíveis na página do Departamento < http://www.uff.br/gef >. Em não havendo mais despesas com papel mudamos o estilo dos Anais, aumentando o tamanho das letras e os espaçamentos para facilitar a leitura. Um comentário em relação ao tema escolhido. Nos EnFEFEs anteriores cobrimos a maioria dos pontos importantes que dão sustentação teórica à educação física escolar. Para este EnFEFE resolvemos abordar os processos políticos na escola e a participação da educação física nos mesmos. Acreditamos que tanto a discussão dos processos políticos da escola e a participação dos professores de educação física nos mesmos será extremamente benéfico. O tema escolhido reforça o nosso compromisso permanente com a escola pública universal, gratuita e de qualidade. Lembramos, mais uma vez, que na edição dos trabalhos encaminhados não se faz nenhuma correção ou alteração, apenas são formatados no padrão adotado pelos Anais. Este processo de formatação é automatizado e por isto é necessário que os autores dos trabalhos respeitem as recomendações solicitadas. Recomendamos, inclusive, que sejam revistos para correção de erros de digitação e/outros pequenos deslizes. A editoração dos Anais não se responsabiliza pelo que está digitado. Um último comunicado. Deveríamos estar neste encontro sob a coordenação geral do Prof. Ms. Guilherme Rippol de Carvalho. Com o seu falecimento perdemos um grande amigo e companheiro. Estará sempre presente conosco. O Editor em nome das Comissôes Organzadora e Científica Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar ii P R O G R A M A Ç Ã O Dia 19 de Outubro - Sexta-Feira Auditório da Faculdade de Educação 17:00h – Credenciamento 19:00 – Solenidade de Abertura 19:30 – Palestra : “A educação física constribuindo para os processos políticos da escola” Prof. Roberto Alves Simôes Dia 20 de Outubro – Sábado 08:30 / 10:30h – Mesas Temáticas 10:30 10:45h - Intervalo 10:45 / 12:45h – Mesas Temáticas 12:45 / 14:30h – Almoço 14:30 / 16:30h – Mesas Temáticas 16:30 / 16:45h – Intervalo 16:45 / 17:30h – Apresentação dos Posteres 17:30 / 19:30h – Mesas Temáticas Dia 21 de Outubro – Domingo 08:30 / 10:30h – Mesas Temáticas 10:30/ 10:45h- Intervalo 10:45 / 12:00h – Palestra : “Os espa;os políticos na escola e suas interfaces com a educação física” Prof Sergio Esteves da Silva 12:05 / 12:15h - Intervalo 12:15 / 13:30h – Avaliação 13:30h - Encerramento e Confraternização - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 iii • • • • • ÍNDICE TEMAS LIVRES A aids na escola: o que pensam os professores de educação • • • • 1 física da cidade de Guarapari-ES? Walk Loureiro e Kenia dos Santos Francelino Loureiro A criança enquanto produtora de cultura: apontamenos para • • • • 12 pensar prática pedagógica Graziany Penna Dias e outros A docência na educação física escolar: um olhar sobre a 19 reflexão Paulo Henrique Leal e Lílian Aparecida Ferreira A educação física na educação infantil: intervenção no cotidiano • • 31 escolar Rogério de Abreu Dias A educação física na Escola Nacional de Circo: a cultura • • 41 corporal como componente curricular Bruno Gawryszewski e outros A educação física transpondo as dificuldades de aprendizagem na • • • 51 (da) escola. Vandeilson Cosme Gomes Barbosa A escalada como conteúdo da educação física escolar: Uma • • • `60 experiência de trabalho com portadores de necessidades especiais no Instituto Benjamin Constant Alexandre Costa Borba e Ângela Celeste Barreto de Azevedo A importância da aplicação dos jogos cooperativos nas aulas de • • 71 educação física escolar, em auxílio a formação do cidadão. Paulo César B dos Santos Junior e Marcos Antônio Alves da Paixão A importância da dança na escola como forma de • • • • • • 77 socialização Bruna Chaves Silveira e outros A importância de inserir o tema saúde nas aulas de educação • • • • 89 física Marina Carvalho e Flavia Fernandes de Oliveira A participação docente na elaboração do projeto político • • • 97 pedagógico Fernanda Bartoly Gonçalves de Lima A política do covarde e a educação física no 2º segmento • • • • • • 103 do ensino fundamental:uma reflexão crítica Igor Alves de Melo Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar iv A prática da educação física educativo Mauricio Barbosa como processo • • • • • • 114 A reforma da educação superior no Brasil: mediações quanto o papel das diretrizes curriculares da educação física. Tatiane Carneiro Coimbra. • • • • • • 120 A relação de professores (as) de educação física com o projeto político-pedagógico de escolas da rede pública municipal de Juiz de Fora Sara Silva dos Santos e outros • • • 133 A relevância da Animação Cultural no contexto escolar: reflexões a partir da representação do conceito de cultura entre o corpo docente do CIEP Padre Paulo Correa de Sá Américo Venceslau Freire Júnior • • • • 144 A representatividade da educação física e do esporte na escola • • • • Joanna de Ângelis Lima Roberto e Aline de Carvalho Moura • • 151 Ação docente critica em educação física escolar “revendo as práticas e as finalidades”por uma educação física crítico / desportiva Rogério Pinheiro dos Santos Andrade e outros • • • • 160 Ambientes e fatores estimuladores – da educação física escolar ao alto rendimento • • • • Viviane Aguilar da Silva e Ricardo Carlos Santos Alves • • 169 Aprecarização do tabalho do professor de educação física à luz do materialismo histórico dialético Tatiane Carneiro Coimbra. • • • • • • 177 As dificuldades relatadas por professores de Educação Física: um diagnóstico das escolas municipais da Gávea / RJ Bárbara Oliveira dos Santos e outros • • • • • 187 Avaliação e educação física escolar: uma proposta a partir da leitura social Joe Gomes • • 196 Avaliação em educação física escolar • • • • • • • • • • • • Ricardo Palitot Antas e Dinah Vasconcellos Terra • • 206 Cidadania no currículo: o projeto escola cidadã na Escola Municipal Nestor Victor Fernanda Elias dos Reis • • • • • • • • 216 Comunicação na escola de hoje – será que há entendimento entre educador e educando ? Washington Adolfo Batista • • • • • 223 Concepção dialética da educação física: contribuindo, • • • • 229 - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 v transgredindo, mas sempre intervindo nos processos políticos da escola. Gilbert Coutinho Costa Concepções de educação física a partir do estudo do tipo etnográfco de escolas de Educação Infantil em icaraí – Niterói Tatiane Schietti Rodrigues • • • • 239 Corpo e controle no cotidiano escolar: construção do conhecimento Marco Antonio Santoro Salvador desafios na • • • • • • 246 Cultura midiática na educação física escolar: o que temos e o que tememos? Nei Jorge dos Santos Junior • • • • • • 257 Desenvolvendo os jogos Cooperativos nas aulas de educação física Fabiana Pires Rogini • • • • 267 É possivel o professor de educação física trabalhar a motivação na escola? • • • • • Marcos Vinicius Gomes Noronha e Quênia I das Neves Sanches 274 Educação física como um artigo de luxo na escola privada Leonardo Docena Pina • • • • • • • 280 Educação física e inclusão social: as diferentes faces • • • • • • • • • • 289 Thalita Vargas da Silva e Clarissa Salles Costa Educação escola física e política na Jorge Oliveira dos Santos • • • • • • • • • • • • • • • • 295 Educação político física escolar como ato • • • • • • • • • • • • • • Claudio Luis de Alvarenga Barbosa 306 Educação física escolar e legitimidade: com a palavra os alunos Claudiomir do Nascimento Faria e outros • • • • • • 316 Educação fisica escolar trabalho lazer? ou • • • • • • • • • • • • • • 325 Jorge Augusto Correa Ribeiro Educação curricular física escolar: lazer x disciplina • • • • • • • • • • Mauricio Barbosa de Paula e Jeane Alves de Melo 331 Educação física escolar: o descompromisso organização documental dos planejamentos Juraci Mendes Gomes do Rego com a • • • • • • 337 Escola e cultura popular: a relação cultural entre a • • • • • • • 346 vi Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar escola e as comuniudades com forte tradição no congo. Terezinha Moreira dos Santos e Antônio Carlos Moraes Escola, alunos, pais e comunidade: relato de • • • • • • • • • 354 integração Juliana Santos Costa e outros Escolas públicas de qualidade: experiências da prática de • • • • • 362 ensino • Juliana Santos Costa e outros Espaço físico escolar: objeto indispensável para a educação • • • • 371 física? Marcelo da Cunha Matos Estágio curricular em educação física: do aprendizado • • • • • • 380 teórico à prática profissionalizante. Bernardete Paula Carvalho Lima Amaral Estudo sobre bullying nas aulas de educação • • • • • • • • • • • 387 física Milena de Oliveira Russoni e outros Fatores que interferem na • • • • • • • • • • • • • • 395 aprendizagem Sandro Flores de Azevedo Fundamentos teórico-políticos para o professor: a questão • • • • • • 404 da racionalidade técnica Ângela Celeste Barreto de Azevedo e André Malina História de vida dos professores: experiências • • • • • • • 415 inovadoras na educação física em foco Valter Bracht e outros História de vida dos professores: o desinvestimento • • • • • • 424 pedagógico na educação física em foco Valter Bracht e outros História e cultura afro-brasileira (lei Nº 10.639/2003): um • • • • • 435 desafio para a educação física escolar Eliane Glória Reis da Silva Souza e Michelle Rodrigues Ferraz Jogos cooperativos, habilidades sociais e • • • • • • • • • • 444 abordagem sócio-cognitivista. Walmer Monteiro Chaves Jogos cooperativos: uma proposta de inclusão nas • • • • • • • • 454 aulas de educação física escolar Bernardete Paula Carvalho Lima Amaral e outros Jogos estudantis: uma integração dos alunos com atividade física e o • 461 esporte Sarah Guimarães Felix e outros Lixo: uma questão de educação – a transversalidade nas • • • • • • 468 aulas de educação física - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 vii Kátia Laguna de Oliveira e outros O corpo feminino na tv: Reflexões na educação física • • • • • • 475 escolar Nei Jorge dos Santos Junior e Ana Paula da Silva Santos O currículo da educação física escolar numa concepção • • • • • 486 sistemica do ensino no Município de São Pedro da Aldeia. André de Brito Oliveira e Patrícia Rocha da Silva O desenvolvimento do jogo simbólico na educação física • • • • • 497 escolar Ivone José Ivo O famoso Ministério dos Esportes x educação física • • • • • • 503 escolar Renato Sarti dos Santos e outros O itinerário pessoal-profissional e a prática • • • • • • • • • • 510 docente Aline Britto Rodrigues e outros O jogo cadeirobol: uma discussão sobre regras na educação física • • • 520 escolar Francisco Lamassa Junior O professor de educação física no espaço/tempo da • • • • • • • • 529 escola Valéria da Penha Matedi Bufon e outros Olhares sobre a realidade da aula de educação física de uma • • • • 539 escola municipal do rio de janeiro: tecendo a pesquisa com os cotidianos Rosineide Cristina de Freitas e outros Pedagogia histórico-crítica e educação física: • • • • • • • 550 contribuições à utilização da perspectiva crítica da cultura corporal Álvaro de Azeredo Quelhas e Leonardo Docena Pina Planejamento e educação física escolar: práticas educativas • • • • • 559 numa concepção histórico-crítico-social Joe Gomes Promoção da saúde, cultura corporal e aptidão física: • • • • 569 esclarecimentos para uma intervençãosaudável na educação física escolar. Marcos Miranda Correia e outros Reflexões para a educação física escolar a partir das idéias de • • • • 579 gosto, utilidade e norma Diego Luz Moura Representações sobre o ato de ler: possíveis intervenções • • • • 585 pedagógicas a partir do futebol. Felipe Rocha dos Santos viii Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar Roda cultural – Uma vivência das danças populares no campus da UFRJ Aline Oliveira de Sousa • • 593 Sistema Confef/Crefs: empregabilidade e precarização dos profissionais de educação física Ian Anderson de Andrade Nascimento • • • • • • • 599 Solidariedade nas classes populares: uma correlação entre Rio, 40 graus/ Rio, Zona Norte e a atualidade Thaiane Cavalcanti Couto • • 611 Sugestões curriculares mínimas para a disciplina educação física no Município de Volta Redonda Alvaro Rego Millen Neto e outros • • • • • • 622 Tentando ganhar no grito. esporte, educação e vaia no Pan 2007. Marcelo Nunes Sayão • • • • • 631 Uma nova proposta de conteúdo na educação física escolar: o corfebol. Fábio Luiz Candido Cahuê e outros • • • 641 POSTERES A aula de educação física e a formação da imagem corporal: um olhar junguinano sobre o ensino fundamental de Seropédica Fernanda Oliveira Pires e Nilton Sousa da Silva • • • 650 A hierarquia de saberes escolares: a importância do componente curricular educação física para o alunado • • • • • 660 Joice Maia Cerqueira da Silva r Alex Pina de Almeida Agentes sociais da escola e a educação física escolar • • • • • • • • • • `671 Leandro Martins Costa e Alex Pina de Almeida Bullying em aulas de educação física: características, casos e conseqüências para o ambiente escolar • • • • • • 682 Rafael Guimarães Botelho Concepções da especificidade da educação física escolar na visão do professor e suas implicações pedagógicas • • • 690 Luciana Maria Oliveira da Silva Diferenças antropométricas entre meninos e meninas estudantes de escolas públicas do Município do Rio de Janeiro. • • • • 702 Francisco Lamassa Junior Influências históricas na educação física escolar brasileira • • • • • • • 710 Joice Maia Cerqueira da Silva e Edílson Peres dos Santos Pipa, cafifa, papagaio etc. na escola este brinquedo tem • • • • • • • 722 - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 ix vez! Silvia Cristina da Silva Nogueira Projeto popular brincando com a cultura • • • • • • • • • • • • • • 729 Sandra Cardoso Gomes e Fernanda Oliveira Pires PALESTRAS A educação física contribuindo para os processos políticos da escola • • • 736 Roberto Alves Simões Os espaços políticos da escola e suas interfaces com a educação física • • Sergio Esteves da Silva Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar x TEMAS LIVRES A AIDS NA ESCOLA: O QUE PENSAM OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA CIDADE DE GUARAPARI-ES? Walk Loure iro Kenia dos Santos Francel ino Loure i ro Resumo: O presente artigo apresenta parte dos resultados que alcançamos em um estudo – apresentado no IX EnFEFE quando ainda se encontrava em sua fase inicial – que trata do trabalho dos professores de Educação Física escolar com alunos portadores do vírus HIV em suas aulas, no município de Guarapari, no Espírito Santo. De maneira a contribuir com a eliminação do preconceito que os alunos portadores do HIV podem sofrer no espaço escolar fazemos uma reflexão das falas dos professores de EF entrevistados (que de maneira geral sinalizam pela mudança em suas aulas, passando pela exclusão “disfarçada” desses alunos e chegando até sua retirada deliberada pelo fato de apresentarem esse vírus) apontando alguns dos possíveis caminhos para superá-lo. Palavras-chave: Aids. Educação Física Escolar. Escola MOTIVAÇÕES PARA O ESTUDO Apresentamos nesse trabalho parte dos resultados alcançados em estudo que tinha como principal objetivo compreender a relação (permeada de medos, expectativas, - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 1 desconhecimento, mitos, preconceitos, entre outros) que os professores de Educação Física (EF) da Rede Municipal de Ensino de Guarapari estabelecem no desenvolvimento de sua prática pedagógica com crianças portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Propor trabalhar com esse tema foi assumirmos nossa quase que total ignorância a respeito da temática do trabalho do professor de EF com alunos portadores do vírus da aids no ambiente escolar. Parte dessa desinformação poderá ser constatada no primeiro trabalho que publicamos sobre o assunto em ocasião do IX EnFEFE (LOUREIRO e LOUREIRO, 2005). Nele apresentamos nossas primeiras e bastante superficiais impressões a respeito do assunto. Precisamos admitir ainda que focar nosso estudo no trabalho dos professores de EF se deveu a nossa ignorância em acreditar que, por sua prática pedagógica não poder prescindir do movimento dos estudantes, esses docentes talvez estivessem expostos a um maior risco de contaminação pelo HIV por seus alunos do que qualquer outro profissional do espaço escolar. Ao apresentar e analisar nesse texto parte dos depoimentos concedidos pelos professores de EF que participaram de nosso estudo pretendemos, em suma, contribuir para que os demais docentes, que ocasionalmente venham a trabalhar com alunos HIV positivos em suas escolas, disponham de um estudo que possa “[...] dirimir dúvidas, espantar medos, destruir preconceitos dos quais nós professores somos, muitas vezes sem perceber, reprodutores antes de termos acesso às informações que nos tornem capazes de superar o desconhecimento a respeito desse tema” (LOUREIRO e LOUREIRO, 2007, p. 230). O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR: ITINERÁRIOS DA PESQUISA Para não cair na limitação de escolher uma metodologia de investigação a priori, seguindo a “moda” ao optar pelo uso de um dos tipos ferramentas que dispomos para coleta de dados (LUNA, 1988), passamos a discutir se seria mais proveitoso a utilização do questionário ou se a entrevista semi-estruturada seria uma melhor opção para a concretização desse estudo. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 2 As vantagens analisadas para o uso dos questionários, e que justificariam seu uso nesse estudo, eram dar uniformidade aos problemas levantados, devido a padronização das questões, e a possibilidade de contemplar todo o universo de professores (LAKATOS e MARCONI, 2003) de EF da Rede Municipal de Ensino de Guarapari. Como limites identificamos a possível perda de informações importantes, pois ao responder um questionário padronizado nosso informante ficaria restrito a tratar apenas das questões por nós levantadas. Em sentido diametralmente oposto as entrevistas semi-estruturadas apresentavam como vantagem a possibilidade de inferir novas e importantes questões que até o momento da entrevista não tivessem vindo à tona, permitindo o exercício de nossa intuição através da interpretação dos dados recolhidos nas falas dos entrevistados (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Outro ponto que nos fez optar por seu uso foi acreditar que, se bem trabalhadas, as entrevistas podem romper com a lógica da relação sujeito-objeto e todo o distanciamento que essa postura pode gerar entre sujeito pesquisado e o sujeito pesquisador (GARCIA, 2003). Como principal desvantagem a seu uso temos a apreensão que esse tipo de relação pode gerar em nossos informantes, no que se refere ao tipo de tratamento dos dados fornecidos, e ao receiode ter sua identidade revelada (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Para vencer essa desconfiança, diga-se de passagem legítima dos professores entrevistados, decidimos firmar com cada um deles, caso optássemos por esse método investigativo, o Termo de consentimento livre e esclarecido, no qual assumiríamos o compromisso de garantir sigilo total e absoluto de suas identidades, além de fornecer telefone e endereço de correio eletrônico para manter contato com nossos interlocutores. Apesar de todas vantagens e desvantagens apresentadas pelos autores supracitados em se adotar o questionário e a entrevista semi-estruturada, foi Peter Agleton – autor inglês que escreveu um texto sobre o ensino da aids no espaço escolar – que nos fez definitivamente confirmar a escolha da entrevista semi-estruturada como uma melhor técnica de coleta de dados para a concretização do presente estudo pois, para esse autor, Muitos professores sentem-se apreensivos em relação à educação sobre sexualidade e relações sexuais para jovens. Eles podem ter a mesma preocupação - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 3 quando se trata de falar sobre drogas. De certa forma, isso não é de estranhar: poucos adultos talvez se sintam realmente seguros quando precisam responder às perguntas dos jovens, e muitos temem as perguntas que poderão ser feitas sobre seu próprio comportamento e estilo de vida (AGLETON, 2000, p. 122). Sabíamos ser possível que, de maneira similar ao desconforto dos professores citados pelo referido autor em tratar assuntos polêmicos como sexualidade e todas as suas nuanças com seus alunos, os professores de EF se ressentissem em fornecer informações de como eles agiam perante a existência de um aluno em sua turma com o vírus HIV, independentemente da técnica de coleta de informações que adotássemos, uma vez que esse tipo de investigação envolve crenças, valores, tabus e mitos. No entanto, apostamos que poderíamos construir um grau de confiança satisfatório com os sujeitos que se disponibilizassem para participar de nosso estudo de forma a vencer essa barreira. Finalizando a justificativa pelo abandono do uso dos questionários em nosso estudo apresentamos a possibilidade do fornecimento de informações imprecisas e até inverossímeis por essa perspectiva, devido a ausência do pesquisador do momento em que o pesquisado fornece suas informações. Não estamos a dizer que o simples uso da entrevista semi-estruturada possa dar total garantia na confiabilidade das respostas. Tampouco estamos a colocar-nos como mais importantes do que nossos colaboradores. O que queremos deixar claro é que numa entrevista semi-estruturada muitas vezes o silêncio, as expressões faciais, a maneira (e as hesitações) em se responder as perguntas feitas podem trazer uma mensagem implícita muito mais forte e sincera do que um texto de várias linhas e que somente com a presença do pesquisador pode tornar possível fazer um questionamento mais profundo por um ou outro caminho que possa ter sido apontado durante a fala do próprio informante. CONHECENDO AS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE GUARAPARI À época da preparação e da concretização da coleta de dados de nosso estudo, isto é, nos meses de novembro e dezembro de 2006, soubemos, mediante informações fornecidas pela Secretaria Municipal de Educação de Guarapari (SEMED), da existência um total de somente 33 professores de EF situados em 20 das 51 escolas Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 4 municipais de Ensino Fundamental existentes na cidade de Guarapari na Área Urbana. As escolas da Área Rural não entraram em nosso estudo por não apresentarem professores de EF em seus quadros. Definidas as instituições que apresentavam em seus quadros docentes de EF procedemos a visita sistemática a 12 dessas 20 escolas para definirmos quais os professores que entrevistaríamos. Para tanto, era necessário conhecer as escolas, bem como os próprios docentes, identificando aqueles que se dispunham para as entrevistas, bem como os que passariam a nos interessar para conceder a entrevista. Escolhemos 8 profissionais para participar de nossa investigação, distribuídos nas seguintes categorias: 1 professor de EF cursando o ensino superior; 1 formado em EF com mais de quinze anos de profissão; 2 que não possuíam formação em curso superior de EF; 2 recém formados com menos de 5 anos de profissão; 2 formados entre 5 e 15 anos apresentando 5 ou mais anos de profissão. Infelizmente 2 desses sujeitos (1 homem entre 5 e 15 anos de formado e mais de 5 de profissão e uma mulher com mais de 15 anos de profissão) desistiram de participar do estudo alegando falta de tempo para dar uma entrevista sequer. Nome Idade (anos) Gênero Formado em curso superior de EF (anos) Tempo de Profissão (anos) Localização da Escola Igor 19 Masculino Cursando a graduação 1 Periferia Júlia 34 Feminino 7 7 Bairro central Natália 26 Feminino 3 5 Periferia Jeferson 26 Masculino Não formado 7 Bairro central Alberto 27 Masculino 4 3 Periferia Pedro 36 Masculino Não formado 13 Periferia Tabela 1 – Descrição dos professores entrevistados Na Tabela 1 apresentamos os nomes fictícios dos professores entrevistados (e que foram escolhidos por eles mesmos), bem como as características de cada um deles e da localização de suas escolas. Esperamos com essa iniciativa contribuir para que os leitores possam identificar cada um de nossos colaboradores quando suas palavras forem citadas no decorrer desse texto. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 5 AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM ALUNOS HIV POSITIVOS: O QUE PENSAM OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE GUARAPARI Antes de prosseguirmos é preciso reiterar que esse estudo foi motivado pela existência de crianças com aids em uma escola da Rede Municipal de Ensino de Guarapari. Entretanto, dentre os seis professores entrevistados apenas um, o docente Alberto, revelou ter conhecimento da existência de alunos portadores do HIV na escola em que trabalhava no período de nosso estudo. Segundo sua próprias palavras [...] no início eu fiquei meio inseguro, não é porque essas crianças podem se machucar, pode acontecer isso, a qualquer momento e a gente fica prestando atenção o tempo todo naquela criança, não tira o olho dela. Depois a gente vai acostumando, vai relaxando, mas a princípio, eu ganhei umas luvas de borracha de uma professora que na época trabalhava comigo, como precaução, mas não tive cuidado específico com ele não. Os outros não sabiam da condição desse colega, eu achei melhor que não soubessem e coloquei ele no meio lá, normalmente, como se fosse um aluno comum. Só procurei ficar mais de olho (professor Alberto). Todos os demais sujeitos entrevistados afirmaram não ter conhecimento de qualquer aluno com HIV nas escolas em que trabalhavam. Sendo assim, suas respostas caminham na direção de apresentar a maneira como supõem que se comportariam e agiriam diante dessa situação. Desses cinco, quatro revelaram que não mudariam em nada a forma com que trabalham suas aulas atualmente, caso viessem a se deparar com alunos que possuam o vírus HIV, alegando que se o fizessem estariam discriminando- os. Apenas a docente Natália comentou que mudaria ao não dar atividades com muito exercício físico, choque e exposição ao sol, tendo alegado que essas situações provavelmente trariam risco para seus alunos. No entanto, questionados se realizariam uma atividade que envolva contato corporal em que se corresse algum risco do aluno que eles soubessem ser portador do HIV vir a se cortar, da mesma maneira que normalmente planejam suas aulas para os demais alunos, eo porque dessa decisão, todos os seis entrevistados foram categóricos Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 6 ao afirmar que mudariam sua forma de dar aulas, alegando não ser necessário expor os demais alunos ao risco de se contaminar. Trazendo ao conhecimento do leitor a fala de nossos entrevistados temos as seguintes justificativas para essa mudança: Porque eu iria estar colocando em risco os outros alunos que não tem HIV e eu sei também, lógico, que se eu sabendo que os alunos teriam risco eu ia trabalhar atividades com menor risco do aluno se cortar (docente Igor). Porque se uma outra pessoa tiver um machucado que passe o sangue para outro, aí eu evitaria, eu não faria não (professora Júlia). Porque eu preciso prevenir e também muito mais o meu aluno com o HIV. Não tem que se expor, pra que, não é? Não tem necessidade. Eu poderia assim, e se eu provocasse alguma coisa a conseqüência amanhã ou depois é muito maior e eu acho que não tem necessidade disso (docente Natália). Eu tentaria da melhor forma possível não excluir esse aluno, mas não o isentando, não isentando os demais alunos, desse risco. Há um risco! E se eu sei que há um risco eu não posso trabalhar sem contar com ele, então eu tenho de ser bastante cauteloso com as atividades. Agora, eu tentaria da melhor forma possível não excluí-lo, agora vendo que numa atividade não há como fazer com que ele participe sem ter risco eu preferiria estar evitando, passando uma outra atividade, mas de uma forma que não excluísse aquele aluno (professor Jeferson). Para não correr o risco de contaminar outro aluno. Eu procuraria adaptar a atividade de algum jeito sem que houvesse o risco (docente Alberto). Tiraria de fora porque é a mesma coisa quando você se depara com uma pessoa deficiente que não tem porque você fazer uma atividade que ela não acompanha (professor Pedro). Como pudemos perceber todos os sujeitos entrevistados admitiram que tomariam alguma ação no caso de virem a se deparar com alunos com aids em suas aulas, adotando-se desde a mudança de conteúdo, passando pela exclusão de maneira “disfarçada”, podendo chegar até a exclusão deliberada desse estudante da atividade proposta por considerá-lo um risco aos demais alunos. Essa medida de adaptação e/ou do afastamento do estudante com aids das atividades “normais”, ao que parece, funcionam como um instrumento de defesa dos docentes e estes evidentemente não o fazem por maldade, mas por desconhecimento e por acreditarem que existem grandes - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 7 riscos na permanência desse aluno pela possibilidade deles se machucarem nas aulas. Adotando tal medida eles sinceramente acreditam que estão protegendo tanto o aluno soropositivo quanto, e principalmente, os demais estudantes da escola. Refletindo sobre essa preocupação é preciso afirmar que não existem fundamentos no que se refere aos conhecimentos existentes em Epidemiologia que justifiquem essa mudança assumida pelos professores de EF na maneira de darem suas aulas. De acordo com a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, a integração desses alunos “[...] nas salas de aula e nas atividades recreativas ou esportivas, assim como o convívio e as brincadeiras destas crianças com outras, não representam uma ameaça para a saúde no meio escolar, nem implicam em transtornos para a rotina educacional [...]” (ABIA, 1993, p. 8). Em trabalho recente comentamos, baseados nos conhecimentos existentes (e que são de domínio público) sobre as maneiras possíveis de uma pessoa sadia se contaminar com o vírus HIV, que a chance de um estudante se contaminar em ambiente escolar, por meio do contato com o sangue de algum colega soropositivo em uma lesão sua que seja provocada por algum choque em aula é irrisória uma vez que [...] os alunos estão constantemente sobre a supervisão de adultos na escola, o que pode gerar um atendimento mais rápido no caso de necessidade e, principalmente, porque eles estão indo à escola e não a uma batalha campal para um episódio de tamanha magnitude ocorrer (LOUREIRO e LOUREIRO, 2007, p. 234). Fernando Rossetti, em reportagem veiculada na Folha de São Paulo em 10 de maio de 1992 afirmou, baseado em informações obtidas com a Associação Médica Americana, que o risco de um estudante pegar aids no ambiente escolar é o mesmo de um meteoro cair em cima da escola. Ele também afirmara que mesmo em casos de mordidas entre uma pessoa com o HIV e outra sem o vírus não foi verificada a existência comprovada de novos casos de contaminação, segundo pesquisas da Divisão de HIV/Aids do Centro Nacional para Doenças Infecciosas daquele mesmo país (ROSSETTI, 1992). Todas essas informações corroboram que não faz sentido algum proceder qualquer tipo de mudança na maneira de planejar as aulas ou no momento de escolher os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. Aliás, iniciativas como essas não devem ser adotadas, exceto se houver alguma orientação médica que impeça um aluno Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 8 de executar determinada tarefa, pois ao dar atividades sem movimento pode se estar limitando, e até mesmo cerceando, tanto o aluno portador do HIV quanto seus colegas que não tem aids de experimentar, de desenvolver em plenitude suas capacidades físicas, psíquicas, cognitivas e motoras, e todos os processos de interação social advindas com tais atividades. O espaço se apresenta curto para apresentar outras reflexões que alcançamos com a realização deste estudo, o que nos obriga a ir dando contornos finais para nosso artigo. No entanto, como de praxe, colocamo-nos a disposição dos leitores para esclarecer quaisquer dúvidas ou curiosidades que ainda persistam. Quem se interessar por verificar outras reflexões que alcançamos com essa investigação pode conferir a Coleção Pesquisa em Educação Física, volume 5, número 1 (LOUREIRO e LOUREIRO, 2007) no qual apresentamos, dentro das categorias de análise que identificamos, dentre outras coisas: a descrença por parte dos professores de EF na possibilidade da existência de quaisquer alunos soropositivos para o HIV na escola; a necessidade apresentada pelos docentes em fazer parceria com profissionais da saúde sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e o que pensamos a esse respeito. CONCLUINDO, MAS NÃO TERMINANDO.. . À guisa de conclusão deste trabalho, não podemos deixar de assinalar que, ao contrário do que imaginávamos inicialmente, não identificamos diferenças nos relatos dos professores de EF que justificassem diferenciações nesse texto dos docentes que possuem formação em curso superior de EF daqueles que não são formados e dos professores recém formados com pouca experiência na atividade da docência para aqueles (formados ou não) que possuem mais anos de prática pedagógica de EF. Nossa hipótese é que a quase ausência de produção do conhecimento em relação a aids que possa subsidiar o trabalho do professor na escola, além da pouca quantidade de pesquisas que investiguem o cotidiano dos alunos com situação sorológica positiva para o HIV produzida nos últimos 15 anos (KROKOSCZ, 2005), - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 9 podem estar contribuindo para que o conhecimento do professor de EF em relação ao trabalho com esses alunos esteja muito próximo do senso comum. O maior desafio para nós educadores, e não somente os de EF, está em realizar estudos que possam transformar as informações existentes a respeito da epidemia de aids em conhecimento e produzir um conhecimento novo que dê conta de explicar as relações estabelecidas no interior da escola e que possamsuperar o medo, quebrar os tabus e exterminar os preconceitos que os portadores do HIV infelizmente ainda sofrem não apenas no ambiente escolar. Talvez uma investigação interessante seja analisar porque um profissional como o docente Alberto tomaria novamente as mesmas medidas que seus demais colegas de profissão que nunca se depararam com alunos portadores do HIV em suas salas de aula normalmente adotam. Entender porque a experiência de trabalhar com esses alunos não ajudou esse professor a superar a desinformação que ele tinha (em acreditar que existem riscos em de se trabalhar com alunos portadores do vírus HIV em suas aulas) pode contribuir para que essas situações não mais se repitam. Finalmente, acreditamos que a melhor maneira de compreender esse fenômeno é dar um retorno aos professores de EF da Rede Municipal de Ensino de Guarapari (compromisso esse que firmamos na SEMED e que cumpriremos no segundo semestre do ano corrente), sobre os resultados que alcançamos em nosso estudo, levantando novas e importantes questões para, quem sabe, realizarmos outras investigações sobre esse tema. REFERÊNCIAS ABIA. A Aids na escola: nem indiferença nem discriminação. Rio de Janeiro: ABIA, 1993. AGLETON, Peter. Educando sobre aids: uma perspectiva global. In: PINTO, Teresinha; TELLES, Izabel da Silva (Org.). Aids e escola: reflexões e propostas do EDUCAIDS. São Paulo: Cortez, 2000. p. 115-28. BRASIL. Portaria Interministerial n. 769, de 29 de maio de 1992. Ministério da Educação. Ministério da Saúde. In: ABIA. A Aids na escola: nem indiferença nem discriminação. Rio de Janeiro: ABIA, p. 12. 1993. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 10 BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria dos modelos. Porto: Porto Editora, 1994. GARCIA, Regina Leite. Tentando compreender a complexidade do cotidiano. In: GARCIA, Regina Leite. (Org.). Método: pesquisa com o cotidiano. Rio de janeiro: DP&A, p. 9-16. 2003. KROKOSCZ, Marcelo. Aids na escola: representações docentes sobre o cotidiano dos alunos e alunas soropositivos. 2005. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2005. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LOUREIRO, Walk; LOUREIRO, Kenia dos Santos Francelino. A aids/HIV na escola, as possíveis contribuições da educação física perante esse novo desafio. In: ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, 9., 2005, Niterói. Anais... Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2005. LOUREIRO, Walk; LOUREIRO, Kenia dos Santos Francelino. Educação Física e Aids na escola: são necessários cuidados especiais? Coleção Pesquisa em Educação Física, Jundiaí, v. 5, n. 1, p.229-236, jun. 2007. LUNA, Sérgio V. de. O Falso conflito entre tendências metodológicas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 66, p.70-74, ago. 1988. ROSSETI, Fernando. Risco de pegar aids na classe é igual ao de um meteoro cair na sua cabeça. Folha de São Paulo, 10 maio. 1992. In: ABIA. A Aids na escola: nem indiferença nem discriminação. Rio de Janeiro: ABIA, p. 28. 1993. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 11 A CRIANÇA ENQUANTO PRODUTORA DE CULTURA: APONTAMENOS PARA PENSAR PRÁTICA PEDAGÓGICA Graz iany Penna Dias Jhennyfer A l ine L ima Rodr igues L i l ian Cr ist ina Carvalho Vie i ra Mara ísa Fuscald i Cunha Resumo: O presente texto tem por objetivo tecer elaborações sobre a criança e o contexto em que se encontra inserida, no tocante a compreendê-la enquanto produtora de cultura e não somente consumidora. De fato, observamos hoje toda sorte de consumo seja de jogos eletrônicos, brinquedos caríssimos, entre outros; no qual a cultura do lúdico vai aos poucos sendo furtada por um processo de “adultização da infância”. Seja enquanto consumidora da cultura adulta, tecnológica e erotizada, seja enquanto criança trabalhadora que tem de trabalhar (de forma, altamente, precarizada) para ajudar na sobrevivência de sua família. Pautado em Marcellino compreendemos que o aspecto da prática e do consumo, vão depender do nível de envolvimento, no nosso caso, das crianças com determinada manifestação da cultura. Com base nestas contribuições, foram organizadas e desenvolvidas aulas que procuraram transitar com os alunos de níveis mais elementares de prática e consumo para níveis mais superiores de organização das aulas em conjunto com os alunos que passam agora a serem sujeitos ativos nas aulas. Palavras-chave: adultização da infância, produção de cultura, consumidora em potencial, furto da infância. INTRODUÇÃO O presente texto tem por objetivo tecer elaborações sobre a criança e o contexto em que se encontra inserida, no tocante a compreendê-la enquanto produtora de cultura e não somente consumidora. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 12 De fato, observamos hoje toda sorte de consumo seja de jogos eletrônicos, brinquedos caríssimos, entre outros; no qual a cultura do lúdico vai aos poucos sendo furtada por um processo de “adultização da infância”. Seja enquanto consumidora da cultura adulta, tecnológica e erotizada, seja enquanto criança trabalhadora que tem de trabalhar (de forma, altamente, precarizada) para ajudar na sobrevivência de sua família (Silva, 2006). Cabe destacarmos que tal processo de “adultização da infância” não é novo, como veremos mais adiante. Mas, hodiernamente, verte-se com novas roupagens. ADULTIZAÇÃO DA INFÂNCIA E A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR Buscando compreensões do passado, Kishimoto (2001) nos atenta para o fato de que a infância e a cultura de jogos, brinquedos e brincadeiras; tem seu fundamento e organização pela cultura construída num determinado momento histórico. Nas concepções antigas de infância, a criança era vista como um “homem em miniatura”. Nesta visão, a infância era concebida apenas como um percurso para a vida adulta. Tal visão era negativa, pois, nesta idéia a criança seria um ser inacabado “sem nada específico e original, sem valor positivo” (Kishimoto, 2001, p.19). Contra tal visão, diversos pensadores produziram teorias e reflexões que tenderam reverter tal espectro, dando um caráter positivo à infância a partir do séc. XVIII. Desses, um que merece notoriedade é Jean-Jaques Rousseau em sua obra “Emílio”, na qual defendeu a criança como sendo detentora de uma natureza própria que deve ser desenvolvida. “A infância é, também a idade do possível. Pode-se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral” (Kishimoto, 2001, p.19). E tal visão, perpetuou-se ao longo dos tempos ainda que de forma não linear. Não obstante, contemporaneamente, temos observado mudanças na compreensão da visão da criança. Sobretudo com a intensificação do consumo propalado pela - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 13 indústria cultural, que tem promovido um retorno, a nosso ver, a visão negativa de infância, porém com novas vertentes. A intenção não é, como anteriormente, na qual a infância era entendida enquanto percurso para a vida adulta, ou seja, para a criança se tornar um trabalhador, fato este notório nos séc. XVII/XVIII. A perspectiva, no presente momento, é tornar a criança um consumidor em potencial. O grande mote da indústria cultural tem sido a produção sempre crescente, de novas necessidades. De acordo com Freitas (et. al, 2004, p. 113) “Eis a grande força da “indústria cultural”: proporcionar ao homem a necessidade de consumir incessantemente. Insatisfeito, o consumidor garanteo crescimento e a dinâmica do mercado”. Como afirma Marcellino (2006): “A produção cultural da criança é substituída, cada vez mais, por uma produção cultural para a criança, que a considera como apenas consumidor potencial”.(p. 36). Tal substituição é também causada pela redução de áreas livres para o lazer, pela influência crescente dos meios de comunicação, pelo grande número de brinquedos industrializados, sofisticados e atraentes, pelos avanços da informática (Internet), a popularização desse setor e a constante falta de tempo dos pais. Todos esses fatores contribuem para o “furto da infância”. Com o crescimento desordenado dos centros urbanos, observamos a diminuição dos espaços públicos para o lazer (pracinhas, parques, coretos, etc.), Salientamos que de acordo com o artigo 59º do capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Os Municípios, com o apoio dos Estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e juventude”.(grifo nosso). Percebemos que, os projetos políticos pedagógicos, não estão sendo implantados conforme determinação do artigo citado, uma vez que as cidades priorizam o desenvolvimento comercial e funcional. Em síntese, é preciso mais investimentos que favoreçam a criação, ampliação e manutenção dos espaços de lazer. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 14 Enfatizamos que a falta de tempo dos pais, devido ao aumento demasiado da carga de trabalho, vem acarretando um menor convívio com seus filhos, o que compromete as práticas de lazer. Assim, tem sido comum, em nossa sociedade de classes, os pais deixarem suas crianças, cada vez mais novas, em pré-escolas, cursos de línguas e /ou informática, levando à formação do ádulto em miniatura’. “Seria muito bom que o período da infância continuasse a ser o domínio do lúdico, do brinquedo, da brincadeira, enfim de criação de uma cultura da criança. Mas o que ocorre é que, até mesmo para a criança, as atividades lúdicas vem sendo, cada vez mais precocemente, subtraídas do cotidiano”.(MARCELLINO, 2006, p.37). Ressaltamos a importância da brincadeira no desenvolvimento biopsicosocial, ou seja, segundo Marcellino (2006), as brincadeiras servem para desenvolver um processo de socialização, de prazer, de felicidade, possibilitando à criança a vivência da sua faixa etária e ainda contribui para sua formação como ser realmente humano e participante da sociedade em que vive. E não apenas como mero individuo requerido pelos padrões de “produtividade social”. Vivenciando o lúdico, a criança é capaz de consolidar a criatividade e a participação cultural. Concluímos que hoje as crianças por não estarem habituadas a brincar em pracinhas, até pela falta dos ambientes urbanos próprios, e também por conta do uso social da Internet, as mesmas estão perdendo o contato com o meio ambiente e com outras crianças, tendo como conseqüência a não produção cultural feita por ela, bem como as experiências de coletividade, cooperação, etc. Torna-se plausível o incentivo por parte dos pais, dos professores e dos programas das prefeituras de cada cidade, estimular às crianças vivenciarem as diversas práticas corporais de lazer, tanto nos espaços propícios como em casa, para que elas se tornem detentoras da produção de suas culturas. Considerando também a criação das suas próprias brincadeiras ou então a modificação das já existentes, um exemplo claro é o futebol e suas variações como o “Muriae”, gol a gol, dentre outros. Assim é fato que brincadeira proporciona para a criança a espontaneidade e liberdade. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 15 ELEMENTOS PARA PENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA: A CRIANÇA ENQUANTO PRODUTORA DE CULTURA Com base nas exposições feitas, anteriormente, compreendemos que se faz importante resgatar a criança enquanto produtora de cultura e não somente enquanto consumidora passiva de uma cultura pautada na lógica do mercado. Neste sentido, algumas referências tornam-se importantes para poder pensar a ação pedagógica do professor no trabalho com seus alunos. De acordo Marcellino (2006) em momentos de lazer e recreação verifica-se duas posturas: ativa e passiva. Pautado em Dumazedier, Marcellino destaca que o aspecto da prática e do consumo, vão depender do nível de envolvimento, no nosso caso, das crianças com determinada manifestação da cultura. Neste sentido, implica dizer que a prática pura e simples, pode não implicar em ação; e, consumo não necessariamente pode significar passividade. Assim, para se estabelecer o nível de envolvimento, Marcellino destaca que deve-se observar os seguintes níveis de apropriação pelos indivíduos das manifestações culturais. São eles: - Elementar: caracterizado pelo conformismo; - Médio: onde prepondera a criticidade; - Superior ou inventivo: quando impera os processos criativos; Com base nestas contribuições, foram organizadas e desenvolvidas aulas que procuraram transitar com os alunos de níveis mais elementares de prática e consumo para níveis mais superiores de organização das aulas em conjunto com os alunos que passam agora a serem sujeitos ativos nas aulas. Estas aulas foram realizadas no colégio municipal Olinda de Paula Magalhães da cidade de Juiz de Fora/MG, com turmas de 2º e 3º ano do ensino fundamental. As aulas foram organizadas com base em métodos criativos que são importantes instrumentos educativos (Taffarel, 1985) que permitem uma maior compreensão e envolvimento, no nosso caso, dos alunos sobre as manifestações dos jogos e brincadeiras. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 16 Em cada aula o professor, inicialmente, conversa com os alunos sobre a proposta da construção coletiva dos jogos e brincadeiras com base nos possíveis objetos oferecidos pelo professor. Num primeiro momento a idéia foi que, sobre cada objeto, pudessem ser criadas formas variadas de brincadeiras. E num segundo momento que pudessem ser construídos jogos e brincadeiras com a utilização de dois ou mais objetos ao mesmo tempo. Foram utilizados: bambolês, bolas de borracha e de meia, garrafas de plástico vazias. No decorrer das aulas foi possível observar uma gama de jogos e brincadeiras construídas e realizadas pelos alunos. O aspecto da participação foi amplamente observado. E nesta perspectiva, acreditamos que foi possível o resgate da criança enquanto produtora de cultura, na medida em que as atividades e brincadeiras realizadas foram construídas coletivamente. Numa perspectiva teleológica, que vislumbra uma perspectiva futura de transformação da sociedade, entende que se faz necessário estar resgatando a perspectiva coletiva, na qual os homens se reafirmam e se reconhecem enquanto sujeitos históricos produtores da realidade. Obs: O autor Graziany Penna Dias (grazianypenna@bol.com.br) é professor da Escola Municipal Olinda de Paula Magalhães (Juiz de Fora/MG), professor da Faculdade de Educação Física e Desporto (FAEFID) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e membro do GETEMHI. E as autoras Jhennyfer Aline Lima Rodrigues (jhennyjf@bol.com.br), Lilian Cristina Carvalho Vieira (licacarv@ig.com.br) e Maraísa Fuscaldi Cunha (maraisaed.física@yahoo.com.br) são alunas de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: FREITAS, Ricardo Ferreira; HELAL, Ronaldo e PIZZI, Fernanda. Indústria Cultural. In: GOMES, Christianne Luce (org.) Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004 pp. 112-115. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Jogo e a Educação Infantil. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.) Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a educação. – 5ª ed. –São Paulo: Cortez, 2001, pp. 13-44. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 17 MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do lazer: uma introdução. 4ª ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2006. SILVA, Maria Liduína de Oliveira. Adultização da Infância: o quotidiano das crianças trabalhadoras no Mercado Ver-o-Peso, Belém do Pará, Brasil. Website: www.cpihts.com/2003_08_07/adulinf.htm. Acessado dia 12/09/2006. TAFFAREL, Celi Nelza Zülke. Criatividade nas aulas de educação física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985 Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 18 A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM OLHAR SOBRE A REFLEXÃO Paulo Henr ique Leal L í l ian Aparec ida Ferre i ra Resumo: É cogente mencionar que há múltiplos elementos que circunscrevem a ação docente, tais como os saberes, à sensibilidade, a intencionalidade, o senso crítico, a inteligência, a didática, o poder de adaptação, a contextualidade de cada ambiente escolar, a motivação e a própria intuição do professor. Juntamente a estes elementos, entra em cena o processo reflexivo que, em conjunto, auxiliarão o docente a operar seu ofício com maior fluidez, significado e desenvoltura, isto é, perícia. Na Educação Física escolar, em detrimento à dinâmica reflexiva, muitas vezes, a ação profissional enfastiosa se torna evidente: os professores executam os mesmos exercícios, as mesmas atividades, indiferentemente das necessidades ou características de seus alunos; não exercem o pensamento crítico sobre o que fazem e, naturalmente, tornam a atuação docente mecânica e automática, chegando até a produzir a impressão de que agem sem ao menos pensar no motivo, no significado ou no sentido de tais execuções. Neste sentido, o presente texto tem o objetivo de apresentar a porfiosa relação entre a prática docente e a atividade reflexiva acerca da Educação Física escolar, bem como as implicações da execução ou não aplicação desta sobre aquela. Para tanto, foi utilizada a revisão da literatura no intento de relacionar, problematizar e contextualizar tais processos. É esperado que esta discussão contribua para uma melhora no exercício docente àqueles que anseiam uma prática pedagógica mais crítica, significativa, não cristalizada e reflexiva, em prol dos seus alunos. Palavras-chave: Reflexão na docência; Reflexão e Educação Física Escolar; Reflexão e Formação. INTRODUÇÃO Na prática pedagógica docente, no âmbito da Educação Física escolar, é possível observar diferentes saberes profissionais, cujos quais são historicamente - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 19 constituídos e, ao mesmo tempo, contextualizados pela própria comunidade escolar em meio às relações que o professor estabelece com seus alunos, funcionários e demais agentes educacionais. Com base nisto, suas ações neste contexto, bem como seus conhecimentos e até mesmo sua experiência, passam a ser fundamental para docentes que buscam efetivar uma atuação consciente, reflexiva e politizada (BENASSULY, 2002). Neste sentido, “a consolidação do conhecimento profissional educativo [...] apóia-se na análise, na reflexão e na intervenção sobre situações de ensino e aprendizagem concretas e, é claro, em um contexto educativo determinado e específico.” (IMBERNÓN, 2005, p. 67). É de conhecimento, no entanto, que a ação docente é tida como irresoluta, oscilante e imprevisível devido às inúmeras variáveis existentes na esfera escolar. Este ambiente cômpito em que o professor se depara dia-a-dia, pode ser considerado, portanto, um recinto multifacetado em suas dimensões contextuais educativas. Seguindo este raciocínio, vê-se que o docente encontra inúmeras dificuldades em cumprir seu ofício conforme planeja ou, ainda, em realizar o próprio planejamento e outros exercícios, tais como a atividade reflexiva de suas ações pedagógicas, seja por falta de tempo, seja por falta de motivação. Consequentemente, a falta da aplicação deste processo sobre suas aulas ou de espaços que permitam que os professores o exerçam pode fazer com que estes apresentem características de cristalização de suas ações, isto é, de acomodação em suas respectivas práticas pedagógicas. Contudo, na Educação Física escolar, esta ação profissional enfastiosa se torna ainda mais evidente: os professores executam os mesmos exercícios, as mesmas atividades, indiferentemente das necessidades ou características de seus alunos; não exercem o pensamento crítico sobre o que fazem e, naturalmente, tornam a atuação docente mecânica e automática, chegando até a produzir a impressão de que agem sem ao menos pensar no motivo, no significado ou no sentido de tais execuções. Neste sentido, o presente texto tem o objetivo de apresentar a porfiosa relação entre a prática docente e a atividade reflexiva acerca da Educação Física escolar, bem como as implicações da execução ou não aplicação desta sobre aquela Para tanto, foi utilizada a revisão da literatura no intento de relacionar, problematizar e contextualizar tais exercícios. É esperado que esta discussão contribua para uma Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 20 melhora no exercício docente àqueles que anseiam por uma prática pedagógica mais crítica, significativa, não cristalizada e reflexiva, em prol dos seus alunos. REFLEXÃO NA DOCÊNCIA O ato educativo na docência deve remeter, sobretudo, uma perspectiva política e crítica, pois nesta, de fato, a atividade reflexiva tem sentido (BONDÍA LARROSA, 2002). Com este prisma, construir-se-á, conforme o autor, “[...] sujeitos críticos que, armados de distintas estratégias reflexivas, se comprometem, com maior ou menor êxito, com práticas educativas concebidas na maioria das vezes sob uma perspectiva política” (p. 20). Etimologicamente, Ferreira (1977) salienta que reflexão é “ato ou efeito de refletir; retorno do pensamento sobre si mesmo, com vista a examinar mais profundamente uma idéia, uma situação, um problema [...]” (p. 537). O termo assim definido na língua portuguesa nos instila a observar que refletir está muito além do simples pensar sobre. Na perspectiva de Rios (2002), “Uma reflexão implica sempre uma análise crítica do trabalho que realizamos. Se estamos fazendo uma reflexão sobre nosso trabalho, estamos questionando sua validade, o significado, que ele tem para nós e para os sujeitos com quem trabalhamos, e para a comunidade na qual fazemos parte e que estamos construindo. A resposta às questões que nos propomos só pode ser encontrada em dois espaços: no da nossa prática, na experiência cotidiana da tarefa que procuramos realizar, e no da reflexão crítica sobre os problemas que essa prática faz surgir como desafios para nós.” (p. 46-47) É exatamente este entendimento sobre reflexão que a presente investigação defende ao se mencionar reflexão, processo reflexivo ou atividade reflexiva. Este exercício tem como característica a criticidade, a consciência, a intencionalidade na aplicação de tal, de modo que, após o rearranjo do que é vivido, sentido e percebido pelo sujeito, haja uma nova ação, direta ou indiretamente transformada. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 21 Da mesma forma, a reflexão é um processo com o qual o docente habilidoso se depara e o exerce continuamente em sua trajetória profissional. Segundo Ferreira (2006) “tomar consciência do que se faz para efetuar mudanças é um processo que pode se dar através da reflexão” (p. 53). Segundo Gandin (1995) “a experiência não vem de se ter vivido muito, mas de se ter refletido intensamente sobre o que se fez e sobre as coisasque [nos] aconteceram” (p. 91). É cogente mencionar que há múltiplos elementos que circunscrevem a ação docente, tais como os saberes, à sensibilidade, a intencionalidade, o senso crítico, a inteligência, a didática, o poder de adaptação, a contextualidade de cada ambiente escolar, a motivação e a própria intuição do professor. Juntamente a estes elementos, entra em cena o processo reflexivo que, em conjunto, auxiliarão o docente a operar seu ofício com maior fluidez, significado e desenvoltura, isto é, perícia. Na palavras de Perez-Goméz (1997), “A reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo de sua experiência, um mundo carregado de conotações, valores, trocas simbólicas, correspondências afetivas, interesses sociais e cenários políticos. A reflexão, diferentemente de outras formas de conhecimento, supõe uma análise e uma proposta totalizadora, que captura e orienta a ação.” (p. 37) Em contrapartida, como destacam Batista e Costa (2005), não basta, ao professor, viver alguma eventual transformação sem apresentar o entendimento de tal vivência. Cabe aos professores, a partir do significado da sua experiência, a construção e transformação de seus saberes-fazeres docentes (PIMENTA, 2002), a fim de que sejam reorganizadas e reestruturadas suas estratégias de ensino conforme cada realidade e contexto de trabalho. As inúmeras transformações vividas pelos docentes ao longo de suas carreiras, segundo os sujeitos investigados por Ferreira (2006), têm a provável ocorrência “[...] por influência dos conhecimentos que os professores vão construindo sobre os alunos e sobre o contexto escolar, ou seja, são as necessidades resultantes desses contextos que mobilizam os iniciantes a efetuar essas adaptações.” (p. 127), refletindo constantemente sobre suas ações em seu ofício. É viável trazer à memória que durante todo este processo transformativo, não estão descartados o poder de adaptação, a intuição, a sensibilidade ou até mesmo os Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 22 momentos de insight do docente, frente às sinuosidades de seu ofício. Ao lado disto, porém, quanto maior a profundidade do processo de caminhar dentro de si – ou, de forma semelhante, o que Josso (2004) denomina por Cheminer vers soi [Caminhar para si] -, na relação entre temporalidade e experiência que tal processo demanda, o professor vai seguindo em direção à mestria, isto é, à experiência na docência. Caldeira (2001) advoga que os professores têm concepções, comportamentos, idéias e atitudes relacionadas ao ensino que se perpetuam desde o período em que eram discentes. Conforme a autora, “a influência desse período é enorme porque responde a experiências reiteradas que se adquirem de forma não- reflexiva, como algo natural, escapando, assim, à crítica [...]”. Assemelhando-se a esse ensejo, Tardif e Raymond (2000) asseveram que durante toda sua trajetória de vida (pessoal e profissional), os docentes interiorizam uma determinada quantidade de saberes, conhecimentos, crenças, valores e competências - as quais fundamentam sua personalidade, tal qual suas relações com seus alunos -, que são freqüentemente reutilizadas e reatualizadas em suas aulas, com forte convicção, porém de modo não reflexivo. Nota-se, portanto, que o reexame das ações educativas no professorado é um exercício que deve ocorrer ininterruptamente. Em linhas gerais, ao refletir sobre sua prática o docente adquire experiências construtivas, positivas e formativas, o que culmina numa aprendizagem qualitativa e não quantitativa (LEAL; FERREIRA, 2006). Além disto, conforme Mizukami (1996), a reflexão oferece aos docentes “[...] a oportunidade de se tornarem conscientes de suas crenças e suposições subjacentes a essa prática. Possibilita, igualmente, o exame de validade de suas práticas na obtenção de metas estabelecidas. Pela reflexão eles aprendem a articular suas próprias compreensões e a reconhecê-las em seu desenvolvimento pessoal.” (p. 61) (p. 53-54) Para Josso (2004), toda nova vivência presenciada pelo docente perturba tanto sua perspectiva conceitual quanto o contexto em que ele se insere. É por isso que a autora defende a necessidade do trabalho interior na tentativa do professor explicitar tudo o que se passou para si mesmo. O sujeito confronta suas atitudes e decisões tomadas frente às situações vivenciadas, de modo que, frente às incertezas de seu ofício, sua próxima ação poderá sofrer alterações, consciente ou inconscientemente, em função - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 23 desta análise não somente interior, mas da reflexão efetuada sobre todo o contexto escolar. É evidente que essa atividade de caminhar dentro de si, bem como todo o modo de agir e de se relacionar em suas esferas educacionais, são divergentes entre um docente perito e um iniciante. Para Alarcão (1996), “O que distingue um profissional experiente de um novato não é tanto a quantidade do saber, mas a sua qualidade, a capacidade de relacionar, seleccionar, ajustar, adaptar ao contexto, prever, pôr em acção a sua flexibilidade cognitiva e fazê-lo com rapidez, espontaneamente e sem esforço. [...] A diferença entre os profissionais e os novatos é que estes estão dependentes do conhecimento de uma maneira muito mais directa do que os profissionais experientes que, por sua vez, dependem muito do conhecimento assimilado e tácito.” (p. 29) Em continuidade, a autora adiciona que, independente do caso, isto é, quer seja perito, quer seja noviço, o professor tem a oportunidade de realizar a atividade reflexiva sobre seus conhecimentos e sobre sua atuação. Nesta vereda, conseqüentemente, é possível que o atuante caminhe e mergulhe dentro de si, no fito de melhorar constantemente seu exercício docente. Eis que, para tanto, a emersão dessa flexibilidade cognitiva se faz imperiosa. É importante frisar, contudo, que no processo de interiorização, de auto- reflexão que o docente exerce, também estão inseridas as relações que este estabelece com seus alunos e com seus colegas de profissão. Dito de outra forma, deve ser considerado o fato de que o professor insere-se em uma atividade fundada, primeira e essencialmente, nas interações entre pessoas, entre seres humanos (BORGES, 2005). Logo, suas ações no professorado tal qual a atividade reflexiva sobre estas, podem vir a ser norteadoras para outros sujeitos que delas compartilharem. Com efeito, é exatamente nesse caminho multifacetado que o professor interage com seus alunos e colegas de profissão, compartilha sentimentos e aprendizagens, confronta valores e paradigmas, constrói e reconstrói saberes, cria estratégias e reformula outras. Enfim, neste labiríntico e incerto ambiente, o docente erra e aprende, descobre e recobre métodos, saberes e condutas por intermédio de sua Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 24 atuação e de sua reflexão sobre a mesma. É neste lugar, ainda, que ele oferece aos alunos sua interioridade, seu eu representado pela sua ação e intenção educativa. Em consonância, em busca da panacéia por uma atividade docente compromissada, ativa, crítica, cooperativa, reflexiva, Caldeira (2001) elucida as características do trabalho coletivo na competência escolar, dizendo que operar em conjunto significa [...] organizar reuniões coletivas e sistemáticas para estudar, trocar experiências, refletir sobre os problemas encontrados na prática cotidiana na sala de aula e na escola e tomar decisões em relação a esses aspectos. Cabe ao coletivo de professores questionar sua própria prática, revisá-la e refletir sobre o que está fazendo e por que fazê-lo dessa maneira e não de outra. Cabe, também, ao professorado compartilhar saberese experiências, trocar informações sobre os alunos, confrontar pontos de vista diferentes, refletir sobre os saberes por eles produzidos. (p. 93-94) Acompanhando este pensamento, podemos obter pistas indicativas de que a atividade reflexiva é um artifício indispensável para que os professores sintam-se consideravelmente mais seguros diante do ofício docente. Todavia, tal processo não se dá via de regra, isto é, a reflexão por si só não garante que o professor sinta total segurança e, tampouco se torne um sujeito perito em sua arte. No trabalho intitulado “Reflexão crítica sobre o pensamento de D. Schön e os programas de formação de professores”, Alarcão (1996) considera que o autor defende a idéia de que para transcender as situações inéditas, indefinidas, e desiguais ocasionadas pelo ofício docente, de modo a tomar decisões plausíveis, é cogente que o profissional exerça com empenho o componente reflexivo conforme cada contexto educacional vivenciado. Com efeito, esta perspectiva também nos instila a pôr em discordância o pensamento tecnicista no qual o professor é tido como um mero aparelho reprodutor que, mecanicamente, transfere conhecimentos aos seus aprendizes, não se importando com a contextualidade das situações e tampouco com as individualidades e/ou necessidades de seus alunos. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 25 Ferreira (2006) enumera diversas faces que se sobressaem no âmbito da hodierna concepção alusiva à formação profissional contínua no professorado. Entre elas, se destaca a necessidade de se “[...] valorizar a reflexão docente como tomada de consciência e mudança das suas ações [...]” (p. 52). Logicamente, podemos presumir que uma vez transformado o contexto, este reagirá de uma outra maneira sobre o sujeito que, por sua vez, necessitará de uma nova interpretação e reflexão sobre seus saberes e conhecimentos, para então reorganizá-lo e planejar suas novas ações. Em outra direção, a reflexão se caracteriza como ferramenta indispensável para o desenvolvimento profissional e pessoal do professor se também for organizada em meio a situações que envolvam atividade reflexiva partilhada, tendo em vista a preciosidade do aprofundamento nos efeitos formativos de sua trajetória de vida (CAVACO, 1999), os quais são partes de sua própria experiência. O conhecimento, a história de vida, os saberes, as vivências, tais qual a experiência, são, portanto, fontes indispensáveis para o processo reflexivo na docência no anseio por uma atuação perita. Esse, por sua vez, é um exercício primordial para a compreensão e significação - mesmo que efêmeras e provisórias - do conhecimento, dos saberes, das vivências, da experiência e da própria história viva dos professores. Ferreira (2006, p. 53) afirma que “a aprendizagem docente é processual, portanto demanda tempo e não se pode esperar resultados imediatos”. É possível cogitar que há uma latente necessidade da releitura contínua sobre esse processo. Desta forma, torna-se evidente que há uma relação intrínseca entre a experiência e o tempo cronológico no qual o docente se insere, e toda a atividade reflexiva exercida durante tal. Destarte, o primeiro não possui relação direta com o segundo, ou seja, ter percorrido um longo período de tempo na carreira docente não oferece denotação adequada ou suficiente para considerarmos que tal sujeito seja, de fato, um professor experiente. Da mesma forma, o sujeito perito, no professorado, não é aquele docente que meramente tem um extenso exercício reflexivo em sua profissão. Para corroborar estas indicações, os resultados obtidos na investigação realizada por Leal e Ferreira (2006) sublinharam mudanças, ao longo do tempo de carreira, nas concepções dos professores de Educação Física entrevistados, assim como suas atitudes, estratégias, metodologias e procedimentos de ensino. Tais processos foram oriundos da incessante busca por melhorias em suas ações pedagógicas e nas relações com os alunos no transcursar no tempo. Anais do XI Encontro Fluminense de Educação Física Escolar 26 A mesma pesquisa ainda apontou que, para se ser experiente ao longo de seu ofício, no terreno da Educação Física Escolar, o docente deve: a) possuir vivências diversificadas, independentes, imperativamente, do tempo de carreira do mesmo; b) atualizar-se e inovar-se constantemente, abandonando a mesmice; c) aprender com os alunos; e d) realizar, continuamente, o processo de reflexão sobre sua ação profissional. Todos os professores consideraram-se experientes por apresentarem tais características e por estarem num processo contínuo de busca e aprimoramento profissional (LEAL; FERREIRA, 2006). Entretanto, Alarcão (2005) salienta que também é necessário que o docente apresente a capacidade de interagir com o conhecimento de forma autônoma, criativa e maleável. Da mesma forma, é preciso que possibilite tal capacidade a seus alunos, haja vista que essa interação “[...] é a melhor preparação para a vivência no nosso mundo supercomplexo, incerto, sempre pronto a exigir novos saberes, inspiradores de novas acções.” (ALARCÃO, 2005, p. 30). Desta forma, com um novo olhar sobre tal pesquisa, foi possível constatar que ainda havia algo a ser adicionado às características do professor experiente: para se ser experiente ao longo de sua profissão, também é indispensável o fato de que, além de realizar o processo de reflexão, o professor de Educação Física deve permitir que seus alunos reflitam, no intuito de que se tornem sujeitos mais críticos e conscientes não somente na escola, mas também na vida dos mesmos. Em conformidade às constatações precedentes, pode-se conjecturar que ser um professor experiente na Educação Física escolar requer tempo na carreira, porque para se ter vivenciado inúmeras situações, para se ter realizado profunda e continuamente a atividade reflexiva sobre suas ações, para se ter aprendido a aprender junto aos seus alunos, para se ter ascendido qualitativamente quanto às mudanças nas concepções, estratégias, atitudes, metodologias e procedimentos de ensino desde o início da carreira até o estágio do ser perito, o tempo se faz preponderante e imprescindível à profissão docente. É por isso que a aplicação do processo de reflexão pode auxiliar este docente a atuar com maior criticidade sobre seu trabalho, no intento de ministrar aulas mais significativas aos seus alunos, ao mesmo tempo em que não permita que suas aulas se tornem mecânicas e rotineiras, permanecendo fossilizadas ao longo do tempo de trabalho na escola. - Dept. de Educacão Física e Desportos - 2005 27 CONTRIBUIÇÕES DA REFLEXÃO PARA A DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Não se pode sopesar, portanto, no âmbito do professorado, um sujeito experiente sem que este tenha tido tempo para se identificar como profissional, para se conhecer junto aos seus alunos. Não através, mas ao lado da opulência proporcionada pelo tempo cronológico que o docente poderá, verticalmente, caminhar dentro de si, refletindo sobre seus valores, suas crenças, seus anseios, seus critérios, seus comportamentos, seus medos, suas dúvidas, suas dificuldades, suas estratégias, seus relações com os companheiros de trabalho, bem como suas relações e ações diante e para seus alunos. Desta maneira, é pertinente aclarar que neste movimento reflexivo, ao longo do tempo de trabalho na escola, todos seus atos vividos e sentidos se tornem mais significativos ao próprio sujeito, além da possibilidade de serem partilhados e contextualizados através de espaços que permitam a tomada de consciência reflexiva em conjunto com outros professores e agentes escolares. É conexo elucidar, portanto,
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