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Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento Prof. Allan Saffiotti 1ª Edição | Junho | 2014 Impressão em São Paulo / SP Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Allan Saffiotti Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Marilia Lopes Revisão Ortográfica Vanessa Almeida 1a Edição: Junho de 2014 Impressão em São Paulo/SP Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento Sumário Unidade 1 5 Ciência e Psicologia 1.1 O que é psicologia 1.2 Psicologia e Relações Humanas 1.3 Dinâmica de Grupo Unidade 2 15 Aspectos psicológicos do acidente do trabalho. 2.1 Psicologia e relações de trabalho na atualidade Psicologia 2.2 Aspectos Psicológicos dos Acidentes de Trabalho Unidade 3 22 Treinamento de Pessoal 3.1 O que é Treinamento 3.2 Planejamento Referências Bibliográfi cas 5 Unidade 1 Ciência e Psicologia 1.1 O que é a Psicologia? A psicologia se estruturou como ciência no fi- nal do século XIX, fruto de um amplo processo his- tórico, tendo recebido influências tanto da Filosofia quanto da Fisiologia. Esta nova ciência foi desenvol- vendo um conjunto de saberes e técnicas que visa- vam à intervenção sobre a ação e a reflexão humana. (SOARES, 2010). Apesar de ser considerada uma ciência jovem, é comum ouvirmos, e também usarmos em nosso cotidiano, termos tirados das práticas e teorias psi- cológicas, ou ainda usarmos o termo psicologia com outros sentidos. Por exemplo, quando alguém fala que o vendedor usou de sua psicologia para conse- guir convencer o cliente a comprar, ou quando se diz que aquele rapaz usou da psicologia para conquis- tar uma garota. Outras vezes, os termos são usados com um sentido mais ou menos próximo ao científi- co, como quando para falarmos de alguém que está triste, dizemos está deprimido, ou quando aponta- mos alguém que fala alto, como histérico. Esse uso aponta para uma apropriação, pela sociedade, do conhecimento construído pela Psicologia enquanto área do saber. Mesmo que esta apropriação ocorra 6 de maneira superficial, implica que os métodos e práticas específicas e a linguagem rigorosa da ciência psicológica tenham sido disseminados pela cultura e alcancem em alguma medida os discursos cotidianos e o senso comum. O objeto de estudo da Psicologia, num sentido mais amplo, é o ser humano, o que a coloca dentro das chamadas ciências humanas e, nesse caso, o pes- quisador também está inserido na categoria a ser es- tudada, já que ele também é um ser humano e viven- cia os fenômenos investigados pela Psicologia. No entanto, há muitos modos diferentes de compreen- der o ser humano e, por isso, há muitas escolas e pa- radigmas dentro da Psicologia, que elegem diferen- tes objetos de estudo para a ciência psicológica. Se perguntarmos a um psicólogo comportamental, ele dirá que o objeto de estudo da Psicologia é o com- portamento humano, pois ele pressupõe que apenas os fenômenos observáveis devem ser estudados. Se perguntarmos a um psicólogo psicanalista, ele dirá que o objeto de estudo é o dinamismo inconsciente, pois pressupõe que grande parte de nossas atitudes provêm de uma instância não totalmente acessível pela racionalidade. Para um gestaltista, a Psicologia estuda a relação entre os diversos fatos psicológi- cos. Outros ainda dirão que é a consciência, ou a personalidade. Estas diferentes formas de estudar e compreender a Psicologia apontam para a diversida- 7 de própria do homem e sua capacidade múltipla de pensar sobre si mesmo. Nesta apostila, caminharemos apoiados, princi- palmente, nas noções da Psicologia Social para com- preender as relações humanas e o mundo do traba- lho. Na perspectiva da Psicologia Social, o universo subjetivo de uma pessoa é influenciado e também influencia as relações sociais em que ela está inseri- da, formando uma totalidade complexa que deve ser analisada em conjunto. Adotaremos, por uma ques- tão didática, a subjetividade como objeto de estudo da Psicologia. Bock, Furtado e Teixeira (2008), afir- mam que a subjetividade: é o ser humano em todas as suas expressões, as visíveis (o comportamento) e as invisíveis (os sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos todos assim) – é o ser humano-corpo, ser humano-pensamento, ser humano-afeto, ser huma- no-ação e tudo isso está sintetizado no termo subjeti- vidade. (p.22) A Psicologia Social, como uma disciplina de fronteira entre a vivência psíquica, (individual) e o mundo socialmente construído, não se caracteriza por focalizar a subjetividade no homem separado de seu contexto, mas pela exigência de encontrar o homem 8 no campo intersubjetivo e horizontal das experiências compartilhadas no meio em que nos encontramos. Isto significa que o homem só pode ser compreendi- do e encontrado no meio de outros homens (GON- ÇALVES FILHO, 1998). A análise das experiências individuais se beneficia do estudo do tempo social, pela maneira como cada época organiza as relações dos homens entre si e com a natureza. 1.2 Psicologia e Relações Humanas A partir do que foi apresentado, podemos afir- mar que, para a Psicologia Social, a vida em socie- dade é condição para nossa existência. Não há algo como uma natureza humana, pois, nosso aparato biológico não garante que tenhamos este ou aquele comportamento diante do mesmo estímulo. Quan- do fazemos a pergunta “quem somos?”, necessaria- mente, precisamos dizer dos nossos pais, das escolas que passamos, do bairro e da cidade que moramos, da época que nascemos e dos que vieram antes de nós. Além das condições nas quais a vida é dada ao homem na Terra, e a partir dela, os homens trans- formam a natureza e criam suas próprias condições (ARENDT, 1989) e a forma como nos relaciona- mos uns com os outros está sempre relacionada com essas condições e momento histórico. Toda nossa herança cultural, tudo o que o homem produziu ao 9 longo da história (materialmente, tecnicamente e ar- tisticamente), é condição para nossa existência. Por outro lado, afirmar que o homem é um ser social não significa que ele seja determinado pelo social, pois, se assim fosse, uma geração seria sempre espelho da anterior. Como nos diz Arendt (1989), “o novo começo inerente a cada nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente porque o recém- -chegado possui a capacidade de iniciar algo novo”. Na nossa sociedade atual o sistema econômico cada vez mais passa a ser legitimado como forma reguladora dos vínculos sociais, passando a mediar suas relações com a família, trabalho, cidade e até com seu próprio corpo, com enormes perdas nas esferas ética, estética e erótica (BOSI, 1992). Nesse contexto, ao invés do novo, do singular, é esperado de cada um de seus membros certo tipo de compor- tamento, imposto por regras que tem como objetivo a “normalização”. Ao fazê-los “comportarem-se”, aboli-se a ação espontânea e a preocupação recai no equacionamento com a posição social. Daí o confor- mismo típico da sociedade moderna, onde a igual- dade perde seu status de prerrogativa para a liberda- de para se reduzir a questões privadas do indivíduo (ARENDT,1981). Entender essa relação entre condicionamento da sociedade e aparição da singularidade na forma- ção do indivíduo, ou do contrário, no fenômeno da 10 adesão cega a um líder ou uma ideologia (como no caso do nazifascismo) foi uma das questões que mais influenciaram as pesquisas em Psicologia Social ao longo do século XX. 1.3 Dinâmica de Grupo Vários autores em psicologia estudaram como os grupos humanos são formados, como se dão as relações entre os membros do grupo ou com outros grupos, como se mantém coesos ou desmancham, como seus modos de acontecer se cristalizam ou semodificam. Por exemplo, temos as pesquisas de Solomon Asch, as de Kurt Lewin (Psicologia Dinâ- mica), que foram fundamentais para a compreensão das relações humanas no mundo moderno. Asch interessa-se em compreender como os indivíduos são levados a se conformarem com as normas do grupo ao realizarem julgamentos, ainda quando é evidente que estes julgamentos estão in- corretos (ASCH, 1966). Em uma de suas experiên- cias sobre a força de influencia social e processos intergrupais, um sujeito é colocado diante de uma si- tuação aparentemente simples: comparar o compri- mento de linhas em um quadro. Neste experimento, o sujeito é colocado num grupo com mais 19 pessoas (cúmplices do experimentador), que são orientadas a dizer o contrário do que seus olhos veem (apontar a 11 linha maior como menor, sendo que a diferença de tamanho é significativa). O perturbador desse expe- rimento é que, em muitos casos, o sujeito acaba por concordar com a maioria, negando a própria per- cepção. Outros apresentam resistência a opinião do grupo e afirmam o que percebem. Entretanto, nem os que aderiram ao grupo de controle nem os que se opuseram o fizeram de forma tranquila: é sempre angustiante a experiência de ter uma percepção mui- to diferente daquela do seu grupo de pertencimento. A realidade é socialmente construída, e não é sem grande esforço nem sem angústia que se consegue “descolar” desses sentidos. Kurt Lewin foi um dos mais influentes pesqui- sadores sobre processos grupais do século passado, contribuindo com estudos pioneiros sobre o com- portamento em climas sociais experimentalmente manipulados e cunhando a expressão “dinâmica de grupo” em um de seus artigos (MAILHIOT, 1998). Para Lewin, é mais fácil alterar o comporta- mento de um grupo, como um todo, que o com- portamento dos membros isolados. Ele afirmava que o indivíduo, inserido num grupo, modifica o seu comportamento e induz mudanças nos comporta- mentos dos restantes membros do grupo, e que não podemos compreender esses comportamentos sem considerar aspectos do ambiente (“externos” à pes- soa) e de personalidade (“internos” à pessoa). Num 12 de seus experimentos sobre liderança, dividiu crian- ças em grupos com um controle experimental dos comportamentos dos líderes adultos, que consistiu em fazer com que cada um dos líderes de agisse de maneira preestabelecida. Foi proposto o estudo de três tipos de liderança: a democrática, a autocrática e a permissiva (laissez-faire). Foi uma pesquisa pionei- ra, e, pelo tema, muito criticada. A influência de cada tipo de grupo sobre o comportamento individual dependeu da atmosfera que caracterizou o grupo, por exemplo, no grupo autocrático, foi observado um aumento da agressividade entre os componen- tes. Outra aspecto é que quanto mais o indivíduo concorda com os valores do grupo, mais ele adquire valência positiva e adere a influência do grupo. Pelo tema e pelo pioneirismo, Lewin foi muito criticado em relação as suas pesquisas. 13 Exercícios de Fixação 1) Explique, com suas palavras, qual a relação entre indivíduo e sociedade. 2) Outro pesquisador que modificou a forma de pensar as relações humanas no contexto do trabalho foi Elton Mayo. Faça uma pesquisa sobre a “Experi- ência Hawthorne” e o que ele descobriu sobre rela- ções humanas no trabalho e compare com a maneira como a empresa onde trabalha (ou sua experiência mais recente) organiza as relações de trabalho. Sugestão de Sites para Pesquisa Conselho Federal de Psicologia: http://www. cfp.org.br/ Conselho Regional de Psicologia: http://www. crpsp.org.br/portal/ Associação Brasileira de Psicologia Social: http://www.abrapso.org.br/ Teoria das Relações Humanas (Experiência de Hawthorne): http://www.professorcezar.adm.br/ Textos/Teoria%20das%20relacoes%20humanas. pdf 15 Unidade 2 Psicologia e Acidentes de Trabalho 2.1 Psicologia e relações de trabalho na atualidade O trabalho é, atualmente, matéria de estudo de inúmeras disciplinas, que o estuda em seus diversos aspectos: Engenharia, Medicina, Psicologia, Nutri- ção, Economia, Sociologia, Filosofia, entre muitas outras, debruçam-se para compreender a relação en- tre homem e trabalho. Essa importância se dá por- que o trabalho ocupa um lugar central na relação do homem com o mundo e muitos autores defendem que a humanidade surgiu com o trabalho (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008). Dentre as muitas formas de se aproximar do trabalho, escolhemos analisar segundo a forma como está organizado no sistema capitalista atual. Este sis- tema revolucionou as relações de trabalho porque transforma o próprio trabalho em mercadoria e tam- bém porque esse sistema promoveu (e promove) o acumulo de capital ao mesmo tempo em que promete uma igualdade entre todos que não é possível. No início do século XX, com as evoluções tec- nológicas da produção, surgiu a necessidade de uma melhor organização do trabalho e de diminuir custos com o treinamento de pessoal. A Psicologia compa- rece aqui desenvolvendo testes e formas de seleção de pessoal, sendo que grande parte dos estudos e das 16 práticas se constituiu vinculada a um ideário de con- trole e adaptação do indivíduo, próximos da política do “homem certo no lugar certo” do Taylorismo e do Fordismo. Na atualidade a opção neoliberal, que se tornou hegemônica no campo econômico, leva as organi- zações as sofrerem constantes transformações tanto nas estruturas administrativas quanto na execução do trabalho, que revertem para os trabalhadores em perdas salariais e sociais, com aumento do ritmo e das jornadas de trabalhos. Também observamos uma perda do poder de negociação, já que o discurso da competitividade necessária e a constante ameaça de demissão geram controle disciplinar. 2.2 Aspectos Psicológicos dos Acidentes de Trabalho É muito comum, ao assistirmos à televisão ou lermos as notícias diárias, encontrarmos nas man- chetes: acidente no transito envolvendo um cami- nhão e uma moto, uma laje desaba num canteiro de obras, um operário é ferido numa fábrica, entre mui- tos outros. Como compreender as razões dos aci- dentes e evitá-los? Os acidentes do trabalho constituem a face visí- vel de um processo de desgaste e destruição física de parcela da força de trabalho no sistema capitalista e são responsáveis por centenas de milhares de mortes 17 no mundo, além de provocar doenças ocupacionais em milhões de trabalhadores (VILELA, 2003). O trabalhador, no momento que executa sua função em qualquer ambiente de trabalho, está ex- posto às condições ligadas a este ambiente, tanto no seu aspecto físico, químico, biológico como aos aspectos de higiene e segurança. Os aspectos do ambiente estão relacionados com as cargas físicas e, estas, com o sofrimento do corpo. A organização do trabalho, abrangendo aspectos de divisão do traba- lho, conteúdo da tarefa, sistema hierárquico, modalidades de comando, relações de poder e responsabilidades está relacionada com as cargas mentais e com o sofrimento ao nível mental do trabalhador (GONÇALVES, XAVIER & KOVA- LESKI, 2005). Dentro deste contexto, a compreensão dos acidentes de trabalho tem sido historicamente no sentido de cul- pabilizar o trabalhador, como agente que comete atos inseguros, não seguindo as recomendações e normas de segurança. O campo da análise acidentológica vem apresentando muitos avanços, entretanto, as concep- ções baseadas no binômio, atos inseguros-condições inseguras mantém seu vigor e poder de sedução (OLI- VEIRA, 2007). 18 Na velha visão baseada na Teoria da Culpa, o acidente de trabalho seria causado ou por um “ato inseguro” (toda falha humana que pode levar à aci- dentes) ou por “condição insegura” (situação gerada por uma falha material). Lamentavelmente no Bra- sil predomina esta visão simplista e preconceituosa, que não tem como produzir efetivas modificações que avancem para um ambiente com produção se- gura (VILELA, 2003). Esta concepção dicotômica e monocausalestá ultrapassada há décadas em países desenvolvidos, mas continua prevalecendo aqui. O empresariado brasileiro tem tratado as nor- mas apenas como exigência legal. Como um aciden- te do trabalho pode originar demanda na justiça por indenizações, acabam cumprindo os requisitos míni- mos para evitar problemas com a fiscalização e a jus- tiça do trabalho. A preocupação com o todo, quando ocorre, é motivado apenas pelo problema jurídico que um acidente de trabalho pode gerar. Olhar a realidade da segurança do trabalho é enxergar os opostos de uma realidade, onde, infelizmente, por enquanto, ainda estamos longe das condições ideais (GONÇALVES, XAVIER & KOVALESKI, 2005). Oliveira (2007) aponta que os conceitos de ato inseguro e condição insegura são centrais na “teoria dos dominós”, elaborada por Herbert Heinrich na década de 1930. Nesta teoria, o acidente seria cau- sado por uma cadeia linear de fatores, semelhante a 19 uma sequência de dominós justapostos, que termi- naria na lesão. A primeira peça seria os “fatores so- ciais e ambientais prévios” responsáveis pela forma- ção do caráter dos operários. Os comportamentos inadequados dos trabalhadores seria a segunda peça, que poderiam vir a constituir-se em comportamen- tos de risco que, associados à presença de condições inseguras (atos e condições inseguros são a terceira peça do dominó), levariam à ocorrência do acidente e à lesão, formando a quarta e a quinta peças da se- quência de dominós. Essa compreensão sobre o fenômeno do aci- dente do trabalho provocou, ao longo do tempo, um processo de naturalização dos riscos, que sig- nifica acreditar que as condições em que o trabalho é realizado não têm uma perspectiva de mudança num horizonte próximo. Dessa forma, os riscos são tratados como “inevitáveis” ou “inerentes ao trabalho”, o que limita muito as possibilidades de prevenção, já que a única dimensão do traba- lho que pode ser alterada é o próprio trabalhador (OLIVEIRA, 2007). Essa compreensão se tornou hegemônica ao longo do século passado, e os ma- teriais de campanha de prevenção de acidentes de trabalho ajudaram a diluir a responsabilidade do empregador frente aos acidentes do trabalho: a di- minuição aconteceria pelo treinamento e/ou por uma melhor seleção de pessoal. 20 Um exemplo de naturalização dos riscos é acre- ditar que o processo de trabalho que envolve o uso de britadeira não possa ser melhorado no sentido de diminuir os riscos de acidente ou de doenças ocupacionais; ou que o instrumento britadeira (que sabidamente provoca múltiplas lesões em quem a opera) não possa ser modificado para proteção do trabalhador, ou ainda acreditar que esse instrumento é insubstituível, não levando em conta a possibili- dade que se use (ou crie) outro instrumento menos danoso a saúde do trabalhador. Em seu artigo, Oliveira (opus cit) estuda as compreensões sobre acidentes de trabalho numa empresa metalúrgica de grande porte, e nele apre- senta um exemplo de modificação no processo de trabalho que teve efeito desnaturalizador. O se- tor de montagem, que tinha número considerável de acidentes envolvendo prensamento de dedos e mãos, conseguiu que diminuísse muito esses aci- dentes através da introdução de talhas para sus- pender e transportar objetos pesados. Esse evento mostrou aos trabalhadores que certos riscos que pareciam fazer parte da natureza de sua atividade de trabalho poderiam ser eliminados com a sim- ples introdução de melhorias técnicas. Como con- sequência, outros setores passaram a reivindicar as talhas, reconhecendo-as como forma de pre- venção de acidentes. 21 Os acidentes do trabalho, na atualidade, pas- saram a ser vistos como fenômenos complexos e multicausais (VILELA, 2003). Dwyer (1989) afirma são influenciados por fatores relacionados à situa- ção imediata de trabalho (o maquinário, a tarefa, o meio técnico ou material) e também pelas relações de trabalho. A abordagem tradicional, além de culpabilizar a vítima, não tem promovido mudanças efetivas, pois parte da fantasia do ser humano ideal, do “operário padrão”: este não erra, não se cansa, não fica doente, não envelhece, não se apressa nem se mantém lento. Se a pessoa está cansada, não caberia uma análise básica da causa deste cansaço? Se a posição é de- feituosa, não cabe perguntar o que determina esta postura? Ela não pode ser ocasionada por exigências das tarefas ou da própria concepção do equipamen- to? (VILELA, MENDES & GONÇALVES, 2007). Vilela (2003) nos aponta que a visão sistêmi- ca do fenômeno acidente seria uma outra maneira de compreender os acidentes do trabalho. Nela, os processos de trabalho são concebidos, projetados e executados de modo a suportar, como naturais, as falhas humanas: leva-se em consideração as limi- tações biológicas, fisiológicas e psicológicas do ser humano. Este é o princípio ‘da falha segura’, onde a prevenção parte da premissa que os processos, me- canismos e sistemas de trabalho já devem antecipar e 22 prever as possíveis falhas ou erros humanos, criando condições e ambientes de trabalho que os abriguem. O acidente, nesta visão, aponta que as capacidades de controle do sistema forma excedidas, e que o aci- dente era previsível antes de sua ocorrência. Vários autores (OLIVEIRA, 2007; VILELA, opus cit.; VILELA, MENDES & GONÇALVES, opus cit.) concordam que se faz necessário uma mu- dança profunda na cultura dos profissionais envolvi- dos na área de segurança do trabalho, no sentido de superar a barreira ideológica que representa o “ato inseguro” como o causador dos acidentes do tra- balho. No planejamento de ações transformadoras devemos difundir os exemplos de intervenções e da elaboração de propostas consistentes de mudanças. Dentre essas, é fundamental criar uma estrutura que contemple a fala dos trabalhadores sobre os proces- sos de trabalho, proposição de mudanças e sobre os acidentes que eles testemunharam ou sofreram. 23 Exercícios de Fixação 1) Explique o que é “ato inseguro” e “condi- ções inseguras”. 2) Faça análise sobre a Teoria da Culpa, expli- cando porque ela é ineficiente para promover mu- danças que levem à diminuição de riscos e de aciden- tes do trabalho. Site para Pesquisar Portal do site Segurança do Trabalho Online, onde há centenas de artigos publicados, de profissio- nais de diversas áreas, sobre acidentes do trabalho: http://www.segurancaetrabalho.com.br/t-aci- dentes.php 24 Unidade 3 Treinamento de Pessoal 3.1 Treinamento e Segurança no Trabalho Segurança do Trabalho é o conjunto de recur- sos e técnicas aplicadas, de forma preventiva ou cor- retiva, para proteger os trabalhadores dos riscos de acidentes implicados em um processo de trabalho ou na realização de uma tarefa (TAVARES, 2007). De acordo com Vilela (2003), foi a partir do advento da corrida por certificações de qualidade com as normas internacionais no final da década de 90 (BS 8800 - Guide to occupational helth and safety management systens e a OHSAS 18001- Occupational Helth and Safety Assessment Se- ries), que a seriedade no tratamento da segurança do trabalho vem avançando nas organizações. Po- demos apontar como um dos principais avanços a mudança da visão baseada na proteção para a visão baseada na prevenção. Atualmente, é possí- vel indicar a repetição de eventos precursores para pelo menos estimar de maneira razoável a proba- bilidade de um acidente. O sinal precursor deve possuir algumas propriedades, tais como: caráter desfavorável, adverso, negativo, contrário à segu- rança do complexo industrial, repetitivo e poten- cialmente perigoso. 25 Infelizmente, em sua maioria, o empresariado brasileiro ainda trata as normas apenas como exi- gência legal, muitas vezes cumprindo os requisitos mínimos somente para evitar problemas com a fis- calização e a justiça do trabalho. A preocupação com o todo, quando ocorre, é motivado por um acidente de trabalho apenas pelo problema jurídico que dis- so decorre (GONÇALVES,XAVIER & KOVA- LESKI, 2005). Para o Técnico em Segurança do Trabalho (TST), que se ocupa da proteção do trabalhador em seu local de trabalho, o treinamento de pessoal é uma de suas principais ferramentas a fim de preve- nir riscos e de acidentes nas atividades de trabalho. Segundo Tavares (opus cit.) o TST deve estar apoia- do nas normas, nos sinais precursores e no conhe- cimento dos processos de trabalho, para promover debates, encontros, campanhas e treinamentos, com o objetivo de evitar acidentes do trabalho e doenças profissionais e do trabalho. De forma geral, podemos conceituar treina- mento como “um processo de assimilação cultural em curto prazo, que objetiva repassar ou reciclar conhecimento, habilidades ou atitudes relacionadas diretamente à execução de tarefas ou à sua otimiza- ção no trabalho” (MARRAS 2001, p. 145). Treino implica em aprendizado, e uma das formas de com- preender aprendizado é “adquirir competências e, 26 por conseguinte, melhorar desempenho” (SOUZA, 2009). Para Chiavenato (1999, p. 294) o treinamento é “uma maneira eficaz de delegar valor às pessoas, à organização e aos clientes”, e implica num enrique- cimento do patrimônio humano. 2.2 Planejamento Para Borges-Andrade (1986), treinamento pode ser definido como o modo como os profissionais de educação e treinamento conhecem, compreendem e predizem as questões relativas às mudanças de de- sempenho de uma pessoa e o que é feito para que a mudança seja obtida. Os elementos que compõem o treinamento são: avaliação de necessidades, plane- jamento de treinamento e avaliação de treinamento. É nesse sentido que é função do TST, apoia- do nas normas de segurança, avaliar o ambiente e processos de trabalho, assim como questionar como treinar o trabalhador para que conheça os proces- sos e riscos envolvidos em sua função e, a partir daí, assuma atitudes seguras. É importante ressaltar que não adianta apenas qualificá-lo para o seu melhor desenvolvimento dentro da organização, faz-se ne- cessário também motivar o indivíduo a não adotar comportamentos de risco. Vilela (2003), ao fazer uma análise dos mate- riais de campanha de prevenção de acidente (carta- 27 zes, livros de formação dos TST, vídeos), aponta que a sugestão para criar um programa de “motivação adequada nos trabalhadores” (grifos do autor), é sempre adaptar o trabalhador aos riscos existentes ao processo produtivo, numa clara transferência de responsabilidade da empresa para vítima. Esse ainda é o sentido observado nos treinamentos e em mate- riais de campanhas distribuídos pelas empresas. Marras (2001, p. 150) afirma que para um trei- namento ser eficiente, é necessário a avaliação das necessidades, e que o objetivo desta avaliação é res- ponder basicamente a duas questões iniciais: 1. Quem deve ser treinado? 2. O que deve ser aprendido? A resposta óbvia para a primeira pergunta se- ria: o trabalhador. Entretanto, se quisermos real- mente proporcionar uma mudança de cultura na área de segurança, precisamos ampliar a questão: como mobilizar todos os atores envolvidos na- quele processo de trabalho, desde o trabalhador (que lida diretamente com o risco), os gerentes (que acompanham e organizam o trabalho) até os diretores (que decidem o que vai ser feito e em que condições), para que os acidentes de trabalho sejam prevenidos? Dessa forma, trazemos para o foco da responsabilidade sobre os acidentes não só para o trabalhador, mas para aqueles que esco- lhem os instrumentos, locais de trabalho e proces- sos que serão utilizados. 28 A resposta para a segunda questão começa com as normas internacionais e as nacionais que regem a segurança do trabalho. Apontamos também outras duas fontes importantes para a construção do que vai ser ensinado: os estudos sobre os acidentes de trabalho e os próprios trabalhadores, que conhecem melhor que qualquer especialista as dificuldades e riscos envolvidos na atividade Vilela (opus cit.) aponta que uma investigação criteriosa sobre a origem dos acidentes de trabalho deve possibilitar a compreensão da atividade real de trabalho numa situação sem o acidente e com aciden- te, para que se possa perceber o que houve de mudan- ça para que fosse desencadeado o acidente. O autor ainda faz a ressalva de que, nessa investigação, situa- ção sem acidente não é o mesmo que atividade pres- crita ou norma de segurança, já que muitas vezes são distintas da atividade realizada. Deve-se utilizar todos os recursos disponíveis (fotos, documentos, entrevis- tas) para se responder a estas perguntas em situação normal e na situação alterada: O que faz e porque faz?; Com quem e como faz?Em que tempo faz? Com o que faz? Quando e onde faz?Em que condições faz? As respostas vão nos levar ao encontro dos fa- tores situados na origem dos acidentes, o que nos leva à busca das causas das causas, que devem ser o alvo para as medidas de prevenção, pois, quando sanadas, evitam que outros acidentes ocorram. 29 A segunda fonte de informações para plane- jarmos os treinamentos são os trabalhadores. Atual- mente, é valido afirmar que os treinamentos e reso- luções de trabalho que são mais efetivos são aqueles em que o conhecimento dos trabalhadores é leva- do em conta. Essa é uma atitude nova dentro dos processos organizacionais, já que tradicionalmente o controle sobre todos os processos envolvendo o trabalho fica centralizado nos gestores e na figura do especialista (administradores, engenheiros, advo- gados, entre outros), cabendo ao trabalhador apenas a adequação a tarefa. Essa situação também afeta as condições de segurança no trabalho já que, por exemplo, apesar dos trabalhadores terem obrigação de verificar as condições de trabalho e de não aceitar condições inseguras, revelam o medo de recusarem- -se a trabalhar, de “ficarem marcados” pelas chefias e de serem alvos de retaliações. (OLIVEIRA, 2007). Essa forma de gestão é baseada no modelo de administração taylorista que descoletivizou os traba- lhadores. Entretanto, é comum os trabalhadores ado- tarem formas de contra-controle que visam ao mesmo tempo garantir a programação do trabalho (interesse da gerência) e continuamente manter o controle por parte dos trabalhadores, respeitando o limite subjeti- vo (SATO, 1993). Essas práticas foram chamadas por Sato (opus cit) de ações adaptativas¸ e modificam o trabalho planejado, podem ser sadias ou provocar au- 30 mento de risco para a segurança do trabalhador e/ou para a qualidade do produto ou do serviço. O profissional de segurança, diante desta situ- ação, precisa buscar caminhos para superar os con- flitos e criar canais institucionais para encaminhar as questões relativas a segurança que surgem no cotidia- no. Ao trazermos o trabalhador para o processo de planejamento do trabalho, a intenção é considerar ex- plicitamente tanto o aspecto técnico (que envolve os materiais e instrumentos disponíveis, conhecimentos e processos de trabalho) quanto o aspecto humano (mundo social e mundo subjetivo, ou seja, desejos, valores, limites pessoais e demandas). Quando a or- ganização do processo de trabalho amplia o controle por parte dos trabalhadores, não apenas cuidamos da saúde do trabalhador, mas também damos suporte a produtividade e a qualidade do produto. Ao planejar e executar treinamentos alguns cui- dados precisam ser considerados, pois, dependendo da forma ou do contexto em que ele ocorre, ele pode não provocar o efeito desejado. Bley (2004) afirma que, “uma vez decretada ‘a causa’ do acidente, os envolvidos no evento normalmente tem um desti- no único: a sala de treinamento” (p. 1), mostrando que o treinamento acaba por assumir uma função de punição ou instrumento de correção, empregando enorme quantidade de horas de vários profissionais e não demonstrando correlação com a diminuição 31 do número de acidentes. Outro equívoco comum é a apropriação simplificada de conceitos da Psicologia e sua aplicação distorcida em treinamentos,como, por exemplo, alguns programas de incentivo com distribuição de brindes e as apresentações de vídeos e fotos de acidentes como forma de conscientização. Além de infantilizar o trabalhador, torna o momen- to de treinamento ora um recreio ora uma punição, deixando em segundo o plano sua principal função: promover a saúde, em suas várias dimensões, e a qualidade de vida dos trabalhadores. A mudança de paradigma, da proteção para a prevenção, implica em pensar a promoção da saúde no trabalho, e essa transformação vai depender da ação conjunta de trabalhadores, sindicalistas e técni- cos na formação de agentes multiplicadores atuando nas bases, visando sempre o coletivo do trabalho, não aos indivíduos isoladamente. 32 Exercícios de Fixação 1) De acordo com o proposto na apostila, o que precisamos levar em conta quando planejamos um treinamento, tentando superar o binômio atos inseguros-condições inseguras? 2) O cinema, que pode tanto ser usado para do- minação cultural e ideológica, também pode ser usa- do para convidar a uma reflexão crítica. No brilhante filme de Chaplin, Tempos Modernos (Modern Ti- mes, 1936), há uma crítica ao Taylorismo-Fordismo e à fraqueza do operário frente à linha de monta- gem e as máquinas. À luz do que foi estudado nesta unidade, assista ao filme e faça um exercício: pensar que tipos de intervenções, no ambiente apresentado, você faria para melhorar a qualidade de vida do tra- balhador e prevenir acidentes? Sugestão de Sites para Pesquisa Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae www.sebrae.com.br Associação Brasileira de Treinamento e Desen- volvimento http://portal.abtd.com.br/portal/home.html 35 Referências Bibliográficas ASCH, Solomon Eliot. Psicologia Social. Trad. Dante Mo- reira Leite e Miriam Moreira Leite São Paulo: Nacional, 1966 2ed. ARENDT, Hannah. A condição Humana. Rio de Janei- ro: Editora Forense-Universitária Ltda, 1981. 360p BLEY, Juliana Zilli. Variáveis que caracterizam o proces- so de ensinar comportamentos seguros no trabalho. Disserta- ção de Mestrado em Psicologia, UFSC, 2004. BOCK, Ana Mercês Bahia Bock; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias – Uma in- trodução ao estudo de Psicologia. 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Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Jéferson Cabrelon 1ª Edição | Junho | 2014 Impressão em São Paulo / SP Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Jéferson Cabrelon Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Marilia Lopes Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto 1a Edição: Junho de 2014 Impressão em São Paulo/SP Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Apresentação As máquinas e equipamentos vieram para facili- tar a vida do homem, agilizar tarefas, ganhar volume de produtividade e dar mais conforto. Fazendo com isso o tempo ser algo super importante, e o homem na busca de produzir cada vez mais, em menor tem- po, deparou-se com um inimigo, muitas vezes, mor- tal: “o acidente de trabalho”. Nesta busca constante de números cada vez maio- res de ganho, as condições de segurança de máquinas e equipamentos foram relegadas ao segundo plano. A chegada na década de 40, da Revolução In- dustrial no Brasil, fez com que demandasse mão de obra mais qualificada. Existia um ditado na década de 70, que o Brasil era o “País do futuro”, devido à grande- za de recursos naturais existentes, porém, nesta mesma época, já estávamos começando a pagar o custo pelo crescimento desordenado e sem gran- des critérios definidos em relação às condições de trabalho. E foi justamente em 1970, que o Brasil ganhou o primeiro título negativo em re- lação às condições de trabalho, o de Campeão Mundial de Acidentes. No decorrer dos nossos estudos, iremos deta- lhar de forma mais criteriosa a evolução das condi- ções de máquinas e equipamentos, após a implanta- ção das Normas Regulamentadoras pelo Ministério do Trabalho, em 1978. Tivemos ao longo de mais de 70 anos, após a Revolução Industrial, muitos programas, campanhas, incentivos e até mudanças de legislações para poder proteger o empregado em suas atividades laborais, porém o que pode ser visto, que sem hierarquia para definir ações efetivas, ficamos patinando em um la- maçal de letras (normas), sem aplicações efetivas. Com a chegada da nova redação da NR-12 – Se- gurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, em 2010, foi dada uma nova perspectiva e definidos os critérios claros na aplicação correta desta norma. Em cada uma das 4 unidades, reforçamos a ne- cessidade de aplicação da Gestão de Segurança em Máquinas e Equipamentos. A vivência dos profis- sionais de cada área é muito importante, e deve ser levada em consideração para definirmos a melhor estratégia para soluções dos problemas. Nossa esperança é que ao final deste estudo, o profissional sinta-se mais confiante para aplicaras técnicas e saiba como conduzir as questões preventi- vas dentro da sua atividade. Sumário Unidade 1 49 Evolução Das Máquinas 1.1. Conceituação E Importância 1.2. As Bombas E Motores 1.2.1. Bombas 1.2.2. Riscos Detectados 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Questões Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão 2.1.1. Defi nição de Vasos se Pressão 2.2. Equipamentos Pneumáticos 2.3. Fornos 2.4. Sistema de Proteção Coletiva 2.5. EPI – Equipamento de Proteção Individual Unidade 1 49 Evolução Das Máquinas 1.1. Conceituação E Importância 1.2. As Bombas E Motores 1.2.1. Bombas 1.2.2. Riscos Detectados 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.6. Legislação Afetada1.2.6. Legislação Afetada1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2.2. Riscos Detectados 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2.2. Riscos Detectados 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2. As Bombas E Motores 1.2. As Bombas E Motores 1.2.1. Bombas 1.2. As Bombas E Motores 1.2.1. Bombas Unidade 1 49Unidade 1 49Unidade 1 49Unidade 1 49Unidade 1 49Unidade 1 49 1.1. Conceituação E Importância Unidade 1 49Unidade 1 49 Evolução Das Máquinas 1.1. Conceituação E Importância Unidade 1 49Unidade 1 49 Evolução Das Máquinas 1.1. Conceituação E Importância Unidade 1 49Unidade 1 49 Evolução Das Máquinas 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.2.6. Legislação Afetada Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – CaracterísticasMáquinas e Equipamentos – Características 2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características Unidade 2 85 1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.5. Cuidados Adicionais1.5. Cuidados Adicionais Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – CaracterísticasMáquinas e Equipamentos – Características 1.3.1. Motores Máquinas e Equipamentos – Características Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.2. Veículos Industriais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.3.2. Veículos Industriais 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.6. Legislação Afetada 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.2.4. Normas De Segurança 1.2.5. Proteção Pessoal 1.2.6. Legislação Afetada 1.2.3. Sistemas De Segurança 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.3.2. Veículos Industriais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.3.2. Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.4. A NR-11 Como Base 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.3.1. Motores 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.4. A NR-11 Como Base 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.4. A NR-11 Como Base 1.5. Cuidados Adicionais1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Unidade 2 85 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão 1.3.1. Motores1.3.1. Motores1.3.1. Motores 1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais Questões Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características Questões Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Questões Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Questões Unidade 2 85 1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base Unidade 2 85 1.4. A NR-11 Como Base 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 2.5. EPI – Equipamento de Proteção Individual Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – Características 2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão 2.1.1. Defi nição de Vasos se Pressão 2.2. Equipamentos Pneumáticos 2.3. Fornos 2.4. Sistema de Proteção Coletiva 2.5. EPI – Equipamento de Proteção Individual Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85 Máquinas e Equipamentos – CaracterísticasMáquinas e Equipamentos – Características 2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão QuestõesQuestões Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85Unidade 2 85 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar 1.5. Cuidados Adicionais 1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar QuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestõesQuestões 1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais1.3.2. Veículos Industriais 1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base1.4. A NR-11 Como Base 2.6. Cor, Sinalização E Rotulagem 2.7. Manutenção Preventiva 2.8. Engenharia de Segurança do Trabalho Questões Unidade 3 103 Características do Ambiente De Máquinas 3.1. Localização Industrial 3.2. Riscos em Eletricidade 3.3. Sistema Externode Proteção Contra Descargas Atmos- féricas 3.4. NR-10 X NR-12 3.5. Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada 3.6. Sistemas de Segurança em Máquinas e Equipamentos 3.7. Proteções Fixas 3.8. Proteções Móveis Questões Unidade 4 115 Avaliação de Riscos em Máquinas e Equipamentos 4.1. Laudo de Máquina 4.1.1. Categorias de Risco 4.1.2. Capa de Apresentação 4.1.3. Identifi cação da Empresa 4.1.4. Fotos de Apresentação da Máquina 4.1.5. Especifi cações Técnicas 4.1.6. Referências Normativas para Execução do Laudo 4.1.7. Defi nições Técnicas 4.7. Análise De Riscos 4.8. Avaliação das Proteções Existentes 4.9. Verifi cação do Monitoramento de Segurança da Máquina 4.10. Vevifi cação do Sistema de Parada de Emergência 4.11. Programa de Capacitação Profi ssional 4.12. Avaliação/Indicação dos Procedimentos de Segurança 4.13. Complementos/Relatório do Auditor 4.14. Laudos/Análises Adicionais 4.15. Anotações Gerais 4.16. Conclusão 4.17. Laudo Técnico de Vistoria e Responsabilidade Questões Bibliografi a Básica 49 Unidade 1 Evolução das Máquinas 1.1. Conceituação e Importância Quando estamos dispostos a falar sobre PRE- VENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁ- QUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, devemos começar contando um pouco da história da Revolução Industrial no mundo e, principalmen- te, em nosso país. As máquinas de Leonardo Da Vinci foram importantes, intrigantes, desafiantes, mas a maioria delas nunca saiu do papel. As máquinas-ferramenta que se revelaram de fato decisivas para a industriali- zação e a vida moderna, só começaram a surgir com o inglês James Watt, no século XVIII. Em 1765, Watt aperfeiçoou e, pode-se melhor dizer, criou a máquina a vapor definitiva. Na verdade, a antiga in- venção egípcia, já vinha sendo testada e modificada por cientistas, pesquisadores e engenheiros militares do século XVII, como o romano Giovanni Branca, o francês Denis Papin, o capitão inglês Thomas Sa- very e, por fim, Thomas Newcomen, que, em 1698, desenvolveu uma máquina para drenar a água acu- mulada nas minas de carvão, patenteada em 1705. Mas, foi James Watt quem fez da máquina a vapor, definitivamente, o motor do universo. 50 A máquina por ele desenvolvida tinha potência tão extraordinária que passou a movimentar navios, fábricas de teares, máquinas de usinagem. A ideia básica era colocar o carvão em brasa para aquecer a água até que ela produzisse muito vapor. A máquina, então, girava por causa da expansão e da contração do vapor dentro de um cilindro de metal onde havia um pistão. As máquinas a vapor passaram a ter mui- tas utilidades. Tanto retiravam a água que inundava minas subterrâneas de ferro e carvão, como movi- mentavam os teares mecânicos na produção de teci- dos. Era o início da Revolução Industrial, um tempo de glória para os ingleses e de grande desenvolvi- mento para toda a humanidade. www.abimaq.org.br/.../Livro-A-historia-das-maquinas-70-anos-Abimaq.... FIGURA 1 51 https://www.google.com.br/search?newwindow=1&tbm=isch&sa=1&q=pri meiras+maquinas+de+tear&oq=primeiras+maquinas+de+tear FIGURA 2 A Revolução Industrial aconteceu na década de 40, pós-guerra. O Brasil começou a se transformar de um país de essencialmente agrícola, para um país que entrava na era dos maquinários. As primeiras empresas a adotarem as máquinas foram os Cotonifícios, com suas máquinas de tear. Como as demandas de mão de obra na cidade eram baixas, as empresas foram obrigadas a recru- tar pessoas que trabalhavam no campo. É neste mo- mento, que os aspectos de segurança começaram a ser afetados. As empresas em busca de mercado, e vendas de seus produtos, relegaram por vários anos as 52 condições de segurança de máquinas e equipa- mentos, e estas pagariam um custo muito caro, por esta displicência. A legislação atual, através da NR-12, é muito contestada pelas empresas. Algumas chegam a alegar que a aplicação desta, engessa toda a cadeia produ- tiva, porém devemos ressaltar que as empresas fica- ram por muitos anos deitadas em “berço esplêndi- do”, sem quase nenhum investimento nas melhorias de suas máquinas. Fica bem claro, que a Legislação tem um intuito único de fazer com que as empresas entendam que não basta produzir a qualquer custo, e sim estarem atentas, pois os acidentes geram um alto preço a toda sociedade. Os profissionais de segurança, que estão há um bom tempo na ativa, perceberam a evolução das normas e suas aplicações no contexto atual no país. No transcorrer do nosso estudo, iremos notar como este cenário afetou o desenvolvimento da área de segurança no Brasil, e quais ações foram tomadas pelos governantes para amenizar os seus impactos. Para que possamos dar andamento aos estudos são necessárias as definições técnicas e suas caracte- rísticas, conforme, a seguir, detalhamos. Definição de mecânica: parte da física que tem por objetivo o estudo dos movimentos dos corpos, das forças que produzem esses movimentos e do equilíbrio das forças sobre o corpo em repouso. 53 Máquinas e equipamentos: esta Norma Re- gulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de pro- teção para garantirem a saúde e a integridade física dos trabalhadores, e estabelecem requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho, nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e, ainda, à sua fa- bricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades eco- nômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR apro- vadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omis- são destas, nas normas internacionais aplicáveis. Entende-se como fase de utilização a constru- ção, transporte, montagem, instalação, ajuste, ope- ração, limpeza, manutenção, inspeção, desativação e desmonte da máquina ou equipamento. ttps://www.google.com.br/search?newwindow=1&tbm=isch&sa= FIGURA 3 54 MÁQUINA - aparelho ou instrumento próprio para comunicar movimento ou para aproveitar e pôr em ação um agente natural, qualquer utensílio ou instrumento formado de peças móveis locomotivas. EQUIPAMENTO – equipagem, vestuário e apetrechos de um desportista; conjunto dos meios mecânicos ou industriais existentes numa empresa. Exemplo: a diferença é: equipamentos nos auxi- liam em nosso objetivo, não substitui o martelo, por exemplo, e máquinas fazem quase tudo não preci- sam de tanto contato manual. Um exemplo é o li- quidificador. As máquinas e equipamentos fazem parte do nosso dia a dia e sem os quais, algumas atividades e trabalhos, seriam muito difíceis de serem executados. 1.2. As Bombas E Motores São equipamentos utilizados nas maiorias das máquinas e em alguns equipamentos. Para que pos- samos entender a complexidade, devemos saber que o intuito do profissional de segurança não é tornar- -se um especialista, porém saber os mecanismos de funcionamento, para que se possa detalhar os riscos existentes no momento de construção, instalação, manutenção e reparos. 55 1.2.1. Bombas BOMBAS: são equipamentos destinados a mo- vimentar líquidos. PRINCIPAIS TIPOS: • Rotativos • Alternativos e • Centrífugos As bombas são equipamentos com a função de deslocar fluídos líquidos para elevadas alturas ma- nométricas com eficiência e desempenho, desde que sejam devidamente projetadas, mantendo constante pressão e vazão, levando em conta detalhes técnicos que devem ser observados, tais como: profundida- de máxima do reservatório, projeto hidráulico, vis- cosidade do fluído bombeado e presença de sólidos em suspensão. Existem vários tipos e modelos de bombas, para variadas aplicações definidas pelas ca- racterísticas do processo. Bombas centrífugas, bom- bas peristálticas, dosadoras de pistão/diafragma, bombas de engrenagens, bombas de rotor helicoi- dal, bombas submersas e submersíveis, representam,apenas, alguns exemplos. 56 FIGURA 4 1.2.2. Riscos Detectados Riscos diretos - O eixo é a união da bomba com o motor elé- trico, e a união da bomba com a turbina constitui de uma forma geral, o único ponto mecânico agressivo de uma bomba em funcionamento. Por estar situ- ado geralmente, internamente, entre a bomba e seu sistema de acionamento, e em nível baixo, diminui a potencialidade do risco. Torna-se muito importante a manutenção, pois rebarbas ou parafusos de maior comprimento deixados durante quaisquer serviços, não são visíveis, quando o eixo estiver em movimento. Os riscos de contato elétrico acidental são acentuados geralmente, pois na maioria dos casos, as bombas são instaladas em locais úmidos ou frequen- temente molhados. 57 - Ruídos. Riscos indiretos • Bombas com motores elétricos. Riscos elétricos e aterramento devem ser cui- dadosamente instalados e,revisados periodicamente. São derivados no local da instalação, ou pela função da bomba. • Bombas situadas em casas de máquinas. A instalação, em geral, é compartilhada com ou- tros tipos de equipamentos, e até mesmo fazendo par- te dos mesmos, havendo, portanto muitos obstáculos, vazamentos, que poderão provocar quedas, além dos riscos de incêndio, quando tratarem de bombeamento de fluídos voláteis e combustíveis. Devemos conside- rar também a higiene, o calor e o ruído. • Bombas situadas em poços ou submersas. Riscos mecânicos na montagem da bomba e da tubulação. Frequentes emanações de gases tóxicos produ- zidas no interior de poços fazem aparecer os riscos de intoxicação para as pessoas que operam, ou fa- zem manutenção nestas instalações. • Bombas para transvasar líquidos. Podem ser fixas ou portáteis. Nas bombas por- 58 táteis, considerar os riscos com os equipamentos auxiliares. Geralmente, as tubulações são flexíveis e os riscos mais prováveis são ocasionados pela dispo- sição destes tubos, que podem provocar quedas ou tropeções. Os cuidados mais indicados são a prote- ção dos mesmos, com o isolamento da área. • Bombas de caminhões transportadores. Os riscos vão depender do produto transporta- do. Riscos de intoxicação, e de explosão provenien- tes de centelhas produzidas por cargas de eletricida- de estática. • Bombas com motor à explosão. Os riscos observados são: os provenientes do depósito de combustível do motor, e queimaduras originadas por contato com as partes quentes etc. - Bombas para concreto armado. Risco com o tubo de descarga (trompa). Em qualquer destes casos, levar sempre em conta o processo em que está ou será instalada, a fim de conhecer os riscos provenientes dos mesmos. Quando se tratar de processos bem definidos, devemos conhecer com segurança todos os seus riscos. Para processos não definidos, como bombas para materiais fecais, ou materiais químicos de di- versas naturezas, devemos tomar cuidado, quanto ao 59 manuseio, à emanação e concentração de gases de densidades maiores que a do ar. 1.2.3. Sistemas De Segurança • Instrumentação de controle: instalação de vál- vulas como de purga, retenção, de alívio etc. • Eletricidade: proteção da fiação para evitar contatos acidentais, aterramento do sistema e das tubulações, eletrodutos e chaves à prova de umidade e de explosão, quando se tratar de líquidos combus- tíveis e explosivos. • Contatos com partes móveis: devem ser prote- gidas como está definido em proteções de máquinas. • Riscos com escorregamentos: manutenção frequente a fim de eliminarvazamentos e, em casos especiais, as pessoas que trabalham neste ambiente- devem ser providas de calçados antiderrapantes. • Riscos de quedas: limpeza do ambiente, pro- teção das tubulações, acessos como escadas protegi- das e bem definidas, com aterramento em todas as partes metálicas. • Riscos de intoxicações: em ambientes fechados ou em poços, cuidados devem ser tomados, para de- terminar a existência de gases tóxicos, procedendo-se ventilação eficaz se necessário. Nunca um operário deve atuar só, sempre com cinto de segurança, a fim de que possa ser retirado do local com facilidade. 60 1.2.4. Normas De Segurança • Gerais Pessoal qualificado para operação e manutenção. Usar sempre as instruções do equipamento. Usar as instruções de segurança da empresa. As operações de lubrificação e manutenção se- rão efetuadas com as bombas desligadas. Bloqueio das chaves elétricas. Pode ser utilizado o sistema Lock-Out/Tag-Out. Uso de ferramentas apropriadas. Uso dos EPIs próprios, roupas justas e cômodas. Manutenção preventiva. 1.2.5. Proteção Pessoal • Viseiras para trabalhos com fluídos corrosivos. • Roupas de trabalho ajustadas sem impedir os movimentos. • Máscaras respiratórias com filtros adequados. • Botas ou calçados com solado antiderrapante. 1.2.6. Legislação Afetada Apesar de não existir uma NR diretamente para bombas, a atividade está relacionada com diversas NRs. Devemos observar em particular: NR-6 - Equi- pamento de Proteção Individual, NR-10 - Instala- 61 ções em serviços de eletricidade, NR-12 – Segurança em Máquinas e Equipamentos, NR-15 - Atividades e operações insalubres, NR-20 - Líquidos combustí- veis e inflamáveis. FIGURA 5 FIGURA 6 62 1.3. Motores e Veículos Industriais 1.3.1. Motores Os motores são parte integrante de nossas vi- das, sejam no uso de veículos particulares, máquinas industriais, equipamentos caseiros e outros. No início do desenvolvimento das máquinas a vapor – século XIX, a tecnologia e os materiais de construção das caldeiras de pressão eram defeituosos e provocavam inúmeros acidentes graves com explosões desastro- sas e, consequentemente, muitas vítimas mortais. Com este panorama de um novo século, o pastor escocês Robert Stirling e o seu irmão pro- curaram desenvolver um mecanismo mais segu- ro, ou seja, o motor que se aproximava dos mo- tores de máquinas a vapor, mas que, ao funcionar com pressões relativamente mais baixas, devido ao uso interno de ar ou outros gases, proporcio- nava uma maior segurança àqueles que trabalha- vam com as máquinas. Sendo assim, em 1818, o primeiro motor foi construído para bombear água numa pedreira e, ao longo dos anos, foi aperfeiçoado, sendo que 1843 utilizado para mover máquinas numa fundição. A dinâmica simples e elegante do engenho de Stirling foi explicada em 1850 e, em 1950, Rolf Mei- jer batizou este motor como “Motor de Stirling”, 63 generalizando todos os engenhos regenerativos de circuito e com aquecimento externo. Além das vantagens, acima, citadas que a inven- ção proporcionou, é também importante salientar que este motor contém um regenerador ou econo- mizador, que permite obter uma eficiência superior ao dos motores de gasolina, diesel e máquinas a va- por e, também, economizar energia. A partir da invenção do motor que daria movi- mentos a várias máquinas e equipamentos, começa- mos a notar que os acidentes foram se multiplicando com a mesma velocidade, que eram construídos. As empresas conseguiam ao longo do tempo intensificar sua produção, dando cada vez mais ve- locidade as suas linhas, através de motores potentes No ano de 1854, o primeiro projeto de um mo- tor de combustão interna foi patenteado na Itália pe- los engenheiros Eugênio Barsanti e Felice Matteucci. O projeto consistia na utilização da energia de ex- pansão de gases liberados pela combustão de uma mistura explosiva de ar e hidrogênio, para movimen- tar um pistão e transformar este movimento linear em um movimento rotativo, com o uso de uma ár- vore de manivela. Este motor nunca foi produzido em quantidade. 64 http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2013/03/motores-combustao- interna-uma-breve.html FIGURA 7 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f2/PSM_V18_D500_ An_american_internal_combustion_otto_engine.jpg FIGURA 8 Outros conceitos de motores foram surgindo, mas sempre com intuito de amenizar ou eliminar o esforço físico, e gerar conforto aos seus usuários. Em 1860, o belga Jean Joseph Etienne Lenoir criao motor de dois tempos. 65 www.abimaq.org.br/.../Livro-A-historia-das-maquinas-70-anos-Abimaq.... FIGURA 9 Em 1863, Lenoir criou uma carruagem motori- zada de três rodas chamada Hippomobile. E a cada invenção, as condições de fabricação modificava a ponto de o homem começar a imaginar formas de agilizar a produção e seus conceitos. A história do uso de motor em equipamentos mistura-se muito com a história da era do automóvel. As características de uso de diversos motores e seus componentes em máquinas e equipamentos fizeram com que as indústrias se modernizassem em uma velocidade incomparável. O mesmo não se pode dizer com as condições de trabalho, que eram oferecidas aos trabalhadores destas indústrias. 1.3.2. Veículos Industriais Em nosso dia a dia, é impossível imaginar transporte de cargas sem ser realizado por veículos 66 de transporte. Os veículos industriais são de grande importância e fazem diminuir o tempo no processo de locomoção de cargas, agilizando a produtividade e, consequentemente, dando um dinamismo maior e lucratividade para as empresas. Também é possível notar que com o decorrer do tempo estes equipamentos apresentaram desgas- tes maiores, devido à condição exigida na força para transporte. É de extrema importância o controle e vistoria das condições de segurança destes equipa- mentos, visando à troca preventiva de peças desgas- tadas e fadigas de suas estruturas. O equipamento mais conhecido e, talvez, o mais utilizado de todos, sejam as empilhadeiras. https://www.google.com.br/search seguran%C3%A7a+em+veiculos+indu striais FIGURA 10 A necessidade de um gerenciamento para pre- venção de acidentes destes equipamentos é de ex- 67 trema importância. Muitas dessas ações de gerencia- mento se devem ao fato de envolver muitas pessoas nos processos de interação com o maquinário, tais como: operador de empilhadeira, mecânico de ma- nutenção, lubrificador, sem contar as condições as quais são colocados estes equipamentos, na má utili- zação e por pessoas não autorizadas. A prevenção de acidentes com este tipo de equi- pamentos devem ser as preocupações básicas de qual- quer programa de segurança do trabalho. Tal cuidado deve ser planejado e mantido de forma integrada, ob- servando não apenas cuidados com os equipamentos, mas também com o operador, os meios a serem mo- vimentados e as vias a serem utilizadas. Na verdade por detrás do uso dos veículos indus- triais, ocultam-se uma série de riscos que, muitas vezes, passam sem ser notados nas atividades cotidianas. Em muitos casos, providências só vão ser tomadas após a ocorrência de um acidente – quase sempre muito gra- ve. Um exemplo claro de situações deste tipo ocorre com o número cada vez maior de estabelecimentos atacadistas, que realizam também vendas no varejo (hi- permercados), onde é comum observarmos a operação de veículos industriais por pessoas que nitidamente não têm preparo para este tipo de operação. Tais locais, pela presença de pessoas (clientes) sem qualquer informa- ção para o risco de acidentes, tornam-se cenários mais do que propícios à ocorrência de acidentes. 68 Ao dirigir transportando cargas, já se torna uma atividade por si merecedora de atenção. A variedade de cargas e tipos de embalagens – mesmo que sobre estrados – exige bastante treinamento e habilidade. A isso, somamos a questão de problemas de lay out – seja pela falta de espaço compatível com a necessi- dade de manobras ou que possibilite a realização das mesmas com certa margem de segurança, ou, ainda, pela falta de organização, que acaba implicando ain- da em maior redução do espaço, criando uma situa- ção evidente de risco de acidente. Portanto, logo de início, devemos ter em mente que prevenir acidentes nas operações com veículos industriais é assunto que para ser bem cuidado deve envolver muito mais do que apenas preocupações com o veículo em si. 1.4. A NR-11 Como Base A Norma Regulamentadora 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Ma- teriais, deve ser tomada como referência para a ela- boração de qualquer atividade preventiva ao uso de veículos industriais, mas tal como todas as demais normas regulamentadoras não esgota de forma al- guma o assunto, havendo necessidade da atuação do profissional especializado para o desenvolvimento e detalhamento de um programa específico. Obvia- 69 mente, isso irá variar conforme o tamanho da em- presa, sua atividade e, especialmente, quantidade e variedade de veículos em uso. Interessante, aqui, lembrar que parte do assun- to também deve ter como referência a Norma Re- gulamentadora 26 – Sinalização de Segurança, na qual fica claro que os equipamentos de transporte e manipulação de material, tais como empilhadei- ras, tratores industriais, pontes-rolantes, reboques etc., devem, para a prevenção de acidentes, estarem pintados na cor amarela (NR- 26). Embora isso seja legislação e no item 1.1., da mesma norma, fica claro que esta “fixa as cores a serem usadas”. Muitos equi- pamentos disponíveis para venda e locação no mer- cado estão pintados de outras cores. Cumpre, aqui, lembrar que a inobservância deste item, implica em multa por parte do Órgão Fiscalizador – MTE. Outra parte bastante interessante da NR-11 diz respeito ao item 1.3., onde fica definido que os equipamentos utilizados na movimentação de ma- teriais serão calculados e construídos de maneira que ofereçam as necessárias garantias de resistência, segurança e conservados em perfeitas condições de trabalho. No que diz respeito a cálculos (dimensio- namento) e construção é importante que o SESMT busque conhecer, e se possível ter cópia dos memo- riais ou processos de cálculo e aquisição. Uma úni- ca talha mal instalada pode causar danos imensos e 70 acidentes fatais. O mesmo podendo ocorrer devido a improvisações – estas tão comuns nas empresas brasileiras. Vale lembrar, aqui, que a responsabilida- de técnica pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR é do SESMT (NR-4 - 12.d). Ainda, com relação a este item, chamamos a atenção para a última frase que menciona a conservação e perfeitas condições para o trabalho. Mesmo que o assunto esteja restrito a uma linha de palavras, sua extensão é bastante grande e importante, e só pode ser obtido e, principalmente, evidenciado pela inser- ção de todos os veículos industriais em um plano de manutenção preventiva, que no nosso entendi- mento deve ser auditado periodicamente pelo SES- MT e os possíveis desvios evidenciados através de documentos. Importante, ainda, que este plano de manutenção esteja baseado em procedimentos (es- critos) básicos de verificação, garantindo, assim, que todos os itens de segurança sejam sistematicamente verificados. Isso em suma, quer dizer que os critérios não devem ser deixados em aberto, a escolha do exe- cutor e não podem deixar de conter os itens mencio- nados em 1.3.1. (cabos de aço, cordas, correntes, rol- danas, ganchos etc). Atenção especial deve ser dada ao item 1.8., que define a substituição imediata de peças defeituosas. Toda manutenção deve ser feita sempre, apenas, por profissionais capacitados para esta finalidade e devem gerar evidências documen- 71 tais, nas quais entre outras coisas seja possível, em caso de necessidade, identificar o responsável pela verificação e reparos. Por fim, recomenda-se, ainda, que seja definida uma sistemática de verificação a ser feita pelo próprio operador – ou seja, algo como um check list básico a ser observado antes das operações pelo usuário do veículo. Uma dúvida muito comum com relação ao assunto tratado no parágrafo acima, diz respeito à frequência ou periodicidade das manutenções. A decisão quanto à frequência terá como base o rigor do uso e a atividade executada. Veículos industriais utilizados em áreas com ambiente agressivo serão submetidos à prevenção com maior frequência. O mesmo devendo ocorrer com veículos, cuja possível falha durante utilização impliqueem possibilidade de danos maiores (locais mais populosos, locais com equipamentos suscetíveis a danos e/ou que compro- metam a continuidade das operações etc). Outra exigência da NR-11 – está no item 1.3.2. – diz respeito à obrigatoriedade de indicar em local visível em todos os equipamentos deste tipo, a car- ga máxima de trabalho permitida. Para muitos, tal exigência trata-se apenas de uma mera burocracia e estes, certamente, desconhecem a quantidade de aci- dentes, que ocorrem devido ao uso de equipamentos deste tipo, em condições acima de sua capacidade de carga. Desconhecem, também, as consequências 72 advindas da inobservância de algo tão simples, que vão desde a morte de pessoas, passando pelo esma- gamento de membros e, invariavelmente, por perdas do patrimônio e danos à produção. Todos os equi- pamentos devem ser sinalizados, quanto à sua capa- cidade, tal sinalização deve ser como diz o próprio texto na NR – VISÍVEL. Infelizmente, ainda, en- contramos em muitos locais de trabalho falhas, sem identificação de carga, ou quando não é tão peque- na, que quando perguntamos aos usuários, o quanto aquele equipamento pode levantar, ouvimos diver- sos números, totalmente, diversos, e na sequência, diversas histórias que nos deixam assustados. Como complemento deste assunto, devemos também estar atentos para possíveis reduções de capacidade – que ocorrem em alguns equipamentos depois de possí- veis alterações, ou anos de uso. No caso específico das empilhadeiras, existem testes padronizados pe- los fabricantes para verificação da capacidade, e es- tes são recomendados para um bom programa de se- gurança relativo ao assunto. Detectadas as reduções de capacidade estas devem ser alteradas e os usuá- rios amplamente informados, visto que é comum, os operadores identificarem as máquinas por seu tama- nho. Importante também lembrar e orientar a todos os usuários de equipamentos deste tipo, quanto às alterações devido ao uso de extensores (capas de pa- leta), correntes etc. 73 Atenção especial da NR-11 para os carros manuais de transporte – que para muitos parecem inofensivos – mas que são grandes causadores de pequenos acidentes. Há alguns anos, acompanhei o caso de um grande hospital, no interior de São Paulo, onde o número de acidentes era muito alto, tendo como partes atingidas, as mãos. Feita uma análise mais detalhada, acabamos descobrindo que era comum a prensagem por carrinhos manuais, e macas de transportar pacientes, contra paredes e la- terais de elevadores. Dentro das indústrias, acidentes deste tipo, também, são muito comuns e podem ser evitados com soluções simples e caseiras, que nada mais são do que a instalação de protetores para as mãos, nas alças de manipulação. Com detalhes, a NR-11 descreve as condições relativas ao Operador, iniciando no item 1.5., quan- do menciona que o Operador deverá receber um treinamento específico, que o habilitará nesta função. Neste ponto, é importante estarmos atentos para al- guns detalhes que podem fazer muita diferença, seja na prevenção de acidentes, seja diante de possíveis problemas causados por um acidente. O primeiro diz respeito à pré-seleção do operador, o que pas- sa obrigatoriamente por conhecimentos e requisitos próprios da NR- 7. Portanto, antes de tudo, o Ope- rador de Veículo Industrial deve ser uma pessoa apta do ponto de vista médico para exercer e realizar este 74 tipo de trabalho. Isso pode dizer muita coisa, por exemplo, necessidade de acuidade visual. Logo em seguida, deparamo-nos com a citação: “treinamento dado pela empresa”. É importante saber se há na empresa profissional capaz de desenvolver este tipo de treinamento e, ainda, se diante de um acidente, te- remos como evidenciar tal capacidade. Deve-se en- tender que a coisa não é tão simples como parece e, tal entendimento pode ser obtido analisando o que ocorreria no caso de um acidente com a morte de alguém. Recomenda-se que tais treinamentos fiquem a cargo de escolas especializadas e que estas emitam certificados, e que sejam mantidos junto ao prontu- ário do empregado. Mais do que isso, recomenda-se que, periodicamente, seja feita uma reciclagem pelo menos quanto aos princípios básicos da operação, e sempre quanto às normas de segurança. Com relação, ainda, ao treinamento chama-se a atenção, neste ponto, para a variedade de veícu- los industriais, hoje, em uso. O que, antigamente, era restrito a uma ou duas variedades passou a ser, na atualidade, muito diferente. Há por todas as partes, paleteiras, rebocadores, guindastes, pontes rolantes com operação no próprio equipamento ou a distân- cia etc. Obviamente, cada um destes equipamentos tem características diversas, embora muitos sejam si- milares em suas bases. Portanto, há necessidade de treinamentos específicos. Fica claro que entre uma 75 empilhadeira e uma paleteira, há grandes diferenças no modo de operação e riscos de acidentes. Uma dúvida, ainda, paira quanto à obrigato- riedade da Carteira Nacional de Habilitação para os operadores de veículos, como: empilhadeiras, rebocadores e paleteiras. O Código Nacional de Trânsito, em momento algum, é claro quanto à obrigatoriedade da CNH para estes veículos. E, realmente, seria muito estranho se o fosse, visto que proveito teria para a prevenção e operação, habilitarmos operadores treinados e aprovados, em exames com veículos de passeio, ônibus ou caminhões. São veículos de características e ope- ração totalmente distintas dos veículos industriais citados. Acreditamos que no caso dos veículos que, por algum motivo, façam uso de vias públicas – e, portanto, sejam emplacados – o assunto deva ser analisado com detalhes, junto ao orgão regu- lamentador de trânsito. No mais, para operações dentro das empresas – conforme a própria NR - cita o curso de habilitação e penso que seja a esta habilitação, a que se refere o item 1.6.. Em termos de cuidados preventivos, parece desejável que o candidato tenha CNH (independente da catego- ria) e, assim, ser conhecedor das regras básicas de trânsito e sinalização. Abaixo, figura com exemplo de carteirinha de autorização para operador de empilhadeira. 76 Elaborado Pelo Autor. FIGURA 11 No que diz respeito, ainda, ao operador, os itens 1.6. e 1.7. citam a obrigatoriedade do cartão de identificação, com nome e fotografia, utilizado em local visível, durante toda a operação. Tal car- tão tem a validade de um ano – salvo imprevistos – e está associado à realização de exame de saúde completo. No que diz respeito ao uso do cartão conhecemos as dificuldades para o cumprimen- to, visto que, muitas vezes, acaba implicando em risco para o operador, que necessita, por exem- plo, movimentar-se entre as cargas e este acaba se enroscando. Portanto, formas devem ser encon- tradas para que o uso não implique em riscos. O uso do cartão facilita em muito – nas empresas de maior porte, a identificação das pessoas e a coi- bição de práticas inseguras – ou seja, a operação por pessoas não habilitadas. Para facilitar mais, ainda, a verificação, recomenda-se que no próprio cartão exista o campo relativo ao exame médico (com espaço para que o médico assine e coloque o número do seu CRM). 77 Propositalmente, deixamos para tratar, qua- se no final deste texto, a questão citada no item 1.7., onde fica definido que os equipamentos de transporte motorizados devem possuir sinal de advertência sonora (buzina). Obviamente como em todo meio que se locomove, tal equipamen- to é de importância. No entanto, preocupa-nos a crescente tendência de veículos industriais – em especial empilhadeiras, paleteiras e rebocadores - que vêm equipados com tipos de sinais sonoras, que permanecem acionados por todo tempo do deslocamento ou, ainda, aqueles equipados com “sirenes” ou equivalentes. Sem dúvida alguma em prol da prevenção de acidentes os dispositi- vos que sinalizam a marcha à ré são muito úteis. No entanto, quando a sinalização tanto visual
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